Formação Salmo Responsorial - Manaus - LES
Formação Salmo Responsorial - Manaus - LES
Formação Salmo Responsorial - Manaus - LES
O Livro dos Salmos é o maior livro da Bíblia e constitui num conjunto de 150 poesias,
composta pelo antigo Povo Eleito para rezar a seu Deus. Em hebraico, no original chamava-se
“livro dos hinos”. O nome “Salmos” vem da tradição grega que origina da palavra psaltério,
instrumento de cordas semelhante a uma lira, que era utilizado para acompanhar os hinos – os
salmos. Os salmos foram compostos em diferentes épocas da história de Israel, aparecendo na
Bíblia sem ordem cronológica.1
O Livro dos Salmos são agrupados em cinco livros: Sl 1-41; Sl 73-89; Sl 90-106; Sl 107-
150. Cada livro termina com uma doxologia, isto é, uma aclamação de louvor a Deus. Na
tradução do hebraico para o grego, dois salmos foram divididos ao meio e outros quatro foram
reunidos dois a dois, criando uma numeração diferente, quase sempre uma unidade atrás da
original.2
Os Salmos apresentam diferentes
Texto hebraico Texto grego gêneros: hinos, súplicas, ações de graça,
1a8 1a8 sapienciais, litúrgico, históricos, régios ou
9 e 10 9 messiânicos, imprecatória.
11 a 113 10 a 112
114 e 115 113
116 114 e 115
117 a 146 116 a 145
147 146 e 147
148 a 150 148 a 150
(Psaltério)
1
Bíblia Sagrada – Tradução da CNBB.
2
Idem.
3
Ferreira, Eurivaldo (Org). A arte de cantar os Salmos. 2019
Missas/Celebrações da Palavra entre as leituras. Muitos compositores, não entendendo a
reforma litúrgica, ainda insistiam em compor os chamados “cantos de meditação”.
• Porque é escolhido para responder à palavra de Deus proclamada, sendo a própria palavra, e
• Prolongando, assim, seu sentido teológico-litúrgico e espiritual, estreitando os laços de amor e
fidelidade no diálogo da Aliança entre Deus e seu povo.
Este prolongamento vai se dando enquanto o(a) salmista entoa as estrofes e a assembleia
repete o mesmo refrão. O Pe. Gelineau afirma que graças aos livros e aos folhetos que os fieis
têm em mãos, e que contêm o salmo do dia, torna-se possível a cada um não somente cantar o
refrão, mas “saborear” a Palavra inspirada com toda a assembleia que salmodia, ao qual o Pe.
Gelineau o qualifica como o pão da Palavra salmódica, com o qual a assembleia se nutre 4.
De fato, a Eucaristia oferece para o povo reunido duas mesas com sinais distintos:
“espiritualmente alimentadas destas duas mesas, a Igreja em uma, instruí-se mais, e na outra
santifica-se mais plenamente; pois na Palavra de Deus se anuncia a aliança divina, e na
Eucaristia se renova esta mesma aliança nova e eterna. Numa, recorda-se a história da salvação
com palavras: na outra, a mesma história se expressa por meio dos sinais sacramentais da
Liturgia (cf. A mesa da Palavra I. Elenco das Leituras da missa, 10, Paulinas).
A Instrução Geral do Missal Romano diz que o Salmo oferece uma grande importância
litúrgica e pastoral, por favorecer a meditação da palavra de Deus.
4
Gelineau, Joseph. Os cantos da missa e seu enraizamento ritual. São Paulo: Paulus, 2013.
5
Idem 3.
Há também salmos que são extraídos de outros livros, como o Magnificat, no tempo do
Advento (Ano A) e Isaías 12 (Ano B). No Ofício Divino [Liturgia das Horas], temos o cântico
de Daniel nos domingos e solenidades, além da oração de Azarias às terças-feiras pela manhã.
O texto de Ezequiel 36 é cantado na 4ª Semana na vigília da Quaresma. Além de outros textos
do Antigo Testamento e de outros livros sapienciais.
As estrofes são construídas em forma de prosa ou poesia, embora muitas vezes não se
percebe ou não aparecem os elementos característicos da poesia. Esta forma facilita a
memorização tanto para quem canta, quanto para quem ouve. É por isso que é chamado de
responsorial, que vem de responso, correspondendo à participação da assembleia que responde
com um refrão, sempre depois de cada grupo de versos, por isso o valor de resposta não está
afixado à primeira leitura e sim à própria execução do salmista, assim somente o texto é que está
ligado à primeira leitura e não à forma musical de interpretação. Esta forma pode ser também
caracterizada pela interpretação de dois coros ou grupos, ou pelo coro e por um solista, como é
o caso do canto dos salmos no Ofício Divino. Há também a forma direta, isto é, sem refrão, esta
forma é mais apropriada para os cantos de abertura, oferendas, comunhão, e nas celebrações de
outros sacramentos e sacramentais, como, por exemplo, o Salmo 118, que era cantado pelas
comunidades primitivas nos rituais de exéquias.
