Literatura e Linguagem Infantil
Literatura e Linguagem Infantil
Literatura e Linguagem Infantil
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 3
2
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
3
2 LITERATURA INFANTIL
Fonte: virusdaarte.net
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Conforme Cademartori (2010), a literatura infantil, como seu adjetivo
determina, é a literatura destinada às crianças, que tem como objetivo principal
oferecer-lhes, através do fictício e da fantasia, padrões para interpretar o mundo
e desenvolver seus próprios conceitos. Através da literatura, a criança tem
acesso tanto à herança cultural como à pluralidade cultural que se observa em
nosso país, em razão do encontro das várias etnias e do processo de
colonização brasileiro. Esse processo ocorre conforme a adequação à faixa
etária, enriquecendo seu conhecimento e contribuindo para a construção de sua
personalidade.
Para entender a literatura infantil se deve compreender, antes de tudo, a
quem ela se destina, o público, ou seja, a criança. Assim, pode-se levar em conta
um pouco da formação e da história dessa construção literária.
Por volta do século XVII, a criança não era considerada criança e convivia
igualmente com adultos; não havia um mundo infantil ou uma visão sobre esse
mundo. Consequentemente, não se escrevia para crianças. Portanto, a literatura
infantil “não nasceu infantil”, pois tendo se originado das fábulas, eram histórias
dirigidas aos adultos com o fim de ensinamentos morais, sociais, religiosos e
políticos. Foi muito difícil introduzir a literatura infantil no mundo literário, pois as
crianças, assim como a mulher, não eram respeitadas e nem vistas como parte
da população humana e, como tal, não eram dignas de preocupação e atenção
do adulto, sendo marginalizadas. (AQUINO, 2012).
Afirma Cademartori (2010, p. 43) “A criança, na época, era concebida
como um adulto em potencial, cujo acesso ao estágio dos mais velhos só se
realizaria através de um longo período de maturação [...]”. Aquino (2012) destaca
que a partir do séc. XVIII, quando ocorreu a ascensão da burguesia e
consequente valorização da família e do ambiente doméstico, passou-se a focar
a criança como diferente do adulto, levando em conta suas necessidades e
especificidades. Conforme Aquino (2012, p. 64):
5
Da preocupação com os pequenos, surge a literatura infantil, que tinha
como intuito principal uma educação moral, destacando-se o que era certo e o
que era errado. Essa literatura incluía textos que tinham sido produzidos por e
para adultos, fábulas e contos populares de origem folclórica. Segundo
Cademartori (2010, p. 43): “A literatura passou a ser vista como um importante
instrumento para tal [educar moralmente], e os contos coletados nas fontes
populares são postos a serviço dessa missão”. Deste modo, a literatura infantil
acaba se tornando um gênero. No século XVI, os contos clássicos já existiam e
eram contados oralmente; depois foram compilados e transformados por
Perrault, Irmãos Grimm e Hans Andersen, no século XVII.
Esses contos chegaram até a família Perrault, através de contadores que,
na época, faziam parte da vida doméstica e eram considerados servos. Seus
contos caracterizavam-se por sarcasmo em relação ao popular e, ao mesmo
tempo, foram marcados pela arte moralizante através da literatura pedagógica.
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Se antes a criança era vista como um adulto em miniatura, sem condições
especiais e sem uma preocupação específica com sua aprendizagem, a partir
do fortalecimento da burguesia, essas concepções começam a se modificar; a
criança passa, então, a ser considerada socialmente como um ser diferente do
adulto. Para Lajolo e Zilberman (2007, p. 18):
2.2 No Brasil
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de obras literárias para o público infantil e juvenil, e surge então, à compreensão
da necessidade de uma literatura nacional própria para a criança brasileira que
precisava se instruir, um público ávido por consumir os produtos culturais dos
novos tempos.
No Brasil, foi somente a partir do século XIX que surgiram livros nacionais
de literatura endereçados a crianças, embora a maior parte fosse constituída por
traduções e adaptações de obras europeias tradicionais, especialmente
portuguesas, que visavam difundir regras e padrões de comportamentos,
doutrinando-se as crianças. Nas palavras de Gregorin Filho (2009),
2.3 Na atualidade
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boa parte se deve ao fato de as escolas tornarem-se um dos espaços para
divulgação desse gênero literário em ascensão num cenário de lutas pela
liberdade de expressão. Autores buscam colocar no papel a voz da criança e o
seu universo cheio de conflitos para serem lidos e vivenciados, além de
discutidos numa proposta de diálogo e não de imposição de valores.
Desde então, ao invés da perspectiva do adulto que pretende ensinar
algo, é possível encontrar uma quantidade muito significativa de livros que
priorizam o universo e a perspectiva infantis. No lugar de informações utilitárias,
conhecimentos escolares e valores morais explícitos, autores contemporâneos
têm valorizado a qualidade literária e o lúdico, que podem se manifestar tanto
por meio das temáticas abordadas quanto da liberdade para experimentações
com o significante linguístico.
Fonte: alpv.org.br
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obras. Na época, a literatura infantil era vista como uma mercadoria,
principalmente para as sociedades aristocráticas. Com o tempo, as sociedades
se desenvolveram e se modernizaram por meio da industrialização, ampliando
assim a produção de livros.
Desde então, o vínculo entre escola e literatura se fortaleceu, pois para
obter livros, as crianças devem dominar a linguagem escrita, e as escolas
precisam desenvolver essa habilidade. Segundo Lajolo & Zilbermann, “as
escolas passaram a fazer com que as crianças consumissem impressos,
atuando como intermediárias entre a criança e a sociedade de consumo”. (2002,
pág. 25)
Assim surgiu outra abordagem relacionada à literatura infantil, que na
verdade é literatura feita para adultos e usada por crianças. Seu aspecto crítico
didático-pedagógico se baseia em uma linha moralista, paternalista, centrada na
manifestação do poder. Portanto, é uma obra de literatura que incentiva a
obediência, de acordo com a igreja, governo ou senhor. Uma literatura
deliberada cujas histórias sempre terminam em recompensar o bem e punir o
mal percebido. Adere estritamente aos preceitos religiosos, argumentando que
a criança é moldada de acordo com os desejos de quem a educa, podando suas
habilidades e expectativas.
