SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MICROCÁPSULAS À BASE DE Poliureia

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE QUÍMICA E BIOLOGIA


BACHARELADO EM QUÍMICA

ALANA CRISTINE PELLANDA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MICROCÁPSULAS À BASE DE


POLI(UREIA-FORMALDEÍDO) COM POTENCIAL APLICAÇÃO EM
REVESTIMENTOS INTELIGENTES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA
2016
ALANA CRISTINE PELLANDA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MICROCÁPSULAS À BASE DE


POLI(UREIA-FORMALDEÍDO) COM POTENCIAL APLICAÇÃO EM
REVESTIMENTOS INTELIGENTES

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação,


apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão
de Curso II, do Curso de Bacharelado em Química
do Departamento Acadêmico de Química e Biologia
– DAQBi – da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR.

Orientador: Prof. Dr. João Batista Floriano


Coorientadores: Dr. Marcos Antônio Coelho Berton
Dra. Agne Roani de Carvalho

CURITIBA
2016
ALANA CRISTINE PELLANDA



SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MICROCÁPSULAS À BASE DE
POLI(UREIA-FORMALDEÍDO) COM POTENCIAL APLICAÇÃO EM
REVESTIMENTOS INTELIGENTES

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial à obtenção do


grau de BACHAREL EM QUÍMICA pelo Departamento Acadêmico de Química e
Biologia (DAQBI) do Câmpus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR, pela seguinte banca examinadora:

Avaliador: Profa. Dra. Paula Cristina Rodrigues


Departamento Acadêmico de Química e Biologia, UTFPR

Avaliador: Profa. Dra. Juliana Regina Kloss


Departamento Acadêmico de Química e Biologia, UTFPR

Prof. Dr. João Batista Floriano

Orientador

Dra. Danielle Caroline Schnitzler

Coordenadora de Curso

Curitiba, 30 de novembro de 2016.


RESUMO

PELLANDA, Alana C. Síntese e caracterização de microcápsulas à base de


poli(ureia-formaldeído) com potencial aplicação em revestimentos inteligentes.
2016. Resumo de TCC – Bacharelado em Química, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Curitiba, 2016.

O termo self healing compreende a capacidade de “auto cura” de um material, sendo


possível que este restaure autonomicamente sua integridade estrutural após ter
sofrido algum dano. Uma das áreas de aplicação de materiais com efeito self healing
é a de pintura e revestimentos, permitindo que superfícies que sofreram algum tipo
de dano retornem total ou parcialmente à sua aparência inicial. Uma das técnicas
possíveis para se conseguir tal efeito é a aplicação de materiais ativos
microencapsulados nos revestimentos. No processo de microencapsulamento ocorre
a formação de partículas micrométricas, onde um ingrediente ativo (material de
núcleo) é empacotado em um segundo material (parede), o que possibilita o
isolamento e a manutenção das características originais das substâncias que
compõem o material de núcleo, além da liberação deste sob condições específicas e
desejadas. No caso da microencapsulação aplicada à tecnologia de superfícies, as
microcápsulas incorporadas ao revestimento são rompidas quando ocorre uma
fissura superficial, ocorrendo a liberação do material ativo que possui a capacidade
de regenerar a área afetada. O objetivo do trabalho foi sintetizar e caracterizar
microcápsulas à base de poli(ureia-formaldeído) com potencial aplicação em
revestimentos self healing. A síntese foi realizada através do mecanismo de
polimerização in situ; as microcápsulas foram compostas por poli(ureia-formaldeído)
como material de parede, contendo diferentes materiais de núcleo: corante, resina
epóxi e resina epóxi corada. A caracterização físico-química dos materiais
sintetizados foi realizada através das técnicas de Microscopia Óptica, Microscopia
Eletrônica de Varredura e Espectroscopia na região do Infravermelho com
Transformada de Fourier. Também foram realizadas outras análises, como
determinação do tamanho médio de partícula, quantificação de material de núcleo e
teste de liberação do ingrediente ativo encapsulado. Os resultados obtidos
mostraram que a rota sintética foi eficiente na formação de microcápsulas, as quais
apresentaram formato esférico e morfologia rugosa. A análise do tamanho médio de
partícula mostrou que este parâmetro é inversamente proporcional à taxa de
agitação e diretamente proporcional à viscosidade dos materiais de núcleo. A
análise por Espectroscopia na região do Infravermelho apresentou bandas
características da poli(ureia-formaldeído) e dos materiais de núcleo empregados,
indicando que a síntese foi efetiva na formação do polímero e na manutenção das
características originais dos materiais de núcleo. A metodologia empregada para
análise de quantidade de material de núcleo encapsulado se mostrou efetiva para os
sistemas contendo corante, sendo que para os demais sugere-se a realização de
testes com outros solventes. De modo geral, as microcápsulas sintetizadas
apresentaram potencial de aplicação para obtenção de revestimentos inteligentes.

Palavras-chave: Microcápsulas. Self healing. Revestimentos inteligentes.


ABSTRACT

PELLANDA, Alana C. Synthesis and characterization of poly(urea-


formaldehyde) based microcapsules with potential application on smart
coatings. 2016. Final paper abstract – Chemistry Bachelor, Federal University of
Technology – Paraná. Curitiba, 2016.

The term “self-healing” comprise material’s “auto-cure” capacity, being possible for
those materials the autonomic restoration of their structural integrity after had
suffered some damage. One possible field for the application of self-healing effect is
paintings and coatings, what allows that surfaces which have suffered some kind of
damage return total or partially to their initial appearance. One of possible techniques
to get this effect is the application of active microencapsulated materials.
Microencapsulation process leads the formation of micro sized particles, in which
there is an active ingredient (core material) packaged in a second material (wall),
what enable the isolation and maintenance of ideal characteristics of the substances
that constitute the core material, besides the controlled release of core material
under specific conditions. In the case of microencapsulation applied to surfaces
technology, the microcapsules incorporated to the coating are broken when a
superficial crack occurs, leading the release of active material which is able to
recover damaged area. The objective of this work was synthesizing and
characterizing poly(urea-formaldehyde) based microcapsules with potential
application on smart coatings. The synthesis was accomplished by in situ
polymerization mechanism; microcapsules were composed by poly(urea-
formaldehyde) as wall material containing different core materials: dye, epoxy resin
and colored epoxy resin. The physico-chemical characterization of synthesized
materials was made through Optical Microscopy, Scanning Electronic Microscopy
and Infrared Spectroscopy with Fourier Transform. Other analyses were also
accomplished, as determination of particle average size, core material content and
core material releasing test. Obtained results showed that the synthetic route was
efficient on microcapsules formation, which had spherical shape and rough
morphology. The particle’s size analysis showed that there is an inverse relation
between stirring speed and microcapsules diameter. Infrared Spectroscopy analysis
showed characteristic bands of poly(urea-formaldehyde) and the employed core
materials, indicating that synthesis was effective on polymer formation and on the
maintenance of original characteristics of core materials. The employed
methodology for amount of encapsulated core material analysis was effective for dye
systems, being that for the others it’s suggested performing tests with other solvents.
In general, synthesized microcapsules showed potential application for smart
coatings obtainment.

Keywords: Microcapsules. Self healing. Smart Coatings.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema de funcionamento do efeito self healing em um revestimento


com materiais microencapsulados ............................................................................ 12

Figura 2 – Desenho esquemático de estruturas de microcápsulas e microesferas: (a)


estrutura de microesfera; (b) estrutura de microcápsula ........................................... 13

Figura 3 – Tipos e formas de microcápsulas: a) microesfera; b) microcápsula


simples; c) microcápsula simples irregular; d) microcápsula de parede dupla; e)
microcápsula polinuclear e f) agrupamento de microcápsulas .................................. 13

Figura 4 – Tipos de sistemas self healing contendo microcápsulas. a) microcápsula


singular (microcápsulas em amarelo e ingrediente ativo em azul); b)
microcápsula/catalisador disperso (microcápsulas em verde, ingrediente ativo em
azul e catalisador em laranja); c) microcápsulas duplas (microcápsulas de
ingrediente ativo e ingrediente ativo em vermelho, microcápsulas de catalisador e
catalisador em azul); d) microcápsulas contendo mais de um material de núcleo
(microcápsulas em verde, ingredientes ativos em vermelho, amarelo e azul) .......... 15

Figura 5 - Esquema de formação de microcápsula pelo mecanismo de polimerização


in situ ......................................................................................................................... 17

Figura 6 – Esquema do padrão de regiões adotado para a coleta de dados de


diâmetro das microcápsulas por amostra .................................................................. 21

Figura 7 - Mecanismo de reação da formação da poli(ureia-formaldeído) ................ 23

Figura 8 - Formação das microcápsulas contendo corante ao longo do tempo de


reação, a 500 rpm; A) 60 min; B) 120 min e C) 180 min ........................................... 24

Figura 9 - Imagens de Microscopia Ótica do momento de ruptura espontânea das


microcápsulas ........................................................................................................... 25

