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P EDRO H ENRIQUE A LVES DA C OSTA F ILHO

ADVOGADO

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA 4ª VARA DO


TRABALHO DE SÃO PAULO – SP (ZONA LESTE)

Processo(PJe) sob n.º 1000758-79.2021.5.02.0604

3P BRASIL - CONSULTORIA E PROJETOS DE ESTRUTURACAO DE


PARCERIAS PUBLICO-PRIVADAS E PARTICIPACOES S.A, pessoa jurídica de direito
privado com sede na Avenida Yojiro Takaoka, nº 4384, Sala 701, Conjunto 5461 – CEP 06541-
038 – Alphaville, Santana de Parnaíba, SP, regularmente inscrita no C.N.P.J sob o nº
01.259.348/0001-60, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de
seu procurador ao final assinado (procuração anexa), com fundamento nos artigos 769 e 847
da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, ambos combinados com os artigos 336 do
Código de Processo Civil – CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), apresentar

______________________________________
_______________________________________________________________________________
Rua 28 Norte, Lote 4, Torre 2, Sl. 804 – Águas Claras – DF – 71.917-720
Tel. 55-61 9.8180-7667 – e-mail: [email protected]
CONTESTAÇÃO

aos termos da Reclamação Trabalhista, ajuizada por Aline do Carmo Paiva, aduzindo, para
tanto, as seguintes razões de fato e de direito, que, seguramente, levarão à improcedência de
todos os pedidos ali vindicados.
-I–
SÍNTESE DA DEMANDA

1. Trata-se de ação trabalhista, submetida ao rito sumaríssimo, em que a


Reclamante pleiteia, em suma, a rescisão indireta do contrato de trabalho com espeque no art.
483, alíneas a, b, d e g, da CLT, alegando, para tanto, que sofria assédio moral por parte de
seus superiores no local de trabalho e que, em razão disso, adquiriu doença ocupacional.
Assevera, ainda, que a Reclamada suprimiu-lhe o intervalo intrajornada, bem como praticou
outras infrações ao contrato de trabalho.

2. No mais, requereu a condenação da 2ª Reclamada de forma solidária com base


na Sumula 331, do TST, bem como o pagamento de verbas trabalhistas decorrentes da rescisão
indireta do contrato de trabalho, com as demais obrigações de fazer previstas em lei,
decorrente do encerramento do pacto; ainda, o pagamento do FGTS + 40% relativo a todo o
pacto e, por fim, as horas extras e danos morais.

3. Assim requer a procedência do rol de pedidos aduzidos na inicial que ficam


como se aqui tivessem sido transcritos, na integra, para os regulares fins de direito.

4. Fez outros requerimentos e deu à causa o valor de R$ 41.486,94 (quarenta e um


mil quatrocentos e oitenta e seis reais e noventa e quatro centavos).

5. Conforme restará comprovado adiante, tais assertivas não devem prosperar,


razão pela qual deverão ser julgados improcedentes os pedidos contidos na inicial.

-II–
PRELIMINARES

2.2. DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA

3. Na exordial trabalhista, a Reclamante vindica o deferimento do benefício de


assistência jurídica gratuita. Contudo, tal benefício é regulamentado pela Lei n.° 1060/50, que
estabeleceu os limites subjetivos e objetivos de sua aplicação, bem como a forma de comprovar
o estado de necessidade.

2
4. Assim, no âmbito do diploma legal expresso pela Lei n.° 1060/50, são estes os
dispositivos legais em comento:

(a) Limites Subjetivos:

“Art. 2º. Gozarão dos benefícios desta lei os nacionais ou estrangeiros residentes no país
que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho.
Parágrafo Único: Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação
econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários advocatícios do
advogado, sem prejuízo próprio ou da família."

(b) Limites Objetivos:

“Art. 39 . A assistência judiciária compreende as seguintes isenções: I — das taxas


judiciárias e dos selos;
II — dos emolumentos e custas devidos aos juízes, órgãos do Ministério Público e
serventuários da Justiça;
III — das despesas com publicações indispensáveis ao jornal encarregado da divulgação
dos atos oficiais;
IV — das indenizações devidas às testemunhas, que, quando empregados, receberão do
empregador salário integral, como se em serviço estivessem, ressalvado o direito regressivo
contra o poder público federal, no Distrito Federal e nos Territórios; ou contra o Poder
Público Estadual, nos Estados; Parágrafo único: a publicação de edital em jornal
encarregado da divulgação de atos oficiais, na forma do inciso III, dispensa a publicação
em outro jornal;
V - Dos honorários dos advogados e peritos."

(c) Comprovação do estado de necessidade:

“Art. 11. Os honorários de advogado e peritos, as custas do processo, as taxas e selos


judiciários serão pagos pelo vencido, quando o beneficiário da assistência for o vencedor
na causa.”
“Art. 4. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples
afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condição de pagar as custas do
processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família."

5. O benefício citado também está previsto no § 3° e 4º, do artigo 790 da CLT, que
tem a seguinte redação:

“Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal
Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às
instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
(...)

3
§ 3º - É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
§4° - O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de
recursos para o pagamento das custas do processo.”
(grifo nosso)

6. Do exposto resulta que:

a) é faculdade do juiz do trabalho conceder, de ofício, o benefício da


assistência judiciária ao trabalhador, reclamante ou reclamado, à vista da
presunção ou comprovação de sua miserabilidade jurídica, igual ou inferior
40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social;

b) é obrigação do juiz do trabalho conceder o benefício da assistência


judiciária ao empregador pessoa física ou ao trabalhador mediante
requerimento, à vista de comprovação de miserabilidade jurídica;

c) cabia à obreira, nos termos do citado artigo, comprovar que percebia


salário igual ou inferior 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, comprovando a insuficiência
econômica.

7. Ocorre que no caso em tela, não se encontram presentes os requisitos, legais, ou


seja, o teto dos vencimentos e a miserabilidade jurídica, razão pela qual, merece ser julgado
improcedente o pedido entabulado.

8. Com base nas alegações carreadas nos autos pela própria Reclamante, resta
comprovado que esta possui condições de arcar com as despesas processuais ante a
descaracterização do estado de miserabilidade jurídica, inclusive porque contratou advogado
para patrocinar a demanda.

9. Diante do exposto, requer, pois, em fase preliminar, que seja negado à


Reclamante o benefício da justiça gratuita, tendo em vista que esta não comprovou preencher
os requisitos exigidos em lei, bem como possuir condições de arcar com eventuais ônus desta
ação.

2.2. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA 2ª RECLAMADA

4
10.[9.] Inicialmente, cumpre esclarecer que, de acordo com os próprios termos da peça de
ingresso, a Reclamante não foi admitida, remunerada e, tampouco, dispensada pela 2ª
Reclamada, pois, se eventualmente prestou serviços, os realizou para a 1ª Reclamada.

11.[10.] Isto porque, a 2ª Reclamada, COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO


ESTADO DE SAO PAULO - PRODESP, celebrou contrato de natureza civil com a 1ª
Reclamada.

12.[11.] Destarte, dos termos do referido contrato, infere-se o ajuste da inteira


responsabilidade da 1ª Reclamada com relação ao fornecimento do pessoal necessário, bem
como no tocante a todos os encargos previdenciários e trabalhistas decorrentes da mão de obra
necessária à execução dos serviços contratados.

13.[12.] Assim sendo, fica claro que a primeira reclamada é a única responsável pelo
adimplemento das obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias, relativas aos empregados
que veio a contratar para prestação dos serviços contratados.

[13.] Nada existe nada de irregular na prática contratual adotada, que, ao contrário, encontra
absoluto respaldo na lei civil, que outorga plena validade jurídica ao contrato de natureza civil
celebrado.

