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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

OS CULTIVOS DE ARROZ, FUMO E BANANA NA SUB-BACIA DO CÓRREGO


GARUVAjSOMBRIO - SC, A UTILIZAÇÃO DOS AGROTÓXICOS E SUA IMPLICAÇÃO NA
SAÚDE DOS TRABALHADORES

MARCELO SOARES DARÉLLA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa


de Pós-graduaçâo em Geografia, Área de
concentração Utilização e Conservação de
Recursos Naturais, do Departamento de
Geociências do Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, da Universidade Federal de Santa
Catarina para a obtenção do Título de Mestre em
Geografia

ORIENTADOR: Prof®. Dr®. Sandra M. de Arruda Furtado

FLORIANÓPOLIS
AGOSTO DE 2001
Os cultivo» de arroz, fumo e banana na sub-bacia do Córrego Garuva, Sombrío,
SC: a utilização dos agrotóxicos e sua implicação na saúde dos trabalhadores.

Marcelo Soares Daréüa

Dissertação submetida ao Curso de Mestrado em


Geografía, área de concentração em Utilização e
Conservação de Recursos Naturais, do
/Departamento de Geociências do Centro de
[ Filosofía e Ciencias Humanas da Universidade
I Federal d^S&tta Catarina, em cumprimento aos
■ requisitos! nmessárips à obtenção do grau
I acaaçmicÿ de Mestre Geografía.

. Prof. Dr. Ñbcffe^ufrnifO WornFiiho


Coordenador do Programa de Pps-Graduação em Geografia

APROVADO PELA COMISSÃO EXAMINADORA EM: 31/08/2001

Dr, Clecio Azevedo éd Silva (Membro-CNPq)

Dr. Luiz Fefiiando Scheibe (Membr<jí-UFSC)

$ fe * É ÍÈ p ^ W Í
" O importante não é o que fazem do
homem, mas o que ele faz do que fizeram
dele " ( Sartre).
AGRADECIMENTOS

À Escola Agrotécnica Federal de Sombrío e Universidade do Sul de Santa Catarina, pelo


apoio na realização deste trabalho.

À prof3. Dr8 Sandra M. de Arruda Furtado pela orientação, dedicação, paciência e amizade.

Aos meus pais, Edegare Marta pela presença constante na minha caminhada.

À Elzinha pelos ensinamentos de vida, mostrando sempre a beleza nas pequenas coisas.

A todos os amigos, colegas e familiares que direta ou indiretamente, contribuíram para a


realização deste trabalho.

A todos que mesmo não acreditando no desenvolvimento deste trabalho, contribuíram me


dando forças para chegar a conclusão do mesmo.
SUMÁRIO

Lista de Figuras.................................................................................................................. vi
Lista de Quadros................................................................ ............................................... v¡¡¡
Lista de Tabelas................................ ................................................................................ x
Lista de Fotos..................................................................................................................... xi
Resumo.............................................................................................................................. xii
Abstract.............................................................................................................................. xiii

1. INTRODUÇÃO...................... ...................................................................................... 1
1.1 Apresentação........................ ..................................................................................... 1
1.2 Uma introdução à área de estudo....................... ...................................... ................ 4
1.3 Metodologia.............................................................................................................. 9

2. O CULTIVO DO ARROZ......................................... .............. H


2.1 Características gerais..................................... ............................................................. 11
2.2 Sistemas de produção................................................................................................. 12
2.3 Arroz na sub-bacia do Córrego Garuva.............................. ......................................... 27

3. O CULTIVO DA BANANA............................................................................................ 40
3.1 Características gerais.............................................................. .................................... 40
3.2 Tratos culturais......................................................................................... ................... 43
3.3 Principais moléstias e pragas................................................................................ ...... 49
3.4 O cultivo da banana na sub-bacia do Córrego Garuva............................................... 55

4. O CULTIVO DO FUMO................................................................................................ 66
4.1 O cultivo do fumo na sub-bacia do Córrego Garuva................................................... 77