Até os primeiros vinte anos do século XX, as obras educativas para
crianças eram caracterizadas pela educação moral, ou seja, o único objetivo do
livro era educar, modelar e moldar as crianças de acordo com as expectativas
dos adultos. A obra tem pouco propósito de tornar a leitura um prazer, retratando
a aventura pela aventura. Poucas histórias falam sobre a vida de forma lúdica,
ou fazem pequenas viagens pelo cotidiano, ou têm afirmações centradas na
amizade, sobre amigos vizinhos, escola, vida.
Essa visão de mundo maniqueísta baseada em interesses institucionais
começou a ser superada por volta da década de 70, e a literatura infantil passou
por uma reavaliação, em grande parte aportada ao Brasil pela obra de Monteiro
Lobato. Estende-se então a todos os caminhos da atividade humana,
valorizando a aventura, o cotidiano, a família, a escola, os esportes, os jogos, as
minorias, e até penetra na esfera política e seus efeitos.
Hoje, as dimensões da literatura infantil são mais amplas e importantes.
Proporciona às crianças um desenvolvimento emocional, social e cognitivo
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indiscutível. De acordo com Abramovich (1997), quando as crianças ouvem
histórias, elas começam a visualizar seus sentimentos sobre o mundo com mais
clareza. Além de ensinar assuntos ilimitados, essas histórias abordam os
problemas existenciais típicos da infância, como medo, ciúme e afeto,
curiosidade, dor, perda.
De acordo com ABRAMOVICH (1997), através de uma história, pode-se
descobrir outros lugares, outros tempos, outras formas de se comportar e ser,
outras regras, outra ética, outro ponto de vista... É Começar a entender de
história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisa saber
o nome, muito menos pensar que se parece com uma sala de aula.
Assim, quanto mais cedo as crianças são expostas aos livros, mais cedo
elas experimentam o prazer de ler e maior a probabilidade de se tornarem
leitores adultos. Da mesma forma, por meio da leitura, as crianças adquirem uma
postura de reflexão crítica extremamente relevante para sua formação cognitiva.
É perceptível que, quando uma criança ouve ou lê uma história e é capaz
de comentar, perguntar, duvidar ou discutir, ela irá interagir verbalmente, o que
neste caso se enquadra no conceito de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele,
o antagonismo de ideias, entre ideias e textos, sempre teve um caráter coletivo,
social.
Pode-se dizer que o conhecimento é adquirido no diálogo, e o diálogo se
desenvolve através do confronto, da oposição. Assim, segundo Bakthin (1992),
a linguagem é constitutiva, ou seja, o sujeito constrói seus pensamentos a partir
do pensamento dos outros e, portanto, é uma linguagem de diálogo.
A vida é inerentemente conversacional. A vida significa dialogar:
perguntar, ouvir, responder, concordar, etc. Nesse diálogo o homem participa
com toda a sua vida: com os olhos, lábios, mãos, alma, espírito, com todo o seu
corpo, com suas ações. Ele se coloca completamente na palavra, que entra na
estrutura dialógica da existência humana, no simpósio universal. (Bakhtin, 1992,
p. 112)
É a partir deste ponto de vista da interação social e do diálogo que
pretendemos compreender a relevância da literatura infantil, que, segundo
Coelho (2001, p.17), “é um fenômeno linguístico”.
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A leitura é o processo pelo qual o leitor constrói ativamente o significado
do texto. Segundo Coelho (2002), é o estado básico do ser humano no sentido
de compreender o mundo.
Compreender o sentido daquilo que nos cerca inicia-se ainda quando
somos bebês, segundo Martins (1994), som, cheiro, tato e paladar são os
primeiros passos para aprender a ler. No entanto, a leitura é uma atividade que
envolve não apenas a decodificação de símbolos, mas também uma série de
estratégias que possibilitam ao indivíduo compreender o que está lendo. Nesse
sentido, um leitor competente é aquele que é capaz de selecionar ativamente
das passagens que circulam na sociedade aquelas que podem satisfazer uma
necessidade. Quem pode abordar essas questões usando estratégias de leitura
adequadas para atender a essa necessidade.
Portanto, pode-se observar que a capacidade de aprendizagem está
relacionada à formação pessoal do indivíduo. Dessa forma, Lajolo (2002) aponta
que cada leitor entrelaça o sentido pessoal do mundo que lê com os diversos
sentidos que encontra ao longo da história do livro.
Assim, o ato de ler representa mais do que apenas a decodificação, pois
não está diretamente ligada a experiências pessoais, fantasias ou necessidades.
Segundo PCN (2001), a decodificação é apenas uma das várias etapas no
desenvolvimento da leitura. Segundo Bamberguerd (2003, p.23), a
compreensão, interpretação e avaliação das ideias percebidas são outras etapas
que “se integram ao ato de ler”. Dessa forma, de acordo com a diversidade
textual dos PCN (2001), possibilitar que os indivíduos desenvolvam
significativamente as etapas da leitura contribui para a formação de leitores
competentes.
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4 A LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES
Fonte: pensaraeducacao.com.br
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propensas a se tornarem novas e ávidas leitoras. Nas últimas décadas, houve
um aumento significativo nas obras de literatura infantil, que despertaram o
interesse de uma legião de novos leitores pelo mundo. Ao comentar sobre essa
expansão, Lígia Cadematori (2017) afirma que:
É importante refletir sobre a citação da autora, que relata como tais obras
tornam-se sucessos globais. Como se sabe, essas obras são difundidas e
chegam às crianças pelos meios digitais de comunicação via internet. Hoje, é
perceptível que as crianças, desde muito cedo, já interagem com dispositivos
eletrônicos diversos, que as fascinam e, ao mesmo tempo, podem estar
produzindo novos conceitos e ideias sobre o mundo e afetando sua
subjetividade. Tais artefatos digitais da cultura contemporânea (tablets,
smartphones, iPads), além de muitos outros jogos e aplicativos, são
manuseados com destreza pelas crianças. Já em relação à literatura infantil, é
importante que você atente à ideia de que a criança, para ter contato com o livro,
com a obra infantil e sua leitura, desde a época em que ela ainda não se encontra
alfabetizada, é imprescindível a presença do adulto ou, ao menos, de outra
criança leitora. Esse aspecto é importante e traduz o quanto os pais e
professores de educação infantil são necessários para realizar essa
aproximação e estimular o gosto pela literatura desde os primeiros anos da
infância, oferecendo “aos pequenos um tipo de informação e de recorte de
mundo distintos daqueles que consomem diariamente” (CADERMATORI, 2017).
