A Catequese Na Missão Evangelizadora Da Igreja

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A CATEQUESE NA MISSÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA: PERSPECTIVAS

TEOLÓGICAS E SEUS DESAFIOS NA ATUALIDADE

FAJOPA

TEMA 1
"O catequista e sua vocação: dom e compromisso a serviço do Reino de Deus"

Dom Eugênio Rixen

A experiência de Deus

- Ser catequista é deixar-se seduzir por Deus: “seduziste-me, Senhor...”, como o profeta
Jeremias.

- CIgCat: Deus nos amou primeiro e nos procura seduzir.

- O profeta Jeremias, mesmo diante de todas as perseguições, não se deixou abater, pois
deixou que o Senhor o seduzisse.

- Paulo: “não sou mais eu quem vivo, é Cristo que vive em mim” – devemos transmitir a
Cristo com nossa vida.

- Não acreditamos em qualquer deus, mas em Deus que se revelou através de Jesus Cristo.

- Teresa de Ávila: a experiência de Deus não depende de lágrimas, mas servir a Deus com
justiça, fortaleza de ânimo e humildade.

- Justiça:
 conformar minha vida ao projeto de Jesus – mais encontro a Jesus;
 Isaías: necessidade de purificar-se das más ações e servir aos mais necessitados;
 Se minhas orações me afastam dos mais necessitados, é porque minha oração não é
verdadeira.

- Fortaleza de ânimo:
 Entusiasmo, paixão, energia, alegria;
 Catequistas desanimados e negativos não servem para ser catequistas;
 Catequistas devem transmitir vida e alegria... a alegria do Evangelho (Francisco).

- Humildade:
 O que mais nos afasta de Deus é o orgulho e a autossuficiência;
 Saber quem somos;
 Orgulho: grande pecado de Adão e Eva – querer ser igual a Deus.

- O cristianismo é, em primeiro lugar, um encontro com Alguém. Antigamente estávamos


preocupados em ensinar uma moral e esquecíamos de levar as pessoas a terem este encontro
com Jesus Cristo.
- Quem se encontra com Jesus, segue naturalmente seus preceitos.
- Catequese é fazer a experiência de Deus através de Jesus Cristo.

- Charles de Foucault: “Depois que me encontrei com Jesus Cristo, não pude viver a não ser
por Ele”.

- Jesus Cristo é nossa meta e nossa fonte de água viva.

- Qual é a minha experiência de Deus? Quais foram os momentos fortes dessa experiência?

- A minha catequese ajuda os catequisandos a encontrar-se com Deus?

- Papa Francisco: duas palavras chaves para a catequese (EG, 163-166)


 Catequese kerigmática
 Catequese mistagógica

- Kerigma: primeiro anúncio, o essencial.


 Jesus Cristo te ama, deu sua vida para te salvar e agora vive contigo todos os dias para
te iluminar, fortalecer e libertar;
 Deus não te ama pelas coisas que você faz, mas por ser filho Dele;
 Deus nos criou por amor, mandou Seu Filho para nos salvar, e depois nos enviou o
Espírito Santo para nos santificar;
 Catequese Trinitária, partindo de Jesus Cristo, Evangelhos e sua mensagem;
 Jesus nos revela o Pai, o pai da parábola do filho pródigo;
 Necessito da ajuda do Pai para salvar-me.

- O catequista deve estar próximo de seus catequisandos, que devem se sentir amados.

- O catequista não sabe tudo. Não é prepotente e dominador dos demais. Deve ter paciência,
pois o próprio Jesus teve paciência com seus apóstolos.

- Mistagógica: entrar no Mistério de Deus.


 Deus está para além de tudo que falamos de Deus;
 Mistério vamos conhecendo cada vez mais, mas nunca plenamente;
 Quando morrermos, vamos chegar no céu e percebermos que falamos tanto sobre Ele
e Ele era mais do que aquilo que falamos;
 Para onde caminhar? Quem nos dará um motivo para viver na alegria diante da
pandemia?
 1º lugar onde podemos entrar no Mistério: natureza e toda a criação;
 2º lugar onde podemos entrar no Mistério: Bíblia – rezar com a Bíblia e ver a
revelação de Deus;
 3º lugar onde podemos entrar no Mistério: Liturgia;
 Através da acolhida e do sofrimento;
 Através do pobre, “sacramento de Deus” para nós.
- Minha catequese é kerigmática e mistagógica ou ainda é escolar? Ajudo meus
catequisandos a entrar no Mistério de Deus trazidos por Jesus?