14. A tudo que foi exposto acima, pode-se acrescentar, ainda, também a título de
argumentação, que nada impede terceirização para misteres cujas condições especiais de
execução justifiquem o apelo à contratação de serviços especializados como os constantes do
contrato em anexo.

15. Desta forma, a obrigação subsidiária da 2ª Reclamada pelo inadimplemento das


obrigações da primeira reclamada, não encontra amparo no contrato firmado, sendo certo que
o único caso em que poderia haver responsabilização seria o de cometimento de ato ilícito, o
que não aconteceu no presente caso, haja vista que o contrato obedeceu a todos os ditames
legais.

16. Ademais, compete à Reclamante, a luz do disposto no art. 818, da CLT c/c o art.
373, I, do CPC, a prova de que a 2ª Reclamada cometeu algum ato ilícito na contratação da 1ª
Reclamada com o objetivo específico de burlar a legislação trabalhista, bem como comprovar
que a 2ª Reclamada foi beneficiada com seus serviços.

17. Não há que se falar, ainda, em aplicação da Súmula 331 do Colendo TST, pois o
que importa saber é se no momento da contratação a empresa prestadora de serviços possuía
idoneidade financeira e econômica para honrar as obrigações assumidas, porque uma vez

5
constatada esta idoneidade, é evidente que inexistiu má-fé por parte da tomadora ao utilizar
esta espécie de contratação, ficando, assim, afastada a hipótese de intenção fraudulenta ou de
abuso de direito.

18. Trata-se, portanto, de outorgar determinadas atividades a empresas


especialistas, o que é juridicamente possível e viável, e o trabalho, em hipótese alguma, pode
ser obstado, como bem define a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XIII, in verbis:

"Art. 5º (...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;"

19. Tem-se, então, que o contrato firmado entre as duas empresas é perfeitamente
válido e regular, devendo ser respeitado em todas as suas condições, como um ato jurídico
perfeito, acabado e imune de qualquer vício de consentimento, donde a conclusão inarredável
de que a 2ª Reclamada jamais poderá ser declarada responsável pelos encargos que porventura
possam decorrer desta reclamação, já que não teve qualquer ingerência no relacionamento
porventura existente entre a Reclamante e a 1ª Reclamada, a qual assumiu, via contratual,
toda a responsabilidade pelos ônus de natureza trabalhista relacionados com os empregados
que viesse a contratar.

20. Assim, como já esclarecido, de acordo com a vontade das partes contratantes,
pactuou-se a responsabilidade única e exclusiva da 1ª Reclamada, cabendo à 2ª Reclamada tão
somente o pagamento do preço ajustado para a prestação do serviço, no prazo acordado para a
prestação do serviço.

21. Portanto, por qualquer ângulo que se analise a questão, não há como se
condenar a PRODESP a responder de forma subsidiária ou solidária pelas parcelas ora
pleiteadas, devendo o mesmo ser excluído da lide, o que ora se requer, por não ser parte
legítima passiva no feito, conforme exposição de fatos e dispositivos legais apontados.

[22.] Sendo assim, temos que é impossível, a aplicação da sumula 331, do colendo TST, que
sequer fora mencionada na inicial, uma vez que conforme dispõe a lei de terceirização, não é
possível o reconhecimento de vínculovinculo empregatício com a tomadora de serviço,
devendo por tanto, a 2ª Reclamada ser excluída da lide.

22.[23.] Requer, portanto, a extinção do feito sem julgamento do mérito com relação à 2ª
Reclamada, ora defendente, nos termos do art. 485, VI, do CPC, declarando-se como única
responsável a 1ª Reclamada.

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[24.] Ad argumentandum tantum, caso V.Exª entenda cabível a responsabilização subsidiária da
2ª Reclamada, o que se admite apenas por amor ao debate, somente será possível essa
responsabilização caso reste cabalmente comprovado pela ReclamanteReclamanate, a teor do
que dispõe o artigo 818, da CLT c/c 373, do CPC, de que não houve a devida fiscalização pelo
ente público em relação as obrigações contratuais, conforme reiterada jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho – TST:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.


ENTE PÚBLICO. ÔNUS DA PROVA. PROVIMENTO. Merece provimento o
apelo por possível contrariedade à Súmula 331, V, do c. TST e violação do art. 818
da CLT. CLT. Agravo de instrumento provido. RECURSO DE REVISTA.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. ÔNUS DA PROVA.
Após o julgamento do RE 760931, Redator Ministro Luiz Fux, a tese do C.
Tribunal Superior, em que se atribuía a prova da fiscalização ao ente público
restou vencida. Diante do fundamento do eg. Tribunal Regional no mesmo sentido
do entendimento que prevalecia nesta Corte Superior, necessário reconhecer que
o ônus da prova de que o ente público não fiscalizou o contrato de trabalho
terceirizado, a determinar a existência de culpa in vigilando, é do reclamante, por
força do art. 818 da CLT, que dispõe que "A prova das alegações incumbe à parte
que as fizer". Ausente prova de que o ente público, tomador de serviços, não
fiscalizou as obrigações contratuais por parte da empresa contratada, ou que a
fiscalização não ocorreu de forma eficaz, não há como lhe impor responsabilidade
subsidiária pelo pagamento dos créditos deferidos ao reclamante. Nesse sentido, o
objeto da Repercussão Geral no RE 760931: "O inadimplemento dos encargos
trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93". Recurso
de revista conhecido e provido.” (TST - RR: 114949520145010201, Relator:
Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 02/08/2017, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 04/08/2017)

-III-
DA REALIDADE DOS FATOS

23.[25.] De início, cumpre salientar que as alegações da obreira são totalmente fantasiosas,
senão vejamos.

7
24.[26.] A Reclamante foi contratada em 27/07/2020 para exercer a função de atendente,
percebendo o salário de R$ 1.261,82, permanecendo assim até o abandono do emprego.

25.[27.] Laborava em uma jornada de 6 horas diárias, e 36 horas semanais, sendo de segunda a
sexta-feira, das 13:00 as 19:15 e, aos sábados, das 06:45 as 13:00, sempre com intervalo
intrajornada de 15 minutos, conforme demonstram os controles de frequência anexos.

26.[28.] A Reclamante ao longo do contrato apresentou alguns atestados médicos, a saber:

a) 01/12/2020 – 5 dias CID F.43.2 - Estado de sofrimento e de perturbação


emocional subjetivos, que entravam usualmente o funcionamento e o
desempenho sociais. ocorrendo no curso de um período de adaptação a uma
mudança existencial importante ou a um acontecimento estressante;

b) 17/12/2020 – 14 dias CID J11 - Influenza [gripe] – Provavelmente COVID


19;

c) 04/03/2021 – 1 dia CID F.41.3 - Sintomas ansiosos mistos se acompanham


de características de outros transtornos citados em F42-F48. Nenhum tipo
de sintoma é suficientemente grave para justificar diagnósticos isolados.
Sinônimo: Distúrbios de Ansiedade; Estados de Ansiedade Neurótica;
Neurose de Ansiedade; Transtornos Ansiosos; Transtornos de Angústia;

d) 12/05/2021 – 1 dia – Diarreia

e) 13/05/2021 – 7 dias CID Z56 - Problemas relacionados com o emprego e


com o desemprego. Não há classificação. Sem restrição de sexo. Não há
probabilidade de causa de óbito. Não há referência. O uso do CID Z56 é
extremamente importante, não só para os médicos, assim como para
pesquisas na área de saúde

27.[29.] MM. Juiz, o último dia trabalhado da Reclamante foi o dia 30 de abril de 2021, a
partir daí, esta não mais retornou ao trabalho, apresentando os atestados relativos ao mês de
maio acima.

