CONTESTAÇÃO
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ADVOGADO
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Rua 28 Norte, Lote 4, Torre 2, Sl. 804 – Águas Claras – DF – 71.917-720
Tel. 55-61 9.8180-7667 – e-mail: [email protected]
CONTESTAÇÃO
aos termos da Reclamação Trabalhista, ajuizada por Aline do Carmo Paiva, aduzindo, para
tanto, as seguintes razões de fato e de direito, que, seguramente, levarão à improcedência de
todos os pedidos ali vindicados.
-I–
SÍNTESE DA DEMANDA
-II–
PRELIMINARES
2
4. Assim, no âmbito do diploma legal expresso pela Lei n.° 1060/50, são estes os
dispositivos legais em comento:
“Art. 2º. Gozarão dos benefícios desta lei os nacionais ou estrangeiros residentes no país
que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho.
Parágrafo Único: Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação
econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários advocatícios do
advogado, sem prejuízo próprio ou da família."
5. O benefício citado também está previsto no § 3° e 4º, do artigo 790 da CLT, que
tem a seguinte redação:
“Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal
Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às
instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
(...)
3
§ 3º - É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
§4° - O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de
recursos para o pagamento das custas do processo.”
(grifo nosso)
8. Com base nas alegações carreadas nos autos pela própria Reclamante, resta
comprovado que esta possui condições de arcar com as despesas processuais ante a
descaracterização do estado de miserabilidade jurídica, inclusive porque contratou advogado
para patrocinar a demanda.
4
10.[9.] Inicialmente, cumpre esclarecer que, de acordo com os próprios termos da peça de
ingresso, a Reclamante não foi admitida, remunerada e, tampouco, dispensada pela 2ª
Reclamada, pois, se eventualmente prestou serviços, os realizou para a 1ª Reclamada.
13.[12.] Assim sendo, fica claro que a primeira reclamada é a única responsável pelo
adimplemento das obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias, relativas aos empregados
que veio a contratar para prestação dos serviços contratados.
[13.] Nada existe nada de irregular na prática contratual adotada, que, ao contrário, encontra
absoluto respaldo na lei civil, que outorga plena validade jurídica ao contrato de natureza civil
celebrado.
14. A tudo que foi exposto acima, pode-se acrescentar, ainda, também a título de
argumentação, que nada impede terceirização para misteres cujas condições especiais de
execução justifiquem o apelo à contratação de serviços especializados como os constantes do
contrato em anexo.
16. Ademais, compete à Reclamante, a luz do disposto no art. 818, da CLT c/c o art.
373, I, do CPC, a prova de que a 2ª Reclamada cometeu algum ato ilícito na contratação da 1ª
Reclamada com o objetivo específico de burlar a legislação trabalhista, bem como comprovar
que a 2ª Reclamada foi beneficiada com seus serviços.
17. Não há que se falar, ainda, em aplicação da Súmula 331 do Colendo TST, pois o
que importa saber é se no momento da contratação a empresa prestadora de serviços possuía
idoneidade financeira e econômica para honrar as obrigações assumidas, porque uma vez
5
constatada esta idoneidade, é evidente que inexistiu má-fé por parte da tomadora ao utilizar
esta espécie de contratação, ficando, assim, afastada a hipótese de intenção fraudulenta ou de
abuso de direito.
"Art. 5º (...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;"
19. Tem-se, então, que o contrato firmado entre as duas empresas é perfeitamente
válido e regular, devendo ser respeitado em todas as suas condições, como um ato jurídico
perfeito, acabado e imune de qualquer vício de consentimento, donde a conclusão inarredável
de que a 2ª Reclamada jamais poderá ser declarada responsável pelos encargos que porventura
possam decorrer desta reclamação, já que não teve qualquer ingerência no relacionamento
porventura existente entre a Reclamante e a 1ª Reclamada, a qual assumiu, via contratual,
toda a responsabilidade pelos ônus de natureza trabalhista relacionados com os empregados
que viesse a contratar.
20. Assim, como já esclarecido, de acordo com a vontade das partes contratantes,
pactuou-se a responsabilidade única e exclusiva da 1ª Reclamada, cabendo à 2ª Reclamada tão
somente o pagamento do preço ajustado para a prestação do serviço, no prazo acordado para a
prestação do serviço.
