VULNERABILIDADE EDUCACIONAL Final

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Vulnerabilidade Educacional na Educação Infantil: Um Problema de Políticas


Públicas

Educational Vulnerability in Children Education: A Problem of Public Policies

Walace Rodrigues1
Universidade Federal do Tocantins

Resumo: Este trabalho busca focar na vulnerabilidade educacional das crianças da primeira
infância, no âmbito da educação infantil. No Brasil a educação infantil ainda não atinge a toda a
população de crianças que dela necessita. Nossos estudos mostram que um dos problemas mais
recorrentes é a falta de vagas nas áreas mais vulneráveis socialmente, acarretando uma exclusão
das crianças, desde de tenra idade, dos ambientes educacionais. Verificamos, ainda, ser esse um
grave problema brasileiro de políticas públicas educacionais.
Palavras-chave: Políticas públicas; Educação infantil; Vulnerabilidade.

Abstract: This paper seeks to focus on the educational vulnerability of children in the context of
early childhood education. In Brazil, child education does not yet reach the entire population of
children who need it. Our studies show that one of the most recurrent problems is the lack of
places in the most socially vulnerable areas, leading to the exclusion of children at an early age
from educational environments. We also verified that this is a serious Brazilian problem of public
educational policies.
Keywords: Public policies; Infantile education; Vulnerability.

Introdução
Nossas pesquisas no Mestrado em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais
(PPGDire), na Universidade Federal do Tocantins – UFT, campus de Araguaína, nos
levaram a pesquisar sobre a vulnerabilidade educacional em certas etapas de
escolarização no Brasil. Assim, nossa pesquisa em relação à vulnerabilidade educacional
se deparou com a falta de oferta de vagas já na educação infantil, levando-nos a buscar
os porquês de tal fato e encontrando outros novos.

1
Doutor em Humanidades, mestre em Estudos Latino-Americanos e Ameríndios e mestre em História da
Arte Moderna e Contemporânea pela Universiteit Leiden (Países Baixos). Pós-graduado (lato sensu) em
Educação Infantil pelo Centro Universitário Barão de Mauá - SP. Licenciado pleno em Educação Artística
pela UERJ e com complementação pedagógica em Pedagogia. Professor Adjunto da Universidade Federal
do Tocantins (UFT). Docente do Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas
Regionais (PPGDire) e da Pós-Graduação em Ensino de Língua e Literatura (PPGL). Pesquisador no grupo
de pesquisa Grupo de Estudos do Sentido - Tocantins - GESTO, da Universidade Federal do Tocantins –
UFT.

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Notamos a importância de tal pesquisa para mobilizar a população em torno de


políticas públicas específicas na área da educação e voltadas para a primeira infância. As
razões da preferência por esse tema devem-se a nosso reconhecimento da necessidade de
uma educação de qualidade desde muito cedo.
O objetivo desse trabalho é, portanto, deixar ver às pessoas a precariedade das
condições educacionais a que estão relegadas as crianças brasileiras que necessitam de
educação infantil pública, gratuita e de qualidade. Isso para que todas as pessoas
envolvidas com a educação infantil cobrem ações políticas de seus governantes em
relação a esse problema ainda recorrente.

Educação infantil e suas vulnerabilidades


Começamos por informar que o método científico adotado foi a revisão
sistemática da literatura das áreas pesquisadas, caracterizando um trabalho de cunho
bibliográfico. Buscamos referenciar uma bibliografia que nos embasasse sobre o tema
pesquisa, analisamos tal bibliografia e chegamos a um resultado qualitativo, formulando
hipóteses para a solução do problema pesquisado.
Apresentamos, inicialmente, os principais conceitos referentes a esse trabalho de
pesquisa, sendo estes: políticas públicas educacionais, educação infantil e vulnerabilidade
educacional. Tais conceitos são os mais importantes para compreender nossa pesquisa.
Políticas públicas educacionais podem ser definidas como aquilo que um
governo escolhe ou não fazer na área educacional, de acordo com o professor Adão
Francisco de Oliveira (2010), quando expandindo o conceito de políticas públicas de
Thomas Dye. Assim, as ações e omissões de um governo em relação à educação de seus
governados podem ser consideradas relevantes nos estudos de políticas públicas
educacionais.
Mas por que nossa preocupação em pesquisar sobre vulnerabilidades referentes
à educação infantil? Porque acreditamos que essa fase escolar seja uma das mais
importantes na vida estudantil de uma pessoa, período para formar laços sociais e
acrescentar conhecimentos únicos à vida das crianças. Assim, as dificuldades encontradas
nesse período educacional podem marcar a vida estudantil das pessoas. O “Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil – Volume 1” nos mostra que:

A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma


crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a

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participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e


estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância
das experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação
institucional para crianças de zero a seis anos. A conjunção desses fatores ensejou um
movimento da sociedade civil e de órgãos governamentais para que o atendimento às
crianças de zero a seis anos fosse reconhecido na Constituição Federal de 1988. A
partir de então, a educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser, ao menos
do ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da criança (artigo 208, inciso
IV). O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, destaca também o direito da
criança a este atendimento. (BRASIL, 1998, p. 11)

A educação infantil é a fase educacional para as crianças entre 0 e 5 anos e 11


meses de idade (BRASIL, 1996). Ela compreende o atendimento das crianças nas creches
(para crianças de 0 a 3 anos e 11 meses) e nas pré-escolas (para crianças de 4 anos a 5
anos e 11 meses). Tal período é extremamente importante para os primeiros aprendizados
escolares, individuais e sociais, pois a criança aprenderá a conviver respeitosamente com
outras de sua idade e terá conhecimentos científicos específicos para sua idade. As s
“Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil” (2010) definem tal etapa da
educação formal como sendo:

Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se


caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem
estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças
de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e
supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle
social. É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de
qualidade, sem requisito de seleção. (BRASIL, 2010, p. 12)

No Brasil, o entendimento de que as crianças até 5 anos e 11 meses são cidadãos


de direito e devem ter oportunidades de acesso a uma educação de qualidade e com
profissionais capacitados para trabalharem com essa fase infantil tomou força a partir da
década de 1980, conforme a passagem abaixo:

A sociedade demorou a entender que infância é um período importante e as crianças


são diferentes em determinadas idades. Para ter uma ideia, faz somente dez anos que
o Ministério da Educação — com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases —
reconheceu a educação infantil como parte da educação básica de qualquer brasileiro.
Isso reflete no que é oferecido às famílias, pois, entre outras coisas, indica ser
fundamental a especialização do educador. Significa que educação infantil tem de ir
muito além da “tia”, das recreações, do Dia das Mães ou das canções de Natal. O seu
filho precisa estar em um local com profissionais especializados que promovam
rotinas baseadas em propostas pedagógicas muito bem fundamentadas. (ROGÉRIO;
CALLEGARI, s/d)

Quanto à vulnerabilidade educacional, esse conceito deriva do conceito de


vulnerabilidade social e se aplica diretamente às vulnerabilidades diretamente ligadas à

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área da Educação escolar. Compreendemos a vulnerabilidade educacional como a


evidenciação de ameaças na área da educação escolar, acreditando na capacidade interna
individual, do grupo ou comunidade para desenvolverem ferramentas para a superação
de tal vulnerabilidade.
Partindo das pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA,
podemos verificar que onde há vulnerabilidade social e baixo desenvolvimento humano
haverá uma baixa prosperidade social (BRASIL, 2015). Vejamos a passagem do IPEA:

De forma complementar ao que o IDHM retrata, o IVS dá destaque a um amplo


conjunto de indicadores de situações que traduzem e refletem condições menos
favoráveis de inserção social, refletindo a trajetória social das pessoas, de suas
famílias e de seu meio social, seja em termos do capital humano, seja em termos de
sua inserção no mundo do trabalho e da produção, ou em termos de suas condições de
moradia e da infraestrutura urbana. A análise integrada do desenvolvimento humano
com a vulnerabilidade social oferece o que se denomina aqui de prosperidade social.
A prosperidade social é a ocorrência simultânea do alto desenvolvimento humano com
a baixa vulnerabilidade social, sugerindo que, nas porções do território onde ela se
verifica, ocorre uma trajetória de desenvolvimento humano menos vulnerável e
socialmente mais próspera (BRASIL, 2015, p. 74)

Nesse sentido, a vulnerabilidade educacional em relação à educação infantil a


que nos referimos nesse trabalho deixa-se notar na falta de vagas nas escolas de ensino
infantil e nas péssimas condições físicas e profissionais em tais escolas.
De acordo com dados do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura
e Ação Comunitária – Cenpec, em uma pesquisa publicada com o título de “Educação em
territórios de alta vulnerabilidade social na metrópole”, há uma precariedade na oferta de
vagas na educação infantil no Brasil, até mesmo na cidade mais rica do país (CENPEC,
2011). Ainda de acordo com o CENPEC, a menor cobertura de escolas de educação
infantil está nas áreas com maior vulnerabilidade social na cidade de São Paulo.
As crianças da primeira infância que estão em creches e pré-escolas necessitam
serem cuidadas e educadas, não somente cuidadas. Elas devem ter acesso a um ensino
condizente com sua fase de desenvolvimento biológico e cognitivo. Sobre esse binômio
cuidar e educar, Edilane Silva (2014) nos diz que:

[…] não é fácil discutir as questões que envolvem a concretização desse binômio,
muito por conta de sua trajetória histórica que se constituía apenas de cuidado, e ainda
por falta de entendimento de que atuar como profissional da Educação Infantil carece
de conhecimento e capacitação, experimentações, saber utilizar de diversas
linguagens, de que é uma faixa etária específica, que requer cuidado e educação de
qualidade de forma interligada. (SILVA, 2014, p. 2)

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Também, conforme os estudos da pesquisadora Márcia Teixeira Sebastiani


(2009), as instituições escolares de educação infantil são aquelas que detêm os professores
menos preparados e o atendimento às crianças das famílias mais pobres em creches e pré-
escolas é de somente 28,9%. Nas famílias mais ricas, mais de 50% das crianças de 0 a 5
anos e 11 meses frequentam uma instituição de educação infantil.
Outra questão a ser pensada é a das especificidades regionais, étnicas,
econômicas e sociais da infância. Além da necessidade de se ter um paradigma que dê um
norte à educação infantil. Sônia Kramer (2006), uma das especialistas brasileiras em
educação infantil, nos informa que:

Uma das grandes questões enfrentadas foi/é: como garantir um paradigma norteador
do projeto de educação infantil do país, respeitando a diversidade? O Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998) não soube como
equacionar tensão entre universalismo e regionalismos, além de ter desconsiderado a
especificidade da infância. O tema das alternativas curriculares e políticas de
formação que não desumanizem o homem, que não fragmentem o sujeito em objeto
da sua prática continua em pauta. Como romper com um contexto que não leva em
conta as trajetórias dos professores, as questões étnicas, a desigualdade
socioeconômica? (KRAMER, 2006, p. 802)

A fragilização das situações a que estão expostas as crianças em situação de


vulnerabilidade social já na primeira infância chama a atenção de vários especialistas. As
próprias mães em situação de vulnerabilidade social diminuem as chances de seus filhos
serem saudáveis e bem-sucedidos educacionalmente.

É sabido que o nível cultural (modelo patriarcal) e educacional (nível de escolaridade)


das mulheres de uma família influencia diretamente na sobrevivência de uma criança.
A precária compreensão das reais necessidades de um recém-nascido e a primitiva
forma de comunicar-se da mulher tolhida de participação ativa na sociedade coloca
esta criança em situação de alta vulnerabilidade. O risco e a vulnerabilidade tornam-
se essência para o estudo da pobreza, apontando que além do problema de baixa renda
e consumo, a insegurança tem lugar de destaque, pois o pouco que se tem não pode
ser perdido. (MELLO; ANDRADE, 2006, p. 14)

A precarização das condições sociais das mães e pais mostram o começo do


problema de uma distribuição muito desigual de renda em nosso país e se refletem dentro
das escolas públicas das periferias e zonas rurais, incluindo-se as creches e pré-escolas.
Vemos que os programas sociais de combate à vulnerabilidade social, como o
Programa Bolsa Família - PBF (criado em 2003), não conseguem alcançar em plenitude
os seus objetivos, pois os recursos destinados a tais programas deveriam ser mais
vultuosos. Fonseca et. al. nos informam que:

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Um programa social só pode ser considerado capaz de reduzir a pobreza e a


desigualdade se, em primeiro lugar, alcança a população que vive nessas condições.
Quanto maior a proporção dos recursos do programa reservados à população
vulnerável, maior será a focalização e, por conseguinte, maior o seu impacto
(FONSECA et. al., 2013, p. 262)

Dizendo isso, não podemos desmerecer os avanços do PBF em relação a


significativos avanços de diminuição da pobreza extrema e assiduidade escolar, como nos
demonstra Fonseca (2013):

Indicadores demonstram que o PBF aumentou a frequência escolar ao inibir o trabalho


infantil. Ao permanecerem na escola, em especial na rede pública de ensino, a criança
e o adolescente terão oportunidades de participar das ações do PSE1, direcionadas ao
enfrentamento das vulnerabilidades que afetam o seu desenvolvimento. (FONSECA
et. al., 2013, p. 259)

Também, a falta de materiais adequados para se trabalhar com as crianças da


educação infantil é um outro problema a ser enfrentado. Sendo esse, um claro problema
de políticas públicas educacionais, pois não destina o suficiente para cumprir as
necessidades escolares de tais crianças. Edilane Silva (2014) nos informa que:

[…] os recursos materiais são poucos, mas principalmente a falta de pessoal o que
prejudica e muito o desenvolvimento e efetivação do cuidado pleno defendido pelos
norteadores legais. Como afirma um dos profissionais tornando-se algo mecânico,
automatizado. Sobrecarregando estes profissionais que acumulam funções, tornando-
se um trabalho cansativo e sem qualidade para que propicie situações de
aprendizagens significativas. A criança neste contexto se torna apenas mais uma
criança, ou seja, um número, para que haja para o bom funcionamento da instituição.
Diante disso, observamos que em algumas ações, teoria e prática se distanciam no
cotidiano da instituição, por falta de instrumentos para consolidação de uma Educação
Infantil de qualidade, respeitando os direitos das crianças dentro de suas capacidades
específicas. (SILVA, 2014, p. 8)