5. OS AGROTÓXICOS E SUAS IMPLICAÇÕES............................. 85


5.1 Agrotóxicos e contaminação ambiental........................................ ............................... 85
5.2 Agrotóxicos - um problema de saúde pública.................... ......................................... 95
5.3 Agrotóxicos e suas implicações na saúde dos produtores rurais do Córrego Garuva. 106

6 . CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.................................................. 114

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 121

8 . ANEXOS...................................................................................................................... 130
8.1 Entrevista............................................................................................................... ..... 131
LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização da sub-bacia hidrográfica do Córrego Garuva, município de


Sombrio, Extremo Sul de Santa Catarina............................................... 6
Figura 02: Carta topográfica da sub-bacia do Córrego Garuva, Sombrio - S C ...... 7
Figura 03: Mapa de uso do solo na sub-bacia hidrográfica Córrego Garuva.......... 8
Figura 04: Mapa de zoneamento agrícola para a cultura do arroz irrigado............. 30
Figura 05: Declaração dos produtores rurais pesquisados quanto à orientação
para aplicação de agrotóxicos nos cultivos de arroz............................. 31
Figura 06: Período (em dias) entre as aplicações de agrotóxicos nos cultivos de
de arroz da sub-bacia do Córrego Garuva............................................ 32
Figura 07: Distância entre a casa e as lavouras de arroz...................................... 36
Figura 08: Tipos de pulverizadores........................................................................ 36
Figura 09: Trabalhadores responsáveis pelas pulverizações no cultivo de arroz
na sub-bacia do Córrego Garuva........................................................ 37
Figura 10: Equipamentos de proteção individual utilizados para a aplicação de
Agrotóxicos no cultivo de arroz irrigado na sub-bacia do Córrego
Garuva..... ............................................................................................. 38
Figura 11 : Agrotóxicos menos perigosos segundo opinião de rizicultores da sub-
bacia do Córrego Garuva..................................... 38
Figura 12: Destino das embalagens vazias de agrotóxicos utilizados no cultivo
De arroz na sub-bacia do Córrego Garuva.......................................... 39
Figura 13: Porcentagem da área da propriedade cultivada com banana............. 56
Figura 14: Distância da cultura da banana nas residências................................. 58
Figura 15: Mapa de zoneamento agrícola para a cultura da banana...................
Figura 16: Orientação para aplicação dos agrotóxicos no cultivo de banana na
sub-bacia do Córrego Garuva.............................................................
Figura 17: Duração média das pulverizações no cultivo de banana do Córrego
Garuva................................................................................................
Figura 18: Equipamentos de proteção individual utilizados nos cultivos de
banana na sub-bacia do Córrego Garuva..........................................
Figura 19: Tamanho das áreas cultivadas com fumo na sub-bacia do Córrego
Garuva...............................................................................................
Figura 20: Tempo de cultivo do fumo na sub-bacia do Córrego Garuva............ 79
Figura 21: Declarações dos produtores rurais pesquisados quanto à
orientação para a aplicação dos agrotóxicos nos cultivos de fumo.... 80
Figura 22: Tempo das pulverizações nas lavouras de fumo da sub-bacia
Córrego Garuva, conforme informações dos produtores rurais......... 82
Figura 23: Equipamentos de proteção individual utilizados para aplicação dos
agrotóxicos no cultivo do fumo na sub-bacia do Córrego Garuva..... 83
Figura 24: Suicídios no meio rural.........................................................................
Figura 25: Porcentagens relativas à distribuição dos agrotóxicos no ambiente.....
Figura 26: Grau de escolaridade dos produtores da sub-bacia do Córrego Garuva.
Figura 27: Nümero de intoxicações nos últimos cinco anos na sub-bacia do
Córrego Garuva.....................................................................................
Figura 28: Formas de ajuda nos casos de intoxicação por agrotóxicos, segundo
relatos dos agricultores do Córrego Garuva......................................
LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Área ocupada pelos diferentes tipos de uso do solo na sub-bacia do
Córrego Garuva...................................................................................... 04
Quadro 02: Principais pragas do arroz com maior ocorrência em Santa Catarina.... 20
Quadro 03: Inseticidas recomendados para controle das principais pragas do arroz. 21
Quadro 04: Períodos de utilização dos herbicidas para controle das ervas daninhas
do arroz irrigado..................................................................................... 23
Quadro 05: Agrotóxicos mencionados como os mais utilizados no cultivo de arroz
na sub-bacia do Córrego Garuva.............. ............................................. 28
Quadro 06: Principais agrotóxicos utilizados no cultivo de arroz na sub-bacia do
Córrego Garuva.................................................. .................................... 33
Quadro 07: Tempo de entrada nas lavouras de arroz, segundo relato dos
produtores............................................................................................... 34
Quadro 08: Inimigos naturais das lagartas desfolhadoras................. ............................... 50
Quadro 09: Principais pragas das bananeiras................... ............................................... 51
Quadro 10: Principias doenças e nematóides das bananeiras................................. ........52
Quadro 11 : Doenças dos frutos das bananeiras...................................................... .........53
Quadro 12: Principais características das culturas de banana para plantio em SC.. 59
Quadro 13: Principais agrotóxicos utilizados no cultivo da banana na sub-bacia do
Córrego Garuva................................................................................ ...... 62
Quadro 14: Principais pragas do fumo com maior ocorrência nos cultivos de Santa
Catarina.................................................................................................. 69
Quadro 15: Principais doenças causadas por bactérias e nematóides nas culturas
do fumo em Santa Catarina........................................................ ........... 71
Quadro 16: Principais doenças causadas por fungos nas culturas de fumo em
Santa Catarina....................................................................................... 72
Quadro 17: Principais doenças causadas por vírus nas culturas de fumo em
Santa Catarina....................................................................... ................ 73
Quadro 18: Principais doenças de pós-colheita nas culturas de fumo em
Santa Catarina....................................................................................... 74
Quadro 19: Principais agrotóxicso utilizados no cultivo do fumo na sub-bacia do
Córrego Garuva..................................................................................... 84
Quadro 20: Ação e grupos químicos dos agrotóxicos.................. ............................. 86
Quadro 21 : Sintomas típicos de intoxicação e agentes causadores......................... 99
Quadro 22: Casos registrados de intoxicações humanas por agentes tóxicos 95-99. 101
ix