28.[30.] A partir de seu último afastamento que deveria durar 7 dias, a Reclamante não mais
retornou ao trabalho.

[31.] Foi demitida em 08/01/2021, após cumprido o aviso prévio,


conforme liberalidade da empresa.

8
[32.] As A partir daí a empresa vinha mantendo comunicação com a contribuições
previdenciárias, bem como os depósitos fundiários da Reclamante sempre
no intuito de prestarforam integralmente recolhidos, consonante se extrai
dos extratos.

[33.] A Reclamante não laborou em condições insalubres, mormente


porque não tinha qualquer tipocontato com produtos tóxicos como alegado
na inicial, todos os produtos utilizados são devidamente aprovados
pelos órgãos competentes, bem como possuem características neutras,
sem qualquer índice de toxidade. Ademais, recebeu todos os EPI´s
necessários ao desenvolvimento de auxilio, e, ainda, verificar uma previsãosua
função, como luvas, máscaras, botas, etc.
[34.] A Reclamante, na execução de retorno aoseu trabalho, não estava sujeita
a realização de movimentos repetitivos, não tinha que torcer panos
pois os equipamentos para limpeza do piso eram MOP´s, bem como é
mentira a alegação de que era responsável pela limpeza da
totalidade do piso do shopping.

[35.] Em uma dessas conversas de whatsappPortanto, tais diagnósticos não


possuem qualquer relação com o RHas atividades laborais da empresa, a
Reclamante,.

[36.] De igual modo, é falácia a alegação de que a Reclamante sofria


perseguição no dia 22ambiente de maio de 2021, informa que não retornaria mais ao
trabalho, porém não deu qualquer justificativa para tal ato, senão vejamos:.

“14/05/2021 14:40 - +55 11 96868-0057: Tabom 🥰


14/05/2021 14:46 - Bianca🤓: PTT-20210514-WA0075.opus (arquivo anexado)
14/05/2021 14:52 - +55 11 96868-0057: Tá bom dia 😘😘
22/05/2021 20:25 - Bianca🤓: Boa noite, Aline
22/05/2021 20:26 - Bianca🤓: Vc está bem?
22/05/2021 22:10 - +55 11 96868-0057: Boa noite Bia TD bem Bia não sei se volto
mais
Na segunda falo com você tabom
23/05/2021 01:02 - Bianca🤓: 😓 poxa, Aline...
Eu entendo, se quiser pode me ligar
23/05/2021 01:02 - Bianca🤓: Estou a disposição
23/05/2021 07:15 - +55 11 96868-0057: Obrigado bia

9
23/05/2021 07:15 - +55 11 96868-0057: STK-20210523-WA0002.webp (arquivo
anexado)
23/05/2021 07:17 - Bianca🤓: Bom domingo🍀
23/05/2021 07:17 - Bianca🤓: Se cuide aí
23/05/2021 07:18 - +55 11 96868-0057: Bom dia bom domingo também bia 🥰🥰
🥰🥰😘
23/05/2021 07:31 - Bianca🤓: STK-20210422-WA0083.webp (arquivo anexado)”
(grifamos)

29. A Reclamada, convocou a Reclamante para retorno ao trabalho, conforme comprova


o telegrama anexo, recebido no dia 14 de julho de 2021 pela própria Reclamante, que, entretanto,
não mais retornou ao trabalho.

30. Desse modo, a empresa considerou o contrato de trabalho rescindido por justa causa
do empregado, por abandono de emprego, conforme telegrama recebido pela Reclamante no dia
14/07/2021.

31. Portanto, nãoNão há cabimento nos pedidos autorais, tendo em vista que, em
verdade, houve abandono de emprego, sendo esta Reclamação trabalhista uma tentativa vã de se
locupletar às custas da Reclamada. não há provas que bastem para
consubstanciar os pleitos, requer-se desde já o indeferimento de
todos os pedidos autorais

[37.] Dessa forma, necessário impugnar especificamente as rubricas e os valores requeridos de


modo, que sejam indeferidos todos os pedidos apostos na inicial.

-IV-
DO MÉRITO
3.1. DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

A
1. Conforme se demonstrará a seguir, não há qualquer fundamento na
rescisão indireta pleiteada nesta Reclamação, tendo em vista que não caracterizada qualquer
infração ao contrato por parte da Reclamada. Vejamos.

- DO ASSÉDIO MORAL

32. MM. Juiz, em primeiro lugar cabe rechaçar expressamente os fatos alegados na
inicial de que a Reclamante sofria assédio moral por sua superiora hierárquica. A esse respeito

10
transcreve-se as alegações iniciais:

“A Reclamante estava sendo perseguida e hostilizada pela então superiora hierárquica Sra.
Angélica, a qual ofendia A reclamante com xingamentos e humilhações, a fim de desmotivar
a mesma do prosseguimento da função, hostilizando a mesma de forma desrespeitosa na
frente de todos os seus colegas de trabalho, fazendo com que a obreira se sentisse humilhada
e desanimada de prosseguir com sua função.
(...)
Conforme o exposto, a Reclamante foi perseguida e hostilizada pela então superiora
hierárquica Sra. Angélica, ocasionado á reclamante danos psicológicos irreversíveis que
perduram até o presente momento.
Cabe ressaltar que a reclamante desenvolveu a doença, crise de ansiedade e depressão
conforme laudo médico anexo, visto que trabalhava sob pressão e sempre hostilizada e
coagida ao pedido de demissão, tudo conforme documentos anexos.”

33.[38.] Jamais houve qualquer tipo de perseguição em relação à Reclamante por quem quer que
seja, tendo em visto que a Reclamada abomina tal comportamento por parte de seus líderes.

34.[39.] Tais fatos jamais ocorreram como restará comprovado pela oportuna prova testemunhal, e,
se ocorreram, o que se admite apenas por amor ao debate, foram fatos isolados. Ademais,
verifica-se que tais fatos não constituem assédio moral.
35. Sobre a caracterização do assédio moral, discorre o Eminente Desembargador
Fernando Álvaro Pinheiro, do TRT da 2ª Região, em trecho de seu voto proferido nos autos do
processo 1000649-22.2020.5.02.0468, vejamos:

“O assédio moral, na seara trabalhista, caracteriza-se


pela perseguição, humilhação e constrangimento recorrente no ambiente de trabalho,
dirigida a determinada pessoa ou a um grupo de indivíduos que mantenham relações
cotidianas de labor. Perpetra-se ao longo do tempo e pode resultar em sequelas
psicológicas, notadamente pelo atingimento da auto-estima da vítima, causando-lhe, muitas
vezes, quadros depressivos e de ansiedade generalizada, dentre outras enfermidades. Trata-
se de uma das espécies do gênero dano moral e, quando cabalmente comprovado, exige a
condenação do ofensor ao pagamento da reparação correspondente.”

(grifo nosso)

36. Desse modo, deverá a Reclamante comprovar os fatos narrados na inicial, nos
termos do art. 818, da CLT c/c art. Reclamante teve seu contrato encerrado em
08/01/2021, cumprido o aviso prévio. Assim, a tempo e a modo,
recebeu as verbas rescisórias e o salário de dezembro de 2020, uma
vez que o TRCT especifica como saldo de salario como sendo de 38
dias, englobando o salário de dezembro de 2020 e o saldo de janeiro

11
de 2021.

[40.] Assim, não há que se falar em salário atrasado.

