Estilos Educativos Parentais e Reacao Ma
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À Doutora Marta Sofia Andrade por me ter ajudado no início desta caminhada.
Muito obrigado.
Goal: This study aims to access the relation between the different parenting styles and
the maternal reaction when faced with the expression of preschool aged children’s
positive and negative emotions.
Methodology: The present study includes a sample of 46 fathers and mothers, whose
children are attending preschool education, aged between 3 and 6 years (M=4,61;
SD=1,00). Three self report instruments were completed: Parenting Styles and
Dimensions Questionnaire (PSDQ), filled in by the mothers and fathers, the Coping
with Children`s Negative Emotions Scale (CCNES) and Coping with Children`s
Positive Emotions Scale for Parent`s (CCPES-P), completed by the mothers.
Results: According to parenting styles of the mothers and fathers, we observed
significant associations between parents, in parental authoritarian, permissive an
authoritative style. There are no significant differences in the parental styles according
to variables such as age, sex and child behaviour, which diverges from the results of
investigation. However, with regard to the maternal and parental styles, there were
significant resemblances among the authoritarian, permissive and authoritative styles.
Ultimately, the results indicate a positive association among the three maternal styles
and the mothers’ reaction to positive and negative emotions of the child.
Discussion and Conclusion: The mothers in the study are more authoritative and
fathers are more permissive. The results can be understood according to the age of the
children`s. In this culture, the child depend the mother care. The resemblances found in
the maternal and paternal styles indicate that there is a certain balance between father
and mother, given that when one parent is more authoritarian, the other is more
permissive and vice versa. When a parent opts for an authorized educational style, the
other parent follows this educational style. In further analysis of the associations
between the maternal educational style and maternal reaction to the child's emotional
expression, enables one to realize that the kind of maternal reaction is lead to the
characteristics underlying the maternal style which then demonstrates associations.
Introdução
As emoções fazem parte das nossas experiências de vida, mudam ao longo do
desenvolvimento humano, logo, incluem uma vasta experiência de sentimentos. O
crescimento da emoção é parte importante na consolidação da personalidade desde a
infância até à idade adulta, estando o desenvolvimento emocional associado à
maturação psicobiológica e à autocompreensão (Maccoby, 2000). Na infância a criança
desenvolve funções básicas das emoções, tornando-se cada vez mais sensível às
emoções de outrem e iniciando um processo de compreensão do seu significado
emocional (Strongman, 2004). Uma criança pequena de dois a três anos compreende
que as emoções estão associadas ao preenchimento dos seus próprios desejos. Uma
criança de quatro, cinco e seis anos, já denota uma complexidade na ligação das
emoções, pensamentos, crenças e expetativas (Winsler, Madigan e Aquilino, 2005).
Assim, visualizam-se as vantagens da compreensão das emoções, uma vez que são
relevantes no crescimento da personalidade, no autocontrolo, nas relações e na gestão de
conflitos psicológicos (Thompson, Goodvin e Winner, 2011).
A literatura tem abordado a relação entre as características da parentalidade e as
emoções das crianças (Eisenberg, Fabes e Murphy, 1996). Neste sentido, as reações
parentais face ao sentimento emocional das suas crianças estão sempre ativadas no dia a
dia e, conjuntamente com os valores culturais e com as várias influências do meio
ambiente, influenciam cada emoção em particular, ativando constantemente o
desenvolvimento da personalidade da criança (Darling e Steinberg, 1993).
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Estilos Educativos Parentais e Reação Materna na Expressão Emocional da Criança no pré-escolar
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Estilos Educativos Parentais e Reação Materna na Expressão Emocional da Criança no pré-escolar
Emoções Parentais
A parentalidade é uma experiência emocional, sendo a relação entre pais e
filhos um dos contextos afetivos mais ricos ao longo do processo de socialização da
criança. As emoções são adaptativas, detendo um papel fundamental na regulação do
comportamento (Garber, 1996). Neste contexto, o sistema afetivo parental está
organizado de forma a abranger o bem-estar e o desenvolvimento da criança (Dix,
1991). A emoção parental é definida como a consciência que os pais têm das suas
emoções e da emoção dos seus filhos, remete igualmente para a capacidade de usar esse
seu conhecimento emocional, de modo a auxiliar a criança no seu desenvolvimento e
socialização (Lagacè-Sèguin e d`Entremont, 2004).