Quadro 23: Casos registrados de intoxicações humanas por agrotóxicos, segundo


os grupos químicos. Santa Catarina, 1994 a 1996............................... 102
Quadro 24: Efeitos de anticolinesterásicos em humanos...................................... . 105
Quadro 25: Causas das intoxicações dos agricultores na sub-bacia do Córrego
Garuva.......... ......................................................................................... 108
Quadro 26: Agrotóxicos considerados nâo perigosos ou pouco perigosos à saúde
pelos agricultores do Córrego Garuva.................................................. 109
Quadro 27: Resultados dos exames de colinesterase sangüínea na sub-bacia do
Córrego Garuva........... ......................................................................... 112
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 : Temperaturas ótimas e críticas para o desenvolvimento do arroz.......... 14


Tabela 02: Principais características das cultivares de arroz irrigado recomendadas
para Santa Catarina..................... ............................................................ 18
Tabela 03: Susceptibilidade das principais espécies de plantas daninhas aos
herbicidas seletivos para arroz irrigado no sistema de cultivo com
sementes pré-germinadas....................................................................... 24
Tabela 04: Fungicidas registrados para o cultivo de arroz no Brasil...... ................... 26

Tabela 05: Principais pragas, plantas daninhas e doenças nó cultivo de arroz na


sub-bacia do Córrego Garuva................................................................. 34
Tabela 06: Principais pragas e doenças no cultivo de banana na sub-bacia Córrego
Garuva.................................... .................................................................. 63
Tabela 07: Tempo de resguardo na entrada de pessoas na área tratada................. 6g