[41.] Diante da rescisão, e considerando que no curso do contrato


as verbas foram pagas corretamente e que as verbas rescisórias
também, nada há que deva ser cobrado, consonante se extrai da
jurisprudência do E.g. TRT 10:

“VERBAS RESCISÓRIAS. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. FGTS. Constatado


que os comprovantes de pagamento juntados pela empregadora
totalizam o montante devido ao empregado a título de acerto
rescisório e inexistindo elementos que desconstituam tais
documentos, não há verbas rescisórias inadimplidas. Comprovado
nos autos que o aviso prévio do autor foi trabalhado, deve ser
mantida a improcedência do pedido de aviso prévio indenizado.
Não demonstrando, porém, o recolhimento dos depósitos
fundiários durante todo o período contratual, é devido o
pagamento do FGTS faltante. Sentença parcialmente reformada.
2. DESCONTOS INDEVIDOS. O encargo de demonstrar a licitude dos
descontos é do empregador (CLT, arts. 462 e 818, II).
Comprovada a autorização do desconto por instrumento coletivo
vigente apenas em parte do período contratual, os descontos
efetuados quando inexistente norma legal ou convencional
autorizadora são indevidos, impondo-se a devolução dos valores
descontados no contracheque do trabalhador irregularmente.
Sentença parcialmente reformada. 3. (...). Recurso ordinário
conhecido e parcialmente provido.” (TRT-10 - RO:
00010770420195100801 DF, Data de Julgamento: 11/09/2019, Data
de Publicação: 13/09/2019)

[42.] Dessa forma, são indevidas as verbas e os valores perseguidos


na presente ação. Pelo indeferimento!

[43.] Caso não seja reconhecido o pedido da Reclamada, o que se admite apenas pela
argumentação, requer que haja compensação dos valores já pagos, consonante
Art. 767 da CLT.

[3.2.] VERBAS RESCISÓRIAS – SÚMULA 330 DO TST

[44.] Conforme 373, I, do CPC, conforme reiterada jurisprudência do Tribunais Trabalhistas:

12
“ASSÉDIO MORAL. ÔNUS DA PROVA. É do empregado o ônus de provar os fatos que dão
supedâneo à sua pretensão de se ver indenizado por suposto dano moral que lhe teria
causado o empregador. In casu, não se tendo o obreiro desincumbido do encargo que
titularizou, deve ser mantida a sentença que indeferiu o pedido de pagamento da
indenização do dano moral.” (TRT-20 00002810520165200004, Relator: FABIO TULIO
CORREIA RIBEIRO, Data de Publicação: 18/06/2019)

37. - demonstra o TRCT juntado com a presente defesa somados


aos comprovantes de pagamento, verifica-se que houve quitação das
verbas rescisórias.

[45.] Assim, não há como demandar o pagamento de verbas já quitadas


no TRCT, conforme Súmula nº 330 do TST:

“Súmula 330. QUITAÇÃO. VALIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ


19, 20 e 21.11.2003

A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade


sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos
requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem
eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente
consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e
especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas.

I - A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo


de quitação e, conseqüentemente, seus reflexos em outras
parcelas, ainda que estas constem desse recibo.

II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos


durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é
válida em relação ao período expressamente consignado no
recibo de quitação.”

[3.3.] FGTS E MULTA DE 40%

[46.] O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é uma espécie


de poupança do empregado, que deve ser depositada mês a mês pelo
empregador.

[47.] Para a comprovação de que o FGTS não está sendo devidamente


pago, devem ser anexados ao processo os extratos analíticos que
sejam capazes de comprovar os fatos alegados.

13
[48.] Importante frisar, que o FGTS foi depositado corretamente
pela empresa, e assim, nenhuma verba há a ser requerida.

[49.] Saliente-se que a Multa de 40% do FGTS foi perfeitamente


adimplida, não havendo nada que se requerer nesse aspecto.

[50.] Portanto, improcede o pedido, uma vez que a Reclamada já


pagou os valores sobre esta rubrica.

DA ALEGADA DOENÇA OCUPACIONAL

[51.] MM. Conforme visto no item anterior, aJuiz, as afirmações da Reclamante alega
que, em razão do dano moral, teria sofrido danos psicológicos irreversíveis o que caracteriza doença
ocupacionalsua.

38.[52.] MM. Juiz, em primeiro lugar, ao contrário do alegado na inicial, não foi carreado a
estes autos qualquer relatório ou laudo médico onde se afirme que a Reclamante possuía uma
doença ocupacional, sendo que os atestados médicos juntados com a não corroboram as
assertivas nela contidas a esse respeito.

39. Em segundo lugar, como já visto, jamais houve assédio moral no ambiente de
trabalho, mormente que pudesse causar danos psicológicossão fantasiosas e não
correspondem à Autora desta açãorealidade dos fatos.

[53.] A alegação obreira é genérica. Não se deu ao trabalho sequer de descrever sequer quais
a moléstiasas atividades desenvolvidas junto à reclamada que levaram ao
quadro de discopativa degenerativa, tão pouco pontuou de forma
clara e inequívoca qual a atividade laborativa praticada que
efetivamente teria contribuído para o agravamento de
sua doença ou para o surgimento dela.

[54.] Segundo informações retiradas na internet1, a discopatia


degenerativa é uma alteração comumente encontrada nos exames de
imagem, como raio-X, ressonância magnética ou tomografia
computadorizada, que significa que o disco intervertebral presente
entre cada vértebra da coluna está se degenerando, ou seja,
perdendo a sua forma original, o que aumenta o risco de ter uma
hérnia de disco, por exemplo.

1
https://www.tuasaude.com/discopatia-degenerativa/ (acesso em 08/09/2021)

14
[55.] No mesmo artigo, esclarece-se que a degeneração discal, como
também é conhecida, acontece devido a fatores como a desidratação
do disco, fissuras ou rupturas do disco, que podem acontecer devido
ao sedentarismo, traumas, prática de exercícios vigorosos
ou trabalho com esforço físico, além do próprio
envelhecimento. Embora possa afetar pessoas jovens, as mais
afetadas têm mais de 30-40 anos de idade.

[56.] Por fim, ainda sobre o assunto, esclarece que pessoas que passam
muitas horas sentadas e que precisam inclinar o corpo para frente, de
forma repetitiva ao longo do dia, como motoristas de caminhões,
secretárias e dentistas, tem maiores chances de apresentar alguma
alteração do disco vertebral. Não é preciso um evento traumático de
grande importância para dar início a degeneração discal, porque ela
também pode se desenvolver de forma silenciosa e progressiva ao longo
da vida.

[57.] Já em relação ao Cisto de Tarlov, verifica-se Exª, segundo


informações colhidas na internet2, que trata-se de uma doença rara e
genética caracterizada pela formação de sacos com líquidos (cistos)
na base da coluna vertebral (o sacro). Eles afetam as raízes
nervosas do sacro, enquanto as raízes nervosas da coluna estão
inseridas na parede do cisto ou na cavidade do cisto gerando grande
dor e outros desconfortos.

[58.] No mesmo periódico, informa-se que o diagnóstico da doença


pode levar muito tempo, porque os sintomas são semelhantes aos de
muitos outros distúrbios ou problemas de saúde. Em alguns casos, a
pessoa pode ser diagnosticada erroneamente como tendo hérnia de
disco, aracnoidite ou condições ginecológicas (em mulheres). Em
última análise, ser feito após um mielograma de ressonância
magnética e / ou tomografia computadorizada devido à dor, ou às
vezes após exames realizados por um urologista devido a problemas
na bexiga, o paciente pode chegar ao diagnóstico correto.

[59.] Por fim, no mesmo estudo, verifica-se que a causa exata dos
cistos de Tarlov não é conhecida atualmente. Porém, acredita-se que
seja uma má formação genética congênita ou de malformação tardia.

