Menegassi Et Al 2018 PERFIL ANTROPOMÉTRICO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

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Artigos Originais

Revista Kinesis
Revista Kinesis, Santa Maria v.36 n.1, 2018, jan - abr. p. 73– 83
Centro de Educação Física e Desporto - UFSM

DOI 10.5902/2316546421724
Data de submissão: 06-04-2016
Data de Aceite: 19-03-2018

PERFIL ANTROPOMÉTRICO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE JOVENS


FUTEBOLISTAS DE NÍVEL REGIONAL.
Anthropometric profile and body composition of young regional soccer players.
Perfil antropométrico y la composición corporal de jóvenes futbolistas de nivel regional.

Vanessa Menezes Menegassi


[email protected]
Universidade Estadual de Maringá

Paulo Henrique Borges


[email protected]
Universidade Estadual de Maringá

Wilson Rinaldi
[email protected]
Universidade Estadual de Maringá

Leandro Rechenchosky
[email protected]
Universidade Estadual de Maringá

RESUMO
O estudo objetivou avaliar o perfil antropométrico e a composição corporal de jovens futebolistas de nível regio-
nal. A amostra foi composta por 55 jogadores das categorias sub 13, sub 15 e sub 17 classificados também por po-
sição de jogo. Para comparação foram adotados os testes ANOVA One-Way e post-hoc de Bonferroni. A categoria
sub 17 apresentou maiores valores (p<0,05) nas variáveis relacionadas ao crescimento e desenvolvimento físico. O
percentual de gordura corporal permaneceu estável entre as categorias e posições. A homogeneidade verificada
sugere que a manutenção destes índices é resultante dos similares níveis de esforço exigidos na modalidade.
Palavras-Chave: Jovens Futebolistas. Antropometria. Composição Corporal.

ABSTRACT
The study aimed to evaluate anthropometric profile and body composition of young regional soccer players. The
sample consisted of 55 players from U-13, U-15 and U-17 also classified by game position. The one-way ANOVA and
post-hoc Bonferroni tests were applied for comparison. The U-17 category showed higher values (p<0.05) in varia-
bles related to growth and physical development. The body fat percentage remained stable between categories
and positions. The homogeneity observed suggests that the maintenance of these levels is result of similar levels
of effort required in the sport.
Keywords: Young Soccer Players. Anthropometry. Body Composition.

RESUMEN
El objetivo fue evaluar la composición corporal y antropométrica de jóvenes futbolistas regionales. La muestra
consistió en 55 jugadores sub 13, sub 15 y sub 17 también clasificados por posición de juego. En comparación se
adoptaron la prueba de ANOVA de una-vía y post-hoc de Bonferroni . La categoría sub 17 valores fueron superiores
(p<0,05) en las variables relacionadas con el crecimiento y el desarrollo físico. El porcentaje de grasa corporal se
mantuvo estable entre las categorías y posiciones. La homogeneidad observada sugiere que el mantenimiento de
estos niveles es el resultado del similar esfuerzo requerido en deporte.
Palabras Clave: Jóvenes Futbolistas. Antropometría. Composición Corporal.
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Introdução

O futebol é um dos maiores fenômenos esportivos mundiais. Segundo Matta (1982), a modalidade

está inserida no cotidiano de milhões de pessoas, abrangendo aspectos socioculturais, políticos e

econômicos. Dados da FIFA (2007) estimam que no Brasil existem mais de 13 milhões de praticantes

(2 milhões registrados) e cerca de 29 mil clubes estabelecidos. A modalidade que é praticada nas

ruas, escolas, clubes e centros esportivos, pode apresentar perspectivas competitivas, educacionais e

recreativas. Além da grande popularidade do futebol como prática esportiva, o sucesso de audiência

influencia diretamente sua inserção na economia. O relatório final do plano de modernização do futebol

brasileiro mostra que o comércio futebolístico movimenta por ano em torno de 250 bilhões de dólares,

distribuindo esse valor entre as federações, clubes, jogadores, mídia, indústria esportiva, entre outros

(CBF, 2000).