Tabela 08: Percentagem da colinesterase e resultado................................... .......... 104


xi

LISTA DE FOTOS

Foto 01 : Localização das áreas de produção de arroz na sub-bacia do Córrego


Garuva.......................................................................................................... 27

Foto 02: Área de rizicultura mostrando em primeiro plano os canais de irrigação e


ao fundo açúde............................................................................................. 29
Foto 03: Proximidade das residências com as áreas de cultivo de arroz..................
35
Foto 04; Cultivos de banana ñas enoo$ta$ dos morros presentes na área de
estudo; nas áreas planas, plantações de arroz........................................... 55

Foto 05: Detalhe do terreno acidentado onde é praticado o cultivo de banana na


sub-bacia do Córrego Garuva...................................................................... 56
Foto 06: Produção de fumo ñas partes mais baixas e bananas nos morros, em urna
mesma propriedade do Córrego Garuva............. ..................................... 57
Foto 07: Vista geral das áreas com plantações de fumo próximo à casa (verde
escuro), canchas de arroz e ao fundo, área de cultivo de banana............... 7g

Foto 08: Proximidade das residências com o cultivo de fumo...... .... 7g


Foto 09: Plantas de fumo em época de colheita.........................................................
81
Foto 10: Aplicação de pesticidas, juntamente com a capina nos canteiros de fumo,
Sanga Negra - Sombrio - SC................. 0 5

Foto 11: Localização da casa, dentro da lavoura de fumo, na sub-bacia do Córrego


Garuva............................................................................................................
97
Foto 12: Equipamentos de pulverização armazenados em locais não específicos
em propriedades do Córrego Garuva............................................................. 108

Foto 13: Conjunto Portátil para teste LOVBOND, mod. AF 267, utilizado para
dosagens de acetilcolinesterase nos agricultores do Córrego Garuva.........
111
RESUMO

O presente trabalho cujo objetivo é caracterizar como os agricultores utilizam e se


relacionam com os agrotóxicos nos cultivos de arroz, banana e fumo, foi desenvolvido na
sub-bacia do Córrego Garuva, em Sombrío, Santa Catarina, através de dados obtidos em
visitas às propriedades rurais, entrevistas e testes de colinesterase sangüínea. O cultivo de
arroz sofreu fortes modificações a partir dos anos 80, com adoção de novas tecnologias e
com uma maior dependência dos agrotóxicos. Não obstante, os produtores estão distantes
de uma maior preocupação relativa a estes produtos, e em quase 50% dos casos afirmam
não receber nenhuma orientação a respeito das aplicações, desconhecendo ou
desconsiderando os períodos de efeitos residuais, de carência, de resguardo na entrada nas
lavouras, da forma mais apropriada de utilização e de cuidados com os recipientes. A
banana, cultivada em áreas de 5 a 12 ha, concentra-se principalmente nas encostas,
próxima às nascentes. Os produtores não têm os devidos cuidados com os tratos culturais
necessários a este cultivo, sendo realizada a capina, de forma química e o ensacamento
dos cachos, porém com sacos de lixo. Os produtores afirmam conhecer todas as doenças e
pragas deste cultivo e descartam diagnósticos por parte dos técnicos, aplicando os
agrotóxicos de forma e em quantidades abusivas, muitas vezes preventivamente, por
acreditar que assim conseguirão uma produção expressiva. O cultivo do fumo, que ocupa
áreas de 1,5 a 3,5 ha da propriedade, muito próximas às casas dos agricultores, é realizado
no sistema de integração. As empresas fornecem orientação no tocante à indicação dos
agrotóxicos e cuidados com as embalagens, mas mesmo assim os produtores costumam
aumentar a dosagem dos pesticidas na preparação das caldas. Os agrotóxicos utilizados
nos diferentes cultivos pertencem a diversas classes toxicológicas, sendo comum o uso de
organofosforados e carbamatos, O teste de colinesterase sangüínea realizado em 148
pessoas revelou que os maiores índices ocorreram na classe correspondente à
probabilidade de intoxicação nos cultivos de arroz e banana, com 48,4 e 62,5%,
respectivamente. Na intoxicação aguda o cultivo de arroz forneceu o valor de 21,6 % e o
de banana, 12,5%. Tanto no arroz como na banana a faixa etária mais atingida corresponde
àquela dos 15 aos 24 anos. Para aqueles que trabalham com o fumo, foram registrados
valores mais brandos, com 30% dos casos com probabilidade de intoxicação, fato
provavelmente derivado das análises terem sido realizadas em período de pulverizações
menos freqüentes.
ABSTRACT

