Cartilha - Manejo Da Intoxicação Aguda - Final

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Manejo da intoxicação

aguda causada por


medicamentos
Créditos
Coordenação do projeto Departamento de Gestão da Educação Grupo Técnico de Acidentes por
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira na Saúde (DEGES) Animais Peçonhentos
Coordenação-Geral de Ações Flávio Santos Dourado
Coordenação Geral da
Estratégicas, Inovação e Avaliação da Lúcia Regina Montebello Pereira
DTED/UNA-SUS/UFMA
Educação em Saúde (CGIED/DESGES/
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
SGTES/MS) Coordenação-Geral de Vigilância de
Gestão de projetos da UNA-SUS/UFMA Carolina Vaccari Simaan Zoonoses e Doenças de
Amanda Rocha Araújo Rosany Ferreira Rios Fonseca
Transmissão Vetorial (CGZV/
Coordenação de Produção Pedagógica DEIDT/SVS)
Departamento de Saúde da Família
da UNA-SUS/UFMA Grupo Técnico da Raiva
(DESF)
Paola Trindade Garcia Nathalie Mendes Estima
Coordenação-Geral de Garantia dos
Coordenação de Ofertas Educacionais da Atributos da Atenção Primária (CGGAP/ Silene Manrique Rocha
UNA-SUS/UFMA DESF/SAPS)
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Coordenação de Tecnologia da
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Claudia Brandão
Mário Antônio Meireles Teixeira
Coordenação Geral de Saúde do
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SUS/UFMA Flávia Nogueira e Ferreira de Sousa - Deysianne Costa das Chagas
Ana Paula Sousa Coordenadora-Geral
Professora-autora Ana Cristina Martins de Melo - Revisora textual
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Validadores técnicos do Ministério da
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Saúde Coordenação-Geral de Vigilância de
Secretaria de Gestão do Trabalho e Izabel Cristina Vieira de Oliveira
Zoonoses e Doenças de Transmissão
Educação na Saúde (SGTES) Vetorial (CGZV/DEIDT/SVS)
Designer Gráfico
Vital Amorim Vital

COMO CITAR ESTE MATERIAL


ANDRADE, Flávia Castro. Manejo da intoxicação aguda causada por medicamentos. In:
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Cuidado nas
queixas comuns no atendimento à demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde.
Cuidado em casos de mordedura de animais e intoxicação por animais peçonhentos,
plantas tóxicas e medicamentos. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021.

© 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz &
Universidade Federal do Maranhão.
É permitida a reprodução, a disseminação e a utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade,
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conforme a Lei de Direitos Autorais - LDA (Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................4
1 INTOXICAÇÃO AGUDA POR MEDICAMENTOS.............................................................................5
2 INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS MAIS COMUNS.................................................................6
3 POPULAÇÃO PEDIÁTRICA – CUIDADOS ESPECIAIS.................................................................08
Considerações Finais.......................................................................................................................09
Referências........................................................................................................................................10
Apresentação
Olá, aluna(o)!

A intoxicação é um conjunto de sinais e sintomas que surge devido à exposição a


substâncias tóxicas, incluindo medicamentos em altas dosagens.

A ingestão de altas dosagens de medicamentos pode ocorrer de forma acidental,


por desconhecimento ou propositalmente. Independente do caso, a intoxicação pode ser
grave, portanto, é preciso buscar atendimento emergencial assim que forem
identificados os sintomas.

Os sintomas da intoxicação podem surgir de forma imediata ou até mesmo dias


depois da ingestão do medicamento e saber identificá-los é essencial para a atenção ao
caso.

Medicamentos são os principais agentes que provocam intoxicação em seres


humanos no Brasil, sendo assim, é fundamental que o profissional que atua na APS
entenda como deve ser conduzida a abordagem nesses casos.

Bons estudos!

OBJETIVO
Entender a abordagem aos casos de intoxicação aguda causada por medicamentos.
1 INTOXICAÇÃO AGUDA POR MEDICAMENTOS
No Brasil, em 2019, foram registrados 78.668 casos de intoxicações agudas
causadas por medicamentos no sistema de agravos de notificação. Esse número
corresponde a 59,13% do total de casos de intoxicações1.