Figura 10 - Imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo corante


como material de núcleo após lavagem com cicloexano e filtração. A) 500 rpm; B)
900 rpm; C) 1200 rpm ............................................................................................... 26
Figura 11 - Formação das microcápsulas contendo resina epóxi ao longo do tempo
de reação, a 500 rpm; A) 60 min; B) 120 min e C) 180 min ...................................... 27
Figura 12 - Imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo corante
como material de núcleo após lavagem com cicloexano e filtração. A) 500 rpm; B)
900 rpm; C) 1200 rpm ............................................................................................... 28

Figura 13 - Imagem de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo resina epóxi


como material de núcleo, a 1200 rpm ....................................................................... 30

Figura 14 - Formação das microcápsulas contendo resina epóxi corada ao longo do


tempo de reação, a 500 rpm; A) 60 min; B) 120 min e C) 180 min ........................... 30

Figura 15 - Perfil de formação de microcápsulas em diferentes tempos de reação .. 31


Figura 16 - Perfil de formação de microcápsulas em diferentes tempos de reação (a)
10 min, (b) 20 min, (c) 30 min, (d) 40 min, (e) 50 min e (f) 60 min ............................ 32

Figura 17 - Imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo resina epóxi


corada como material de núcleo, após lavagem com cicloexano e filtração. A)
500 rpm; B) 900 rpm; C) 1200 rpm............................................................................ 33

Figura 18 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas


contendo corante como material de núcleo. Aumento de: A) 200x; B)400x e C) 1000x
.................................................................................................................................. 35

Figura 19 - Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo


corante como material de núcleo após sofrer pressão mecânica. Aumento de 200x 36
Figura 20 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas
contendo resina epóxi como material de núcleo. Aumento de: A) 200x; B) 400x e C)
1000x ........................................................................................................................ 37

Figura 21 - Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo resina


epóxi como material de núcleo após sofrer pressão mecânica. Aumento de 300x ... 38

Figura 22 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas


contendo resina epóxi corada como material de núcleo. Aumento de: A) 200x; B)
400x e C) 1000x ........................................................................................................ 39

Figura 23 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas


contendo resina epóxi corada como material de núcleo após sofrer pressão
mecânica. Aumento de 400x ..................................................................................... 40

Figura 24 - Espectro na região do Infravermelho da poli(ureia-formaldeído) ............ 41

Figura 25 - Estrutura química do polímero poli(ureia-formaldeído) ........................... 41

Figura 26 - Espectro na região do Infravermelho do corante .................................... 42


Figura 27 - Estruturas químicas dos componentes do corante empregado como
material de núcleo (a) Oil Red O e (b) Sebacato de dibutila ..................................... 42

Figura 28 - Espectros de infravermelho das microcápsulas contendo corante como


material de núcleo e de seus materiais de partida .................................................... 44

Figura 29 - Espectro na região do Infravermelho da resina epóxi ............................. 45

Figura 30 - Estrutura química da resina epóxi empregada como material de núcleo


................................................................................................................................. .45

Figura 31 - Espectros de infravermelho das microcápsulas contendo resina como


material de núcleo e de seus materiais de partida .................................................... 46

Figura 32 - Espectro na região do Infravermelho da resina epóxi corada ................. 47

Figura 33 - Espectros de infravermelho das microcápsulas contendo resina corada


como material de núcleo e de seus materiais de partida .......................................... 49

Figura 34 - Esquema de proporcionalidade entre material de parede e material de


núcleo, obtida através dos resultados de quantificação de material de núcleo, para
as microcápsulas contendo corante .......................................................................... 52

Figura 35 - Esquema de proporcionalidade entre material de parede e material de


núcleo, obtida através dos resultados de quantificação de material de núcleo, para
as microcápsulas contendo resina e resina corada ................................................... 53
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Bandas de absorção no infravermelho para o polímero poli(ureia-


formaldeído) .............................................................................................................. 41

Tabela 2 - Bandas de absorção no infravermelho para o corante ............................. 43

Tabela 3 - Bandas de absorção no infravermelho para a resina epóxi ..................... 46

Tabela 4 - Bandas de absorção no infravermelho para a resina epóxi corada ......... 48

Tabela 5 - Variação do diâmetro médio das microcápsulas em razão da taxa de


agitação mecânica empregada ................................................................................. 50

Tabela 6 - Eficiência de encapsulamento em função do material de núcleo e taxa de


agitação empregados ................................................................................................ 51
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 8
3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 9
3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 9
3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 9
4 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 10
4.1 Self healing .................................................................................................. 10
4.2 Microencapsulamento .................................................................................. 11
4.3 Polimerização in situ .................................................................................... 16
5 METODOLOGIA .............................................................................................. 18
5.1 Materiais....................................................................................................... 18
5.2 Síntese de microcápsulas ............................................................................ 18
5.3 Caracterização das microcápsulas obtidas .................................................. 19
5.3.1 Microscopia Ótica .................................................................................. 19
5.3.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................... 19
5.3.3 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de
Fourier (FTIR)............................................................................................................ 20
5.3.4 Análise do tamanho de partícula ........................................................... 20
5.3.5 Determinação da quantidade de material de núcleo.............................. 21
5.4 Prova de conceito da liberação do ingrediente ativo .................................... 22
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 23
6.1 Microscopia Ótica ......................................................................................... 23
6.1.1 Corante como material de núcleo .......................................................... 23
6.1.2 Resina epóxi como material de núcleo .................................................. 27
6.1.3 Resina epóxi com corante como material de núcleo ............................. 30
6.2 Microscopia Eletrônica de Varredura ........................................................... 34
6.2.1 Corante como material de núcleo .......................................................... 34
6.2.2 Resina epóxi como material de núcleo .................................................. 36
6.2.3 Resina epóxi com corante como material de núcleo ............................. 38
6.3 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier
(FTIR) ......................................................................................................................40
6.3.1 Corante como material de núcleo .......................................................... 40
6.3.2 Resina como material de núcleo............................................................ 45
6.3.3 Resina corada como material de núcleo ................................................ 47
6.4 Análise do tamanho de partícula .................................................................. 50
6.5 Determinação da quantidade de material de núcleo .................................... 51
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................... 55
8 CONCLUSÕES ............................................................................................... 56
6

1 INTRODUÇÃO

Materiais com propriedades self healing tem sido objeto de estudo cada
vez mais frequentes em grupos de pesquisa do mundo inteiro. O termo self healing é
utilizado para designar a capacidade de um determinado material em restaurar
autonomicamente sua integridade estrutural após ter sofrido algum dano 1. Como
consequência desta capacidade, tem-se que estes materiais apresentam grande
potencial em diminuir sua degradação, de forma a ser possível uma redução nos
custos de manutenção destes2, uma vez que este sistema de auto cura dispensa a
intervenção humana para o reparo3.
A área de pinturas e revestimentos é uma das mais promissoras para o
emprego de materiais com efeito self healing; esta tecnologia permite que uma
superfície que tenha sofrido algum dano ou estresse seja capaz de se refazer, inteira
ou parcialmente, no design e na aparência de sua pintura4. Para se conseguir tal
efeito, uma das técnicas possíveis de serem empregadas é a aplicação de materiais
ativos microencapsulados.
O processo de microencapsulamento consiste na incorporação de
substâncias de interesse num envoltório5, obtendo-se partículas de tamanho
micrométrico. Neste caso, as microcápsulas contendo o ingrediente ativo são
incorporadas diretamente no revestimento, de forma que o agente reparador
(mantido em suas características originais e, portanto, não afetado pela cura do
revestimento) é liberado após ocorrência de fissura superficial, sendo possível que
este recubra a área afetada pelo dano.
Os sistemas self healing baseados em microencapsulamento
apresentam algumas vantagens, se comparados à outras abordagens, como o fato
de não requerer mudanças na estrutura molecular da matriz e, também, a facilidade
em incorporar as microcápsulas ao substrato de interesse6.
Existem diversos métodos diferentes para promover o
microencapsulamento de compostos ativos, os quais podem ser divididos, de forma
geral, entre métodos físicos, químicos e físico-químicos7. Dentre os métodos
químicos, destaca-se o método da polimerização in situ: este método de
microencapsulamento apresenta muitas vantagens, como simplicidade, possibilidade
7

de controle do tamanho da microcápsula e da espessura da parede, baixo custo e


facilidade de aplicação em escala industrial6, o que faz deste o mais comumente
utilizado8 e uma alternativa interessante para emprego em desenvolvimento de
sistemas self healing.
O processo de polimerização in situ depende da formação de uma
emulsão (óleo/água ou água/óleo) no sistema, na qual a fase dispersa é geralmente
formada pelo material de núcleo e a fase contínua por solução dos monômeros
envolvidos na reação. Neste método é empregada agitação mecânica contínua, o
que possibilita a formação de pequenas gotas da fase dispersa na emulsão. A
polimerização dos monômeros acontece na superfície destas gotas, resultando na
formação de microcápsulas contendo o material de núcleo desejado 1.
Este trabalho está estruturado de forma a apresentar um referencial
teórico sobre o tema e também propor uma rota sintética utilizando o mecanismo de
polimerização in situ para a produção de microcápsulas de poli(ureia-formaldeído)
contendo três diferentes ingredientes ativos (corante, resina epóxi e resina epóxi
corada). Além do referencial teórico e da síntese, também são propostas rotas de
caracterização físico-química das microcápsulas, de forma a avaliar as
características morfológicas e estruturais destas. Outras análises também são
propostas, como a determinação de tamanho médio de partícula, quantificação do
material de núcleo e teste de liberação do ingrediente ativo para que se avalie a
potencial aplicação destas microcápsulas em revestimentos com capacidade self
healing.
8

