Composicao Futebol

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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva


ISSN 1981-9927 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r

ESTADO NUTRICIONAL E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE JOGADORES


DE FUTEBOL PROFISSIONAL
1,2 1,3
Carolina Baptista Neiva de Lima , Marla Eliana Ferreira Martins ,
1 1
Rafaela Liberali , Francisco Navarro

RESUMO ABSTRACT

A composição corporal é um aspecto Nutritional status and body composition of


importantíssimo para o nível de aptidão física professional soccer players
de jogadores de futebol profissional. O
presente estudo objetivou descrever o estado Body composition is an important aspect to the
nutricional e a composição corporal durante o level of physical fitness of professional soccer
período de pré-competição e competição e por players. This study aimed to describe the
posição dos jogadores. A amostra foi nutritional status and body composition during
composta por 367 jogadores de futebol the pre-competition and competition and
profissional, do gênero masculino, com idade position of the players. The sample comprised
igual ou superior a 18 anos (18 a 36,9 anos), 367 professional soccer players, male, aged
pertencentes ao Paraná Clube, no período de over 18 years (18 to 36.9 years), belonging to
2002 a 2009. Foram coletados dados de the Paraná Clube, from 2002 to 2009. We
idade, peso, altura e dobras cutâneas, sendo collected data on age, weight, height and skin
posteriormente calculado o índice de massa folds, and then calculated the body mass index
corporal (IMC), percentual de gordura corporal (BMI), percent body fat (% BF), total fat (GA)
(%GC), gordura absoluta (GA) e massa magra and mass (FFM). Data analysis was performed
(MM). A análise dos dados foi feita utilizando a using descriptive statistics. The main results
estatística descritiva. Os principais resultados were: in the pre-competition, BMI and% BF are
foram: no período de pré-competição, IMC e adequate, 23.7 ± 1.54 kg / m² and 10.0 ±
%GC encontraram-se adequados 23,7 ± 1,54 2.41%, respectively, and during the
Kg/m² e 10,0 ± 2,41%, respectivamente, e competition, 23, 6 ± 1.36 kg / m² and 9.9 ±
durante a competição, 23,6 ± 1,36 Kg/m² e 9,9 2.28%, and were similar in all variables when
± 2,28%, e foram semelhantes em todas as comparing the periods of training. Comparing
variáveis quando comparados os períodos de BMI and% BF was observed that there was
treinamento. Comparando IMC e %GC foi good correlation (0.51 and 0.52). In both
observado que não houve boa correlação (r = periods, the goalkeepers and defenders had
0,51 e 0,52). Em ambos os períodos, os higher body weight, height, body fat, total fat
goleiros e zagueiros apresentaram maior peso and lean mass, however, the side were those
corporal, altura, percentual de gordura, gordu- who showed the lowest values. Therefore, one
ra absoluta e massa magra, em contrapartida, can conclude that there are differences
os laterais foram os que demonstraram os between the periods, however, the same is not
menores valores. Assim sendo, pode-se true when comparing the positions. Highlights
concluir que não existem diferenças entre os the importance of further studies in order to
períodos avaliados, entretanto, o mesmo não meet the body composition of professional
ocorre quando comparadas entre as posições. soccer players in Brazil.
Destaca-se a importância da realização de
outros estudos com o objetivo de conhecer a Key words: Football, nutritional status, body
composição corporal de jogadores de futebol composition, body fat percentage.
profissional brasileiros.
Endereço para correspondência:
Palavras-chave: Futebol; estado nutricional; [email protected]
composição corporal; percentual de gordura
corporal. 2- Graduação em Nutrição pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Especialização em
1- Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Nutrição Clínica pela UFPR.
Universidade Gama Filho em Nutrição 3- Graduação em Nutrição pelo Centro
Esportiva. Universitário Positivo (UNICENP).

