MEGE - TJMA (Prova Comentada) Atualizada em 23.07.22

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OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova objetiva do TJMA foi realizada em 17/07/2022, após um período de


muitas emoções com problemas apresentados no deferimento de inscrições, quem se
salvou, compareceu e encarou uma prova de dificuldade maior que as últimas edições
de concursos de magistratura. Além das 12 disciplinas convencionais, enfrentamos no
TJMA o plus de Direito Judiciário e Humanística (com sua estreia em provas objetivas).
Assim que tivemos acesso ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova
comentada do Mege. É incrível viver esses momentos de ansiedade juntos e,
novamente, entregamos em mãos tudo que apuramos ainda dentro do prazo recursal.
A nossa intenção neste material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise da
elaboração de seus recursos, além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão de
temas cobrados no certame.
Trata-se de versão preliminar elaborada com as finalidades informadas e
concluída por nosso time específico para 1ª fase de magistratura estadual, sem maiores
pretensões de aprofundamento e trabalho editorial neste momento de puro apoio.
Não há também o viés de verificação rigorosa de temas antecipados em
nossas atuações, diante do curto tempo para entrega desse apoio em prazo recursal.
No entanto, nossa felicidade foi imensa ao constatarmos o quanto nosso apoio foi
efetivo em reta final e o quanto nossos alunos do clube da magistratura estão bem
direcionados independentemente do nível da prova a ser aplicada.
2
O corte, neste momento, segue estimado em 66/67 pontos para ampla
concorrência (sem as anulações). Em cotas, a nota de certa necessária é de 60 pontos.
Os nossos professores entendem que 5 questões, em especial, estão envolvidas em
maiores polêmicas a ser apreciada (28, 29, 35, 57 e 95)1 e, portanto, podem ter suas
situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto uma nova nota de corte.
Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um
aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a
cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um)
ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço
no certame. Guardem esta informação!
Aos alunos da turma de reta final TJMA 2022, pedimos que não deixem de reler
os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será
importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que
prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final foi revertido em pontos
decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo
em menor prazo. Os feedbacks recebidos pós-prova comprovam que novamente
teremos uma invasão megeana, com muitos alunos em sua primeira oportunidade em
2ª fase.

1
Outras questões podem apresentar polêmicas não comentadas neste arquivo, diante do curto tempo
para apresentação, e incidirem em recursos e anulações.
GRUPO DE WHATSAPP
Nós criamos um grupo de whatsapp para reunir candidatos para debates sobre
a 2ª fase de imediato (quem tiver interesse em saber mais, basta entrar em contato com
nosso setor administrativo para ser adicionado).
Eis aqui o nosso extrato de conferência de pontuação com os devidos
apontamentos! O respeito ao concurseiro demanda transparência de informações - um
de nossos valores em cada atuação.
Clique no botão abaixo caso tenha interesse em debater assuntos sobre a 2ª
fase TJMA 2022:
GRUPO PARA 2ª FASE TJMA
https://chat.whatsapp.com/FeVbWlurJZE7bLySB2MZXu

PARA ONDE DEVO IR?

3
Em nossa análise sobre caminhos pós-prova TJMA, entendemos que esse
direcionamento esquematizado pode orientar da melhor forma. Sobre a nota de corte
de ampla concorrência (estimada entre 66/67), diante das polêmicas apontadas como
possíveis anulações, estimamos que até 63 pontos seria possível imaginar uma chance
de 2ª fase. Em cotas, 55 seria esse limite indicado, uma vez que as anulações não mudam
a subida do corte, que seguirá em 60 pontos.
Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso,
entrar imediatamente no Clube da Magistratura (que iniciou há 1 semana sua turma
2022.2) ou que foque nas retas finais de TJSC e TJPE.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TJMA NÃO SE DESESPERE!


O Clube da Magistratura 2022 é uma solução incrível que irá acompanhá-lo
durante toda sua preparação para carreira (com estudo otimizado da lei seca, materiais
de doutrina resumida, simulados específicos para carreira, videoaulas e muito mais).
Além do apoio de nossa equipe, com a experiência de já ter comemorado a aprovação
de mais de 1.400 alunos em 23 TJ`s diversos, por tempo ininterrupto em estudo
constante e atento a todo cenário dos concursos de magistratura e suas novidades
abordadas em cada prova e edital.
O clube conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do
concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma
personalizada e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado. Vale a pena 4
conferir! Além disso, já temos TJSC (em Agosto) e TJPE com datas marcadas e estudo em
reta final.
CLUBE DA MAGISTRATURA 2022
https://clube.mege.com.br/assine-clube-da-magistratura/

A SEGUNDA FASE É LOGO ALI!


Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª
fase TJMA (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas
personalizadas) focada em uma preparação completa para este desafio. O estudo de
humanística, o conhecimento básico em sentenças, a experiência de redigir e ter
correções de provas manuscritas, tudo devidamente alinhado ao seu desafio no melhor
nível.
As inscrições já estão abertas em nosso site e você ainda poderá utilizar o
cupom de desconto TJMA10 para garantir sua vaga 10% no carrinho de compra!
Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem em nossa área de cursos:
TURMA 1 (com correções)
https://loja.mege.com.br/proposta/tjma2fasecorrecoes
TURMA 2 (com correções)
https://loja.mege.com.br/proposta/tjma2faseespelhos

Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do TJMA.
Uma tradicional e obrigatória revisão para todo concurseiro de magistratura.
Bons estudos.

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SUMÁRIO

BLOCO I ................................................................................................................. 7
DIREITO CIVIL ........................................................................................................................... 7
DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................... 16
DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................................................................... 29
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................................................. 40
DIREITO JUDICIÁRIO ............................................................................................................... 48
BLOCO II .............................................................................................................. 58
DIREITO PENAL ....................................................................................................................... 58
DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................. 66
DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................................... 74
DIREITO ELEITORAL ................................................................................................................ 83
BLOCO III ............................................................................................................. 99
DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................... 99
DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................ 103
DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................ 107 6
DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................... 112
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA ................................................. 119
BLOCO I
DIREITO CIVIL

1. O procedimento lógico de constatação por meio do qual se chega a um juízo de valor,


por comparação das semelhanças entre diferentes casos concretos, é chamado de:
(A) A interpretação sistemática.
(B) analogia.
(C) semântica.
(D) interpretação lógica.
(E) interpretação sociológica.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
Pela interpretação sistemática, busca-se a unidade e a harmonia do sistema jurídico. Ela
é aquela que analisa a norma levando em consideração o sistema em que ela está
inserida. A interpretação sistemática parte do pressuposto “de que a lei não existe
isoladamente, devendo ser alcançado o seu sentido em consonância com a demais
7
normas que inspiram aquele ramo do Direito” (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, volume 1. São Paulo:
Atlas, 2020).
(B) CORRETA.
A analogia parte da ideia de que fatos de igual natureza devem ser julgados de maneira
similar. Sua aplicação requer a falta de previsão legal, a semelhança entre os casos
(sendo um disciplinado e outro não contemplado na lei) e a identidade jurídica das
situações. A analogia classifica-se, ainda, em legis ou legal (aplicação de uma norma) e
iuris ou jurídica (aplicação de um conjunto de normas e princípios).
(C) INCORRETA.
O caráter semântico das normas jurídicas diz respeito às relações entre as normas
(signos) e as condutas intersubjetivas ou relações (objetos).
(D) INCORRETA.
Aqui o intérprete irá estudar a norma através de raciocínios lógicos. Cristiano Chaves
afirma que a interpretação lógica é aquela em que “se desenvolve um raciocínio lógico,
transcendendo a letra fria da lei, com o fito de fixar o alcance e extensão da lei a partir
das motivações políticas, históricas e ideológicas”.
(E) INCORRETA.
Na interpretação teleológica ou sociológica busca-se a finalidade social da norma. Está
prevista no art. 5º da LINDB: Art. 5º, LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

2. De acordo com o Código Civil, a entrega de bens móveis ao consignatário, que fica
autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, caracteriza o
(A) contrato de representação.
(B) contrato estimatório.
(C) agenciamento.
(D) acordo de comissionamento.
(E) pacto de corretagem.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 5 na turma de Reta Final do MEGE 2022.
(Página 146)

(A) INCORRETA.
8
CC: Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus
poderes, produz efeitos em relação ao representado.
(B) CORRETA.
CC: Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo
se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
(C) INCORRETA.
CC: Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e
sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante
retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a
distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o
represente na conclusão dos contratos.
(D) INCORRETA.
CC: Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens
pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente.
(E) INCORRETA.
CC: Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude
de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-
se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.

3. O locatário de imóvel urbano residencial preterido no seu direito de preferência à


compra do imóvel terá direito a
(A) receber valor equivalente a 12 meses de aluguel.
(B) reclamar lucros cessantes.
(C) pedir indenização por perdas e danos.
(D) anular o contrato de compra e venda.
(E) permanecer no imóvel locado.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado no circuito legislativo da semana 46 do Clube da


Magistratura do MEGE 2021.2. e no ponto 6 de Direito Civil do Clube da Magistratura
do MEGE 2022.1.

(A) INCORRETA. 9
Vide comentários item “C”.
(B) INCORRETA.
Vide comentários item “C”.
(C) CORRETA.
Lei n. 8.245/91: Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência poderá
reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do
ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses,
a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação
esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel.
Parágrafo único. A averbação far - se - á à vista de qualquer das vias do contrato de
locação desde que subscrito também por duas testemunhas.
(D) INCORRETA.
Vide comentários item “C”.
(E) INCORRETA.
Vide comentários item “C”.
4. Assinale a opção em que é apresentado o número de anos a que corresponde o prazo
prescricional aplicado aos casos em que a ofensa ao direito autoral se assemelhe a um
descumprimento contratual.
(A) 2
(B) 3
(C) 4
(D) 5
(E) 10

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(B) INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(C) INCORRETA.
Vide comentários item “E”. 10
(D) INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(E) CORRETA.
RECURSO ESPECIAL Nº 1947652 - GO
EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO
NCPC. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS E MORAIS E OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIREITO AUTORAL.
DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. PRAZO PRESCRICIONAL INCIDENTE SOBRE A
PRETENSÃO DECORRENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL.
INAPLICABILIDADE DO ART. 206, § 3º, V, DO CC/2002. SUBSUNÇÃO A REGRA GERAL DO
ART. 205, DO CC/2002. PRAZO DECENAL. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Aplicabilidade do NCPC neste julgamento conforme o Enunciado Administrativo nº 3
aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de
2016 serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.
2. Cinge-se a controvérsia em dirimir a incidência do prazo decadencial ou prescricional
às pretensões deduzidas em juízo, que digam respeito ao direito de reivindicar a autoria
de obra musical e as pretensões indenizatórias e compensatórias decorrentes da relação
contratual entabulada pelas partes.
3. O direito da personalidade é inato, absoluto, imprescritível, está amparado na
Declaração Universal dos Diretos Humanos, na Constituição pátria e na Lei nº 9.610/98
(art. 27). Por serem os direitos morais do autor inerentes aos direitos da personalidade,
não se exaurem pelo não uso ou pelo decurso do tempo, sendo autorizado ao autor, a
qualquer tempo, pretender a execução específica das obrigações de fazer ou não fazer
decorrentes dos direitos elencados no art. 24, da Lei nº 9.610/98.
4. A legislação especial que rege a matéria, portanto, afasta o decurso do prazo
decadencial quanto a pretensão de reivindicar a autoria da obra musical, razão por que
não incidem as regras gerais do Código Civil na hipótese em exame (art. 178, II, do
CC/2002).
5. A retribuição pecuniária por ofensa aos direitos patrimoniais do autor se submete
ao prazo decenal, inseridos no contexto da relação contratual existente entre as
partes.
6. Recurso especial não provido.

5. Caso terceiro assuma a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do


credor, ficando exonerado o devedor primitivo, dá-se a
(A) sub-rogação subjetiva.
(B) cessão de crédito.
11
(C) novação subjetiva.
(D) assunção de dívida.
(E) remissão da dívida.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 2 na turma de Reta Final do MEGE 2022.
(Página 96)

(A) INCORRETA.
A sub-rogação é conceituada pela melhor doutrina contemporânea como a substituição
de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos, caso em que se tem a sub-
rogação real, ou a substituição de uma pessoa por outra, que terá os mesmos direitos e
ações daquela, hipótese em que se configura a sub-rogação pessoal de que trata o
Código Civil no capítulo referente ao pagamento com sub-rogação.
A sub-rogação é uma figura jurídica anômala, pois o pagamento promove apenas uma
alteração subjetiva da obrigação, mudando o credor. A extinção obrigacional ocorre
somente em relação ao credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver
recebido do terceiro interessado.
(B) INCORRETA.
A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou
sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação,
transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional.
Conforme o art. 286 do CC/2002: “Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso
não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do
instrumento da obrigação”.
Não há, na cessão, a extinção do vínculo obrigacional, razão pela qual ela deve ser
diferenciada em relação às formas especiais e de pagamento indireto (sub-rogação e
novação).
(C) INCORRETA.
Novação subjetiva ou pessoal – é aquela em que ocorre a substituição dos sujeitos da
relação jurídica obrigacional, criando-se uma nova obrigação, com um novo vínculo
entre as partes.
CC: Art. 360. Dá-se a novação: II – quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este
quite com o credor.
(D) CORRETA.
A cessão de débito ou assunção de dívida é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o 12
devedor, com a anuência do credor e de forma expressa ou tácita, transfere a um
terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional. Seu conceito pode ser
retirado também do art. 299 do CC/2002, pelo qual é facultado a terceiro assumir a
obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o
devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o
ignorava.
(E) INCORRETA.
A remissão é o perdão de uma dívida, constituindo um direito exclusivo do credor de
exonerar o devedor, estando tratada entre os arts. 385 a 388 do CC. Não se confunde
com remição, escrita com ç, que, para o Direito Civil, significa resgate.
CC: Art. 385 do CC/2002: “Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue
a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

6. Os direitos da personalidade, em regra, são:


I intransmissíveis.
II irrenunciáveis.
III extrapatrimoniais.
IV absolutos.
V absolutamente indisponíveis.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens II e V estão certos.
(B) Apenas os itens I, III e V estão certos.
(C) Apenas os itens II, III e IV estão certos.
(D) Apenas os itens I, II, III e IV estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado no ponto 2 de Direito Civil do Clube da


Magistratura do MEGE 2022.1. (Página 25)

ITEM I: Correto.
CC: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
ITEM II: Correto.
Vide comentários item “I”.
13
ITEM III: Correto.
Os direitos de personalidade são direitos extrapatrimoniais, pois seu objeto não possui
valor econômico, não são mensuráveis, não podem ser objeto de penhora,
comercialização e não possui valor monetário.
ITEM IV: Correto.
São absolutos, isto é, são oponíveis contra todos (erga omnes), impondo à coletividade
o dever de respeitá-los.
ITEM V: Incorreto.
Pode haver a disponibilidade dos direitos da personalidade, desde que haja previsão
legal, nos termos do art. 11 do CC/2022.
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA.
(E) INCORRETA.

7. É nulo o casamento contraído


(A) entre indivíduos menores de idade.
(B) em razão de vício de vontade.
(C) por infringência de impedimento.
(D) por incapacidade de manifestação inequívoca de
consentimento.
(E) por incompetência da autoridade celebrante.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 5 da turma de reta final.

(A) INCORRETA.
CC: Art. 1.550. É anulável o casamento:
II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal.
(B) INCORRETA.
CC: Art. 1.550. É anulável o casamento:
III – por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558.
14
(C) CORRETA.
CC: Art.1.548. É nulo o casamento contraído:
II – por infringência de impedimento.
(D) INCORRETA.
CC: Art. 1.550, inc. IV, do CC/2002: “Art. 1.550. É anulável o casamento:
IV – do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento.
(E) INCORRETA.
CC: Art. 1.550, inc. VI: Art. 1.550. É anulável o casamento:
VI – por incompetência da autoridade celebrante.

8. De acordo com entendimento do Superior Tribunal de Justiça, para que a hipoteca


seja oponível erga omnes, ela deverá ser
(A) constituída por meio de contrato.
(B) imposta pela lei.
(C) assinada por duas testemunhas.
(D) declarada em sentença judicial.
(E) inscrita no cartório de registro de imóveis.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado no ponto 11 de Direito Civil do Clube da Magistratura


do MEGE 2021.2

A). INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(B) INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(C) INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(D) INCORRETA.
Vide comentários item “E”.
(E) CORRETA.
CIVIL. DIREITO REAL DE GARANTIA. HIPOTECA. VALIDADE. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO 15
DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NÃO OCORRÊNCIA. BEM DE FAMÍLIA. EXCEÇÃO À REGRA DA
IMPENHORABILIDADE. HIPÓTESE CONFIGURADA.
1. Nos termos do art. 3º, V, da Lei n. 8.009/90, ao imóvel dado em garantia hipotecária
não se aplica a impenhorabilidade do bem de família na hipótese de dívida constituída
em favor da entidade familiar.
2. A hipoteca se constitui por meio de contrato (convencional), pela lei (legal) ou por
sentença (judicial) e desde então vale entre as partes como crédito pessoal. Sua
inscrição no cartório de registro de imóveis atribui a tal garantia a eficácia de direito real
oponível erga omnes.
3. A ausência de registro da hipoteca não afasta a exceção à regra de impenhorabilidade
prevista no art. 3º, V, da Lei n. 8.009/90;
portanto, não gera a nulidade da penhora incidente sobre o bem de família ofertado
pelos proprietários como garantia de contrato de compra e venda por eles descumprido.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1455554/RN, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 14/06/2016, DJe 16/06/2016)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

9. Assinale a opção correta em relação à ação civil pública.


(A) Persiste o entendimento de que, como regra geral, a sentença civil fará coisa julgada
erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator.
(B) Na hipótese de ação civil pública com efeitos nacionais, a competência para
processamento e julgamento deve ser do foro da capital do estado ou do Distrito
Federal, resolvendo-se eventual conflito de competência pela prevenção do juízo que
primeiro conheceu a demanda.
(C) O Supremo Tribunal Federal, em face de a Constituição Federal de 1988 não ter
ampliado a proteção dos interesses difusos e coletivos, estabeleceu a ação civil pública
como o instrumento de efetivação desses interesses.
(D) De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, por inexistir
litispendência, a propositura de ação civil pública não impede o ajuizamento de ação
individual que tenha o mesmo objeto e a mesma causa de pedir e, da mesma forma, não
interrompe o prazo prescricional para a propositura da demanda individual.
(E) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, diante de multiplicidade de
ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, após fixada a competência, firma-
se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de
todas as demandas conexas. 16
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O entendimento firmado do STF foi abordado dentro da rodada 07 na Turma TJMA, pag.
62.

(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta por contrariar o entendimento firmado pelo STF, em
sede de repercussão geral, que julgou inconstitucional o disposto no art. 16 da Lei nº
7.347/85. Neste sentido:
I - É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97.
II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência
deve observar o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC).
III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a
prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as
demandas conexas.
STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/4/2021
(Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).
(B) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta por dispor que apenas a prevenção do juízo seria o
critério utilizado para fins de resolução de um eventual conflito de competência, tendo
em vista que a ACP pode tratar sobre matéria relacionada a justiças especializadas, ou a
justiça federal, que é ressalvada no caput do art. 93 do CDC, que define a competência
para julgamento da ação civil pública juntamente com o art. 2º da Lei nº 7.347/85.
Portanto, não somente por meio da prevenção é solucionado o conflito de competência
em face do julgamento de uma ACP.
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a
justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito
nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de
competência concorrente.
(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que a CF/1988 ampliou a proteção dos
direitos difusos e coletivos dispondo expressamente sobre o tema em seu Título II,
Capítulo I. Além de ter trazido o remédio constitucional do mandado de segurança
coletivo em seu art. 5º, inciso LXX, CF/98.
(D) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois, embora o art. 104 do CDC disponha que não 17
há litispendência entre as ações individuais e as ações coletivas, o entendimento do STJ,
firmado em sede de recurso repetitivo (Tema 923), é de que ações individuais deverão
ficar suspensas até o trânsito em julgado de ações coletivas.
Até o trânsito em julgado das ações civis públicas n. 5004891-93.2011.4004.7000 e n.
2001.70.00.019188-2, em tramitação na Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual de
Curitiba, atinentes à macrolide geradora de processos multitudinários em razão de
suposta exposição à contaminação ambiental, decorrente da exploração de jazida de
chumbo no Município de Adrianópolis-PR, deverão ficar suspensas as ações individuais.
(STJ. 2ª Seção. REsp 1110549/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 28/10/2009,
(Recurso Repetitivo – Tema 923)).
Portanto, em face deste entendimento, para que não haja prejuízo ao autor individual
o STJ fixou, também em sede de repercussão geral (Tema 1.005), que a existência de
ação coletiva, embora não impeça o ajuizamento da ação individual, por não
induzir litispendência, interrompe o prazo prescricional para a propositura da
demanda individual.
Na ação de conhecimento individual, proposta com o objetivo de adequar a renda
mensal do benefício previdenciário aos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais
20/98 e 41/2003 e cujo pedido coincide com aquele anteriormente formulado em ação
civil pública, a interrupção da prescrição quinquenal, para recebimento das parcelas
vencidas, ocorre na data de ajuizamento da lide individual, salvo se requerida a sua
suspensão, na forma do art. 104 da Lei 8.078/90. (STJ. 1ª Seção. REsp 1761874/SC, Rel.
Min. Sidnei Beneti, julgado em 23/06/2021, (Recurso Repetitivo – Tema 1.005)).
(E) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta, visto que corresponde ao entendimento firmado pelo
STF, em sede de repercussão geral.
Neste sentido:
Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a
prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas
as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).

10. No que concerne à competência cível, assinale a opção correta.


(A) Ação ordinária que vise impugnar ato do Conselho Nacional de Justiça praticado no
exercício do seu poder normativo deve ser processada e julgada pela justiça federal de
1.ª instância.
(B) Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, compete ao tribunal
regional federal o julgamento de recurso de embargos de declaração interpostos pela
União em face de acórdão proferido por tribunal de justiça, desde que o ente público
figure no feito na condição de assistente simples.
(C) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, ainda que estejam presentes
interesses de órgão federal, a competência para processamento e julgamento de ação 18
rescisória proposta pela União em face de sentença proferida por juiz estadual é do
respectivo tribunal de justiça.
(D) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, compete à justiça federal o
julgamento de demandas acerca de insolvência civil, desde que envolva a participação
da União, de entidade autárquica ou empresa pública federal.
(E) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, compete à justiça comum julgar as
ações em que se discute a contribuição sindical referente a servidor público estatutário
ou empregado celetista.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O julgado do STJ - Corte Especial. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado
em 30/03/2022 (Info 731) - foi abordado dentro do material de julgados selecionados
do STJ 2022 dentro da Turma TJMA, pag. 35.
O julgado (Repercussão Geral – Tema 859, Info 1011) foi abordado dentro do material
de julgados selecionados do STF 2020 e 2021 dentro da Turma TJMA, pag. 46.

(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta por contrariar a jurisprudência consolidada do STF.
Neste sentido:
Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF
processar e julgar, originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do
Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercício de suas competências constitucionais,
respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88. STF. Plenário.
Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). STF.
Plenário. Rcl 33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020
(Info 1000).
(B) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta, visto que corresponde ao entendimento firmado pela
Corte especial do STJ: Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de
assistente simples, a competência afigura-se da Justiça Federal, conforme prevê o art.
109, I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao Tribunal Regional
Federal o julgamento de embargos de declaração opostos contra acórdão proferido
pela Justiça Estadual. STJ. Corte Especial. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco
Falcão, julgado em 30/03/2022 (Info 731).
(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que contraria o entendimento fixado pelo
STF, em sede de repercussão geral: Compete ao Tribunal Regional Federal processar
ação rescisória proposta pela União com o objetivo de desconstituir sentença
transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão
federal. STF. Plenário. RE 598650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 775) (Info
19
1033).
(D) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois contraria o entendimento fixado pelo STF, em
sede de repercussão geral: A insolvência civil está entre as exceções da parte final do
artigo 109, I, da Constituição da República, para fins de definição da competência da
Justiça Federal. STF. Plenário. RE 678162/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do
acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 26/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 859) (Info
1011).
(E) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que contraria o entendimento
firmado pelo STJ que entendeu pela aplicação da súmula 222 da Corte Superior apenas
para os servidores públicos estatutários, não se aplicando aos celetistas. Neste sentido:
A Súmula 222 do STJ deve abarcar apenas situações em que a contribuição sindical diz
respeito a servidores públicos estatutários, mantendo-se a competência para processar
e julgar as ações relativas à contribuição sindical referentes a celetistas (servidores
públicos ou não) na Justiça do Trabalho. STJ. 1ª Seção. CC 147.784/PR, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 24/03/2021 (Infor. 690).