The present work goal is to characterize how the farmers use and relate to pesticides in the
banana, fume, and rice cultivations. It was developed in the sub-basin of Garuva stream, in
Santa Catarina, through data obtained in visits to the rural properties, interviews, and
sanguine cholinesterase tests. The rice cultivation suffered strong modifications from the
eighties, with new technologies adoption and with a larger pesticide dependence.
Nevertheless, the producers are distant of a larger relative preoccupation to these products,
and in almost 50% for one hundred of the cases affirm not to receive any type of orientation
regarding the applications, ignoring or disregarding the residual effect periods, of absence, of
protection in the entrance in the farmings, of the more appropriated form of utilization and
cares with the containers manipulation. The banana plantation is cultivated in areas of 5 to
12 hectares and concentrates mostly in the hillsides, next the springs. The producers do not
have the necessary cares with the cultural treatments to this cultivation, in which they use
chemical products to weed and the packing of bunches with garbage sacks. The producers
claim they know all the diseases and plagues of this cultivation. They discard diagnostics
given by the technicians, applying pesticides in abusive form and quantities, many times
preventively, by believing that this way they will obtain an expressive production. The fume
cultivation, occupies areas of 1,5 to 3,5 hectares of the property, and is located really close
the farmers' houses. It takes place through the integration system that is orientation supplied
by companies concerning pesticides and cares indication with the manipulation of the
containers, but even so the producers are used to increasing the pesticides dosage in hot
springs preparation. Pesticides used in the different cultivations belong to several
toxicological classes, in which the use of organophosphates and carbamates is common.
The Cholinesterase sanguine test was carried out in 148 people and revealed that the
biggest rate occurred in the corresponding class to intoxication probability in the rice and
banana cultivations, with 48,4 and 62,5 % respectively. The rice cultivation figure was 21,6%
and the banana one was12, 5% in the acute intoxication. Either in the rice or in the banana
the most affected age group is related from 15 to 24. For the ones who work with the fume,
blander figures were registered concerned age group, with 30% of the cases with intoxication
probability, probable result obtained from the analyses that have been carried out in period of
less frequent pulverizations.
1. INTRODUÇÃO

1.1 - Apresentação

“ A causa ambiental é uma causa política, mas sem partido político e,


justamente por isso tem conseguido passar o tempo e avançar na conscientização
dos indivíduos. Enquanto luta política, motiva o homem cidadão a discutir as causas
e conseqüências dos problemas ecológicos buscando colocar as relevâncias a sua
qualidade de vida e a sobrevivência de seus dependentes ” (FERREIRA, 1995,p.08).