2 JUSTIFICATIVA

Os revestimentos com propriedades self healing se apresentam como


uma alternativa interessante para redução de custos de manutenção à medida que
se dispensa a intervenção humana para realização de reparos. No caso de
estruturas onde o acesso de pessoal é limitado (como em plataformas petrolíferas,
por exemplo), o emprego de um sistema de pintura que torne possível uma menor
frequência de vistorias facilitaria a manutenção local.
Além disso, quando empregados na pintura e na finalização de bens de
consumo (como automóveis, telefones celulares ou quaisquer objetos de base
metálica ou plástica que recebam pintura adicional) os revestimentos self healing
conferem a estes maiores tempos de vida útil com características ideais de
aparência, além de maior durabilidade, proteção da estrutura e diminuição de custos
com reparações.
Neste sentido, o presente trabalho apresenta grande relevância à
medida que propõe uma metodologia de síntese e caracterização de microcápsulas
com potencial aplicação para alcançar tal efeito em revestimentos.
9

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Sintetizar e caracterizar microcápsulas à base de poli(ureia-


formaldeído) com potencial aplicação em revestimentos inteligentes.

3.2 Objetivos específicos

 Sintetizar microcápsulas através do método de polimerização in situ,


utilizando poli(ureia-formaldeído) como material de parede e diferentes materiais de
núcleo: corante, resina epóxi e resina epóxi corada;
 Caracterizar as microcápsulas obtidas por técnicas como Microscopia
Ótica, Microscopia Eletrônica de Varredura e Espectroscopia na região do
Infravermelho com Transformada de Fourier.
 Analisar através de Microscopia Ótica e Microscopia Eletrônica de
Varredura a influência de parâmetros reacionais, como natureza do material de
núcleo e taxa de agitação mecânica empregada, nas características do material
sintetizado;
 Determinar o diâmetro médio das microcápsulas sintetizadas;
 Determinar a eficiência de encapsulamento através da análise de
extração de material de núcleo;
 Realizar teste de liberação do ingrediente ativo através de realização
de fissura mecânica nas microcápsulas.
10

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Self healing

O conceito de materiais com propriedades self healing tem sido


amplamente estudado e investigado nos últimos anos. O termo self healing
compreende a capacidade de um material de restaurar sua integridade estrutural
após ter sofrido algum dano1, de modo que as estratégias de reparo podem ser
divididas em extrínseca e intrínseca. Nos mecanismos de reparação extrínseca, o
ingrediente ativo que promoverá o reparo é acondicionado em reservatórios, (como
microcápsulas ou fibras ocas) antes de ser disperso na matriz. Já os mecanismos de
reparação intrínseca envolvem ligações reversíveis, como as de Diels-Alder, de
hidrogênio e sobreposição orbitalar π-π6.
Tal capacidade faz com que estes materiais apresentem grande
potencial em diminuir sua degradação e também em reduzir os custos de
manutenção2, uma vez que este sistema de auto cura dispensa a intervenção
humana para o reparo3. Existem diversos mecanismos possíveis para incitar o
sistema a iniciar a autorreparação, dentre os quais se pode destacar aqueles
baseados na mudança de temperatura, incidência de luz UV, mudanças de pH e
ação mecânica9.
Uma das áreas mais promissoras para o emprego do efeito self healing
é a de pintura e revestimentos; esta tecnologia permite que uma superfície que
tenha sofrido algum dano ou estresse seja capaz de refazer inteira ou parcialmente
o design e aparência de sua pintura4, sendo, portanto, um tipo de mecanismo self
healing que apresenta resposta após ação mecânica. A Nissan Motor Company®
detém a patente de um sistema de pintura com capacidade de autorreparação,
denominado “Scratch Shield”. Neste sistema, uma resina de poliuretano modificada
conta com a presença de um anel de oxetano e quitosana incorporada. Quando um
risco na superfície é produzido, o anel de oxetano se rompe, dando origem a dois
centros reativos e, com o auxílio da radiação UV proveniente da luz solar, formam-se
ligações químicas com a quitosana. Em um nível macroscópico esta reação tem
11

como consequência o preenchimento parcial ou total do risco ou arranhão produzido


sobre a superfície recoberta10.
Além disso, diversos trabalhos11-18 relatam o emprego de sistemas self
healing em revestimentos de estruturas metálicas para combater problemas
ocasionados por corrosão. Para esta finalidade, encontram-se estudos com
diferentes abordagens: um grupo da Universidade de Aveiro, em Portugal, investigou
a adição de um revestimento de quitosana contendo o inibidor de corrosão
2-mercaptobenzotiazol a uma liga de alumínio, sendo que a ativação do
revestimento e liberação do inibidor se davam ao ocorrer mudança no pH do meio,
consequência de reações de oxidação que desencadeiam o processo de corrosão
no substrato exposto12.
A técnica de microencapsulamento também é explorada na pesquisa
de revestimentos com capacidade self healing para combater a corrosão: Huang et
al. (2012)13 sintetizaram microcápsulas de poli(ureia-formaldeído) contendo um
silano orgânico como ingrediente ativo para proteger um substrato de aço; He e Shi
(2009)14 desenvolveram microesferas de sílica gel contendo metacrilato de metila
(agente reparador), persulfato de potássio e tiossulfato de sódio (catalisadores) para
emprego em ligas de alumínio; Gite et al. (2015)15 microencapsularam o inibidor de
corrosão quinolina em poliureia para aplicação em revestimento à base de
poliuretano, empregados em substratos metálicos.

4.2 Microencapsulamento

Uma das técnicas possíveis para se conseguir o efeito self healing é a


aplicação de materiais ativos microencapsulados, procedimento este especialmente
interessante no caso de pinturas e revestimentos autorreparadores. O processo de
microencapsulamento consiste na incorporação de substâncias de interesse numa
matriz ou num sistema de revestimento5, obtendo-se partículas de tamanho
micrométrico.
Na Figura 1 está apresentado um esquema do funcionamento do efeito
self healing em um revestimento contendo materiais microencapsulados.
12

Figura 1 - Esquema de funcionamento do efeito self healing em um revestimento com materiais


microencapsulados

Fonte: Autoria própria

Neste caso, as microcápsulas contendo o ingrediente ativo são


incorporadas diretamente no revestimento, de forma que o agente reparador
(mantido em suas características originais e, portanto, não afetado pela cura do
revestimento) é liberado após ocorrência de fissura superficial, sendo possível que
este recubra a área afetada pelo dano.
As microcápsulas estão inseridas no conceito de micropartículas. Estas
micropartículas podem ser subdivididas em microesferas e microcápsulas.
Microesferas são estruturas do tipo matricial, nas quais o ingrediente ativo está
adsorvido ou covalentemente ligado à superfície polimérica19 e não é possível
identificar um núcleo diferenciado20. Já as microcápsulas são partículas do tipo
reservatório, constituídas por um núcleo interno diferenciado que contém o agente
ativo (material de núcleo) recoberto por uma camada de polímero de espessura
variável (material de parede)7, 21
. Na Figura 2 está representado um esquema das
estruturas de microcápsulas e microesferas.
13

Figura 2 – Desenho esquemático de estruturas de microcápsulas e microesferas: (a) estrutura


de microesfera; (b) estrutura de microcápsula

7
Fonte: Suave et al. (2006)

Além disso, é possível obter microcápsulas de diferentes tipos e


formas. A Figura 3 apresenta alguns exemplos de morfologia e disposição de
material de núcleo.