21. Portanto, por qualquer ângulo que se analise a questão, não há como se
condenar a PRODESP a responder de forma subsidiária ou solidária pelas parcelas ora
pleiteadas, devendo o mesmo ser excluído da lide, o que ora se requer, por não ser parte
legítima passiva no feito, conforme exposição de fatos e dispositivos legais apontados.
[22.] Sendo assim, temos que é impossível, a aplicação da sumula 331, do colendo TST, que
sequer fora mencionada na inicial, uma vez que conforme dispõe a lei de terceirização, não é
possível o reconhecimento de vínculovinculo empregatício com a tomadora de serviço,
devendo por tanto, a 2ª Reclamada ser excluída da lide.
22.[23.] Requer, portanto, a extinção do feito sem julgamento do mérito com relação à 2ª
Reclamada, ora defendente, nos termos do art. 485, VI, do CPC, declarando-se como única
responsável a 1ª Reclamada.
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[24.] Ad argumentandum tantum, caso V.Exª entenda cabível a responsabilização subsidiária da
2ª Reclamada, o que se admite apenas por amor ao debate, somente será possível essa
responsabilização caso reste cabalmente comprovado pela ReclamanteReclamanate, a teor do
que dispõe o artigo 818, da CLT c/c 373, do CPC, de que não houve a devida fiscalização pelo
ente público em relação as obrigações contratuais, conforme reiterada jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho – TST:
-III-
DA REALIDADE DOS FATOS
23.[25.] De início, cumpre salientar que as alegações da obreira são totalmente fantasiosas,
senão vejamos.
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24.[26.] A Reclamante foi contratada em 27/07/2020 para exercer a função de atendente,
percebendo o salário de R$ 1.261,82, permanecendo assim até o abandono do emprego.
25.[27.] Laborava em uma jornada de 6 horas diárias, e 36 horas semanais, sendo de segunda a
sexta-feira, das 13:00 as 19:15 e, aos sábados, das 06:45 as 13:00, sempre com intervalo
intrajornada de 15 minutos, conforme demonstram os controles de frequência anexos.
27.[29.] MM. Juiz, o último dia trabalhado da Reclamante foi o dia 30 de abril de 2021, a
partir daí, esta não mais retornou ao trabalho, apresentando os atestados relativos ao mês de
maio acima.
28.[30.] A partir de seu último afastamento que deveria durar 7 dias, a Reclamante não mais
retornou ao trabalho.
8
[32.] As A partir daí a empresa vinha mantendo comunicação com a contribuições
previdenciárias, bem como os depósitos fundiários da Reclamante sempre
no intuito de prestarforam integralmente recolhidos, consonante se extrai
dos extratos.
9
23/05/2021 07:15 - +55 11 96868-0057: STK-20210523-WA0002.webp (arquivo
anexado)
23/05/2021 07:17 - Bianca🤓: Bom domingo🍀
23/05/2021 07:17 - Bianca🤓: Se cuide aí
23/05/2021 07:18 - +55 11 96868-0057: Bom dia bom domingo também bia 🥰🥰
🥰🥰😘
23/05/2021 07:31 - Bianca🤓: STK-20210422-WA0083.webp (arquivo anexado)”
(grifamos)
30. Desse modo, a empresa considerou o contrato de trabalho rescindido por justa causa
do empregado, por abandono de emprego, conforme telegrama recebido pela Reclamante no dia
14/07/2021.
31. Portanto, nãoNão há cabimento nos pedidos autorais, tendo em vista que, em
verdade, houve abandono de emprego, sendo esta Reclamação trabalhista uma tentativa vã de se
locupletar às custas da Reclamada. não há provas que bastem para
consubstanciar os pleitos, requer-se desde já o indeferimento de
todos os pedidos autorais
-IV-
DO MÉRITO
3.1. DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
A
1. Conforme se demonstrará a seguir, não há qualquer fundamento na
rescisão indireta pleiteada nesta Reclamação, tendo em vista que não caracterizada qualquer
infração ao contrato por parte da Reclamada. Vejamos.
- DO ASSÉDIO MORAL
32. MM. Juiz, em primeiro lugar cabe rechaçar expressamente os fatos alegados na
inicial de que a Reclamante sofria assédio moral por sua superiora hierárquica. A esse respeito
10
transcreve-se as alegações iniciais:
“A Reclamante estava sendo perseguida e hostilizada pela então superiora hierárquica Sra.