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 3. n. 18. p. 562-569. Nov/Dez. 2009. ISSN 1981-9927.
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INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS

O futebol ocupa um lugar importante A pesquisa caracteriza-se como uma


no contexto esportivo contemporâneo, visto pesquisa descritiva, retrospectiva. Segundo
que não se trata de um mero espetáculo, mas Liberali (2008), pesquisa descritiva “é aquela
também um meio de Educação Física que levanta dados da realidade sem nela
esportiva e um campo de aplicação da ciência interferir”.
(Garganta, 2002). Este esporte é o mais A população corresponde a 441,
popular do mundo, e é praticado por homens, jogadores de futebol. Destes, foi selecionada
mulheres, crianças e adultos. uma amostra de 367, por atender os seguintes
Devido às grandes dimensões do critérios: idade igual ou superior a 18 anos,
campo de jogo e da duração de uma partida, uma avaliação no período de pré-competição
cada atleta desempenha uma função (até o dia 20 de janeiro do ano avaliado), caso
específica dentro da equipe, a saber: contrário, ter ao mínimo duas avaliações
zagueiros, meio-campistas, goleiros, atacantes realizadas e assinar o formulário de
e laterais. De acordo com cada posição e consentimento livre e esclarecido autorizando
padrões táticos, a distância total percorrida por a participação na pesquisa, conforme
um jogador é diferente dos demais, bem como preconiza a resolução nº 196 do Conselho
o tipo e a intensidade das ações realizadas. Nacional de Saúde de 10 de Outubro de 1996.
Tais variáveis colaboram com uma sobrecarga A instituição pesquisada é um clube de
adicional ao metabolismo (Guerra, Soares e lazer, Paraná Clube, que oferece também
Burini, 2001; Prado e colaboradores, 2006). diversas atividades esportivas incluindo futebol
O esporte de alto rendimento exige de campo das categorias de base até o
constante aprimoramento do nível de profissional.
conhecimento sobre suas variáveis O instrumento de coleta de dados foi
intervenientes (morfológicas, fisiológicas, uma ficha onde foram registrados os dados da
psicológicas, biomecânicas, cognitivas, entre avaliação de composição corporal, utilizando
outras). O futebol, por sua condição balança antropométrica mecânica Filizolla com
específica, envolve um grupo elevado de capacidade de até 150Kg, estadiômetro de
atletas e é disputado em diferentes condições madeira fixado na parede sem rodapé a 50cm
climáticas, com alternativas técnicas, táticas e do chão, adipômetro Cescorf Científico.
físicas variadas, constituindo, portanto, um Foram realizadas duas medidas, pré-
esporte de elevada complexidade de competição e competição. Adotadas as
interpretação e estudo. Tendo em vista esse padronizações de medidas apresentadas no
conjunto de variáveis, o estudo da composição Manual de Padronização de Medidas
corporal representa um dos elementos Antropométricas (Anthropometric
importante para identificar o perfil do atleta de Standardization Reference Manual) de
futebol (Fonseca, Marins e Silva, 2007). Lohman, Roche e Martorell (1988). As
A avaliação e a determinação das medidas de dobras cutâneas (DC) foram
características antropométricas (estatura, coletadas nas regiões subescapular, tricipital,
massa corporal e composição corporal) se faz peitoral, axilar média, abdominal vertical,
essencial para o sucesso de uma equipe não supra-ilíaca e coxa, adotando o lado direito do
só durante um jogo, mas durante toda a atleta. Utilizou-se a equação proposta por
temporada (Shephard, 1999), serve como um Jackson e Pollock (1978) para estimativa da
método para analisar o estado nutricional e densidade corporal, sendo a percentagem de
prescrição de treinamento. gordura, massa magra e massa gorda
Portanto o objetivo do presente estudo determinadas pela fórmula de Siri (1961).
foi descrever o estado nutricional e As variáveis dependentes são peso,
composição corporal no período de pré- altura, índice de massa corporal (IMC), DC,
competição e competição e por posição, de percentual de gordura corporal (%GC), massa
jogadores de futebol profissional, do gênero magra (MM) em Kg e massa gorda (MG),
masculino, no período de 2002 a 2009, também em Kg.
pertencentes ao Paraná Clube e correlacionar A análise dos dados foi feita utilizando
IMC e %GC. a estatística descritiva.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1 - Classificação do estado nutricional pelo IMC, número de ocorrências e percentual da


