Processos Grupais
Processos Grupais
EDITO RA UN IS IN O S
2011
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
REFERÊNCIA
CHANLAT, Allain; BÉDARD, Renée. Palavras: a ferramenta do executivo. In: CHANLAT, Jean-
François (Org.). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, 1993.
CAPÍTULO 2
O TRABALHO EM EQUIPE
Esta abordagem é utilizada para gerir os conflitos nas equipes que exigem soluções
rápidas e vitais para as organizações, como, por exemplo, cumprir metas de redução
de custos (ROBBINS, 2008).
Esta abordagem pode ser utilizada para situações em que o grupo demonstra sinais
que está interessado em soluções através de consenso (ROBBINS, 2008). Com isso, o
momento pode ser aproveitado para criar um ambiente de aprendizado, já que o
comprometimento dos indivíduos fica elevado para melhorar os relacionamentos do
grupo.
Griffin e Moorhead (2006) denominaram esta abordagem como fuga. Ela ocorre
em situações que possuem pouca importância para os indivíduos e
incompatibilidade com os objetivos do grupo. Neste caso, as partes envolvidas
consideram os motivos dos conflitos irrelevantes, e simplesmente escapam da
Não
discussão ou resolução.
enfrentamento
Já Moscovici (2009) apresenta esta abordagem como evasão. Pode ser
demonstrada em ocasiões em que os membros do grupo evitam o conflito a
qualquer custo, assumindo uma posição neutra, isentando-se das obrigações
sociais.
Esta abordagem pode ser utilizada em casos que não precisam de soluções
urgentes (ROBBINS, 2008).
Utilizada quando as partes em conflito resolvem abrir mão de alguma coisa através
do compartilhamento, esta estratégia pode conduzir para firmar importantes
compromissos.
Para Griffin e Moorhead (2006), a concessão ocorre quando a interação entre os
Concessão envolvidos tem importância moderada para atingir objetivos, os quais não são
totalmente compatíveis nem totalmente incompatíveis com as metas do grupo.
Já para Moscovici (2009), esta abordagem é apresentada como harmonização. Pode
ser visível em situações de aceitação pessoal, em que as discordâncias são evitadas
para não causar ressentimentos. Neste tipo de abordagem os grupos conseguem
cordialidade, mas a concessão é atingida através de acordos superficiais.
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 3
Os grupos formais e informais são uma área de estudo que é de suma importância
para a compreensão do comportamento social de uma organização, pois os indivíduos
praticamente nunca agem sem serem influenciados pelos outros. Conhecer as pessoas
que integram um grupo, seja em ambientes formalmente construídos pelas
organizações ou informalmente constituídos pelos colaboradores, é condição para uma
boa gestão. Assim, a gestão poderá articular suas ações em relação às pessoas, de
forma que elas utilizem suas qualidades e competências em prol de uma determinada
situação e para administrar os efeitos que suas opiniões podem trazer, para um novo
projeto ou situação propostos pela empresa, seja negativa ou positivamente
(KOLASA, 1978).
Os processos organizacionais e as novas tecnologias têm assumido que os
empregados trabalhem em equipes, que são consideradas hoje fundamentais na
construção organizacional. O trabalho em equipe tem o potencial de aumentar a
comunicação e a autonomia criativa dos empregados, o que pode ser visto
positivamente nas organizações. Além disso, o trabalho em grupo é o principal meio
utilizado pelos gestores para coordenar o comportamento dos funcionários, a fim de
atingir os objetivos organizacionais (M ILKOVICH e BOUDREAU, 2000).
Para Spector (2002), um grupo é a união de duas ou mais pessoas que interagem
umas com as outras e dividem algumas tarefas, visando objetivos inter-relacionados.
Estas duas características, interação e inter-relacionamento, diferem um grupo de uma
simples união de pessoas.
M ilkovich e Boudreau (2000) definem grupo como a interação de duas ou mais
pessoas de forma independente e adaptativa para atingir objetivos importantes,
específicos e compartilhados.
Griffin (2006) define grupo como duas ou mais pessoas que interagem entre si,
influenciando e sendo influenciadas pelas demais, individualmente; sem
necessariamente possuir interesses e objetivos comuns, o que significa dizer que as
pessoas podem interagir apenas por identificação com as demais e com o grupo.