Angélica, a qual ofendia A reclamante com xingamentos e humilhações, a fim de desmotivar
a mesma do prosseguimento da função, hostilizando a mesma de forma desrespeitosa na
frente de todos os seus colegas de trabalho, fazendo com que a obreira se sentisse humilhada
e desanimada de prosseguir com sua função.
(...)
Conforme o exposto, a Reclamante foi perseguida e hostilizada pela então superiora
hierárquica Sra. Angélica, ocasionado á reclamante danos psicológicos irreversíveis que
perduram até o presente momento.
Cabe ressaltar que a reclamante desenvolveu a doença, crise de ansiedade e depressão
conforme laudo médico anexo, visto que trabalhava sob pressão e sempre hostilizada e
coagida ao pedido de demissão, tudo conforme documentos anexos.”
33.[38.] Jamais houve qualquer tipo de perseguição em relação à Reclamante por quem quer que
seja, tendo em visto que a Reclamada abomina tal comportamento por parte de seus líderes.
34.[39.] Tais fatos jamais ocorreram como restará comprovado pela oportuna prova testemunhal, e,
se ocorreram, o que se admite apenas por amor ao debate, foram fatos isolados. Ademais,
verifica-se que tais fatos não constituem assédio moral.
35. Sobre a caracterização do assédio moral, discorre o Eminente Desembargador
Fernando Álvaro Pinheiro, do TRT da 2ª Região, em trecho de seu voto proferido nos autos do
processo 1000649-22.2020.5.02.0468, vejamos:
(grifo nosso)
36. Desse modo, deverá a Reclamante comprovar os fatos narrados na inicial, nos
termos do art. 818, da CLT c/c art. Reclamante teve seu contrato encerrado em
08/01/2021, cumprido o aviso prévio. Assim, a tempo e a modo,
recebeu as verbas rescisórias e o salário de dezembro de 2020, uma
vez que o TRCT especifica como saldo de salario como sendo de 38
dias, englobando o salário de dezembro de 2020 e o saldo de janeiro
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de 2021.
[43.] Caso não seja reconhecido o pedido da Reclamada, o que se admite apenas pela
argumentação, requer que haja compensação dos valores já pagos, consonante
Art. 767 da CLT.
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“ASSÉDIO MORAL. ÔNUS DA PROVA. É do empregado o ônus de provar os fatos que dão
supedâneo à sua pretensão de se ver indenizado por suposto dano moral que lhe teria
causado o empregador. In casu, não se tendo o obreiro desincumbido do encargo que
titularizou, deve ser mantida a sentença que indeferiu o pedido de pagamento da
indenização do dano moral.” (TRT-20 00002810520165200004, Relator: FABIO TULIO
CORREIA RIBEIRO, Data de Publicação: 18/06/2019)
13
[48.] Importante frisar, que o FGTS foi depositado corretamente
pela empresa, e assim, nenhuma verba há a ser requerida.
[51.] MM. Conforme visto no item anterior, aJuiz, as afirmações da Reclamante alega
que, em razão do dano moral, teria sofrido danos psicológicos irreversíveis o que caracteriza doença
ocupacionalsua.
38.[52.] MM. Juiz, em primeiro lugar, ao contrário do alegado na inicial, não foi carreado a
estes autos qualquer relatório ou laudo médico onde se afirme que a Reclamante possuía uma
doença ocupacional, sendo que os atestados médicos juntados com a não corroboram as
assertivas nela contidas a esse respeito.
39. Em segundo lugar, como já visto, jamais houve assédio moral no ambiente de
trabalho, mormente que pudesse causar danos psicológicossão fantasiosas e não
correspondem à Autora desta açãorealidade dos fatos.
[53.] A alegação obreira é genérica. Não se deu ao trabalho sequer de descrever sequer quais
a moléstiasas atividades desenvolvidas junto à reclamada que levaram ao
quadro de discopativa degenerativa, tão pouco pontuou de forma
clara e inequívoca qual a atividade laborativa praticada que
efetivamente teria contribuído para o agravamento de
sua doença ou para o surgimento dela.
