Antropometria e Somatotipo - Fatores Determinantes Na Seleção de Atletas No Voleibol Brasileiro
Antropometria e Somatotipo - Fatores Determinantes Na Seleção de Atletas No Voleibol Brasileiro
Antropometria e Somatotipo - Fatores Determinantes Na Seleção de Atletas No Voleibol Brasileiro
Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 3, p. 733-746, jul./set. 2011 733
RESUMO
Objetivo: Analisar a antropometria e somatotipo de atletas do voleibol brasileiro. Metodo-
logia: a amostra foi composta por 54 atletas convocadas para as seleções nacionais, sendo
16 da adulta (25,6±5,3anos), 17 da juvenil (17,89±0,32 anos) e 21 da infanto-juvenil
(15,86±0,36 anos). Para o somatotipo utilizou-se o método de Heath e Carter. O trata-
mento estatístico utilizado foi o descritivo com valores de tendência central e seus derivados,
e o inferencial ANOVA e post hoc de Tukey. Para o somatotipo recorreu-se ao cálculo da
distância espacial entre os somatótipos (DES). Resultados: A variável estatura não apresenta
diferença significativa entre as seleções, somente entre as posições de jogo. O somatotipo
da seleção infanto-juvenil foi diferente das demais. A seleção adulta classificou-se como
ectomorfo-mesomorfo (2,24/3,16/3,58), juvenil como central (3,12/3,40/3,30) e infanto-
juvenil como ecto-endomorfico (3,07/2,25/3,81). Conclusão: a estatura e linearidade são
variáveis importantes na seleção de atletas para o alto rendimento.
INTRODUÇÃO
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com o treinamento de qualidade, entretanto, em estudos especificos com voleibol,
a literatura aponta que para se alcançar o alto rendimento passa a ser necessário
à observação de variáveis antropométricas como estatura e somatotipo aliadas
as habilidades e treinamento (MALOUSARIS et al., 2008; CABRAL et al., 2011;
MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004).
Observa-se que, com a evolução do esporte que houveram mudanças das
características antropométricas do atleta comparando-se os estudos de Vivolo,
Caldeira e Matsudo (1980), onde a média de estatura da seleção adulta do Brasil
era 174,29±3,91cm, com os dados do presente estudo na mesma categoria
(182,81±7,0cm).
As características antropométricas e da composição corporal são cada vez
mais decisivas na seleção e determinação de rendimento dos atletas, proporcio-
nando melhores condições para o treino das qualidades físicas, além de auxiliarem
diretamente nas ações de jogo (NORTON; OLDS, 2001).
A literatura internacional cita a importância da somatotipologia no esporte
em pesquisa realizada com atletas do sexo feminino na Itália no qual demonstram a
homogeneidade do somatotipo no referido nível de qualificação, mas foi observa-
do que dentro do grupo o somatotipo difere de acordo com as posições de jogo
(GUALDI-RUSSO; ZACCAGNI, 2001).
Massa et al. (2000) comentam ainda, que o somatotipo vem sendo utilizado
na comunidade científica para conhecer-se o tipo físico ideal para cada modalidade
esportiva, sendo assim, um excelente método de auxílio na orientação esportiva e
descoberta de talentos. Os mesmos autores em estudos com diferentes categorias
no voleibol feminino, concluíram que o componente endomórfico predomina nas
categorias inferiores e vai diminuindo com o processo maturacional, à medida que
aumenta de categoria até que passa a ser o terceiro componente na categoria adulta,
provavelmente ocasionado por maiores exigências no treinamento e nas competi-
ções, corroborando assim os estudos de Veiga (2009) com atletas de handebol, que
cita a influencia da maturação e treinamento nas características somatotipicas.
Observa-se na literatura atual o uso do somatotipo para identificar as caracte-
rísticas específicas nas diversas modalidades esportivas, assim como as características
nas diferentes posições de jogo com estudos comparativos relevantes no basketball,
handball e volleyball (BAYOS et al. 2006); soccer e handball (RASCHKA; WOL-
THAUSEN, 2007); carate (FRITZSCHE; RASCHKA, 2007) e tênis (SÁNCHEZ-
MUNOZ; SANZ; ZABALA, 2007).