Para compreender um grupo em funcionamento é necessário identificar fatores
como a sua composição ou pessoas que o compõem, as posições ocupadas pelas
pessoas no grupo e o ambiente que é composto pelo espaço físico e psicossocial do
qual o grupo faz parte (M OSCOVICI, 2001). Além disso, segundo a autora, pode-se
estudar um grupo considerando sua dinâmica e componentes que determinam os
processos grupais como objetivos, motivação, comunicação, relacionamento, liderança,
entre outros. Estes componentes podem concorrer para movimentos de progresso do
grupo ou para dificuldades e retrocesso grupal, conforme sua ocorrência e força dentro
do grupo.
Para Griffin (2006), o desempenho e a produtividade de uma empresa são
resultados da energia de todos os indivíduos que nela trabalham. As empresas,
geralmente, contam com diversas equipes, em que cada indivíduo executa parte das
tarefas necessárias para atingir o objetivo final da organização. Portanto, compreender
como e por que as pessoas interagem é de fundamental importância para os executivos
e líderes, pois auxilia a entender as forças que afetam o comportamento das pessoas e
como este afeta a instituição.
Para a escola de relações humanas, segundo Chiavenato (2000), a produtividade
tende a aumentar quando há contatos sociais entre as pessoas que praticam a
operação, pois, mais do que ter amigos, as pessoas desejam fazer parte, isto é,
participar de um papel dentro da organização ou de um grupo. Por isso, o estudo dos
grupos é importante para o administrador, pois as pessoas são o principal ativo de
uma empresa, e a maneira mais fácil de atingir os objetivos da mesma é conhecendo as
características de quem forma seu grupo. Estas características vêm à tona, mais
facilmente, quando na informalidade, em que as pessoas não precisam seguir normas
ou comportamentos ditados pela organização.
Estudar a dinâmica dos grupos nas organizações faz-se necessário para o gestor
compreender a complexidade do comportamento humano, quando inserido numa
organização. Deve-se olhar o grupo mediante o indivíduo e o indivíduo como reflexo
do grupo ao qual pertence, já que o comportamento humano representa sua
individualidade ou reflete as características do seu grupo. Compreendendo que os
grupos existem, estabelecem normas de convivência e que essas normas podem ir a
favor ou contra a organização, o administrador pode estabelecer regras próprias de
comportamento para interagir de maneira adequada com os diversos grupos e atingir
seus objetivos (ZANELLI et al., 2004).
Para Robbins (1999), a boa comunicação é essencial para a eficácia de qualquer
organização ou grupo, pois apenas através da transferência de significados de uma
pessoa para outra é que as informações e ideias podem ser transmitidas. Contudo,
mais do que transmitir um significado, a comunicação envolve a compreensão deste
significado, pois, por melhor que seja uma ideia, ela será inútil se não for transmitida e
compreendida pelos demais.
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 4
Além dos fatores internos, há aspectos que são maiores que o grupo em si e que
interagem, exercendo influência sobre as equipes de trabalho. Estes aspectos referem-
se à teia de redes organizacionais, definem o comportamento organizacional e são
impactados pelo contexto maior que está relacionado à cultura e ao clima da
organização.
Comparando a organização a uma pessoa, a cultura seria a personalidade da
organização. São as características mais permanentes de comportamento e decisões.
Por sua vez o clima, ainda no comparativo a uma pessoa, corresponde ao estado de
espírito, aos humores das pessoas na organização.
A cultura tem perspectiva de longo prazo, e o clima, de curto ou médio prazo. As
decisões organizacionais que geram satisfação ou insatisfação nos trabalhadores são do
domínio do clima e definidas nos grupos de trabalho. A maneira “como as coisas são
feitas” na organização é definida pelas características da cultura, influencia e sofre
influência da atuação dos grupos e entre os grupos.
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 5
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2008.
CAPÍTULO 6
6.1 Liderança
O conceito da verdadeira liderança é cada dia mais discutido no ambiente
corporativo, principalmente no cenário atual, pois hoje viver em mudança é uma
realidade para a maioria das organizações e a instabilidade é a nova regra.