1
https://www.tuasaude.com/discopatia-degenerativa/ (acesso em 08/09/2021)
14
[55.] No mesmo artigo, esclarece-se que a degeneração discal, como
também é conhecida, acontece devido a fatores como a desidratação
do disco, fissuras ou rupturas do disco, que podem acontecer devido
ao sedentarismo, traumas, prática de exercícios vigorosos
ou trabalho com esforço físico, além do próprio
envelhecimento. Embora possa afetar pessoas jovens, as mais
afetadas têm mais de 30-40 anos de idade.
[56.] Por fim, ainda sobre o assunto, esclarece que pessoas que passam
muitas horas sentadas e que precisam inclinar o corpo para frente, de
forma repetitiva ao longo do dia, como motoristas de caminhões,
secretárias e dentistas, tem maiores chances de apresentar alguma
alteração do disco vertebral. Não é preciso um evento traumático de
grande importância para dar início a degeneração discal, porque ela
também pode se desenvolver de forma silenciosa e progressiva ao longo
da vida.
[59.] Por fim, no mesmo estudo, verifica-se que a causa exata dos
cistos de Tarlov não é conhecida atualmente. Porém, acredita-se que
seja uma má formação genética congênita ou de malformação tardia.
2
https://muitossomosraros.com.br/doencas-raras/geneticas/anomalias-congenitas-ou-de-manifestacao-tardia/
cistos-de-tarlov/ (acesso em 08/09/2021)
15
[60.] MM. estaria sendo acometida e quais as consequências dessa supostaJuiz, no
presente caso, verifica-se que as alegações da Reclamante de que
adquiriu esse diagnóstico em razão do trabalho é improvável, em
primeiro lugar, porque laborou apenas 5 meses para a Reclamada, na
jornada 12 x 36 e não era não era responsável por limpar todo o
piso do shopping, trabalho que era feito com máquinas e, no caso da
limpeza dos elevadores, não era necessário fazer qualquer esforço
descomunal na coluna para esfregar o pano nas paredes do
equipamento.
[66.] A reclamante não aponta qualquer liame entre o alegado assédio moral e a alegada
16
aquisição da doença que sequer cuidoue suas atividades de especificar na inicial qual
étrabalho, informando genericamente e apenas no campo da presunção, que o assédio
moral trouxe doença ocupacionallabor praticado em benefício da reclamada
teria sido o suficiente para adquirir a doença.
40.[67.] Resta, portanto, cristalina a ausência de nexo de causalidade e/ou concausa entre a
suposta moléstia sofrida pela Reclamante e o exercício de suas atividades laborativas junto à
Reclamada.
[68.] De qualquer forma, ainda que se considerasse que houve assedio moral, o que se admite apenas
por argumentar, ainda assim, deveria a Reclamante fazer prova de que este ato tem nexo causal com
a suposta doença ocupacionalAssim, o único caminho é a improcedência do
pedido, conforme reiterada jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas:
17
INDENIZAÇÃO INDEVIDA. A discopatia degenerativa da coluna
pode ter variados fatores, sem qualquer vínculo com a
função exercida pelo empregado, não sendo razoável concluir
decisivamente pelo concausalidade. Nessa tônica, não
restando comprovada culpa da empresa quanto à obrigação de
assegurar aos seus empregados ambiente de trabalho seguro e
salubre, e na forma do § 1º, a, do art. 20 da Lei 8.213/91,
reputo desconfigurada a doença ocupacional, desmerecendo
provimento o recurso.” (TRT-22 - RO: 000012246920195220001,
Relator: Giorgi Alan Machado Araujo, Data de Julgamento:
02/02/2021, SEGUNDA TURMA)
***
41.[69.] Assim, impugna-se as alegações obreiras, destacando-se a total ausência de provas dos
fatos alegados, ônus que cabe à Reclamante.
[3.4.] DO ASSEDIO MORAL
[72.] Jamais houve qualquer tipo de perseguição em relação à Reclamante por quem quer que seja,
tendo em visto que a Reclamada abomina tal comportamento por parte de seus líderes.
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[73.] Tais fatos jamais ocorreram como restará comprovado pela oportuna prova testemunhal, e, se
ocorreram, o que se admite apenas por amor ao debate, foram fatos isolados. Ademais, verifica-se
que tais fatos não constituem assédio moral.