- Compromisso ao serviço do Reino – formar discípulos-missionários.

- Gaudete et exsultat – chamado à santidade, que é para todos.


 Pai que sai todos os dias pela manhã para trabalhar
 Mãe que cuida dos filhos
 Religiosa que, já idosa, continua feliz e transmitindo Jesus às pessoas

- 8 caminhos para a felicidade / Bem-aventuranças.


 Quem coloca sua felicidade nos bens, nunca será feliz;
 Encontrar nossa felicidade vivendo pobremente;
 “A caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros e não se escandalizar
de suas próprias fraquezas” (Teresinha) – não acentuar as fraquezas dos outros, mas
ver as coisas boas que o outro carrega, olhando para as nossas próprias fraquezas;
 Nada de violência – quem prega a violência não é discípulo de Jesus;
 Bondade, ternura;
 Chorar os nossos pecados / pedir a conversão do nosso coração;
 Lágrima como um Dom;
 Prática da justiça – um cristão não pode compactuar com a injustiça e nem com a
corrupção;
 Ser misericordioso – fazer ao outro o que queremos que façam para nós;
 Pureza de coração – não levar vida dupla e não alimentar pensamentos falsos;
 Semear a paz – murmurar não constrói a paz / cuidado com as pessoas que vivem
murmurando;
 Perseguidos – a cruz, as fatigas e os sofrimentos são fonte de amadurecimento e
santificação. / ir contra aquilo que o mundo propõe, sendo fiéis ao Evangelho.

- Minha catequese forma verdadeiramente discípulos de Jesus Cristo?

- Catequese hoje – iniciação à vida cristã / inspiração catecumenal

- Vivemos num mundo secularizado, onde a vida das pessoas não se refere mais à Jesus
Cristo, mas à moda e à cultura. Por isso, precisamos de uma catequese que inicie à vida
cristã.

- Sociedade pluricultural

- Pluralidade religiosa

- Pessoas sem referências cristãs, que nunca frequentaram uma Igreja / Noções superficiais
da fé.

- Mesmo as pessoas que vivem da religiosidade popular / muitas foram batizadas, mas
poucas foram verdadeiramente evangelizadas.
- A proposta da Igreja é a utilização do método catecumenal, com 4 etapas:
 Kerigma – Deus nos ama, enviou Seu Filho para nos salvar e o Espírito Santo continua
conosco;
 Catecumenato – conteúdo da catequese / referência sempre é a Bíblia, enriquecida
pelo Catecismo da Igreja Católica;
 Iluminação e purificação – Batismo, renovação do Batismo / Vigília Pascal;
 Mistagogia – aprofundar os Mistérios celebrados a partir do Cristo Ressuscitado.

- AM – sobre o ministério do catequista.

- Catequese evangelizadora.

TEMA 2
"A Revelação Divina e sua transmissão"

Pe. Dr. Luiz Albertus Sleutjes

- A Revelação Divina e sua trans-missão – Igreja em saída, que dialoga com a sociedade, que
conversa com a realidade e cumpre com sua missão de transcender a si mesma para anunciar
o Reino e a mensagem de Cristo.

- Magistério universal x Magistério local (Igreja católica Universal x Conferências


episcopais).

- DV – documento essencial para a catequese e para a formação catequética.

- CVI – 1869-1870 – final do século XIX


 Vê a Revelação Divina como um conteúdo – Depósito divino / desenvolvimento do
Concílio de Trento;
 A Revelação Divina é apresentada como “algo” e não como “alguém” / estátua: algo
importante, mas sólida. Algo bonito e estético de se ver, porém fixo.

- CVII – 1963-1965
 Aponta a Revelação como uma tensão entre o antigo e as novidades;
 Diálogo com as pessoas de bem que estão fora da Igreja (médicos, cientistas,
psicólogos, ciências, biologia, neurociências);
 O ponto mais alto da Revelação é Jesus Cristo

- Deus se revela e o homem que responde e se encontra com Ele.

- Deus, em sua autorrevelação, se deixa ver e se deixa encontrar. Fala conosco, permite que
O escutemos, que interajamos com sua vida, com seu amor e sua Misericórdia – CVII.