11. Assinale a opção correta a respeito da tutela provisória.


(A) Na hipótese de efetivação parcial da tutela cautelar antecedente, o pedido principal
deve ser formulado pelo autor dentro do prazo de 30 dias, sob pena de perda da eficácia
da medida.
(B) É desnecessário pronunciamento judicial expresso sobre a obrigação de indenizar o
dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada, por ser
consequência natural da improcedência do pedido.
(C) A concessão de tutela de evidência independe da comprovação da urgência (perigo
de dano ou risco ao resultado útil do processo), sendo admitida quando as alegações de
fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. Contudo, nessa hipótese, o
juiz não poderá decidir liminarmente sem ouvir a parte contrária.
(D) O Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que é válida a edição de lei ou
de ato normativo que vede a concessão de medida liminar pela via do mandado de
segurança.
(E) Pode-se afirmar que, do ponto de vista da extensão, a cognição da tutela provisória
seria superficial e, do ponto de vista da profundidade, essa cognição seria plena.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
20
A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que segundo o entendimento do STJ o a
contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do CPC/2015 para formulação
do pedido principal se inicia na data em que for totalmente efetivada a tutela cautelar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.457-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 9/11/2021 (Info
718).
(B) CORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que corresponde ao entendimento
jurisprudencial do STJ.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL
LOCALIZADO EM SHOPPING CENTER. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CONCEDIDA. SENTENÇA
DE IMPROCEDÊNCIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELOS DANOS CAUSADOS PELA
EXECUÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. ARTS. 273, § 3º, ART. 475-O, INCISOS I E II, E ART.
811, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INDAGAÇÃO ACERCA DA MÁ-FÉ DO AUTOR OU DA
COMPLEXIDADE DA CAUSA. IRRELEVÂNCIA. RESPONSABILIDADE QUE INDEPENDE DE
PEDIDO, AÇÃO AUTÔNOMA OU RECONVENÇÃO.
2.1. Os danos causados a partir da execução de tutela antecipada (assim também a
tutela cautelar e a execução provisória) são disciplinados pelo sistema processual
vigente à revelia da indagação acerca da culpa da parte, ou se esta agiu de má-fé ou não.
Basta a existência do dano decorrente da pretensão deduzida em juízo para que sejam
aplicados os arts. 273, § 3º, 475-O, incisos I e II, e 811 do CPC. Cuida-se de
responsabilidade objetiva, conforme apregoa, de forma remansosa, doutrina e
jurisprudência.
2.2. A obrigação de indenizar o dano causado ao adversário, pela execução de tutela
antecipada posteriormente revogada, é consequência natural da improcedência do
pedido, decorrência ex lege da sentença e da inexistência do direito anteriormente
acautelado, responsabilidade que independe de reconhecimento judicial prévio, ou de
pedido do lesado na própria ação ou em ação autônoma ou, ainda, de reconvenção,
bastando a liquidação dos danos nos próprios autos, conforme comando legal previsto
nos arts. 475-O, inciso II, c/c art. 273, § 3º, do CPC. Precedentes. (REsp n. 1.191.262/DF,
relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 25/9/2012, DJe de
16/10/2012.)
(C) INCORRETA.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração
de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: Parágrafo único.
Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
(D) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, visto que contraria o entendimento do STF fixado
no julgamento da ADI nº 4296/DF, que dispôs que é inconstitucional ato normativo que
vede ou condicione a concessão de medida liminar na via mandamental. É
inconstitucional o art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009. STF. Plenário ADI 4296/DF, Rel.
Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021
(Info 1021).
(E) INCORRETA. 21
A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que do ponto de vista da extensão a
cognição da tutela provisória não necessariamente será superficial, pois pode tratar,
inclusive, de todo o objeto da demanda, como ocorre na tutela antecipada, contudo, em
face da profundidade, a tutela provisória nunca possuirá cognição plena, visto que está
só irá ocorrer no julgamento da demanda, sendo a cognição na tutela provisória com
relação à profundidade sempre superficial.

12. No que diz respeito ao mandado de segurança, assinale a opção correta.


(A) O mérito de mandado de segurança não deverá ser apreciado por ocasião de
superveniente trânsito em julgado da decisão questionada pelo mandamus, visto que
tal impetração não é cabível diante de decisão judicial transitada em julgado.
(B) Admite-se a interposição de recurso ordinário em face de acórdão proferido em sede
de apelação de julgamento de mandado de segurança impetrado originariamente em
1.ª instância.
(C) Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública
detém legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo.
(D) Eventual concessão de liminar em sede de mandado de segurança não pode ser
impugnada por meio de pedido de suspensão de segurança feito por partido político,
visto que este não possui legitimidade para postular o referido pedido.
(E) Há entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça no
qual se admite a intervenção de terceiros em sede de mandado de segurança.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que é incabível mandado de
segurança contra decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III, da Lei nº
12.016/2009 e Súmula nº 268-STF). No entanto, se a impetração do mandado de
segurança for anterior ao trânsito em julgado da decisão questionada, mesmo que
venha a acontecer, posteriormente, o mérito do MS deverá ser julgado, não podendo
ser invocado o seu não cabimento ou a perda de objeto. STJ. Corte Especial. EDcl no
MS 22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650).
(B) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois o Recurso Ordinário somente será cabível em
face de decisão denegatória, nos termos do art. 105, inciso II, alínea b, da CF/98.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário:
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
22
denegatória a decisão;
(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista o entendimento do STJ: A Defensoria
Pública não detém legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo, não se
enquadrando no rol taxativo dos artigos 5°, LXX, da CF e 21 da Lei 12.016/2009. STJ. 1ª
Turma. RMS 51.949/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/11/2021.
(D) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta por retratar o entendimento do STF sobre o tema:
“Partido político não possui legitimidade para postular pedido de suspensão de
segurança, já que se trata de pessoa jurídica de direito privado, com base na vedação
legal disposta no art. 15 da Lei 12.016/2009”. STF. Tribunal Pleno, SL 1424 AgRg, Min.
Luiz Fux (Presidente), julgado em 15/09/2021.
(E) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ e do STF
é de que não é cabível intervenção de terceiros em mandado de segurança. Neste
sentido: O rito procedimental do mandado de segurança é INCOMPATÍVEL com a
intervenção de terceiros, conforme se extrai do art. 24 da Lei nº 12.016/09, ainda que
na modalidade de assistência litisconsorcial. STJ. 1ª Seção. AgInt na PET no MS
23.310/DF, Rel. Min. Aussete Magalhães, julgado em 28/04/2020. STF. 2ª Turma. RExt-
AgR-ED 1.046.278/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 06/11/2020.
13. Acerca da sistemática das ações rescisórias no direito processual civil, assinale a
opção correta.
(A) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o advogado é parte ilegítima para
figurar no polo passivo da ação rescisória, ainda que tenham sido arbitrados honorários
sucumbenciais a seu favor na ação rescindenda.
(B) Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, há uma causa petendi
aberta durante o juízo rescindente, pois o tribunal não se vincula aos dispositivos de lei
apontados pelo autor como literalmente violados.
(C) O Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que é cabível ação rescisória
contra decisão do presidente do tribunal proferida em suspensão de liminar e de
sentença, desde que transitada em julgado.
(D) Admite-se a propositura de ação rescisória se a decisão impugnada contrariar
manifestamente norma jurídica. Contudo, não se entende como tal a decisão que tenha
sido embasada em acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos sem que se
tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o
padrão decisório que lhe deu fundamento.
(E) Segundo o Código de Processo Civil, a decisão de mérito transitada em julgado pode
ser rescindida quando obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe
assegurar pronunciamento favorável. Conforme entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, essa previsão se refere à prova documental e pericial, excluída, portanto, a 23
testemunhal.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O julgado foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2020 e 2021
dentro da Turma TJMA, pag. 16.

(A) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta por retratar a jurisprudência consolidada do STJ: “O
advogado em favor de quem foram arbitrados honorários sucumbenciais na ação
rescindenda é parte ILEGÍTIMA para figurar no polo passivo da ação rescisória”. STJ. 4ª
Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1759374/RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado
em 29/10/2019; STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1845303/RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 29/06/2020; STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1717140/RS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 18/03/2019.
(B) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois, segundo o entendimento do STJ, o tribunal
está vinculado a reexaminar apenas o que foi alegado no pedido rescisório, não podendo
analisar toda a decisão rescindenda, ainda que se trate de matéria de ordem pública.
Portanto, a causa de pedir não é aberta na ação rescisória. Neste sentido: “Na ação
rescisória fundada em literal violação de lei, não cabe o reexame de toda a decisão
rescindenda, para verificar se nela haveria outras violações à lei não alegadas pelo
demandante, mesmo que se trate de questão de ordem pública”. STJ. 3ª Turma. REsp
1.663.326-RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta por contrariar o entendimento jurisprudencial do
STJ. Neste sentido: “Não é cabível ação rescisória contra decisão do Presidente do STJ
proferida em Suspensão de Liminar e de Sentença, mesmo que transitada em julgado”.
STJ. Corte Especial. AR 5857-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
07/08/2019 (Info 654).
(D) INCORRETA.
Art. 966 CPC/2015 - A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida
quando: V - violar manifestamente norma jurídica;
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra
decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de
casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão
discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. (Incluído
pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
(E) INCORRETA.
24
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que
no novo ordenamento jurídico processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a
testemunhal, é apta a amparar o pedido de desconstituição do julgado rescindendo na
ação rescisória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.770.123-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 26/03/2019 (Info 645).

14. Assinale a opção correta em relação ao pronunciamento judicial.


(A) Eventual informação equivocada prestada por sistema eletrônico de tribunal não
pode ser utilizada como parâmetro para aferição da tempestividade do recurso.
(B) As decisões interlocutórias acerca da instrução probatória não são impugnáveis por
agravo de instrumento ou pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação
diferida pela via da apelação.
(C) A prolação de sentença objeto de recurso de apelação acarreta a perda
superveniente do objeto de agravo de instrumento pendente de julgamento, ainda que
este verse sobre consumação da prescrição ou inversão do ônus da prova.
(D) Não se revela cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões que
versem sobre o mero requerimento de expedição de ofício para apresentação ou
juntada de documentos ou coisas, dada a taxatividade mitigada das decisões
impugnáveis mediante agravo.
(E) Impede-se a fixação de honorários recursais em relação aos pedidos autônomos dos
demais litisconsortes, nos casos em que haja cumulação simples subjetiva de pedidos e
o provimento do recurso atinja apenas o pedido de um dos litisconsortes facultativos.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O julgado foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2020 e 2021
dentro da Turma TJMA, pag. 93.

(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que
“O erro do sistema eletrônico do Tribunal de origem na indicação do término do prazo
recursal é apto a configurar justa causa para afastar a intempestividade do recurso”.
STJ. Corte Especial.EAREsp 1.759.860-PI, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/03/2022
(Info 730).
(B) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta por corresponder ao entendimento do STJ de que “as
decisões interlocutórias sobre a instrução probatória não são impugnáveis por agravo
de instrumento ou pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela
via da apelação”. STJ. 2ª Turma. RMS 65943-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 25
julgado em 26/10/2021).
(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que
“a prolação de sentença objeto de recurso de apelação não acarreta a perda
superveniente do objeto de agravo de instrumento pendente de julgamento que versa
sobre a consumação da prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.921.166-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 713).
(D) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que
“é cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões que versem sobre
o mero requerimento de expedição de ofício para apresentação ou juntada de
documentos ou coisas, independentemente da menção expressa ao termo “exibição”
ou aos arts. 396 a 404 do CPC/2015”. STJ. 1ª Turma. REsp 1853458-SP, Rel. Min. Regina
Helena Costa, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
(E) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que o entendimento do STJ é de que “na
cumulação simples subjetiva de pedidos, o provimento do recurso que apenas atinge
o pedido de um dos litisconsortes facultativos não impede a fixação
de honorários recursais em relação aos pedidos autônomos do demais litisconsortes,
que se mantiveram intactos após o julgamento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.472-RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 714).
_______________________________________________________________________
15. Assinale a opção correta no tocante à liquidação e ao cumprimento de sentença.
(A) Por serem considerados verba de natureza alimentar, os créditos decorrentes de
honorários advocatícios sucumbenciais titularizados pelo advogado têm preferência em
relação ao crédito principal titularizado por seu cliente.
(B) Admite-se a alegação de prescrição eventualmente ocorrida na fase de
conhecimento em sede cumprimento de sentença.
(C) Na hipótese de condenação em obrigação de fazer e de pagar, entende-se que o
ajuizamento de execução da obrigação de fazer interrompe o prazo para a execução da
obrigação de pagar, em razão do princípio da unidade do título executivo.
(D) A regra de contagem em dobro aos litisconsortes que tiverem diferentes
procuradores, de escritórios de advocacia distintos, aplica-se ao rito da impugnação ao
cumprimento de sentença.
(E) Admite-se a adoção de medidas executivas atípicas para a satisfação do crédito
exequendo em casos de direitos patrimoniais disponíveis, revelando-se legítima a
utilização da quebra de sigilo bancário destinada a esse fim.

RESPOSTA: D 26
COMENTÁRIOS

O julgado foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2020 e 2021
dentro da Turma TJMA, pag. 87.

(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois conforme o entendimento do STJ “o crédito
decorrente de honorários advocatícios sucumbenciais titularizado pelo advogado não é
capaz de estabelecer relação de preferência ou de exclusão em relação ao crédito
principal titularizado por seu cliente”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.890.615-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 17/08/2021 (Info 707).
(B) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de
“apenas a prescrição SUPERVENIENTE à formação do título pode ser alegada em
cumprimento de sentença. STJ. 3ª Turma. REsp 1.931.969-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 08/02/2022 (Info 726).
(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de “o
ajuizamento de execução da obrigação de fazer não interrompe o prazo para a
execução da obrigação de pagar”. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1.804.754-RN, Rel.
Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/03/2022 (Info 729).
(D) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta, conforme o entendimento do STJ que prevê que “o
prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em
dobro no caso de litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos”. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info
619).
(E) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, a jurisprudência do STJ estabelece alguns requisitos
para a utilização das medidas executivas atípicas. Primeiro a utilização apenas de
maneira subsidiária, quando já frustrados a adoção de meios executivos típicos.
Adequação da medida executiva atípica adotada ao caso concreto, consubstanciada em
indícios de ocultação patrimonial do devedor (blindagem patrimonial) e a singularidade
da situação concreta. Além da necessidade de decisão com fundamentação adequada.
Neste sentido: A adoção de meios executivos atípicos é cabível desde que, verificando-
se a existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais
medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha
fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do
contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade. Se não houver no
processo sinais de que o devedor esteja ocultando patrimônio, não será possível
adotar meios executivos atípicos, uma vez que, nessa hipótese, tais medidas não seriam
27
coercitivas para a satisfação do crédito, mas apenas punitivas. Não se pode confundir a
natureza jurídica das medidas de coerção psicológica – que são apenas medidas
executivas indiretas – com sanções civis de natureza material, capazes de ofender a
garantia da patrimonialidade, por configurarem punições pelo não pagamento da dívida
(STJ. 3ª Turma. REsp 1782418/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019).

16. Assinale a opção correta em relação à intervenção de terceiros, conforme disposto


no Código de Processo Civil/2015.
(A) Deve ser extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas
hipóteses em que o denunciado conteste apenas a pretensão de mérito da demanda
principal.
(B) Considera-se possível o ingresso de terceiro como assistente simples, desde que
demonstrada a presença de interesse jurídico, revelando-se como tal o interesse
corporativo.
(C) Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada que aceitar a denunciação
ou contestar o pedido do autor poderá ser condenada, direta e solidariamente, junto
com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados
na apólice.
(D) Admite-se a denunciação da lide àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo
contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo,
ainda que introduzir fundamento novo à causa.
(E) É suficiente para a instauração do incidente de desconsideração da personalidade
jurídica a demonstração de inexistência de patrimônio da pessoa jurídica ou de
dissolução irregular da empresa sem a devida baixa na junta comercial.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

A súmula 537 foi destacada na rodada 05 na Turma TJMA, pag. 169.

(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que conforme a jurisprudência do
STJ “não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas
hipóteses em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda
principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
6/6/2017 (Info 606).
(B) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois o entendimento do STJ é de que a assistência
exige interesse jurídico, não bastando interesse corporativo. Neste sentido: “O acionista
28
de uma sociedade empresária, a qual, por sua vez, tenha ações de outra sociedade, não
pode ingressar em processo judicial na condição de assistente simples da última no caso
em que o interesse em intervir no feito esteja limitado aos reflexos econômicos de
eventual sucumbência da sociedade que se pretenda assistir”. STJ. Corte Especial. AgRg
nos EREsp 1262401-BA, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/4/2013 (Info 521).
(C) CORRETA.
Súmula 537 STJ - Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar
a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e
solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima,
nos limites contratados na apólice.
(D) INCORRETA.
Não é admissível a denunciação da lide embasada no art. 70, III, do CPC 1973 (art. 125,
II, do CPC 2015) quando introduzir fundamento novo à causa, estranho ao processo
principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação probatória, o que
tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios da celeridade e economia
processuais, que essa modalidade de intervenção de terceiros busca atender. STJ. 4ª
Turma. REsp 701868-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/2/2014 (Info 535).
(E) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois o entendimento do STJ é de que: A inexistência
ou não localização de bens da pessoa jurídica não é condição para a instauração do
procedimento que objetiva a desconsideração, por não ser sequer requisito para
aquela declaração, já que imprescindível a demonstração específica da prática objetiva
de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. Assim, o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica pode ser instaurado mesmo nos casos em
que não for comprovada a inexistência de bens do devedor, pois o que é condição para
a instauração do incidente é a prova do desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1729554/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/05/2018.
O encerramento das atividades ou dissolução da sociedade, ainda que irregulares, não
é causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código
Civil. STJ. 2ª Seção. EREsp 1306553-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
10/12/2014 (Info 554).

DIREITO DO CONSUMIDOR

17. No que diz respeito às regras e aos princípios aplicáveis ao direito do consumidor,
assinale a opção correta, de acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF), o Código
de Defesa do Consumidor (CDC), a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e
a doutrina.
(A) As matérias tratadas no CDC são de ordem pública, o que permite ao juiz conhecer
de ofício, por exemplo, cláusulas abusivas em contratos bancários.
29
(B) A defesa do consumidor é um direito constitucional fundamental e também um dos
princípios da atividade econômica.
C) O CDC é interpretado pela doutrina como microssistema, o que demonstra sua
multidisciplinaridade e organicidade, a indicar um isolamento em relação ao restante do
ordenamento jurídico.
(D) O CDC é uma lei ordinária, de função social, direcionada para o segmento vulnerável
da relação jurídica, razão pela qual todo o seu conteúdo é composto por normas de
direito público.
(E) Não incidem os dispositivos do CDC nos contratos celebrados antes de sua vigência,
ainda que se trate de contratos de execução diferida e prazo indeterminado.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi tratado no material da turma de Reta Final e na aula de revisão
do TJMA.

(A) INCORRETA.
A primeira parte da assertiva está correta (art. 1º do CDC – normas de ordem pública e
interesse social). A segunda, porém, está incorreta, pois ao magistrado é permitido
conhecer de ofício da abusividade de cláusulas, exceto em contratos bancários, nos
termos da Súmula 381 do STJ.
Súmula 381. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas.
(B) CORRETA.
A Constituição Federal de 1988 inaugurou um marco diferenciado de proteção à figura
do consumidor, mediante três previsões distintas, duas no corpo da CF/88 e outra no
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
- Direito fundamental – art. 5º, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”);
- Princípio da atividade econômica – art. 170, V (“defesa do consumidor”);
- Previsão constitucional para elaboração do CDC - ADCT, art. 48 (“o Congresso Nacional,
dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de
defesa do consumidor”).
(C) INCORRETA
O CDC integra um microssistema protetivo, inclusive no que tange aos direitos coletivos
(“lato sensu”), mas não está isolado do restante do ordenamento jurídico; ao contrário,
integra-se a outros diplomas, seja por previsão expressa (como no que tange à Lei de
Ação Civil Pública – princípio da integração extraído do art. 90 do CDC), seja por 30
aplicação da Teoria do Diálogo das Fontes.
O CDC representa um microssistema jurídico porque possui normas que regulamentam
a proteção do consumidor sob todos os aspectos, de caráter interdisciplinar (normas de
natureza civil, administrativa, penal, processual civil etc.) e coordenadas entre si.
Registre-se, porém, que não se trata de sistema isolado em si, mas integrado ao todo
normativo cujo ápice se encontra na Constituição Federal.
(D) INCORRETA.
Norma de ordem pública não é sinônimo de norma de direito público. Trata-se de uma
“pegadinha” que já foi objeto de questionamento em prova objetiva. O CDC não é
formado essencialmente de normas de direito público. Contém normas de direito
privado e algumas normas de direito público (como os tipos penais, por exemplo).
(E) INCORRETA.
Questionamento importante é sobre a aplicabilidade do CDC aos contratos de consumo
firmados antes da sua vigência. Em outros termos, o CDC é aplicável aos contratos
anteriores?
Via de regra, não. Essa é a posição do STF e do STJ, por entender que fere o ato jurídico
perfeito, porquanto a modificação dos efeitos futuros de ato jurídico perfeito caracteriza
a hipótese de retroatividade mínima que também é alcançada pelo disposto no art. 5o,
XXXVI, da Carta Magna (STF, RE 205999-4/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 03.03.2000).
Há, entretanto, uma situação em que o CDC se aplica aos contratos celebrados
anteriormente. Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o
STJ tem admitido a incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses tipos de ajuste,
há renovação periódica da sua vigência (a cada pagamento efetuado). Neste caso,
portanto, não há ofensa ao ato jurídico perfeito. Ex.: plano de assistência à saúde,
contrato de mútuo habitacional.

18. Pedro José, residente na cidade de Bacabal-MA, verificou que um poste de


iluminação pública próximo à sua residência estava permanentemente apagado.
Inconformado, após várias tentativas de solução do problema sem obter sucesso, Pedro
José propôs ação contra a concessionária de energia elétrica da localidade, alegando
que faz o pagamento da fatura de energia elétrica regularmente em dia, e requereu a
aplicação do CDC. Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, de
acordo com o CDC e o entendimento doutrinário.
(A) O CDC não pode ser aplicado aos serviços públicos.
(B) O CDC deve ser aplicado ao caso porque Pedro José é destinatário final do serviço.
(C) O serviço público no caso é prestado de forma individualizada, por isso pode ser
aplicado o CDC.
(D) O serviço de iluminação pública é prestado a toda a coletividade, e não se enquadra
no conceito previsto no CDC por se encontrar fora do mercado de consumo. 31
(E) O CDC não pode ser aplicado ao caso porque a pessoa jurídica de direito privado
prestadora de um serviço público não pode ser considerada fornecedora.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 5 da turma de reta final TJMA.

A primeira informação importante é que os serviços públicos estão sujeitos à incidência


do CDC. Mas isso se aplica para todo e qualquer serviço público?
STJ: (em posicionamento já antigo)
- serviços públicos prestados por concessionárias, remunerados por tarifa ou preço
público, sendo alternativa sua utilização → aplica-se o CDC;
ex.: serviços de energia elétrica, água, telefonia, transportes públicos etc.
A relação entre concessionária de serviço público e o usuário final para o fornecimento
de serviços públicos essenciais é consumerista, sendo cabível a aplicação do CDC (REsp
1.595.018, AgRg no REsp 1.421.766, REsp 1.396.925, AgRg no AREsp 479.632, AgRg no
AREsp 546.265, AgRg no AREsp 372.327).
- serviços públicos próprios, remunerados por taxa (tributo) → não se aplica o CDC
(entende-se que não há um consumidor propriamente dito, mas um contribuinte).
O art. 22 (complementado pelo art. 6º, X) consagra o dever dos fornecedores de prestar
serviços públicos adequados, eficientes e seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
No caso em questão, Pedro José estava inconformado não com o fornecimento de
energia elétrica prestado de forma individualizada à sua residência, mas, sim, ao serviço
de iluminação pública direcionado a todos indistintamente, remunerado por tributo, e
não tarifa pública. Desse modo, apesar de o CDC poder ser aplicado a determinado
serviços públicos uti singuli, não se aplica ao caso concreto (serviço uti universi).

19. Antônio Mariano, famoso cirurgião cardiovascular, empregado do hospital Rede do


Bem S.A., realizou, em São Paulo-SP, nas dependências desse hospital, procedimento
cirúrgico para implante de marca-passo em Gustavo, residente em Pedrinhas-MA.
Realizado o procedimento, ficou demonstrado erro médico, o que ocasionou graves
danos à saúde de Gustavo. A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção
correta, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça.
(A) A situação retrata vício do serviço, e Gustavo pode confiar a reexecução do
procedimento a terceiro capacitado, por conta e risco do fornecedor.
(B) Na hipótese, a inversão do ônus da prova fica a critério do juiz.
(C) Caso Gustavo decida ajuizar ação de indenização, esta deve ser proposta na sede do
estabelecimento hospitalar, ou seja, em São Paulo. 32
(D) A responsabilidade de Antônio Mariano é objetiva, o que afasta a necessidade de
discutir a culpa na modalidade imperícia.
(E) A responsabilidade do hospital é objetiva, pois retrata situação de fato do serviço.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi tratado no material da turma de Reta Final e na aula de revisão
TJMA.