De qualquer modo, deverá a Reclamante comprovar os fatos narrados na inicial, nos termos do
art. 818, da CLT c/c art. - DAS HORAS EXTRAS
42. MM. Juiz, como já asseverado alhures, a Reclamante jamais laborou na jornada
indicada na inicial, qual seja, das 13:00 as 23:00 horas, numa escala 6 x 1.
46. Desse modo, não há que se falar em horas extras ou pagamento da indenização do
art. 71, da CLT.
47. Tendo em vista que a Reclamada junta com a presente defesa todos os controles de
frequência relativo ao período laboral, caberá à Reclamante fazer prova de que os horários constantes
dos cartões de ponto não correspondem à realidade. Nesse sentido é a jurisprudência:
19
pela Lei 13.467/2017, passou a constar expressamente na CLT que apenas o tempo suprimido
do intervalo intrajornada é que deve ser pago pelo empregador acrescido de 50%, conforme §4º, do
art. 71.
50. Exª, no presente caso, com o já exaustivamente comprovado pela peça de defesa, não
houve qualquer ato ou fato da Reclamada que possa basear a requerida declaração de rescisão
indireta do contrato de trabalho por esse MM. Juízo.
51. Ademais Exª, não há nos autos qualquer comprovação de que a Reclamante tenha
notificado a empresa sobre qualquer descumprimento contratual ou mesmo sobre qualquer tipo de
ocorrência na forma de tratamento com seus supervisores, até porque, como se infere das conversas
de WhatsApp, ela tinha acesso direto ao departamento de RH, onde poderia relatar qualquer
problema que eventualmente pudesse ocorrer na execução do trabalho.
52. Pelo contrário, conforme documentação que ora se junta com a defesa, a Reclamada
sempre cumpriu fielmente as disposições do contrato de trabalho, como pagamento de salários e
recolhimento de373, I, do CPC.
[74.] FGTS. Com os controles de frequência restou provado que a Reclamante não era submetida a
jornada superior a 44 horas semanais e nem tinha seu intervalo intrajornada suprimido, não havendo,
portanto, qualquer falta de natureza grave ou gravíssima que enseje a rescisão indireta do contrato,
principalmente fundado nas alíneas a, b, d e g, do art. 483, da CLT.
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55. Em relação ao abandono de emprego, a CLT não fixa prazo de ausência ao serviço
necessário para a sua configuração, sendo que essa atribuição coube à Doutrina e a Jurisprudência.
Nesse diapasão, tem-se que para caracterização da falta grave são necessários os elementos objetivo,
que consiste na ausência inexplicável e prolongada, como no caso dos autos, e o subjetivo,
representado pela intenção do empregado em não mais retornar ao serviço.
56. O Enunciado 32 do Tribunal Superior do Trabalho - TST, não obstante referir-se ao
empregado que não retorna após a cessação do benefício previdenciário, considera abandono quando
este queda-se ausente pelo prazo de 30 dias, sem justificativa.
57. Conforme já narrado, no presente caso, pela documentação que ora se junta com a
inicial, houve deliberada intenção da Reclamante em abandonar o emprego, sendo expressamente
manifestada ao RH da empresa, conforme comprovam as conversas de WhatsApp já colacionadas
nesta peça de defesa.
58. Relembre-se que a Reclamante não mais retornou ao posto de trabalho após o dia
30/04/2021, tendo ignorado a convocação da empresa para o retorno ao trabalho, conforme
comprova o telegrama recebido pela Reclamante em 14/07/2021 (documento anexo).
59. Assim, nos termos do que dispõe o artigo 818, da CLT c/c o artigo 373, II, do CPC,
a Reclamada se desincumbiu satisfatoriamente de se ônus de provar o abandono de emprego, razão
pela qual, requer que esse MM. Juízo declare que a rescisão do pacto se deu por justa causa do
empregado, nos termos do art. 482, “e”, da CLT.
60.[75.] Caso não seja reconhecido o pedido da Reclamada, o que se admite apenas pela
argumentação, requer que seja considerada a rescisão a pedido da Reclamante, com os consectários
dessa forma de termino do pacto. Nesse sentido é a jurisprudência:
21
19/02/2016)
- VERBAS RESCISÓRIAS
62. Tendo em vista o abandono de emprego e a rescisão por justa causa, seria devido
somente o saldo de salário e as férias vencidas.