- Ecumenismo com as religiões cristãs – não podemos digladiar, mas unirmo-nos em favor
do bem comum.
- As novidades são respostas humanas / é o próprio Deus que se faz resposta com o caminhar
da humanidade.

- Deus não cria todas as coisas e deixa tudo ao léu, mas caminha com o homem e com a
criação.

- Nossa Revelação é Cristocêntrica: “quem me vê, vê o Pai”. É o ponto mais alto da


Revelação. É o objetivo e toda a nossa evangelização e da catequese.

- Kerigma – apaixonar-se por Jesus.

- Jesus nos ajuda a entender a Vontade do Pai em nossa vida. Deus que cria, Cristo que salva
e o Espírito Santo que santifica.

- Vamos crescendo no Mistério a cada dia. Não entendemos, mas vivemos.

- A Trindade é um espelho que deve iluminar nosso coração, que deve ser nosso ponto de
referência.

- Dei Verbum (1964)


 Nos ajuda a entender o que é a Revelação Divina e a como transmiti-la;
 Dinâmica relacional, de escuta – um fala e o outro escuta e responde;
 Abertura à Deus e ao próximo, àquilo que a Igreja fala.

- CVII é uma resposta à Revelação Divina.

- Nº. 02 DV
 Deus se revela a Si mesmo – transcende a noção unilateral da Revelação Divina –
Deus se deixa conhecer e ao Mistério de Sua vontade;
 Por meio de Jesus Cristo temos acesso ao Pai pelo Espírito Santo;
 Nos tornamos participantes da vida divina;
 Um Deus invisível se torna visível;
 Um Deus inefável se torna alcançável;
 Em tudo aquilo que Deus criou existe uma gramática divina que devemos aprender a
ler (Bento XVI);
 A Revelação divina é um convite a todos – um convite à comunhão: um movimento da
Trindade para fora de Si.

- O Mistério de Deus não cabe em nossas mãos, mas podemos tocar.

- O homem rompe com os limites postos por Deus, rompe com a comunhão perfeita com o
Criador, excluindo-se do jardim, negando a vida plena. Agora, há um Deus que busca o ser
humano.

- Deus não se contenta com coisas quebradas, divididas, e vai ao encontro do último, fazendo
com que ele seja próximo e o primeiro destinatário do Seu Amor.
- Deus se revela e, ao mesmo tempo ensina qual a imagem de ser humano – Jesus Cristo.
- Na catequese não temos somente doutrina, as criar aliança de Deus com cada catequisando,
e reforçar essa ligação de cada um com a comunidade e da comunidade com a pessoa, à luz
da Santíssima Trindade.

- Simultaneidade – Deus que revela coisas novas e antigas. A Revelação não é um baú, mas
algo vivo, dinâmico, que se expande, que sempre acrescenta algo à sua vida e à sua
dinâmica. Ela tem seu ápice em Jesus, sempre, mas nunca está acabada.

- GS, 1 – As alegrias e tristezas do homem dizem respeito à Igreja. Não há como separar a
Revelação da nossa fé, nossa prática de fé da realidade.

- Carta de São Tiago 7,17: “A fé, sem obras, é morta”.

- GS, 22 – O Cristo, humano, que revela Deus ao ser humano / Um Deus que caminha
conosco. Não é um Deus do Olimpo, mas que sofre conosco, que se alegria conosco, que
vive conosco.

- A Revelação transforma a vida histórica do ser humano (GS, 7.43).

- A Revelação não é só um conteúdo a ser passado, mas uma vivência de fé que deixamos
como herança, como aquilo que temos de mais sagrado.

- Tocar a Revelação Divina é crescer em humanidade. Ser catequista é ter a trans-missão de


levar o amor Deus às outras pessoas, fazendo com que elas tenham a experiência de serem
amadas por Deus.

- A Verdade revelada humaniza (GS, 16).


 Após a pandemia, com o isolamento, devemos humanizar, e não fazer de conta que
nada aconteceu ou que somos super-heróis que sobreviveram;
 Devemos humanizar cada uma das fragilidades que ocorreram;
 O “normal” antes da pandemia não deve voltar, mas devemos aprender a viver com
outro estilo de vida;
 O que Jesus faria numa pós pandemia? Como ele se relacionaria com os jovens e
crianças? O que ele falaria para nós?