Nesse sentido, somente com alguns dados sobre a vulnerabilidade educacional


das crianças mais pobres no Brasil podemos verificar que há um problema claro de
políticas públicas educacionais em relação à oferta e a qualidade física e profissional em
relação às instituições de educação infantil, tanto creches, quanto pré-escolas.
Segundo Sônia Kramer (2006), ainda há muito por fazer em relação à oferta de
vagas, aos profissionais que trabalham nesse nível escolar, às questões didáticas e
metodológicas, e às questões políticas, dentre tantos pontos a melhorar ainda hoje. Tal
professora nos diz que:

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Programa Saúde na Escola.

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Os maus-tratos que muitas crianças sofrem, a falta de alternativas saudáveis, a


ausência de alegria e de bem-estar nas crianças e nos adultos refletem em mim – e se
refratam de mim – como o tanto que há por fazer. Este tanto exige financiamento. Este
tanto representa políticas educacionais e democratização de creches, pré-escolas e
turmas de educação infantil em escolas, dependendo da opção de cada rede pública,
escola privada ou ONG. Este tanto significa formação como escolaridade inicial no
ensino médio e na universidade ou formação em serviço, como ainda gosto de chamar
(continuada ou em exercício seriam os termos corretos), assumindo – nos dois casos
– seu papel de formação científica e cultural. Este tanto se relaciona, ainda, com o
muito que é preciso pesquisar, estudar, indagar, ver e escutar, propor, subsidiar com
teorias, metodologias e práticas. Este tanto se refere ao muito de militância e defesa
da pluralidade de alternativas para que a educação infantil – direito social de acordo
com a Constituição e direito humano em inúmeras situações de extrema pobreza –
seja uma parte, uma parcela, pequena, mas nem de longe insignificante, na luta tenaz,
consistente contra a desigualdade e a injustiça social. Para muitos legisladores e
pesquisadores da educação e das políticas sociais, está por ser provado o impacto da
educação infantil no desempenho escolar. Eu, como fiz ao longo desses 36 anos,
continuo defendendo que a educação infantil é direito. (KRAMER, 2006, p. 814)

Os resultados parciais dessa pesquisa nos levam a contatar que a falta de vagas
na educação infantil é um problema de políticas públicas educacionais, acarretando vários
prejuízos para crianças e pais envolvidos.
Nesse sentido, verificamos que há uma relação entre vulnerabilidade social e
oferta de vagas na educação infantil pública, ocasionando vulnerabilidade educacional
para as crianças que mais necessitam de educação pública de qualidade.
Há que se discutir, ainda, quais os caminhos a tomar para forçar os poderes
públicos a investirem muito mais numa educação infantil de boa qualidade, com boas
escolas e profissionais bem preparados.
As mais variadas vulnerabilidades ligadas à educação escolar, principalmente à
educação infantil, fragilizam em muito a oferta de vagas em creches e pré-escolas,
dificultam aprendizagens importantes para a vida dos nossos pequenos estudantes e
repercutem em uma socialização a partir de uma idade mais avançada, quando essa
deveria começar preferencialmente nas creches.

Considerações finais
Se entendemos, como o professor Walace Rodrigues (2017), que a educação
pode funcionar como um mecanismo de abertura de oportunidades sociais para os
estudantes menos favorecidos sócio e financeiramente, vemos que a vulnerabilidade
educacional que atinge as crianças em fase escolar infantil pode levar a mais desigualdade
social do que já temos hoje. Além de aumentar o gap educacional entre ricos e pobres de
nosso país.

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Vemos, portanto, que é importante frequentar uma boa instituição de educação


infantil, pois isso faz com que a criança adquira conhecimentos e contatos sociais
importantes para seu prosseguimento nos estudos futuros. Assim sendo, as crianças que
necessitam de uma instituição escolar infantil pública têm passado por vulnerabilidade
educacional, tanto no acesso, quanto na permanência eficaz em tais instituições.
Se verificamos que as políticas públicas educacionais são aquilo que um governo
escolhe ou não fazer na área educacional, verificamos, portanto, que há graves omissões
na oferta de educação infantil pública de qualidade e no atendimento às necessidades das
instituições educacionais de educação infantil já instaladas e em funcionamento.
Recomendamos maior investimento na educação infantil pública em todo o
Brasil, tanto na oferta, quanto na melhoria da estrutura física das escolas já existentes e
na capacitação de qualidade para os profissionais que atuam nessa fase educacional.

Referências
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