Os afetos parentais são o suporte da disponibilidade emocional positiva, sendo o
envolvimento e a sensibilidade importantes na resposta às necessidades das crianças
(Lopes, Rutherford, Cruz, Mathur e Quinn, 2006). Quando ocorre um stress emocional
parental, os pais têm dificuldade em se acalmar, sentindo-se desorganizados
emocionalmente (Fabes, Leonard, Kupanoff e Martin, 2001). A interação dos afetos
parentais surge na medida em que os aspetos cognitivos estão relacionados com a
afetividade (Gottman e DeClaire, 1999). O processo de ativação das emoções diz-nos
quando decorre uma emoção e qual a sua intensidade, sendo a cognição uma parte
importante das emoções humanas, uma vez que a emoção é como um mediador entre a
cognição e o comportamento parental (Melo, 2005). A intensidade da emoção depende
do valor da atribuição, grau de estabilidade, generalização do comportamento, situação
em que se enquadra e perceção do controlo sentido sobre uma situação (Fabes, Leonard,
Kupanoff e Martin, 2001; Izard e Ackerman, 2004; Melo, 2005; Cruz, 2005).
Todavia,se não existir um envolvimento emocional, os comportamentos possuirão
pouca frequência, intensidade e persistência (Cumberland-Li, Eisenberg, Champion,
Gershoff e Fabes, 2003).
No que respeita ao modelo afetivo da parentalidade, podem ser observados dois
tipos de objetivos parentais: os objetivos centrados nos pais e os objetivos centrados nas
crianças. Neste contexto, o sistema afetivo parental é empático quando existe uma
contração parental em volta de objetivos e dos resultados relacionados com o bem-estar
e o desenvolvimento da criança (Dix, 1991). Assim, a parentalidade eficaz solicita que
os objetivos orientados para as crianças ativem uma emoção mais forte do que os
objetivos orientados e centrados nos pais (Cruz, 2005). No âmbito da relação entre pais
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e filhos, as emoções parentais são ativadas quando a própria interação é relevante para
os objetivos parentais. As emoções dependem do facto de os pais terem a liberdade para
poder orientar as crianças em atividades que auxiliam o emparelhamento entre o
comportamento da criança e os objetivos e planos dos pais (Duncombe, Havighurst,
Holland e Frankling, 2012).
Todos os acontecimentos que, de certo modo, interferem nos objetivos e planos
do indivíduo, desencadeiam emoções negativas. Porém, os acontecimentos que
promovem esses planos e objetivos desencadeiam emoções positivas (Sroufe, 1996). As
emoções positivas são sentidas como intensas quando os objetivos a promover são de
igual modo valorizados pelos pais e estão sob o controlo dos mesmos. Por seu lado, as
emoções negativas são sentidas de forma mais intensa quando o comportamento da
criança está fora do controlo parental (Cruz, 2005).
A literatura descreve que pais com um nível socioeconómico baixo, com
condições de vida difíceis, que vivem um elevado nível de stress e beneficiam de um
baixo suporte ambiental têm tendência para relatar mais emoção negativa (Baumrind,
Larzelete e Owens, 2010). É, ainda, de sublinhar que diferentes tipos de reações
parentais às emoções negativas da criança, estão associadas com as qualidades parentais
de regulação emocional, funcionamento social e saúde mental em geral (Melo, 2005).
Não obstante, as emoções parentais negativas não são obrigatoriamente
desadaptativas (Denham, 2007).As emoções são centrais na regulação do
comportamento, uma vez que uma emoção negativa pode mobilizar o indivíduo para
uma meta adaptativa. Contudo, uma emoção negativa intensa ou crónica funciona como
um sinal de disfunção familiar (Ock & Kenneth, 2006). As emoções parentais refletem,
então, a qualidade do ambiente familiar.
No que respeita ao desenvolvimento emocional da criança, as emoções têm um
papel de autorregulação face aos estímulos, regulando e sendo reguladas pelas
cognições e, do ponto de vista sociocultural, são parte integrante das ideias e dos estilos
educativos (Denham, 1997).A literatura mostra que os fatores do desenvolvimento
emocional estão presentes desde o nascimento da criança, sendo uma forma de
adaptação. Porém, o medo e a tristeza podem conduzir a sintomas patológicos, se não
houverem bons alicerces familiares, interação parental e estimulação cognitiva
(Winsler, Madigan e Aquilino, 2005). Deste modo, as patologias emocionais
manifestam-se durante a infância apenas num ambiente de impacto negativo e de stress
(Gottman e DeClarie, 1999). O stress parental tem tendência para evocar emoções
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negativas nas crianças (Williford, Calkins e Keane, 2007). Não obstante, a investigação
tem mostrado que a capacidade da criança para se acalmar e regular a emoção negativa
e focar a atenção está também relacionada com o seu temperamento (Eisenberg,
Cumberland-Li, Spinsad, Fabes, Reiser, Murphy, Losova e Guthnie, 2001).