- A Revelação Divina não é objeto, mas um Sujeito que faz de cada um de nós sujeitos. Não
somos expectadores, mas participamos.

- Verbum Domini (2010, Bento XVI)


1. Verbum Dei – a Palavra de Deus;
2. Verbum in Ecclesia – a Palavra na Igreja;
3. Verbum mundo- a Palavra ao mundo.
I. A missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao mundo;
II. Palavra de Deus e compromisso no mundo;
III. Palavra de Deus e culturas;
IV. Palavra de Deus e diálogo inter-religioso.

- A Palavra de Deus não é passiva, mas requer transformação.


- Pão e vinho, pela Palavra, transforma essas espécies frágeis em Corpo e Sangue de Jesus
Cristo.

- Diálogo inter-religioso – buscar a comum união.

- “A fé cristã não é uma ‘religião do Livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’,


não de ‘uma palavra escrita e muda, mas do Verbo Encarnado e vivo’” (VD, 7).

- Dinâmica do “já e ainda não” – Reino presente, mas não completo / exige uma resposta de
nós para ajudar a crescer este Reino.

- “Somos criaturas criadoras” (Adolf Gesche)

- A consciência é terra santa, por isso devemos tirar as sandálias dos pés.

- A vocação humana é amor (amor self, filia, eros, estergo, ágape)

- Deus tem um sonho e quer que sonhemos este sonho com Ele.

- Não podemos nos contentar com o mais ou menos, mas como filhos e filhas de Deus.

- Etapas da Revelação
 Pai, Filho e Espírito Santo (Santo Agostinho);
 Criação (não é panteísmo – Deus está em tudo, mas paninteismo – quando Deus cria,
gasta seu tempo, que é precioso), Aliança (fidelidade de Deus) e Profetismo
(transformar a realidade a partir do amor de Deus) – (Dei Verbum);
 Mulheres (última etapa da Revelação)

- Trans-missão – Protagonismo – Tradição viva e vivificante.

- Nossa catequese deve ser transparente para revelar a Deus.

- 4 princípios do Papa Francisco (EG)


 O tempo é superior ao espaço;
 Tempo – horizonte aberto
 Espaço – cuidado com a doutrinação na catequese
 Na catequese devemos levar em consideração o espaço – processo catequético
em que as pessoas participem por amor
 Processo catequético duradouro
 A realidade é mais importante que a ideia;
 Intelectualismo (abstrato, a-histórico, formal e puro) e inteligência (saber,
saborear) / Devemos saborear a Revelação
 Encarnação da Palavra e sua prática
 Superação de alguns “ismos” (achismos, individualismos...)
 O todo é superior às partes;
 Tentação da globalização e localização (perder-se no meio do mundo)
 O objetivo é portar o bem a todos
 Guardini e Hegel – Não duelar com a realidade / cada um com sua voz
 Não um duelo, mas um dueto – as diferenças cantam com harmonia
 A unidade prevalece sobre o conflito.
 Diante do conflito temos três atitudes:
 Ignorá-lo;
 Submergir;
 Assumi-lo (que devemos fazer)
 Sofrer
 Resolver
 Transformar

- O catequista deve “reger” seu grupo, levando em consideração a individualidade de cada


catequisando.

- “Kai o Logos SARX égéneto kai eskénosen en hérmin” – o Verbo se fez CULTURA e
habitou entre nós.

- Se fazer cultura é dialogar com as culturas, não substituí-las.

- Pluralidade – poliedro (reflete a confluência de todas as partes, e não é uniforme).

- Amoris Laetitia, 8
 Acompanhar
 Discernir
 Integrar na fragilidade

- Incentivar o protagonismo. Não é transferência de conteúdo ou doutrina, com “pode ou não


pode”, mas é simplesmente participar do Amor de Deus. Ter consciência do amor de Deus
por nós, e amar como Ele amou.

- CATEQUISTA: sujeito, diretor, formador / CATEQUISANDO: dirigido, formando


 Um GPS, que, sem sinal, não sabemos para onde vamos

- CATEQUISTA: sujeito pastoral / CATEQUISANDO: sujeito do discernimento.


 Nosso Norte é Jesus Cristo, fazendo tudo o que Ele fazia.

- Protagonismo do Povo de Deus – Sinodalidade / escuta.

- Escritos do Papa Francisco: opção preferencial pelos empobrecidos (misericordiando,


primeirear)

- Testemunho de vida concreto.

