Honorários Sucumbenciais Trabalhista

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HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

TRABALHISTA

2022
Aluna : Acsa Costa Figueredo

MAT: 600779502

Prof: Luiz Carlos

Truno: manhã
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS TRABALHISTA

Uma das importantes alterações trazidas pela


Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) foi a introdução,
no processo do trabalho, da obrigação de a parte vencida
arcar com o pagamento de honorários periciais e
sucumbenciais (honorários ao advogado da parte
vencedora), assim como a condenação do reclamante em
custas processuais quando injustificadamente deixa de
comparecer à audiência inicial. Antes, o pagamento de
honorários sucumbenciais na Justiça do Trabalho era
restrito a lides que não derivassem da relação de emprego
ou a situações em que a parte fosse assistida por sindicato
e comprovasse a percepção de salário inferior ao dobro do
salário mínimo ou estivesse em situação econômica
prejudicada.

Se, por um lado, as alterações no tocante aos


honorários sucumbenciais representaram um aumento do
custo para as empresas, por outro, trouxeram uma
obrigação pecuniária relevante para os autores, podendo
reduzir ações manifestamente descabidas diante da
possibilidade de penalização com o custo dos honorários
sucumbenciais (variável de 5% a 15%).

Tais medidas vinham cumprindo, em parte, o papel


de reduzir o número de reclamações trabalhistas. Tanto é
verdade que, de acordo com os dados do Relatório Geral da
Justiça do Trabalho 2020, divulgado pelo Tribunal Superior
do Trabalho, de 2010 a 2016 o número de ações
apresentava um cenário de crescimento anual constante,
chegando a 1.824 casos novos por 100 mil habitantes.
Após a reforma trabalhista de 2017, em 2018 foram
verificadas 1.391 ocorrências, e, em 2020, foram
registrados 1.214 casos novos por 100 mil habitantes.

No entanto, no final de outubro de 2021, o Supremo


Tribunal Federal julgou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade ajuizada pela Procuradoria-Geral da
República (ADIn 5766), declarando a inconstitucionalidade
da parte final do artigo 790-B e do §4º, assim como do §4º
do art. 791-A da CLT, que tratam do pagamento de
honorários periciais e sucumbenciais por beneficiários da
justiça gratuita, respectivamente. Foi mantida a
constitucionalidade apenas do art. 844 §2º da CLT, que
versa sobre o pagamento de custas pelo não
comparecimento do autor em audiência. O inteiro teor da
decisão ainda não foi disponibilizado e tampouco houve
pronunciamento sobre a modulação da decisão.

Com a decisão proferida, a desejada inibição trazida


pelo risco de condenação ao pagamento de honorários
periciais e sucumbenciais deixa de existir, retornando as
partes ao estado em que estavam antes da reforma
trabalhista. Ou seja, uma vez beneficiário da justiça
gratuita, independentemente do valor recebido (no próprio
processo trabalhista ou em outro), o reclamante estará
desonerado de pagar honorários sucumbenciais.

A União e os advogados que atuam na área também


serão afetados pela decisão, uma vez que, com a isenção
dos honorários periciais ao trabalhador sucumbente, caberá
à União o respectivo pagamento, e os advogados
trabalhistas representantes dos empregadores deixarão de
receber os seus honorários de sucumbência.

A decisão do Supremo atendeu aos anseios daqueles


que acreditam que a imputação de honorários
sucumbenciais aos beneficiários da justiça gratuita retirava
deles o direito ao acesso à justiça e, por outro lado,
desagradou a quem via nos artigos rechaçados um meio de
frear as ações oportunistas e/ou fantasiosas.

A verdade é que a possibilidade de condenação ao


pagamento de honorários sucumbenciais jamais poderia ser
vista como impeditivo de acesso à justiça por aqueles que
detêm o direito. Além disso, discussão de igual importância,
não enfrentada de forma satisfatória pela reforma
trabalhista, consiste na melhor definição de justiça gratuita,
seus critérios e a necessidade de tratar o tema a partir de
uma presunção relativa e não absoluta, como muitas vezes
acontece na Justiça do Trabalho.

Leia abaixo os dispositivos impugnados:

"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos


honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão
objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.

§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da


justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes
de suportar a despesa referida no caput, ainda que em
outro processo, a União responderá pelo encargo." (NR)

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa


própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados
entre o mínimo de 5% ([...]) e o máximo de 15% ([...])
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa. [...]

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde


que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro
processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em
julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar
que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos
que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

Art. 844.