Outro ponto que merece destaque nessa fase inicial é que a criança
também vai ser influenciada ao visualizar o adulto praticando a leitura em seu
dia a dia. Ou seja, o adulto leitor também estará ensinando a partir do exemplo
de sua prática de leitor que os livros são interessantes e merecem ser objeto de
admiração das crianças. Veja o que diz Azevedo (2004, p. 1) sobre esse aspecto:
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contato com adultos — pais, professores e outros — que recomendam
a leitura, falam em livros e autores “clássicos”, mas, na verdade, não
são leitores nem se interessam pela literatura. Apesar de bem
intencionadas, essas pessoas, adeptas da filosofia do “faça o que eu
digo, não faça o que eu faço”, costumam descrever a literatura de
forma bastante idealizada. Falam em algo “mágico”, num prazer
“indescritível”, referem-se a “viagens” e coisas assim. Raramente,
porém, talvez por não terem experiência, lembram-se de comentar, por
exemplo, que a leitura, como muitas coisas boas da vida, exige esforço
e que o chamado prazer da leitura é uma construção que pressupõe
treino, capacitação e acumulação.
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desenvolvam as habilidades da leitura. Esse esforço será amenizado se as
experiências ocasionadas pelas obras lidas tenham gerado interesse e
motivação, favorecendo que os objetivos de aprendizagem (leitura e escrita)
sejam perseguidos pelos alunos.
Embora existam alguns discursos alardeando um possível “fim” dos livros
de maneira geral, associando essa ideia aos avanços dos meios digitais, isso
não vai se realizar. O que se percebe hoje, inclusive, é um aumento significativo
de autores que têm explorado um novo gênero literário, que é o da literatura
digital, que se utiliza de suporte em ambientes virtuais para chegar até seus
leitores.
Fonte: cabeleiraempe.com.br
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deparar com o misto de imagens e palavras presentes na obra, poderá, a partir
de sua interpretação pessoal, tomar os rumos da trama que se desenrolará.
Pode parecer contraditório num primeiro momento, mas uma obra de
literatura infantil deve possuir o cuidado de não se tornar demasiadamente
“infantilizada”. Ou seja, não deve partir do pressuposto de que as crianças, ao
se depararem com ela, não teriam capacidade de entendimento suficiente caso
fosse escrita/produzida com maior grau de rigor literário. Segundo comentam
Paiva e Oliveira (2010, p. 26): “Alguns livros infantis são desprezados pelas
crianças, pois apresentam em seus textos a puerilidade que chega a aparentar
a banalização da inteligência infantil, não preenchem as exigências intelectuais
e sentimentais da criança.”
Ou seja, a criança exige que o adulto e, por consequência, as obras de
literatura infantil apresentem um texto claro, de fácil compreensão, porém que
não menospreze sua capacidade e habilidade de leitora.
A maioria das obras de literatura infantil apresenta uma estrutura
específica ao desenvolver seus textos. Essa estrutura tem, segundo Faria
(2009), os seguintes itens:
1. situação inicial de equilíbrio;
2. desenvolvimento;
3. desenlace.
Você deve notar que as etapas 1 e 2 poderão ocorrer mais de uma vez,
dependendo da história contada.
Outro aspecto que faz com que algumas obras de literatura infantil
ganhem destaque e sejam consideradas boas obras pelos alunos/estudantes diz
respeito à linguagem utilizada e à sua aproximação com os aspectos culturais
da vida deles. Ou seja, ao lerem uma obra na qual encontrem semelhanças ou
aproximações com uma realidade que conheçam ou com a qual convivam
cotidianamente, aumentarão ainda mais o seu interesse e o gosto pela leitura.
Lajolo (2008, p. 45), ao referir-se à utilização de poemas na educação, irá fazer
menção a essa questão ao afirmar que: “Em outras palavras: leitor e texto
precisam participar de uma mesma esfera de cultura. O que estou chamando de
esfera de cultura inclui a língua e privilegia os vários usos daquela língua que,
no correr do tempo, foram constituindo a tradição literária da comunidade (à qual
o leitor pertence) falante daquela língua (na qual o poema foi escrito).”
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Mesmo reconhecendo a importância desse enlace a ser realizado com a
cultura na qual a criança se encontra envolvida e com a qual, de alguma maneira,
se identifica, você deve lembrar que uma característica essencial de uma obra
de literatura infantil é o seu caráter divertido, sua capacidade de promover o
entretenimento do leitor. Pois, conforme afirma Frantz (2001, p. 16):
Como você pode perceber, a questão que envolve o lúdico e que costuma
permear os primeiros anos de escolarização na vida dos alunos também deve
ser encontrada nas obras de literatura infantil. Por meio da associação de
imagens interessantes e de textos criativos, que chamem a atenção e coloquem
as crianças para pensar, essas obras poderão conquistar mais leitores, pois vão
fazer com que se sintam desafiados a desenvolver sua percepção e seu
entendimento.
Dessa forma, algumas das características que você viu até aqui podem
ser resumidas na Figura 1, a seguir.
Fonte: cpt.com.br
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comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute,
simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso
a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer
plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária,
alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que
nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos.