Dentro das empresas, o processo decisório em todos os seus níveis tem-se tornado cada vez
mais arriscado e incerto, refletindo a imprevisibilidade a respeito da atuação de todos os
terceiros envolvidos (concorrentes, consumidores, pesquisadores de novas tecnologias etc.).
Surgem então maiores dificuldades para o exercício eficaz da função planejamento – que sempre
esteve orientada para a minimização das incertezas quanto ao futuro (BAUER, 1999, p. 9).
Sendo assim, os líderes exercem papel importante nessa nova conjuntura, uma vez
que possuem a atribuição de gerir os recursos da empresa, mas, mais do que isso, de
inspirar seus liderados, buscando oportunidades de desenvolver nas pessoas a ação de
forma motivadora.
Para França (2006, p. 55), “A liderança é um processo social em que se
estabelecem relações de influência entre pessoas. O núcleo desse processo de interação
humana é composto pelo líder ou líderes, seus liderados, um fato e um momento
social”.
Robbins (1998) define a liderança como a capacidade de influenciar um grupo em
direção à realização de metas.
Percebe-se que ambos os conceitos trazem à tona a ideia de influência para que
seja possível definir o que realmente é a liderança, que vem evoluindo através dos
tempos.
Alguns anos atrás, cada indivíduo era visto isoladamente, sendo responsável
apenas por suas atividades, direcionado pela antiga figura do chefe. Os novos
contextos exigem novas abordagens e concepções de gestão. Hoje, esse mesmo
indivíduo, trazendo suas experiências e necessidades pessoais, faz parte de um grupo
e influencia diretamente os resultados de todos que o compõem.
A virada do milênio, que coincide com a transformação da sociedade industrial em sociedade da
informação, desencadeará uma verdadeira avalanche de mudanças e grandes desafios, a serem
enfrentados pelos líderes e liderados da sociedade do terceiro milênio (SILVA, 1998, p. 34).
Nesse novo cenário, em que passa a ser crucial que todos trabalhem satisfeitos
para que influenciem de forma positiva os resultados da empresa, torna-se ainda mais
importante viabilizar a sintonia entre as necessidades da organização e das pessoas.
Por isso, a figura do profissional centralizador foi substituída pelo líder, capaz de
interagir com uma série de indivíduos, motivando-os na obtenção dos melhores
resultados, de maneira mais colaborativa e, ainda, priorizando o desenvolvimento de
todos.
Embora seja possível para alguns tipos de equipe desabrochar mirando o exemplo de um líder
formal, que fornece instruções e orientações, na maioria dos casos a eficácia da equipe depende,
em considerável medida, de os membros individuais da equipe exercerem sua liderança nas
circunstâncias em que detêm um conhecimento específico ou habilidades pertinentes, pelas
quais mais se interessam. (p. 79)
Cada indivíduo traz consigo as suas experiências e habilidades. Dentro dos grupos,
esses fatores se mostrarão importantes em diversas situações, sendo que se destacarão
aqueles que possuírem a capacidade de levar a equipe aos resultados esperados.
Nesse sentido, D’Souza (1996) contribui dizendo que liderança é um conjunto
mais amplo do que a administração, pois envolve trabalhar com e por meio das
pessoas para chegar a resultados.
A era da informação vem marcada por grandes mudanças e rápidas evoluções no
ambiente organizacional. Segundo M orin (2003, p. 129), “O mercado é uma mistura
de ordem e de desordem”. Para o autor, esses elementos compõem todo o universo, de
onde não se pode afastar o incerto, o imprevisto e a desordem. A ordem refere-se a
tudo o que se repete, que tem constância. Já a desordem refere-se a tudo o que é
irregular, imprevisível. O autor ainda explica que em um universo de ordem pura não
haveria criação, inovação, evolução. Da mesma forma como não seria possível viver na
“desordem pura”. Sendo assim, o autor conclui que as organizações possuem a
necessidade de ordem e desordem.