A emoção parental negativa tem sido associada a resultados negativos na
criança, isto é, quando surge a dificuldade em gerir estados emocionais negativos
(Denham, 1997). No que respeita ao modo como os pais lidam com as emoções dos
seus filhos, tem sido descrito que existe um controlo das emoções negativas dos filhos,
em que os pais por vezes decidem negá-las ou suprimi-las (Dunsmore, Halberstadt e
Perez-Rivera, 2009). Segundo a literatura, as reações parentais emocionaisnegativas
estão relacionadas com as dificuldades da criança em lidar com experiências stressantes
diárias. Por outro lado, a reação parental positiva parece estar relacionada com um
melhor desenvolvimento e funcionamento emocional e social benéfico para a criança
(Eisenberg, Fabes e Murphy, 1996; Melo, 2005).
Estudos indicam que a estabilidade emocional de ambos os pais parece estar
relacionada com uma educação positiva e influencia a qualidade de suporte emocional
da criança (Izard e Ackerman, 2004). Deste modo, os pais cientes dos seus sentimentos
auxiliam os filhos a lidar com a raiva e frustração, e apresentam características mais
positivas e menos stressoras (Hughes e Shewchuk, 2012). Em oposição, a literatura tem
descrito que pais que negligenciam e rejeitam os seus filhos prejudicam o seu
desenvolvimento emocional (Hammond, 1998). Portanto, os pais que respondem de
uma forma menos positiva aos filhos e que os desencorajam a expressar estados
emocionais, têm crianças mais ansiosas e deprimidas (Denham, 1997).
Neste contexto, pais que limitam a expressão emocional dos seus filhos, têm
crianças com níveis superiores de perturbação emocional (Eisenberg, Fabes e Murphy,
1996). Já os pais que mostram uma conduta de apoio, face à expressão emocional
negativa da criança, têm filhos com menor probabilidade de ficar tensos, e que
demonstram mais capacidade em processar a mensagem dos pais face ao controlo
emocional. As características emocionais referidas descrevem os pais apoiantes, que
obtêm o seu próprio controlo emocional face às emoções negativas nos filhos e
promovem as suas competências (Eisenberg, Cumberland-Li e Spinard, 1998). No
mesmo sentido, as crianças cujos pais atuaram como “educadores de emoções” aos 5
anos foram descritas como mais competentes do ponto de vista social, pelos seus
professores, quando tinham 8 anos. Há também evidência de que estas crianças são mais
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resistentes ao stress, criado por exemplo pelas situações de separação conjugal dos pais.
Falar sobre as emoções negativas, enquanto se está a experimentá-las, provavelmente
estimula a sua abordagem, em vez da sua inibição, promovendo um maior controlo
sobre as emoções negativas e em termos fisiológicos (Gottman, Katz e Hooven,
1996).Os pais que adotam este modo de educação, anteriormente referido, são
conscientes das suas emoções e discutem sobre esse tema com os filhos (Gottaman et al.
1996; Lagacé-Séguin et al. 2004). Estas associações adquirem, assim, estratégias
eficazes para lidar com as emoções.
Em resumo, o afeto parental positivo comporta um desenvolvimento favorável à
criança, pelo contrário, a hostilidade parental relaciona-se com resultados
desenvolvimentais mais desfavoráveis. Esta é uma regra que se aplica a todas as
crianças, independentemente da sua idade, e a todas as famílias, tendo um
funcionamento funcional ou disfuncional (Manzeske e Stright, 2009).