Figura 3 – Tipos e formas de microcápsulas: a) microesfera; b) microcápsula simples; c)


microcápsula simples irregular; d) microcápsula de parede dupla; e) microcápsula polinuclear
e f) agrupamento de microcápsulas

22
Fonte: ARSHADY (1993)

Apesar da tecnologia de microencapsulamento datar da década de 30,


o primeiro produto, comercialmente bem sucedido, produzido por esta técnica foi
desenvolvido em 1954, pela companhia norte-americana National Cash Register.
Este produto é o papel de cópia sem carbono, o qual possui a adição de
microcápsulas de tinta no verso da folha que se pretende copiar e, ao receber a
14

pressão da ponta de um lápis, por exemplo, as microcápsulas são rompidas,


liberando o pigmento que estava aprisionado. Este pigmento muda de cor devido a
alterações de pH oriundas do contato com um revestimento ácido aplicado na folha
seguinte, na qual a cópia é formada7.
A aplicação do processo de microencapsulamento em sistemas self
healing apresenta algumas vantagens quando comparado a outras abordagens,
como o fato de não requerer mudanças na estrutura molecular da matriz e também a
facilidade em incorporar as microcápsulas ao substrato de interesse6.
Além da aplicação em materiais com propriedades self healing, o
microencapsulamento apresenta outros diversos empregos, dentre os quais se pode
destacar o microencapsulamento de fármacos para sistemas de liberação controlada
(drug-delivery), nos quais as microcápsulas liberam o material de núcleo apenas em
condições específicas desejadas, como alterações de pH que possam ocorrer nas
proximidades do órgão-alvo23-27, e o microencapsulamento de óleos essenciais para
aplicação na indústria alimentícia: neste processo é possível impedir a oxidação e
volatilização de compostos que conferem aroma e sabor a alguns alimentos,
promovendo assim a manutenção das características desejadas nos mesmos28-30.
Os sistemas self healing contendo microcápsulas podem ser
estruturados em diferentes configurações. A configuração mais simples é a de
microcápsula singular (apresentada na Figura 4 – a), na qual a matriz recebe adição
de microcápsulas contendo apenas um tipo de material de núcleo. Já os sistemas
conhecidos como microcápsula/catalisador disperso (Figura 4 – b) são aqueles em
que microcápsulas contendo o ingrediente ativo são dispersas numa matriz onde o
catalisador para a cura deste ingrediente já se encontra disperso, na forma livre6.
Os sistemas de microcápsulas duplas consistem em adicionar à matriz,
além do ingrediente ativo microencapsulado, o seu respectivo catalisador também
microencapsulado, de forma que as substâncias estejam separadas uma da outra
por estarem armazenadas em microcápsulas distintas e apenas entrem em contato
no momento em que houver a ruptura, ocasionando a ativação ou cura do
ingrediente ativo (Figura 4 – c). Por fim, os sistemas de microcápsulas contendo
mais de um material de núcleo são aqueles onde o ingrediente ativo e seu
catalisador são acondicionados na mesma cápsula, estando separados por camadas
poliméricas (Figura 4 – d)6.
15

Figura 4 – Tipos de sistemas self healing contendo microcápsulas. a) microcápsula singular


(microcápsulas em amarelo e ingrediente ativo em azul); b) microcápsula/catalisador disperso
(microcápsulas em verde, ingrediente ativo em azul e catalisador em laranja); c) microcápsulas
duplas (microcápsulas de ingrediente ativo e ingrediente ativo em vermelho, microcápsulas de
catalisador e catalisador em azul); d) microcápsulas contendo mais de um material de núcleo
(microcápsulas em verde, ingredientes ativos em vermelho, amarelo e azul)

6
Fonte: Zhu, Rong, Zhang (2015)

O avanço das pesquisas na área de revestimentos com capacidade de


autorreparo tem mostrado uma grande variedade de materiais e substâncias
atuando como material de núcleo, dentre os quais pode-se destacar: óleo de
linhaça3, 31-34, diciclopentadieno35-37 e resinas epóxi8, 38-43
. Da mesma maneira, uma
gama de materiais de parede é reportada na literatura, sendo os mais utilizados
poli(ureia-formaldeído)3, 31, 32, 34, 35, 38, 40, 44
, poliuretano2, 45, 46
, poli(metacrilato de
47 51,
metila) , melamina-formaldeído e até mesmo associações destes em estruturas
de dupla camada49.
16

Para que a utilização de microcápsulas em sistemas self healing seja


eficiente na reparação de danos sofridos pelo material revestido, é necessário que
as microcápsulas incorporadas atendam alguns requisitos, como: integridade
durante o armazenamento e a aplicação; conter quantidade suficiente de agente
ativo com cinética de reação adequada; ruptura imediata quando o material é
danificado; apresentar boa aderência à matriz polimérica; não comprometer as
propriedades mecânicas da matriz, entre outros50.
Os métodos de microencapsulamento podem ser divididos em físicos
(spray drying, spray cooling, pulverização em banho térmico, leito fluidizado,
extrusão centrífuga com múltiplos orifícios, co-cristalização e liofilização), químicos
(inclusão molecular e polimerizações - in situ e interfacial) e físico-químicos
(coacervação, separação de fases, emulsificação seguida de evaporação do
solvente, pulverização em agente formador de reticulação e envolvimento
lipossômico)7. Dentre estes, os métodos químicos possuem grande notoriedade,
sendo aqueles baseados em polimerização temas de estudos e pesquisas cada vez
mais frequentes.

4.3 Polimerização in situ

O método de polimerização in situ começou a ser usado para


microencapsulação na década de 80, sendo as primeiras aplicações industriais
desenvolvidas nos anos 906. Este método depende da formação de uma emulsão
(óleo/água ou água/óleo) no sistema, na qual a fase dispersa é geralmente formada
pelo material de núcleo e a fase contínua por solução dos monômeros envolvidos na
reação. Neste método é empregada agitação mecânica contínua, o que possibilita a
formação de pequenas gotas da fase dispersa na emulsão; a adição de surfactantes
neste processo é importante para prevenir a coagulação das gotas de material de
núcleo.
A polimerização dos monômeros acontece na superfície destas gotas,
resultando na formação de microcápsulas contendo o material de núcleo desejado 1.
A Figura 5 apresenta um esquema da formação de uma microcápsula pelo processo
de polimerização in situ.
17

Figura 5 - Esquema de formação de microcápsula pelo mecanismo de polimerização in situ

Formação da
Emulsificação Polimerização
parede
in situ

Polímero da
Microcápsula
Gota de material Emulsificante parede crescendo
de núcleo
6
Adaptado de Zhu, Rong e Zhang (2015, p. 182)

Atualmente encontra-se na literatura uma vasta quantidade de estudos


onde a polimerização in situ foi empregada em processos de microencapsulamento.
Um dos mais relevantes e que serve de base para outros pesquisadores é o estudo
de Brown et al. (2003)35, no qual foi desenvolvido um procedimento para síntese de
microcápsulas de poli(ureia-formaldeído) contendo diciclopentadieno, empregadas
em sistemas epóxi para obter propriedades self healing. A partir deste procedimento
outros foram sendo aprimorados e desenvolvidos: García et al. (2011)51
microencapsularam um inibidor de corrosão à base de silil éster em microcápsulas
de poli(ureia-formaldeído); utilizando o mesmo polímero para material de parede,
Behzadnasab et al. (2014)3 empregaram óleo de linhaça como ingrediente ativo de
microcápsulas utilizadas na prevenção de corrosão em substratos metálicos; Cosco
et al. (2006)38 aprimoraram o procedimento para o microencapsulamento de resina
epóxi.
O método de microencapsulamento através da polimerização in situ
apresenta muitas vantagens, como simplicidade, possibilidade de controle do
tamanho da microcápsula e da espessura da parede, baixo custo e facilidade de
aplicação em escala industrial6. Alguns autores apontam a polimerização in situ
como sendo o melhor e mais fácil processo para microencapsular compostos pelo
fato de não ser necessário o emprego de equipamentos sofisticados52.
Diante do apresentado, são propostas neste trabalho metodologias
para síntese e caracterização de microcápsulas à base de poli(ureia-formaldeído),
obtidas através de polimerização in situ e com potencial capacidade de aplicação em
sistemas self healing.
18

5 METODOLOGIA

5.1 Materiais

Ureia (MM = 60,06 g ∙ mol-1), resorcinol (MM = 110,11 g ∙ mol-1),


anidrido etileno-maleico (EMA, MM = 100.000 ~ 500.000 g ∙ mol-1), Oil Red O (MM =
408,49 g ∙ mol-1) e sebacato de dibutila (DBS, MM = 314,46 g ∙ mol-1) foram
provenientes da Sigma-Aldrich. Cloreto de amônio (MM = 53,49 g ∙ mol-1) e
cicloexano (MM = 84,16 g ∙ mol-1) foram obtidos da Vetec. Formaldeído (MM = 30,03
g ∙ mol-1) e isopropanol (MM = 60,10 g ∙ mol-1) foram obtidos da Anidrol e Quimex,
respectivamente. A resina epóxi comercial 324 foi comprada na Ideal Resinas e
Silicones. Todos os reagentes foram utilizados como recebidos.

5.2 Síntese de microcápsulas

O procedimento adotado para a síntese das microcápsulas foi baseado


no trabalho de Cosco, S., et al. (2006)38, utilizando o mecanismo de polimerização in
situ. A fase aquosa foi formada por 2,5 g de ureia (42,00 mmol), 0,25 g de resorcinol
(2,27 mmol) e 0,25 g de cloreto de amônio (4,67 mmol) em 150 mL de água
ultrapura sob agitação magnética a temperatura ambiente até dissolução. Em
seguida, foram adicionados a esta solução 50 mL de solução aquosa 2,5 % de
anidrido etileno-maleico (EMA) e o pH do meio foi ajustado para 3,5, com o auxílio
de soluções aquosas padronizadas de HCl 1 mol/L e NaOH 1 mol/L. Por fim, foram
adicionados 30 mL de material de núcleo, sendo que foram investigados três
diferentes sistemas: corante, que consiste na mistura do pigmento Oil Red O
(vermelho) em um veículo oleoso (DBS); resina epóxi comercial de baixa
viscosidade; e resina epóxi corada com o material vermelho já citado. O sistema foi
então mantido sob agitação mecânica a 1000 rpm por 10 minutos para garantir a
estabilização da emulsão formada.
19

Em seguida, foram adicionados 6,3 g de formaldeído (210,00 mmol) à


emulsão e o sistema foi levado para um banho termostatizado para reação durante
4h a 60 °C, sob agitação mecânica. Para este procedimento, foram investigadas três
diferentes rotações: 500 rpm, 900 rpm e 1200 rpm. Do material sintetizado foi
separada uma alíquota, denominada material bruto, para caracterização. O restante
foi lavado com água deionizada, isopropanol e cicloexano e as microcápsulas
formadas foram separadas por filtração simples.