Ao atender um paciente vítima de intoxicação causada por medicamentos é


importante diferenciar os cenários2,3,4:

Sintomas: presentes ou ausentes;

Quantidade ingerida: nível tóxico ou não.

Observe estes dois cenários:

1. Paciente sintomático ou com ingestão de nível tóxico de medicação: o


atendimento deverá priorizar o mnemônico ABCDE e a transferência para serviço
hospitalar deve ser feita prontamente.

2. Paciente assintomático estável clinicamente que ingeriu quantidade acidental


de um medicamento de baixo potencial tóxico: o atendimento pode ser feito em
contexto ambulatorial, com o suporte do CIATox, mantendo o paciente monitorado,
de acordo com a meia vida do fármaco. Na maioria dos casos, o manejo se dá com
medidas de suporte e uso de antídoto, se houver e estiver indicado. Importante
salientar que a ausência de sintomas, por si só, não é um indicador de estabilidade,
pois um caso de intoxicação aguda em dose tóxica pode evoluir rapidamente com
declínio neurológico e cardiovascular com instabilidade hemodinâmica. Nesses
casos, a observação deve ser feita por no mínimo 12 horas 2,3,4.

A avaliação de intoxicação aguda inclui coleta de exames laboratoriais de acordo


com o caso. Em grande parte das ocorrências será necessário avaliar função hepática e
renal, além de exames de perfil metabólico e do estado hidroeletrolítico. Em algumas
situações, pode ser necessário solicitar radiografia de tórax e um eletrocardiograma2,3.
Como as Unidades de Saúde da Atenção Primária não dispõem desses exames
complementares, o paciente deve ser transferido para unidade pré-hospitalar ou para
hospital de referência, conforme orientação do CIATox.

05
É importante ressaltar que exames toxicológicos
não são auxiliares no atendimento inicial e não são
todos os fármacos que têm titulação sérica disponível.
A detecção do nível sérico de algumas medicações só
ocorre dias após a ingestão. Assim, solicitar exames de
titulação de fármacos precocemente leva a um
resultado falso-negativo. A exceção a essa regra é a
dosagem de N-acetil-para-aminofenol, que avalia a
intoxicação por paracetamol, cujos níveis iniciais de
toxicidade podem ser assintomáticos. Logo, se houver
suspeita de intoxicação por paracetamol, o exame
toxicológico deve ser solicitado de forma precoce2,4,5. Fonte: Mateus Hidalgo. Wikimedia Commons.

2 INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS
MAIS COMUNS3,4,6
Entre as classes medicamentosas envolvidas nos casos de intoxicação aguda estão:
benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios. Há também registros de
intoxicação por anticonvulsionantes e analgésicos. Vale pontuar, que há uma grande variação
entre o perfil das classes mais envolvidas, conforme a região estudada e a faixa etária.

Ácido valproico BENZODIAZEPÍNICOS

• Diazepam, Clonazepam, Lorazepam


Sinais e sintomas: Sonolência, coma, confusão, amnésia anterógrada, ataxia,
depressão respiratória.
Conduta: Suporte e manutenção, carvão ativado.
Antídoto: Flumazenil.

ANTICONVULSIVANTES

• Barbitúricos fenobarbital e tiopental


Sinais e sintomas: Depressão de SNC em graus variados.
Conduta: Suporte e manutenção.

• Ácido Valproico
Sinais e sintomas: Depressão do SNC, agitação psicomotora, alucinações,
convulsões, bloqueios cardíacos e tremores.
Conduta: Tratamento sintomático e de suporte, manejo das convulsões com
benzodiazepínicos.

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• Carbamazepina
Sinais e sintomas: Nistagmo, mioclonias, convulsões, alterações
eletrocardiográficas.
Conduta: Monitorização cardíaca, tratamento sintomático e de suporte.
Benzodiazepínicos em caso de convulsões.

