Muito Mais Do Que Futebol. Vicente Del Bosque

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muzunea@yahoo.

com 14 Oct 2022

Pedro Mendonça
Liceu dos Treinadores de Futebol
16/03/2021

Vicente del Bosque


Muito mais do que futebol...

O mais importante é passar as melhores condutas, valores


intemporais de toda a vida: o respeito, a educação, o bom
comportamento, a generosidade e cumprir com um mínimo de
compromisso social que todas as pessoas devem ter na vida.

O futebol tem um poder educativo tremendo (muito mais do


que imaginamos)!

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[email protected] 14 Oct 2022

Há que saber ganhar e há que saber perder. As derrotas


ensinam-nos e devemos educar as crianças e jovens a admitir as
derrotas.

O futebol transcende as vitórias ou as derrotas e o facto dos


jovens terem marcado golos ou não (pode ter marcado golo e não
ter jogado bem ou não ter sido um bom companheiro).

Os treinadores devem ter equilíbrio emocional (que é tão


importante na vitória e na derrota).

Nem somos os melhores por termos ganho, nem é um


desastre termos perdido.

As palavras e as ações têm de ir muito juntas, não podemos


dizer uma coisa aos futebolistas e fazer outra.

É muito importante aspirarmos a desafios difíceis mas


alcançáveis (desafios que podemos conseguir atingir).

Uma das partes mais importantes é ter o grupo unido em


relação a uma filosofia e ideias em comum e termos a motivação
para fazermos as coisas bem. A motivação não pode ser
temporária nem seletiva, deve ser constante e permanente (todas
as partidas são importantes e temos de procurar essa motivação
mesmo nos treinos). A figura de liderança de um treinador vai
sobre isso, aquele que consiga esse maior estado de motivação e

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[email protected] 14 Oct 2022

que todos estejamos juntos na busca desse objetivo comum


penso que é o mais importante. Se temos um grupo inteligente,
unido, duro, forte e resistente, penso que atingiremos o ideal de
um treinador.

Não se pode ser absoluto, nem sempre falar com os


futebolistas em grupo nem apenas individualmente, haverá
momentos que requerem um tratamento individual e outros mais
dirigidos ao grupo.

Cada treinador é escravo da sua forma de ser mas eu prefiro


uma liderança cordial, partilhada e permissiva. Não pensemos que
uma coisa boa, por exemplo ser bondoso não pode resultar por
ser uma coisa má. Eu acredito que temos de ter uma liderança que
influencie os futebolistas de maneira positiva. Se não
influenciarmos não é uma liderança.

Se tivermos uma liderança emocional com os futebolistas,


damo-nos bem. Somos cordiais mas também exigentes. É
importante também que acreditem em ti, se isso não acontecer,
dificilmente conseguiremos chegar a eles.

Portanto, o treinador deve influenciar, deve ter credibilidade e


deve ser exigente. Isto é fundamental.

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Ser bondoso não é mau, sempre que se trate todos os


futebolistas por igual. Se houver diferença de tratamento entre uns
e outros tão pouco será o ideal.

Cada um de nós tem a sua forma de atuar mas devemos


tentar ser o mais justos possíveis, seja com o craque da equipa,
seja com o que joga menos, e os futebolistas não verem
diferenças de tratamento.

Os treinadores não devem saber apenas de futebol. Têm de


ser estupendos a um nível humano.

O treinador tem duas grandes tarefas:

1. Estratégias desportivas (eleger futebolistas, método de


treino, sistema de jogo, tática, etc.) que são muito
importantes.

2. Relações pessoais (no que acredito muito mais). Segundo


se desenvolvam essas relações, se o ambiente no balneário
é bom e temos um clima saudável, seguramente estaremos
mais próximos do êxito.

O líder deve ser admirado, da forma mais natural possível.

A força emocional é muito importante. Se 22 a 25 futebolistas


que compõem o plantel, apenas jogam 11 e isso é sempre uma
grande preocupação para o treinador.

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[email protected] 14 Oct 2022

Há que se ter a prudência para se ser quase sempre o


mesmo (nas vitórias e nas derrotas).

O treinador deve estar na sua zona técnica, durante a partida,


para procurar soluções e não para protestar contra o árbitro.

O treinador deve ser o mais equilibrado possível e não


dramatizar muito a derrota nem pensar que é um fenómeno por
ganhar.

A nível da formação dos futebolistas devemos estar


preocupados em 1º lugar em formar boas pessoas e só depois a
preocupação em formar bons futebolistas.

Queremos futebolistas que se emocionem com o que fazem


e com a equipa. Que tenham paixão pelo futebol. Que sejam
generosos, inspiradores para os adeptos e colegas e leais ao
clube.

Os grandes futebolistas, que são acompanhados diariamente


por milhões de pessoas em todo o mundo não se podem esquecer
que são referências para todos os jovens (e menos jovens) que os
seguem!

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