- “Palavras comovem, mas o exemplo converte” (São João Paulo II)


TEMA 3
"A eclesiologia do Vaticano II: Igreja, Povo de Deus"

Pe. Dr. Antônio Manzatto

- A compreensão de Igreja do CVII é uma das coisas mais bonitas e edificantes que podemos
ver, e é o que dá o significado da maneira em que vivemos nossa fé em Jesus Cristo hoje.

- A eclesiologia do CVII é muito combatida e negada, com diferentes grupos que se opõem à
forma como ele compreende a Igreja.

- Algumas chaves teológicas do CVII:


 O CVII trouxe grandes transformações na consciência que a Igreja tem de si mesma e
de sua ação pastoral;
 Lumen Gentium e Gaudium et Spes – documentos mais importantes;
 CVII – momento de grande Epifania do Espírito Santo;
 Do ponto de vista teológico, a grande transformação se dá pela inserção de categorias
históricas no trabalho da elaboração teológica.

- CV II – 1963-1965

- O Concílio interior mais importante ao CVII foi o Concílio de Trento (contra o


liberalismo).

- Preocupação fundamental do CVII:


 Igreja isolada do mundo;
 Atualizar a forma de ser e de se compreender da Igreja;
 Comportamentos ainda medievais;
 Discurso distante da vida das pessoas;
 Questões da atualidade chamam atenção e exigem posicionamento (emprego,
movimentos de independência, exploração das pessoas...)

- Papa João XXIII convoca o CVII – uns queriam retomada, outros reforma.

- Documentos de renovação: “Sacrossanctum Concilium” (Reforma Litúrgica) e “Dei


Verbum” (Reforma da Teologia)

- O Concílio foi inaugurado em 11 de outubro de 1962. Interrompido pela morte de João


XXIII (1963), foi retomado por Paulo VI imediatamente após sua eleição (21 de junho de
1963).

- Paulo VI deu continuidade e promulgou os documentos do CVII.

- Lumen Gentium – 21/11/1964


 A Igreja é “Povo de Deus” e os bispos trabalham em colegialidade (nenhum bispo é
bispo sozinho);
 Valoriza-se a Igreja local em comunhão com as outras Igrejas;
 Superação da eclesiologia hierárquica.

- A Igreja não é a luz dos povos, mas facilitadora da luz que é Jesus Cristo.
- Superação do modelo clericalista.

- Fundamentos da “Lumen Gentium”


 Desígnio universal da Salvação
 Deus quer salvar a todos, não isolados;
 Salvação de toda a criação;
 Não é a Igreja que precisa ser salva, mas o mundo. Por isso, a Igreja não é o
único lugar de nossa atuação, mas sim o mundo. Nossa atuação deve ser em
todo o mundo;
 A salvação é comunitária – ninguém vai para o céu sozinho.
 Igreja é Sacramento do Cristo e do Reino;
 Sacramento: sinal visível de uma Graça invisível;
 A Graça de Deus nos atinge pelo Sacramento;
 A Igreja não é o Cristo, não o controla e não o aprisiona, mas um sinal que
aponta para o Cristo, através, sobretudo, de sua maneira de ser sinal do Reino de
Deus;
 O Reino não se reduz à Igreja. A Igreja conduz ao Reino;
 Somente sendo discípulos é que seremos verdadeiramente Igreja.
 Igreja é “Povo de Deus”
 Igualdade dos batizados: sacerdócio comum;
 Somos “Povo de Deus” pela Graça do Batismo;
 Povo escatológico / definitivo de Deus;
 Como concretizamos isso? Formando comunidades.

- A Igreja nasce do Coração aberto de Cristo. Água e Sangue: sinais do Sacramento da


Eucaristia e do Batismo. Nasce no Pentecostes, quando os apóstolos anunciam a realidade da
messianidade de Jesus.

- Pentecostes não termina com os apóstolos indo à rua e indo evangelizar. O Pentecostes
termina na realidade da comunidade, na partilha, na fração do pão, na escuta da Palavra.
 Realidade do Reino

- O anúncio dos apóstolos é o querigma.

