Texto 2 - O Capital - Vigésimo Quinto Capítulo - A Moderna Teoria Da Colonização
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O Capital
Crítica da Economia
Política
Karl Marx
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12/11/2022 15:57 O Capital: Vigésimo quinto capítulo: A moderna teoria da colonização
Como nas colónias não existe ainda a cisão entre o operário e as condições
de trabalho e as suas raízes, a terra, ou só existe esporadicamente ou num
âmbito muito limitado, também não existe ainda a separação entre a agricultura
e a indústria, nem ainda o aniquilamento da indústria domiciliária rural, donde
havia então de provir o mercado interno para o capital?
Com tipos esquisitos como estes onde é que fica «campo de renúncia» para
os capitalistas?
A oferta de trabalho, queixa-se ele, não é nem constante, nem regular, nem
suficiente. «O abastecimento de trabalho é sempre, não apenas pequeno, mas
incerto.»(265)
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Mas never mind(11*), a riqueza nacional é mais uma vez idêntica por
natureza à miséria popular.
Mas aqui não nos ocupamos da situação das colónias. O que unicamente nos
interessa é o segredo descoberto no novo mundo pela economia política do velho
mundo, e sonoramente proclamado: o modo de produção e acumulação
capitalista e, portanto, também a propriedade privada capitalista, determinam a
aniquilação da propriedade privada assente em trabalho próprio, i. é, a
expropriação do operário.
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Notas de rodapé:
(253) Trata-se aqui de colónias reais, de solo virgem, que é colonizado por imigrantes livres. Os
Estados Unidos continuam ainda a ser, economicamente falando, terra colonial da Europa. Além
disso, cabem também aqui aquelas velhas plantações em que a abolição da escravatura
revolucionou totalmente as relações. (retornar ao texto)
(1*) Em inglês no texto: «abrir o coração», dizer abertamente o que se pensa. (Nota da edição
portuguesa.) (retornar ao texto)
(254) Os poucos raios de luz de Wakefield acerca da essência das colónias tinham já sido eles
próprios completamente antecipados por Mirabeau père(2*) o fisiocrata, e muito antes ainda por
economistas ingleses. (retornar ao texto)
(255) Tomar-se-á mais tarde uma necessidade temporária na luta concorrencial internacional.
Mas sejam quais forem os seus motivos, as consequências permanecem as mesmas. (retornar ao
texto)
(256) «Um negro é um negro. Só em determinadas relações é que se toma escravo. Uma
máquina de fiar algodão é uma máquina para fiar algodão. Apenas em determinadas relações ela
se toma capital. Arrancada a estas relações, ela é tão pouco capital como o ouro em si e para si é
dinheiro, ou como o açúcar é o preço do açúcar... O capital é uma relação social de produção. É
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uma relação histórica de produção.» (Karl Marx, «Lohnarbeit und Kapital», N[eue] Rh[einische]
Z[eitung], n.° 266 de 7 de Abril de 1849(3*).) (retornar ao texto)
(3*) Cf. K. Marx-F. Engels, Obras Escolhidas em três tomos. Edições «Avante!»-Edições
Progresso, Lis- boa-Moscovo, t. I, 1982, pp. 161, 162. Note-se que na edição original Marx
escreve em vez de «uma relação histórica de produção», «uma relação de produção burguesa,
uma relação de produção da sociedade burguesa». (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao
texto)
(5*) Como mostrou H. O. Pappe, «Wakefield and Marx» em The Economic Historical Review, IV
(1951), p. 90, tratou-se na realidade de 300 pessoas. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao
texto)
(257) E. G. Wakefield, England and America, vol. II, p. 33. (retornar ao texto)
(6*) Em francês no texto: contrato social. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(7*) Em francês no texto: expediente à falta de melhor. (Nota da edição portuguesa.) (retornar
ao texto)
(8*) Explicitação suprimida na tradução alemã. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(262) «A terra, para ser um elemento de colonização, tem de ser não só inculta, mas tem de ser
propriedade pública, sujeita a ser convertida em propriedade privada.» (retornar ao texto)
(268) Merivale, 1. c., v. II, pp. 235-314 passim. Até o suave economista vulgar do livre-câmbio,