amostra para cada classificação, adaptada de WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1997.
Ocorrências (n) % da amostra
Classificação IMC (Kg/m²)
pré competição pré competição
Baixo Peso < 18,5 0 0 0% 0%
Normal 18,5 - 24,99 189 228 79% 86%
Sobrepeso 25 - 29,99 49 38 21% 14%
Obesidade I 30 - 34,99 0 0 0% 0%
Obesidade II 35 - 39,99 0 0 0% 0%
Obesidade III > 40 0 0 0% 0%
TOTAL 238 266

Participaram do estudo 367 jogadores, ativos. Ademais os indivíduos que participam


que fazem parte do clube, todos do gênero de um treinamento de força aumentam seu
masculino e com idade entre 18 e 36,9 anos. peso corporal magro (Mcardle e Katch, 1996).
De acordo com a tabela 1, a maioria Já na tabela 2 identifica-se 21 e 18%
dos jogadores encontra-se dentro da de indivíduos com baixo peso de acordo com o
normalidade para a classificação de IMC (79 e percentual de gordura e 71 e 77%
86%). classificados como ideal.
Isso se deve ao fato de que a Segundo Powers e Howley (2000), um
população foi composta por atletas, o que leva dos principais problemas associados ao IMC é
a prevalência de indivíduos com peso normal, que não existe uma forma de saber se a
conforme sugere Pietro (1995). Evidências pessoa possui uma grande massa muscular
epidemiológicas sugerem uma associação ou se ela é, simplesmente, obesa, podendo
inversa entre a atividade física e o peso desta forma, ocorrer resultados falso-positivo e
corporal, com a gordura corporal sendo mais falso-negativo.
favoravelmente distribuída nos fisicamente

Tabela 2 - Classificação do estado nutricional pelo percentual de gordura corporal, número de


ocorrências e percentual da amostra para cada classificação, adaptada de Lohman, 1992.
Classificação Gordura (%) Ocorrências (n) % da amostra
pré Competição pré Competição
Desnutrição <5 0 0 0% 0%
Baixo Peso 5 - 7,99 51 49 21% 18%
Ideal 8 - 13,99 170 205 71% 77%
Saudável 14 - 19,99 17 12 7% 5%
Sobrepeso 20 - 25 0 0 0% 0%
Obesidade > 25 0 0 0% 0%
TOTAL 238 266

Os gráficos 1 e 2 demonstram que não observada nos gráfico 1 e 2, no qual encontra-


existe uma boa correlação entre o IMC e se a posição de cada indivíduo. Este estudo
%GC. Isso sugere que o IMC não seja tão corrobora com o estudo realizado por Moreira,
sensível quanto o %GC nas variações da Melo e Alves (2003) que avaliou a correlação
composição corporal da população. Essa entre o índice de massa corpórea e o
afirmação é confirmada pela baixa correlação percentual de gordura em homens ativos.
entre as duas variáveis (r = 0,51 e 0,52)

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Gráfico 1 - Diagrama de Dispersão do IMC e %GC no período de pré-competição. r = 0,51

Gráfico 2 - Diagrama de Dispersão do IMC e %GC no período de competição. r = 0,52