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Num estudo com mães e seus filhos entre os quatro e os seis anos, verificou-se
que as reações de minimização estavam associadas ao afeto negativo e a baixos níveis
de controlo materno(Hammond, 1998). Pelo contrário, as reações de encorajamento e a
reação centrada na emoção estavam associadas a afetos positivos e maior controlo
materno em relação à criança (Hammond, 1998). É, portanto, essencial para o
funcionamento da criança que os pais detenham a capacidade de dar respostas
adequadas. Um clima emocional familiar positivo, contribui fortemente para uma
educação saudável, conduz à construção do conhecimento emocional e influencia, em
geral, o desenvolvimento da criança (Denham, Mitchell-Copeland, Strandberg,
Auerbach e Blair, 1997). Segundo a literatura, pais e mães podem possuir um papel
fundamental na manutenção das emoções, encorajando a criança a discutir sobre as suas
experiências emocionais positivas e negativas (Denham, 2007). Este tipo de educação é
utilizado num estilo educativo parental autorizado, em que os pais privilegiam a troca de
ideias e encorajam os filhos a falar sobre os seus problemas (Baumrind, 1966, 1968). A
literatura descreve que o estilo parental autorizado encoraja o uso das emoções e de
suporte emocional (Denham, 1997).
Assim, fica patente a estreita ligação entre os estilos educativos parentais e as
emoções, uma vez que ambos se relacionam com a socialização da criança.
Objetivos
Ainda que nos últimos anos tenha havido um maior investimento no estudo das
emoções parentais, da sua relação com os estilos educativos parentais e do impacto que
estas têm no desenvolvimento das crianças, ainda é escassa a investigação desta
temática, principalmente junto de pais de filhos em idade pré-escolar (Hemmphill e
Sanson, 2001, cit. por Scott, Briskman e Dadds, 2011).
Assim, neste estudo pretende-se avaliar a relação entre os diferentes estilos
educativos parentais e a reação materna de coping,perante a expressão emocional
positiva e negativa de crianças em idade pré-escolar. Nesta linha, apresentam-se como
objetivos específicos do nosso estudo: 1- Perceber como se associam as perceções dos
estilos educativos materno e paterno, bem como as perceções que pai e mãe têm sobre o
estilo educativo da outra figura parental; 2- Verificar se existem diferenças nos
estiloseducativos parentais em função do género, da idade e do comportamento atual da
criança; 3- Estudar as associações entre os estilos educativos parentais (percebidos por
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cada figura parental em relação a si e em relação ao outro pai) e a reação materna face a
emoções negativas e positivas dos filhos.
Metodologia
Instrumentos
O Questionário Sociodemográfico pretende caracterizar as crianças e os pais,
no que respeita à escolaridade e à situação profissional. Engloba ainda questões
referentes à caracterização das crianças, nomeadamente, género, idade e número de
irmãos. As variáveis idade foi categorizada em dois grupos, sendo eles 1: 3-4 anos e 2:
5-6 anos. Foram ainda colocadas questões sobre o comportamento da criança, variável
que foi reagrupada em dois grupos; 1: com problemas de comportamento; 2: sem
problemas de comportamento. Algumas das questões do questionário foram retiradas
dos autores, Farate, Pocinho e Machado (2010).
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refletem tipos específicos de respostas de coping que os pais tendem a usar nestas
situações (Melo, Moreira, e Soares, 2004). Anteriormente o questionário era formado
por 12 situações do quotidiano das crianças. Na versão reduzida, a escala compreende
oito das doze situações originais, avaliando numa escala de Likert de sete pontos a
resposta parental a emoções relacionadas com raiva/frustração, tristeza, ansiedade,
medo, humilhação e vergonha, num total de quarenta e oito itens (Melo, 2005).
O Instrumento é composto por seis subescalas de reações parentais à expressão
emocional negativa da criança. As reações centradas no problema auxiliam a criança a
lidarcom as emoções. As reações centradas nas emoções procuram ajudar a criança a
encontrar estratégias para lidar eficazmente com o que sente. As reações de
encorajamento expressivo correspondem a comportamentos parentais de encorajamento
da expressão emocional negativa da criança. As reações de minimização refletem a
desvalorização da reação emocional ou do problema que a despoletou. As reações
punitivas envolvem a punição verbal ou física. Por fim, as reações perturbadas
representam o próprio desconforto e perturbação dos pais perante a expressão de
emoções negativas por parte da criança (Fabes et al., 2001; Eisenberg et al., 1999, cit.
por Melo, 2005).
Os valores de alfa de Cronbach na validação portuguesa são de 0,70 para a
escala de reações perturbadas, 0,69 para as respostas punitivas 0,78 para a escala de
minimização, 0,85 para as reações positivas, 0,80 para o encorajamento expressivo e
0,78 para as respostas centradas nas emoções (Melo, 2005).