Conforme Paoli (2010), a economia futebolística procura detectar os talentos de maneira cada vez

mais precoce, buscando garantir retorno do investimento que é aplicado nas fases de formação esportiva

quando estes chegam às categorias adultas. Ao mesmo tempo, muitas vezes o processo de formação que

esses jovens jogadores deveriam vivenciar não é respeitado, podendo assim limitar significativamente o

sucesso em uma possível carreira profissional (MANTOVANI et al., 2008), já que o bom desempenho no

esporte depende de diversas variáveis, sendo elas físicas, técnicas, táticas e psicológicas, que devem ser

contempladas e acompanhadas durante os treinamentos (MATTA; GRECO, 1996). Especificamente com

relação a dimensão física, é necessário considerar não somente as características funcionais-motoras mas

também morfológicas, por meio da avaliação antropométrica e de composição corporal dos jogadores.

De acordo com Thiengo et al. (2012) a caracterização do perfil antropométrico facilita a orientação

dos técnicos para garantir mais organização nas atividades propostas. Desta forma, se torna possível

regular os estímulos aplicados nas sessões de treinamento, bem como, proporcionar acompanhamento

nutricional aos atletas, visando a normalização das variáveis corporais dentro dos padrões exigidos

para as diferentes funções técnicas e táticas de cada posição. Além disso, o monitoramento em tempo

real destas características permite identificar as modificações resultantes da idade, crescimento,

desenvolvimento e maturação dos indivíduos (GUEDES; GUEDES, 2006). Muitos estudos investigaram

a composição corporal de jogadores de futebol (BUSCARIOLO et al., 2008; PRADO, et al., 2006; REIS;
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AZEVEDO; ROSSI, 2009), porém poucos foram direcionados às categorias de base.

A partir das informações fornecidas, o presente estudo objetivou avaliar o perfil antropométrico

e a composição corporal de jogadores de futebol das categorias sub 13, sub 15 e sub 17 do projeto de

extensão Centro Regional de Formação em Futebol (CERFUT), da Universidade Estadual de Maringá

(UEM), classificando-os por categoria e posição de jogo. Estudo este que pretende minimizar a lacuna

encontrada na literatura relacionada ao perfil antropométrico e composição corporal de jovens jogadores

de futebol a nível regional, contribuindo assim, com a produção de conhecimento na área da Educação

Física, bem como, nas sub-áreas de futebol, nutrição e treinamento esportivo.

Materiais e Métodos

Trata–se de um estudo com delineamento transversal, caracterizado como descritivo correlacional

(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012). O CERFUT da UEM (Proc. 8849/2010), atende aproximadamente

100 crianças, jovens e adolescentes divididos em 5 categorias. A população de crianças e adolescentes

com idade entre 11 e 17 anos é formada por 80 jogadores, pertencentes as categorias sub 13, sub 15 e

sub 17 do projeto (JAIME et al. 2015). Os responsáveis pelos sujeitos receberam e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) autorizando a participação na pesquisa. Foram adotados como

critérios de exclusão: a) Ter realizado qualquer tipo de exercício físico antes da coleta antropométrica;

b) não participar de treinamento sistematizado da modalidade no mínimo três vezes por semana; e c)

não apresentar o TCLE assinado pelos pais. Seguindo estes critérios, a amostra final foi composta por 55

jogadores. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa local (parecer número

653.698).

Variáveis do estudo e instrumentos de medida


A estatura (E) e a massa corporal (MC) foram mensuradas à partir de um estadiômetro da marca Sanny

e de uma balança de leitura digital da marca Omron, com resolução de 0,1cm e 0,1kg, respectivamente. A

partir dos valores de MC e E foi estabelecido o índice de massa corporal (IMC).