- Privilégio da Igreja local:


 Nela, a primeira experiência de Igreja;
 Não é parte, mas porção do Povo de Deus;
 Nela está tudo o que a Igreja é;
 Abre-se à comunhão

- Colegialidade episcopal:
 Os bispos são sucessores dos apóstolos;
 Ministério é único, vivido colegialmente;
 Bispo é inserido no Colégio Episcopal;
 Solicitude por todas as Igrejas

- Leigos e leigas são corresponsáveis pela Igreja


 Tem ministério próprio;
 Constituído por ato sacramental;
 Ação prioritária é na sociedade.

- O que define leigo e leiga é a realidade de um Sacramento, o Batismo.

- Somos constituídos membros da Igreja pelo Batismo, logo, temos responsabilidade na


edificação do Povo de Deus.

- “Povo de Deus” não é um bando de gente junta, mas que estabelece um relacionamento de
fraternidade entre si, um relacionamento de amor e de afeto, por isso é Sacramento do Reino.

- Somos unidos por um ato sacramental – o Batismo.

- Por causa de Jesus e em Jesus somos adotados como filhos de Deus, e herdeiros do Seu
Reino.

- Vida Religiosa – testemunha de maneira especial essa realidade de “Povo de Deus como
comunidade”.

- LG – Vocação à santidade / Todos podemos e devemos ser santos.

- Santidade como semelhança de Deus.

- Os pecados não impedem a santidade, ou seja, a santidade não é ausência de pecado.

- A santidade é um atributo da divindade de Deus.

- O santo é aquele que é parecido com Deus, no sentido em que Ele entrega sua vida em
favor da humanidade. O santo também entrega sua vida pela causa dos irmãos e irmãs.

- Nos enganamos ao pensar que, para ser santo, devemos nos afastar de tudo.

- O pecado não humaniza, desumaniza.

- O melhor de nós não é o que já fomos, mas o que seremos; o que somos chamados a ser.

- Elementos de eclesialidade:
 Fé
 Fé não é saber que Deus existe. Que Deus existe, até os demônios sabem;
 Fé é confiar – não colocamos outros elementos no lugar de Deus;
 Eu creio – nós cremos.
 Palavra de Deus
 Sacramentos
 Não há Igreja sem Sacramentos;
 Oração, vida do culto.
 Caridade
 Não existe Igreja onde o Amor não seja a tônica;
 Atenção prioritárias aos que mais sofrem.
 Ministério
 Igreja particular reunida em torno ao seu bispo, pastor.

- Jesus não anunciou somente a constituição da Igreja, mas sim o Reino de Deus.

- O Reino não é simplesmente o céu. O Reino que Jesus inaugura com sua Ressurreição, é
aqui na história. E a Igreja é o Sacramento do Reino.

- Igreja sinodal – “Povo de Deus” que, junto, pensa o ser cristão hoje, frente aos desafios.

- Caminhamos juntos porque somos irmãos e irmãs.

- Sinodalidade começa por ouvir a Palavra de Deus.

- “Igreja em saída” – não é autorreferencial, mas está preocupada com o mundo e inserida
nele para salvá-lo.

- Jesus está à porta e bate. Não quer ficar preso nos nossos templos e sacrários, mas quer ir
ao encontro dos mais necessitados.

- O conceito de “comunidade” deve estar muito presente e claro para os catequistas.

- Uma Igreja que se entende como “sociedade perfeita” está fechada em si mesma.

TEMA 4
"Evangelização e catequese: fundamentos, identidade e perspectivas"

Pe. Reginaldo Marcolino

- Catequese é, sim, evangelização.

- Caminhos pós pandemia para a pastoral paroquial / perguntas fundamentais para o contexto
de paróquia
 O que mudou na paróquia pós pandemia?
 Qual o modelo de paróquia que nós queremos despois do contexto pandêmico?
 A pandemia tornou latente as nossas feridas;
 Nossas igrejas estavam “confortáveis”
 Quais os aprendizados que a pandemia nos trouxe?
 Qual a nossa realidade enquanto paróquia? Muitas atividades? Ou nossa paróquia tem
se tornado um lugar de convivência e prestadora de serviços?

- Paróquia tem a ver com convivência, com afetos, com laços de afeto (D. 100)

- Ainda que a pessoa cruze a cidade para ir a outra comunidade, esta comunidade é sua
comunidade.
- Ou a paróquia se torna comércio ou se torna comunhão, lugar de história de vida.

- Home office ou full time? Trabalho em casa ou trabalho a todo momento?

- Todos estamos sofrendo com o peso de carregar um peso a mais.