O CDC criou uma exceção à responsabilidade objetiva pelo fato do serviço, dispondo que
a responsabilização pessoal dos profissionais liberais depende da verificação de culpa,
sendo, portanto, uma responsabilidade subjetiva.
O legislador foi claro ao mencionar “responsabilidade pessoal” no referido dispositivo.
Se, por outro lado, tais atividades forem exploradas empresarialmente (hospital), os
defeitos serão indenizados independentemente da verificação de culpa (aplicando-se a
regra da responsabilidade objetiva).
Um tema bastante comum envolvendo profissionais liberais é dos indivíduos que
prestam serviços de saúde (médicos, por exemplo) e das entidades onde prestam
referidos serviços. Via de regra, tem-se um profissional liberal na ponta, que continua a
responder subjetivamente, e uma pessoa jurídica, à qual pode estar vinculado ou não
aos quadros.
No que tange especificamente à responsabilidade de hospitais e entidades hospitalares por
dano causado ao paciente-consumidor por ato de médico vinculado de alguma forma
aos seus quadros, o Superior Tribunal de Justiça firmou, em sede de Recurso Repetitivo,
a seguinte tese:
- Quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde
vinculados de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição
hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso,
o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser
comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de
natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a
hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do
CDC). (REsp 1.145.728, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 08/09/2011).
É exatamente o caso do enunciado. Perceba-se que se deixou assente que o médico,
Antônio Mariano, era empregado no hospital Rede do Bem S.A. Desse modo, tratando-
se de erro médico que atingiu a incolumidade física/saúde/segurança do
consumidor/paciente, trata-se de fato ou defeito do serviço, atraindo o art. 14 do CDC.
A responsabilidade pessoal do médico é subjetiva (demanda aferição de culpa), mas,
uma vez constatada esta, o hospital é solidariamente responsável, de forma objetiva.
Ademais, a jurisprudência do STJ entende que houve inversão legal (ope legis) do ônus 33
da prova em relação ao fato do produto e do serviço. Ou seja:
- o consumidor tem o ônus de provar o dano que lhe foi causado e o nexo de causalidade
com o produto (relação causa e efeito);
- compete ao fornecedor (é ônus deste) provar que o produto/serviço não é defeituoso.
Nesse sentido, o STJ, em sede de recurso repetitivo:
A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade
pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial
('ope judicis'), como no caso dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício
no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e
6º, VIII, do CDC. (REsp 802.832/MG, S2, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe
21/09/2011).

20. José, animado com a Copa do Mundo de Futebol do ano de 2022, adquiriu na loja
Mundo da TV Ltda. cinco televisões fabricadas pela empresa Televisões Perfeitas S.A. e
pagou a quantia de R$ 4.000,00 por produto. Contudo, quando do recebimento das
televisões, uma delas apresentava a tela rachada, e José encaminhou o produto, no
mesmo dia, à assistência técnica, que recomendou a troca da tela. Nessa situação
hipotética, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor,
(A) a responsabilidade é solidária entre o fabricante e o comerciante, de modo que a
restituição do valor pago pelo produto pode ser pleiteada contra ambos.
(B) o comerciante não é responsável, pois o fabricante é claramente identificado e não
se trata de produto perecível.
(C) a situação é de vício aparente, e o prazo prescricional de reclamação tem como
termo inicial o conhecimento do dano e de sua autoria.
(D) João pode exigir, de imediato, a substituição do produto ou a restituição da quantia
paga, que deverá ser monetariamente atualizada.
(E) trata-se de vício oculto, e o prazo prescricional de reclamação do dano tem início no
momento em que ficar evidenciado o defeito.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi tratado na aula de Revisão de Véspera e no material da turma


de Reta Final TJMA.

Observemos, em primeiro lugar, qual o tipo de responsabilidade que exsurge do


enunciado. Tratando-se de vício de qualidade que torna o produto impróprio ou
inadequado ao consumo, estamos diante de um vício de qualidade do produto (art. 18
do CDC) que, como regra, atrai os prazos decadenciais do art. 26 do CDC.

34
VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO FATO DO PRODUTO/SERVIÇO
Qualidade-adequação. Qualidade-segurança.
Atinge o produto ou o serviço em si – Atinge em especial a incolumidade físico-
intrínseco. psíquica do consumidor ou de terceiros
• Pode vir a causar danos (as vítimas de consumo) – extrínseco.
materiais/morais.
Também denominado defeito ou
acidente de consumo.
Sujeita-se a prazo decadencial. Sujeita-se a prazo prescricional.
São pistas de que se está diante de prazo São pistas de que se está diante de prazo
decadencial as expressões: caduca, prescricional as expressões: prescreve,
caducar, reclamar. pretensão, reparação.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios Art. 27. Prescreve em cinco anos a
aparentes ou de fácil constatação caduca pretensão à reparação pelos danos
em: causados por fato do produto ou do
(não se coloca os incisos, por ora, pois nos serviço prevista na Seção II deste
interessa analisar o teor do caput). Capítulo, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano
e de sua autoria.
Uma vez classificado como vício, cumpre verificar se se trata de vício aparente ou oculto.
Perceba-se que uma tela rachada é perceptível no momento em que se abre o produto.
Trata-se, assim, de vício aparente.
- Vícios aparentes (ou de fácil constatação) → são identificáveis por um exame
superficial do produto ou serviço. Não demandam tempo ou conhecimento específicos
para o seu surgimento.
→ O dies a quo (de início) do prazo decadencial é a efetiva entrega do produto ou o
término da execução dos serviços (art. 26, par. 1o, CDC).
- Vícios ocultos → não são identificáveis pelo mero exame superficial pelo consumidor.
Estão presentes quando da aquisição do produto ou serviço, mas só se manifestam
depois de algum tempo e podem demandar conhecimentos específicos.
→ O dies a quo (de início) do prazo decadencial é o momento em que ficar evidenciado
o defeito (art. 26, par. 3o, CDC).
Dessa forma, por ser um eletrodoméstico (bem durável), o prazo de decadência é de 90
(noventa) dias e teve início a partir da entrega do bem ao consumidor.
No que toca à responsabilidade da cadeia de consumo, perceba-se que o art. 18, caput,
prevê o vocábulo fornecedores, a englobar todos, inclusive comerciante (diferente da
situação peculiar do fato do produto – art. 12 do CDC). Assim, todos os componentes da
cadeia de fornecimento (inclusive comerciante) são objetiva e solidariamente
responsáveis.
Por fim, tratando-se de vício do produto, o fornecedor tem, em regra, o prazo de 30 dias
para saná-lo, nos termos do art. 18, par. 1º, do CDC, especialmente por não ser produto
essencial. 35
21. Acerca da prevenção e do tratamento do superendividamento, incluído no Código
de Defesa do Consumidor pela Lei n.º 14.181/2021, assinale a opção correta.
(A) A Política Nacional das Relações de Consumo deve instituir mecanismos de proteção
contra o superendividamento do consumidor, pessoa natural ou jurídica.
(B) A ausência injustificada do credor à audiência conciliatória de repactuação de dívidas
não autoriza a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da
mora.
(C) A prevenção e tratamento do superendividamento abrangem a aquisição ou
contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor.
(D) O superendividamento consiste na impossibilidade manifesta de o consumidor,
pessoa natural, de boa-fé, pagar suas dívidas exigíveis e vincendas, sem comprometer
seu mínimo existencial.
(E) A repactuação de dívidas do consumidor constitui procedimento de natureza
exclusivamente judicial.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS
O assunto da questão foi tratado na aula de Revisão de Véspera e no material da turma
de Reta Final TJMA.

(A) INCORRETA
Embora esteja quase toda correta a assertiva, de acordo com o art. 5º, VI, do CDC, o erro
reside na previsão da pessoa jurídica. O consumidor pessoa jurídica não é albergado pela
proteção do superendividamento.
(B) INCORRETA
Autoriza, consoante art. 104-A, par. 2º, do CDC.
(C) INCORRETA
Trata-se de exclusão expressa do art. 54-A, par. 3º, do CDC.
(D) CORRETA
Nos termos art. 54-A, par. 1º, do CDC.
(E) INCORRETA
Embora o CDC só preveja detalhadamente, a partir do art. 104-A, o procedimento
judicial de repactuação de dívidas, há possibilidade de ocorrer extrajudicialmente,
conforme incisos VI e VII do art. 4º do CDC e inciso VI do art. 5º do CDC. 36
22. Assinale a opção correta, em relação à proteção contratual do consumidor e às
cláusulas abusivas, segundo o Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência do
STJ.
(A) Ao contrário da garantia legal, que é sempre obrigatória, a garantia contratual é mera
faculdade do fornecedor.
(B) São inadmissíveis, nos contratos regidos pelo CDC, cláusulas contratuais que limitem
direitos do consumidor.
(C) A manifestação de vontade constante de escritos particulares não vincula o
fornecedor.
(D) Na hipótese em que determinado consumidor tenha adquirido, em compra por meio
do comércio eletrônico, uma coletânea de obras jurídicas e, após o recebimento dos
produtos e dentro do prazo legal, desista da compra de forma imotivada, o valor pago
deverá ser devolvido ao consumidor, descontados pelo fornecedor os gastos com a
correspondência de retorno.
(E) O exercício do direito de arrependimento, no contrato principal ou no contrato de
crédito, não implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi tratado no material da turma de Reta Final TJMA.

(A) CORRETA.
Ao lado da garantia legal (obrigatória e independente de termo expresso), existe a
possibilidade de o fornecedor estabelecer uma garantia contratual (facultativa), a teor
do art. 50 do CDC.
É inadmissível substituir a garantia legal pela contratual, pois a primeira é obrigatória e
inderrogável, enquanto a última é meramente complementar.
A garantia contratual é uma liberalidade. Qual a razão, pois, para o fornecedor
implementá-la? A crescente concorrência de mercado, de modo a diferenciar um
produto ou serviço dos demais, atraindo mais consumidores. É uma forma de afirmação
do fornecedor no mercado de consumo.
(B) INCORRETA.
Em regra, são nulas de pleno direito cláusulas que interfiram na responsabilidade do
fornecedor por vícios e que impliquem em renúncia ou disposição de direitos (inciso I
do art. 51 do CDC).
Essa previsão, porém, não é absoluta, como se vê o art. 54, par. 4º, do CDC, cuja redação
é a seguinte:
37
Art. 54, § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão
ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
(C) INCORRETA.
Nos termos do art. 48 do CDC, que permite inclusive a execução específica.
(D) INCORRETA
O art. 49 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que, quando o contrato de
consumo for concluído fora do estabelecimento comercial, o consumidor tem o direito
de desistir do negócio em 7 dias ("período de reflexão"), sem qualquer motivação. Trata-
se do direito de arrependimento, que assegura o consumidor a realização de uma
compra consciente, equilibrando as relações de consumo.
Exercido o direito de arrependimento, o parágrafo único do art. 49 do CDC especifica
que o consumidor terá de volta, imediatamente e monetariamente atualizados, todos
os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão,
entendendo-se incluídos nestes valores todas as despesas com o serviço postal para a
devolução do produto, quantia esta que não pode ser repassada ao consumidor.
Eventuais prejuízos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contratação são
inerentes à modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet,
telefone, domicílio). Aceitar o contrário é criar limitação ao direito de arrependimento
legalmente não previsto, além de desestimular tal tipo de comércio tão comum nos dias
atuais.
(REsp 1340604/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/08/2013, DJe 22/08/2013)
(E) INCORRETA.
Nos termos do art. 54-F, par. 1º, do CDC.
§ 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no
contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do
contrato que lhe seja conexo.

23. Assinale a opção correta, a respeito das infrações penais de consumo, de acordo com
o disposto no Código de Defesa do Consumidor (CDC).
(A) Todas as infrações penais previstas no CDC são crimes de menor potencial ofensivo.
(B) Se a denúncia não for oferecida no prazo legal pelo Ministério Público, o CDC não
admite a propositura de ação penal subsidiária por outro órgão.
(C) No CDC, não há previsão de crime na modalidade culposa.
(D) A existência de uma tipificação penal no CDC impede o reconhecimento
concomitante da responsabilidade civil e administrativa. 38
(E) Constitui crime a colocação, no mercado de consumo, de produtos nocivos ou
perigosos à saúde do consumidor.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA.
Os crimes de consumo possuem algumas peculiaridades gerais que merecem
abordagem.
Considerando o escopo protecionista do CDC, que visa muitas vezes a evitar um dano
ao consumidor individual ou coletivamente considerado, os seus delitos específicos são
crimes de perigo, ou seja, independem da efetiva ocorrência de dano para sua
consumação.
São incorretas, portanto, questões e alternativas que afirmem que as infrações penais
previstas no CDC são crimes de dano ou que demandam, para a caracterização do delito,
comprovação do efetivo dano ao consumidor.
Ademais, todos os crimes são punidos com penas de detenção, que podem ser ou não
cumuladas com a pena de multa (em determinados tipos penais, a pena de multa é
alternativa; em outros, cumulativa).
Analisando os tipos penais em espécie, nenhum prevê pena máxima superior a dois
anos, enquadrando-se, portanto, na definição legal de crimes de menor potencial
ofensivo prevista no art. 61 da Lei n. 9.099/95.
(B) INCORRETA.
Permite, nos termos do art. 80 do CDC:
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a
outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir,
como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e
IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for
oferecida no prazo legal.
(C) INCORRETA.
Há dois delitos na modalidade culposa.
Há previsão da modalidade culposa no art. 63, par. 2º, e no art. 66, par. 2º.
(D) INCORRETA.
As searas penal e administrativa são independentes e o CDC segue essa regra
expressamente:
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o
caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e
das definidas em normas específicas: 39
(E) INCORRETA.
Não há tipo penal prevendo a referida conduta e, sim, há crime no caso de não haver a
comunicação à autoridade competente ou a retirada do produto ou serviço.
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade
ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no
mercado:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado,
imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos
ou perigosos, na forma deste artigo.

24. Retrata o contexto de defesa e interesse de direito difuso


(A) a queda de uma prateleira de produtos postos à compra em um supermercado, em
razão da qual haja vários consumidores vitimados.
(B) o aumento abusivo das mensalidades escolares em determinada escola particular.
(C) a inserção, em contrato de adesão, de cláusula abusiva que impeça os consumidores,
em caso de desistência do produto, de pedir a restituição dos valores já pagos por ele.
(D) a aquisição, por mulheres gestantes, de contraceptivo que se tenha mostrado
ineficaz e não tenha impedido gravidez indesejada.
(E) a exposição de publicidade enganosa que induza vários consumidores a erro a
respeito das características de um produto.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi tratado no material de Revisão de Véspera TJMA.

O art. 81 do Código de Defesa do Consumidor prevê:


Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas
e ligadas por circunstâncias de fato;
São os interesses ou direitos objetivamente indivisíveis, cujos titulares são pessoas
indeterminadas e indetermináveis, ligadas entre si por circunstâncias de fato.
Os traços característicos dessa categoria são a indivisibilidade e a indeterminabilidade
40
dos seus titulares (são indeterminados e indetermináveis), que estão relacionados entre
si por circunstâncias de fato.
A referida indivisibilidade, aliás, confere à coisa julgada em ações coletivas sobre direitos
difusos efeitos erga omnes, no sentido de que a sentença que versar sobre tais direitos
emanará sua eficácia para além das partes do processo, beneficiando a todos os que,
mesmo não tendo composto um dos polos processuais, tiverem ameaçado ou lesado o
direito versado em juízo.
Exemplo: o direito a não ser exposto à publicidade enganosa, veiculada em determinado
meio de comunicação social; direito ao meio ambiente equilibrado, afetado pela
emissão de poluentes em determinado rio.

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

25. Julgue os itens a seguir, acerca da história da proteção jurídica e social da infância
brasileira.
I - No século XVI, crianças indígenas eram entregues pelos próprios pais aos padres da
Companhia de Jesus, que as catequizavam segundo os princípios cristãos.
II - As crianças filhas de mulheres negras escravizadas foram consideradas libertas pela
Lei do Ventre Livre antes mesmo que a Lei Áurea abolisse qualquer forma de escravidão
no Brasil.
III - No regime republicano, as ações caritativas e filantrópicas, particularmente as de
cunho religioso, foram afastadas da organização da assistência das crianças pobres em
situação de rua, tendo o Estado assumido essa tarefa, com a criação de institutos,
reformatórios e escolas premunitórias e correcionais.
IV - Nas décadas de 80 e 90 do século XX, firmou-se a concepção da criança como sujeito
de direitos: movimentos sociais se tornaram um dos principais interlocutores da
sociedade civil na Assembleia Nacional Constituinte para a inclusão dos direitos da
criança e do adolescente na Constituição Federal de 1988 e, mais tarde, a aprovação do
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Estão certos apenas os itens
A) I e III.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.

RESPOSTA: D
41
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 2 na turma de Reta Final do MEGE 2022.
(Página 134).

Item I - CORRETO - No ano de 1551 veio a ser fundada a primeira casa de recolhimento
para menores no Brasil. Tratava-se de uma casa de recolhimento “administrada” por
jesuítas e tinha como objetivo isolar (reeducar) as crianças indígenas dos costumes
“bárbaros” de seus pais.
Item II - CORRETO - Uma das precursoras da Lei Áurea, a norma determinou que, de 28
de setembro de 1871 em diante, as mulheres escravizadas dariam à luz apenas bebês
livres. De acordo com a lei, não nasceria mais nenhum escravizado em solo brasileiro.
Item III - INCORRETO - No ano de 1927, foi promulgado o Código de Menores (Decreto
17.923-A), documento voltado para os menores de 18 anos, e ficou amplamente
conhecido como o CÓDIGO MELLO MATTOS. Entretanto, este deixou claro em seu artigo
primeiro, que não era direcionado a todas as crianças, mas somente àquelas que eram
consideradas como estando em situação irregular (“abandonados ou delinquentes”).
Este Código de Menores tinha como objetivo trazer as diretrizes para o trato dos
menores considerados excluídos, regulamentando questões como o trabalho do menor,
tutela e pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada.
É preciso relembrar ainda a atuação da Igreja em diversas as ações caritativas e
filantrópicas, exemplo disso é a “rodas dos expostos”. Tal engenhoso sistema era
literalmente uma roda que girava no sentido horizontal, situada na frente de Santas
Casas e outros tipos de instituições filantrópicas e assistenciais, destinadas a receberem
o depósito de crianças menores de 7 anos. Inclusive a atuação das Igrejas se mantém
até os dias atuais.
Item IV - CORRETO - Com a CF de 1988 rompemos com a doutrina da situação irregular
existente até então para adotarmos a DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL. Para poder
consolidar as novas diretrizes da CF foi promulgado o Estatuto da Criança e do
Adolescente em 13 de julho de 1990.
Ressalta-se que tal doutrina não era novidade internacionalmente (Declaração dos
Direitos da Criança – ONU 20 de novembro de 1959).
A nova doutrina determina que há necessidade de se respeitar os direitos das crianças
e dos adolescentes, lembrando que são pessoas em desenvolvimento, SUJEITOS DE
DIREITO, e que, portanto, também têm um conjunto de direitos fundamentais.

26. No que se refere ao direito de o adotado conhecer sua origem biológica, assinale a
opção correta.
(A) Em caso de reprodução assistida heteróloga, o direito do filho de conhecer sua
origem biológica prevalece sobre o direito do anonimato do doador do sêmen ou da 42
doadora do óvulo.
(B) Em eventual conflito de interesses, o direito do filho de conhecer sua origem
biológica prevalecerá sobre o direito ao sigilo de dados da genitora que o entregou para
adoção.
(C) O acesso irrestrito ao processo de adoção no qual a medida foi aplicada só é
garantido para os maiores de dezoito anos de idade.
(D) Quando o adotado conhece sua origem biológica, restabelecem-se os vínculos
jurídicos dele com a família de origem, reconhecendo-se a existência de um liame
genético que não se extingue.
(E) Pressupõe-se na legislação a multiparentalidade entre pais adotivos e biológicos.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 2 na turma de Reta Final do MEGE 2022.
(Página 182) e no Aulão de Véspera.
Art. 39, § 3º do ECA - Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de
outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os
interesses do adotando.
Art. 48 do ECA - O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de
obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.

27. Lei municipal deverá especificar as receitas que se vincularão ao Fundo dos Direitos
da Criança e do Adolescente, o qual deverá ser composto por fontes de origens diversas.
Assinale a opção em que são apresentadas as fontes expressamente previstas no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
(A) contribuições de governos estrangeiros e dotação orçamentária do Poder Executivo
(B) multas por penalidades administrativas, doações e legados diversos
(C) rentabilidades de aplicações e multas de crimes em espécie
(D) doações de pessoas físicas ou jurídicas e multas de sanções cominatórias em ação
civil pública
(E) transferências entre os entes da Federação e dotação orçamentária do Poder
Executivo.

RESPOSTA: D
43
COMENTÁRIOS
Art. 214 do ECA - Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.
Art. 260 do ECA - Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos
os seguintes limites: (...)

28. O Estatuto da Criança e do Adolescente regulamenta o disposto no artigo 227 da


Constituição Federal de 1988, que determina a proteção integral da criança e do
adolescente com prioridade absoluta. Nesse contexto, foram criados os conselhos dos
direitos da criança e do adolescente, que, distintos dos conselhos tutelares, apresentam
como característica
(A) participação popular.
(B) autonomia política.
(C) tomada de decisões em caráter deliberativo.
(D) atuação sob a forma colegiada.
(E) composição paritária.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO, pois pela leitura do ECA é possível perceber que nos
conselhos dos direitos da criança e do adolescente deve haver a participação popular
paritária.

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) é um órgão


paritário que conta com a participação da sociedade civil e do Poder Executivo
municipal.
Ele propõe, delibera e controla as políticas públicas municipais voltadas para crianças e
adolescentes. Também faz o registro de entidades que atuam com crianças e
adolescentes e acompanha se os projetos e programas realizados atendem aos
requisitos da legislação.
Art. 88 do ECA - São diretrizes da política de atendimento: (...) II - criação de conselhos
municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação
popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal,
estaduais e municipais;

44
29. Considerando o direito dos adolescentes à profissionalização e à proteção no
trabalho e, por outro lado, a proibição constitucional ao trabalho infantil, assinale a
opção correta.
(A) O adolescente tem direito ao trabalho, observados o respeito à condição de pessoa
em desenvolvimento e a capacitação profissional adequada para sua inserção no
mercado de trabalho.
(B) O trabalho realizado por adolescente no campo se submete à regra que determina a
idade mínima de quatorze anos para trabalho exercido por adolescente.
(C) As crianças que trabalham em obra televisiva, teatral ou cinematográfica são
assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários quando presentes os requisitos da
relação de trabalho.
(D) O trabalho exercido por crianças em ruas, praças e outros logradouros condiciona-
se à autorização do juiz da infância e da juventude, a quem cabe verificar se a ocupação
é indispensável à subsistência da família e se não causará prejuízo à formação moral da
criança.
(E) A aprendizagem é assegurada ao adolescente com idade entre quatorze e dezoito
anos incompletos e, caso seja descumprido o requisito da idade máxima do contrato de
aprendizagem, será reconhecido o vínculo empregatício do aprendiz.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO, pois pela leitura do ECA e da CLT é possível considerar
como corretas tanto a alternativa a como a alternativa C.

Art. 61 do ECA - A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação


especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 69 do ECA - O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho,
observados os seguintes aspectos, entre outros: I - respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento; II - capacitação profissional adequada ao mercado de
trabalho.
Art. 405 da CLT - Ao menor não será permitido o trabalho:
I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse fim
aprovado pelo Diretor Geral do Departamento de Segurança e Higiene do Trabalho;
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade.
§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de prévia
autorização do Juiz de Menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é indispensável à
sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não
poderá advir prejuízo à sua formação moral.
§ 3º Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho:
45
a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos,
cabarés, dancings e estabelecimentos análogos;
b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras
semelhantes;
c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes,
desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que
possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;
d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.
§ 4º Nas localidades em que existirem, oficialmente reconhecidas, instituições
destinadas ao amparo dos menores jornaleiros, só aos que se encontrem sob o
patrocínio dessas entidades será outorgada a autorização do trabalho a que alude o §
2º.
Art. 406 da CLT - O JUIZ DE MENORES poderá autorizar ao menor o trabalho a que se
referem as letras "a" e "b" do § 3º do art. 405:
I - desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não
possa ser prejudicial à sua formação moral;
II - desde que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria
subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua
formação moral.
30. Julgue os itens a seguir, relativos à justiça da infância e da juventude e à atuação do
juiz da infância e da juventude.
I - A doutrina da proteção integral inaugurou no direito brasileiro a criação de juízo
especializado para atendimento de crianças e adolescentes.
II - O juiz da infância e da juventude está adstrito à esfera judicial, possuindo
competência para conhecer e julgar todos os conflitos de interesses que envolvam
crianças e adolescentes em situação de violação de direitos.
III - A justiça especializada da infância e da juventude, composta pela vara da infância e
da juventude, deve integrar a justiça estadual e a do Distrito Federal.
IV - A competência do juiz da infância e da juventude para conhecer de representação
para apuração de ato infracional atribuído a adolescente e aplicar a medida cabível é
absoluta, ainda que se trate de conduta descrita como crime federal.
Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) III e IV.
(D) I, II e IV. 46
(E) II, III e IV.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 12 na turma de Reta Final do MEGE


2022. (Página 26) e no Aulão de Véspera.

Item I - INCORRETO - A justiça especializada já era prevista no Código de Menores (art.


84 a 86).
Item II - INCORRETO - A competência da justiça da infância e da juventude está prevista
no art. 148 do ECA. Quanto as hipóteses em que a Justiça da Infância e da Juventude é
Competente para Julgar conflitos envolvendo menores em situação de risco, estas
hipóteses estão previstas no art. 148, parágrafo único do ECA.
Item III - CORRETO - art. 145 do ECA - Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário
estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura
e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Item IV - CORRETO - art. 148 do ECA - A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração
de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; (...)
Adicionalmente, conforme entendimento consolidado, ato infracional não se confunde
com infrações penais, o que afasta a norma do art. 109, IV, da CF.

