Lei de Diretrizes e Bases
Lei de Diretrizes e Bases
Lei de Diretrizes e Bases
Introdução.
O que é a LDB?
A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) - LDB - é a lei orgânica e geral da educação
brasileira. Como o próprio nome diz, dita as diretrizes e as bases da organização do
sistema educacional. Segundo o ex-ministro Paulo Renato Souza - que ao lado do
então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a LDB que vigora até hoje -
“o mais interessante da LDB é que ela foge do que é infelizmente o mais comum na
legislação brasileira: ser muito detalhista”. A LDB não é detalhista, ela dá muita
liberdade para as escolas, para os sistemas de ensino dos municípios e dos estados,
fixando normas gerais.
Importantes ações voltadas para a educação brasileira datam da década de 1930 com
a criação do Ministério da Educação e a reforma de 1931, conhecida por Reforma
Francisco Campos, com a proposta de ensino voltado para a vida cotidiana, como
pode ser notado em trechos no texto sugerindo aplicações da Ciência no dia-a-dia. Em
1942, outra política educacional foi lançada, destacando-se dentre outros aspectos, a
reforma dos ensinos secundário e universitário, com a criação da Universidade do
Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1945. A chamada Reforma
Capanema, assim como a anterior, centrava o ensino em questões do cotidiano, tendo
sido considerada por muitos como um sistema educacional que correspondia à divisão
econômico-social do trabalho.
Em 1961, surgiu a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a Lei
4024/61 ou simplesmente LDB/61, como resultado do trabalho de dois grupos com
orientações de filosofia partidária distinta. Os estatistas eram esquerdistas e
defendiam que a finalidade da educação era preparar o indivíduo para o bem da
sociedade e que só o Estado deve educar. Os liberalistas eram de centro/direita e
defendiam os direitos naturais e que não cabe ao Estado garanti-los ou negá-los, mas
simplesmente respeitá-los. Após quase 16 anos de disputa entre essas correntes, as
ideias dos liberalistas acabaram representando a maior parte do texto aprovado pelo
Congresso. A LDB/61 trouxe como principais mudanças a possibilidade de acesso ao
nível superior para egressos do ensino técnico e a criação do Conselho Federal de
Educação e dos Conselhos Estaduais, num esquema de rígido controle do sistema
educacional brasileiro. A demora a aprovação da LDB/61 trouxe-lhe uma conotação de
desatualização e, logo após sua promulgação, outras ações no âmbito de políticas
educacionais públicas surgiram, desta vez, inseridas no cenário político de domínio
militar. Por exemplo, em 1968, a Lei 5540/68 criou o vestibular e, em 1971, surgiu a
Lei 5692/71, conhecida também como LDB/71, cuja função foi atualizar a antiga
LDB/61, como resultado do trabalho de membros do governo indicados pelo então
Ministro da Educação Coronel Jarbas Passarinho.
A LDB/71 definia os currículos como constituídos por disciplinas de obrigatoriedade
nacional, escolhidas pelo Conselho Federal de Educação (análogas ao atual núcleo
comum). Além disso, os Estados podiam indicar disciplinas obrigatórias em suas
jurisdições (análogo à atual parte diversificada do currículo), porém sob-rígido controle
dos governos estaduais. Também na década de 1970, surgiu uma política de
valorização do ensino técnico profissionalizante e, especificamente com relação ao
ensino de Química, passou a valer um caráter mais científico da disciplina. Nesta
época, o Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo criou o Centro
Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS) para fortalecer o
crescimento industrial paulista, pela possibilidade de formação profissional.
Na sequência das políticas educacionais, em 1996, foi sancionada a Lei 9394/96, a
LDB/96, que buscou reestruturar o sistema educacional brasileiro, com
regulamentações tanto nas áreas de formação de professores e gestão escolar quanto
nas áreas de currículo, a partir do resultado de debates realizados ao longo de oito
anos, especificamente entre duas propostas distintas. Uma delas envolvia debates
abertos com a sociedade, defendendo maior participação da sociedade civil nos
mecanismos de controle do sistema de ensino, enquanto a outra proposta resultava de
articulações entre Senado e MEC, sem a participação popular, defendendo o poder
sobre a educação mais centralizado, a qual acabou vencendo a "disputa" de idéi. Com
a LDB/96, mais uma vez foram modificadas as denominações do sistema de ensino
brasileiro que passou a envolver a educação básica que consiste da educação infantil
(até 6 anos), ensino fundamental (8 séries do antigo primário) e ensino médio (3
séries); ensino técnico (agora obrigatoriamente desvinculado do ensino médio), além
do ensino superior. A LDB/96 é considerada a mais importante lei educacional
brasileira e fundamenta as subsequentes ações dos governamentais no âmbito
educacional discutidas a seguir, como os Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino
Médio, PCNEM, as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e a
Proposta Curricular do Estado de São Paulo de 2008.