O homem quando teve mais oportunidades de buscar um futuro melhor, por certo
tinha limitado o seu conhecimento e consciência do que deveria e como poderia fazer. Hoje
sabe mais como fazer e por que fazer, mas tem as alternativas limitadas devido às
constantes modificações do meio ambiente .
O caso das pragas que afetam os cultivos é apenas uma face de um problema que,
como uma infinidade de outros são inter-relacionados. Tudo está ligado a tudo. As
interferências mesmo que pequenas e localizadas, acabam afetando o restante, em locais e
ocasiões que muitas vezes são difíceis de serem previstas.
Nos pequenos cultivos, muitas vezes exercidos a custas do esforço humano e da
tração animal, existe uma interação maior do homem com o ambiente. O solo, mesmo que
sujeito à ação do fogo e submetido a cultivos contínuos até diminuir em muito a fertilidade
natural, não recebia cargas significativas de produtos destinados ao controle de pragas,
doenças e plantas consideradas invasoras.
O estabelecimento e expansão das monoculturas, difundidas com a Revolução
Verde, constituíram uma excepcional oportunidade para o que denominamos de “pragas”
pudessem se manifestar. A expansão das monoculturas e a conseqüente “modernização
dos métodos de produção”, representados pela introdução de produtos tecnológicos
sintetizados, constituíram um grande motivador do desequilíbrio ambiental.
Buscar um aumento considerável da produção é uma atividade que representa
interferência significativa no meio ambiente. O homem, quando identificado com uma
produção baseada no cultivo de subsistência , provocou, via de regra, alterações localizadas
e pequenas no meio ambiente. LUTZEMBERGER (1982) afirma que enquanto o agricultor
esteve desenvolvendo a sua atividade mais próximo da natureza, e com pouca dependência
dos adubos químicos e dos venenos sintéticos, conseguia rendimentos constantes, por
vezes bem elevados. RUEGG et alli (1986), consideram que os pacotes tecnológicos ligados
2

aos financiamentos bancários obrigavam os agricultores a adquirir insumos e equipamentos,