31. Pode ajuizar ação de execução de alimentos em proveito de criança e adolescente o


Ministério Público, na condição de
(A) representante processual, quando não existir Defensoria Pública instalada nem em
funcionamento na localidade.
(B) representante processual, quando o exercício do poder familiar dos pais estiver
suspenso.
(C) substituto processual, independentemente de qualquer circunstância.
(D) representante processual, quando os direitos do menor estiverem ameaçados ou
violados por omissão dos pais ou responsáveis.
(E) representante processual, a pedido dos pais ou responsáveis do menor.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

A súmula foi devidamente revisada no aulão de véspera do Mege para o TJMA.

47

Súmula 594 do STJ - O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do
poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco
descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros
questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.
Na ação de alimentos, o MP atua como substituto processual, pleiteando, em nome
próprio, o direito do infante aos alimentos. Para isso, em tese, o Parquet não precisa
que a mãe ou o responsável pela criança ou adolescente procure o órgão em busca de
assistência.

32. Acerca das medidas socioeducativas aplicáveis a adolescente a quem seja atribuída
a autoria de ato infracional, assinale a opção correta.
(A) Caso entenda necessário, o juiz poderá aplicar medidas cumuladas, ou substituí-las,
sem necessidade de expresso requerimento do Ministério Público.
(B) Para a concessão de remissão como forma de exclusão do processo, não deve existir
prova suficiente da autoria do ato infracional supostamente praticado.
(C) Se o adolescente não possuir vínculo familiar, o juiz poderá aplicar-lhe, em razão do
ato infracional, medida de proteção de acolhimento institucional como medida
socioeducativa.
(D) A aplicação da medida de advertência exige prova suficiente da autoria e da
materialidade do ato infracional praticado.
(E) O adolescente usuário de drogas poderá ser incluído em programa específico de
tratamento, desde que o ato infracional praticado por ele não enseje medida de
internação em estabelecimento educacional.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 12 na turma de Reta Final do MEGE 2022
e no Aulão de Véspera

Art. 99 do ECA - As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.
Art. 113 do ECA - Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
48

DIREITO JUDICIÁRIO

33. Assinale a opção correta no que diz respeito a vantagens e garantias do magistrado
estabelecidas no Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado do Maranhão e
atualizações.
(A) O magistrado terá direito a gratificações adicionais e anuais, limitadas a 50% de seu
salário bruto.
(B) Será considerado acréscimo ao tempo de serviço do magistrado o exercício da
advocacia por ele prestado, comprovadas as contribuições previdenciárias.
(C) O magistrado está sujeito à redução de seus vencimentos nos termos da lei.
(D) Ao magistrado é garantida a vitaliciedade após um ano de efetivo exercício no cargo.
(E) A promoção do magistrado ocorrerá exclusivamente por antiguidade, atendidas as
regras regimentais estabelecidas.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Questão devidamente abordada em nossa turma de reta final do TJMA, inclusive no


aulão de véspera pelo professor Arnaldo Bruno Oliveira.

(A) INCORRETA.
Não há tal previsão no título que trata dos Subsídios e Vantagens dos magistrados no
Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado do Maranhão.
(B) CORRETA.
Página 69 do material do CDOJ/MA (parte 1) da turma de reta final.
Art. 78, XIX - contar-se-á para todos os efeitos, o tempo de serviço público anteriormente
prestado pelo magistrado, inclusive a órgão da administração indireta, sob qualquer regime
jurídico, e o tempo de exercício da advocacia, desde que comprovadas as devidas
contribuições previdenciárias do período. (Inserido pela Lei Complementar Nº 218/ 2019).
(C) INCORRETA.
A informação foi destacada na página 66 do material do CDOJ/MA (parte 1) da turma de
reta final. Além disso, foi devidamente reafirmada na aula de revisão de véspera, com
slide específico sobre o tema - conforme slide abaixo.
49

(D) INCORRETA.
A informação correta seria tratar a vitaliciedade após 2 anos de efetivo exercício. O que
foi devidamente abordado na turma de reta final e até mesmo no aulão de véspera,
conforme slide acima.
(E) INCORRETA.
A promoção do magistrado ocorre por antiguidade e merecimento. O que foi
devidamente abordado na turma de reta final e até mesmo no aulão de véspera,
conforme slide abaixo.
34. Assinale a opção correta conforme o estabelecido no Código de Divisão e
Organização Judiciárias do Estado do Maranhão e suas atualizações.
(A) No referido código, o Conselho da Justiça Militar não está incluído entre os órgãos
do Poder Judiciário, por ser instituição exclusiva do Exército brasileiro, vinculada ao
Ministério da Defesa.
(B) No estado do Maranhão, o presidente e o vice-presidente do tribunal de justiça são
eleitos por maioria dos seus membros em votação aberta, para mandato de 2 anos.
(C) Em caso de ausência, impedimento ou férias do secretário judicial, este será
substituído por seu substituto permanente, indicado pelo juiz titular e designado pelo
50
corregedor-geral da justiça.
(D) O limite de remuneração do ocupante do cargo interino de presidente do Tribunal
de Justiça do Estado do Maranhão será equivalente a 100% do subsídio dos ministros do
Supremo Tribunal Federal.
(E) Os juízes de paz serão eleitos para mandato de 4 anos, sem direito a reeleição, para
atuarem exclusivamente na justiça de paz.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

Questão devidamente abordada em nossa turma de reta final do TJMA, inclusive no


aulão de véspera pelo professor Arnaldo Bruno Oliveira.

(A) INCORRETA.
O ITEM foi devidamente alertado para todos os alunos de reta final, em material,
questão e videoaula. Além disso, no aulão de véspera, fizemos a leitura conjunta de
todos os órgãos do Poder Judiciário com o devido apontamento de que o assunto
poderia ser cobrado em prova, conforme art. 16 do CDOJ/MA (destacado no slide
abaixo). O Conselho da Justiça Militar faz parte do rol. Esse todo aluno do Mege sabia!
(B) INCORRETA.
A pegadinha ficou por conta da menção à votação aberta. Na verdade, a votação é
secreta! O Tema foi devidamente tratado em material e videoaula. Além disso,
destacamos a informação no aulão de véspera (conforme slide abaixo).

51

(C) CORRETA.
Art. 91, §7º do CDOJ/MA (página 78 do material de CDOJ/MA). Cada secretário terá o seu
substituto permanente, indicado pelo juiz titular e designado pelo Corregedor-Geral da
Justiça, que o substituirá nas ausências, impedimentos, férias e licenças.
(D) INCORRETA.
Não há qualquer menção ao patamar de 100% do subsídio dos ministros do Supremo
Tribunal Federal. Na turma de reta final e no aulão de véspera revisamos o tema e seus
patamares; destacamos ainda que a verba de representação do presidente corresponde
a 40% dos seus vencimentos mensais. (conforme art. 80 do CDOJ/MA, página 70).
(E) INCORRETA.
A pegadinha foi referente a não possibilidade de reeleição. No 1º simulado do Mege
para o TJMA, questão 37, destacamos o exato artigo em uma questão para revisão (que
também foi apontado em nosso material como de necessária leitura na página 58).
“Art. 61. A Justiça de Paz será exercida por juízes de paz remunerados, eleitos pelo voto
direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos, permitida uma reeleição.”

35. De acordo com o Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado do


Maranhão, compete às câmaras criminais reunidas julgar 52
(A) Os embargos de declaração opostos a seus acórdãos, os embargos de nulidade e
infringentes dos julgados das câmaras criminais isoladas e mandados de segurança em
matéria criminal.
(B) Os crimes comuns e os de menor potencial ofensivo cometidos pelos prefeitos
municipais.
(C) Os atos de suspensão dos serviços judiciários.
(D) Os confiscos de produtos de crime e embargos de declaração opostos aos seus
julgados.
(E) O resultado dos julgamentos e das penas disciplinares impostas a servidores do
Poder Judiciário pelo presidente da câmara criminal reunida.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO! O comando da questão direciona para o CDOJ/MA,


no entanto, a abordagem do assunto é feita no Regimento Interno, o que prejudica a
devida pertinência.

De toda forma, conforme o Regimento Interno em seu art. 15 (página 19 de nosso


material sobre o assunto), I, b, c, II, a, a resposta correta seria a letra A.
REGIMENTO INTERNO DO TJMA
Art. 15. Compete às Câmaras Criminais Reunidas:
I - processar e julgar:
a) pedidos de revisão criminal das sentenças e dos acórdãos proferidos pelas câmaras
criminais isoladas;
b) embargos de nulidade e infringentes dos julgados das câmaras criminais isoladas;
c) mandados de segurança, quando a autoridade coatora for juiz de direito em matéria
criminal;
d) agravos de decisões proferidas, nos feitos de sua competência, por seus presidentes
e relatores;
e) conflitos de competência nas hipóteses do inciso IV do art. 534.
II - julgar:
a) embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;
b) recursos de decisão de relator que indeferir liminar ou pedido de revisão criminal ou
os embargos de nulidade ou infringentes;
c) suspeições e impedimentos dos juízes de direito nos feitos criminais;
d) suspeições e impedimentos dos procuradores de Justiça com exercício nas câmaras 53
criminais;
e) representação por indignidade para o oficialato e a perda da graduação de praças;
f) execuções de seus acórdãos, por seus respectivos relatores, nas causas de
competência originária, podendo delegar ao juízo de 1º Grau a prática de atos não
decisórios.
III - aplicar medidas de segurança em decorrência de decisão proferida em revisão
criminal;
IV - conceder, de ofício, ordem de habeas corpus, nos feitos submetidos ao seu
conhecimento;
V - decretar, de ofício, a extinção da punibilidade;
VI - representar, quando for o caso, ao presidente do Tribunal, ao corregedor-geral da
Justiça, ao Conselho Superior do Ministério Público, à da Ordem dos Advogados do
Brasil, ao procurador-geral do Estado e ao defensor público-geral.

36. Durante o período de estágio probatório, poderá ocorrer a demissão do magistrado


no caso de
(A) inexistência de vaga em comarca de entrância inicial.
(B) publicação, de ofício, pelo magistrado, de despachos e outros procedimentos
relativos ao efetivo exercício no cargo.
(C) requerimento de mais de duas licenças médicas consecutivas no intervalo de menos
de seis meses de efetivo serviço.
(D) escassa ou insuficiente capacidade de trabalho.
(E) descumprimento das regras de bom desempenho das atividades e das proibições
constitucionais.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O tema foi revisado no art. 144 do Regimento Interno (página 58 do material sobre o
assunto na turma de reta final).

Art. 144. Ao juiz em estágio probatório será aplicada pena de demissão em caso de:
I - falta que derive da violação às proibições contidas na Constituição e nas leis;
II - manifesta negligência no cumprimento dos deveres do cargo;
III - procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções; 54
IV - escassa ou insuficiente capacidade de trabalho;
V – procedimento.

37. Considerando os requisitos para registros estabelecidos em lei, julgue os seguintes


itens.
I - Efetua-se o registro do direito real de laje (livro 3) no registro de imóveis.
II - O cancelamento do registro de bem de família depende de autorização judicial.
III - A ausência de registro do valor ou de estimação da dívida não impede o registro de
escritura pública de hipoteca pelo oficial.
IV - Na expedição do mandado judicial de usucapião, não é obrigatório o registro da
nacionalidade do proprietário.
V - No registro da carta de arrematação, devem constar, além dos dados obrigatórios, a
data do trânsito em julgado e a natureza do processo.
Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e V.
(D) II, IV e V.
(E) III, IV e V.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
Os temas foram retirados do Código de Normas da Corregedoria, conteúdo enviado para
turma de reta final. No entanto, a questão acima apresentou um nível alto de dificuldade
em relação aos itens mesclados.
Os Itens II e V são corretos; os demais incorretos.
(ITEM I) INCORRETO. A questão é lamentável diante do tamanho da disciplina
trabalhada e pela peculiaridade, sem qualquer expressão exigida. A pegadinha estava
em não ser o livro 3, mas o livro 2. O examinador, neste ato, merece uma sonora vaia.
(ITEM II) CORRETO. Art. 530. O registro do bem de família observará a Lei de Registros
Públicos e o seu cancelamento ou sub-rogação dependerão de autorização judicial.
(ITEM III) INCORRETO. Art. 531. O oficial recusará pedido de registro de escritura pública
de hipoteca lavrada com o descumprimento do disposto no art. 1.424 do Código Civil e
se não expressar em valores o total da dívida ou sua estimação.
(ITEM IV) INCORRETO. É obrigatório o registro da nacionalidade. 55
(ITEM V) CORRETO. Art. 533. No registro de formal de partilha, carta de arrematação, carta
de adjudicação, além dos dados obrigatórios, constará o juízo que emitiu o documento, o
número e a natureza do processo, o nome do juiz e a data do trânsito em julgado.

39. São instrumentos que podem ser elaborados pelos juízes corregedores no
cumprimento das funções estabelecidas pelo cargo:
(A) manual, fluxograma e tabela de emolumentos.
(B) fluxograma, parecer e manual.
(C) manual, certidão e orientação.
(D) parecer, orientação e manual.
(E) fluxograma, manual e certidão.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
O assunto foi tratado no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça do
Maranhão, página 5 do material da turma de reta final.
Art. 7º No cumprimento de suas funções, os juízes corregedores e servidores
habilitados poderão elaborar parecer, fluxograma e manual:
I - parecer: é o instrumento para expor manifestação técnica ou jurídica sobre matéria
versada em processo administrativo;
II - fluxograma: é o instrumento que estabelece a forma de execução de processos de
trabalho expedida, conforme determinado na rotina administrativa geral;
III - manual: é o documento complementar ao fluxograma destinado a reunir
informações acerca de sistemas (software), produtos, serviços, informações a usuários
internos ou externos que, por razões de ordem prática ou técnica, devam permanecer
em separado.
Parágrafo único. O fluxograma e o manual, aprovados pelo corregedor-geral, deverão
ser amplamente divulgados.

39. Segundo o Regimento de Custas e Emolumentos do Estado do Maranhão, são isentos


de pagamento de custas
(A) as entidades fiscalizadoras do exercício profissional.
(B) as fundações que exploram atividade econômica.
(C) os autores nos processos de competência da justiça especial de que trata a Lei n.º
11.340/2006.
(D) os autores de ação coletiva, independentemente da constatação de litigância de má-
fé.
56
(E) os acidentados em ações de acidente de trabalho.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

A questão foi devidamente estudada, revisada, alertada, em material, videoaula e


revisão de véspera. Onde elencamos apenas 4 informações sobre a lei de custas e essa
era uma delas.

LEI DE CUSTAS E EMOLUMENTOS (slide do aulão de véspera)


40. De acordo com o Regimento de Custas e Emolumentos do Estado do Maranhão, é
correto afirmar que
(A) Serão cobrados emolumentos em ato refeito pelo notário, ainda que em razão de
erro notarial.
(B) É obrigatória a apresentação do documento com valor expresso em moeda corrente
nacional para o cálculo dos emolumentos no registro de atos pelo notário.
(C) A discriminação dos itens e subitens das tabelas é requisito obrigatório na elaboração
da conta de custas.
(D) Haverá restituição automática das custas quando ocorrer, de forma voluntária, a
transação do processo pelas partes.
(E) A desistência expressa das partes, em qualquer fase processual, não acarretará a
cobrança de custas.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

No aulão de véspera tratamos de itens da questão.

LEI DE CUSTAS E EMOLUMENTOS


57
Os artigos necessários para acerto item a item são os elencados abaixo.
Art. 8º É vedado a cobrança de emolumentos em decorrência da prática de ato retificado,
refeito ou renovado em razão de erro imputável aos respectivos notários e registradores.
Art. 10. Para o cálculo de emolumentos por atos praticados por notários e registradores
que envolvam documentos cujo valor esteja expresso em moeda estrangeira, converter-
se-á o total em moeda corrente nacional, obedecido o câmbio de compra do dia da
prática do ato. Art. 14. A conta de custas deverá ser feita de acordo com as tabelas desta
Lei, as quais serão interpretadas restritivamente, cancelando-se a distribuição do
processo, cujo autor não efetue o preparo no prazo de trinta dias.
§ 1º O PREPARO consistirá no recolhimento antecipado das CUSTAS e da TAXA
JUDICIÁRIA, salvo dispositivo de lei em contrário e por decisão fundamentada do juiz
diretor do fórum ou do juiz da causa.
§ 2º Na elaboração da conta de custas deverão ser discriminados todos os atos
praticados e os valores a eles atribuídos, bem como os números dos itens e subitens
das tabelas.
Art. 18. O abandono ou a desistência do processo e a transação que lhe ponha termo não
implicam em desoneração das custas devidas ou na restituição das recolhidas.
BLOCO II
DIREITO PENAL

41. O agente que imagina já ter obtido o resultado pensado por ele, sem tê-lo alcançado,
e, por isso, pratica outra conduta que efetivamente alcança o objetivo primário realiza
a conduta em dolo
(A) geral.
(B) de segundo grau.
(C) eventual.
(D) alternativo.
(E) cumulativo.
______________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.


58
Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado (dolo direto) ou
assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual).
Dolo direto (determinado ou imediato) - É a vontade dirigida especificamente à
produção do resultado típico (o dolo direto se subdivide em: dolo direto de primeiro
grau e dolo direto de segundo grau).
Dolo indireto (indeterminado) - Divide-se em dolo eventual e dolo alternativo.
- Dolo eventual (de consequências possíveis) – o agente direciona sua conduta à
produção de um resultado, mas assume o risco de causar um resultado diverso. Ex:
sujeito faz racha na via pública, assumindo o risco de atropelar pessoas
- Dolo alternativo – Significa a vontade de atingir, indistintamente, um ou outro
resultado (alternatividade objetiva) ou uma outra vítima (alternatividade subjetiva). Ex.:
agente agride a vítima, sendo-lhe indiferente se ocorrer lesão corporal ou morte. Nesse
caso, o agente deve responder pelo crime mais grave, pois abrangido por sua vontade.
Dolo genérico – o agente deseja praticar a conduta descrita no tipo, sem uma finalidade
específica. Ex.: matar alguém.
Dolo específico – o agente deseja praticar a conduta visando a uma finalidade específica,
que é elementar do tipo penal. Ex.: art. 159. Na verdade, trata-se de uma linguagem
causalista e desatualizada. No finalismo, fala-se apenas em elemento subjetivo do tipo
Dolo de 1º grau – vontade de um produzir um determinado resultado, sem outras
consequências.
Dolo de 2º grau – vontade de atingir um determinado resultado, sabendo, de antemão,
que ocorrerão outros resultados como consequência necessária da conduta (efeitos
colaterais). Ex.: traficante coloca bomba em avião para matar seu inimigo, sabendo que,
na explosão, o piloto e os passageiros também morrerão.
Dolo cumulativo - Significa que o agente tem a vontade de atingir um determinado
resultado, evoluindo, em seguida, para a vontade de atingir outro resultado. Ex.: rouba
a vítima, depois decide estuprá-la. Responderá conforme as regras de concurso de
crimes.
O enunciado da questão traz situação pela qual o autor do dano quis causar um
resultado (dolo genérico, geral), porém, ao pensar que não conseguiu realizar a conduta,
maneja outra conduta a fim de atingir esse resultado imediatamente/primariamente
querido. O fato do agente acreditar não ter conseguido o resultado almejado com a
primeira conduta, não descaracteriza o dolo geral, consistente na realização do
resultado primário.
Correta, pois, a alterativa “A”.

42. Visando furtar uma residência, um indivíduo pulou o muro que a circunda e a
invadiu. Antes de levar consigo os bens que já tinha separado na residência, ele ouviu o
barulho de pessoas na calçada, que estavam suspeitando da ocorrência de algo errado
na residência, motivo pelo qual fugiu do local, para não ser capturado. Nessa situação 59
hipotética, a conduta do indivíduo
(A) configura furto qualificado tentado.
(B) não configura nenhum crime, em razão da desistência voluntária.
(C) configura furto simples tentado.
(D) configura violação de domicílio na forma consumada.
(E) configura furto simples tentado em concurso com a violação de domicílio na forma
consumada

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Furto qualificado: Art. 155. § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Tentativa: “Art. 14, II – Diz-se o crime: (...) tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”.
O enunciado da questão traz situação na qual o agente efetivamente pulou o muro da
residência a fim de furtar os objetos do local, o que só não foi possível por circunstâncias
alheias à sua vontade (ouviu barulhos na calçada e fugiu para não ser preso), o que
configura furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa, porém,
tentado haja vista não ter efetivamente conseguido levar consigo os objetos do local.
Não se trata de desistência voluntária, pois nesta o agente desiste de prosseguir na
execução, por razões inerentes à sua vontade, ou seja, livre de coação. Não precisa ser
espontânea, bastando que seja voluntária.
Também não se trata arrependimento posterior, pois neste o agente pratica todos os
atos executórios suficientes à consumação do crime. No entanto, antes que a
consumação ocorra, por meio de providências aptas, ele voluntariamente impede a
ocorrência do resultado naturalístico.
Tampouco trata-se de violação de domicílio, haja vista que a intenção do agente é o dolo
de furtar objetos, o que configura a conduta específica do artigo 155 do CP e absorve o
delito da violação do domicílio (crime fim absorve o crime meio).
Correta, pois, a alterativa “A”.
60
43. Assinale a opção que indica a teoria segundo a qual a conduta é um movimento
corporal voluntário, sem finalidade específica, que produz uma modificação no mundo
exterior perceptível pelos sentidos.
(A) teoria funcionalista radical
(B) teoria causalista
(C) teoria finalista
(D) teoria social da ação
(E) teoria funcionalista moderada

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Conceito de conduta na ótica causalista: Conduta é o movimento corporal voluntário


gerador de uma modificação no mundo exterior, passível de ser percebida pelos
sentidos (observação da conduta apenas por meio dos sentidos). A conduta é produto
da vontade, esta, porém, não está associada à finalidade do agente.
A vontade, na perspectiva causalista, é composta pelo aspecto externo, ou seja, o
movimento corporal do agente - que decorre da enervação muscular, e que provoca
modificação no mundo exterior.
O aspecto interno – consistente na vontade de fazer ou não fazer (conteúdo final da
ação) é analisada, tão somente, quando do estudo do terceiro substrato do crime, na
culpabilidade.
Segundo os causalistas, a culpabilidade (denominada culpabilidade psicológica) era
conceituada como o nexo psíquico entre o autor e o resultado. Este substrato do crime
tinha, em sua composição, apenas dois elementos: a imputabilidade e o dolo ou culpa
(culpabilidade dolosa ou culpabilidade culposa).
Por fim, os adeptos da teoria consideravam normal o tipo penal composto somente de
elementos objetivos/descritivos (anormal seria o tipo composto também de elementos
normativos/subjetivos).
Correta, pois, a alterativa “B”.

44. Considere que, ao praticar roubo em um ônibus, o agente tenha submetido ao ato
três vítimas, uma sucessivamente à outra, encerrando toda a sua ação ao saltar pela
janela do veículo. Nesse caso, houve
(A) roubo na forma de crime continuado.
61
(B) concurso material heterogêneo de crimes.
(C) roubo na forma de crime único.
(D) concurso material homogêneo de crimes.
(E) concurso formal de crimes

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Roubo e concurso de crimes


a) Agente emprega grave ameaça contra 1 pessoa e subtrai o seu patrimônio - 1 roubo.
b) Agente emprega grave ameaça contra 2 ou mais pessoas e subtrai o patrimônio de 1
pessoa - 1 roubo.
Na jurisprudência: “No delito de roubo, se a intenção do agente é direcionada à
subtração de um único patrimônio, estará configurado um único crime, ainda que, no
modus operandi, seja utilizada violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa”
(STJ, AgRg no REsp 1490894 / DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª T., j. 10/02/2015,
v.u.).
c) Agente emprega grave ameaça contra 1 pessoa e subtrai o patrimônio de 2 ou mais
pessoas - O sujeito entra no ônibus e, com arma de fogo em punho, exige que seis
passageiros entreguem seus pertences. O agente irá responder por seis roubos
majorados (art. 157, § 2º-A, I, do CP) em concurso formal (art. 70). Segundo a
jurisprudência majoritária, por razões de política criminal, consiste em concurso formal
próprio. “Praticado o crime de roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas, no
mesmo contexto fático,resta configurado o concurso formal próprio, e não a hipótese
de crime único, visto que violados patrimônios distintos”. (STJ. 5ª Turma. HC
455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2018).
d) Agente, no mesmo contexto fático, emprega grave ameaça contra 2 ou mais pessoas
e subtrai o patrimônio de 2 ou mais pessoas - 2 ou mais roubos em concurso formal
(são 2 ou mais patrimônios lesados). Nesse sentido: “É assente neste Tribunal Superior
que, praticado o crime de roubo mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, não
há se falar em crime único, mas sim em concurso formal, visto que violados patrimônios
distintos” (STJ, HC 405122/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª T., j.
26/09/2017, v.u.).
Correta, pois, a alterativa “E”.