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infantil, por exemplo, que farão uso da repetição de seus textos escritos e que
poderão muito bem apoiar o professor no desenvolvimento de suas atividades
com as crianças em processo de alfabetização. Também encontrará, em
contrapartida, obras que apresentam somente imagens, sobre as quais os
leitores poderão construir inúmeras narrativas, de acordo com a sua
interpretação e o seu processo criativo pessoal.
Fonte: universodoslivros.com.br
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educando, tendo como base a sua própria formação. Tal formação deve ser
pautada no trabalho com o texto e focar o desenvolvimento de sujeitos leitores.
Isso se inicia nas séries iniciais e deve ser realizado ao longo de toda a trajetória
escolar. Logo, a capacitação do educador para o trabalho com a literatura infantil
nas séries iniciais é fundamental. Afinal, a leitura deve ser uma prática
estabelecida em sala de aula, e o professor é responsável viabilizá-la.
Portanto, para a formação de leitores, é fundamental que o professor
esteja preparado. Ele servirá como exemplo para os seus alunos e será
responsável por motivar a leitura. Veja o que afirma Solé (1998, p. 116):
Como você viu, Solé (1998) explica que os alunos devem assistir a um
modelo de leitura para que entendam as dinâmicas postas em uso no processo
de leitura. Há codificação, decodificação, interpretação e ação em relação ao
texto. Essas práticas podem ser demonstradas pelo professor, que as
exemplifica para que os alunos, como leitores, compreendam os diversos textos
e saibam agir conforme as solicitações de cada tipo de texto.
A formação docente deve fazer com os professores sejam multiplicadores
da consciência da importância do ato de ler. Veja o que afirma Nóvoa (1992, p.
27):
23
presente; mas, mais do que isso, a leitura deve ser estudada de forma atenta.
Ou seja, a perspectiva metodológica dessa atividade deve ser abordada na
formação docente. Apenas com essa reflexão é possível perceber a leitura como
significativa.
Mas o que significa uma abordagem metodológica da leitura? Significa
que, no processo de formação docente, os indivíduos devem ser expostos à
diversidade oferecida pelas literaturas e que também devem conhecer as
possibilidades de trabalho em sala de aula com cada uma delas. Em se tratando
das séries iniciais, por exemplo, o docente em formação deve conhecer as
leituras indicadas para essa etapa e as metodologias adequadas para a
formação de leitores. Conforme reforçam Farias e Bortolanza (2012, p. 36), “[...]
o professor é o agente organizador das práticas educativas em sala de aula, é a
ele que se atribui o sucesso ou o fracasso da aprendizagem da leitura [...]”.
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especialmente aqui, compreende a passagem do período sensório-motor para o
que Piaget (1999) denomina de “período pré-operatório”. Ou seja, é nessa etapa
que se identifica o surgimento da função simbólica ou semiótica. Ou seja, é a
etapa emergente da linguagem.
Para Piaget (1994), são identificáveis quatro períodos no processo de
desenvolvimento humano. São eles: 1. sensório-motor (0 a 2 anos); 2. pré-
operatório (2 a 7 anos); 3. operações concretas (7 a 11 ou 12 anos); 4. operações
formais (11 ou 12 anos em diante).
É na fase pré-operatória que os estímulos ao desenvolvimento da
linguagem devem ser intensos. Ao professor, por exemplo, cabe oferecer o
contato com os mais diversos textos para motivar a criança, pois o
desenvolvimento da linguagem promove modificações importantes no próprio
processo cognitivo dela. Além disso, o trabalho com a linguagem se relaciona ao
desenvolvimento afetivo e social, pois a linguagem possibilita mais intensidade
nas interações entre os indivíduos. Nessa fase, é importante trabalhar com
representações para que a criança seja motivada a atribuir significados à
realidade que a cerca.
É nessa fase, sobretudo, que a criança desenvolve a imaginação e a
memória. Dessa forma, torna-se evidente que o trabalho com a literatura é
imprescindível nessa etapa. Nesse estágio simbólico em que a criança se
encontra, há egocentrismo, pois ela não percebe o mundo para além dela
mesma; tudo no mundo é dela: “meu papai”, “minha mamãe”, “meu livro”, “meu
carro da minha mamãe”, etc. Portanto, com a inserção da literatura, do mundo
da imaginação e da fantasia, o professor estimula o desenvolvimento da
linguagem e também amplia a capacidade de socialização da criança pelo uso
da linguagem; isso deve ser praticado por meio da contação de histórias, dos
desenhos e das dramatizações.
Na fase pré-operatória, a criança já é capaz de simbolizar e de evocar
objetos que estão ausentes; ou seja, ela maximiza a sua habilidade de
diferenciar significante e significado. Assim, a criança começa a distanciar o
sujeito do objeto, criando imagens mentais, isto é, a criança consegue imitar
gestos e situações, mesmo que não esteja na presença de modelos. E isso
significa imaginar, fantasiar e criar. Por isso é tão importante utilizar os textos
infantis para motivar a imaginação e a fantasia, considerando que nesse período
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a criança desenvolve a linguagem e passa progressivamente de uma fase
egocêntrica (pré-operatória) para uma fase em que tem a inteligência concreta e
é capaz de realizar ações interiorizadas. Ou seja, com a inserção da literatura,
com o incentivo ao desenvolvimento da imaginação e da fantasia, a criança
desenvolve a capacidade de estabelecer relações com os outros e com o mundo
a partir da observação de diferentes pontos de vista.
O mundo dos textos infantis é importante para que a criança consiga
raciocinar de forma mais coerente. No seu desenvolvimento inicial, ela entende
tanto os esquemas conceituais como as ações que executa mentalmente, mas
na fase pré-operatória é preciso que a criança seja estimulada para compreender
que é possível executar ações mentalmente. Por exemplo, é possível apresentar
a ela dois palitos de tamanhos diferentes e pedir que indique qual é o maior. Na
fase pré-operatória, ela vai manipular os dois palitos para indicar a resposta
correta; na fase operatória, ela vai desenvolver esse raciocínio mentalmente,
pois “imagina” os dois palitos e realiza a comparação sem precisar manuseá-los.