64. Portanto, não existem valores financeiros para repasse ao Reclamante, nos termos do
TRCT em anexo.
65. Improcede dessa forma, o pedido de pagamento de aviso prévio, férias e 13º
proporcionais, multa fundiária, liberação das guias de FGTS e Seguro Desemprego.
66.[77.] Nobre Julgador, os fatos delineados pela Reclamante não caracterizam qualquer ato
ilícito capaz de ensejar a reparação por danos morais. Até porque, conforme alhures, não há
qualquer ato ilícito praticado pela Reclamada que tenha dado ensejo ao quadro clínico da
Reclamante, bem como restou comprovado que não houve assédio moral no decorrer da
execução do contrato de trabalho.
67.[78.] Neste contexto, ainda que se imaginasse que tenha havido descumprimento parcial de
obrigações trabalhistas, verifica-se a inexistência de qualquer espécie de dano seja ele
patrimonial ou moral, uma vez que já é pacifica a jurisprudência trabalhista no sentido de que
o mero descumprimento do contrato de trabalho por si só não enseja danos morais.
69.[79.] Este é o critério adotado no Código Civil, sendo imprescindível trazer à colação a
definição de ato ilícito consubstanciada no art. 186, bem como o disposto no art. 927, do novo
diploma legal:
22
“Artigo 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.
70.[80.] O ato ilícito se caracteriza mediante a existência do fato lesivo voluntário, causado pelo
agente, o que não se verifica no caso em tela, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, a ocorrência de um dano moral e a ocorrência do nexo de causalidade entre o
dano e o comportamento do agente.
[81.] Assim, a obrigação de indenizar, nada mais é, do que mera consequência jurídica do ato
ilícito.
71.[82.] Logo, para que um ato seja causa da obrigação de indenizar, devem estar presentes os
elementos acima descritos, o que não ocorreu no caso sub judice, porquanto não agiu a
Reclamada com negligência ou imprudência, restando ausente o nexo de causalidade entre a
conduta da empresa e os fatos reportado pelo Autor, descabendo a indenização nos termos dos
arts. 186 e 927, do Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002).
72.[83.] Por outro lado, tem-se que é o dolo, e não a culpa, é que enseja a indenização por dano
moral, ou seja, sem dolo não há que se falar em dano moral. Neste sentido é a melhor
jurisprudência, v.g.:
“Indenização – Responsabilidade Civil – Dano Moral – Ilícito culposo – Verba não devida
– Recurso provido. “Apenas se justifica a indenização por dano moral quando resulte o
ilícito de ato doloso” (TJ SP 4ª C. AP – Rel. Olavo Silveira – 11/02/93 – JTJ LEX 144/74).
***
***
23
existência efetiva de dano; nexo causal e culpa do empregador (art.186 c/c art. 927 do
Código Civil/2002), tornam-se devidas as indenizações por danos morais e materiais.
Recurso da Reclamada não provido. Ementa: DANO MORAL. VALOR DA
INDENIZAÇÃO. A indenização por danos morais tem um caráter repressor/pedagógico
pois visa inibir a repetição da conduta prejudicial. Também tem caráter indenizatório
porque propicia uma satisfação financeira em face da lesão ao patrimônio moral do
ofendido. A reparação não pode ser tão alta ao ponto de inviabilizar o empreendimento
patronal ou levar o empregador à ruína.Tampouco a reparação moral tem o escopo de
enriquecer o ofendido. Assim, devem ser considerados para a fixação do valor da
condenação, dentre outros, a situação financeira do ofendido e do ofensor, o grau da
ofensa, se houve divulgação das injúrias, se houve danos psicológicos ao ofendido, se a
situação ofensiva alterou a subsistência da vítima.Recurso do Reclamante não provido.”
(proc: 1053-2005-004-10-00-1 Ro. Ac. 1ª turma, juiz relator Oswaldo Florêncio Neme
Junior)
[85.] Desse modo, tendo em vista que a Reclamante não logrou êxito em comprovar a existência
de qualquer ato ilícito praticado pela Reclamada, muito menos os danos sofridos e o nexo
causal, improcede o pedido de indenização por danos morais e materiais, mormente, por lucros
cessantes.