Nesse contexto, pode-se dizer que as organizações são sistemas complexos e não
podem ser vistas de forma diferente. Elas possuem diversos departamentos,
tecnologias, pessoas, redes de relacionamento e os mais variados comportamentos,
que interagem entre si gerando um novo funcionamento, considerando a rede que as
constitui. Surge, então, a necessidade de se compreender o conceito de rede para
inseri-lo no atual contexto organizacional.
Segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 75), no século XX, o termo “rede”
passou a ter um significado mais abstrato e denominar “todo o conjunto de pontos
com mútua comunicação”. O termo começou, então, a ser utilizado em uma
perspectiva sociológica, “para explicar o fenômeno das relações de reciprocidade entre
seres humanos”. Para estes autores (2008, p. 77), “[…] toda rede deve ser
caracterizada por três elementos distintivos: a) os nós ou os atores individuais; b) as
interconexões entre eles; e c) a nova unidade que coletivamente conformam”.
No ambiente organizacional é fácil se identificar uma rede interdependente de
indivíduos por onde a liderança se concretiza, conforme escreve Fagundes:
Nesse ambiente, por mais que haja um lugar de poder hierárquico superior a todos, como, por
exemplo, de um presidente, facilmente verificamos um conjunto de indivíduos-líderes, com
maior ou menor poder outorgado que, no exercício de seus ofícios, inevitavelmente tecem uma
rede interdependente por onde a liderança se consolida como produto e processo coletivo (2007,
p. 36).
Precisamos do feedback para saber qual comportamento devemos reforçar, e qual, por outro
lado, temos de abandonar. Precisamos saber se somos aceitos e valorizados. Quando sabemos
disso, sentimo-nos seguros e podemos deixar cair as nossas defesas, removendo a fachada falsa,
relacionando-nos melhor com os outros, sendo muito mais autênticos. (D’SOUZA, 1996, p.
195-196)
6.4 Comprometimento
As organizações de hoje estão mergulhadas em um ambiente turbulento e as
mudanças decorrentes do acelerado desenvolvimento do mercado geram grande
impacto nas relações de trabalho e com o trabalho.
Segundo Vergara (2000), as disputas das organizações por mercados tornam o
mundo cada vez mais competitivo. Diante desse cenário, emerge uma preocupação: o
comprometimento dos funcionários e líderes com os objetivos traçados. M ais do
nunca, as empresas precisam de pessoas comprometidas com os ideais da organização.
Gomes (1994) diz que vivemos em uma era em que o comprometimento das
pessoas deixou de ser desejável para ser indispensável.
Esse vínculo que o indivíduo adquire com a organização, porém, não é tão
simplesmente alcançado. Segundo França (2006, p. 15), a continuidade do vínculo
pessoa-empresa vai depender de combinações das características técnicas e sociais nos
níveis de confronto com a realidade. A autora define esses cinco níveis:
o conhecimento;
a atitude;
o comportamento individual;
o comportamento do grupo;
a institucionalização.
Percebe-se, portanto, que diversos fatores estão atrelados ao comprometimento
que o funcionário terá com os objetivos organizacionais.
Porém, pode-se afirmar que, para que organizações garantam o comprometimento
de seus empregados, é necessário fazer com que eles visualizem realização naquilo que
fazem. As pessoas precisam sentir-se satisfeitas com as tarefas e papéis que
desempenham na organização para se manter comprometidas.
A clareza em relação às metas a serem alcançadas e como fazê-lo são fatores
determinantes para a manutenção do comprometimento dos indivíduos.
Kanaane (1999) explica que os fatores ambientais, situacionais, intrapessoais e
interpessoais podem influenciar no comprometimento que as pessoas apresentam no
ambiente de trabalho.