A tabela 3 apresenta valor médio, O estudo realizado por Silva, Visconti


desvio padrão e valor máximo e mínimo das e Roldan (1997), com 18 jogadores de futebol
seguintes variáveis: idade, peso, estatura, profissional com características parecidas com
IMC, percentual de gordura, gordura absoluta o presente estudo apresentou um valor médio
e massa magra. de 11%. No presente estudo o valor médio
Conforme observado na tabela 3, a encontrado do percentual de gordura foi de 10
idade variou de 18,0 a 36,9 anos, foram e 9,9%, no período de pré-competição e
encontrados valores médios de peso, 76,1 e competição, respectivamente.
75,4 Kg, estatura média de 179,0 cm, variando Este estudo corrobora com o trabalho
de 164,0 a 192,0 cm. realizado por Campeiz e Oliveira (2006), e
Há uma grande variação nos valores com uma revisão de literatura realizada por
de porcentagem de gordura corporal Rico Sans (1998), que mostrou que a gordura
observados por vários autores de futebol de jogadores está em torno de 10%.
podendo ir de 5,2 a 16,4%. (Silva, Visconti e Os valores de %GC encontrados na
Roldan, 1997). literatura para esta população variam de 5,9 a

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15%, esta grande discrepância ocorre por de medição, examinador, protocolo, nível
diversos fatores como diversidade na técnica técnico, categoria, entre outros.

Tabela 3 - Valores de média, desvio-padrão, valor mínimo e máximo referentes às variáveis


antropométricas por período.
Pré-competição (n 238) Competição (n 265)
Variáveis
x+s x+s
24,0 + 3,96 18,0 24,4 + 4,18 18,1
Idade (anos)
35,1 36,9
76,1 + 6,83 59,7 75,4 + 6,81 59,5
Peso (Kg)
95,5 91,7
179,0 + 6,00 164,0 179,0 + 6,00 164,0
Estatura (cm)
192,0 191,0
23,7 + 1,54 18,8 23,6 + 1,36 19,3
IMC (Kg/m²)
28,5 27,1
10,0 + 2,41 5,9 9,9 + 2,28 6,1
Gordura (%)
20,7 18,8
Gordura Absoluta 7,7 + 2,30 4,0 7,5 + 2,21 3,9
(Kg) 17,9 16,5
Massa Magra (Kg) 68,5 + 5,52 55,0 67,6 + 5,52 53,9

Tabela 4 - Comparação de valores de %GC do presente estudo com valores reportados de


futebolistas de diferentes estudos.
Futebolistas Valores Categoria Protocolo Referências
Paraná Clube pré- Jackson e Pollock
10,0 Profissional Presente Estudo
competição (1995)
Paraná Clube Jackson e Pollock
9,9 Profissional Presente Estudo
competição (1995)
Rio Preto Esporte Clube Pinto; Azevedo e Navarro
13,3 Profissional Faulkner (1968)
av I (2007)
Rio Preto Esporte Clube Pinto; Azevedo e Navarro
12,6 Profissional Faulkner (1968)
av II (2007)
Rio Preto Esporte Clube Pinto; Azevedo e Navarro
12,3 Profissional Faulkner (1968)
av III (2007)
Rio Preto Esporte Clube Pinto; Azevedo e Navarro
12,3 Profissional Faulkner (1968)
av IV (2007)
Jackson e Pollock Schandler e Navarro
AABB Itararé-SP 5,9 Profissional
(1995) (2007)
Associação Desportiva Heyward e Mantovani e colaboradores
8,97 Infantil
São Caetano Stolarczyc (2000) (2008)
Associação Desportiva Heyward e Mantovani e colaboradores
9,3 Juvenil
São Caetano Stolarczyc (2000) (2008)
Legnani, Legnani e Kotiwitz
Clube 2ª divisão SC 12,5 Profissional Guedes (1987)
(2002)
Legnani, Legnani e Kotiwitz
Clube 1ª divisão SC 11,2 Profissional Guedes (1987)
(2002)
Legnani, Legnani e Kotiwitz
Clube 2ª divisão PR 14,0 Profissional Guedes (1987)
(2002)