45. Com relação aos crimes contra a honra, assinale a opção correta.
(A) Admite-se a configuração de injúria contra pessoa jurídica.
(B) A imunidade material dos vereadores pelos discursos que proferem restringe-se aos
dizeres emanados por eles nos limites do município onde possuem mandato, além de 62
ter estrita pertinência com o exercício do mandato.
(C) A intenção de caçoar da vítima é suficiente para a configuração da difamação.
(D) A imputação de um fato que não seja verdadeiro é pressuposto da difamação.
(E) Tanto a calúnia quanto a difamação exigem resultado material.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
Conceito de honra - Honra é um conjunto de atributos inerentes à personalidade,
relacionados a aspectos de valor individual e social, tanto de ordem moral, quanto
intelectual e física. Trata-se de bem jurídico de estatura constitucional, assim
estabelecendo o art. 5º, inciso X, da Carta Magna:
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”.
Qual a diferença entre honra objetiva e subjetiva?
Honra objetiva – Reputação que determinado indivíduo ostenta perante a sociedade
(como é visto no meio social). Trata-se do julgamento que as pessoas fazem sobre
alguém. Os crimes de calúnia e difamação atacam a honra objetiva. Consequências:
- Os delitos que ofendem a honra objetiva se consumam quando terceira pessoa toma
conhecimento da imputação. (calúnia e difamação)
- Em regra, admitem retratação (entende-se que quando o agente se retrata, é ele quem
perde credibilidade, quem passa por mentiroso, ficando restaurada a honra da vítima).
Honra subjetiva – Conceito que alguém tem de si mesmo, relacionada à dignidade e ao
decoro (em outras palavras, é o sentimento de autoestima e amor-próprio). A honra
divide-se, portanto, em honra-dignidade e honra-decoro. A primeira, é o conjunto de
qualidades morais do indivíduo; a segunda, é o conjunto de qualidades físicas e
intelectuais. A injúria viola a honra subjetiva. Consequências:
- A consumação se dá quando a própria vítima toma conhecimento do que foi falado.
- Não admite retratação (o prejuízo à autoestima já ocorreu com a ofensa).
- pessoa jurídica – prevalece que não pode figurar como vítima de injúria, pois sua
existência é incompatível com a honra subjetiva (amor próprio ou autoestima).
Tipicidade e Elemento Subjetivo
nos crimes contra a honra, além do dolo, deve estar presente um especial fim de agir,
consistente no ânimo de ofender a honra do indivíduo. Assim, a mera intenção de
caçoar (animus jocandi), de narrar (animus narrandi), de defender (animus
defendendi), de informar ou aconselhar (animus consulendi), de criticar (animus
criticandi) ou de corrigir (animus corrigendi) exclui o elemento subjetivo e, por
conseguinte, afasta a tipicidade desses crimes (RHC 56482/SC). Além disso, devemos 63
lembrar que não há crime culposo contra a honra.

Ademais, conforme a jurisprudência do STF (INF 775): CONSTITUCIONAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. INVIOABILIDADE CIVIL DAS OPINIÕES, PALAVRAS E VOTOS DE
VEREADORES. PROTEÇÃO ADICIONAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO. AFASTAMENTO DA
REPRIMENDA JUDICIAL POR OFENSAS MANIFESTADAS NO EXERCÍCIO DO MANDATO E
NA CIRCUNSCRIÇÃO DO MUNICÍPIO.
Correta, pois, a alterativa “B”.
46. No crime tipificado no artigo 33 da Lei n.º 11.343/2006, o fato de o agente admitir
que possuía a droga no momento da apreensão pela polícia, sem, contudo, confessar
que a droga era para eventual prática de tráfico de drogas,
(A) constitui atenuante penal.
(B) não constitui nenhuma circunstância que altere a pena.
(C) constitui causa de diminuição de pena.
(D) constitui agravante penal.
(E) constitui outro tipo penal.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Súmula 630 do STJ: “A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de


tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado,
não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”.

Desta forma, se o agente admite que possuía drogas, porém, não confessa que é para o 64
tráfico ilícito de entorpecentes, não poderá ser beneficiado pela confissão espontânea
– majorante prevista no artigo 65, III, d, do CP (utilizada na segunda fase da dosimetria
da pena).
Correta, pois, a alterativa “B”.

47. Durante o período de um ano, o prefeito de um município do estado do Maranhão


utilizou, em proveito próprio, quatro computadores de última geração, de propriedade
da prefeitura, que haviam sido adquiridos para uso da Secretaria de Educação. Durante
todo esse período, tais equipamentos foram utilizados por ele e sua família. Nessa
situação hipotética, a conduta do prefeito
(A) é atípica.
(B) configura peculato.
(C) configura uma forma de peculato de uso prevista no Decreto-lei n.º 201/1967.
(D) configura corrupção passiva.
(E) configura excesso de exação.
______________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
O assunto foi devidamente tratado no VADEMEGE, bloco II (p.90) da turma de reta
final TJMA.

Os prefeitos devem observar o estatuto penal próprio para crimes e infrações político-
administrativas. O Decreto-lei nº 201/67 estipula como crime funcional dos prefeitos
municipais, no art. 1º, inciso I, a apropriação de bens ou rendas públicas, ou seu desvio
em proveito próprio ou alheio.
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito
próprio ou alheio.
Correta, pois, a alterativa “C”.

48. Segundo a legislação brasileira, omitir, de forma culposa, do rótulo de determinado


produto dizeres sobre a sua nocividade consiste em
(A) crime contra a incolumidade pública.
65
(B) conduta atípica.
(C) crime contra a economia popular.
(D) crime contra a pessoa.
(E) crime contra as relações de consumo

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Código de defesa do consumidor:
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou
periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
recipientes ou publicidade:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante
recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço
a ser prestado.
§ 2° Se o crime é culposo:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Correta, pois, a alterativa “E”.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

49. Em relação aos sistemas processuais penais e aos seus princípios reitores, assinale a
opção correta.
(A) A efetividade da repressão criminal do sistema acusatório cabe especialmente ao
órgão julgador, responsável pela aplicação da pena no caso concreto.
(B) No sistema acusatório, o legislador admite que a imparcialidade judicial esteja
comprometida com um objetivo considerado mais importante.
(C) O modelo ideal de sistema acusatório é previsto em instrumento normativo
internacional, a partir de critérios uniformes definidos pela doutrina processual.
(D) A crítica ao sistema inquisitivo está relacionada à sua falta de rigor quanto à certeza
de repressão dos fatos contrários à ordem social.
(E) A decisão sobre o sistema que deverá ser implantado em determinado país
pressupõe uma definição prévia, por parte do legislador, de alguns critérios de política
criminal, entre os quais está o grau de eficiência da repressão.

RESPOSTA: E 66
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
Trata-se de uma característica do sistema inquisitivo, e não do acusatório, segundo
Mauro Fonseca Andrade.
(B) INCORRETA.
Trata-se de uma característica do sistema inquisitivo, e não do acusatório, segundo
Mauro Fonseca Andrade.
(C) INCORRETA.
Segundo Mauro Fonseca Andrade, inexiste um modelo ideal e uniforme dos sistemas
processuais penais definidos pela doutrina processual, e esse é justamente um dos
problemas no estudo do assunto. Cada autor acaba por criar seus próprios tipos ideias
pessoais e decidir, de acordo com seus próprios critérios, o que é bom e o que é ruim
em âmbito processual, reunindo, em um tipo ideal, somente as características que
supõem ser positivas ou negativas, relacionadas ao objeto por eles analisado.
(D) INCORRETA.
Trata-se de uma característica do sistema inquisitivo, e não do acusatório, segundo
Mauro Fonseca Andrade.
(E) CORRETA.
Segundo Mauro Fonseca Andrade (2008, p. 437-439):
Por outro lado, quando o legislador se decide por definir o sistema de processo penal a
implantar em seu país, três critérios de política criminal são por ele considerados, a
saber: a) o grau de imparcialidade que se atribuirá aos juízes criminais; b) o grau de
eficiência de sua repressão criminal; e c) o grau de tecnicidade de sua repressão
criminal, de modo a ajustá-la aos postulados da ciência processualista atual2. (grifo
nosso).

50. No que diz respeito à prova no processo penal, assinale a opção correta.
(A) O teor dos documentos particulares será submetido a exame pericial, quando
contestada a sua veracidade.
(B) A prova documental no processo penal deve ser produzida no momento próprio, sob
pena de preclusão.
(C) Caso tenha notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da
acusação ou da defesa, o juiz deverá providenciar, se possível, a sua juntada aos autos,
independentemente de requerimento de qualquer das partes.
(D) Os documentos originais juntados a processo findo poderão ser entregues à parte
que os produziu, independentemente de traslado, quando não existir motivo relevante
que justifique a sua conservação nos autos. 67
(E) As cartas particulares poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário,
para a defesa de seu direito, desde que mediante consentimento do signatário.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
O assunto foi devidamente tratado nas videoaulas na remessa 5 da turma de reta final
TJMA.

(A) INCORRETA.
CPP, Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame
pericial, quando contestada a sua autenticidade.
(B) INCORRETA.
CPP, Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar
documentos em qualquer fase do processo.
(C) CORRETA.

2
ANDRADE, Mauro Fonseca. Sistemas Processuais Penais e seus Princípios Reitores. Curitiba: Juruá,
2008
CPP, Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto
relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.
(D) INCORRETA.
CPP, Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista
motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante
requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu,
ficando traslado nos autos.
(E) INCORRETA.
CPP, Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos,
não serão admitidas em juízo.
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário,
para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário.

51. De acordo com o Código de Processo Penal, preenchidas as condições legais e


apresentada prova idônea, o juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for
(A) maior de 70 anos.
(B) imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 8 anos.
68
(C) agente de força de segurança, salvo se a infração envolver violação de dever
funcional ou violência.
(D) gestante, independentemente do estágio da gravidez.
(E) homem, caso seja o único responsável pelos cuidados de filho de até 14 anos de
idade incompletos.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

Questão tratada na Mega Revisão de véspera!

CPP, Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou
com deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos
de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.

52. Considerando as disposições do Código de Processo Penal relativas à audiência de


instrução e julgamento no procedimento comum ordinário, assinale a opção correta.
(A) A inquirição das testemunhas de acusação precede a das testemunhas de defesa e a
tomada de declarações do ofendido.
(B) Produzidas todas as provas em audiência, as partes poderão requerer diligências
ensejadas por fatos apurados na instrução no prazo máximo de 24 horas.
(C) Poderão ser inquiridas até oito testemunhas da defesa e oito da acusação, não
devendo ser computadas nesse número as que não prestem compromisso e as que
tenham sido referidas.
(D) A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, desde
que a outra parte concorde.
(E) Caso não haja requerimento de diligências ou caso este seja indeferido, serão
oferecidas alegações finais, pela acusação, pelo prazo de 10 minutos, tendo a defesa
idêntico período para apresentar seus argumentos. 69
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
CPP, Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
acusado.
(B) INCORRETA.
CPP, Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o
querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja
necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.
(C) CORRETA.
CPP, Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas
pela acusação e 8 (oito) pela defesa.
§ 1o Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as
referidas.
(D) INCORRETA.
Não é necessária a concordância da parte contrária (princípio da comunhão da prova).
CPP, Art. 401. (...) § 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das
testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código.
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
indicadas pelas partes.
(E) INCORRETA.
CPP, Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão
oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação
e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.

53. O Ministério Público ofereceu denúncia contra João e Francisco, imputando-lhes a


prática do crime de homicídio qualificado por motivo fútil. Após a pronúncia, eles foram
submetidos a julgamento pelo tribunal do júri. Nessa situação hipotética,
(A) o conselho de sentença formado para o julgamento de João e Francisco poderá
conhecer de outro processo no mesmo dia, desde que haja aceitação das partes e seja
prestado novo compromisso.
(B) o conselho de sentença deverá responder a quesito sobre agravantes e atenuantes
sustentadas em plenário após o reconhecimento da materialidade e da autoria do fato,
70
bem como da incidência de circunstância qualificadora.
(C) a separação dos julgamentos deverá ser feita se, devido a recusas, não for possível
compor o conselho de sentença com o mínimo de sete jurados, situação em que o
acusado mais velho deverá ser julgado primeiro, a fim de minimizar o risco de prescrição.
(D) o Ministério Público terá, nos debates, o prazo máximo de uma hora e meia para
sustentar a acusação, e a defesa disporá do mesmo tempo para expor as suas teses.
E ao membro do Ministério Público são vedadas, durante os debates, a leitura de jornais
ou a exibição de vídeos, com a finalidade de convencer os jurados da tese acusatória.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

Questão tratada no material de Processo Penal da Reta Final TJ-MA!

(A) CORRETA.
CPP, Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer de mais de um
processo, no mesmo dia, se as partes o aceitarem, hipótese em que seus integrantes
deverão prestar novo compromisso.
(B) INCORRETA.
Não se quesita atenuante e agravante.
CPP, Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre:
I – a materialidade do fato;
II – a autoria ou participação;
III – se o acusado deve ser absolvido;
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na
pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos
nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do
acusado.
§ 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos
incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação:
O jurado absolve o acusado?
§ 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo ser
formulados quesitos sobre:
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
71
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na
pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
(C) INCORRETA.
CPP, Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por
um só defensor.
§ 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for
obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença.
§ 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em primeiro lugar o
acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de co-autoria, aplicar-se-á
o critério de preferência disposto no art. 429 deste Código.
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos,
terão preferência:
I – os acusados presos;
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão;
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.
(D) INCORRETA.
CPP, Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para
cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. (Redação dada
pela Lei nº 11.689, de 2008)
(...)
§ 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa será
acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o
disposto no § 1o deste artigo.
(E) INCORRETA.
É possível, desde que juntado dentro do prazo.
CPP, Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a
exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima
de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou
qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos,
quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a
matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.

54. Pedro foi denunciado e condenado pela prática de crime de menor potencial
ofensivo cujo julgamento é de competência da justiça estadual. Assistido por advogado 72
particular, ele interpôs apelação, à qual foi negado provimento. O advogado de Pedro
impetrou, então, habeas corpus contra essa última decisão. Considerando essa situação
hipotética, assinale a opção em que é apresentado o prazo correto para a interposição
da apelação e o órgão judiciário competente para o julgamento do habeas corpus.
(A) dez dias – Superior Tribunal de Justiça
(B) cinco dias – tribunal de justiça
(C) dez dias – tribunal de justiça
(D) dez dias – turma recursal
(E) cinco dias – Superior Tribunal de Justiça

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
O assunto foi devidamente tratado na rodada 3 da turma de reta final TJMA.

Lei nº 9.099/95, Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença


caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença
pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão
as razões e o pedido do recorrente.
A Súmula 690 do STF, que diz “compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o
julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais
criminais”, está superada!
No HC 86.834-7/SP (23/08/2006), o STF alterou seu entendimento sobre o tema e
decidiu que a competência para julgar HC impetrado contra ato da Turma Recursal é
do Tribunal de Justiça (se for turma recursal estadual) ou do Tribunal Regional Federal
(se a turma recursal for do JEF).

55. Felipe, maior de 21 anos de idade, primário e sem antecedentes, foi condenado a
cumprir pena de 4 anos e 8 meses de reclusão em regime inicial semiaberto, em razão
da prática do crime de roubo simples. Durante a ação penal, ele permaneceu preso
preventivamente por 6 meses. Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, caso o tempo de prisão não tenha sido considerado para a
definição do regime inicial,
(A) não haverá vício na sentença, já que o tempo de custódia cautelar não seria
suficiente para autorizar a progressão ao regime aberto.
(B) não haverá vício na sentença, uma vez que o tempo de custódia cautelar deverá ser 73
examinado pelo juízo da execução para fins de definição do regime inicial.
(C) haverá vício na sentença, uma vez que o tempo de custódia cautelar seria suficiente
para autorizar a progressão ao regime aberto.
(D) haverá vício na sentença, haja vista que o tempo de custódia cautelar seria suficiente
para o estabelecimento do regime inicial aberto.
(E) não haverá vício na sentença, já que o tempo de custódia cautelar seria insuficiente
para o estabelecimento do regime inicial aberto.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Expedida guia de execução provisória, se assim entender conveniente e pertinente, a
defesa poderá pleitear ao juízo da execução a aplicação da detração penal, nos termos
da al. c do inc. III do art. 66 da Lei de Execução Penal. (...) No julgamento de processo
análogo, Habeas Corpus n. 172.578/RN, o Ministro Edson Fachin assentou que
“eventual detração não implicaria automaticamente a adoção de regime mais brando,
tendo em vista que a análise do regime inicial de cumprimento de pena deverá ser
feita com observância dos critérios previstos no art. 59 do Código Penal, conforme
dispõe o art. 33, § 3º, do CP” (DJe 27.6.2019). STF. 2ª Turma. A G .REG. NO HABEAS
CORPUS 185.476 SÃO PAULO. 16/06/2020.
DIREITO CONSTITUCIONAL

56. No tocante ao neoconstitucionalismo, ao conceito de Constituição e às normas


constitucionais, assinale a opção correta.
(A) O neoconstitucionalismo está associado a diversos fenômenos reciprocamente
implicados, seja no campo empírico, seja no plano da dogmática jurídica, como
reconhecimento da força normativa dos princípios jurídicos e da separação entre o
direito e a moral.
(B) A Constituição Federal de 1988 é considerada exemplo típico de constituição
compromissória, uma vez que, na constituinte, houve a atuação das mais diversas forças
políticas, inspiradas em diferentes ideologias.
(C) Nas constituições flexíveis, o conflito entre a norma constitucional anterior e a lei
superveniente resolve-se não pelo critério hierárquico, mas pelo critério de
especialidade.
(D) Prevalece a adoção da teoria da dupla revisão no sistema constitucional brasileiro.
(E) No sentido sociológico, a constituição é entendida como a decisão política
fundamental do titular do poder constituinte.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
74
O assunto foi devidamente comentado no ponto 01 de Direito Constitucional do
material do clube da magistratura 2022.

(A) INCORRETA.
A assertiva se equivoca ao dizer que existe separação entre o direito e a moral. O
neoconstitucionalismo é uma nova forma de se interpretar o Direito, que aproximado
da Moral, passa a contemplar juízos de valor com a finalidade de preservar, garantir e
promover os direitos fundamentais, que por estarem prescritos em regras ou princípios
constitucionais faz com que o Direito Constitucional se aloque no centro do sistema
jurídico irradiando sua forma normativa.
(B) INCORRETA.
No sentido sociológico, a Constituição, segundo a conceituação de Lassalle, seria a
somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.
(C) INCORRETA.
A assertiva se equivoca ao dizer que nas constituições flexíveis, o conflito entre a
norma constitucional anterior e a lei superveniente resolve-se não pelo critério
hierárquico. Flexíveis são aquelas Constituições que não possuem um processo
legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das
normas infraconstitucionais. A dificuldade em alterar a Constituição é a mesma
encontrada para alterar uma lei que não é constitucional.
(D) INCORRETA.
O Brasil não adotou a teoria da dupla revisão, sendo inclusive entendido como uma
limitação implícita ao poder de reforma constitucional.
(E) CORRETA.
Constituições pluralistas ou compromissórias são aquelas que possuem normas
inspiradas em ideologias diversas. Geralmente resultam de um compromisso entre os
diversos grupos participantes do momento constituinte.

57. Assinale a opção correta acerca dos direitos e das garantias fundamentais, conforme
as disposições constitucionais e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
(A) A cláusula de proibição de retrocesso social, também chamada de efeito cliquet, não
se aplica aos direitos individuais.
(B) A incidência da estabilidade gestacional à empregada gestante, prevista no Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, exige, como único requisito, o prévio
conhecimento do empregador acerca da gravidez antes da dispensa arbitrária.
(C) O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras não pode ter natureza
confessional.
75
(D) A garantia constitucional da gratuidade de ensino obsta a cobrança, por
universidades públicas, de mensalidade em cursos de pós-graduação.
(E) A publicação de informações, ainda que falsas, em veículos de comunicação social
está assegurada pela liberdade de imprensa.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO. O assunto foi devidamente tratado na rodada 3 da


turma de reta final TJMA.

A assertiva apontada como correta está em contradição com a jurisprudência do STF:


A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por
universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização.
STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017
(repercussão geral) (Info 862).

58. A respeito da organização político-administrativa do Estado brasileiro, assinale a


opção correta.
(A) A formação da Federação brasileira resultou de um movimento centrípeto, de fora
para dentro, a partir da união de vários Estados soberanos.
(B) É inconstitucional lei estadual que autorize a comercialização de bebidas alcoólicas
em eventos esportivos, pois tal medida invade a competência da União para o
estabelecimento de normas gerais sobre consumo e desporto.
(C) Constituição estadual pode prever hipóteses de intervenção estadual diferentes
daquelas que são previstas no art. 35 da Constituição Federal de 1988, uma vez que o
rol estabelecido na Carta Magna é exemplificativo.
(D) É inconstitucional lei estadual que obrigue a divulgação, em jornais e programas
televisivos, de fotos de crianças desaparecidas.
(E) É constitucional lei estadual que proíba que os prestadores de serviço público de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário inscrevam os usuários
inadimplentes no SPC/SERASA.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O julgado que é a resposta correta da questão foi abordado dentro do material de


julgados selecionados do STF 2022 dentro da Turma TJMA, pag.13.

(A) INCORRETA.
76
No Brasil a formação do federalismo resultou de um movimento centrífugo, de dentro
para fora, ou seja, um Estado unitário centralizado descentralizando-se.
(B) INCORRETA.
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas nas
arenas desportivas e nos estádios. Trata-se de legislação sobre consumo, matéria de
competência concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6195, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 27/03/2020.
(C) INCORRETA.
É inconstitucional lei estadual que vede a inscrição em cadastro de proteção ao crédito
de usuário inadimplente dos serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário. STF. Plenário. ADI 6668/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/2/2022
(Info 1043).
(D) CORRETA.
É inconstitucional lei estadual que fixe a obrigatoriedade de divulgação diária de fotos
de crianças desaparecidas em noticiários de TV e em jornais de estado-membro. STF.
Plenário. ADI 5292/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2022 (Info 1048).
(E) INCORRETA.
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes
daquelas que são elencadas no art. 35 da Constituição Federal.
As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88 são taxativas. STF.
Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

59. Acerca dos poderes da República, assinale a opção correta.


(A) Governador pode ser obrigado a depor em Comissão Parlamentar de Inquérito
instaurada no Congresso Nacional, desde que a finalidade seja tratar de fatos que
afetem o interesse da União.
(B) A imposição a parlamentares municipais de medidas cautelares de afastamento de
suas funções legislativas por determinação de juiz de primeiro grau condiciona-se à
prévia deliberação da câmara de vereadores competente.
(C) Compete à justiça federal de primeiro grau, e não ao Supremo Tribunal Federal,
julgar ações ordinárias para impugnar atos do Conselho Nacional de Justiça.
(D) É necessária prévia autorização da assembleia legislativa do estado para que
governador de estado seja processado por crime comum no Superior Tribunal de Justiça.
(E) Em caso de nova legislatura, é possível a recondução dos presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente.
77
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O julgado que é a resposta correta da questão foi abordado dentro do material de


julgados selecionados do STF 2020 e 2021 dentro da Turma TJMA, pag. 41.

(A) INCORRETA.
É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares
municipais as medidas cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem
necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação.
STJ. 5ª Turma. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
07/11/2017 (Info 617).
(B) INCORRETA.
Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF
processar e julgar, originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do
Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercício de suas competências constitucionais,
respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88. STF. Plenário.
Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
(C) INCORRETA.
É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de
ação penal contra o governador por crime comum à prévia autorização da casa
legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dispor fundamentadamente
sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive o afastamento do cargo. STF.
Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
(D) INCORRETA.
Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de estados-
membros da Federação por Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo
Senado Federal. A convocação viola o princípio da separação dos Poderes e a autonomia
federativa dos estados-membros. STF. Plenário. ADPF 848 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 25/6/2021 (Info 1023).
(E) CORRETA.
É possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
em caso de nova legislatura. STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 14/12/2020 (Info 1003).

60. A respeito do sistema constitucional de crises e da defesa do Estado e das


instituições democráticas, assinale a opção correta.
(A) As imunidades de deputados ou senadores serão suspensas durante o estado de 78
sítio, dada a excepcionalidade da medida.
(B) No estado de sítio, é constitucional a determinação, pelo presidente da República,
de restrição à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão.
(C) O estado de defesa somente poderá ser decretado após voto da maioria absoluta do
Congresso Nacional.
(D) O estado de defesa pode ser deflagrado em resposta a agressão armada estrangeira.
(E) Durante o estado de defesa, a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá
ultrapassar quinze dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente comentado no ponto 08 de Direito Constitucional do


material do clube da magistratura 2022.1 pag. 66.

(A) INCORRETA.
Em regra, as imunidades parlamentares subsistirão durante todo estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva,
nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam
incompatíveis com a execução da medida. (Art. 53, §8º, CF/88).
(B) CORRETA.
Art. 139, CF/88. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137,
I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: III - restrições
relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
(C) INCORRETA.
O congresso nacional será ouvido após a decretação do estado de defesa.
Art. 136, § 4º, CF/88. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da
República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
(D) INCORRETA.
Trata-se do Estado de Sítio.
Art. 137, CF/88. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar
o estado de sítio nos casos de: II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira.
(E) INCORRETA.
O prazo correto é de 10 (dez) dias.
79
Art. 136, §3º, III, CF/88 - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;

61. Em relação ao controle de constitucionalidade, à súmula vinculante e à


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a opção correta.
(A) A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) não é instrumento
eficaz de controle da inconstitucionalidade por omissão.
(B) O efeito vinculante em ação direta de inconstitucionalidade (ADI) e em ação
declaratória de constitucionalidade (ADC) não atinge o Poder Legislativo no exercício de
sua função típica de legislar, em observância à proibição de fossilização constitucional.
(C) O defensor público-geral da União não tem legitimidade para propor nem ação direta
de inconstitucionalidade (ADI), nem a edição, a revisão ou o cancelamento de súmula
vinculante.
(D) Exige-se a observância da cláusula de reserva de plenário nas hipóteses em que o
tribunal decida pela não recepção de determinada norma pré-constitucional.
(E) Não cabe ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra lei que viole a Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, por esta possuir status
normativo supralegal.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 6 da turma de reta final TJMA.