5.3 Caracterização das microcápsulas obtidas

5.3.1 Microscopia Ótica

A formação das microcápsulas foi acompanhada ao longo do tempo de


reação por meio da retirada de alíquotas a cada 60 minutos, até o tempo de 180
minutos, e análise por Microscopia Ótica. Neste procedimento, alíquotas do material
foram depositadas em lâminas de vidro e observadas em um Microscópio Óptico
Zeiss Imager Z2m, utilizando o software de manipulação de imagem Axio Vision
SE64. Imagens das microcápsulas sintetizadas foram utilizadas para avaliar
características como morfologia, regularidade de tamanho, presença de material
residual, entre outros. Foram analisados o material bruto e também as
microcápsulas separadas após lavagem e filtração. O aumento empregado nesta
análise foi de 50 vezes.

5.3.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A análise por Microscopia Eletrônica de Varredura foi utilizada para


avaliar características morfológicas das microcápsulas, como rugosidade e
integridade estrutural, utilizando um microscópio eletrônico de varredura Hitachi
TM3000. Alíquotas secas das microcápsulas sintetizadas foram dispostas no porta-
20

amostra do equipamento, com o auxílio de fitas adesivas de grafite e de cobre, para


tornar a amostra condutora de elétrons e possibilitar a observação no microscópio. A
energia do feixe de elétrons empregada foi de 15 kV, nos aumentos de 200, 400 e
1000 vezes.

5.3.3 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier


(FTIR)

Foi utilizado o equipamento Bruker OPTIK GmbH HTS-XT, modelo


Vertex 70, operando no modo ATR (Refletância Total Atenuada) com cristal de
diamante. Alíquotas das microcápsulas sintetizadas e dos componentes isolados
[corante, resina epóxi e polímero poli(ureia-formaldeído)] foram depositadas no
porta-amostra do equipamento e as medidas foram realizadas numa faixa de
observação de 4000 cm-1 a 400 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e com 32 varreduras.

5.3.4 Análise do tamanho de partícula

As imagens de Microscopia Ótica obtidas também foram utilizadas para


estimar o diâmetro médio das microcápsulas formadas. Com o auxílio da ferramenta
de medida do software Axio Vision SE64, foram medidos os diâmetros de 90
microcápsulas por amostra, seguindo o padrão de 30 de medidas por região da
amostra, apresentado na Figura 6.
21

Figura 6 – Esquema do padrão de regiões adotado para a coleta de dados de diâmetro das
microcápsulas por amostra

Fonte: Autoria própria

A partir destes dados foram calculados a média e o desvio padrão dos


valores medidos. Utilizando um nível de confiança de 99%, foi obtida a margem de
erro das medidas através da equação 1,

𝜎
𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑍𝛼/2 ∗ (1)
√(𝑛)

em que α é o nível de confiança (99%), n é o número de medidas (90),


σ é o desvio padrão e Z é o coeficiente de confiança correspondente ao nível de
confiança, consultado numa tabela de distribuição normal.

5.3.5 Determinação da quantidade de material de núcleo

O procedimento realizado para a determinação quantitativa do


conteúdo microencapsulado foi baseado no trabalho de Yuan, L., et al. (2006)53. A
massa de uma porção de microcápsulas resultantes da síntese foi aferida, as quais
foram posteriormente maceradas utilizando almofariz e pistilo, lavadas com acetona
e secas à temperatura ambiente. A massa resultante compreende o material de
22

parede residual, assim é possível calcular a massa de material de núcleo extraída


pela acetona.

5.4 Prova de conceito da liberação do ingrediente ativo

A prova de conceito da liberação do ingrediente ativo foi realizada


através de imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura, observando as
características do material intacto e após sofrer fissura mecânica com o auxílio de
um bisturi, a fim de identificar mudanças estruturais e ocorrência ou não de
reparação do dano.
23

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O mecanismo da reação de formação da poli(ureia-formaldeído) é


mostrado na Figura 7.

Figura 7 - Mecanismo de reação da formação da poli(ureia-formaldeído)

Fonte: Autoria própria

O ajuste de pH do meio para o valor de 3,5 é realizado porque reação


de formação da poli(ureia-formaldeído) se processa somente em um meio ácido,
uma vez que é necessário ocorrer a protonação do formaldeído para que este
possa reagir com a ureia num processo de policondensação.
Os resultados e discussão apresentados a seguir estão divididos em
seções de acordo com cada técnica empregada.

6.1 Microscopia Ótica

6.1.1 Corante como material de núcleo


24

Na figura 8 são apresentadas imagens de MO das alíquotas


sintetizadas sob 500 rpm, retiradas em diferentes tempos de reação.

Figura 8 - Formação das microcápsulas contendo corante ao longo do tempo de reação, a


500 rpm; A) 60 min; B) 120 min e C) 180 min

A B

C
Fonte: Autoria própria

A análise de alíquotas retiradas a cada 60 min de reação permitiu


observar o perfil de formação das microcápsulas ao longo do tempo. No caso do
microencapsulamento do corante, observou-se que após a primeira hora de reação
já haviam microcápsulas com parede estruturada e morfologia definida. Entretanto,
foram observados rompimentos espontâneos nas microcápsulas da alíquota deste
tempo de reação quando oriunda da síntese empregando agitação mecânica de
500 rpm, conforme mostrado na Figura 9, o que pode indicar que, apesar de já
formadas, as microcápsulas ainda apresentavam paredes instáveis e frágeis.
25

Figura 9 - Imagens de Microscopia Ótica do momento de ruptura espontânea das


microcápsulas

Material de Microcápsulas
núcleo já liberado intactas

Material de núcleo
liberado após ruptura
espontânea

Fonte: Autoria própria

Este fenômeno pode ter acontecido por que a interação do polímero


poli(ureia-formaldeído) com o cloreto de amônio e o resorcinol presentes no meio
não se deu por tempo suficiente, uma vez que estes reagentes estão relacionados à
formação, enrijecimento e estabilidade da poli(ureia-formaldeído)38. Desta maneira,
promovendo-se a interação adequada é possível obter microcápsulas de parede
mais rígida e resistente. Esta hipótese pôde ser ainda corroborada pelo fato de que
durante a análise dos demais tempos de reação (120 e 180 min, para a mesma taxa
de agitação) o fenômeno de rompimento espontâneo não foi mais observado,
indicando que nestes estágios da reação as microcápsulas possuíam paredes mais
robustas e resistentes.
Um resultado semelhante foi relatado por Yuan et al (2006)53, onde as
microcápsulas sintetizadas apresentaram-se bastante frágeis e vulneráveis a
fraturas quando a agitação era cessada, sendo assim, os autores apontaram como
razão da ocorrência deste fenômeno a fragilidade da fina parede formada nas
microcápsulas até o momento em que observou-se este fenômeno.
A análise do perfil de formação das microcápsulas ao longo do tempo
nas sínteses, empregando maiores taxas de agitação (900 e 1200 rpm), também
apresentou comportamento de definição na morfologia e tamanho das
microcápsulas já nos primeiros 60 min de reação. Em contrapartida, as
microcápsulas formadas sob agitação mecânica a 900 e 1200 rpm não
26

apresentaram ruptura espontânea, o que sugere que taxas de agitação mais


elevadas favorecem a interação das microcápsulas com o cloreto de amônio e o
resorcinol, apresentando paredes com maior resistência desde a primeira hora de
reação. Outra hipótese possível seria a de que maiores taxas de agitação favorecem
o aumento da taxa de polimerização, de maneira que, mesmo em estágios iniciais
da reação, o polímero de parede já se apresentava mais robusto.
Após encerradas as 4 h de reação, procedeu-se com lavagem em água
deionizada, isopropanol e cicloexano e filtração das microcápsulas. Foram obtidas,
então, novas imagens de Microscopia Ótica, as quais são mostradas na Figura 10.

Figura 10 - Imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo corante como material
de núcleo após lavagem com cicloexano e filtração. A) 500 rpm; B) 900 rpm; C) 1200 rpm

A B

C
Fonte: Autoria própria

As imagens da Figura 10 mostram que foram mantidas as


características de integridade e morfologia esférica regular após lavagem e filtração,
27

não tendo sido observados rompimentos ou destruição das estruturas, o que indica
que os procedimentos adotados são adequados para este sistema.

6.1.2 Resina epóxi como material de núcleo

Na Figura 11 são apresentadas imagens de Microscopia Ótica de


alíquotas sintetizadas sob 500 rpm, retiradas em diferentes tempos de reação.