Algumas das conseqüências importantes que estamos vivenciando nestes tempos de mudanças
tão violentas nas organizações são a redução no tamanho da empresas e os processos de
redesenho que contribuem significativamente para diminuir o número de pessoas em todos os
níveis da pirâmide. Por outro lado, os líderes optaram por dar maior autonomia e mais
participação aos trabalhadores em geral a fim de mantê-los motivados, fazê-los mais produtivos
e, em consequência, terem melhor clima de trabalho. (SOTO, 2002, p. 172)
[…] a problemática de justiça é extremamente atual e de grande interesse para áreas como
sociologia, psicologia social, psicologia organizacional, sendo seu estudo fundamental para a
análise de questões vinculadas aos aspectos político, social e econômico da sociedade
organizada onde as organizações de trabalho se incluem. (DEMO, 2010, p. 23)
Porém, a definição do termo justiça organizacional foi dada por Greenberg no final
da década de 1980, em um contexto no qual já se considerava importante destacar a
relevância das relações entre os indivíduos e as organizações. (DEM O, 2010)
A justiça organizacional está inserida em um processo de troca entre empregado e
empregador. Cada uma das partes oferece contribuições e faz concessões, esperando
em troca algo de que necessitem. “Em qualquer relação de troca, o indivíduo envolvido
contribuirá com alguma coisa e esperará, por isto, um retorno justo” (SIQUEIRA,
JUNIOR e OLIVEIRA, 2001, p. 113).
Pode-se afirmar, portanto, que a sensação de justiça dentro das organizações
interfere na manutenção do comprometimento de seus empregados. Para que haja essa
manutenção, é necessário fazer com que os se sintam realizados nas atividades que
desempenham. As pessoas precisam sentir satisfação com os seus papéis dentro da
organização e com as tarefas de suas responsabilidade, pois, do contrário, mostram-se
descomprometidas com os resultados coletivos.
Sobre esse tema, Assmar e Ferreira (2004, apud DEM O, 2010) nos dizem que:
A ênfase mais recente volta-se para a avaliação das consequências que as percepções de injustiça
por parte dos trabalhadores, traduzidas por níveis elevados de insatisfação, desmotivação e
estresse, bem como por comportamentos negativos, contraprodutivos e retaliatórios, podem ter
na saúde e no bem-estar no trabalho. (p. 23)
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CAPÍTULO 7
Com enfoque no agir estratégico do profissional de RH, serão abordadas neste capítulo
diferentes perspectivas. A primeira delas refere-se à competência pessoal na utilização
dos diferentes papéis (organizacional, profissional e privado) que sustentam a clareza e
habilidade para o manejo do processo grupal. A seguir, o foco será o desenvolvimento e
aplicação dos papéis de facilitador de grupos, coach e líder de equipe, promovendo
desenvolvimento conforme as necessidades do próprio sistema. Finalizando o capítulo,
será abordada a Liderança informal, utilizando a influência pessoal através da integração
de papéis sociais. No ambiente organizacional o profissional de RH tem como papel
estratégico propor uma prática de gestão das pessoas, adequada ao crescimento e
desenvolvimento da organização, em que a motivação e satisfação das relações são
fundamentais para o resultado da empresa. Aqui se entende que a busca do resultado da
organização é o que possibilita a capacitação e desenvolvimento das pessoas.
Apresentaremos as perspectivas, estabelecendo um método chamado espiral de ação
estratégica, em que ciclos virtuosos para o agir estratégico serão desenvolvidos através
de quatro etapas: a- existência, b- importância, c- opções e d- habilidades pessoais.
Definimos como existência a percepção de todos os estímulos e demandas de um
sistema organizacional, caracterizando o que “ realmente” existe em termos de
evidências – fatos e dados. O significado destes estímulos, o impacto no sistema e no
seu próprio subsistema, os motivos da demanda e os resultados desejados definem a
importância. A análise crítica destas duas etapas orientará as diferentes opções para
ação. Uma vez que, agora, se sabe em detalhes o que existe e qual a importância da
demanda, seguimos para a etapa seguinte que é habilidades pessoais para implementar
as opções de ação possíveis com qualidade relacional, concluindo um ciclo da espiral de
ação estratégica. Este desenvolvimento tem sua continuidade a partir de novos desafios
e necessidades que se estabelecem a partir do próprio sistema.
7.1 Competência pessoal
Utilizaremos o conceito de Bernd Schmid (2007) para falar da existência de “papel
social”, definido como um sistema coerente de atitudes, sentimentos,
comportamentos, perspectiva da realidade e dos relacionamentos que o acompanham,
que se manifesta em um modelo triplo de mundo: mundo privado, mundo profissional
e mundo organizacional.