(A) INCORRETA.
A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz
de controle da inconstitucionalidade por omissão. A ADPF pode ter por objeto as
omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas ou não normativas, nas
mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em geral do poder público,
desde que essas omissões se afigurem lesivas a preceito fundamental, a ponto de obstar
a efetividade de norma constitucional que o consagra. STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2021 (Info 1011).
(B) CORRETA.
A declaração de inconstitucionalidade proferida em controle concentrado não atinge o
Poder Legislativo na sua função típica de legislar sob pena de “fossilização” da
Constituição (LENZA, 2022, p. 905).
(C) INCORRETA.
O DPGU possui legitimidade para propor revisão e cancelamento de súmula
vinculante.
Art. 3º, LEI Nº 11.417/06. São legitimados a propor a edição, a revisão ou o
80
cancelamento de enunciado de súmula vinculante: VI - o Defensor Público-Geral da
União;
(D) INCORRETA.
A mitigação da cláusula de reserva de plenário vem sendo observada em outras
situações. Em conclusão, não há a necessidade de se observar a regra do art. 97, CF/88:
nos casos de normas pré-constitucionais, porque a análise do direito editado no
ordenamento jurídico anterior em relação à nova Constituição não se funda na teoria
da inconstitucionalidade, mas, como já estudado, em sua recepção ou revogação;
(LENZA, 2022, p. 537-538).
(E) INCORRETA.
No Brasil, à Convenção foi conferido status de emenda constitucional, por ter sido
aprovada com o quórum qualificado previsto no §3º do art. 5º da Constituição da
República de 1988, por meio do Decreto Legislativo nº 186/2008.

62. Com base nas disposições da Constituição do Estado do Maranhão, assinale a opção
correta.
(A) O Tribunal de Justiça do Maranhão poderá designar juiz itinerante para atuar, por
tempo indeterminado, em questões de atentados graves ao meio ambiente e no auxílio
a comarcas com serviços congestionados ou desprovidos de titulares.
(B) É vedada, a qualquer título, a alienação ou cessão de bens pertencentes ao
patrimônio estadual nos últimos seis meses de mandato do governador do estado.
(C) O defensor público-geral do estado somente poderá ser exonerado, de ofício, antes
do término do seu mandato, pela deliberação da maioria absoluta do Conselho Superior
da Defensoria Pública.
(D) Na composição do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, quatro integrantes
são indicados pela Assembleia Legislativa.
(E) O procurador-geral do estado do Maranhão tem legitimidade para propor ação direta
de inconstitucionalidade contra ato normativo do município de São Luís contestado em
face da Constituição do Estado do Maranhão.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

A Constituição Estadual do MA foi devidamente destacada no VADEMEGE (volume 2),


nossos artigos selecionados auxiliaram na análise dos itens dessa questão.

(A) INCORRETA.
Art. 73 – O Tribunal de Justiça poderá designar juiz itinerante para questões de
atentados graves ao meio ambiente, auxílio em comarcas com serviços congestionados
ou desprovidos de titulares, por tempo determinado.
81
(B) INCORRETA.
Art. 15 – É vedada, a qualquer título, a alienação ou cessão de bens pertencentes ao
patrimônio estadual nos últimos 03 (três) meses de mandato do Governador do Estado.
(modificado pela Emenda à Constituição nº 078 de 10/08/2018)
(C) INCORRETA.
Art. 110 – A Defensoria Pública tem como chefe o Defensor Público-Geral, nomeado
pelo Governador do Estado, dentre os integrantes da carreira maiores de 30 (trinta)
anos, escolhidos em lista tríplice, mediante eleição de todos os membros da carreira da
Defensoria Pública, para mandato de dois anos, permitida uma recondução, e a ele são
assegurados os mesmos direitos, prerrogativas e vencimentos de Secretário do Estado
ou ocupante de cargo equivalente. (modificado pela Emendas à Constituição nº 23, nº
24 e nº 58, de 4/12/2009).
Parágrafo único – O Defensor Público-Geral somente poderá ser exonerado, de ofício,
antes do término do seu mandato, pela deliberação da maioria absoluta da Assembleia
Legislativa, na forma da lei complementar respectiva
(D) CORRETA.
Art. 31 – É da competência exclusiva da Assembleia Legislativa: XII – escolher quatro
membros do Tribunal de Contas do Estado; (modificado pelas Emendas à Constituição
nº 09 e nº 28, de 28/03/2000).
(E) INCORRETA.
Art. 104 – À Procuradoria-Geral do Estado compete, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas por lei, especialmente: I – a unificação da jurisprudência administrativa
do Estado;82 65 II – a realização de processos administrativos disciplinares nos casos
previstos em lei; III – a representação dos interesses da administração pública estadual
perante o Tribunal de Contas do Estado.
Obs: todos os artigos se referem à Constituição Estadual do Maranhão.

63. De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal acerca da ordem econômica e financeira, das finanças públicas, bem
como do Sistema Tributário Nacional, assinale a opção correta.
(A) A imunidade tributária cultural aplica-se à importação e comercialização, no
mercado interno, dos livros eletrônicos (e-books) e dos suportes exclusivamente
utilizados para fixálos, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que
possuam funcionalidades acessórias.
(B) As alíquotas máximas do imposto sobre transmissão causa mortis e doação de
quaisquer bens ou direitos (ITCD) são fixadas por lei complementar.
(C) A competência da União para emitir moeda é exercida pela Caixa Econômica Federal
ou pelo Banco do Brasil.
82
(D) O aproveitamento do potencial de energia renovável, de capacidade reduzida ou
não, dependerá de autorização ou concessão do poder público.
(E) É inconstitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos
da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA.
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF),
aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados
para fixá-lo. STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017
(repercussão geral) (Info 856).
Súmula Vinculante 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88
aplica-se à importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-
book) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros
eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
(B) INCORRETA.
O ITCMD terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal (art. 155, §1º, IV,
CF/88).
(C) INCORRETA.
Art. 164, CF/88. A competência da União para emitir moeda será exercida
exclusivamente pelo banco central.
(D) INCORRETA.
Art. 176, § 4º, CF/88 - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento
do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.
(E) INCORRETA.
Súmula Vinculante 29:
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra.

DIREITO ELEITORAL

64. Segundo o regramento eleitoral, configura propaganda eleitoral antecipada a


(A) manifestação eleitoral benéfica a provável candidato, por meio de adesivos em
83
veículo, realizada por apoiador e paga com recursos próprios, sem pedido expresso de
votos.
(B) participação, em audiências públicas, de deputado federal que esteja se
recandidatando ao cargo, para a discussão de questões de interesse da população sem
pedido de votos ou referência à eleição.
(C) instalação de faixa artesanal com conteúdo político-eleitoral, sem pedido expresso
de voto, feita com retalhos de panos brancos e inscritos de pincel com tinta, em
residência de eleitor.
(D) divulgação de pesquisa de opinião em que o prefeito pré-candidato seja apontado
como o mais bem avaliado em espaço publicitário na televisão pago por este próprio,
sem pedido expresso de voto.
(E) postagem, em rede social, de fotos de pré-candidato portando o número e a sigla do
partido, para a divulgação de pré-candidatura e sem pedido explícito de voto.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

O tema foi devidamente revisão no aulão de véspera do TJMA quando tratamos sobre
propaganda eleitoral antecipada.
(A) INCORRETA.

“[...] Propaganda eleitoral antecipada. Art. 36–A da Lei nº 9.504/97. Pedido explícito de
votos. Não caracterização. Menção a possível candidatura. Precedentes. [...] 1. In casu,
o Tribunal a quo entendeu que houve propaganda antecipada com pedido explícito de
voto no adesivo contendo a frase ‘Eu [desenho de um coração] Cozzolino’ e nas faixas
com os dizeres ‘Núbia é Renato Cozzolino e Garotinho #44’ e ‘Seja bem–vindo futuro
governador Garotinho #44’, ‘Renato Cozzolino, deputado estadual, #44 Garotinho’ [...] 84
2. A veiculação de mensagem com menção a possível candidatura, acompanhada da
divulgação do número com o qual o pré–candidato pretende concorrer, desde que
inexistente o pedido expresso de voto, não configura propaganda eleitoral
antecipada. Precedentes. [...].”
(Ac. de 1º.8.2019 no AgR-REspe nº 60765340, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)
(B) INCORRETA.
“[...] 1. A realização de audiências públicas por deputado federal para a discussão de
questões de interesse da população não configura propaganda eleitoral antecipada,
caso não haja pedido de votos ou referência à eleição. 2. Recurso provido para afastar a
condenação com base no art. 36 da Lei nº 9.504/97”.
(Ac. de 24.4.2014 no REspe nº 1034, rel. Min. Dias Toffoli.)
(C) INCORRETA.
“[...] Propaganda eleitoral. Veiculação em bens privados. Fixação de faixas. Estandartes.
Inscrição a tinta. Assemelhados. Ausência de vedação legal. [...] 2. Da exegese do § 6º
do art. 39 da Lei das Eleições, com redação dada pela Lei nº 11.300/2006, deve-se
entender que a proibição ao meio pelo qual a propaganda eleitoral é veiculada está
adstrita à sua finalidade. 3. Se os meios utilizados para sua veiculação apenas
proporcionam algum tipo de utilidade ao eleitor, esses passam a divergir das
características da propaganda eleitoral. [...] Mantida a finalidade precípua da
propaganda eleitoral, é lícito veiculá-la por meio de fixação de faixas, estandartes,
inscrição a tinta e assemelhados em bens privados, com fundamento no § 2º do art.
37 da Lei nº 9.504/97.”
(Res. nº 22233 na Cta nº 1272 de 8.6.2006, rel. Min. José Delgado.)
(D) CORRETA.
“[...] Representação por propaganda extemporânea. Outdoor. Divulgação de pesquisa
de opinião apontando o prefeito como o mais bem avaliado. Ausência de pedido
explícito de voto. Conduta que configuraria propaganda vedada se praticada durante
o período eleitoral. Princípio da segurança jurídica [...] 3. A ênfase que - na discussão
dos processos sobre propaganda antecipada - tem sido dada ao debate sobre a
existência ou não de pedido explícito de voto pode induzir à conclusão errônea de que,
não havendo pedido explícito de voto, tudo é permitido 4. O que o art. 36-A fez foi
enumerar uma série de condutas as quais não serão
consideradas propaganda antecipada, desde que não haja pedido expresso de voto nem
proibição decorrente de outra norma. 5. Assim, por exemplo, desde que não haja pedido
explícito de voto, não configura propaganda antecipada a divulgação de
posicionamento pessoal sobre questão política, nos termos do inciso V do art. 36-A da
Lei das Eleições. Todavia, se, para divulgação desse posicionamento pessoal, o pré-
candidato contrata espaço publicitário na televisão, certamente
haverá propaganda não só antecipada como vedada. 6. É exatamente a situação dos
autos, em que o TRE/ES reconheceu a existência de outdoor, modalidade
de propaganda expressamente proibida pelo § 8º do art. 39 da Lei das Eleições.7. Não
obstante, este Tribunal Superior fixou, para as Eleições 2016, o entendimento de que, 85
‘verificada a inexistência de propaganda eleitoral antecipada em razão da ausência de
pedido explícito de voto, não há falar em ilícito eleitoral consistente no uso do material
equiparado a outdoor no período de pré-campanha’ [...] entendimento pessoal por
razões de segurança jurídica. Tratando-se ainda das Eleições 2016, a mesma solução se
impõe [...]”
(Ac. de 2.10.2018 no AgR- REspe nº 825, rel. Min. Rosa Weber; no mesmo sentido o Ac.
de 23.8.2018 no AgR-REspe nº 3849, rel. Min. Tarcísio Veira de Carvalho Neto.)
(E) INCORRETA.
6. A veiculação da imagem do pré–candidato com o número do partido ao qual é filiado
em postagem na rede social Facebook, sem pedido explícito de voto, não configura
propaganda eleitoral antecipada [...]”.
(Ac. de 5.9.2019 no AgR-REspe nº 060023063, rel. Min. Sergio Banhos.)

65. Em relação ao registro de candidaturas, assinale a opção correta.


(A) É inconstitucional, segundo o Supremo Tribunal Federal, o direito do titular de cargo
eletivo ao registro de candidatura para o mesmo cargo, independentemente da vontade
do partido a que estiver filiado.
(B) Segundo o regramento eleitoral, é possível o deferimento do registro de candidato
não escolhido por convenção partidária.
(C) Compete ao Poder Judiciário eleitoral sindicar os critérios de seleção dos candidatos
que disputarão as eleições.
(D) A legislação eleitoral admite a chamada candidatura avulsa.
(E) A nulidade da ata de registro da convenção partidária habilita automaticamente o
segundo colocado não escolhido.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

No aulão de véspera tivemos a felicidade de cravar temas trabalhados nessa questão


em slides e comentários. O que foi importante para seu acerto. O professor Arnaldo
Bruno fez a leitura expressa de dois julgados valiosos, inclusive o que cravava a letra A
como a correta.

(A) CORRETA.
De acordo com o STF, é inconstitucional a chamada “candidatura nata”, prevista no art.
8º, §1º, da Lei n. 9.504/97, verbis: “§1º Aos detentores de mandato de Deputado
Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos
em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro de
candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados.” (ADI 2350/DF).
Slide cravado no aulão!
86

(B) INCORRETA.
A escolha em convenção é requisito essencial à candidatura. Nesse sentido:
“Registro. Candidato não escolhido pela convenção. [...]” NE: O nome do postulante
não consta da ata da convenção. Trecho do voto do relator: “[...] a Ata da Convenção
Partidária, que escolheu os candidatos às eleições proporcionais [...] não menciona o
recorrente entre os candidatos homologados para concorrer à Deputado Federal. Falta,
assim, requisito essencial à pretensa candidatura – escolha pelos convencionais. [...]”
(Ac. de 27.7.94 no REspe nº 11989, rel. Min. Diniz de Andrada.)
“[...] I – Para registrar candidatura, é indispensável a comprovação da escolha do
interessado em convenção partidária, por meio da respectiva ata, documento exigido
por lei e resolução. [...]”
(Ac. de 3.10.2002 no AEDclREspe nº 20216, rel. Min. Sálvio de Figueiredo.)
(C) INCORRETA.
“[...] Registro de candidatura. Escolha em convenção. 1. A matéria atinente à validade
de convenção partidária deve ser discutida nos autos do DRAP, e não nos dos registros
individuais de candidatura. 2. No pedido de registro individual, examina-se, tão
somente, a aptidão do candidato, consistente na verificação do atendimento às
condições de elegibilidade e de eventual ocorrência de causa de inelegibilidade. 3. Não
cabe à Justiça Eleitoral examinar os critérios internos pelos quais os partidos e
coligações escolhem os candidatos que irão disputar as eleições. [...]”
(Ac. de 2.4.2013 no AgR-REspe nº 82196, rel. Min. Henrique Neves da Silva.)
(D) INCORRETA.
“[...] Candidatura avulsa. Impossibilidade. [...] 4. Segundo jurisprudência há muito
consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, não se admite candidatura avulsa, assim 87
entendida como aquela sem filiação partidária ou sem escolha em convenção,
porquanto não foram atendidos os comandos do art. 14, arts. 14, § 3º, V e 9º e 11, §
14, da Lei 9.504/97. 5. ‘O art. 23 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto
de San José da Costa Rica), dispositivo indicado nas razões recursais, não pode ser
invocado para afastar condição de elegibilidade prevista no texto originário da
Constituição da República (filiação partidária), cuja disciplina infraconstitucional
afigura–se razoável e proporcional’. [...]”
(Ac. de 23.11.2020 no AgR-TutAntAntec nº 060162868, rel. Min. Sérgio Banhos; no
mesmo sentido o Ac. de 26.9.2018 no AgR-Pet nº 060088614, rel. Min. Admar Gonzaga.)
(E) INCORRETA.
“[...] Escolha. Convenção. 1. O art. 7º, § 3º, da Lei nº 9.504/97, com redação dada pela
Lei nº 12.034/2009, prevê que ‘as anulações de deliberações dos atos decorrentes de
convenção partidária, na condição acima estabelecida, deverão ser comunicadas à
Justiça Eleitoral no prazo de 30 (trinta) dias após a data limite para o registro de
candidatos’. 2. A anulação da ata da convenção na qual o recorrente havia sido escolhido
como candidato é ato interna corporis da agremiação e encontra respaldo no art. 7º, §
3º, da Lei nº 9.504/97. [...]”. NE: Caso em que o recorrente foi escolhido como candidato
isolado para disputar o cargo de Senador e posteriormente o partido político deliberou
por formar coligação para a escolha de candidatos a governador, vice-governador,
senador e suplente.
(Ac. de 5.10.2010 no AgR-RO nº 212220, rel. Min. Arnaldo Versiani.)

66. Acerca dos partidos políticos, assinale a opção correta.


(A) No sistema majoritário, o cargo político pertence ao partido, e não ao candidato.
(B) No âmbito da atividade partidária, é solidária a responsabilidade entre os órgãos
partidários municipais, estaduais e nacional, em caso de violação a direito, dano a
outrem ou de qualquer outro ilícito.
88
(C) A legislação eleitoral permite a existência de federação de partidos, a qual, uma vez
instituída, exige a permanência, por no mínimo 4 anos, dos partidos reunidos, sob pena
de vedar ao partido que descumprir tal exigência o acesso ao fundo partidário.
(D) Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais antiga e a justiça
eleitoral determinará o cancelamento das demais.
(E) Ao partido político são assegurados, com a aquisição da personalidade jurídica e após
a obtenção do apoio mínimo definido na lei eleitoral, o recebimento de recursos do
fundo partidário e o acesso gratuito ao rádio e à televisão.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

A questão foi cravadíssima no aulão de véspera! Onde destacamos que essa poderia ser
a primeira prova a exigir o tema e revisamos o prazo de 4 anos e o prejuízo de acesso ao
fundo. Além de abordarmos expressamente outras 3 alternativas no aulão.

(A) INCORRETA.
O STF, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5081, de relatoria do ministro Luís
Roberto Barroso decidiu o tema, aprovando a tese de que “A perda do mandato em
razão da mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema
majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo
eleitor”.

Quando tratei do slide acime em prova falei expressamente em aula: o mandato no


sistema majoritário é entendido como pertencente ao candidato e não ao partido!
Exatamente o conhecimento necessário nesse item.

(B) INCORRETA.
Consoante decidiu o STF na ADC 31, a responsabilidade sobre obrigação contratual –
inclusive civil e trabalhista – cabe ao diretório partidário que firmou o contrato, seja ele
municipal, estadual ou nacional. Dessa forma, o diretório nacional não pode ser
responsabilizado de forma solidária, caso os diretórios regionais não cumpram os
deveres firmados com seus fornecedores e funcionários.

89

(C) CORRETA. Slides revisados no aulão de véspera! O item foi uma aposta certeira para
esta prova.
90

(D) INCORRETA.
Lei 9.096/95
Art. 22
Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais
recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)
(E) INCORRETA.
Lei 9.096/95
Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil,
registra seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral.
(...)
§ 2º Só o partido que tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral pode
participar do processo eleitoral, receber recursos do Fundo Partidário e ter acesso
gratuito ao rádio e à televisão, nos termos fixados nesta Lei.
Slide revisado no aulão de véspera!

67. Assinale a opção correta no que se refere a ações e procedimentos eleitorais.


(A) Se o recorrente não arguir violação constitucional ao interpor recurso contra decisão
de tribunal regional eleitoral, preclusa ficará a matéria quando da decisão do Tribunal
Superior Eleitoral.
(B) Compete ao Ministério Público Eleitoral a apuração das transgressões pertinentes à
origem de valores pecuniários, abuso do poder econômico ou político, em detrimento
da liberdade do voto.
91
(C) Para a configuração de ato abusivo eleitoral, não será considerada a potencialidade
de o fato alterar o resultado da eleição, mas a gravidade das circunstâncias que
caracterizam.
(D) A arguição de inelegibilidade de deputado federal é feita perante o Tribunal Superior
Eleitoral.
(E) Na ação de impugnação de registro de candidatura, o juiz ou tribunal formará sua
convicção pela livre apreciação da prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias
constantes dos autos, desde que alegados pelas partes, de forma fundamentada.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
De acordo com o Art. 259 do Código Eleitoral, são preclusivos os prazos para
interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional. Nessa
linha, decidiu o TSE:
“[...] Matéria constitucional. Preclusão. Coisa julgada. Código Eleitoral, art. 259. I – São
preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir
matéria constitucional. Código Eleitoral, art. 259. A preclusão não ocorre, entretanto,
no caso de a matéria constitucional não tiver sido examinada e decidida em recurso
anterior, em caráter definitivo. Se isto tiver ocorrido, urge seja respeitada a coisa
julgada. Quer dizer, a matéria, mesmo constitucional, está preclusa. [...]” NE: Afastada a
argüição de inelegibilidade por ocasião do pedido de registro e novamente alegada em
recurso contra a expedição do diploma.
(Ac. de 22.9.94 no Ag nº 11727, rel. Min. Carlos Velloso.)
(B) INCORRETA.
LC 64/90
Art. 19. As transgressões pertinentes à origem de valores pecuniários, abuso do poder
econômico ou político, em detrimento da liberdade de voto, serão apuradas mediante
investigações jurisdicionais realizadas pelo Corregedor-Geral e Corregedores Regionais
Eleitorais.
(C) CORRETA.
LC 64/90
Art. 22
XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o
fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o
caracterizam. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
(D) INCORRETA.
LC 64/90 92
Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade.
Parágrafo único. A arguição de inelegibilidade será feita perante:
II - os Tribunais Regionais Eleitorais, quando se tratar de candidato a Senador,
Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Deputado Federal,
Deputado Estadual e Deputado Distrital;
(E) INCORRETA.
O juiz pode decidir de ofício, nos termos da Súmula 45 do TSE:
“Nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer de ofício da
existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de elegibilidade,
desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa”.