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Legnani; Legnani e Kotiwitz


Clube 2ª divisão PR 9,5 Profissional Guedes (1987)
(2002)
Osiecki e colaboradores
Clube Curitiba-PR 11,64 Profissional Faulkner (1968)
(2007)
Mogi Mirim Futebol Campeiz, Oliveira e Maia
10,7 Profissional Faulkner (1968)
Clube (2004)
Mogi Mirim Futebol Campeiz, Oliveira e Maia
10,15 Junior Faulkner (1968)
Clube (2004)
Mogi Mirim Futebol Campeiz, Oliveira e Maia
10,02 Juvenil Faulkner (1968)
Clube (2004)
Werner e colaboradores
Clube de Pelotas-RS 15,0 Profissional Faulkner (1968)
(2006)

A tabela 4 compara os valores de literatura brasileira, corroborando com alguns


%GC encontrados neste estudo com outros da e não com outros.

Tabela 5 - Valores de média referentes às variáveis antropométricas por posição nos períodos de
pré-competição e competição.
Idade Peso Altura IMC Gordura Gordura Massa Magra
Posição
(anos) (Kg) (cm) (Kg/m²) (%) Absoluta (Kg) (Kg)
25,1 85,3 187 24,3 11,5 9,9 75,3
Goleiro
25,6 85,0 187 24,4 11,5 9,8 75,1
24,2 79,2 183 23,6 10,6 8,4 70,7
Zagueiro
25,1 79,4 183 23,7 10,9 8,7 70,7
23,3 71,4 174 23,6 9,1 6,6 64,8
Lateral
22,9 71,1 175 23,3 8,6 6,1 64,8
24,1 73,9 177 23,6 9,8 7,3 66,6
Meio-campo
24,3 72,4 176 23,3 9,6 7,0 65,2
23,4 75,3 179 23,5 9,4 7,1 68,2
Atacante
24,6 75,7 179 23,7 9,3 7,1 68,6

A tabela 5 mostra os dados contrapartida, os laterais foram os que


antropométricos e composição corporal dos demonstraram os menores valores.
atletas de futebol avaliados por posição no De acordo com cada posição e
período de pré-competição e competição. padrões táticos, a distância total percorrida por
A avaliação e a determinação das um jogador é diferente dos demais, bem como
características antropométricas (estatura, o tipo e a intensidade das ações realizadas.
massa corporal e composição corporal) se faz Os resultados encontrados no
essencial para o sucesso de uma equipe não presente estudo estão em consonância com
só durante um jogo, mas durante toda a outros da literatura; porém, as pesquisas
temporada, visto que tais informações podem citadas anteriormente demonstraram que os
e devem ser utilizadas pelo treinador para defensores, principalmente os goleiros,
mudar a função do jogador ou até mesmo tendem a apresentar maior percentagem de
mudar a forma tática de toda equipe, com o gordura corporal, justificada por uma menor
objetivo de maximizar o desempenho, uma vez sobrecarga metabólica, tanto em dias de jogos
que cada posição apresenta características quanto durante as sessões de treinamento
peculiares (Shepard, 1999). (Reylly, Bangsbo e Franks, 2000; Rico-Sanz,
Os goleiros e zagueiros apresentaram 1998).
no presente estudo, maior peso corporal,
altura, percentual de gordura, gordura absoluta
e massa magra do que os demais atletas, em

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CONCLUSÃO competição. Rev Bras Med Esporte. Vol. 7.