Figura 11 - Formação das microcápsulas contendo resina epóxi ao longo do tempo de reação,
a 500 rpm; A) 60 min; B) 120 min e C) 180 min

A B

Fonte: Autoria própria


28

A análise de Microscopia Ótica das alíquotas retiradas a cada 60


minutos de reação mostrou que, analogamente ao que foi observado para as
microcápsulas contendo corante, já haviam microcápsulas formadas no sistema
desde os primeiros 60 minutos de reação. Por outro lado, no caso das
microcápsulas contendo resina epóxi não foi observado o fenômeno de rompimento
espontâneo das estruturas, o que indica que as diferentes interações estabelecidas
entre material de núcleo e material de parede podem ter favorecido a estabilidade
das mesmas. Não foram observadas alterações significativas na morfologia,
tamanho e disposição das microcápsulas ao longo do tempo de análise em
nenhuma das rotas sintéticas (500, 900 e 1200 rpm) empregando a resina em
questão.
Após encerradas as 4 horas de reação, as microcápsulas obtidas foram
lavadas com água deionizada, isopropanol e cicloexano e filtradas. A Figura 12
mostra imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas após este processo.

Figura 12 - Imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo corante como material
de núcleo após lavagem com cicloexano e filtração. A) 500 rpm; B) 900 rpm; C) 1200 rpm

A B
A
29

C
A
Fonte: Autoria própria

Novamente, observou-se que o procedimento de lavagem não


ocasionou destruição das microcápsulas, sendo que estas continuaram a apresentar
formato esférico definido e aspecto preenchido. No caso das microcápsulas
sintetizadas a 1200 rpm (Figura 10 C) observou-se ocorrência de material residual,
que acredita-se ser polímero de parede não convertido em microcápsula. A
ocorrência deste fenômeno não se deve ao processo de lavagem, uma vez que foi
também observado na análise da alíquota bruta antes da lavagem, conforme
mostrado na Figura 13. Uma hipótese possível para a ocorrência deste fenômeno
seria a de que, sob agitação mais vigorosa, a formação do polímero sobre as
gotículas de material de núcleo é menos provável, uma vez que uma maior taxa de
agitação tende a dispersar mais os monômeros pelo meio, dificultando a deposição
destes sobre a superfície do material de núcleo e fazendo com que o polímero se
forme como fragmentos aleatórios. Desta maneira, acredita-se que sejam
necessários ajustes na proporção entre material de parede e material de núcleo para
minimizar este efeito.
30

Figura 13 - Imagem de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo resina epóxi como
material de núcleo, a 1200 rpm

Material residual

Fonte: Autoria própria

6.1.3 Resina epóxi com corante como material de núcleo

Na Figura 14 são apresentadas imagens de Microscopia Ótica


referentes às alíquotas sintetizadas sob 500 rpm, retiradas a cada 60 min de reação.

Figura 14 - Formação das microcápsulas contendo resina epóxi corada ao longo do tempo de
reação, a 500 rpm; A) 60 min; B) 120 min e C) 180 min

A B
31

C
Fonte: Autoria própria

A imagem da Figura 14 C apresenta uma película de solução


esbranquiçada na alíquota; Brown et al. (2003)35 atribuíram a ocorrência deste
fenômeno ao desenvolvimento de nanopartículas de poli(ureia-formaldeído) em
suspensão. Assim como observado na síntese das microcápsulas anteriormente
citadas, nos primeiros 60 minutos de reação já haviam microcápsulas estruturadas e
com morfologia definida. Desta maneira, sugere-se que em estudos futuros a reação
seja acompanhada através da retirada de alíquotas em intervalos de tempo mais
curtos, como 5, 15 e 25 minutos, por exemplo. O intuito de uma análise nestes
parâmetros seria identificar a evolução do crescimento do polímero de parede,
conforme observado nos estudos de Brown et al. (2003)35 e Siva e
Sathiyanarayanan (2015)34 e ilustrado nas Figuras 15 e 16, sendo que nestes
estudos observou-se a ocorrência de microcápsulas apenas a partir de 120 e 40
min, respectivamente.

Figura 15 - Perfil de formação de microcápsulas em diferentes tempos de reação

Tempo de reação (minutos)


32

Adaptado de Brown et al. 2003, p. 725

Figura 16 - Perfil de formação de microcápsulas em diferentes tempos de reação (a) 10 min, (b)
20 min, (c) 30 min, (d) 40 min, (e) 50 min e (f) 60 min

Adaptado de Siva e Sathiyanarayanan, 2015, p. 61

Após completado o tempo de reação, as microcápsulas foram lavadas


com cicloexano e filtradas. Novas imagens de Microscopia Ótica foram então
obtidas, sendo estas mostradas na Figura 17.
33

Figura 17 - Imagens de Microscopia Ótica das microcápsulas contendo resina epóxi corada
como material de núcleo, após lavagem com cicloexano e filtração. A) 500 rpm; B) 900 rpm; C)
1200 rpm

A B

C
Fonte: Autoria própria

Assim como observado para as microcápsulas contendo corante e


resina epóxi pura, o procedimento de lavagem com cicloexano foi eficiente e não
ocasionou destruição das microcápsulas sintetizadas. A síntese de microcápsulas
contendo resina corada foi realizada com o intuito de melhorar a observação visual
da resina encapsulada, através da coloração característica do corante. Desta
maneira, o encapsulamento dos dois componentes isolados (resina epóxi e corante)
foi realizado com o intuito de avaliar qual a influência de cada um nas características
observadas nas microcápsulas contendo resina corada.
De maneira geral, o encapsulamento do corante isolado mostrou-se
mais eficiente, pois não foi observada ocorrência de material residual e as
microcápsulas apresentaram distribuição de tamanho mais uniforme. Acredita-se
34

que tal eficiência deve-se ao fato de que o veículo (sebacato de dibutila) em que o
pigmento foi disperso para formação do corante é um óleo, de maneira que a porção
hidrofóbica representada por este contribui para que a emulsão formada apresente
características mais próximas de uma emulsão óleo-água ideal (onde as porções
hidrofóbica e hidrofílica são completamente imiscíveis).
Já no sistema em que se empregou resina epóxi, a porção lipofílica
formada por esta na emulsão apresentava certo caráter hidrofóbico, porém não tão
próximo das características de um óleo propriamente dito, o que pode reduzir a
eficiência da formação de duas fases completamente distintas na emulsão. No caso
da resina epóxi corada, a adição do corante oleoso conferiu ao material de núcleo
um caráter um pouco mais hidrofóbico, de maneira que a formação da emulsão e o
encapsulamento foram mais favorecidos em comparação ao sistema em que se
empregou resina pura.

6.2 Microscopia Eletrônica de Varredura

6.2.1 Corante como material de núcleo

A análise por Microscopia Eletrônica de Varredura (que permite atingir


maiores graus de magnificação da imagem) mostrou que as microcápsulas
possuíam partículas aderidas à sua superfície, conforme é mostrado nas imagens da
Figura 18.
35

Figura 18 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo


corante como material de núcleo. Aumento de: A) 200x; B)400x e C) 1000x

A B

Fonte: Autoria própria

Assim como na MO, a análise por MEV também permitiu observar a


eficiência da rota proposta na síntese de microcápsulas. A ocorrência de partículas
aderidas à superfície das microcápsulas se deve à presença de fragmentos de
polímero poli(ureia-formaldeído), que por serem de tamanho nanométrico tendem a
agregar-se e aderir às superfícies para diminuir sua área específica e se tornarem
mais estáveis no meio, no processo conhecido como amadurecimento de Ostwald. A
ocorrência deste fenômeno pode ser diminuída otimizando-se a proporção material
de parede/material de núcleo3, de forma que a aproximação da proporção ótima
diminui a quantidade de polímero residual no sistema. Por outro lado, a ocorrência
destas nanoestruturas aderidas à superfície das microcápsulas pode ser desejável
36

em certa medida, uma vez que a presença destas confere um caráter levemente
rugoso na superfície das microcápsulas, o que pode melhorar a aderência destas na
matriz em que forem inseridas33.
Através das imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura também
foi possível avaliar a ocorrência do microencapsulamento, uma vez que após
aplicação de pressão mecânica sobre as microcápsulas estas liberaram seu material
de núcleo, restando como porção observável no Microscópio Eletrônico de
Varredura o polímero de parede, conforme mostrado na Figura 19.