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Diante do exposto, considerando que as informações a respeito da antro-
pometria e somatotipo em atletas de elite são relevantes para a ciência do esporte,
permitindo estabelecer comparações com as equipes mais jovens e auxiliando na busca
de novos atletas para o alto rendimento, e observando a necessidade de avaliação de
tais características como fatores determinantes para se alcançar o alto rendimento em
modalidades como o voleibol, na qual o Brasil apresenta excelentes resultados sendo
recordista mundial de títulos nas diferentes categorias, é que, a presente investigação
teve como propósito classificar e comparar o somatotipo nas diferentes categorias
competitivas e posições de jogo da elite do voleibol feminino brasileiro.
METODOS
SUJEITOS
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da perna (cm) foi medida com o sujeito em pé utilizando uma trena antropométrica
de metal flexível (Sanny, Brasil) com 2m de comprimento e precisão de 0,1cm. Os
diâmetros umeral e femural foram tomados com um paquímetro (Sanny, Brasil) cuja
variação fica entre 02 e 15 cm e com graduação é de 0,05 mm.
Todas as medidas foram realizadas do lado direito do corpo seguindo padrões
unificados, em um ambiente fechado e no mesmo horário de avaliação, pelo mesmo
avaliador, com os sujeitos usando roupas leves, sem calçados.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
RESULTADOS
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seleção adulta, foi considerada como ectomorfo-mesomorfo, a seleção juvenil como
central e a seleção infanto-juvenil como endo-ectomorfo.
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Na Tabela 2, onde os grupos foram separados por posição de jogo, constatou-
se existir diferença quanto à antropometria e somatotipia em algumas posições, ou
seja, parece existir um perfil físico específico por posição de jogo no alto rendimento,
independente da categoria. Observa-se ainda quanto aos componentes do somato-
tipo, que a ectomorfia, que está relacionada à linearidade, apresenta valores acima
de 3,0 em todas as posições de jogo, demonstrando sua importância na seleção de
atletas para o alto rendimento. Ficando a seguinte classificação somatotipica para as
posições: Libero (Mesomorfo-ectomorfo), Levantadora (Central), Central e Ponta
(Ectomorfa balanceada) e Oposta (Ectomorfo-mesomorfo).
Após a aplicação do ANOVA One-way e Post Hoc de Tukey, observando o nível
de significância de p<0,05 para as afirmativas da existência de diferença, observa-se
os seguintes resultados entre as posições de jogo para estatura: Líbero x Levanta-
dora (p=0,011); Libero x Ponta, Líbero x Central e Libero x Oposto (p < 0,001);
Levantador x Central (p<0,001); Levantador x Ponta (p= 0,030). Massa corporal:
Libero x Central (p=0,003) e Libero x Oposto (p=0,024). Na comparação do
somatótipo entre as posições de jogo os resultados mostram diferença na distância
espacial entre os somatótipos, considerando o DES ≥ 1,00, de Libero x Central
(DES=1,21), Libero x Ponta (DES=1,15), Levantador x Central (DES=1,26) e
Levantador x Ponta (DES=1,10).
DISCUSSÕES
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Malousaris et al. (2008) em estudos com 163 atletas adultas de elite das divi-
sões A e B do campeonato nacional da Grécia encontraram uma média de estatura
próxima a de nossas levantadoras (177,1± 6,5cm), embora quando dividiram o
grupo por nível de performance, a divisão I obteve 179,6 ± 5,8cm e a divisão II
174,7 ± 6,2cm. A média de estatura encontrada para jogadores de voleibol na Índia,
para o sexo masculino foi 173,10 ± 4,19cm, inferior a nossa amostra no feminino,
no qual o autor considerou grande desvantagem uma vez que essa variável passou
a ser fundamental para o sucesso na modalidade (BANDYOPADHYAY, 2007).