Num. 6. 2001. p. 201-206.
Conclui-se que não existem diferenças
entre os períodos avaliados, entretanto, o 6- Legnani, E.; Legnani, R.; Kotiwitz, A.
mesmo não ocorre quando comparadas entre Características de aptidão física de
as posições. futebolistas profissionais em início de
O uso da antropometria é de temporada. in: XXI Simpósio Nacional de
fundamental importância para a prática do Educação Física – esporte amador, Pelotas,
futebol profissional, auxiliando de maneira RS. 2002. p. 92-95.
direta no desempenho esportivo, tendo em
vista que para se atingir um alto nível dentro 7- Liberali, R. Metodologia Científica Prática:
deste esporte é necessário que o atleta tenha um saber-fazer competente da saúde à
um perfil antropométrico relacionado com a educação. Florianópolis: (s.n.), 2008.
especificidade da função a ser trabalhada.
Sendo que, os atletas de alta performance são 8- Mantovani, T.V.L.; e colaboradores.
aqueles que possuem uma melhor compleição Composição corporal e limiar anaeróbio de
física. Apesar do futebol ser o esporte mais jogadores de futebol das categorias de base.
difundido dentro do país, e da antropometria Rev Mackenzie de Educação Física e Esporte.
ter fundamental importância sobre ele, ainda Vol. 17. Num. 1. 2008. p. 25-33.
existem poucos estudos sobre o referido
assunto. Ausência de equações específicas 9- McArdle, W.D.; Katch, F.I.; Katch, V.L.
para atletas de futebol, inclusive podendo ser Fisiologia do exercício, energia, nutrição e
criada uma equação para atletas brasileiros desempenho humano. 4 ed., Rio de Janeiro,
que possuem características físicas diferentes Guanabara Koogan. 1996.
de outras populações.
10- Moreira, D.J.D.; Melo, M.N.A.; Alves, R.W.
REFERÊNCIAS Correlação entre o índice de massa corpórea e
o percentual de gordura em homens ativos de
1- Campeiz, J.M.; Oliveira, P.R. Análise 20 a 30 anos. Universidade Gama Filho. Pós-
comparativa de variáveis antropométricas e graduação Lato Sensu em Fisiologia do
anaeróbias de futebolistas profissionais, Exercício e Avaliação Morfo-Funcional, 2003.
juniores e juvenis. Movimento e percepção,
Espírito Santo de Pinhal, SP, Vol. 6. Num. 8. 11- Osiecki, R.; e colaboradores. Parâmetros
jan-jun., 2006. p. 58-84. antropométricos e fisiológicos de atletas
profissionais de futebol. Rev da Educação
2- Daros, L.B.; e colaboradores. Análise Física/ UEM, Maringá, PR. Vol. 18. Num. 2.
comparativa das características 2007. p. 177-182.
antropométricas e de velocidade em atletas de
futebol de diferentes categorias. Rev da 12- Pietro, L. di. 1995. Physical activity, body
Educação Física/ UEM, Maringá, PR. Vol. 19. weight, and adiposity: An epidemiologic
Num. 1. 2008. p. 93-100. perspective. In Exercise and Sport Sciences
Reviews, vol. 23, ed. J. O. Holloszy, 275-303.
3- Fonseca, P.H.S.; Marins, J.C.B.; Silva, A.T. Baltimore: Williams & Wilkins.
Validação de equações antropométricas que
estimam densidade corporal em atletas 13- Pinto, M.R.; Azevedo, V.B.E.; Navarro, F.
profissionais de futebol. Rev Bras Med Alterações da composição corporal de
Esporte. Vol. 13. Num. 3. 2007. p. 153-156. jogadores profissionais de futebol do Rio Preto
Esporte Clube. Rev Bras de Nutrição
4- Garganta, J. Competência no ensino e Esportiva, São Paulo. Vol. 1. Num. 4. jul/ago,
treino de jovens futebolistas. Revista Digital - 2007. p. 17- 24.
Buenos Aires. Ano. 8. Num. 45. Fevereiro
2002. p. 1-3. 14- Powers, S.K.; Howley, E.T. Fisiologia do
Exercício Teoria e Aplicação ao
5- Guerra, I.; Soares, E.A.; Burini, R.C. Condicionamento e ao Desempenho. 3 ed.
Aspectos nutricionais do futebol de Barueri. Manole LTDA, 2000.

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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva


ISSN 1981-9927 versão eletrônica
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Recebido para publicação em 10/10/2009


Aceito em 20/11/2009

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 3. n. 18. p. 562-569. Nov/Dez. 2009. ISSN 1981-9927.

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