§2º Na hipótese de ausência do reclamante, este


será condenado ao pagamento das custas calculadas na
forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que
beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no
prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo
legalmente justificável."

No entendimento da Procuradoria, as alterações


impõem "restrições inconstitucionais à garantia de
gratuidade judiciária aos que comprovem insuficiência de
recursos, na Justiça do Trabalho".

Alterações são constitucionais

Em 2018, o caso começou a ser julgado pelo


plenário. Naquela oportunidade, o ministro Luís Roberto
Barroso, relator, entendeu que não há desproporcionalidade
nas regras questionadas, uma vez que a limitação tem
como objetivo restringir a judicialização excessiva das
relações de trabalho.
Barroso explicou que essa "sobreutilização" do
Judiciário leva à piora dos serviços prestados pela Justiça e
prejudica os próprios empregados, dado que a morosidade
incentiva os maus empregadores a faltarem com suas
obrigações, buscando acordos favoráveis no futuro. "O
Estado tem o poder e dever de administrar o nível de
litigância para que permaneça em níveis razoáveis",
afirmou.

O relator, então, fixou seu entendimento nas


seguintes teses:

1. O direito à gratuidade de justiça pode ser


regulado de forma a desincentivar a litigância abusiva,
inclusive por meio da cobrança de custas e de honorários a
seus beneficiários.

2. A cobrança de honorários sucumbenciais do


hipossuficiente poderá incidir: (i) sobre verbas não
alimentares, a exemplo de indenizações por danos morais,
em sua integralidade; e (ii) sobre o percentual de até 30%
do valor que exceder ao teto do Regime Geral de
Previdência Social, mesmo quando pertinente a verbas
remuneratórias.

3. É legítima a cobrança de custas judiciais, em


razão da ausência do reclamante à audiência, mediante
prévia intimação pessoal para que tenha a oportunidade de
justificar o não comparecimento.
Os ministros Luiz Fux, Nunes Marques e Gilmar
Mendes acompanharam o entendimento do relator na tarde
de hoje.

Alterações são inconstitucionais

Edson Fachin, por outro lado, votou no sentido de


julgar a ação totalmente procedente e, por consequência,
declarar as alterações inconstitucionais

O ministro sustentou que os dispositivos


questionados mitigaram o direito fundamental à assistência
judicial gratuita e o direito fundamental ao acesso à
Justiça. Para Fachin, as restrições impostas trazem como
consequência o esvaziamento do interesse dos
trabalhadores em demandar na Justiça do Trabalho, tendo
em vista a pouca perspectiva de retorno.

"Mesmo que os interesses contrapostos a justificar


as restrições impostas pela legislação impugnada sejam
assegurar um maior compromisso com a litigância para a
defesa dos direitos sociais trabalhistas, verifica-se, a partir
de tais restrições, uma possibilidade de negar-se direitos
fundamentais dos trabalhadores."

Este entendimento foi seguido pelo ministro


Lewandowski e pela ministra Rosa Weber.
Entendimento intermediário

Para Alexandre de Moraes, não são razoáveis e, por


isso, são inconstitucionais, os arts. 790-B, e § 4º, e 791-A,
§ 4º (sobre a responsabilidade dos honorários periciais e
sucumbenciais pela parte vencida).

Para o ministro, não é porque a parte ganhou algum


outro processo que ela se torna
autossuficiente. "Simplesmente entender que, por ser
vencedor em um outro processo, já o tornou
autossuficiente, seria uma presunção absoluta da lei, que
fere a razoabilidade", asseverou.

Alexandre de Moraes afirmou que a reforma


trabalhista, nestes aspectos, estipulou restrições
inconstitucionais. "[a parte] Comprovou a insuficiência de
recursos, foi tida como hipossuficiente, obteve a
gratuidade, mas, mesmo assim, vai ter que pagar?!",
questionou o ministro.

Porém, o ministro entendeu ser razoável e


constitucional o dispositivo do 844, §2º (aquele que impõe
o pagamento de custas pelo beneficiário que faltar
injustificadamente à audiência inicial).

A ministra Cármen Lúcia e o ministro Dias Toffoli


acompanharam tal entendimento.
Link´s: - --

> https://www.migalhas.com.br/quentes/353470/stf-
derruba-honorarios-de-sucumbencia-em-caso-de-justica-
gratuita
 https://br.lexlatin.com/opiniao/honorarios-de-sucumbencia-e-justica-do-
trabalho

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