2
https://muitossomosraros.com.br/doencas-raras/geneticas/anomalias-congenitas-ou-de-manifestacao-tardia/
cistos-de-tarlov/ (acesso em 08/09/2021)

15
[60.] MM. estaria sendo acometida e quais as consequências dessa supostaJuiz, no
presente caso, verifica-se que as alegações da Reclamante de que
adquiriu esse diagnóstico em razão do trabalho é improvável, em
primeiro lugar, porque laborou apenas 5 meses para a Reclamada, na
jornada 12 x 36 e não era não era responsável por limpar todo o
piso do shopping, trabalho que era feito com máquinas e, no caso da
limpeza dos elevadores, não era necessário fazer qualquer esforço
descomunal na coluna para esfregar o pano nas paredes do
equipamento.

[61.] Em segundo lugar, como já visto, porque muito provavelmente que


suas dores lombares decorrem de doença ocupacional.rara que possui (Cisto
de Tarlov).

[62.] Ora, não se adquire um diagnóstico desse em tão pouco tempo


de trabalho, ainda mais numa jornada de 12 horas de trabalho por 36
descanso, com intervalo de 1 hora. Ademais, é relevante destacar
que a Reclamante possui 47 anos de idade e possui doença rara de
origem genética que causa dores na coluna.

[63.] Ressalte-se que, muito embora a reclamante tenha grande


probabilidade de ser portadora da enfermidade relatada na inicial
desde antes de seu labor para a reclamada, no ato de sua admissão,
foi atestada pelo médico do trabalho a sua capacidade laborativa
para a função contratada, conforme ASO anexo. De igual modo, na
ocasião da demissão.

[64.] Não se ignora que todo e qualquer ambiente de trabalho possua


riscos. Entretanto, nem todo o risco chega a gerar dano, não sendo
possível afirmar, apenas por presunção, que a patologia que
acomete a Reclamante tenha sido adquirida em decorrência de suas
atividades laborais junto à Reclamada.

[65.] Até porque Exª, conforme os atestados médicos que ora se


junta somados com os já trazidos com a inicial, a Reclamante se
afastou do trabalho em 3 oportunidades, sendo que há somente 1(um)
atestado relacionado com doenças da coluna, os demais não têm
qualquer relação com o diagnóstico da Reclamante.

[66.] A reclamante não aponta qualquer liame entre o alegado assédio moral e a alegada

16
aquisição da doença que sequer cuidoue suas atividades de especificar na inicial qual
étrabalho, informando genericamente e apenas no campo da presunção, que o assédio
moral trouxe doença ocupacionallabor praticado em benefício da reclamada
teria sido o suficiente para adquirir a doença.

40.[67.] Resta, portanto, cristalina a ausência de nexo de causalidade e/ou concausa entre a
suposta moléstia sofrida pela Reclamante e o exercício de suas atividades laborativas junto à
Reclamada.

[68.] De qualquer forma, ainda que se considerasse que houve assedio moral, o que se admite apenas
por argumentar, ainda assim, deveria a Reclamante fazer prova de que este ato tem nexo causal com
a suposta doença ocupacionalAssim, o único caminho é a improcedência do
pedido, conforme reiterada jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas:

“Ementa Do assédio moral Tratando-se de fato constitutivo de seu direito, cabia à


demandante o ônus da prova de suas alegações (art. 818 da CLT e 373, I, do CPC), do qual
não se desvencilhou a contento. Isso, porque nenhuma prova produziu acerca da matéria,
seja testemunhal ou documental, sendo certo, ainda, que o fato de o preposto da primeira ré
ter afirmado que não tem conhecimento de qualquer reclamação da autora sobre o Sr. Paulo
Lourenço e que nunca presenciou humilhações deste em relação à obreira não significa a
sua confissão, mas apenas que nunca fora comunicado acerca de problemas entre eles.
Mantenho. Da doença ocupacional Após a análise clínica e dos exames médicos trazidos
pela reclamante, bem como considerando as queixas e as atividades realizadas nas
reclamadas, concluiu o perito que a doença que acomete a autora não possui nexo causal ou
concausal com as atividades desenvolvidas nas rés, tampouco apresenta incapacidade
laborativa, ainda que parcial. Ressalte-se que todos os exames médicos apresentados pela
obreira foram levados em conta pelo Sr. vistor, assim como o afastamento previdenciário em
razão do acidente de trabalho sofrido em novembro de 2011. Mantenho a r. sentença que,
acolhendo o laudo pericial, julgou improcedentes os pedidos formulados na presente
reclamatória. Do acúmulo de função Não há nos autos previsão normativa ou contratual que
assegure o adicional de acúmulo de função à reclamante, sendo as atividades por ela
desempenhadas compatíveis com o cargo ocupado e com as suas atribuições. Ademais, a
autora não produziu qualquer prova de que, de fato, desenvolvia as tarefas indicadas, ônus
este que lhe incumbia, nos termos dos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC, não fazendo
mesmo jus ao adicional pretendido. Nada a modificar. (TRT-2 10013411520165020386 SP,
Relator: MARTA CASADEI MOMEZZO, 2ª Turma - Cadeira 1, Data de Publicação:
29/06/2020)
“DOENÇA OCUPACIONAL EQUIPARADA A ACIDENTE DO TRABALHO.
DISCOPATIA DEGENERATIVA DA COLUNA. NÃO CONFIGURAÇÃO.

17
INDENIZAÇÃO INDEVIDA. A discopatia degenerativa da coluna
pode ter variados fatores, sem qualquer vínculo com a
função exercida pelo empregado, não sendo razoável concluir
decisivamente pelo concausalidade. Nessa tônica, não
restando comprovada culpa da empresa quanto à obrigação de
assegurar aos seus empregados ambiente de trabalho seguro e
salubre, e na forma do § 1º, a, do art. 20 da Lei 8.213/91,
reputo desconfigurada a doença ocupacional, desmerecendo
provimento o recurso.” (TRT-22 - RO: 000012246920195220001,
Relator: Giorgi Alan Machado Araujo, Data de Julgamento:
02/02/2021, SEGUNDA TURMA)

***

“LAUDO PERICIAL. NEXO DE CAUSALIDADE AUSENTE. DOENÇA


OCUPACIONAL NÃO COMPROVADA. Concluindo a prova técnica realizada nos autos
pela ausência de nexo causal entre as atividades exercidas pela reclamante e a patologia
adquirida, não se reconhece a doença ocupacional. Assim, indevida indenização.” (TRT-
10 - RO: 00016726620195100101 DF, Data de Julgamento: 11/11/2020, Data de
Publicação: 17/11/2020)

41.[69.] Assim, impugna-se as alegações obreiras, destacando-se a total ausência de provas dos
fatos alegados, ônus que cabe à Reclamante.
[3.4.] DO ASSEDIO MORAL

[70.] Nesse ponto, alega a Reclamante:

“(...)sofria perseguição do Sr. Fernando, encarregado,


que a tratava de forma grosseira e ríspida, falava para
obreira na frente dos demais funcionários afirmações
como: "você não trabalha direito", sempre perguntava
onde a reclamante estava, e dizia que ia olhar se ela
tinha limpado mesmo. Fazia questão de demonstrar
desconfiança no trabalho dela, de modo que se sentia
humilhada e perseguida já que todos os funcionários
tinham conhecimento de tal situação.”

[71.] Restam expressamente impugnadas as alegações da Reclamante.

[72.] Jamais houve qualquer tipo de perseguição em relação à Reclamante por quem quer que seja,
tendo em visto que a Reclamada abomina tal comportamento por parte de seus líderes.

18
[73.] Tais fatos jamais ocorreram como restará comprovado pela oportuna prova testemunhal, e, se
ocorreram, o que se admite apenas por amor ao debate, foram fatos isolados. Ademais, verifica-se
que tais fatos não constituem assédio moral.