Portanto, quanto mais a criança tiver contato com os textos infantis, mais
imagens mentais, a partir da imaginação e da fantasia, ela vai criar;
consequentemente, vai observar mais atentamente o mundo que a cerca.
Nesse contexto, então, está em jogo, por exemplo, a capacidade de uma
criança de pegar uma espiga de milho, transformá-la em uma boneca e
(re)contar uma história. A imaginação e a fantasia são as atividades criadoras
dessa fase. Os personagens, os contextos e o mundo dos textos infantis são
importantes para motivar o desenvolvimento da fase de criação. A imaginação e
a fantasia estão ligadas à criação de imagens mentais; é por isso que objetos
comuns, como uma vassoura ou uma espiga de milho, podem ser interpretados
e transformados pela imaginação, pela fantasia e pela criatividade da criança. O
professor deve saber valorizar a imaginação infantil, pois ela é aliada da
criatividade.
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escuta de diferentes histórias e a possibilidade de as crianças (re)contarem as
histórias que manipulam.
Os livros e as histórias mostram para as crianças a amplitude do mundo
da fantasia e da imaginação, algo que elas trazem para a escola, pois faz parte
da etapa do seu desenvolvimento. Logo, a escola deve ampliar o contato com
esses elementos para incentivar nos alunos o interesse pela leitura,
consequentemente incentivando a formação de sujeitos leitores.
Para trabalhar com os textos literários, é importante valorizar as situações
em que as crianças, mesmo aquelas com dificuldades para aprender a ler ou
que ainda não estejam alfabetizadas, narrem as histórias a partir da sua
imaginação. As figuras representativas nas histórias (desenhos, ilustrações, etc.)
possibilitam que a criança conte histórias infinitas para além daquela
apresentada pelas palavras do autor. Essa é uma atividade que desperta o
interesse por descobrir o desconhecido, por desvendar o que as letras podem
estar contando sobre as ilustrações observadas. Isso motiva a criança a
aprender a ler para saber o que está escrito naquelas linhas.
Uma excelente estratégia para incentivar o desenvolvimento de sujeitos
leitores, considerando a fase pré-operacional, é selecionar determinado texto e
contar a sua história para as crianças, inclusive utilizando elementos concretos
para encenar a trama. Por exemplo, você pode contar a história de uma fazenda
utilizando um cenário rural (pode ser uma maquete produzida com material
reciclado), com representações de animais. Depois, possibilite que as crianças
recontem a história manipulando os elementos e recriando o enredo a partir da
construção mental que fizeram do que ouviram. Assim, as imagens mentais são
trazidas para o concreto e a criança faz uso da imaginação, da fantasia e da
criatividade.
O professor, como intermediário entre o texto e a criança, deve considerar
o seguinte:
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Dessa forma, o professor serve como modelo para a formação de leitores.
Ele lê e demonstra o interesse, a beleza, os elementos, a palavra, a emoção,
entre outros atrativos, a partir da leitura oral, da escrita e da contação de
histórias. Considere o seguinte:
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ano que receber a regência de uma turma nova. Afinal, as necessidades são
diferentes e os textos não podem ser sempre os mesmos; o trabalho com o texto
não pode ser mecânico e uniforme.
O professor deve considerar que as histórias ampliam o diálogo; portanto,
sempre que surgir alguma situação que precisa ser trabalhada em sala de aula,
ele deve recorrer a textos que ofereçam aos alunos diferentes pontos de vista,
motivando debates e promovendo a formação de leitores.
Fonte: alfredodantas.com.br
29
e Perrault, O consumo de tais textos por jovens leitores e crianças cresceu após
o século XIX.
De acordo com COSTA (2009), LAJOLO (2007), ZILBERMAN, (2007), no
Brasil, o surgimento da literatura infantil foi adaptado em 1808 por meio da
instituição Imprensa Régia, e a literatura europeia se caracterizou pelo
distanciamento social e linguístico da população colonial. Amadurecida a
consciência nacionalista, junto com a maturidade da Proclamação da República
e a alta industrialização do país, houve uma produção em massa de produtos
infantis, inclusive livros. Essa modificação culminou em 1920 com o modernismo
em seu movimento de canibalismo, que reconstruiu a identidade nacional a partir
de movimentos culturais.
O grande signo simbólico desse nacionalismo na literatura infantil
brasileira está consubstanciado nos textos de Monteiro Lobato, que trouxeram
para o mundo literário: o cotidiano da população rural; folclore nacional,
retratando a língua dos brasileiros, comportamento, relação com a natureza e
questões sociais (CADERMATORI, 1991; COSTA, 2009; GREGORIN FILHO,
2009).
Monteiro Lobato se interessou pela literatura infantil desde o início,
rompendo com o tradicionalismo popular. Lobato respeita os fatos externos, mas
também reconhece a importância de conhecer a cultura do país em que vive
(COELHO, 1982). Em sua obra, observa-se uma linguagem mais informal,
principalmente nas falas dos personagens, bem como nas associações de
figuras das culturas mais eurocêntricas e do nosso folclore, aproximando as
aventuras que cria ao mundo.
A ciência na obra de Lobato está relacionada ao entendimento do autor
de que o desenvolvimento e a evolução da sociedade brasileira permeiam o
conhecimento científico. O autor tenta difundir a informação científica da época
a fim de provocar o raciocínio científico dos leitores por meio da imaginação e da
fantasia, e possivelmente conduzi-los ao aprendizado científico de formas não
convencionais.
Camenietzki (1988) reiterou o papel da ciência nos acontecimentos em
torno da história do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Sempre presente nesta obra,
tratando de um tema específico ou de um tema secundário, a ciência se
apresenta de diversas formas, ora como "conhecimento inútil", ora como
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"conhecimento útil", e por fim como "conhecimento malversado ", marcando os
acontecimentos históricos pelos quais transitava Monteiro Lobato.