68. Constitui exemplo de conduta vedada pela legislação eleitoral, por desnaturar a
isonomia das eleições, o ato de
(A) um vereador utilizar-se da prerrogativa de produzir material de divulgação da
atuação institucional e imprimir santinhos e bandeiras do partido político nos três meses
antecedentes ao pleito, às custas da casa legislativa.
(B) um agente público ceder servidor do Poder Judiciário, nessa condição, para atuar em
comitê de campanha eleitoral durante horário de expediente, sem estar licenciado ou
em inatividade remunerada.
(C) o presidente de agência de saneamento inaugurar, ao lado de lideranças políticas
locais e de servidores do órgão devidamente uniformizados, um poço artesiano
perfurado pelo estado, sem promoção eleitoral explícita.
(D) determinado prefeito nomear apadrinhado político para o cargo em comissão de
diretor de escola no período compreendido entre os quatro meses que antecedem a
realização do pleito e a posse do novo prefeito eleito.
(E) a câmara municipal liberar, nos três meses que antecedem o pleito, emenda
parlamentar a prefeito do mesmo partido do autor da emenda.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA.
Lei 9.504/97
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...)
93
II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que
excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que
integram;
(B) INCORRETA.
Lei 9.504/97
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...)
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal,
estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de
campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de
expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;
(C) INCORRETA.
“[...] Governador e vice–governador. Conduta vedada [...] 8. Do uso promocional de
serviços de caráter social custeados pelo poder público em benefício das candidaturas
[...] 8.1. O Parquet narra que consta dos autos um vídeo gravado no Município de Couto
Magalhães/TO em que a presidente da Agência Tocantinense de Saneamento (ATS) [...]
aparece acompanhada de lideranças políticas locais e de servidores do órgão
devidamente uniformizados, ‘inaugurando’ um poço artesiano perfurado pelo estado.
8.2. Conforme assentado no próprio acórdão recorrido, nos termos do entendimento
firmado nesta Corte, ‘a infração esculpida no inciso IV do art. 73 da Lei nº 9.504/97,
requesta que se faça promoção eleitoral durante a distribuição de bens e serviços
custeados ou subvencionados pelo Poder Público’ [...] 8.3. No caso, como se observa do
teor da mensagem veiculada no mencionado vídeo, a presidente da ATS, no momento
da inauguração do poço artesiano que teria sido perfurado com recursos estatais, faz
claro uso promocional do evento em favor do candidato [...] 8.4. Não há dúvida de que
a presidente da ATS praticou a conduta vedada prevista no art. 73, IV, da Lei nº 9.504/97
[...]”
(Ac. de 6.5.2021 no RO-El nº 060038425, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)
(D) INCORRETA.
Lei 9.504/97
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...)
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir
ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional
e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do
pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade
de pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de 94
funções de confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou
Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele
prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável
de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder
Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes
penitenciários;
(E) INCORRETA.
“[...] Governador e vice-governador. Conduta vedada e abuso do poder político. [...] 6.
Compra de apoio político por meio de emendas parlamentares e convênios 6.1. Na linha
da jurisprudência firmada nesta Corte Superior, ‘A assinatura de convênios e o repasse
de recursos financeiros a entidades privadas para a realização de projetos na área da
cultura, do esporte e do turismo não se amoldam ao conceito de distribuição gratuita
previsto no art. 73, § 10, da Lei nº 9.504/97, sobretudo quando os instrumentos preveem
a adoção de contrapartidas por parte das instituições’ [...] 6.2. Assim como concluiu o
Tribunal a quo, a liberação de emendas parlamentares não se enquadra na proibição
legal, dado o seu caráter impositivo e ao fato de não consistir em transferência direta
aos municípios, o que afasta a incidência da vedação contida no art. 73, VI, a, da Lei
nº 9.504/97. 6.3. Na espécie, conforme ressaltado no voto condutor do acórdão
regional, não é possível extrair, apenas dos elementos juntados aos autos, a
demonstração clara e segura de que as declarações de apoio de prefeitos e lideranças
regionais estavam condicionadas à liberação ou promessa de liberação de recursos
financeiros. [...]”
(Ac. de 6.5.2021 no RO-El nº 060038425, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)

69. No que concerne aos crimes eleitorais e ritos da ação penal eleitoral, assinale a
opção correta.
(A) Admite-se a tentativa no delito de corrupção eleitoral.
(B) Para a tipicidade da corrupção eleitoral, é imprescindível que a conduta típica seja
praticada por candidato devidamente registrado na justiça eleitoral.
(C) Admite-se a ação penal privada subsidiária da pública para apuração de crime
eleitoral, desde o que o parquet não tenha oferecido denúncia, requerido diligências ou
pedido o arquivamento do inquérito policial, no prazo legal.
(D) É do tribunal regional federal a competência para processar e julgar por crime
eleitoral prefeito no exercício do mandato.
(E) É da justiça comum a competência para julgar a doação com finalidade eleitoral, por 95
intermédio de caixa dois, quando praticada fora do período eleitoral.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
Ac.-TSE, de 27.11.2007, no Ag nº 8905: "O crime de corrupção eleitoral, por ser crime
formal, não admite a forma tentada, sendo o resultado mero exaurimento da conduta
criminosa".
(B) INCORRETA.
“[...] 4. Em se tratando de corrupção eleitoral, irrelevante é o período em que se deu a
conduta típica, pois a condição de candidato não é fundamental para a consumação do
crime, que pode ocorrer em qualquer tempo. Para a configuração deste tipo penal,
basta que a vantagem oferecida esteja vinculada à obtenção de votos. Precedente. [...]”
(Ac. de 16.4.2020 no AgR-AI nº 383, rel. Min. Luís Roberto Barroso.)
(C) CORRETA.
Ac.-TSE, de 24.2.2011, nos ED-AI nº 181917: a queixa-crime em ação penal privada
subsidiária somente pode ser aceita caso o representante do Ministério Público não
tenha oferecido denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento de
inquérito policial no prazo legal.
(D) INCORRETA.
“[...] Foro por prerrogativa de função. Prefeito. Competência do Tribunal Regional
Eleitoral. [...] I. A competência criminal por prerrogativa de função 1. A partir da decisão
do STF na Questão de Ordem na Ação Penal nº 937/RJ, relator o Ministro Luís Roberto
Barroso (DJe de 10.12.2018), adota–se, à guisa de premissas para o deslinde da presente
causa, que: (i) o foro por prerrogativa de função aplica–se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e (ii) a
prerrogativa de foro relaciona–se às funções desempenhadas na atualidade. 2.
Compete, originariamente, ao Tribunal Regional Eleitoral o julgamento das condutas
penalmente repreensíveis imputadas a prefeito. Inteligência da Súmula nº 702/STF. 3.
Tendo em vista que o recorrente exerce mandato de prefeito do Município de Juazeiro
do Norte/CE e que as condutas em apuração foram praticadas, em tese, em decorrência
do exercício do cargo, ao menos em princípio, as premissas fixadas pelo STF para a
determinação da competência por prerrogativa de foro estariam atendidas na espécie
[...]”
(Ac. de 18.12.2019 no RHC nº 060005816, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto.)
(E) INCORRETA.
“[...] 5. Esta Corte Superior já decidiu que a doação eleitoral por meio de caixa dois e a
omissão de recursos na prestação de contas de campanha eleitoral podem configurar
o crime previsto no art. 350 do CE, não sendo exigido que a conduta ilícita tenha sido
cometida necessariamente durante o período eleitoral, porquanto a caracterização da
finalidade eleitoral está relacionada ao potencial dano às atividades–fins desta Justiça
96
especializada [...] 9. No caso, como a falsidade ideológica eleitoral se deu no bojo de
processo de contas de campanha prestadas ao TRE/MG, emergindo potencialidade
lesiva às atividades–fins desta Justiça especializada, a qual vela pela legitimidade e pela
normalidade do processo eleitoral para fortalecer a democracia, o Juízo competente
para a supervisão do inquérito policial é o da 335ª Zona Eleitoral de Uberlândia/MG. 10.
Conflito negativo de competência conhecido para declarar competente o Juízo Eleitoral
da 335ª Zona Eleitoral de Uberlândia/MG, o suscitante”.
(Ac. de 2.6.2020 no CC nº 060073781, rel. Min. Og Fernandes.)

70. Julgue os itens a seguir, relativos ao alistamento eleitoral e ao voto.


I - O alistamento eleitoral é obrigatório para os brasileiros maiores de dezoito anos,
ainda que sejam inválidos.
II - É obrigatório o voto dos brasileiros maiores de 16 anos e menores de 18 anos que
procederem ao alistamento eleitoral.
III - É facultativo o alistamento eleitoral de indígena que não fale português.
IV - É vedado o alistamento eleitoral de oficial das Forças Armadas em operação militar.
V - O alistamento eleitoral da pessoa analfabeta torna obrigatório o seu voto.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item III está certo.
(B) Apenas os itens I e II estão certos.
(C) Apenas os itens III e IV estão certos.
(D) Apenas os itens IV e V estão certos.
(E) Apenas os itens I, II e IV estão certos.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

O tema teve aspectos abordados em nosso aulão de véspera para o TJMA.

ITEM I – INCORRETO
Código Eleitoral
Art. 6º O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de um e outro sexo,
salvo:
I - quanto ao alistamento:
a) os inválidos.
Obs: esse dispositivo ainda está em vigor.
Res.-TSE nº 23659/2021, art. 12, parágrafo único: a Justiça Eleitoral empreenderá 97
meios destinados a assegurar o alistamento e o exercício dos direitos políticos por
pessoas com deficiência.
ITEM II – INCORRETO
Constituição Federal
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
(...)
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
ITEM III – CORRETO
“[...] Alistamento. Voto. Indígena. Categorização estabelecida em lei especial. 'Isolado'.
'Em vias de integração'. Inexistência. Óbice legal. Caráter facultativo. Possibilidade.
Exibição. Documento. Registro Civil de Nascimento ou administrativo da FUNAI. 1. A
atual ordem constitucional, ao ampliar o direito à participação política dos cidadãos,
restringindo o alistamento somente aos estrangeiros e aos conscritos, enquanto no
serviço militar obrigatório, e o exercício do voto àqueles que tenham suspensos seus
direitos políticos, assegurou-os, em caráter facultativo, a todos os indígenas,
independentemente da categorização estabelecida na legislação especial
infraconstitucional anterior, observadas as exigências de natureza constitucional e
eleitoral pertinentes à matéria, como a nacionalidade brasileira e a idade mínima. 2.
Os índios que venham a se alfabetizar, devem se inscrever como eleitores, não
estando sujeitos ao pagamento de multa pelo alistamento extemporâneo, de acordo
com a orientação prevista no art. 16, parágrafo único, da Res.-TSE 21.538, de 2003. 3.
Para o ato de alistamento, faculta-se aos indígenas que não disponham do documento
de registro civil de nascimento a apresentação do congênere administrativo expedido
pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).”
(Ac. de 6.12.2011 no PA nº 180681, rel. Min. Nancy Andrighi.)
ITEM IV – INCORRETO
De acordo com a Constituição Federal, art. 14, § 2º, não podem alistar-se como
eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.
Res.-TSE nº 15850/1989: a palavra conscritos constante deste dispositivo alcança
também aqueles matriculados nos órgãos de formação de reserva, bem como
médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar inicial
obrigatório.
Registre-se que o Código Eleitoral, no art. 6º, II, só exime da obrigatoriedade do
sufrágio os funcionários civis e os militares, em serviço que os impossibilite de votar.
ITEM V – INCORRETO 98
Constituição Federal
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
II - facultativos para:
a) os analfabetos.
BLOCO III
DIREITO EMPRESARIAL

71. A existência de normas previstas em várias leis esparsas, dependentes de harmonia


com as regras dos demais ramos do direito, retrata a característica do direito
empresarial denominada
(A) informalidade.
(B) elasticidade.
(C) cosmopolitismo.
(D) fragmentarismo.
(E) onerosidade.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS
Segundo a doutrina majoritária dá-se o nome de fragmentarismo ao fato de que as
normas do Direito Empresarial são divididas em várias normas diferentes, sem um
Código específico, como no Direito Civil. Ainda, ressalte-se que as normas são previstas
99
em várias leis esparsas, e sua existência depende da harmonia com as regras dos demais
ramos do Direito.
A informalidade, por sua vez, é uma característica resultante da falta de formalismo no
Direito Empresarial, como o objetivo é o lucro e como há intenção de contribuir para o
desenvolvimento econômico.
Na sequência, a característica da elasticidade diz respeito à sua capacidade de
adaptação a novas situações decorrentes da evolução do comércio nacional e
internacional.
Ainda, há o cosmopolismo, que se refere ao fato de que o Direito Empresarial possui
alguns aspectos universais, ou seja, comum a vários outros países, logo, é um ramo
cosmopolita, diferente do Direito Tributário, que é próprio de cada país.
Por último, a onerosidade reflete que o Direito Comercial é um ramo que envolve atos
onerosos, ou seja, não gratuitos.

72. O título de crédito, quando posto em circulação, desvincula-se da relação


fundamental originária, da obrigação principal que lhe deu origem. Essa característica
denomina-se
(A) Literalidade.
(B) Abstração.
(C) Autonomia.
(D) Cartularidade.
(E) Executividade.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
Assunto abordado na rodada da reta final do TJMA.

De acordo com a doutrina, o princípio da abstração decorre, em parte, do princípio da


autonomia e trata da desvinculação do negócio que deu origem ao título, com a
transferência deste a terceiro de boa-fé.

73. Sujeitam-se ao processo falimentar e à recuperação judicial ou extrajudicial


(A) as sociedades operadoras de plano de saúde.
(B) as sociedades anônimas atuantes no mercado de consórcios.
(C) as sociedades seguradoras.
(D) as sociedades anônimas constituídas e caracterizadas como instituições financeiras
privadas.
(E) os empresários.
100
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

A questão versa sobre quem pode pleitear o processo de recuperação judicial e falência.
A questão, conforme o art. 1º da Lei 11.101/05, só apresenta uma única alternativa
correta.
“Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente
como devedor.”
Todas as outras alternativas estão incorretas.

74. Acerca das disposições comuns à recuperação judicial e à falência, assinale a opção
correta.
(A) É permitido ao devedor, em processo de recuperação judicial, distribuir lucros ou
dividendos a sócios e acionistas até a aprovação do plano de recuperação.
(B) São exigíveis do devedor as despesas que os credores fizerem para tomar parte na
recuperação judicial ou na falência, exceto as custas judiciais decorrentes de litígio com
o devedor.
(C) O curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime da Lei de
Falências e Recuperação Judicial prossegue mesmo que ocorra a decretação da falência
ou o deferimento do processo da recuperação judicial.
(D) A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial torna preventa a
jurisdição para qualquer outro pedido de falência ou de recuperação judicial relativo ao
mesmo devedor.
(E) O processamento da recuperação judicial ou a decretação da falência autoriza o
administrador judicial a recusar eficácia à convenção de arbitragem.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

A questão só apresenta uma alternativa correta, com fundamento no art. 6º, §8º, da Lei
11.101/2005.
“Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação
judicial implica:
[...]
§ 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial ou a homologação 101
de recuperação extrajudicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de falência,
de recuperação judicial ou de homologação de recuperação extrajudicial relativo ao
mesmo devedor.”

75. Entre os princípios que regem o instituto da recuperação da empresa, o que


preconiza a ampliação e modificação do interesse social das sociedades empresárias e
dos objetivos da própria atividade empresarial é o da
(A) viabilidade da empresa.
(B) transparência e lealdade.
(C) paridade dos credores.
(D) preservação da empresa.
(E) função social da empresa.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Questão essencialmente doutrinária.


Conforme a doutrina majoritária, o princípio da função social da empresa ensina que “a
função social da empresa é princípio que amplia e modifica o interesse social das
sociedades empresárias e mesmo os objetivos da atividade empresarial. Com isso, tal
princípio tem impacto direto sobre a compreensão do interesse social, que continua
sendo questão fundamental do direito societário nos dias atuais.”
Todas as outras alternativas estão incorretas.
_______________________________________________________________________
76. A respeito das espécies e classes das ações emitidas pelas sociedades anônimas,
assinale a opção correta.
(A) As ações ordinárias asseguram ao seu titular prioridade na distribuição de
dividendos.
(B) A emissão de ações ordinárias é facultativa, ao passo que a das preferenciais é
obrigatória.
(C) As ações preferenciais sem direito a voto ou sujeitas a restrição no exercício desse
direito podem atingir a totalidade das ações emitidas pela sociedade.
(D) As ações preferenciais de classe especial criadas nas companhias objeto de
desestatização são de propriedade exclusiva do ente desestatizante.
(E) As ações ordinárias de companhia fechada não podem ser convertidas em ações
preferenciais. 102
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Outra questão fundamentada na Lei, dessa vez foi na Lei 6.404/1976, especialmente no
parágrafo 7º do art. 17, que trata das Golden Shares ou Ações Preferenciais de Classe
Especial.
“Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:
[...]
§7º Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial de
classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto
social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto às
deliberações da assembléia-geral nas matérias que especificar.
_______________________________________________________________________
DIREITO TRIBUTÁRIO

77. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, caso o Ministério Público requeira à
Secretaria da Receita Federal do Brasil os autos de procedimento fiscalizatório em que
se detectou prática de crime contra a ordem tributária, tal secretaria deve
(A) manter os autos do procedimento fiscalizatório em completo sigilo, e não os enviar
ao Ministério Público, em respeito ao direito do contribuinte ao sigilo fiscal.
(B) encaminhar cópia parcial dos autos do procedimento fiscalizatório ao juiz
competente para o exame da matéria, excetuados os dados acobertados pelo sigilo
fiscal, para que ele determine o envio ao Ministério Público.
(C) encaminhar cópia dos autos do procedimento fiscalizatório ao juiz competente para
o exame da matéria, inclusive os dados acobertados pelo sigilo fiscal, para que ele
determine o envio ao Ministério Público.
(D) encaminhar cópia dos autos do procedimento fiscalizatório ao Ministério Público,
para o exame da matéria, inclusive os dados acobertados pelo sigilo fiscal.
(E) encaminhar cópia parcial dos autos do procedimento fiscalizatório ao Ministério
Público, para o exame da matéria, excetuados os dados acobertados pelo sigilo fiscal.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
103
O julgado que é a resposta correta da questão foi abordado dentro do material de
julgados selecionados do STF 2022 dentro da Turma TJMA, pag. 23.

A questão fundamenta-se no julgado do tema 990 do Supremo Tribunal Federal.


Em apertada síntese, o STF entendeu que “é constitucional o compartilhamento dos
relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra do procedimento fiscalizatório
da Receita Federal do Brasil, que define o lançamento do tributo, com os órgãos de
persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização
judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos
formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional.”
Considerando o exposto, vemos que a resposta correta é a que afirma que o
procedimento correto é “encaminhar cópia dos autos do procedimento fiscalizatório ao
Ministério Público, para o exame da matéria, inclusive os dados acobertados pelo sigilo
fiscal”, considerando que se trata possível prática de crime.
_______________________________________________________________________
78. Os contribuintes Alberto, Benício e Cláudio têm débitos vencidos com a União,
enquanto Daniel tem débitos não vencidos com a União. Os débitos de Alberto foram
parcelados sem apresentação de garantias; os de Benício foram parcelados com
apresentação de garantias; e os de Cláudio não foram parcelados nem suspensos. Estes
três obtiveram, por decisão do CARF, um crédito perante a União. Acerca dessa situação
hipotética, assinale a opção correta, em conformidade com a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal.
(A) A União pode compensar ex lege os débitos dos quatro contribuintes com os
respectivos créditos até o valor do menor saldo de cada um.
(B) A União não pode compensar ex lege o débito de nenhum dos contribuintes
mencionados.
(C) A União pode compensar ex lege somente os débitos de Alberto e Benício com os
respectivos créditos até o valor do menor saldo de cada um.
(D) A União pode compensar ex lege somente os débitos de Alberto, Benício e Cláudio
com os respectivos créditos até o valor do menor saldo de cada um.
(E) A União pode compensar ex lege somente os débitos de Cláudio com os respectivos
créditos até o valor do menor saldo.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
A questão foi abordada dentro do material do VADEMEGE, bloco III da Turma TJMA,
pag. 8.

Questão difícil, que encontra fundamento na jurisprudência do STF, na Constituição 104


Federal e no CTN.
Conforme o CTN, no art. 151, inciso VI, o parcelamento é causa de suspensão do crédito
tributário. No STF, o entendimento majoritário é de que “o art. 151, VI, do CTN, ao
prever que o parcelamento suspende a exigibilidade do crédito tributário, não
condiciona a existência ou não de garantia."
Logo, percebe-se que os créditos de Alberto e Benício NÃO podem ser compensados,
uma vez que, estão suspensos, sendo a compensação, mesmo de débitos sem garantia,
uma afronta ao entendimento da Corte Superior.
No caso Daniel, também incabível a compensação, uma vez que os débitos nem
vencidos estão.
Logo, só é cabível a compensação de Cláudio, até o valor do menor saldo.
_______________________________________________________________________
79. Em relação ao exercício do poder de tributar, a Constituição Federal de 1988 veda
(A) à União instituir isenções de taxas que sejam de competência dos municípios.
(B) à União tributar a renda das obrigações da dívida pública dos estados e do Distrito
Federal.
(C) aos municípios estabelecer diferença tributária entre serviços de qualquer natureza
em razão da capacidade econômica dos contribuintes.
(D) à União tributar a remuneração e os proventos dos agentes públicos municipais.
(E) aos estados estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza em
razão de seu valor.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
A questão foi abordada dentro do material do VADEMEGE, bloco III da Turma TJMA,
pag. 8.

Questão fundamentada na Constituição Federal.


O art. 151, inciso III, da Constituição Federal veda à União a possibilidade de instituição
de isenção sob tributos da competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
“Art. 151. É vedado à União:
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.”
_______________________________________________________________________
80. Tendo em vista a repartição das receitas tributárias, assinale a opção que indica um
imposto cuja receita se mantém integralmente com o ente competente para sua
instituição.
105
(A) imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR)
(B) imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestação de
serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS)
(C) imposto de importação (II)
(D) imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA)
(E) imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR)

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
A questão foi abordada dentro do material do VADEMEGE, bloco III da Turma TJMA,
pag. 10.

A questão versa sobre a repartição das receitas tributárias, que consta de extenso rol na
Constituição Federal de 1988.
Em síntese, podemos dizer que a ampla maioria dos impostos tem a sua arrecadação
repartida, excetuando-se os seguintes: A União Federal não reparte as receitas
oriundas do Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto
Extraordinário de Guerra e Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF, sem lei
complementar que o regulamente).
No plano estadual, podemos dizer que o ITCMD é o único emposto que não participa
da repartição das receitas.
_______________________________________________________________________
81. Acerca do instituto da isenção tributária, assinale a opção correta.
(A) A regra que outorga a isenção tributária deve ser interpretada literalmente.
(B) Nos casos de solidariedade tributária, a isenção de crédito exonera todos os
obrigados, mesmo que tenha sido outorgada pessoalmente a um deles.
(C) A isenção de um imposto dada em razão de característica pessoal dos contribuintes
alcança, automaticamente, as taxas vinculadas ao mesmo fato gerador relativamente
àqueles contribuintes.
(D) A isenção dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja isento ou dela consequente.
(E) A isenção não pode ser concedida por prazo determinado, apesar de poder ser
revogada a lei que a estabeleceu.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS 106
Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

A questão exigia o conhecimento da lei seca.


De acordo com o art. 111, inciso II, do CTN:
“Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
[...]
II - outorga de isenção;”
Assim, a alternativa correta é o item A.

82. Consoante a posição assumida pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recursos
repetitivos, em caso de abertura de processo de falência de uma empresa que é ré em
processo de execução fiscal, à fazenda pública é
(A) proibido habilitar o respectivo crédito no processo de falência, caso a execução
tenha sido garantida pelo executado.
(B) proibido habilitar o respectivo crédito no processo de falência, caso a execução tenha
iniciado antes de 2020.
(C) proibido habilitar o respectivo crédito no processo de falência, caso a execução tenha
iniciado após 2020.
(D) facultado habilitar o respectivo crédito no processo de falência, desde que não haja
pedido de constrição no juízo executivo.
(E) facultado habilitar o respectivo crédito no processo de falência, desde que tenha
havido pedido de constrição no juízo executivo.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
O julgado que é a resposta correta da questão foi abordado dentro do material de
julgados selecionados do STJ 2020 e 2021 na Turma TJMA, pag. 131.

Essa questão exigia o conhecimento da jurisprudência atualizada do STJ. A única


alternativa correta é o item B, com fundamento no tema 1.092, apreciado no sistema
dos recursos especiais repetitivos.
Em julgamento de recursos especiais repetitivos (Tema 1.092), a Primeira Seção do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu a tese de que é possível a Fazenda Pública
habilitar, em processo de falência, crédito objeto de execução fiscal em curso, mesmo
antes da Lei 14.112/2020, desde que não haja pedido de constrição no juízo executivo.
Logo, há apenas uma alternativa correta na questão e é o item D.

107
DIREITO AMBIENTAL

83. Acerca da responsabilidade ambiental nas esferas administrativa, civil e penal,


assinale a opção correta.
(A) Na constatação do cometimento simultâneo de duas ou mais infrações ambientais
administrativas da mesma espécie, o órgão ambiental deverá aplicar ao infrator a
sanção de multa de uma das infrações, se idênticas, ou a mais grave, se diversas.
(B) A pena de prestação pecuniária aplicada em razão de crime ambiental não poderá
ser descontada do montante devido a título de reparação civil por danos ambientais.
(C) A apreensão de produtos ou instrumentos utilizados na infração ambiental ocorre
no âmbito da responsabilidade ambiental penal, sendo vedada a apreensão
administrativa pelo órgão ambiental.
(D) No caso de um empreendimento capaz de causar degradação ambiental ter sido
instalado irregularmente, sem o prévio licenciamento ambiental, a regularização do seu
funcionamento e o cumprimento da responsabilidade civil ocorrerão pelo pagamento
da sanção de multa ao órgão ambiental competente.
(E) Além do Ministério Público e da Defensoria Pública, possuem legitimidade para
promover a responsabilidade ambiental por danos ambientais pela via da ação civil
pública as pessoas jurídicas da administração pública direta e indireta e as associações
que tenham sido constituídas há pelo menos um ano e cujas finalidades institucionais
incluam a proteção ambiental.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
O assunto foi devidamente tratado na rodada 11 da turma de reta final TJMA.

Art. 5º da Lei 7.347/85 - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
(...) III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social,
ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos
de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.

84. Caso constatem em flagrante o cometimento de uma infração ambiental, são


108
competentes para lavrar o respectivo auto de infração e instaurar o processo
administrativo ambiental
(A) os funcionários de órgão ambiental integrante do Sistema Nacional de Meio
Ambiente (SISNAMA), desde que designados para atividades de fiscalização, como
também agentes das Capitanias dos Portos (Marinha do Brasil).
(B) os agentes da Polícia Federal, nos casos de infrações administrativas também
consideradas crimes ambientais sob a jurisdição da justiça federal.
© os agentes de polícia militar, nos casos de infrações administrativas também
consideradas crimes ambientais sob a jurisdição da justiça estadual.
(D) quaisquer funcionários de órgão ambiental integrante do Sistema Nacional de Meio
Ambiente (SISNAMA).
(E) quaisquer agentes policiais nomeados no âmbito da Força Nacional de Segurança,
quando autorizado o seu emprego para atuar em emergências que envolvam conflitos
complexos de segurança pública e de infrações ambientais.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.


Art. 70, § 1º da Lei de Crimes Ambientais - São autoridades competentes para lavrar
auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de
órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA,
designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos
Portos, do Ministério da Marinha.