muitas vezes desnecessários.
A utilização de substâncias organossintéticas para o controle de pragas e doenças
que afetam a produtividade agrícola, tem sido amplamente difundida a partir dos anos
quarenta. Uma grande variedade de produtos foram, desde então, sintetizados com
finalidades variadas (inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros). Vários termos são
utilizados para denominá-los de forma genérica, tais como: agrotóxicos, biocidas, defensivos
agrícolas, fitofármacos, pesticidas, praguicidas, produtos fitossanitários, xenobióticos e
agroquímicos ( OLIVEIRA, 1997).
O uso crescente dos agrotóxicos nos meios de produção, trouxe, e ainda continua
acarretando, conseqüências à saúde humana, animal e ao meio ambiente, através da
poluição do ar, da água e do solo.
Santa Catarina, com 9.544.290 ha é um dos menores estados da Federação.
Porém, é o quarto produtor nacional de alimentos , com uma área aberta para cultivo de
2.985.943 ha, o que representa aproximadamente 30% do total do Estado. O consumo de
agrotóxicos representou em 1984, juntamente com o Rio Grande do Sul, 18% do consumo
nacional, ficando os estados de São Paulo com 36% e o Paraná com 21%. Em 1986 sua
posição no mercado nacional foi o 8o lugar, com 3,2 % do consumo total (IBGE, 1997;
GOELLNER, 1993; GRANDO, 1998).
Segundo IBGE (1997), o município de Sombrio apresenta uma população de
25.532 pessoas, estando 33,74% no meio rural. O setor agrícola tem destaque dentro dos
municípios do sul do estado, produzindo principalmente segundo censo de 1996: fumo em
folha ( 3010 toneladas), arroz em casca (3775 toneladas),banana (4300 toneladas) entre
outros.
A produção agrícola na sub-bacia hidrográfica do Córrego Garuva apresenta-se
fundamentada na produção de arroz, fumo e banana, sendo estes responsáveis por mais de
55% da área cultivada, representando a base econômica e social, principalmente para os
pequenos e médios agricultores ( HADLICH, 1997).
Acompanhando a ‘modernização agrícola ' os agricultores da sub-bacia hidrográfica
do Córrego Garuva, empregam em suas lavouras doses relativamente altas de agrotóxicos.
Devido a falta de controle e fiscalização não se pode afirmar precisamente a quantidade
nem os princípios ativos dos pesticidas utilizados.
Relatos de pessoas intoxicadas não são oficiais, pois as intoxicações normalmente
não são levadas em conta pelos agricultores, devido ao fato de que os sintomas
normalmente são fracos, e os agrotóxicos mais utilizados (organofosforados e carbamatos)
apresentam efeitos cumulativos.
Trabalhos desenvolvidos por HADLICH em 1997, mostram uma proposta
metodológica de avaliação dos riscos de contaminação hídrica por agrotóxicos na sub-bacia
do Córrego Garuva. Esta avaliação expressa em uma carta final de riscos, baseia-se na
localização espacial, características da fonte contaminante e no uso dos agrotóxicos. A
metodologia apresentada foi baseada nos processos de contaminação (escoamento
superficial, erosão e percolação da água no solo) e no conceito de risco como resultado do
cruzamento da vulnerabilidade do meio e da ação antrópica.
DARÉLLA et álli, no ano de 1998, em trabalhos realizados objetivando avaliar a
utilização e as intoxicações por agrotóxicos nos produtores rurais da comunidade rural de
Sanga Negra - Sombrio, constataram que a mão-de-obra utilizada é basicamente familiar,
incluindo crianças e pessoas adultas; acephane, flumetralin, brometo de metila, gliphosate,
mancozeb, iprodione são os agrotóxicos utilizados em mais de 50% das propriedades;
methamidophos, acephane, pyrazophos, chlorpyrifos, disulfaton, carbofuram, aldicab são os
carbamatos e organofosforados utilizados; o tempo mínimo de contato com os produtos
químicos durante as pulverizações é de cinco horas/dia; na maioria dos casos o destino das
embalagens é a queima ou o enterro; medidas de segurança durante o manuseio e
aplicação dos agrotóxicos geralmente não são respeitados; tonturas, dores de cabeça,
vômito, enjôo são sintomas observados durante a utilização destes produtos. Em novembro
de 1998, 114 pessoas (12% crianças) participaram dos exames de acetilcolinesterase:
destes, apenas 24% apresentavam dosagem normal de colinesterase sangüínea, enquanto
nos 76% restantes observou-se redução na atividade da enzima colinesterase.
Tendo por base os trabalhos desenvolvidos por HADLICH (1997) e DARÉLLA et
alli (1998), toma-se necessário uma proximidade cada vez maior da realidade vivênciada no
meio rural, em especial na sub-bacia do Córrego Garuva, como a pesquisa aqui
apresentada que objetiva acompanhar como os agricultores utilizam e se relacionam com os
agrotóxicos nos cultivos de fumo, arroz e banana, e determinar danos na qualidade
ambiental e em especial na saúde desses trabalhadores, através de determinação de
amostras de sangue, utilizando o método de dosagem da colinesterase sangüínea.
A concepção adotada neste estudo implica em uma abordagem sobre as
diversas paisagens rurais na sub-bacia do Córrego Garuva. A paisagem representa
um conceito socialmente construído, em que cada observador vê de uma maneira. Desta
forma, a paisagem é um reflexo da visão social do sistema produtivo, cujas formas
transformam-se ou desaparecem sempre que as teorias, filosofias e necessidades que as
criaram não são reais (BERTRAND & BERTRAND, 1992; FIGUERÓ, 1997; GAMA, 1998).
Como a geografia é distintamente antropocêntrica no sentido do valor ou uso da terra pelo
homem, as paisagens estudadas serão aquelas que são ou possam ser úteis para nós.
" A paisagem é um setor da superfície terrestre onde existe um certo nível de
organização de um conjunto de componentes específicos do meio ambiente local,
sendo que a tipologia, dinâmica e inter-relações da diversidade física, biológica e
cultural do sistema paisagístico, podem ser individual ou integralmente estudada e
mapeadas, com diferentes graus de detalhamento, segundo o nível de percepção da
paisagem" (SANCHEZ, 1991,p.62).

Conforme CORRÊA & ROSEN DAHL (1998) a paisagem é uma marca, pois
expressa uma civilização; mas também é uma matriz porque participa dos esquemas de
percepção, de concepção e de ação. Ou seja, da cultura, que canaliza em um certo sentido,
a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza.
Este racionalismo é baseado em SAUER (1998). Para este autor a paisagem é
uma área composta por uma associação distinta de formas, ao mesmo tempo físicas e
culturais, apresentando uma individualidade que a compõe.