Figura 19 - Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo corante como


material de núcleo após sofrer pressão mecânica. Aumento de 200x

Fonte: Autoria própria

6.2.2 Resina epóxi como material de núcleo

A Figura 20 apresenta imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura


das microcápsulas contendo resina como material de núcleo.
37

Figura 20 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo


resina epóxi como material de núcleo. Aumento de: A) 200x; B) 400x e C) 1000x

Fonte: Autoria própria

Analogamente às microcápsulas contendo corante como material de


núcleo, as microcápsulas de resina epóxi também apresentaram morfologia esférica
definida e incidência de partículas de poli(ureia-formaldeído) aderidas à superfície.
O teste de pressão mecânica sobre as microcápsulas revelou a total
liberação do conteúdo encapsulado destas após sofrerem impacto, conforme
mostrado na Figura 21.
38

Figura 21 - Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo resina epóxi


como material de núcleo após sofrer pressão mecânica. Aumento de 300x

Fonte: Autoria própria

6.2.3 Resina epóxi com corante como material de núcleo

A Figura 22 apresenta imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura


das microcápsulas contendo resina epóxi corada como material de núcleo.
Novamente, foi observada a formação de microcápsulas com
morfologia esférica definida e certa rugosidade superficial devido à aderência de
partículas de material de parede. Esta rugosidade é característica dos sistemas
poli(ureia-formaldeído), já tendo sido reportada em diversos estudos35, 38, 43, 44, 53.
39

Figura 22 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo


resina epóxi corada como material de núcleo. Aumento de: A) 200x; B) 400x e C) 1000x

Fonte: Autoria própria

Após exercer pressão mecânica sobre a amostra, observou-se a total


liberação do conteúdo encapsulado das microcápsulas, conforme mostrado na
Figura 23.
40

Figura 23 - Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura das microcápsulas contendo


resina epóxi corada como material de núcleo após sofrer pressão mecânica. Aumento de 400x

Fonte: Autoria própria

6.3 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de


Fourier (FTIR)

6.3.1 Corante como material de núcleo

O espectro na região do Infravermelho obtido para a poli(ureia-


formaldeído) isolada é apresentado na Figura 24. A estrutura química deste polímero
e a atribuição de algumas das bandas observadas no espectro são mostradas na
Figura 25 e na Tabela 1, respectivamente.
41

Figura 24 - Espectro na região do Infravermelho da poli(ureia-formaldeído)


Unidades de absorbância

-1
Nº de onda (1/λ) / cm

Fonte: Autoria própria

Figura 25 - Estrutura química do polímero poli(ureia-formaldeído)

Fonte: Autoria própria

Tabela 1 - Bandas de absorção no infravermelho para o polímero poli(ureia-formaldeído)

Nº de onda (1/λ) / Tipo de vibração


-1
cm
3330 Estiramento N-H de amidas secundárias
2958, 2932, 2858 Estiramento C-H de alcanos
1735 Estiramento C=O de amidas
1548 Deformação angular de ligações N-H
42

Nº de onda (1/λ) / Tipo de vibração


-1
cm
1172 Estiramento C-N de alifáticos

Nas Figuras 26 e 27 são apresentados o espectro na região do


infravermelho obtido para o corante empregado como material de núcleo e as
estruturas químicas dos componentes deste. A Tabela 2 apresenta a atribuição de
alguns dos estiramentos observados para o espectro deste material.

Figura 26 - Espectro na região do Infravermelho do corante


Unidades de absorbância

-1
Nº de onda (1/λ) / cm
Fonte: Autoria própria

Figura 27 - Estruturas químicas dos componentes do corante empregado como material de


núcleo (a) Oil Red O e (b) Sebacato de dibutila

(a)
43

(b)
Fonte: Autoria própria

Tabela 2 - Bandas de absorção no infravermelho para o corante

Nº de onda (1/λ) / Tipo de vibração


cm-1
2958, 2931, 2857 Estiramento C-H de alifáticos (CH3 em ambos os compostos e
CH2 no sebacato de dibutila)
1733 Estiramento C=O de éster (sebacato de dibutila)
1172 Estiramento C-O de fenol (Oil Red O)

A Figura 28 apresenta os espectros na região do infravermelho obtidos para


as microcápsulas sintetizadas contendo corante, juntamente com os espectros do
polímero e do corante isolados.
44

Figura 28 - Espectros de infravermelho das microcápsulas contendo corante como material de


núcleo e de seus materiais de partida

- Poli(ureia-formaldeído)
- Corante
Unidades de absorbância

- Microcápsulas sintetizadas

-1
Nº de onda (1/λ) / cm

Fonte: Autoria própria

A análise do espectro obtido para as microcápsulas sintetizadas


contendo corante como material de núcleo mostrou que houve a formação do
polímero proposto, o que foi evidenciado pelo aparecimento de estiramento na
região de 3330 cm-1, referente a ligações N-H de amidas secundárias, estiramento
em 1733 cm-1 referente a ligação C=O de amidas e estiramento em 1172 cm-1
referente a ligações C-N. Também foi possível observar que o corante encontrava-
se inalterado na matriz do material, o que foi evidenciado pela ocorrência do
estiramento em 1733 cm-1 relacionado a ligações C=O de éster e estiramento em
1172 cm-1 referente a ligações C-O de fenol, característicos das estruturas dos
componentes do corante.
45

6.3.2 Resina como material de núcleo

A Figura 29 apresenta o espectro na região do infravermelho obtido


para para a resina epóxi isolada. A Figura 30 e a Tabela 3 apresentam a estrutura
química da resina epóxi e a atribuição das bandas observadas no espectro.

Figura 29 - Espectro na região do Infravermelho da resina epóxi


Unidades de absorbância

-1
Nº de onda (1/λ) / cm
Fonte: Autoria própria

Figura 30 - Estrutura química da resina epóxi empregada como material de núcleo

Fonte: Autoria própria


46

Tabela 3 - Bandas de absorção no infravermelho para a resina epóxi

Nº de onda (1/λ) / cm-1 Tipo de vibração


3054 Estiramento C-H de aromáticos
2958, 2932, 2858 Estiramentos C-H em alifáticos (CH2 e CH3)
1607, 1580, 1508 e 1454 Vibrações de ligações C=C de aromáticos
1240 e 1183 Deformação assimétrica da ligação Ar-O-R
1032 Deformação simétrica da ligação Ar-O-R
826 Deformação de anéis aromáticos fora do plano

A Figura 31 apresenta o espectro na região do Infravermelho obtido


para as microcápsulas contendo resina epóxi, juntamente com os espectros do
polímero e da resina isolados.

Figura 31 - Espectros de infravermelho das microcápsulas contendo resina como material de


núcleo e de seus materiais de partida

- Poli(ureia-formaldeído)
- Resina Epóxi
Unidades de absorbância

- Microcápsulas sintetizadas

-1
Nº de onda (1/λ) / cm

Fonte: Autoria própria


47

Novamente, a formação do polímero foi confirmada pela observação de


estiramento na região de 3330 cm-1, característico de ligações N-H de amidas
secundárias e estiramento de ligações C-N de alifáticos. Também foram observadas
bandas de absorção características de grupos funcionais presentes na resina epóxi,
como estiramentos em 1607, 1580, 1508 e 1454 cm-1, referentes a vibrações de
ligações C=C de aromáticos, estiramento em 1240 cm-1, referente a deformação
assimétrica de ligações Ar-O-R e estiramento em 826 cm-1 relacionado a
deformação de anéis aromáticos fora do plano, o que indica que o material de
núcleo encontrava-se inalterado e disponível na estrutura do material analisado.

6.3.3 Resina corada como material de núcleo

A Figura 32 apresenta o espectro na região do infravermelho obtido


para a resina epóxi corada isolada. A Tabela 4 apresenta a atribuição das bandas
observadas no espectro.

Figura 32 - Espectro na região do Infravermelho da resina epóxi corada


Unidades de absorbância

-1
Nº de onda (1/λ) / cm
Fonte: Autoria própria
48

Tabela 4 - Bandas de absorção no infravermelho para a resina epóxi corada

Nº de onda (1/λ) /
Tipo de vibração Origem
cm-1
Estiramentos C-H em alifáticos (CH2 Corante e Resina Epóxi
2958, 2932, 2858
e CH3)
Estiramento C=O de éster (sebacato Corante
1792
de dibutila)
1606, 1581, 1508 Vibrações de ligações C=C de
Resina Epóxi
e 1455 aromáticos
1240 e 1182 Deformação assimétrica da ligação Resina Epóxi
Ar-O-R
1172 Estiramento C-O de fenol (Oil Red O) Corante
1032 Deformação simétrica da ligação Ar- Resina Epóxi
O-R
827 Deformação de anéis aromáticos fora Resina Epóxi
do plano

A Figura 33 apresenta o espectro na região do Infravermelho obtido


para as microcápsulas contendo resina epóxi corada, juntamente com os espectros
do polímero e da resina corada isolados.
49

Figura 33 - Espectros de infravermelho das microcápsulas contendo resina corada como


material de núcleo e de seus materiais de partida

- Poli(ureia-formaldeído)
- Resina Epóxi Corada
Unidades de absorbância

- Microcápsulas sintetizadas

-1
Nº de onda (1/λ) / cm

Fonte: Autoria própria

A análise do espectro obtido para as microcápsulas sintetizadas


contendo resina epóxi corada como material de núcleo confirmou a formação do
polímero através da ocorrência de estiramentos em 2960 a 2850 cm-1, referentes a
ligações C-H de alifáticos e estiramento em 1172 relacionado a ligações C-N de
alifáticos. A confirmação de que a resina epóxi corada encontrava-se inalterada e
disponível na estrutura da amostra analisada deu-se através da observação de
estiramento em 3030 cm-1, referente a ligações C-H de aromáticos (proveniente da
estrutura da resina epóxi), estiramentos em 2960 a 2850 cm-1 de ligações C-H de
alifáticos, estiramentos em 1600, 1580, 1500 e 1450 cm-1, referentes a vibrações de
ligações C=C de aromáticos e estiramento em 829 cm-1, referente à deformação de
anéis aromáticos fora do plano.
50

6.4 Análise do tamanho de partícula

O resultado da análise do diâmetro médio das microcápsulas está


mostrado na Tabela 5.