No estudo psicométrico da escala, foram seguidas as recomendações de Melo
(2005), no sentido de se retirarem os itens 2 A e 5 C na dimensão reação perturbada e o
item 7C na dimensão reação centrada no problema. Os alfas de Cronbach das
dimensões da CCNES da nossa amostra podem ser classificados como variando entre
baixos (0,50) e bons (0,81) (Pestana e Gageiro, 2000), ao se analisarem as dimensões
reação perturbada (α = 0,71), reação punitiva (α = 0,50), encorajamento positivo (α =
0,80), reação centrada na emoção (α = 0,81), reação centrada no problema (α = 0,74), e
reação minimizadora (α = 0,81).
O Questionário de Coping com Emoções Positivas-Pais (QCEP-P, de Melo,
Moreira e Soares, 2004) é um questionário que pretende avaliar a reação dos pais à
expressão de emoções positivas da criança. À semelhança do CCNES, anteriormente
apresentado, este questionário foi administrado às mães da amostra. É constituído por
cinco vinhetas que apresentam aos pais uma situação hipotética em que a criança
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expressa uma emoção positiva (ex:” É fim de semana. O seu filho anda à sua volta a
cantarolar e começa a tentar meter-se consigo fazendo-lhe cócegas ou a querer contar-
lhe coisas agradáveis que tenham acontecido com ele. O que faz?”). É pedido aos pais
que avaliem a frequência com que respondem à criança, segundo cinco estilos diferentes
de resposta, numa escala de Likert de sete pontos (Melo, 2005).
As três subescalas caracterizam as respostas parentais possíveis, face à expressão
de uma emoção positiva por parte da criança. As respostas negativas,
repressivas/inibidoras, refletem comportamentos parentais de minimização, troça ou
punição perante a expressão de uma emoção positiva por parte da criança. Por seu lado,
as respostas orientadoras, externas/instrumentais refletem tentativas parentais para
lidar com a emoção da criança de forma instrumental, utilizando recursos externos
como recompensas ou compensações materiais, não a capacitando para lidar de forma
autónoma e adaptativa com as suas emoções. Por fim, as respostas orientadoras
capacitadoras, oferecem orientação e reconhecem as emoções, procurando capacitar
respostas adaptativas nas crianças (Melo, 2005).
A cada subescala corresponde uma emoção distinta, num total de vinte e cinco
itens. As emoções contempladas são o amor/ternura, orgulho, o entusiasmo/expectativa
positiva, a alegria e o interesse/curiosidade (Melo, Moreira e Soares, 2004).
Melo (2005) apresenta os seguintes coeficientes de consistência interna, para
cada uma das dimensões do QCEP-P: alfas de Cronbach de 0,75 para as respostas
orientadoras capacitadores, 0,72 para as respostas negativas, repressivas/inibidoras e,
por fim, na subescala das respostas orientadoras externas/instrumentais o valor de alfa
foi de 0,64.
No nosso estudo foram encontrados coeficientes de alfa de Cronbach de 0,81 na
dimensão das respostas negativas, repressivas/inibidoras, para a dimensão das
orientadoras externas/instrumentais o valor de alfa é de 0,73 e, por fim, na dimensão
das respostas orientadoras capacitadoras, obteve-se um valor de α = 0,70. Estes
valores podem ser classificados como bons (Pestana e Gageiro, 2000).
Participantes
O presente estudo foi realizado em três valências de um jardim de infância do
concelho de Gondomar. A amostra é constituída por 46 díades de pai e mãe de crianças
do pré-escolar. As crianças apresentam idades entre os 3 e os 6 anos (M= 4,61; DP=
1,00), sendo 58,7% do sexo feminino e 41,3% do sexo masculino. Relativamente ao
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número de irmãos, é mais frequente serem filhos únicos (54,3%), seguindo-se os casos
em que têm um irmão (39,1%), sendo raro terem 2 ou mais irmãos (6,5%).
Análise Estatística
Para o tratamento estatístico dos resultados utilizou-se o programa Statistical
Package for the Social Sciences, versão 19.0.
Procedeu-se ao cálculo da normalidade das distribuições, efetuada a partir do
teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S). Como o teste de K-S é sensível ao tamanho da
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Resultados
Estilos Educativos Parentais
Foram estudadas as associações entre as perceções que os pais (pai e mãe) têm
sobre o seu próprio estilo educativo parental, bem como sobre o estilo educativo que
percecionam que o outro elemento parental tem, através da análise do coeficiente de
correlação de Pearson. Observou-se que os Estilos Autorizados da mãe e do pai estão
relacionados positivamente (r= 0,40, p< 0,01), bem como os Estilos Permissivo paterno
e materno (r= 0,47, p< 0,01). Por seu lado, o Estilo Permissivo do pai relaciona-se
positivamente com o Estilo Autoritário materno (r= 0,34, p< 0,05).