Molinari, diz: «Nas colónias onde a escravatura foi abolida sem que o trabalho forçado tenha sido
substituído por uma quantidade equivalente de trabalho livre, viu operar-se a contrapartida do
facto que se realiza todos os dias sob os nossos olhos. Viu-se os simples» (sic) «trabalhadores
explorarem por sua vez os empreendedores de indústria, exigir deles salários sem qualquer
proporção com a parte legítima que lhes tocava no produto. Não podendo os plantadores obter
dos seus açúcares um preço suficiente para cobrir a alta dos salários, foram obrigados a fornecer
o excedente, primeiro dos seus lucros, depois dos seus próprios capitais. Uma quantidade de
plantadores ficaram arruinados asssim; outros fecharam as suas oficinas para escapar a uma
ruína iminente... Sem dúvida, mais vale ver perecer acumulações de capitais do que gerações de
homens» (que generoso da parte do senhor Molinari!). «Mas não valeria mais que nem umas
nem outras perecessem?» (Molinari, 1. c., pp. 51, 52.) Senhor Molinari, senhor Molinari! Que é
feito dos dez mandamentos, de Moisés e dos profetas[N222], da lei da oferta e da procura, se na
Europa o «entrepreneur»(9*) pode encurtar a sua part légitime(10*) ao operário e nas índias
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Ocidentais o operário pode encurtá-la ao entrepreneurl E que é, por favor, essa «part légitime»
que, segundo a sua própria confissão, o capitalista na Europa deixa diariamente de pagar? Lá do
outro lado, nas colónias, onde os operários são tão «simples» ao ponto de «explorarem» o
capitalista, faz violentamente comichão ao senhor Molinari pôr na via correcta, de modo policial,
a lei da oferta e da procura que alhures opera automaticamente. (retornar ao texto)
(10*) Em francês no texto: parte legítima. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(11*) Em inglês no texto: não importa. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(272) «É, acrescentais vós, graças à apropriação do solo e dos capitais que o homem, que
apenas tem os seus braços, encontra ocupação e obtém um rendimento. E, pelo contrário, graças
à apropriação individual do solo que se encontra homens tendo apenas os seus braços... Quando
meteis um homem no vazio, apoderais-vos da atmosfera. Assim fazeis, quando vos apoderais do
solo. É metê-lo no vazio de riqueza, para não o deixar viver senão à vossa vontade.» (Colins, 1.
c., t. III, pp. 267-271 passim.) (retornar ao texto)
(275) Desde que a Austrália se tomou sua própria legisladora, promulgou, naturalmente, leis
favoráveis aos colonos, mas o desbarato inglês do solo, já consumado, está-lhe [atravessado] no
caminho. «O primeiro e principal objectivo que a nova Lei da Terra de 1862 visa é dar facilidades
acrescidas para o estabelecimento de pessoas.» (The Land Law of Victoria, by the Hon. G. Duffy,
Minister of Public Lands, Lond., 1862 [, p. 3].) (retornar ao texto)
[N222] Segundo a lenda cristã antiga os primeiros livros da Bíblia, que constituem a base do
Antigo Testamento, foram escritos por Moisés e por outros profetas. A expressão «É Moisés e os
profetas!» é aqui usada por Marx no sentido: isso é o principal, esse é o primeiro mandamento,
etc.. (retornar ao texto)
[N223] «Tout pour le mieux dans le meilleur des mondes possibles» («Tudo pelo
melhor no
melhor dos mundos possíveis») — aforismo da novela Candide, ou
l'optimisme, de Voltaire.
(retornar ao texto)
[224] Lei bancária de Peel — trata-se de lei bancária de 1844. Procurando vencer as dificuldades
na troca das notas de banco por ouro, em 1844 o governo inglês, por iniciativa de Robert Peel,
adoptou uma lei sobre a reforma do Banco de Inglaterra, dividindo-o em dois departamentos
autónomos, bancário e emissor, e de- terminando uma norma estrita de garantia das notas de
banco em ouro. A emissão de papel-moeda não garantido por ouro era limitada a 14 milhões de
libras esterlinas. Porém, apesar da vigência da lei bancária de 1844, a quantidade de notas de
banco em circulação de facto dependia não do fundo de cobertura, mas da sua procura na esfera
da circulação. Nos períodos de crises económicas, quando a procura de dinheiro se fazia sentir de
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Inclusão:13/11/2019
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