De qualquer modo, deverá a Reclamante comprovar os fatos narrados na inicial, nos termos do
art. 818, da CLT c/c art. - DAS HORAS EXTRAS

42. MM. Juiz, como já asseverado alhures, a Reclamante jamais laborou na jornada
indicada na inicial, qual seja, das 13:00 as 23:00 horas, numa escala 6 x 1.

43. RESTA EXPRESSAMENTE IMPUGNADA A JORNADA INDICADA NA


INICIAL.

44. Conforme comprovam os controles de jornada juntados com a defesa , a


Reclamante laborava em jornada de 36 horas semanais, por turnos de 6 horas de trabalho, garantido
o intervalo mínimo de 15 minutos para descanso.

45. Ressalte-se, ainda, que no período compreendido entre 06/03/20201 a 30/04/2021, o


Governo de São Paulo decretou fase vermelha no plano de prevenção à COVID-19, sendo que a
Reclamante esteve laborando em regime de escala, ora no posto realizando treinamento (não realizou
atendimentos nesse período) ora em home office, sem qualquer controle de horário.

46. Desse modo, não há que se falar em horas extras ou pagamento da indenização do
art. 71, da CLT.

47. Tendo em vista que a Reclamada junta com a presente defesa todos os controles de
frequência relativo ao período laboral, caberá à Reclamante fazer prova de que os horários constantes
dos cartões de ponto não correspondem à realidade. Nesse sentido é a jurisprudência:

“RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. A


reclamante impugnou os cartões de ponto juntados aos autos pela reclamada, atraindo para
si o ônus de provar a jornada alegada na petição inicial (arts. 818, da CLT, e 333, I, do
CPC), encargo do qual não se desincumbiu, posto que a prova oral restou dividida. Recurso
da reclamante a que se nega provimento.” (TRT-2 - RO: 00019348220145020046 SP
00019348220145020046 A28, Relator: LUCIANA CARLA CORREA BERTOCCO, Data de
Julgamento: 15/09/2015, 3ª TURMA, Data de Publicação: 22/09/2015)

48. Ademais, em caso de condenação, restam expressamente impugnados os valores


apresentados a título de horas extras, mormente do intervalo intrajornada, já que, com a redação dada

19
pela Lei 13.467/2017, passou a constar expressamente na CLT que apenas o tempo suprimido
do intervalo intrajornada é que deve ser pago pelo empregador acrescido de 50%, conforme §4º, do
art. 71.

49. Improcede o pedido.

- DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO

50. Exª, no presente caso, com o já exaustivamente comprovado pela peça de defesa, não
houve qualquer ato ou fato da Reclamada que possa basear a requerida declaração de rescisão
indireta do contrato de trabalho por esse MM. Juízo.

51. Ademais Exª, não há nos autos qualquer comprovação de que a Reclamante tenha
notificado a empresa sobre qualquer descumprimento contratual ou mesmo sobre qualquer tipo de
ocorrência na forma de tratamento com seus supervisores, até porque, como se infere das conversas
de WhatsApp, ela tinha acesso direto ao departamento de RH, onde poderia relatar qualquer
problema que eventualmente pudesse ocorrer na execução do trabalho.

52. Pelo contrário, conforme documentação que ora se junta com a defesa, a Reclamada
sempre cumpriu fielmente as disposições do contrato de trabalho, como pagamento de salários e
recolhimento de373, I, do CPC.

[74.] FGTS. Com os controles de frequência restou provado que a Reclamante não era submetida a
jornada superior a 44 horas semanais e nem tinha seu intervalo intrajornada suprimido, não havendo,
portanto, qualquer falta de natureza grave ou gravíssima que enseje a rescisão indireta do contrato,
principalmente fundado nas alíneas a, b, d e g, do art. 483, da CLT.

53. Razão pela qual deve ser julgado improcedente o pedido.

- DO PEDIDO CONTRAPOSTO - ABANDONO DE EMPREGO – JUSTA CAUSA


FUNDADA NA ALÍNEA “E”, DO ART. 482, DA CLT.

54. MM. Juiz, como já asseverado acima, as alegações iniciais se distanciam da


realidade dos fatos já expostos com a peça de defesa, visto que, no presente caso, houve abandono de
emprego.

20
55. Em relação ao abandono de emprego, a CLT não fixa prazo de ausência ao serviço
necessário para a sua configuração, sendo que essa atribuição coube à Doutrina e a Jurisprudência.
Nesse diapasão, tem-se que para caracterização da falta grave são necessários os elementos objetivo,
que consiste na ausência inexplicável e prolongada, como no caso dos autos, e o subjetivo,
representado pela intenção do empregado em não mais retornar ao serviço.
56. O Enunciado 32 do Tribunal Superior do Trabalho - TST, não obstante referir-se ao
empregado que não retorna após a cessação do benefício previdenciário, considera abandono quando
este queda-se ausente pelo prazo de 30 dias, sem justificativa.

57. Conforme já narrado, no presente caso, pela documentação que ora se junta com a
inicial, houve deliberada intenção da Reclamante em abandonar o emprego, sendo expressamente
manifestada ao RH da empresa, conforme comprovam as conversas de WhatsApp já colacionadas
nesta peça de defesa.

58. Relembre-se que a Reclamante não mais retornou ao posto de trabalho após o dia
30/04/2021, tendo ignorado a convocação da empresa para o retorno ao trabalho, conforme
comprova o telegrama recebido pela Reclamante em 14/07/2021 (documento anexo).

59. Assim, nos termos do que dispõe o artigo 818, da CLT c/c o artigo 373, II, do CPC,
a Reclamada se desincumbiu satisfatoriamente de se ônus de provar o abandono de emprego, razão
pela qual, requer que esse MM. Juízo declare que a rescisão do pacto se deu por justa causa do
empregado, nos termos do art. 482, “e”, da CLT.

60.[75.] Caso não seja reconhecido o pedido da Reclamada, o que se admite apenas pela
argumentação, requer que seja considerada a rescisão a pedido da Reclamante, com os consectários
dessa forma de termino do pacto. Nesse sentido é a jurisprudência:

“PEDIDO DE DEMISSÃO. CONVERSÃO EM RESCISÃO INDIRETA. IMPROCEDÊNCIA.


Evidente o ânimo de desligamento voluntário do empregado que envia mensagem eletrônica
à chefia com manifestação de desinteresse no prosseguimento contratual, é inafastável a tese
albergada de pedido de demissão, senão por uma circunstância mais grave - abandono de
emprego - descartável pela proibição da reformatio in pejus. A solenidade de homologação
do pedido de demissão de trabalhadores com mais de um ano de tempo de serviço na mesma
empresa, pelo sindicato profissional (CLT, art. 477, § 1º), tem como único fim o resguardo
da liberdade de manifestação do trabalhador. Patente a intenção rescisória, inviável a
conversão do desligamento a pedido em dispensa imotivada de iniciativa patronal ou
rescisão indireta do contrato de trabalho simplesmente por ausência de chancela sindical ao
pedido de demissão obreiro. Recurso conhecido e desprovido.” (TRT-10
00003240720155100019 DF, Data de Julgamento: 03/02/2016, Data de Publicação:

21
19/02/2016)

- VERBAS RESCISÓRIAS

61.[76.] As verbas rescisórias requeridas na inicial decorrem eventual procedência do pedido de


rescisão indireta do contrato de trabalho, que, como já visto não tem qualquer razão de ser.

62. Tendo em vista o abandono de emprego e a rescisão por justa causa, seria devido
somente o saldo de salário e as férias vencidas.

63. Nos termos do TRCT em anexo, a Reclamada efetuou os referidos cálculos e,


efetuados os descontos legais, o saldo da rescisão foi igual a zero.