Já no que respeita às perceções de uma figura parental em relação ao outro
progenitor, os resultados indicam que existe uma associação positiva entre o estilo
autoritário percebido pela mãe em relação ao pai e do pai em relação à mãe (r= 0,33, p<
0,05). A mesma associação positiva é encontrada, de modo mais forte e significativo,
em relação às perceções cruzadas de mãe e pai sobre a outra figura parental, no que
concerne ao Estilo Autorizado (r= 0,61, p< 0,01). Também o Estilo Autorizado paterno
se associa positivamente com o Estilo Autorizado que a mãe perceciona no pai (r=0,72,
p< 0,01). Por fim, o Estilo Permissivo do pai está totalmente relacionado positivamente
com o Estilo Permissivo do pai percecionado pela mãe (r= 1,00, p< 0,01).
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Tabela 5. Diferenças nos estilos educativos materno e paterno em função da idade da criança
Idade das Crianças
Mais novas (3 - 4 anos) Mais velhas (5 - 6 anos)
(n=19) (n=27)
M DP M DP t p
Autoritário Mãe 20,1 4,37 21,9 5,07 -1,25 0,48
Autorizado Mãe 62,0 8,61 60,5 7,30 0,65 0,69
Permissivo Mãe 9,42 2,65 8,85 2,59 0,72 0,72
Autoritário Pai 22,15 5,68 19,85 4,70 1,50 0,80
Autorizado Pai 54,05 11,81 60,5 8,02 -2,22 0,27
Permissivo Pai 10,7 4,03 10,7 3,94 0,01 0,97
No que concerne ao estudo das diferenças entre rapazes e raparigas nos estilos
educativos do pais e da mãe, pode-se verificar na Tabela 6 que não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas.
Tabela 6. Diferenças nos estilos educativos materno e paterno em função do sexo da criança
Sexo da criança
Masculino (n=19) Feminino (n=27)
M DP M DP t p
Autoritário Mãe 20,9 4,49 21,3 5,13 -0,24 0,63
Autorizado Mãe 61,6 7,24 60,7 8,34 0,38 0,71
Permissivo Mãe 9,31 2,74 8,92 2,54 0,49 0,96
Autoritário Pai 20,0 3,85 21,3 5,97 -0,87 0,10
Autorizado Pai 60,0 8,19 56,3 11,26 1,19 0,39
Permissivo Pai 11,6 4,43 10,2 3,54 1,16 0,30
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Tabela 7. Diferenças no comportamento atual da criança em função dos estilos educativos materno e paterno
Com Problemas Sem Problemas
M DP t p M DP t p
E. Autoritário P 20,3 5,92 -0,74 0,46 21,4 4,25 -0,74 0,46
E. Autorizado P 60,0 10,9 1,57 0,12 55,3 8,78 1,60 0,11
E. Permissivo P 10,9 4,05 0,17 0,86 10,6 3,90 0,17 0,86
E. Autoritário P/M 20,1 4,82 0,29 0,76 19,7 4,33 0,30 0,76
E. Autorizado P/M 62,1 9,70 1,26 0,21 58,6 8,98 1,27 0,21
E. Permissivo P/M 10,1 3,75 0,86 0,70 9,66 3,45 0,38 0,70
E. Autoritário M 20,6 4,60 -0,92 0,36 21,9 5,10 -0,91 0,36
E. Autorizado M 61,8 8,70 0,61 0,54 60,3 6,71 0,63 0,53
E. Permissivo M 8,96 2,73 -0,35 0,72 9,24 2,51 -0,36 0,72
E. Autoritário M/P 19,1 5,35 -0,68 0,49 20,1 4,51 -0,69 0,49
E. Autorizado M/P 60,2 11,5 0,83 0,40 57,7 7,94 0,85 0,39
E. Permissivo M/P 10,9 4,05 0,17 0,86 10,7 9,90 0,17 0,86
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Tabela 8. Correlação entre a reação materna à expressão negativa e positiva da criança em função dos estilos
educativos maternos
Autoritário Autorizado Permissivo Autoritário P/M Autorizado P/M Permissivo P/M
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que cada progenitor tem um estilo próprio na interação que estabelece com o filho e, de
um modo geral, as mães tendem a investir mais nas crianças, quando comparadas com
os pais. Contudo, ainda se sabe pouco sobre o motivo de os pais adotarem um ou outro
estilo parental (Darling e Steinberg, 1993). Refira-se, também, que o nosso estudo foi
realizado com crianças em idade pré-escolar, sendo que os cuidados parentais são,
tradicionalmente, assumidos dominantemente pela figura materna.