Gabbett e Georgieff (2007) em estudos com jogadoras de voleibol australiano em
diferentes níveis de performance encontraram valores de estatura para equipes
nacionais infanto-juvenis (179,2 ±1,0cm), estaduais (179,5 ± 0,6cm) e iniciantes
(177,0 ± 0,6cm) e importantes achados nesse estudo demonstraram que o alcan-
ce de ataque é uma das variáveis determinantes para diferenciar os três níveis de
performance. Estudo no Brasil com a seleção estadual feminina do Rio Grande do
Norte encontrou uma média de estatura bem abaixo dos citados anteriormente
com valores de 169,4 ± 7,97cm (CABRAL; BARBOSA; CABRAL, 2005).
Observa-se que a estatura varia de acordo com a posição de jogo e que a
líbero (atleta específica da defesa) aparece como a jogadora mais baixa em nosso
estudo, o que pode ser justificado pela função que requer muita agilidade, tempo
de reação e excelente habilidade técnica para os fundamentos da defesa e passe,
onde certamente a estatura não tem fundamental importância (BELLENDIER,
2003). No entanto, foi observado um alto componente mesomórfico na referida
posição de jogo, o que possivelmente influencia no desenvolvimento com eficiência
das características físicas exigidas (BELLENDIER, 2003). As jogadoras de meio ou
centrais, foram as de maior estatura, fato justificado pela necessidade de um maior
alcance de bloqueio nas três posições de ataque, função da referida posição de jogo
para tentar impedir o ataque adversário.
Importante salientar que o estudo ora apresentado demonstra que a simples
observação da estatura como critério de determinação da performance, fica enfra-
quecido se esta informação não for associada as exigências de posição de jogo e a ida-
de, que traz consigo habilidade maior na movimentação, e, que mesmo as posições
de maior estatura possuem na necessidade de capacidades de movimentação rápida
(agilidade) fundamento importante, corroborando com a literatura (FLORES et al.,
2009; OKAZAKI et al., 2011; MARQUES et al., 2009). A partir destas observações
fica demonstrado que a linearidade observada pelo somatótipo em muito contribui
na sintonia fina destas observações, não sendo a mesma necessariamente ligada a
uma alta estatura (MARQUES et al., 2009; MALOUSARIS et al., 2008).
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Quanto ao somatotipo, o nosso estudo corrobora com Massa et al. (2000)
quando demonstra que a categoria infanto-juvenil apresenta um valor mais alto
de endomorfia em relação a mesomorfia, e que esses valores tendem a inverter,
à medida que as atletas mudam de categoria e as exigências físicas aumentam.
Tais resultados corroboram estudos de Veiga (2009) que sugere que os valores
de mesomorfismo tendem a aumentar a medida que os atletas avançam em seu
processo maturacional. Em estudos no voleibol com atletas infanto-juvenis do
sexo feminino, participantes de campeonatos estaduais em São Paulo, Massa et
al. (2000) encontraram para a categoria os valores: endomorfia (4,4±0,9), me-
somorfia (2,7±1,3), ectomorfia (3,7±1,5), sendo a mesma tendência observada
no estudo realizado por Cabral et al. (2004) com a equipe feminina infanto-juvenil
do Rio Grande do Norte onde os valores médios encontrados foram: endomorfia
(3,9±1,12), mesomorfia (1,9±1,19) e ectomorfia (3,2±1,48). Gualdi-Russo e
Zaccagni (2001) observaram o somatotipo em atletas adultas de elite do voleibol
italiano e encontraram valores de 3,0±0,8, 3,3±1,0 e 2,9±0,9 para endomorfia,
mesomorfia e ectomorfia respectivamente, concluindo que o somatotipo varia de
acordo com o nível de performance e com as posições de jogo. Em estudos com
1 atletas adultas de elite, das divisões A e B do campeonato nacional na Grécia
Malousaris et al. (2008) tambem concluiram que as características somatotípicas
variam de acordo com o nível de performance.