ANTIDEPRESSIVOS

• Tricíclicos
Sinais e sintomas: Sedação, confusão, delirium, convulsões, incontinência urinária,
pupilas dilatadas, boca seca, taquicardia e hipotensão.
Conduta: Carvão ativado, lavagem gástrica se ingestão de grande quantidade. Se
alteração de intervalo QRS, hipotensão ou arritmia, está indicado bicarbonato de
sódio. É contraindicado o uso de neostigmina, fisostigmina ou flumazenil.
Antídoto: Bicarbonato de sódio.

• Amitriptilina, Imipramina, ISRS


Sinais e sintomas: Mucosas secas, rubor, visão borrada, constipação intestinal,
retenção urinária, confusão mental, convulsões e coma.
Conduta: Em caso de hipertermia: medidas de controle com métodos físicos. Em
caso de
Ácido convulsões: benzodiazepínicos.
valproico

• Fluoxetina, Paroxetina
Sinais e sintomas: Midríase, sonolência, irritabilidade, náuseas, diarreia, vômitos,
taquicardia, tremores, xerostomia.
Conduta: Avaliação cardíaca, tratamento sintomático e de suporte.

ANALGÉSICOS

• Dipirona
Sinais e sintomas: Náuseas, vômitos, tontura, dor abdominal e hipotermia.
Conduta: Suporte e sintomáticos.

• Paracetamol
Sinais e sintomas: Anorexia, náusea e vômitos, elevação das transaminases em
24-48 horas, icterícia, letargia, falência renal.
Conduta: Carvão ativado, lavagem gástrica se a ingestão tiver ocorrido em até
uma hora; se dose hepatotóxica, iniciar antídoto.
Antídoto: N-acetilcisteína.

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3 POPULAÇÃO PEDIÁTRICA – CUIDADOS ESPECIAIS

Fonte: Freepik. Freepik

Crianças em fase pré-escolar, entre um e quatro anos, são um grupo de risco


para intoxicações agudas. A maioria dos casos evolui de forma benigna, no
entanto, as crianças são mais expostas à possibilidade de óbito, já que a dose
tóxica apresenta níveis mais baixos, por exemplo: apenas um ou dois comprimidos
de antidepressivos tricíclicos e sulfonilureias são necessários para intoxicações
graves2,4,5,7.

08
Considerações finais
Os sinais e sintomas da intoxicação por medicamentos estão diretamente
relacionados com as características dos medicamentos, que possuem
naturalmente reações adversas que são potencializadas pela dose excessiva.
Estes sinais e sintomas podem variar de simples manifestações clínicas, como
diarreia, tonturas, enjoos e vômitos, a quadros graves que podem levar à morte.

Levando em consideração os riscos da intoxicação, é necessário que o


atendimento seja emergencial e em conformidade com as recomendações para
cada tipo de medicamento.

Neste recurso, você entendeu como deve ser realizada a abordagem aos
casos de intoxicação aguda por medicamentos após a identificação dos sinais e
sintomas.

Até a próxima!
Referências
1. BRASIL. Ministério da Saúde. TabNet Win32 3.0: INTOXICAÇÃO EXÓGENA -
Notificações registradas no Sinan Net - Brasil. [S. l.], [s. d.]. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/Intoxbr.def. Acesso em: 18
abr. 2021.

2. VELASCO, Irineu et al. Medicina de Emergência Abordagem Prática. 14ª ed. Barueri: [s.
n.], 2020.

3. DUNCAN, B. B. et al. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseadas


em Evidências. 4a ed. [S. l.]: Artmed Editora, 2014.

4. FRITHSEN, Ivar L.; SIMPSON JR, William M. Recognition and management of acute
medication poisoning. American family physician, 2010, 81.3: 316-323.

5. GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti. Tratado de Medicina de Família e


Comunidade: Princípios, Formação e Prática. [S. l.]: Artes Médicas, 2018.

6. BORTOLETTO, Maria Élide; BOCHNER, Rosany. Impacto dos medicamentos nas


intoxicações humanas no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 15, p. 859-869, 1999.

7. LIEBELT, Erica L. Acute iron poisoning. UpToDate, [s. l.], 2021. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/acute-iron-poisoning. Acesso em: 8 abr. 2021.

8. BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais


comuns na atenção básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012. v. 1.

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