Refletindo sobre o impacto dos estilos educativos parentais no desenvolvimento
da criança, Winsler e colaboradores (2005) referem que a ligação dos estilos educativos
autorizado e permissivo promove um crescimento das competências emocionais na
criança.
Não obstante, a literatura também tem referido semelhanças no comportamento
parental entre o pai e a mãe (Florsheim e Smith, 2005; Kerr et al., 2004, cit. por Simões,
2011), possivelmente devido à relação dinâmica e de influência mútua que se estabelece
entre os progenitores, que conduz à interdependência entre o comportamento parental de
ambos (Barnett et al., 2008, cit. por Simões, 2011). Nesta perspetiva, segundo alguns
autores, existe uma consistência entre os estilos educativos materno e paterno,
principalmente associada ao estilo educativo autorizado (Hughes e Shewchuk,
2012).Ora, quando se cruzam as perceções materna e paterna sobre os estilos
educativos, constata-se que quando a mãe utiliza um estilo educativo autorizado, o pai
aplica o mesmo estilo e perceciona um estilo autorizado na mãe. Estes resultados
evidenciam que há uma concordância entre o modo como pai e mãe educam o seu filho,
particularmente no recurso ao estilo autorizado.
Acrescente-se que as maiores diferenças entre os estilos educativo materno e
paterno têm sido reportadas em estudos realizados com crianças em idade escolar
(Alegre, 2012) e com adolescentes (McIntyre e Dusek, 1995). Não foram identificadas
diferenças significativas nos estilos educativos parentais, dependendo das variáveis
idade, sexo e comportamento da criança. Verifica-se uma divergência destes resultados
comparativamente com a maioria da literatura (Moreira, 2008).
Neste sentido, no que respeita às diferenças nos estilos educativos parentais
dependendo da idade das crianças, segundo a literatura, as crianças mais velhas (idade
escolar) são educadas sob um estilo parental autoritário, enquanto as mais novas (pré-
escolar), beneficiam de um estilo parental mais autorizado por parte de ambos os pais
(Areepattamannil, 2010). Outros estudos têm ainda evidenciado que as crianças mais
novas, em idade pré-escolar, não beneficiam de um estilo educativo permissivo tanto
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Estilos Educativos Parentais e Reação Materna na Expressão Emocional da Criança no pré-escolar
materno como paterno (Baumrind, Larsete e Ownes, 2010). Segundo alguns autores,
quando as crianças são mais pequenas, maior é a convergência nos estilos educativos do
pai e da mãe (Dix, 1991), ainda que possa ser referenciada por variáveis como o sexo
(Marques, 2010) ou comportamento (Stacks e Poulin-Dubois, 2002).
No que respeita à diferenciação dos estilos educativos parentais em função do
sexo da criança, a literatura descreve que pais e mães definem metas educativas
distintas em relação aos rapazes e raparigas (Block, 1983; Lyttan e Romney, 1991, cit.
por Cruz, 2005). Isto é, as mães e os pais assumem uma postura mais autoritária e
exigente com os rapazes do que com as raparigas (Baumrind, 1971). Porém, noutros
estudos com crianças em idade escolar e com adolescentes, demonstrou-se que os
rapazes eram alvo de uma parentalidade mais permissiva em comparação com as
raparigas (Maccoby, 2000). Como referimos anteriormente, no nosso estudo não foram
encontrados diferenças nos estilos educativos em função do sexo. Nesta linha Moreira
(2008) sugere na idade pré-escolar, os estilos educativos aplicados pelos pais são mais
semelhantes comparativamente com idades mais avançadas e, assim, a variável sexo
poderá não interferir na perceção dos comportamentos parentais, nem na determinação
dos estilos educativos parentais (Moreira, 2008). Conduto, noutras pesquisas têm sido
encontradas diferenças em função do sexo do progenitor, sendo as mães mais
autoritárias com os seus filhos em idade escolar, enquanto os pais se remetem para um
estilo educativo mais autorizado (Baumrind, 1966).