De acordo com CAMENIETZKI (1988), de início, a ciência nas histórias
infantis de Lobato foi classificada como inútil, e os cientistas se transformaram
em personagens mal-humorados. No segundo momento da escrita de Lobato- A
reforma da Natureza - a visão da ciência e dos cientistas é oposta à primeira,
pois o conhecimento científico é valorizado e sua narrativa é repleta de
conquistas. Entretanto o último saber, o malversado, assemelha com o fim da
vida do autor e seu desencanto com a humanidade, com o registro da ciência
sendo distorcido pela sociedade, o cientista volta a ser o mal-humorado do
primeiro estágio.
A criação sensacional da literatura infantil, proporcionada por Monteiro
Lobato, impulsionou o surgimento de vários novos escritores, e com o advento
da televisão e às associações pedagógicas e paradigmáticas da literatura
infantil, esse tipo de criação caiu. Para alguns pesquisadores, é um recurso
artístico secundário.
Monteiro Lobato, percebendo os lucros que a Associação das Escolas
Literárias traz através das associações educativas, traz ao mercado o seu
Narizinho Arrebitado. O sucesso dessa empreitada não se deve apenas à
ousadia do autor, mas principalmente à leitura leve e imaginativa que seus textos
trazem aos jovens leitores (ABREU, BARROS, 2004).
No entanto, o viés pedagógico da literatura infantil não a deprecia como
atividade artística, pois sua natureza pedagógica está associada à alfabetização;
seu caráter artístico, associado à fantasia e ao deslumbramento, é indissociável
desde sua criação (COELHO, 1982; LAJOLO; ZILBERMAN, 2007). CRUZ (1958)
também enfatizou que o emaranhado emocional, intelectual e cultural de uma
sociedade garante sua expressão como arte.
Essa desconexão entre arte e pedagogia, demonstrada na literatura
infantil, tem a ver com o caráter da leitura, o ato de ler incluindo a ligação entre
a própria leitura e a mente. O ato de ler é pautado pela decodificação de signos
linguísticos que empregam pedagogias. As cadeias de pensamento evidenciam
as abstrações proporcionadas pela leitura, condicionadas pela experiência
pessoal, como nas leituras anteriores, Paulo Freire (2005), refere-se a essa
experiência pessoal como "o mundo da leitura", o que confere à literatura infantil
31
um sentido ampliado ao se tornar uma leitura argumentativa e discursiva, repleta
de emoção e emoção, desencadeando a formação de um leitor reflexivo
(GIRALDELLI; ALMEIDA, 2008; Gregório Filho, 2009; Sêmen, 2012).
Essa “leitura do mundo” é legitimada pelo ensino científico da
compreensão do ambiente natural, tecnológico e social (AMORIN; BORGES,
2014). Esse conhecimento da ciência, entendido de forma interessante por meio
da literatura, aproxima os leitores da ciência e da compreensão dos eventos
naturais. Aproximar a ciência da literatura infantil permite que o aprendizado
ocorra de forma mais dinâmica e diferenciada. Isso porque a literatura pode ser
o início do processo de aprendizagem, tendo a pesquisa e a criação como base
para o seu desenvolvimento, ao estimular a curiosidade das crianças.
Assim como Monteiro Lobato, Antloga e Slongo (2012) afirmam que a
ciência pode desenvolver cidadãos conscientes e críticos. Ao vincular a ciência
à literatura infantil, é possível concordar em proporcionar um espaço aberto para
o questionamento da sociedade em relação à interação humana, promovendo o
desenvolvimento de processos psicológicos superiores a partir do objeto
mediador - o livro.
Criando um mundo infantil repleto de folclore, Monteiro Lobato busca o
nacionalismo nas ações de seus personagens que refletem a linguagem
brasileira, o comportamento e a relação com a natureza. Segundo Aguiar (2001),
uma grande virada veio em 1921 com a publicação de A Menina do Narizinho
Arrebitado, que revelou a preocupação em escrever histórias para crianças em
uma linguagem fácil de entender e apelativa para as crianças, objetivo
estabelecido pelo autor, sua obra é um dos pontos altos da literatura infantil
brasileira. Utilizando uma linguagem criativa, Lobato rompeu com o modelo culto,
introduziu a linguagem falada tanto na fala do personagem quanto na fala do
narrador.
Nesse contexto, pode-se dizer que a literatura infantil brasileira começa
com Monteiro Lobato, especialmente a literatura centrada em vários
personagens. Além de despertar o interesse das crianças por meio da
imaginação, Lobato também conscientiza por meio de sua literatura de denúncia,
que trata de fatos político-econômico-sociais. O autor criou uma obra literária
que se concentra em alguns personagens centrais. No Sítio do Pica-pau
Amarelo, Lobato explora a diversão, o folclore e a imaginação do mundo infantil,
32
abrindo caminho para muitos escritores que criam obras conceituadas para
crianças. Neste lugar temos de tudo: fadas, duendes, anjos, almirantes britânicos
e muitos outros personagens que inspiram a imaginação de crianças e até
adultos, pois você pode reviver a mitologia grega e outros períodos da nossa
história.
Acredita-se que Lobato seja um verdadeiro educador intuitivo, trazendo
os fatos à tona através do riso, e em seus livros as questões morais são tratadas
de forma lúdica que evoca bons sentimentos e orientam as crianças para boas
ações.
Fonte: jornadaedu.com.br
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a oportunidade de expandir seu potencial criativo abrindo horizontes culturais e
intelectuais. Afinal, como ensina Barthes (1997, p. 18), a literatura pressupõe
muito conhecimento.
De acordo com Bettelhim (1996), além de divertir a criança, o próprio
conto de fadas é atraente e propício ao desenvolvimento da personalidade dela.
Ele fornece significado em tantos níveis diferentes e enriquece a existência de
uma criança de tantas maneiras que nenhum livro pode fazer justiça às muitas
contribuições e diversidade dessas histórias para a vida de uma criança. Como
pode ser visto, a literatura traz lições de vida de forma imaginativa que facilita a
formação e o processo da personalidade da criança.