- “Leigo marmitão” – sempre cabe mais serviço.

- Será que ainda nossa paróquia está apenas distribuindo Sacramentos? Uma paróquia apenas
de cunho sacramental?

- Ainda estamos comemorando a quantidade de jovens que são crismados?

- Como foram nossas transmissões, compartilhamentos e mensagens nas redes sociais?

- Nossas paróquias estão cada vez mais urbanizadas e as pessoas cada vez mais isoladas em
suas casas.

- É preciso se reinventar!

- A Igreja deve ser lugar de cuidado, “de colo!” – as pessoas precisam tocar em nós.

A Catequese na missão evangelizadora da Igreja

- A Catequese pertence plenamente a um processo mais amplo de renovação que a Igreja é


chamada a realizar.
 É muito mais do que aquela aulinha;

- É preciso anunciar sempre e em todos os lugares o Evangelho de Jesus Cristo


 A Bíblia é o principal instrumento utilizado na catequese.

- A Catequese participa no compromisso da evangelização


 Catequese é compromisso;
 Evangelização é compromisso;
 As coisas não podem ficar soltas – “criança vai à Missa quando quer...”;
 Devo saber quem são os pais da criança.

- A Catequese se relaciona com a Liturgia e a caridade


 Dois grandes braços da catequese é a Liturgia e a caridade
- Evangelii Gaudium – anunciar o Evangelho no mundo em que vivemos. A catequese, por
isso, deve ser:
 Querigmática;
 Como iniciação mistagógica;
 De inspiração catecumenal;
 Com perspectiva missionária.

- O Diretório Nacional da Catequese oferece uma releitura da natureza e da finalidade da


catequese, a saber:
1. É preciso ter confiança no Espírito Santo;
 Não somos nós que realizamos as coisas;
 Recuperar, em nossas ações, o primado de Deus.
2. O ato de fé nasce do amor que deseja conhecer cada vez mais a Jesus;
 Precisamos transmitir a fé que nós temos em Jesus Cristo;
 Catequistas transmitem um testemunho de fé;
 Em cada encontro é necessário levar um testemunho de fé.
3. A Igreja, mistério de comunhão, é animada pelo Espírito Santo e feita fecunda para
gerar nova vida;
 Nós, como Igreja, dentro do Mistério de comunhão (comunidade), somos
animados pelo Espírito Santo e fecundados para gerar nova vida;
 O que os encontros de catequese estão produzindo de vida nova?
 Perceber no outro uma transformação.
4. O processo de evangelização é uma ação espiritual (exige evangelizadores “com
Espírito”);
 Precisamos ter brilhos nos olhos e falar com entusiasmo;
 Falarmos de algo que brota do coração.
5. Todos os batizados são sujeitos ativos da proposta da catequese;
 Toda a comunidade é responsável.
6. É preciso viver o Mistério de fé superando a contraposição entre conteúdo e método,
entre fé e vida.
 Catequese não é aula nem escola.

- Modificar a forma de transmitir a fé: “sempre foi assim...” ou “na minha época era assim...”
 Centralidade do fiel e da experiência de vida
 Importância dos afetos – conhecer-nos
 Interesse por aquilo que oferece significados verdadeiros
 Redescobrir o que é belo e eleva o ânimo

- Criatividade, sem mudar o conteúdo da fé.

A identidade da Catequese

- Cinco pontos sobre a identidade da Catequese:


1. Natureza
 Natureza eclesial, que nasce do mandato missionário do Senhor;
 Fazer ressoar continuamente o anúncio da Páscoa;
 Eu estou fazendo discípulos/as através dos meus encontros?
 Etapa do processo evangelizador.
2. Processo de evangelização
3. Finalidade
4. Atividades
5. Fontes

- Querigma
 Fazer crer em Jesus Cristo, a partir do ato e do conteúdo do anúncio do Evangelho;
 Íntima relação com a Catequese, que é o anúncio da fé para gerar a fé.

- Catecumenato
 Fonte de inspiração para a catequese;
 Antiga prática eclesial oferecida aos convertidos não batizados;
 Deve ser oferecido também aos que já foram batizados;
 Redescoberta das riquezas e das fontes de nossa fé.

- Existem muitos batizados que não fizeram um encontro com Jesus e não foram
evangelizadas.