64. Portanto, não existem valores financeiros para repasse ao Reclamante, nos termos do
TRCT em anexo.

65. Improcede dessa forma, o pedido de pagamento de aviso prévio, férias e 13º
proporcionais, multa fundiária, liberação das guias de FGTS e Seguro Desemprego.

- DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS

66.[77.] Nobre Julgador, os fatos delineados pela Reclamante não caracterizam qualquer ato
ilícito capaz de ensejar a reparação por danos morais. Até porque, conforme alhures, não há
qualquer ato ilícito praticado pela Reclamada que tenha dado ensejo ao quadro clínico da
Reclamante, bem como restou comprovado que não houve assédio moral no decorrer da
execução do contrato de trabalho.

67.[78.] Neste contexto, ainda que se imaginasse que tenha havido descumprimento parcial de
obrigações trabalhistas, verifica-se a inexistência de qualquer espécie de dano seja ele
patrimonial ou moral, uma vez que já é pacifica a jurisprudência trabalhista no sentido de que
o mero descumprimento do contrato de trabalho por si só não enseja danos morais.

68. Para a caracterização da responsabilidade da empresa por ato ilícito é


necessário o preenchimento dos seguintes requisitos, quais sejam, a existência do dano; nexo de
causalidade entre o dano e as atividades desenvolvidas pelo empregado na empresa e dolo ou
culpa grave da empresa.

69.[79.] Este é o critério adotado no Código Civil, sendo imprescindível trazer à colação a
definição de ato ilícito consubstanciada no art. 186, bem como o disposto no art. 927, do novo
diploma legal:

22
“Artigo 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.

70.[80.] O ato ilícito se caracteriza mediante a existência do fato lesivo voluntário, causado pelo
agente, o que não se verifica no caso em tela, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, a ocorrência de um dano moral e a ocorrência do nexo de causalidade entre o
dano e o comportamento do agente.

[81.] Assim, a obrigação de indenizar, nada mais é, do que mera consequência jurídica do ato
ilícito.

71.[82.] Logo, para que um ato seja causa da obrigação de indenizar, devem estar presentes os
elementos acima descritos, o que não ocorreu no caso sub judice, porquanto não agiu a
Reclamada com negligência ou imprudência, restando ausente o nexo de causalidade entre a
conduta da empresa e os fatos reportado pelo Autor, descabendo a indenização nos termos dos
arts. 186 e 927, do Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002).

72.[83.] Por outro lado, tem-se que é o dolo, e não a culpa, é que enseja a indenização por dano
moral, ou seja, sem dolo não há que se falar em dano moral. Neste sentido é a melhor
jurisprudência, v.g.:

“Indenização – Responsabilidade Civil – Dano Moral – Ilícito culposo – Verba não devida
– Recurso provido. “Apenas se justifica a indenização por dano moral quando resulte o
ilícito de ato doloso” (TJ SP 4ª C. AP – Rel. Olavo Silveira – 11/02/93 – JTJ LEX 144/74).

***

“DANO MORAL E MATERIAL – INOCORRÊNCIA – Não ficando demonstrado


qualquer nexo causal entre a doença contraída pela autora e as funções exercidas na
empresa reclamada, não há que se falar em indenização por dano moral ou material”
( TRT 3ª R. RO 11034/96 – 2ª T. – Rel Juiz Júlio Bernardo do Carmo – Publ. MG
07.02.97, in “Revista nº 55/56 – Tribunal Regional do Trabalho 3ª Região”p[ag. 271).

***

“DANO MORAL. PROVA. A responsabilidade aquiliana é a base racional da reparação


civil. Demonstrado o preenchimento dos pressupostos da reparação civil, quais sejam, a

23
existência efetiva de dano; nexo causal e culpa do empregador (art.186 c/c art. 927 do
Código Civil/2002), tornam-se devidas as indenizações por danos morais e materiais.
Recurso da Reclamada não provido. Ementa: DANO MORAL. VALOR DA
INDENIZAÇÃO. A indenização por danos morais tem um caráter repressor/pedagógico
pois visa inibir a repetição da conduta prejudicial. Também tem caráter indenizatório
porque propicia uma satisfação financeira em face da lesão ao patrimônio moral do
ofendido. A reparação não pode ser tão alta ao ponto de inviabilizar o empreendimento
patronal ou levar o empregador à ruína.Tampouco a reparação moral tem o escopo de
enriquecer o ofendido. Assim, devem ser considerados para a fixação do valor da
condenação, dentre outros, a situação financeira do ofendido e do ofensor, o grau da
ofensa, se houve divulgação das injúrias, se houve danos psicológicos ao ofendido, se a
situação ofensiva alterou a subsistência da vítima.Recurso do Reclamante não provido.”
(proc: 1053-2005-004-10-00-1 Ro. Ac. 1ª turma, juiz relator Oswaldo Florêncio Neme
Junior)

[84.] Em relação aos danos materiais a Reclamante também não faz


prova de que sequer esteja incapacitada para o trabalho, não juntou
laudo médico ou qualquer outra prova nesse sentido, como o
deferimento do benefício de aposentadoria por invalidez, por
exemplo. De igual modo, caso se considerasse que há incapacidade
total para o trabalho, o que se admite apenas por amor ao debate, a
Reclamante também não comprovou que tal fato tenha sido causado por
ato da Reclamada.

[85.] Desse modo, tendo em vista que a Reclamante não logrou êxito em comprovar a existência
de qualquer ato ilícito praticado pela Reclamada, muito menos os danos sofridos e o nexo
causal, improcede o pedido de indenização por danos morais e materiais, mormente, por lucros
cessantes.

[3.5.] DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

[86.] No presente caso, não há falar em aplicação da multa do art.


477, visto inexistirem verbas pendentes a serem pagas pela
Reclamada, assim, comprova toda documentação anexa à presente
defesa.

[87.] Conforme - jurisprudência abaixo transcrita, temos que só haverá


incidência da referida multa, em se tratando de verbas
incontroversas, o que não é o caso que aqui se apresenta.

“VERBAS RESCISÓRIAS. PAGAMENTO EFETUADO A MENOR. SALDO


REMANESCENTE INCONTROVERSO. MULTA DO § 8° DO ART. 477 DA CLT.

24
CABIMENTO. Hipótese em que a empresa efetua o pagamento
parcial das verbas rescisórias dentro do prazo legal,
reconhecendo, posteriormente, o equívoco e procedendo à
complementação devida fora do prazo legal. A ausência de
controvérsia acerca do crédito operário e a quitação integral
aperfeiçoada apenas fora do prazo legal autorizam a incidência
da sanção de que trata o § 8° do art. 477 da CLT. Recurso
conhecido e desprovido. (TRT10ª R. - ROPS-972/2008-020-10-00.0
- 3ª T. - Rel. Desemb. Douglas Alencar Rodrigues - DJ
05.02.2009).
[...] MULTA DO ART. 477 DA CLT. O pagamento parcial das verbas
rescisórias não exonera o empregador da multa por atraso na
quitação do contrato. Recurso não provido. (TRT15ª R. - ROPS
772-2007-037-15-00-0 - 3ª C. - Rel. José Pedro De Camargo
Rodrigues De Souza - DJ 09.05.2008).

[88.] Nesse contexto, se a reclamada não reconhece os valores


pleiteados na inicial, pela razão que sequer existem verbas
rescisórias a serem quitadas, tendo a Reclamante recebido tudo que
lhe eventualmente era devido, não restando mais nenhuma obrigação a
ser adimplida.

[89.] Deste modo, o que for pretendido na peça vestibular, será


fatalmente controverso, consequentemente incabível a aplicação da
multa do art. 477 do texto consolidado.