A imaginação da criança leva à capacidade de criar animismo para
conseguir uma combinação de imagens e movimentos. Vygostsky (2007) afirma
que no animismo a criança se projeta temporariamente no personagem e entra
no mundo da fantasia para vivenciar um contato mais próximo com seus
sentimentos e organizar seus conflitos e emoções. E assim, cresce e se
desenvolve.
De acordo com Aguiar (2001), a magia e o encanto que os contos de fadas
carregam até os dias atuais é que eles não tratam da vida real, mas da vida que
ainda pode ser vivida, apresentando condições humanas possíveis ou
concebíveis [...] para transmitir mais de um significado, as crianças encontram
na literatura respostas às questões que vivenciam e às perguntas típicas de sua
faixa etária (de onde vem? Quem é para imitar? É uma criança legítima?)
Ler histórias para crianças é estimular a imaginação e evocar diferentes
emoções; estimular a criança a encontrar as respostas que procura nas histórias
ajuda a construir seu desenvolvimento emocional e cognitivo. A literatura infantil
contribui como objeto capaz de promover a construção de um sujeito autônomo
e criativo. Mas para alcançar essa importante assimilação, a leitura deve ser
capaz de estabelecer uma relação fundamental entre a criança e o objeto de
leitura. Uma história traz uma infinidade de possibilidades de aprendizagem,
incluindo os valores que o livro traz através de sua história e a identificação das
crianças com o comportamento dos personagens, o que possibilita ao leitor
infantil desenvolver múltiplos aspectos educacionais de natureza subjetiva, além
de despertar no jovem leitor/ouvinte a consciência estética típica dos textos
literários.
34
As atividades de leitura devem começar no primeiro ano de vida em casa
ou no ambiente escolar, desde o primeiro dia de aula, mesmo que a criança não
tenha conhecimento da escrita, pois por meio de imagens e da leitura do
professor, mostram uma representação subjetiva e valorização dos aspectos
estéticos. Nas primeiras etapas da educação infantil, as crianças aprendem a
manusear os livros e reconhecer suas formas, percebem seu layout e iniciam
sua experiência de forma divertida.
Deve-se ter o cuidado de não ver a literatura infantil nos estágios iniciais
da educação dos anos 0 a 5 como um momento de distração, para que não se
perca a oportunidade de extrair do livro a intenção pedagógica que ajudará no
desenvolvimento das crianças. É necessário levar em consideração a idade e
maturidade das crianças para não apresentar uma literatura que esteja além de
sua compreensão linguística.
Para Barthes (1997, p. 22): a segunda vantagem da literatura é sua força
de representação. Além disso, Barthes (1997, p. 18) enfatiza que a literatura é
realista, ou seja, o próprio fulgor do real.
Bettelhim (1996) considerou esse poder da literatura para representar a
realidade, ou melhor, a "luz da realidade", e aplicou essa percepção à relação
entre criança e literatura, completou Bettelhim (1996), para que uma história
realmente capture a atenção de uma criança, ela deve ser divertida e intrigante.
Mas para enriquecer sua vida, deve estimular sua imaginação: ajudá-lo a
desenvolver seu intelecto e tornar claras suas emoções; acomodar suas
ansiedades e desejos; reconhecer plenamente as dificuldades enquanto propõe
soluções para os problemas que assolam seu eu.
Então, é ouvindo histórias que as crianças vivenciam emoções
importantes de sua idade que ainda não expressaram ou vivenciaram em
palavras, como tristeza, raiva, alegria, medo, insegurança e muitas outras por
causa de seus motivos jovens e maduros que não conseguem resolver sozinho,
dessa forma, eles emergem, e a experiência trazida pelo texto literário pode
ajudar as crianças a lidar com situações em que esse sentimento é realmente
real.
Sabe-se que um poema ou uma boa narrativa se instalam em nosso ser,
muitas vezes transformando constitutivamente alguma experiência literária em
uma experiência de vida que contamos aos outros como se nós mesmos
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tivéssemos vivenciado certa situação. O mesmo vale para as crianças, que
também são capazes de lembrar e aprender lições de vida e emoções a partir
de histórias que ouviram ou leram quando crianças.
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Os livros adequados para esta fase devem ter uma linguagem simples
com início, meio e fim. As imagens devem ter precedência sobre o texto. Os
personagens podem ser humanos, animais, robôs, objetos, sempre
especificando traços comportamentais como bom e ruim, forte e fraco, feio e
bonito. Histórias interessantes, ou histórias do bem vencendo o mal, atraem
muitos leitores nesta fase. Seja usando contos de fadas ou textos da vida
cotidiana, segundo Coelho (ibid., p. 35), eles devem estimular a imaginação, a
inteligência, a emoção, o pensamento, o querer, o sentir.
O leitor em processo (a partir dos 8/9 anos): as crianças nesta fase já
dominam a mecânica da leitura. Sua mente está mais desenvolvida e pode
realizar operações mentais. Ele se interessa por todo tipo de conhecimento e
pelos desafios que se apresentam a eles. Os leitores nesta fase gostam muito
de humor e textos em situações inesperadas ou satíricas. O realismo e as
imagens também agradam ao leitor. Livros adequados para esta etapa devem
apresentar imagens e texto, ser escritos em frases simples e comunicar de forma
direta e objetiva. Segundo Coelho (2002), deve conter começo, meio e fim. O
tema deve girar em torno de um conflito que tornará o texto mais emocionante
e, finalmente, resolverá o problema.
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos): este leitor está consolidando a
mecânica de leitura. Sua concentração ficou cada vez mais forte, e ele foi capaz
de entender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002), é a partir dessa
fase que as crianças desenvolvem o "pensamento hipotético dedutivo" e as
habilidades de abstração. Essa fase, conhecida como pré-adolescência,
promove grandes mudanças no indivíduo. Há uma sensação de força interior,
vendo-se como uma pessoa inteligente e ponderada que pode resolver todos os
problemas por conta própria. Há aqui uma restauração do egocentrismo infantil,
pois assim como as crianças nessa fase, as crianças pré-púberes podem
apresentar certo desequilíbrio com o meio em que vivem.