Tendo consciência dos papéis envolvidos, o gerente de RH pode ter uma ideia
clara de como agir e estabelecer seus relacionamentos com as pessoas envolvidas na
situação.
Outros papéis podem surgir: o gerente de RH conhece um dos selecionados para o
cargo de analista de contas, é um ex-colega de universidade, temos mais um papel. Este
papel poderia ser considerado do mundo organizacional, caso eles ainda estivessem na
universidade. Poderia ser do mundo privado, caso eles mantivessem um
relacionamento de amizade, neste caso o papel principal seria “amigo”. Entendemos
que este papel é do mundo profissional, uma vez que eles não estão mais na
universidade e não possuem algum tipo de relação particular, mas ambos são
administradores. Será necessário, nesta situação, que o gerente de RH tenha presente a
complexidade do conjunto de papéis envolvidos. Estes vários papéis podem coexistir
e implicam a necessidade da pessoa ter consciência e comando da percepção dos
comportamentos relacionais que deles advêm e as interligações entre estes. A
importância de diagramar estes papéis de forma a localizar o que é comum ou não a
cada um deles, levando em conta os cinco aspectos: atitudes, sentimentos,
comportamentos, perspectiva da realidade e relacionamentos, pode facilitar e
conscientizar o fluxo da ação.
REFERÊNCIAS
HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth H. Psicologia para administradores. São Paulo: EPU,
1986.
BLANCHARD, Ken. Liderança de alto nível. Porto Alegre: Bookman, 2007.
CLUTTERBUCK, David. Coachigng eficaz. São Paulo: Editora Gente, 2008.
BRITTON, Jennifer J. Effective group coaching. Canadá: John Wiley & Sons Canada, Ltd, 2010.
SCHMID, Bernd. The Role Concept of Transactional Analysis and Other Approaches to Personality,
Encounter and Cocreativity for All Professional Fields, publicado no Transactional Analysis Journal
(TAJ) v. 38, número 1, janeiro de 2008.
KETS DE VRIES, Manfred F. R. Liderança na empresa. São Paulo: Editora Atlas, 1997.
SOBRE OS AUTORES
M ARGARETE DE BONI
Psicóloga, Clinical M ember (ITAA/USA), M embro Didata Clínico em Análise
Transacional (UNAT/Brasil), M embro Didata Organizacional (em formação), Didata
da Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo, M ediação de Conflitos (CLIP) e
Coaching (IE/SP e ILM /Londres). Trabalha em consultoria de desenvolvimento de
grupos, realiza coaching para executivos, mediação de conflitos organizacional e
familiar. Proprietária da Crescere Desenvolvimento Humano e sócia diretora do
Institutho dy Crescere Personas.
RENATO M ORANDI
Engenheiro químico, especialista em Gestão Empresarial, experiência como executivo
sênior (Diretoria e Conselhos), formação em Coordenação de Desenvolvimento de
Grupos (SBDG/RS), Coaching (IE/SP e ILM /Londres) e M ediação de Conflitos
(CLIP). Experiência como executivo sênior, membro de conselhos consultivos de
empresas, proprietário da Personal Consulting e sócio diretor do Institutho dy
Crescere Personas. Atua como Coach no planejamento e desenvolvimento de carreira
e negócios, consultoria empresarial em Gestão e Estratégia.
Reitor
P e. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Vice-reitor
P e. José Ivo Follmann, SJ
EDITORA UNISINOS
Diretor
P e. P edro Gilberto Gomes, SJ
© do autor, 2011
2011 Direitos de publicação e comercialização da
Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
EDITORA UNISINOS
84 p. -- (EAD)
ISBN 978-85-7431-415-0
CDD 658.402
CDU 005.64
Dados Internacionais de Catalogação na P ublicação (CIP )
(Bibliotecário Flávio Nunes, CRB 10/1298)
Esta obra segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua P ortuguesa vigente desde 2009.
Editor
Carlos Alberto Gianotti
Acompanhamento editorial
Mateus Colombo Mendes
A reprodução, ainda que parcial, por qualquer meio, das páginas que compõem este livro, para uso não
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