Poderíamos dizer que o salmo responsorial ressoa nos ouvidos e no coração da
assembleia como um suave eco daquela leitura, por isso tem uma função emotiva, pois sua
interpretação com suavidade e doçura fixa a mensagem da leitura anteriormente ouvida.
6
Idem 3.
acordes, ajudando o salmista a fixar a tonalidade e a forma musical, ou entremeando breves
interlúdios entre os versos, como que realizando uma espécie de canto-sem-palavras,
comentando musicalmente o texto ouvido e cantado. Porém, é mais adequado que apenas um
instrumento harmônico acompanhe o canto do salmista, uma vez que se trata de um canto de
livre interpretação, o que dificultaria o acompanhamento de vários instrumentos de uma só vez.
Nunca o instrumento deve “dobrar” a melodia que se está cantando, portanto, quem
tem o destaque nesta hora é a palavra proclamada cantada, e não o instrumento. Uma boa
referência para essa reflexão é a própria Bíblia que cita logo no começo de alguns salmos: “Do
mestre de canto. Dos filhos de Coré. Com oboé. Cântico” (Sl 46), significando que este salmo,
na ocasião de sua execução, por Davi, fosse acompanhado por um oboé. Encontramos também
outras expressões indicando a forma de interpretação do respectivo salmo, como: “para flautas”
(Sl 5), “à meia-voz” (Sl 56), “com instrumentos de corda” (Sl 61), “prece” (Sl 142), etc.
Certamente, como a maioria dos salmos foi atribuída a Davi e, sendo ele um músico, este tenha
se inspirado em poemas e canções já existentes em sua época, é o caso de algumas citações,
como “Sobre a ‘A corça da manhã’” (Sl 22), sugerindo que esta melodia foi inspirada na canção
‘A corça da manhã’, assim como o Salmo 80 e outros com melodias inspiradas na ária ‘Os lírios
são os preceitos’7.
a) Uma voz justa, timbrada, pausada, que bem se adapte à ação litúrgica.
b) Uma voz capaz de propor um refrão breve, que a assembleia saberá aprender tanto melhor o
que foi proposto de modo claro e agradável.
c) Uma voz para entoar um canto ao qual toda a assembleia se unirá.
d) Uma voz para cantar uma estrofe de modo tal que a assembleia seja envolvida para responder
com um refrão.
e) Saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção. Saber recitá-lo de acordo com as
palavras-chave e com as sílabas fortes; aprender diferentes melodias propostas e escolher dentre
7
Idem 3.
8
Idem 3.
elas a melhor que se adeque à sua voz, além de definir a tonalidade ideal; saber projetar a voz e
articulá-la com os instrumentos que a acompanham.
6. Sinais gráficos10
* (hemistíquio): divide o verso em duas metades. Na prática do canto, representa uma pequena
pausa de respiração antes de entoar o verso seguinte.
+ (“flexa”, leia-se flecsa): representa uma pausa na metade do verso duplo. Na prática do canto,
entoa-se o verso ou em “reto-tom” (uma nota) ou com uma pequena flexão, para em seguida
retomar a melodia cadencial.
- (verso simples): contém um asterisco (hemistíquio) na sua terminação, o qual pede uma
pequena pausa de respiração.
= (verso duplo): possui duas pausas: a flexa no primeiro e o hemistíquio (asterisco) no segundo.
9
Idem 3.
10
Idem 3.
Versos: verso é a subdivisão de um poema que obedece a padrões de métrica (pés ou acentos
fortes nos versos), com ou sem rima, e que possui linha melódica ou efeito sonoro. No Liturgia,
já temos os versos organizados, tendo várias divisões, variando de 2 a 6 versos.
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- Para lá sobem as tribos de Israel, * - Por amor a meus irmãos e meus amigos, *
as tribos do Senhor, peço: "A paz esteja em ti!"
- Para louvar, segundo a lei de Israel, * - Pelo amor que tenho à casa do Senhor, *
o nome do Senhor. eu te desejo todo bem!
- A sede da justiça lá está, *
e o trono de Davi.