Já para a realização das medidas de dobras cutâneas foi utilizado um compasso científico da marca

Cescorf. A identificação dos pontos médios para localizar as dobras cutâneas foi realizada com uma fita

antropométrica da marca Sanny. Objetivando comparar o acúmulo de gordura nas diferentes regiões
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corporais, seis espessuras de dobras cutâneas foram medidas, de acordo com os procedimentos

descritos por Guedes e Guedes (1991), sendo elas: subescapular, tríceps, bíceps, supra-ilíaca, abdominal

e panturrilha. O percentual de gordura corporal foi predito mediante equação validada por Slaughter et

al. (1988) que envolve as dobras cutâneas tricipital e panturrilha medial.

Controle de qualidade dos dados


Após uma semana das avaliações, foram selecionados 14 jogadores aleatoriamente para a realização

da reavaliação. Seguindo critérios de Perini et al. (2005), o erro técnico de medida (ETM) intra-avaliador

para dobras cutâneas foi menor que 7,5%, e para as demais medidas, menor que 1,5% sendo estes

considerados valores limite e aceitáveis de acordo com a literatura.

Análise estatística
Para a apresentação e análise dos dados, inicialmente aplicou-se o teste de normalidade de

Kolmogorov-Smirnov. Para caracterização da amostra foi adotada estatística descritiva, utilizando

valores de média, desvio padrão e frequências percentuais. Para verificar as diferenças médias do perfil

antropométrico e gordura corporal entre os grupos foram utilizados os testes ANOVA One-Way e Post

Hoc de Bonferroni. A significância foi fixada em 5%. Todos os dados foram tabulados e analisados com

auxílio do programa Excel e do Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 20.0.

A Tabela 01 detalha o perfil antropométrico dos jogadores por categoria e no total, incluindo também

as medidas de todas as seis dobras cutâneas avaliadas e o tempo médio (em meses) que os jogadores

praticam treinamento da modalidade futebol durante toda a vida.


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Tabela 01: Caracterização e comparação do perfil antropométrico, gordura corporal e tempo de

prática dos jogadores por categoria.

Os resultados encontrados para variáveis relacionadas ao crescimento (MC, E e IMC) mostram que

os jogadores da categoria sub 17 diferiram significativamente (p<0,05) dos jogadores sub 13 e sub 15,

apresentando maiores valores. Com relação a espessura das dobras cutâneas foi evidenciada diferença

significativa apenas na DC subescapular, onde jogadores sub 17 apresentaram também maiores valores

(p<0,01). O percentual de gordura corporal estimado não diferiu significativamente entre nenhuma das

três categorias, sinalizando uma média geral de 11,89 ± 4,89%.

Com relação as diferentes especificidades presentes na modalidade futebol, a Tabela 02 apresenta a

caracterização e comparação do perfil antropométrico e gordura corporal dos jogadores por posição de

jogo.
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Tabela 02: Comparação do perfil antropométrico e gordura corporal dos jogadores por posição de

jogo em cada categoria

Os resultados quanto a classificação por posição dentro de cada categoria mostram que em todas

as variáveis comparadas não foi evidenciada diferença significativa entre os jogadores (p>0,05). Na

comparação da amostra como um todo, considerando as variáveis: MC, os goleiros se mostraram mais

pesados que os zagueiros (p=0,02), laterais (p=0,03), meias (p=0,01) e atacantes (p=0,00); e em relação

a E, os goleiros novamente diferiram dos meias (p=0,02) e atacantes (p=0,01). Não foram encontradas

diferenças significativas nas variáveis IMC e gordura corporal entre as posições, entretanto é importante

ressaltar que os goleiros apresentaram o maior IMC (24,61±4,89kg/m2) dentre os avaliados.

A Tabela 03 indica o percentual de jogadores avaliados em cada uma das categorias da gordura

corporal para crianças e adolescentes dos 7 aos 17 anos conforme pontos de corte de Amarante, Sirino e

Minuzzi (2011) adaptado de Deurenberg, Pieters e Hautvast (1990).