- RICA – guiar o catecúmeno ao encontro pleno com o Mistério pleno de Cristo. 4 tempos ou
períodos:
I. Pré-catecumenato (Querigma);
II. Catecumenato (Catequese integral / admissão-entrega dos Evangelhos);
III. Purificação ou iluminação (Entrega do símbolo e do Pai Nosso);
IV. Celebração dos Sacramentos (Verdadeira Mistagogia pela recepção dos Sacramentos
da Iniciação à Vida Cristã - IVC).

- A inspiração catecumenal da catequese significa assumir um estilo e dinamismo formativo,


respondendo à necessidade de “uma renovação mistagógica”, a saber:
1. Caráter Pascal (Mistério Pascal de Cristo);
2. Caráter iniciático (descobrir os Mistérios de Cristo de da Igreja);
3. Caráter Litúrgico, ritual e simbólico (sinais litúrgicos);
4. Caráter comunitário (vivemos em uma comunidade concreta);
5. Caráter de conversão permanente e de testemunho (entrar num caminho gradual de
conversão);
6. Caráter de progressividade da experiência formativa (formação permanente da fé).

- Mistagogia – arte de fazer com que a pessoa entre e viva o Mistério.

- A proposta é entrar num itinerário pedagógico para favorecer um encontro pessoal com
Cristo por meio da Palavra de Deus, na ação litúrgica e na caridade, integrando todas as
dimensões da pessoa.

- Como as crianças vão receber a 1ª Eucaristia se elas não frequentam a Missa?

A Catequese no processo de Evangelização – Primeiro anúncio e Catequese


- 1º Anúncio – a Igreja proclama o Evangelho e suscita a conversão.

- Quem se encontra com Jesus, não pode ser a mesma pessoa.

- Existem pessoas em processos diversos.

- O fundamento do anúncio do Evangelho está fundamentado na missão cristã: “Ide”.


- “Ide” (Mc 16,15; Mt 28,19) – Mandato missionário do próprio Jesus a cada um de nós. É
Ele quem manda que sejamos seus evangelizadores.

- Catequese é parte integrante da Iniciação Cristã e está unida aos Sacramentos da iniciação,
especialmente o Batismo, que é a porta de entrada na vida da Igreja.

- Os critérios para o Sacramento do Batismo devem ser muito sérios, especialmente o


primeiro, que é a participação na comunidade.

- A missão sacramental não pode ser separada do processo de evangelização.

- Catequese e formação permanente à vida cristã:


 A catequese está em relação com diversas dimensões da vida cristã:
 Catequese e Sagrada Escritura.
 Catequese se faz com a Bíblia
 Catequese, Liturgia e Sacramentos;
 Catequese não é apenas saber sobre, mas é fazer “experiência com...”
 Catequese e Liturgia não é somente colocar crianças (que muitas vezes
não sabem nem ler) para fazer a leitura – proclamar a Palavra de Deus
não é ler, mas proclamar.
 A Missa não pode ser um simples rito ou obrigação.
 Catequese, caridade e testemunho.
 Como estão os pobres em minha comunidade? A ajuda aos mais
necessitados?
 Às vezes falamos sobre Deus, mas não vivenciamos Deus.

Finalidade da Catequese

- Fazer com que a pessoa se coloque em comunhão-intimidade com Jesus Cristo.

- Este encontro envolve a pessoa em sua totalidade.

- Essa intimidade e encontro acontece na comunidade.

- Jesus formou os seus discípulos: dava a conhecer os Mistérios do Reino, ensinava a rezar,
propunha atividades evangélicas, iniciava-os à vida de comunhão com Ele e entre si e à
missão.

- Conhecemos o padre, mas não conhecemos a mulher da limpeza da capela.


- A fé exige ser conhecida (consciência da fé) / celebrada (introduz ao Mistério) / vivida
(ensina a rezar) e rezar (introduz à vida comunitária).

Fontes da Catequese

- “A fé vem do ouvir; e o ouvir, pela Palavra de Cristo” (Rm 10,7).

- Saber quem conserva, interpreta e transmite o depósito da fé.


- Liturgia e Catequese são inseparáveis e se alimentam mutuamente / conduzir à mistagogia.

Conclusão

- Não devemos apenas saber racionalmente sobre Jesus Cristo, mas com o coração, fazendo
experiência.

- A maneira como lidamos com os conflitos, trará uma maior qualidade de vida nos nossos
relacionamentos.

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