Também não foram encontradas diferenças nos estilos educativos parentais em
função do comportamento atual da criança. A literatura tem referido que os problemas
de comportamento provêm maioritariamente de um estilo educativo autoritário por parte
de ambos os pais (Gaspar, 2003). Não obstante, os pais que manifestam um baixo nível
de controlo e que utilizam um estilo educativo permissivo, têm crianças com problemas
de comportamento. Pelo contrário, os pais que adotam um estilo educativo mais
autorizado, têm crianças mais equilibradas e sem problemas de comportamento
(Maccoby, 2000). Contudo, refira-se que é importante ter uma leitura dos dados num
sentido bidirecional, uma vez que os problemas de comportamento surgem não só dos
diferentes estilos educativos, mas também do meio social em que a criança está
envolvida. Várias mudanças ocorrem ao longo do crescimento, podendo igualmente
suscitar alterações no comportamento (Gimpel e Holland, 2003). Acrescenta-se que
emerge um equilíbrio entre as associações nos estilos educativos paterno e materno, isto
é, quando um dos pais é mais autoritário, o outro é mais permissivo. Já quando um dos
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Estilos Educativos Parentais e Reação Materna na Expressão Emocional da Criança no pré-escolar
Conclusão
No presente estudo salientam-se algumas conclusões gerais, dando especial
ênfase às associações significativas encontradas nos estilos educativos paterno e
materno. Se, por um lado, pais e mães apresentam coerência na aplicação de figuras
parentais recorrem a um estilo autoritário, o outro progenitor visa um estilo permissivo.
Outro resultado do estudo remete para associação positiva entre a reação materna e o
estilo educativo materno. Aproximação que é coerente com os construtos teóricos
estudados.
O estudo realizado apresenta algumas limitações, como o facto da amostra ser
muito diminuta, podendo enviesar alguns resultados. Na literatura não existem muitos
estudos sobre a relação entre os estilos educativos parentais e a reação materna na
expressão emocional em crianças do pré-escolar, o que dificultou a análise e
compreensão dos resultados da presente investigação.
O modo como as mães reagem às emoções dos seus filhos relaciona-se com
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Estilos Educativos Parentais e Reação Materna na Expressão Emocional da Criança no pré-escolar
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Anexos
Anexo 1
Assinatura
(Psicóloga Estagiária)
Questionário Sociodemográfico
Este questionário faz parte de uma investigação que tem por objetivo principal o estudo
de famílias com crianças em idade pré-escolar. As questões colocadas reportam-se ao(à)
seu(sua) filho(a) que frequenta um dos centros, integrantes na Associação Recreativa de
Bem Fazer – Vai Avante, sendo apresentadas questões sobre o desenvolvimento e
comportamento desde o nascimento até à atualidade.
Para a maior parte das questões é suficiente colocar uma cruz na quadrícula
correspondente à opção da resposta escolhida. Se não encontrar uma opção de
resposta que corresponde à situação do(a) seu(sua) filho(a), escolha aquela que lhe
pareça ser a mais aproximada.
É importante que leia atentamente e responda a todas as questões. Deixar em branco
inutiliza o questionário e impossibilita que as suas respostas sejam incluídas na
investigação. Este questionário é anónimo, sendo as suas respostas inteiramente
confidenciais.
1.5. Profissão
Profissão do Pai:
Profissão da Mãe:
1.6. Filhos
Número de filhos:
2. COMPORTAMENTO
2.1. COMPORTAMENTO PRECOCE – Enquanto bebé (até aos 2 ano), era uma criança
1. Vigorosa, interessada pelo que a rodeia, sorridente e ativa na
interação (com a mãe e outras pessoas)
2. Pouco interessada por aquilo que a rodeava (incapaz de entreter-se
sozinha, difícil de estimular por outras pessoas)
3. Agitada, choramingas, difícil de sossegar
4. Indiferente, desinteressada pelo que a rodeava, tímida,
fugindo ao contato
2.2. COMPORTAMENTO ATUAL – Hoje em dia é uma criança (assinale apenas 1 dos
itens, aquele que corresponde ao seu comportamento mais habitual)
1. Calma, sossegada, com boa capacidade relacional
2. Tímida e embaraçada entre os rapazes/raparigas da sua idade
3. Conflituosa, agressiva (discussões e zaragatas frequentes
Com outras crianças)
4. Teimosa e rebelde, recusando abertamente obedecer aos pais
ou outros adultos
5. Frequentemente inibida face a situações novas ou a adultos que não conhece
6. Passiva, independente, exigindo a atenção dos pais a todo o momento
7. Triste, queixando-se com frequência das maldades dos colegas, tendência
ao isolamento