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Os resultados indicam que a grande maioria dos jogadores avaliados (89%) foram classificados com

baixos e adequados índices de gordura corporal para sua faixa-etária.

Discussão
Os valores encontrados especificamente na categoria sub 13 para as variáveis MC, E, GC e IMC foram

similares aos do estudo de Canhadas et al. (2010) onde os valores médios obtidos para 282 jogadores

iniciantes dos 10 aos 13 anos foram MC= 35,9 a 46,5kg; E= 1,43 a 1,58m; GC= 13,1 a 13,9%; e IMC= 17,2 a

18,3kg/m2. Se tratando das categorias sub 15 e sub 17 os resultados do presente estudo se aproximaram

dos achados por Gil et al. (2007), em futebolistas de 14 a 17 onde as variáveis se aproximaram dos achados

do grupo “não selecionado”, que se refere a jogadores que não tiveram ascensão na carreira esportiva,

entretanto ainda foram menores do que os verificados para garotos nesta faixa-etária.

Oliveira et al. (2009), verificaram em estudo com futebolistas dos 11 aos 16 anos divididos por idade

cronológica que todos os grupos diferiram significativamente nas variáveis estatura, massa corporal e

massa isenta de gordura (p<0,05), refletindo em parte os achados referentes ao presente estudo, já que

os procedimentos estatísticos mostraram que as categorias sub 13 e sub 15 diferiram entre si (p>0,05)

nas variáveis relativas ao crescimento e amadurecimento biológico. Estes achados sugerem a influência

da fase de puberdade no desenvolvimento destas características, sendo que no sexo masculino, os

indivíduos tendem a atingir o pico máximo de crescimento próximo aos 14 anos de idade (RÉ, 2011).

Todavia, se faz necessária a adoção de procedimentos que avaliem o status maturacional em que os

indivíduos se encontram, para assim buscar relacionar estas alterações morfológicas não somente com

a idade cronológica mas também com o processo de maturação destes.

Moraes, Herdy e Santos (2009) verificaram que a gordura corporal não seguiu um padrão de aumento

ou diminuição com relação a idade, reforçando assim os achados no presente estudo e evidenciando

que esta variável depende também de fatores genéticos, endócrinos, nutricionais, psicológicos e
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principalmente relacionados ao nível de atividade física dos indivíduos (DAMIANI; DAMIANI; OLIVEIRA,

2002). Importante ressaltar ainda que há na literatura uma evidente dificuldade em padronizar valores

para a gordura corporal adequada em atletas, especialmente em futebolistas. Entretanto, não se contesta

que um maior índice de massa corporal ligado à altos percentuais de gordura implica na realização

de maiores cargas de esforço na execução das funções físicas e técnicas de uma partida de futebol,

ocasionando assim a consequente diminuição na performance de um jogador com estas características

(RIBEIRO et al., 2011).

Ao comparar o perfil antropométrico e a gordura corporal entre as posições e corroborando os

achados deste estudo, Ribeiro et al. (2011), encontraram poucas diferenças significativas sendo que

apenas os goleiros se mostraram mais altos (p<0,05) quando comparados com laterais e meio-campistas.

O padrão se fez presente também no estudo de Gerosa-Neto et al. (2014), no qual os goleiros e jogadores

defensivos mostraram-se mais altos e mais pesados que os demais. O autor enfatiza que estas diferenças

podem ser resultantes da recorrente seleção presente desde as categorias de base, onde são escolhidos

jogadores de maior estatura e porte físico em função das características funcionais e motoras específicas

exigidas nestas posições. A característica generalizada do desempenho físico realizado pelos diferentes

integrantes que constituem uma equipe de futebol, em que atacantes frequentemente retornam

para apoiar a defesa e jogadores defensivos participam de situações de contra-ataque faz com que as

especificidades físicas da maioria destes sejam geralmente homogêneas (RIBEIRO et al., 2011).