Em 1999, o PCNEM surge como consequência da LDB/96 numa proposta visando unir
qualidade do ensino e formação de cidadãos aptos ao novo mundo do trabalho
globalizado, com a organização do ensino voltado para o desenvolvimento de
competências e habilidades nos estudantes. “Competências e habilidades” foram
introduzidas como novos paradigmas educacionais e assumiram papel central para
discussão da proposta, principalmente entre os professores.
O currículo por competências é um formato integrado, onde as competências não
estão intimamente ligadas a um conteúdo específico, mas sim a um conjunto de
conteúdos, advindos de disciplinas diversas. Sobre o currículo por competências e
habilidades.
Após a publicação do PCNEM, surgiu, em 2002, com foco no ensino médio, um novo
documento: o PCNEM com orientações complementares ao PCNEM, trazendo as
competências e habilidades recontextualizadas, ou seja, com esquemas de propostas
para o desenvolvimento de conceitos em sala de aula. Apresentado em volumes
específicos para as três grandes áreas, o PCNEM+ de certa forma complementava o
PCNEM, trazendo os pressupostos teóricos da proposta geral para um nível mais
concreto, com uma sugestão para organização curricular, o que os professores, de
modo geral, buscavam, com algum grau de definição, para organizar suas aulas em
termos de conteúdos curriculares.
Em 2004, foi lançado um novo documento para substituir o PCNEM: as Orientações
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que trata de alguns pontos controversos
da proposta de 1999, como a ideia de todos os problemas educacionais é resolvida
com reforma curricular e a falta de explicitação de orientações para aplicação dos
conceitos de habilidades e competências na sala de aula. Assim, esse novo
documento, com vigência atual, coloca em foco mudanças para a reorganização
curricular, como a priorização da diversidade cultural dentro da escola, utilizando-se do
currículo como complemento às políticas socioculturais; as mudanças no enfoque da
avaliação (passando de quantitativa para qualitativa) e o estímulo à formação
continuada de professores e gestores, dentre outros aspectos.
Como subsídio adicional para organização dos currículos dos ensinos fundamental e
médio, surgiu em fevereiro de 2008 a Proposta Curricular do Estado de São de Paulo.
Para o ensino médio, esta proposta, coordenada por Maria Inês Fini, foi elaborada por
pesquisadores da área de educação que atuam no Estado, juntamente com membros
do governo paulista. O material tem volumes específicos para cada disciplina, com
organização dividida em quatro bimestres das três séries, de acordo com um tema
central a ser desenvolvido em conteúdos gerais e específicos.
Alguns pontos da LDB vigente desde então são considerados ganhos importantes
para os cidadãos: "a União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no
mínimo 25% de seus orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino
público" (art. 69); o Ensino fundamental passa a ser obrigatório e gratuito (art. 4) e; a
educação infantil (creches e pré-escola) se torna oficialmente a primeira etapa da
educação básica.
ESTRUTURA DA LDB.
• Nove Títulos;
• 92 Artigos;
• Assegurar o Ensino Fundamental, inclusive aos que não tiveram acesso na idade
própria. (Art.4º -Inciso I);
• Deve estender a obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio (Art. 4º- Inciso II);
• Oferecer educação regular para Jovens e Adultos, levando-se em conta sua eventual
condição de trabalhadores (Art. 4º - Inciso VII – Art. 37);
• Aos pais ou responsáveis cabe efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete
anos, no Ensino Fundamental (Art. 6º);
• Maior clareza das relações da educação com o mundo do trabalho (Art.1º, 2º, 37 e
38);
• Vinculação mais clara dos recursos financeiros aos objetivos visados (Art. 69);
Fagundes, Augusta. I. J. – LDB – Dez anos em ação [on line]. Brasil, 2014.
Disponível em: http://www.ipae.com.br/ldb/augustafagundes.doc. Acesso em:
01 jun. 2014.