[90.] Portanto, conclui-se que é indevida a aplicação da multa do


art. 477 da CLT, pelo que se impõe seja julgado improcedente o
pedido constante na inicial quanto a este tópico.

MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

[91.] No que tange à multa do art. 467, a 1ªo 1º Reclamada impugna expressamente a
pretensão obreira da aplicação do artigo 467 da CLT, tendo em vista que é
assente na doutrina com inteira ressonância na jurisprudência de nossos Colendos Tribunais
Trabalhistas, que a inadimplência do contrato de trabalho apta a ensejar a aplicação do artigo
467 da CLT é aquela que se refira especificamente à parcela salarial incontroversa.

73.[92.] Neste sentido preceitua o referido artigo:

“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia


sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao

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trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte
incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por
cento".
[grifamos]

74.[93.] No presente caso, existe controvérsia a respeito da modalidade de ruptura contratual, não
havendo lugar para aplicação da multa do art. 467, da CLT.

75. No presente, como informa o TRCT em anexo, não existe


parcelas incontroversas, posto que as verbas rescisórias foram
pagas e os demais títulos restaram todos impugnados.

[94.] Improcedente a pretensão.

- DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

76.[95.] Na oportunidade, e ainda admitindo por argumentar eventual condenação, “ad


cautelam” pede a Defendente que os juros de mora sejam contados a partir da data do
ajuizamento da ação e a correção monetária seja calculada da forma determinada no artigo 39
da Lei n.° 8.177/91, isto é, após o quinto dia útil do mês seguinte ao vencido, já que é este o
prazo previsto pelo artigo 459, da CLT para o pagamento de parcelas salariais, conforme
precedente 124/SDI/TST.

77.[96.] Neste sentido, o entendimento do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Terceira


Região, esposado na Súmula 01, do parecer n.° 01/2000/TRT/CUJ (Comissão de Uniformização
de Jurisprudência), publicada no DJ-MG de 25.11.00, através da Resolução Administrativa n.°
199/2000:

“SÚMULA 01 - CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE. PARCELAS SALARIAIS. Aplica-


se o índice após o quinto (5°) dia útil do mês seguinte ao trabalhado. Inteligência da
Orientação Jurisprudencial n° 124 da Seção de Dissídios Individuais - Subseção I do E.
Tribunal Superior do Trabalho.”

- DOS DOCUMENTOS

78.[97.] Restam amplamente impugnados todos os documentos colacionados pelo Demandante


na peça de ingresso, eis que imprestáveis para comprovar o alegado.

79.[98.] A Reclamada anexa com a defesa os documentos que entende necessários à


comprovação de suas alegações, apresentando-os em cópias simples, as quais declara o
advogado subscritor desta peça serem autênticas, SOB SUA RESPONSABILIDADE

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PESSOAL, conforme lhe faculta o artigo 830/CLT, verbis:

“Art. 830. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será
intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao
serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses
documentos.”

80.[99.] A juntada de qualquer outro documento deverá ser requerida expressamente pelo
Reclamante a teor do artigo 356 do CPC, com a concessão de prazo à Reclamada.

- DAS PROVAS

[100.] A Reclamada protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente
pelo depoimento pessoal dado Reclamante, o que, desde já, requer, sob as penas da lei,
testemunhas e novos documentos. Junta a esta procuração e preposição.

- DA COMPENSAÇÃO

[101.] Ainda por cautela, e em obediência ao disposto no artigo 767 da CLT, a Reclamada
requer a compensação de todos os valores porventura pagos pela Cooperativa ao
Reclamante durante a prestação de serviços, com quaisquer outras parcelas que porventura
possam vir a ser deferidas ao mesmo título, em caso de reconhecimento de vínculo.

- DOS DESCONTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

[102.] Na eventualidade de condenação, a sentença deverá discriminar as verbas


previdenciárias, observado o disposto no artigo 43 da Lei 8212/91, alterada pela Lei n°
8.2128212/91, alterada pela Lei n° 8.6208620/93:

"Art. 43. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à
incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de responsabilidade,
determinará o imediato recolhimento das importâncias devidas à Seguridade Social.
Parágrafo único. Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados em que não
figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas à contribuição previdenciária,
esta incidirá sobre o valor total apurado em liquidação de sentença ou sobre o valor do
acordo homologado."

[103.] O reconhecimento judicial de direitos trabalhistas da parte Reclamante não implica


transferência do ônus de pagamento dos tributos em questão, o qual é do empregado.

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81.[104.] Constitui obrigação do empregado o recolhimento das contribuições previdenciárias,
donde se deve extrair do total imposto a condenação, observado o conteúdo do artigo 16,
parágrafo único, alínea "c" do Regulamento da Organização e Custeio da Seguridade Social,
Decreto n.° 2371/97:

"Art. 16. - No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto de receitas


provenientes:
II - das contribuições sociais;
Parágrafo único. Constituem contribuições sociais:
c) as dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição;”

82.[105.] Logo, a parcela pertinente ao recolhimento da Previdência Social, deve ser deduzida
do total do crédito do Reclamante.

83.[106.] Dos recolhimentos referidos, alude-se igualmente a incidência do Imposto de Renda


com critério análogo para recolhimento devido aos cofres públicos. Manifesta-se nesse sentido
a Corregedoria Geral de Justiça no Provimento n.° 01/93, artigos 1° e 2°:

"Art. 1°. - Por ocasião do pagamento do valor da condenação judicial ou do acordo


celebrado em ação ou execução trabalhista, o servidor da Justiça do Trabalho
encarregado de expedir a guia de recolhimento de depósito respectivo (GR) deverá
discriminar na referida guia o valor do imposto de renda a ser recolhido pelo devedor ( por
este já calculado e conferido pelo serventuário) e o saldo devido à parte em favor da qual é
feito o pagamento.
Art. 2°. - A guia de recolhimento do depósito é expedida pelo valor apenas daquele saldo e
em favor do(s) litigante(s) fornecido(s) pela condenação ou acordo."
Do mesmo modo esclarece a jurisprudência vigente:
"EXECUÇÃO TRABALHISTA - DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E IMPOSTO DE
RENDA - Descontos previdenciários e de imposto de renda são admitidos na fase
executória mesmo sem os contemplar o julgado. Imposição legal. Diverso seria o trato
para a hipótese de mera compensação." (TRT 6ª R., Ap. 79/90 - Ac. 1ª T. 28.087.90. Rel.
Juiz Josias Figueiredo, Revista LTR, vol. 55, n° 02, p. 198).

84.[107.] Pelo exposto, em eventual condenação, deverão ser determinados os descontos fiscais
e previdenciários do crédito da parte Reclamante.

- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

85.[108.] Não há se falar em honorários advocatícios, porque não cumpridos os requisitos


previstos nas Leis n.° 1.060/50 e 5.584/70, somados a inteligência dos Enunciados n.°s. 11, 219,
e, 329, do Egrégio Superior Tribunal do Trabalho.

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- DAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

86.[109.] Por derradeiro, requer a 1ª Reclamada que toda e qualquer intimação e/ou
notificação efetuadas nos presentes autos sejam endereçadas ao advogado PEDRO
HENRIQUE ALVES DA COSTA FILHO, inscrito na OAB - DF SOB O nº 23.086, sob pena de
nulidade.

- IV –
CONCLUSÃO

[110.] São os fundamentos pelos quais a Reclamada está certa e confiante de que serão julgados
improcedentes os pedidos pórticos, condenando-se ao Reclamante ao pagamento das custas
processuais, honorários advocatícios e demais cominações de praxe.

Nestes Termos, Pede Deferimento.

Brasília, 228 de setembro de 2021.

(assinado eletronicamente)
PEDRO HENRIQUE ALVES DA COSTA FILHO
OAB/DF nº 23.086

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