Casos Clínicos Urgência e Emergência
Casos Clínicos Urgência e Emergência
Casos Clínicos Urgência e Emergência
Cenário 2
Paciente masculino, 88 anos, é admitido na emergência com dispnéia e
dificuldade para relatar seus sintomas. Nega dor torácica. Ao exame consciente,
sudorese difusa, FR=40/irpm, acrocianose ++/4+, Fp=134 bpm, PA= 230/140
mmHg com ausculta cardíaca prejudicada, crepitações pulmonares difusas e
sibilos expiratórios bilaterais. SpO2 à admissão em ar ambiente= 70%. História
prévia de hipertensão arterial c/ tratamento irregular.
a) Estabelecer uma linha de cuidado na emergência através de prioridades.
O tratamento da insuficiência respiratória visa à manutenção fisiológica do
sistema respiratório, ou seja, prover oxigenação suficiente aos tecidos e a
remoção do C02 de forma adequada, até que a causa básica que levou à IRespA
seja controlada. De forma sistemática, o ABCDE
(Airway/Breathing/Circulation/Disability/Exposure) é a primeira etapa na
avaliação do paciente com insuficiência r espiratória aguda.
Pela condição clínica do paciente e sua saturação de oxigênio em ar ambiente de
70% com manutenção das vias aéreas pérvias e estado de consciência
preservado, a suplementação de oxigênio seria uma das prioridade na correção
do estado hipoxêmico. A ventilação mecânica não invasiva está indicada, a
fim de promover melhora das trocas gasosas e diminuição do trabalho
respiratório, reduz a pré e pós-carga com consequente melhora do desempenho
do ventrículo esquerdo. A comparação entre as intervenções CPAP × BiPAP
não apresenta diferenças significativas. Caso o paciente evolua com edema
agudo de pulmão cardiogênico, a CPAP associa-se a maior redução da
morbimortalidade nesses pacientes.
Seguindo a próxima etapa do ATLS, a avaliação do estado circulatório é
necessária para a correção da alteração hemodinâmica, restabelecendo a valores
normotensos de pressão arterial. Para isso é necessário colocar 2 acessos
venosos periférico para infusão de terapia medicamentosa. Neste cenário nosso
paciente encontra-se com uma PA de 230/140 mmHg, sugerindo um quadro de
crises hipertensiva, sendo necessário o uso de drogas vasoativas como o
nitroprussiato de sódio (0,3 - 10mcg), que é preferível para pacientes com
quadro de hipertensão grave além de exercer um maior efeito sobre a resistência
arterial (costuma estar elevada em idosos). Seguido outra droga necessária seria
a morfina (2-4 mg EV) que age como agente antagonista dos efeitos
vasoconstritores periféricos do sistema nervoso simpático; a vasodilatação
resultante leva à diminuição significativa e imediata das pressões arterial e
venosa pulmonares, produzindo diretamente a melhora sintomática. A morfina
ainda embota os reflexos ventilatórios mediados por quimiorreceptores que
deflagram a intensa taquipnéia que acompanha o edema pulmonar. E em
sequencia um diurético de alça como furosemida (40-80mg ou 120-200mg)
pode ser utilizado por produzir benefícios clínicos acentuados antes da diurese
efetiva, sendo tais benefícios imediatos relacionados à dilatação arterial e
venosa periférica produzida por esses agentes, resultando da sua capacidade de
incrementar a liberação de prostaglandinas pelos rins.
OBS:
Pacientes com EAP beneficiam-se de ventilação não invasiva (CPAP e BIPAP);
se houver contraindicações para tal e/ou a dispneia, diaforese e vasoconstrição
persistirem ou a síndrome acarretar imediato risco de morte, pode se tornar
necessária a intubação orotraqueal seguida de ventilação mecânica para
melhorar a oxigenação e diminuir a redistribuição de sangue para o circuito
pulmonar.