Em 2006 Bayios e colaboradores, em estudo com 518 atletas do sexo fe-
minino e de diferentes modalidades esportivas, todas participantes de divisões 1 e
2 de campeonatos nacionais, observaram que as atletas de voleibol foram as mais
altas e a classificação do somatotipo foi endomorfo balanceado (3,4 – 2,7 – 2,9).
(BAYIOS et al., 2006)
O somatotitpo do presente estudo nas diferentes posições de jogo revelaram
um perfil específico para cada função, independente da categoria, onde as atacantes
de ponta e de meio foram classificadas como ectomorfa balanceada, as opostas
como ectomorfo-mesomorfo, líberos mesomorfo-ectomorfo e as levantadoras
enquadradas como centrais, o que difere da classificação encontrada por Malousaris
(2008) em atletas gregas da divisão I do campeonato nacional onde as atacantes
de ponta, de meio e levantadoras classificaram-se como endomorfo-ectomorfo, as
opostas ectomorfas balanceadas e as líberos como centrais.
Duncan, Woodfield e Al-Nakeeb (2006) em estudos com atletas infanto-
juvenis femininas de alta performance verificaram que as levantadoras apresentam
características mais ectomórficas e menos mesomórficas que as centrais com valo-
res para os três componentes: levantadoras (2,6 ± 0,9, 1,9 ± 1,1, 5,3 ± 1,2) e
centrais (2,2 ± 0,8, 3,9 ± 1,1, 3,6 ± 0,7) o que difere do estudo de Gualdi-Russo
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e Zaccagni (2001) no qual obteve valores para as levantadoras (3,1 – 3,6 – 2,6) e
para as centrais (2,8 - 3,1 – 3,1), apresentando as centrais um valor para ectomorfia
maior que as levantadoras.
Estudos na ciência do esporte tem revelado que as características soma-
totípicas variam de acordo com a modalidade esportiva, o nível de qualificação e
posição de jogo, sendo essa qualificação definida através de resultados em nível
internacional (FIVB, 2010). Quintal et al. (2007) estudando o handebol cita que
apesar da relevância da estatura para a modalidade, o componente mesomorfico
tem sido considerado um parâmetro de identificação de talentos, enquanto no vo-
leibol Bellendier (2003) afirma que equilíbrio entre os componentes mesomórfico
e ectomórfico parece representar a tendência do voleibol mundial, ou seja, atletas
fortes, de grande estatura e lineares.
Stamm et al. (2003) concluíram em seus estudos com jogadoras de voleibol,
que a estatura é um fator que influencia na performance dos elementos do jogo
principalmente (71-83%) nas ações de ataque e bloqueio, sendo assim de grande
relevância na seleção de atletas.
A massa critica de estudo sobre a somatotipia no voleibol, repercuti nas
seleções nacionais, em estudo recente sobre alcance-ataque, onde Cabral et al.
(2011) demonstram m que, a associação entre variáveis antropométricas e de per-
formance na busca do entendimento do alto rendimento, indica a possibilidade na
diminuição do erro nas interpretações dos resultados, quando aparentemente o
pouco entendimento na interpretação da somatotipia caracteriza-se como fator
limitante a sua utilização.
Em acordo com a literatura observa-se que ao se obter um perfil somatotí-
pico de atleta na modalidade, através das semelhanças encontradas nas categorias
e diferenças entre as posições de jogo, pode-se utilizar tais dados como referência
para a constante busca por talentos esportivos com características consonantes as
modalidades esportivas de forma mais específica.
CONCLUSÕES
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maior valor no terceiro componente, relacionado a linearidade, é característica da
modalidade em todas as categorias. Observou-se também, que o somatotipo das
jogadoras nas diferentes posições de jogo apresenta características próprias, nas quais
as atacantes de ponta e as centrais foram classificadas como ectomorfas balanceadas,
as opostas como ectomorfas-mesomorfas, as líberos como mesomorfas-ectomorfas
e as levantadoras como centrais.
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