Com relação aos atacantes avaliados no presente estudo (37,2% da amostra), independente da

categoria, estes estão entre os jogadores que apresentam menores valores para estatura e massa

corporal. Principalmente nas equipes mais jovens, estas características podem refletir a postura de

muitos técnicos em selecionar e organizar os jogadores em função de seu perfil morfológico-funcional,

no entanto, outros fatores como o domínio técnico e inteligência tática também possuem relevância

sobre essas decisões. A velocidade é uma capacidade extremamente valiosa no esporte pois permite

que um jogador de ataque se sobressaia com relação ao defensor em situações ofensivas, e vice-versa.

Apesar desta depender primordialmente do tipo de fibra predominante na massa muscular dos indivíduos

(NSCA, 2015) altos índices de massa corporal podem dificultar a realização de movimentos que exigem

mais agilidade e potência por parte dos jogadores, podendo, dessa forma assim, dificultar a qualidade e

frequência de realização de sprints. Dessa forma, deve-se ressaltar assim a importância da manutenção
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do peso corporal ideal nas diferentes posições de jogo.

Em função da classificação da gordura corporal (Tabela 03), a baixa quantidade de indivíduos com

moderados e excessivos índices de gordura reflete a afirmação frequentemente relatada na literatura de

que a prática de atividade física durante a infância e adolescência diminui as chances do desenvolvimento

da obesidade e também de doenças cardiovasculares no decorrer do processo de envelhecimento, além

de garantir outros benefícios para a saúde dos praticantes (LAZZOLI et al., 1988). Conforme revisão

de Santos et al. (2008) dentre os benefícios da prática regular de atividade física estão o aumento

da sensibilidade à insulina, modificações benéficas nos níveis de HDL e LDL e também a prevenção e

tratamento da hipertensão arterial, dentre outras disfunções. Estes e outros fatores evidenciam a

importância da prática esportiva regular supervisionada principalmente durante essa etapa da vida para

manutenção da saúde corporal.

Para próximos estudos faz-se necessário recrutar uma amostra maior, composta por jogadores de

diferentes equipes da região, buscando assim alcançar um padrão mais confiável das características

antropométricas e composição corporal dos avaliados, principalmente ao realizar a comparação por

categoria de treinamento e posição de jogo. Sugere-se que sejam avaliados também os valores referentes

aos demais componentes corporais, exibindo medidas relativas à massa muscular, residual e óssea,

possibilitando, dessa forma, um acompanhamento mais completo destes indivíduos. As características

morfológicas dos atletas são variáveis que devem necessariamente ser incluídas nos cronogramas de

avaliação da equipe e monitoradas no decorrer dos treinamentos pois o conhecimento destas, permite

que o técnico e os demais profissionais envolvidos no esporte acompanhem o processo de crescimento e

maturação dos jogadores, bem como, o desempenho físico e sua saúde nutricional, garantindo assim uma

intervenção específica, individualizada e de mais qualidade desde as categorias de base até o profissional.

Conclusão
Considerando os resultados do estudo, a avaliação do perfil antropométrico e da composição corporal

indicou valores similares aos encontrados na literatura com jovens futebolistas. Grande parte da amostra

apresentou um acúmulo de gordura corporal excessivamente baixo à adequado, enquanto apenas uma

pequena parcela apresentou um percentual de gordura corporal acima do normal para indivíduos da
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faixa-etária. As alterações nas variáveis relacionadas ao crescimento verificadas na categoria sub 17

quando comparadas as demais, sugere que estes atletas provavelmente já atingiram o período de estirão
de crescimento, entretanto devem ser realizadas análises mais específicas que envolvam a avaliação do

status de maturação biológica, fator que vem sendo frequentemente adotado em pesquisas da área.

Por outro lado, a homogeneidade verificada com relação aos níveis de gordura corporal estimados para

as três categorias e também para as diferentes posições de jogo releva a manutenção destes índices

nos praticantes da modalidade em função dos similares níveis de esforço exigidos entre as diferentes

categorias e posições.

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