Leitores fluentes serão atraídos por histórias que demonstram valores
políticos e morais, heróis ou heroínas que lutam por ideais. Eles se identificam
com textos que mostram os jovens encontrando espaço no meio em que vivem,
seja em grupos, equipes, etc. É apropriado fornecer essas histórias aos leitores
em uma linguagem mais detalhada. As imagens não são mais essenciais, mas
ainda são um poderoso elemento de atração. Eles estão interessados em mitos
37
e lendas, histórias de detetive, romances e aventuras. Os gêneros narrativos
mais populares são contos, crônicas e romances.
Leitores críticos (de 12 a 13 anos) nesta fase têm pleno domínio da leitura
e da linguagem escrita. Sua capacidade de refletir aumentou, permitindo-lhe a
intertextualização. Gradualmente vai desenvolvendo o pensamento reflexivo e
uma consciência crítica do mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder são
elementos que perpassam a adolescência. Segundo Coelho (2002, p.40), a
convivência do leitor crítico com o texto literário deve ser inferida do mero gozo
do prazer ou da emoção, devendo motivá-lo ao mecanismo da leitura.
O leitor crítico continua interessado no tipo de leitura da etapa anterior,
porém, é necessário que ele compreenda os conceitos básicos da teoria literária.
Segundo Coelho (ibid., p. 40), a literatura é considerada a arte da linguagem e,
como qualquer arte, requer esclarecimento. Portanto, leitores críticos não podem
ignorar certos conhecimentos sobre literatura.
Fonte: midiostore.com.br
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Assim no maravilhoso mundo dos livros, a criança descobre, além da diversão,
a capacidade de criar, imaginar e replicar histórias do submundo, onde criará
realidade e fantasia, sempre combinadas no ambiente infantil. O livro é uma
ferramenta que permite aos professores ensinar seus alunos a ler corretamente,
bem como interagir socialmente com as crianças para desenvolver leitores
críticos. Nesse sentido, quanto mais cedo as crianças forem expostas aos livros,
mais poderão sentir a alegria de ler, e maior será a probabilidade de se tornarem
leitores adultos.
Assim, é por meio da leitura que as crianças adquirem disposições críticas
e reflexivas extremamente relevantes para sua formação cognitiva.
Segundo Sandroni e Machado (1991), o livro é a reconhecimento de
cores, figuras, formas, papéis e sons para os pequenos de 0 a 3 anos, e ela se
propõe a montar uma história a partir desses números. Cada época exige
conteúdos especialmente desenvolvidos para atender às suas necessidades,
estimular a curiosidade das crianças pequenas e transmitir informações da forma
mais correta. Portanto, é necessário expor as crianças a personagens simples e
coloridos, objetos que são conhecidos na sociedade, nos quais podem se
identificar mesmo sem saber o nome, tudo deve ser apresentado em páginas
brilhantes, e muitas cores e desenhos bem feitos.
As crianças devem ser capazes de processar e ter contato próximo com
os livros para desenvolver uma relação de interesse. Mas como escolher o livro
infantil certo? Segundo Machado e Sandroni (1991), as crianças pequenas
precisam do auxílio de ilustrações, que devem ter linguagem direta para ajudar
a compreender as palavras que vão ouvir.
Também, as crianças precisam ouvir histórias de diferentes gêneros e
autores. Acredita-se que um bom livro apresenta a realidade de uma forma nova
e criativa, permitindo que as crianças descubram as entrelinhas do texto. Da
mesma forma, Machado e Sandroni (1991) levantam algumas questões sobre a
seleção de livros.
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Com base nessa análise, é importante ressaltar a idade e a capacidade
de compreensão da criança. Para as crianças pequenas, as imagens do livro
devem ser facilmente traduzidas para sua compreensão, pois as letras ainda são
um símbolo incompreensível para elas, ou seja, não têm significado. É por isso
que o tamanho da fonte não importa. Uma ilustração é entendida como uma
representação gráfica de uma ideia, por isso as crianças muitas vezes criam uma
relação entre a imagem e o texto do livro. Coelho (2000) afirma que o processo
de análise de uma obra como um todo é realizado por meio de uma série de
questões listadas a seguir que permitem a reflexão
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Compreensivelmente, essas questões permitem refletir sobre o propósito
ou a consciência do educador ao fazer as escolhas certas na literatura. Nicolielo
(2015) os livros de brinquedo são importantes aliados, eles podem tornar as
crianças mais próximas aos livros de leitura, além disso, ao interagir com esses
livros, as crianças desenvolvem uma relação espontânea com a leitura e
desfrutam da experiência literária sem deixar de brincar, que é uma das
necessidades importantes da infância.
Alguns livros infantis também contribuem para as conquistas das crianças
no desenvolvimento infantil e ajudam os professores em suas práticas
pedagógicas diárias. Aqui estão alguns deles:
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Percebe-se que, hoje, os livros infantis abordam problemas cotidianos que
fazem parte do cotidiano da prática docente da educação infantil.
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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADSHEAD, P. A galinha que sabia nadar. São Paulo: Brinque Books, 2008.
43
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009.
Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
FARIA, M. A. Como usar a literatura infantil na sala de aula. 5. ed. São Paulo:
Contexto, 2009.
44
FARIAS, S. A.; BORTOLANZA, A. M. E. O papel da leitura na formação do
professor: concepções, práticas e perspectivas. Revista Poíesis Pedagógica,
Catalão, v. 10, n. 2, p. 32–46, 2012.
GROTO, S. R. Ciência com Monteiro Lobato. Ciência hoje online. Out, 2014.
45
GROTO, S. R. MARTINS, André Ferrer Pinto. Monteiro Lobato em aulas de
ciências: aproximando ciência e literatura na educação científica. Ciência e
Educação, v. 21, n. 1, p. 219-238, 2015.
46
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Quixote, 1992.
47
SASSERON, L. H. CARVALHO, A. M. P. Alfabetização científica: uma revisão
bibliográfica. Investigação em Ensino de Ciências, v. 16, 2011.
TRIVIZAS, E. Os três lobinhos e o porco mau. São Paulo: Brinque Book, 2011.
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