85. A respeito do estudo de impacto ambiental (EIA), assinale a opção correta.


(A) O conteúdo do EIA submete-se às diretrizes e atividades técnicas determinadas nas
normas gerais expedidas pelo órgão ambiental federal licenciador aos demais órgãos
ambientais da Federação.
(B) A exigência do EIA é prevista em norma infraconstitucional para os casos de
licenciamento ambiental de obras públicas, ficando dispensada essa exigência para as
obras privadas, exceto se houver impactos que afetem diretamente a flora ou espécies
da fauna ameaçadas de extinção.
(C) A publicidade do EIA é dispensada no caso de obras ou atividades privadas, cujo
projeto é considerado sigiloso até a emissão da licença de instalação.
(D) O EIA deverá ser feito e custeado pelo órgão ambiental licenciador, que repassará os
respectivos custos ao valor da licença prévia a ser paga pelo proponente do projeto
licenciado.
(E) As conclusões do EIA deverão constar do relatório de impacto ao meio ambiente 109
(RIMA), a ser apresentado de forma objetiva e compreensível, com informações
acessíveis e de maneira que explicite vantagens, desvantagens e consequências do
projeto a ser implementado.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Art. 9º, parágrafo único da RES CONAMA - 01/86 - O RIMA deve ser apresentado de
forma objetiva e adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas
em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais
técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e
desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação.

86. A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) deve ser implementada por diversos
instrumentos, entre eles o zoneamento ecológico-econômico (ZEE), ou zoneamento
ambiental (ZA), o licenciamento ambiental e o Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF). Acerca desses
instrumentos da PNMA, assinale a opção correta.
(A) Uma vez concedida licença ambiental, fica dispensado novo pedido de licenciamento
na hipótese de ampliação de até 20% da área construída do estabelecimento licenciado.
(B) A exigência de publicidade do licenciamento em jornal oficial, periódicos e na página
eletrônica do órgão ambiental competente aplica-se no momento do seu pedido pelo
interessado e para fins de contribuições dos interessados, ficando dispensada a
publicidade da decisão do órgão ambiental de concessão do licenciamento.
(C) O registro no CTF é exigível para as pessoas jurídicas, nas hipóteses previstas na Lei
n.º 6.938/1981 (Lei da PNMA), e dispensado para as pessoas físicas.
(D) O ZA deverá, em seu conteúdo, dividir o território em zonas, considerando-se
necessidades de proteção, conservação e recuperação ambientais e do
desenvolvimento sustentável.
(E) O CTF é administrado pelo Ministério do Meio Ambiente, por intermédio do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
O assunto foi devidamente tratado na rodada 9 da turma de reta final TJMA.

Art. 11 do DL 4.297/2022 - O ZEE dividirá o território em zonas, de acordo com as


necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do
desenvolvimento sustentável.

87. Considerando-se os instrumentos da PNMA, é correto afirmar que a regularidade 110


ambiental de uma atividade potencialmente poluidora é confirmada
(A) pela formalização de registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades e
Instrumentos de Defesa Ambiental.
(B) pela apresentação de relatório anual que informe a inexistência de poluição.
(C) pelo registro da atividade no CTF e pelo licenciamento ambiental concedido pelo
órgão ambiental competente.
(D) pela apresentação de projeto básico ambiental e pela obtenção de autorização pelo
órgão ambiental competente.
(E) pela demonstração de que a atividade está localizada na área do zoneamento
ambiental que permite a sua realização.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
O assunto foi devidamente tratado na rodada 9 da turma de reta final TJMA.

Art. 10 da Lei 6.938/81 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental.
Art. 17 da Lei. 6.838/81 - Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA: (...) II - Cadastro Técnico
Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos
Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a
atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e
comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como
de produtos e subprodutos da fauna e flora.

88. No âmbito do projeto de uma rodovia, o governo estadual pretende construir uma
ponte sobre um rio, de modo que a sua implantação envolverá a colocação de pilares
nas faixas marginais desse recurso hídrico, os quais demandarão a supressão de
vegetação nativa na largura de 15 m dessas faixas. A ponte interceptará as áreas urbanas
de dois municípios vizinhos separados pelo rio, a fim de facilitar a circulação e o
transporte de pessoas e cargas entre as localidades. Considerando essa situação
hipotética, assinale a opção correta, de acordo com o Código Florestal (Lei n.º
12.651/2012).
(A) Desde que autorizada pelo órgão ambiental competente, é permitida a supressão da
vegetação nativa na faixa marginal, definida como área de preservação permanente,
pois se trata de obra de utilidade pública que envolverá serviço de transporte e melhoria
do sistema viário.
(B) A implantação da ponte na faixa marginal do rio não é permitida pela legislação, pois
se trata de área de reserva legal, que deve ser sempre mantida com a cobertura de
111
vegetação nativa.
(C) A supressão de vegetação na faixa marginal do rio, se for o caso, deverá ser decidida
no âmbito da licença prévia pelo órgão ambiental competente para o licenciamento.
(D) Desde que aprovado um plano ambiental de conservação e uso do entorno das faixas
marginais do rio, submetido ao órgão ambiental competente, poderá ocorrer
regularmente a supressão da vegetação.
(E) Por se tratar de obra pública de transporte e de melhoria do sistema viário em áreas
urbanas, fica dispensada a autorização ou licença pelo órgão ambiental competente.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJMA.

Art. 3º do Código Florestal - Para os efeitos desta Lei, entende-se por:


(...) VIII - utilidade pública:
(...) b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de
transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo
urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos , energia,
telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições
esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste
último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;
Art. 8º do Código Florestal - A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área
de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de
interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.

DIREITO ADMINISTRATIVO

89. O órgão responsável pela gestão dos recursos humanos no governo do estado Z
solicitou a instauração de procedimento para a contratação da prestação de serviços
médicos para os servidores públicos estaduais com regime de reembolso parcial de
mensalidades pelo Estado. Por sua vez, a comissão responsável pelo procedimento de
contratação estimou a cobertura mínima de atendimento e o valor máximo dos serviços
médicos a ser apresentado nas propostas das operadoras de planos de saúde
interessadas na prestação dos serviços aos servidores estaduais.
Nessa situação hipotética, o procedimento adequado de contratação é a
(A) dispensa de licitação, pois o valor máximo dos serviços já foi previamente
estabelecido pela administração. 112
(B) inexigibilidade de licitação, com a realização de chamamento público, pois há
viabilidade de contratação por meio de credenciamento.
(C) licitação na modalidade diálogo competitivo, consideradas as diversas possibilidades
de atendimento do objeto a ser contratado.
(D) licitação na modalidade concurso, visto que se trata de serviço técnico cuja
remuneração está previamente definida.
(E) licitação na modalidade concorrência, devendo o critério de julgamento ser por
técnica e preço.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Tema revisado na Reta Final para o TJMA 2022.

(A) INCORRETA.
O caso não se insere em nenhuma das hipóteses de dispensa de licitação do art. 24 da
Lei Federal nº 8.666/1993, não havendo qualquer pertinência com o fato de a
Administração ter fixado preço máximo.
(B) CORRETA.
Considerando-se as exigências da Administração, apenas de cobertura mínima e preços
máximos dos serviços, há inviabilidade de competição, já que diversas operadoras de
planos de saúde poderão disponibilizar seus serviços aos servidores públicos, que
poderão optar por uma ou outra.
(C) INCORRETA.
O objeto da contratação não se adequa à modalidade licitatória do diálogo competitivo,
em que “a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente
selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais
alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar
proposta final após o encerramento dos diálogos” (art. 6º, XLII, Lei 14.133/2021).
(D) INCORRETA.
Também não há espaço para o concurso, modalidade de licitação para a “para escolha
de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores” (art. 22, § 4º, Lei Federal nº 8.666/1993) .
(E) INCORRETA.
Como visto, diante das exigências da Administração, não há viabilidade de competição,
não sendo possível a realização de licitação. Ademais, o objeto da contratação não é de
natureza predominantemente intelectual, não se mostrando adequado o tipo técnica e
preço.
113
90. Enquanto pela tutela a administração exerce controle sobre outra pessoa jurídica
por ela mesma instituída, pela autotutela o controle se exerce sobre os próprios atos,
com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos,
independentemente de recurso ao Poder Judiciário.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo.
31.ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2018 (com adaptações).

Tendo como referência o fragmento de texto precedente, assinale a opção correta em


relação ao princípio da autotutela.
(A) A revogação da autorização de uso de bem público antes do prazo prescinde da
salvaguarda de direitos adquiridos.
(B) Constatada a presença de ilegalidade, impõe-se a anulação do ato administrativo,
cuja declaração não se sujeita a prazo decadencial.
(C) Constitui exemplo do exercício da autotutela a anulação de ato administrativo pelo
gestor em decorrência de decisão em reclamação julgada pelo Supremo Tribunal
Federal.
(D) Passados mais de cinco anos da chegada ao tribunal de contas de processo que trata
de registro da concessão de aposentadoria de servidor público, não poderá a referida
corte de contas anular o ato.
(E) Caso se verifique que pagamento de adicional remuneratório tenha decorrido de
fraude em informação prestada pelo servidor beneficiário, pode a administração
suprimir a parcela, desde que mediante provocação e em prévio processo
administrativo.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O julgado que é a resposta correta da questão foi abordado dentro do material de


julgados selecionados do STF 2020 e 2021 da Turma TJMA, pag. 32.

(A) INCORRETA.
Nos termos do art. 53 da Lei Federal nº 9.784/1999, a revogação, por motivo de
conveniência ou oportunidade, deve respeitar os direitos adquiridos. Conforme a
doutrina, a autorização de uso é ato de natureza precária, podendo ser revogado a
qualquer tempo, sem que se fale em direito a indenização. Pondera-se, contudo, que a
fixação de prazo ou o estabelecimento de condicionantes à autorização de uso lhe
conferem caráter qualificado, caso em que sua revogação, embora possível a qualquer
tempo, ensejará direito à indenização pelos prejuízos experimentados. Em qualquer
hipótese, a revogação deve ser precedida do contraditório, assegurando-se ao
beneficiário o direito de se manifestar previamente sobre a decisão administrativa de
extinguir o ato. 114
(B) INCORRETA.
Art. 54, Lei Federal nº 9.784/1999. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
(C) INCORRETA.
Nos termos do § 3º do art. 103-A da CF/88, julgada procedente a reclamação, o próprio
Judiciário anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada. No
primeiro caso, a anulação do ato administrativo pelo Judiciário é manifestação do
chamado “controle externo”, e não da autotutela administrativa.
(D) CORRETA.
Em 2020, o STF passou a entender que, com a chegada dos autos do processo
administrativo no Tribunal de Contas, começa a correr o prazo de 05 (cinco) anos para
que o TC aprecie o ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após
o que terá havido decadência, não mais podendo o benefício ser anulado (STF, RE
636.553/RS – Repercussão Geral, j. em 19/02/2020).
(E) INCORRETA.
A Administração, no exercício de seu poder administrativo de autotutela, não depende
de provocação para anular ou revogar atos administrativos.
91. Após um plano de fuga bem sucedido, um presidiário praticou o crime de estupro
de vulnerável, mediante violência, causando a morte da vítima.
Indignados com o ocorrido, os pais da vítima ingressaram com ação judicial na qual
requereram a condenação do Estado à concessão de pensão vitalícia e pagamento de
indenização por danos morais, alegando a responsabilidade objetiva estatal e a falha na
prestação do serviço de segurança pública como fundamentos do pedido.
Nessa situação hipotética, considerada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
sobre o tema, a demanda deverá ser julgada
(A) procedente, pois a responsabilidade objetiva no caso torna presumida a ocorrência
do dano moral.
(B) improcedente no que se refere ao pedido de concessão de pensão vitalícia, dada a
condição de vulnerabilidade da vítima.
(C) procedente, em virtude da ocorrência da falha no serviço de segurança do presídio.
(D) improcedente, pois não é possível estabelecer o nexo causal entre a fuga do preso e
o dano causado em decorrência do crime.
(E) improcedente, pois a responsabilidade civil por dano resultante de omissão do
Estado é subjetiva.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
115
De acordo com o STF, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por
presos foragidos, salvo quando demonstrado nexo causal direto:
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a
responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado
por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal
direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880, Rel.
Min. Marco Au STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão
Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info
993).

92. As entidades criadas mediante autorização legal, com personalidade jurídica de


direito privado, financiadas por contribuições compulsórias e que atuam sem sujeição
hierárquica ao ente da administração, com a finalidade de promover atividades em
cooperação com o Estado no atendimento de necessidades assistenciais e educacionais,
denominam-se
(A) fundações de apoio.
(B) conselhos profissionais.
(C) entidades paraestatais.
(D) agências executivas.
(E) empresas públicas.
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente comentado no ponto 04 de Direito Administrativo do


material do clube da magistratura 2022.1.

O enunciado traz o conceito dos chamados “serviços sociais autônomos”, também


conhecidos como “pessoas de cooperação governamental” ou simplesmente de
“Sistema ´S´”, entidades não estatais de direito privado que colaboram com o ente
público a que são vinculadas, por meio da prestação de serviços de utilidade/relevância
pública, mais especificamente, pelo exercício de atividades de fomento, incentivo e
apoio de grupos sociais ou categorias profissionais.
Os serviços sociais autônomos são criados mediante autorização legal, cujo início da
personalidade jurídica se dará com o registro dos seus atos constitutivos no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas e poderão constituir-se sob a forma de fundações ou
associações ou, inclusive, por meio de estruturas especiais, sendo que, neste último
caso, o delineamento jurídico especial deverá ser objeto de lei específica.
Os recursos financeiros das entidades do Sistema “S” são oriundos de contribuições
parafiscais, que têm natureza tributária, ante sua previsão legal e compulsoriedade,
sendo devidas pelos empregadores sobre a folha de salários, nos termos do art. 240 da
CF/88. 116
A despeito de sua equivocidade, prevalece na doutrina que as entidades paraestatais
são aquelas localizadas fora da estrutura da Administração Pública (entes não estatais,
portanto), mas que colaboram (ao lado) com o Estado na consecução de atividades de
interesse público. O conceito engloba todos os chamados “entes de cooperação”,
dentre os quais encontramos justamente os serviços sociais autônomos. Notem que
todas as demais alternativas da questão contêm entidades que integram a
Administração Pública, de natureza estatal, por conseguinte.

93. Com o objetivo de interditar a habitação em um conjunto de antigos imóveis


residenciais em área caracterizada pela presença do comércio de bens e serviços, a
prefeitura do município X decretou o tombamento de vinte e cinco casas localizadas no
bairro, impondo aos proprietários a manutenção desses imóveis segundo suas
características originais para a proteção do patrimônio histórico e cultural da cidade,
sem previsão de indenização.
Nessa situação hipotética, o ato administrativo de tombamento é
(A) nulo, em razão do desvio de finalidade, pois o tombamento não é instrumento apto
à gestão de limitação urbanística municipal.
(B) nulo, em virtude do vício de competência para a edição do decreto, a qual, no caso,
é da União.
(C) nulo, pois o ato de limitação à propriedade adequado ao caso seria a servidão
administrativa.
(D) legal, pois o tombamento para a preservação do patrimônio cultural prescinde de
indenização.
(E) anulável, mas poderia ser convalidado em ato posterior que fixasse justa indenização
aos proprietários.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

Tema revisado na rodada 4 do Reta Final para o TJMA 2022.

Tombamento é a modalidade de intervenção estatal (restritiva) na propriedade por


meio do qual a Administração protege o patrimônio MATERIAL cultural brasileiro. Nesse
caso, o Estado intervém para proteger a memória nacional, bens de ordem histórica,
artística, arqueológica, cultural, científica, turística e paisagística.
Todos os entes da federação possuem competência para legislar sobre o tombamento
e competência material para realizá-lo (RE 308399, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,
julgado em 29/03/2005, publicado em DJ 14/04/2005).
O tombamento exige a instauração de processo administrativo, com observância do
princípio constitucional do devido processo legal, no qual se assegure ao proprietário o
117
direito ao contraditório e à ampla defesa, no intuito de que se possa comprovar, se for
o caso, a inexistência de relação entre o bem a ser tombado e a proteção ao patrimônio
cultural. É obrigatório parecer do órgão técnico cultural.
Na hipótese do enunciado, existe flagrante desvio de finalidade, já que o objetivo
declarado da municipalidade restringir o uso residencial dos imóveis, em limitação
urbanística sem qualquer vinculação com a proteção do patrimônio histórico e cultural.
Não existe previsão de indenização no tombamento. A doutrina ressalva, contudo, o
tombamento que esvazie o conteúdo econômico do bem e gere prejuízos comprovados
a seu proprietário.

94. Antônio, secretário de administração do governo do estado Y, foi acusado por


servidores públicos lotados naquela secretaria de ter nomeado sua empregada
doméstica para o cargo em comissão de secretária no seu gabinete, o que foi seguido
da extinção do vínculo de doméstica pela ocorrência de demissão.
Um ano após a nomeação, instaurado processo disciplinar para apurar a conduta de
Antônio, este, apesar de regularmente citado, não apresentou defesa nem se
manifestou nos autos.
Contudo, a comissão processante teve notícia de que o Ministério Público estadual o
havia denunciado pela prática do crime de peculato desvio, em ação penal que se
encontrava em grau de recurso.
Ciente da existência dos depoimentos de Antônio, de sua antiga empregada e de
testemunhas nos autos da ação penal, o presidente da comissão processante solicitou
ao tribunal de justiça a remessa de cópia dos autos judiciais para instruir o processo
administrativo disciplinar.
Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
(A) Eventual reforma da sentença condenatória no processo penal na qual se reconheça
a insuficiência de provas resultará na absolvição de Antônio na seara disciplinar.
(B) Em virtude do princípio da independência de instâncias, a solicitação do presidente
da comissão processante deve ser indeferida pelo tribunal.
(C) A revelia de Antônio na seara disciplinar impede a continuidade da instrução do
processo administrativo.
(D) As provas colhidas no processo penal só poderiam ser emprestadas ao disciplinar
caso fosse comprovada a ausência de materialidade ou negativa de autoria.
(E) As provas do processo penal podem ser emprestadas ao processo administrativo,
independentemente do trânsito em julgado da sentença condenatória.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente comentado no ponto 18 de Direito Administrativo do


material do clube da magistratura 2021.2
118
(A) INCORRETA.
Nos termos dos arts. 125-126 da Lei Federal n. 8.112/1990 e do CPP, as instâncias civil,
administrativa e penal são independentes entre si, salvo quando reconhecidas a
inexistência do fato ou a negativa de autoria na esfera criminal (AgInt no RMS 62007/SC,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/04/2020,
DJe 27/04/2020). A insuficiência de provas atestada no processo criminal não vincula,
portanto.
(B) INCORRETA.
Súmula nº 591, STF: “É permitida a ‘prova emprestada’ no processo administrativo
disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o
contraditório e a ampla defesa”.
(C) INCORRETA.
No PAD, o único efeito decorrente da revelia é a designação de defensor dativo,
prosseguindo-se a instrução após a apresentação da defesa. Não implica, por
conseguinte, presunção de veracidade em desfavor do investigado.
(D) INCORRETA.
Súmula nº 591, STF.
(E) CORRETA.
É entendimento remansoso do STJ a desnecessidade de trânsito em julgado para a
utilização da prova emprestada (STJ - MS: 14140 DF 2009/0024474-3, Relator: Ministra
LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 26/09/2012, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de
Publicação: DJe 08/11/2012).

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

95. Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), a Autoridade Nacional
de Proteção de Dados (ANPD) integra
(A) o Ministério das Comunicações.
(B) a Presidência da República.
(C) o Ministério da Cidadania.
(D) o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
(E) a Controladoria-Geral da União.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS 119
QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO. O assunto foi devidamente tratado em Humanística
na turma de reta final TJMA.

De acordo com a LGPD:


Art. 55-A. Fica criada a Autoridade Nacional de Proteção de Dados - ANPD, autarquia de
natureza especial, dotada de autonomia técnica e decisória, com patrimônio próprio e
com sede e foro no Distrito Federal. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.124,
de 2022)
Assim, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados tem natureza de autarquia, não
possuindo, portanto, alternativa correta para a questão.
É de se ressaltar que a Medida Provisória 1.124/22 é de 13 de junho de 2022, podendo
ser cobrada na prova, ainda que tenha sido publicada depois do edital, por este permitir
a sua exigência:
“14.34 A legislação com entrada em vigor após a data de publicação deste edital, bem
como as alterações em dispositivos legais e normativos a ele posteriores não serão
objeto de avaliação, salvo se listadas nos objetos de avaliação constantes do Anexo II
deste edital.”
Entra exatamente nessa ressalva acima, já que a LGPD é listada expressamente no edital,
na disciplina de Direito Digital, item 4.
Para fins de esclarecimento, antes dessa MP, a redação era a seguinte:
“Art. 55-A. Fica criada, sem aumento de despesa, a Autoridade Nacional de Proteção de
Dados (ANPD), órgão da administração pública federal, integrante da Presidência da
República. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
A banca elencou a alternativa B (a Presidência da República) com base nesse dispositivo,
porém ela não corresponde à redação atual da lei.

96. Com base nas disposições da Lei Orgânica da Magistratura Nacional acerca dos
direitos e das prerrogativas dos magistrados, julgue os seguintes itens.
I - É prerrogativa de todo magistrado ser ouvido como testemunha ou parte, em dia,
hora e local previamente ajustados com a autoridade ou o juiz de instância igual ou
inferior.
II - Em caso de prisão em flagrante de magistrado por crime inafiançável, a autoridade
deverá comunicar o fato e apresentar o juiz ao corregedor do tribunal a que o
magistrado estiver vinculado.
III - É prerrogativa do magistrado ser recolhido a prisão especial ou sala de Estado-maior
até julgamento final, por ordem e à disposição do tribunal ou do órgão especial
competente.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo. 120
(B) Apenas o item III está certo.
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado no ponto de Humanística da turma de reta final


TJMA.

ITEM I: Incorreto.
Somente há essa prerrogativa quando o juiz é TESTEMUNHA.
Segue a redação da LC 35/79:
Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:
I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a
autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior;
ITEM II: Incorreto.
Neste caso, quem deve ser comunicado do flagrante é o Presidente do Tribunal.
Segue a redação da LC 35/79:
Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:
II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente
para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade
fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a
que esteja vinculado
ITEM III: Correto.
Segue a redação da LC 35/79:
Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:
III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à
disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes
do julgamento final;

97. Há de se destacar a concepção organicista da sociedade e do direito, não podendo


ser desprezados o contexto social e as relações concretas vivenciadas na sociedade. O
papel dos juristas e da convicção comum do povo é primordial na construção do próprio
direito, sobretudo diante da evolução histórica e social. Não há de prevalecer, assim,
apenas o voluntarismo arbitrário do legislador. A codificação, aliás, não constituiria uma
121
solução primária.
O texto anterior apresenta características da escola histórica do direito ou historicismo
jurídico. Assinale a opção que apresenta o nome de seu fundador.
(A) Norberto Bobbio
(B) Friedrich Savigny
(C) Robert Alexy
(D) Jürgen Habermas
(E) John Rawls

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
Essa escola foi desenvolvida por Savigny no século XIX, na Alemanha. Na visão de
Friedrich Savigny, o direito era um organismo vivo, e sua alteração se dava com as
modificações sociais e históricas, ou seja, “o povo modifica o direito”.

98. (...) relacionamento harmonioso ou estado de compreensão recíproca no qual, por


simpatia, empatia ou outros fatores, se gera confiança e comprometimento recíproco
— no caso da mediação, com o processo em si, suas regras e objetivos. (...) Há autores
que sustentam três elementos: atenção mútua, sentimento positivo compartilhado e
um dueto não verbal bem coordenado.
Manual de Mediação Judicial do CNJ. 6.ª ed. Comitê Gestor

Nacional de Conciliação, Brasília, 2016, p. 174 (com


adaptações).

O fragmento de texto anterior aborda o conceito de


(A) atuação intergeracional.
(B) convolação.
(C) mecanismo de fluidez.
(D) transversalidade.
(E) rapport.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado na rodada 2 (p. 65) de Humanística do Clube de


Magistratura 2022.1.

Um conceito muito utilizado na mediação chama-se rapport. O rapport consiste no 122


relacionamento harmonioso ou estado de compreensão recíproca no qual por simpatia,
empatia ou outros fatores se gera confiança e comprometimento recíproco – no caso
da mediação com o processo em si, suas regras e objetivos. Há autores que sustentam
que o rapport “sempre envolve três elementos: atenção mútua, sentimento positivo
compartilhado e um dueto não verbal bem coordenado. Quando esses três fatores
coexistem, catalisamos o rapport (pág. 174 do Manual mencionado no Manual da
Mediação Judicial do CNJ - 2016).

99. A sociologia do direito trata do fenômeno jurídico a partir de uma abordagem


nitidamente
(A) ideológica.
(B) hermética.
(C) zetética.
(D) estoica.
(E) dogmática.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
A zetética se trata do pensamento investigativo, preocupando-se em lançar perguntas,
e não em encontrar respostas. Podem até ser encontradas respostas, mas é possível
questionar até mesmo o ato de perguntar. Zetética significa perquirir, tentando
conhecer a natureza ou a razão das coisas, partindo-se de evidências, evidências essas
que podem ser modificadas ou questionadas posteriormente.

100. Os direitos sociais expressamente previstos na Declaração Universal dos Direitos


do Homem (1948) incluem
I - a organização sindical.
II - férias remuneradas periódicas.
III - proteção em face da automação.
IV - limitação razoável das horas de trabalho.
V - proteção contra o desemprego.
Estão certos apenas os itens
(A) I, III e IV.
(B) II e III.
(C) III, IV e V.
123
(D) I, II, III e V.
(E) I, II, IV e V.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
I - CORRETO.
Art. 23. (...)
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção
de seus interesses
II - CORRETO.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas
de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
III - INCORRETO.
Não tem previsão.
IV - CORRETO.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas
de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
V - CORRETO.
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

124

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