Tabela 5 - Variação do diâmetro médio das microcápsulas em razão da taxa de agitação


mecânica empregada

Taxa de agitação
Material de núcleo Diâmetro médio / µm
mecânica / rpm
500 130 ± 8
Corante 900 73 ± 3
1200 43 ± 2
500 194 ± 15
Resina Epóxi 900 86 ± 6
1200 61± 4
500 202 ± 15
Resina Epóxi + Corante 900 123± 8
1200 87 ± 6

A análise dos valores obtidos mostrou que existe uma relação


inversamente proporcional entre a taxa de agitação empregada no sistema e o
diâmetro médio das microcápsulas formadas, considerando o mesmo material de
núcleo. Este fenômeno pode ser atribuído ao fato de que uma maior taxa de
agitação acarreta numa maior taxa de cisalhamento no sistema, ocasionando a
diminuição do diâmetro das gotículas de material de núcleo na emulsão.
Consequentemente, ocorre a formação de microcápsulas com diâmetro menor, uma
vez que o que caracteriza a formação da microcápsula é o crescimento da parede
polimérica sobre estas gotículas.
Ao analisar o tamanho médio das microcápsulas sintetizadas sob a
mesma taxa de agitação, porém contendo materiais de núcleo diferentes, observa-
se que há um padrão de crescimento deste valor: as microcápsulas contendo
corante são, de maneira geral, menores que as microcápsulas que contém resina
51

epóxi pura, as quais, por sua vez, são menores que aquelas contendo resina epóxi
corada. Neste sentido, sugere-se que exista uma relação entre a viscosidade do
material de núcleo e o diâmetro médio das microcápsulas. Esta relação pode estar
fundamentada no sentido de que substâncias de alta viscosidade apresentam maior
resistência à deformação ocasionada por cisalhamento. No sistema investigado, isto
significa que materiais de núcleo mais viscosos gerariam gotículas de tamanho mais
elevado ao serem cisalhados pela hélice do sistema de agitação mecânica, o que
acarretaria na formação de microcápsulas de diâmetro mais elevado. Desta forma,
sugere-se para estudos futuros a investigação das viscosidades dos materiais de
núcleo empregados, a fim de validar ou refutar a hipótese apresentada.
O tamanho médio das microcápsulas é um fator de grande importância
ao considerar a inserção destas em um revestimento. De maneira geral, as
microcápsulas devem apresentar diâmetro menor que a espessura do revestimento
empregado, evitando assim a formação de protuberâncias na superfície e sendo
possível manter as características originais de rugosidade do revestimento. Em
contrapartida, microcápsulas de diâmetro demasiadamente pequeno têm a
efetividade de liberação de material de núcleo e capacidade de regeneração
comprometidas, devido ao baixo volume de ingrediente ativo que contém.
Desta forma, deve-se procurar atingir uma faixa de diâmetro médio
ótima, levando-se em consideração a espessura do revestimento que será aplicado
ao substrato e também a extensão de danos a serem reparados pelo sistema de
microcápsulas.

6.5 Determinação da quantidade de material de núcleo

Os resultados obtidos através da quantificação de material de núcleo


nas microcápsulas são mostrados na Tabela 6.

Tabela 6 - Eficiência de encapsulamento em função do material de núcleo e taxa de agitação


empregados

Quantidade de Quantidade de
Material de Taxa de agitação /
material de material de
núcleo rpm
parede / % núcleo %
52

Quantidade de Quantidade de
Material de Taxa de agitação /
material de material de
núcleo rpm
parede / % núcleo %
500 6,73 93,27
Corante 900 23,05 76,95
1200 17,43 82,57
500 93,51 6,49
Resina Epóxi 900 90,06 9,94
1200 92,27 7,73
500 90,94 9,06
Resina Epóxi + 900 98,10 1,90
Corante 1200 89,70 10,30

Os valores obtidos para quantidade de material de núcleo das


microcápsulas contendo corante (todos acima de 75%) mostraram que esta porção
das cápsulas era predominante em relação à porção de material de parede, o que
indicaria uma boa eficiência na microencapsulação e liberação de uma quantidade
satisfatória de material de núcleo por microcápsula. Em termos de
proporcionalidade, este resultado sugere que, nas microcápsulas contendo corante,
a maior parte da estrutura é referente ao núcleo, conforme mostrado na Figura 34,
sendo este um resultado típico.

Figura 34 - Esquema de proporcionalidade entre material de parede e material de núcleo,


obtida através dos resultados de quantificação de material de núcleo, para as microcápsulas
contendo corante

Fonte: Autoria própria


53

No caso das microcápsulas contendo resina epóxi, foram obtidos


valores bastante diferentes dos obtidos anteriormente para as microcápsulas
preenchidas com corante, tendo sido observados valores abaixo de 10% de material
de núcleo para as três taxas de agitação empregadas. Da mesma maneira, para as
microcápsulas contendo resina epóxi corada foram obtidos valores baixos de
porcentagem de material de núcleo nas três situações investigadas. A Figura 35
apresenta um esquema de proporcionalidade entre quantidade de material de
parede e quantidade de material de núcleo, obtida através dos resultados de
quantificação de material de núcleo para as microcápsulas contendo resina e resina
corada.

Figura 35 - Esquema de proporcionalidade entre material de parede e material de núcleo,


obtida através dos resultados de quantificação de material de núcleo, para as microcápsulas
contendo resina e resina corada

Fonte: Autoria própria

Tais resultados levam a inferir que a metodologia de extração


empregada foi eficiente para a quantificação de corante, uma vez que o material
resultante deste processo foi um pó seco, condizente com o que se esperava para o
polímero de parede livre do material de núcleo.
Entretanto, ao realizar a extração nas microcápsulas contendo resina
epóxi pura e corada, o material resultante apresentava aspecto viscoso, indicativo de
presença de resina. Desta forma, com a metodologia empregada, quantificou-se
erroneamente como material de parede isolado uma mistura deste com material de
54

núcleo residual que não foi solubilizado pela acetona, resultando nos valores
atípicos obtidos. Portanto, para estes sistemas, a metodologia de extração com
acetona não foi a mais apropriada, de maneira que outros solventes podem ser
testados nesta metodologia.
Além disso, sugere-se que para estudos futuros sejam utilizados
métodos de quantificação adicionais, com o intuito de verificar os resultados obtidos
pelo método de extração empregado. Uma metodologia possível seria a análise
através de CLAE (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência); nesta metodologia,
quantificar-se-ia o material de núcleo do conteúdo de uma massa conhecida de
microcápsulas maceradas (material de núcleo encapsulado), injetando a amostra
solubilizada em um solvente mais eficiente que a acetona no cromatógrafo. A
quantificação do material de núcleo presente no sobrenadante (material de núcleo
não encapsulado) também pode ser realizada a fim de tirar a prova real de que a
soma entre material de núcleo encapsulado e não encapsulado é igual à quantidade
total adicionada na reação.
55

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para trabalhos futuros têm-se:

 Otimização da reação de síntese, no sentido de aumentar a


quantidade de material encapsulado e o rendimento;
 Otimizar os processos de separação das microcápsulas, a fim de
obter um pó fino de fácil dispersão;
 Inserção das microcápsulas numa matriz de revestimento para
testar a capacidade de regeneração após dano superficial;
 Investigação de rotas para microencapsulamento de
endurecedor para resina epóxi.
56

8 CONCLUSÕES

Foi realizada a síntese de microcápsulas de poli(ureia-formaldeído)


contendo três diferentes materiais de núcleo (corante, resina epóxi e resina epóxi
corada), utilizando a técnica de polimerização in situ, assim como a caracterização
físico-química do material sintetizado. As análises por Microscopia Ótica e
Microscopia Eletrônica de Varredura mostraram que a rota sintética proposta foi
eficiente na formação de microcápsulas, as quais foram obtidas com formato
esférico definido e certa rugosidade superficial. Além disso, observou-se que há uma
relação inversamente proporcional entre taxa de agitação do sistema e diâmetro
médio das microcápsulas formadas.
A análise por Espectroscopia na região do Infravermelho com
Transformada de Fourier mostrou que as alíquotas das microcápsulas sintetizadas
apresentavam, de forma geral, bandas de absorção características dos
componentes isolados [poli(ureia-formaldeído) e os respectivos materiais de núcleo],
indicando que o polímero de parede foi sintetizado e que o material de núcleo
encontrava-se inalterado e disponível para liberação.
A metodologia empregada para análise de quantidade de material de
núcleo encapsulado se mostrou efetiva para os sistemas onde foi empregado
corante como material de núcleo, sendo que para os demais sugere-se a adoção de
metodologias auxiliares, como análise por CLAE.
Por fim, tem-se que, de maneira geral, as metodologias de
caracterização e demais análises realizadas indicaram que as microcápsulas
sintetizadas apresentaram, de fato, potencial de aplicação em revestimentos
inteligentes.
57

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