24
CABIMENTO. Hipótese em que a empresa efetua o pagamento
parcial das verbas rescisórias dentro do prazo legal,
reconhecendo, posteriormente, o equívoco e procedendo à
complementação devida fora do prazo legal. A ausência de
controvérsia acerca do crédito operário e a quitação integral
aperfeiçoada apenas fora do prazo legal autorizam a incidência
da sanção de que trata o § 8° do art. 477 da CLT. Recurso
conhecido e desprovido. (TRT10ª R. - ROPS-972/2008-020-10-00.0
- 3ª T. - Rel. Desemb. Douglas Alencar Rodrigues - DJ
05.02.2009).
[...] MULTA DO ART. 477 DA CLT. O pagamento parcial das verbas
rescisórias não exonera o empregador da multa por atraso na
quitação do contrato. Recurso não provido. (TRT15ª R. - ROPS
772-2007-037-15-00-0 - 3ª C. - Rel. José Pedro De Camargo
Rodrigues De Souza - DJ 09.05.2008).
[91.] No que tange à multa do art. 467, a 1ªo 1º Reclamada impugna expressamente a
pretensão obreira da aplicação do artigo 467 da CLT, tendo em vista que é
assente na doutrina com inteira ressonância na jurisprudência de nossos Colendos Tribunais
Trabalhistas, que a inadimplência do contrato de trabalho apta a ensejar a aplicação do artigo
467 da CLT é aquela que se refira especificamente à parcela salarial incontroversa.
25
trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte
incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por
cento".
[grifamos]
74.[93.] No presente caso, existe controvérsia a respeito da modalidade de ruptura contratual, não
havendo lugar para aplicação da multa do art. 467, da CLT.
- DOS DOCUMENTOS
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PESSOAL, conforme lhe faculta o artigo 830/CLT, verbis:
“Art. 830. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será
intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao
serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses
documentos.”
80.[99.] A juntada de qualquer outro documento deverá ser requerida expressamente pelo
Reclamante a teor do artigo 356 do CPC, com a concessão de prazo à Reclamada.
- DAS PROVAS
[100.] A Reclamada protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente
pelo depoimento pessoal dado Reclamante, o que, desde já, requer, sob as penas da lei,
testemunhas e novos documentos. Junta a esta procuração e preposição.
- DA COMPENSAÇÃO
[101.] Ainda por cautela, e em obediência ao disposto no artigo 767 da CLT, a Reclamada
requer a compensação de todos os valores porventura pagos pela Cooperativa ao
Reclamante durante a prestação de serviços, com quaisquer outras parcelas que porventura
possam vir a ser deferidas ao mesmo título, em caso de reconhecimento de vínculo.
"Art. 43. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à
incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de responsabilidade,
determinará o imediato recolhimento das importâncias devidas à Seguridade Social.
Parágrafo único. Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados em que não
figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas à contribuição previdenciária,
esta incidirá sobre o valor total apurado em liquidação de sentença ou sobre o valor do
acordo homologado."
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81.[104.] Constitui obrigação do empregado o recolhimento das contribuições previdenciárias,
donde se deve extrair do total imposto a condenação, observado o conteúdo do artigo 16,
parágrafo único, alínea "c" do Regulamento da Organização e Custeio da Seguridade Social,
Decreto n.° 2371/97:
82.[105.] Logo, a parcela pertinente ao recolhimento da Previdência Social, deve ser deduzida
do total do crédito do Reclamante.
84.[107.] Pelo exposto, em eventual condenação, deverão ser determinados os descontos fiscais
e previdenciários do crédito da parte Reclamante.
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- DAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES
86.[109.] Por derradeiro, requer a 1ª Reclamada que toda e qualquer intimação e/ou
notificação efetuadas nos presentes autos sejam endereçadas ao advogado PEDRO
HENRIQUE ALVES DA COSTA FILHO, inscrito na OAB - DF SOB O nº 23.086, sob pena de
nulidade.
- IV –
CONCLUSÃO
[110.] São os fundamentos pelos quais a Reclamada está certa e confiante de que serão julgados
improcedentes os pedidos pórticos, condenando-se ao Reclamante ao pagamento das custas
processuais, honorários advocatícios e demais cominações de praxe.
(assinado eletronicamente)
PEDRO HENRIQUE ALVES DA COSTA FILHO
OAB/DF nº 23.086
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