1.2 - Uma introdução à área de estudo

O município de Sombrio ( FIGURA 01 ) apresenta uma área em tomo de 302,3


Km2, e umâ população total residente de 25.532 habitantes, assim distribuídos: 66,26% na
zona urbana e 33,74% na zona rural (IBGE, 1997).
A sub-bacia Hidrográfica do Córrego Garuva (FIGURA 02) é uma unidade
hidroestrutural, pertencente a vertente do Atlântico em Santa Catarina. Constitui-se em um
importante manancial de abastecimento de água para a cidade de Sombrio, assim como é
um das principais tributárias da Bacia Hidrográfica do Rio da Laje . Nesta sub-bacia a
produção agrícola ocupa a maior parte da área (QUADRO 0 1 ) , com destaque para a
produção de arroz, banana, feijão, fumo, mandioca e milho.

QUADRO 01 - Área ocupada pelos diferentes tipos de uso do solo na sub-bacia hidrográfica
do Córrego Garuva.

Uso do Solo Area (hectares) % da área total

Pastagem 1.224 26,4


Arroz irrigado 793 17,2
Cultura anual 1.241 26,9
Cultivo da banana 516 11,2
Mata + reflorestamento 846 18,3
Totat 4.620 100

FONTE: HADLICH, 1997.


Na sub-bacia hidrográfica do Córrego Garuva, através da análise das unidades
antrópicas (uso do solo, FIGURA 03), obtidas a partir de uma interpretação de imagens do
satélite Spot de abril de 1996 elaborada por HADLICH (1997) podemos constatar: no fundo
do vale situam-se as lavouras de arroz irrigado sobre solo glei; nesta posição ocorrem ainda
pastagens e algumas manchas de mata. As matas e reflorestamentos, assim como as
pastagens, são igualmente encontradas nas demais áreas da microbacia. Nas zonas
situadas entre as encostas mais íngremes e no fundo do vale sobre os cambissolos,
predominam os cultivos anuais, representadas principalmente pelo fumo, milho, e feijão
(cultivados nestas áreas, após a colheita do fumo). Estes são também encontradas nas
encostas. O cultivo da banana ocupa quase que exclusivamente as encostas de basalto e
arenito, principalmente na parte oeste da sub-bacia. As encostas são utilizadas para este
cultivo a fim de evitar a ocorrência de geadas nos bananais, muito suscetívies a estes
(HADLICH, 1997).
6

FíGURâ 01: Localização da sub-bacia hidrográfica do Córrego Garuva, município de Sombrio,


Extremo Sul de Santa Catarina ( HADLICH, 1997).
FIGURA 02 - Carta Topográfica da sub-bacia hidrográfica do Córrego Garuva, Sombrio-sc
Mapa de Uso do Solo da
Bacia-Hidrográfica do Córrego Garuva

630000 m E 630000 m E

6790000 m W

\
6782000 m N VSartorio

¡ - ARROZ IRRIGADO
- CULTURAS ANUAIS DE SEQUEIRO
- CULTIVO DE BANANA
- PASTAGENS 3

- MATA Km

FIGURA 03 - Mapa de uso do solo na sub-bacia do Córrego Garuva ( HADLICH, 1997,


adaptado).
1.3 - Metodologia

A pesquisa foi dividida em seis etapas, assim constituídas:


Identificação da comunidade rural / escolha dos setores a serem pesquisados na
área;
- Pesquisa de campo propriamente dita;
- Estudo das práticas agrícolas ;
- Análise da colinesterase sangüínea;

Para atingir um dos objetivos da pesquisa que é a caracterização das propriedades


quanto a adoção e implementação da agricultura química-mecânica-genética principalmente
a utilização dos agrotóxicos , foram analisadas somente aquelas propriedades em que a
renda principal seja proveniente da cultura de arroz, ou do fumo ou da banana.
A população a ser entrevistada foi selecionada aleatoriamente através de um
estudo prévio cujo objetivo era obter informações de quais propriedades apresentam uma
produção mais significativa das culturas pesquisadas. Foi aplicado um questionário em cada
família residente nas propriedades selecionadas.
Durante as pesquisas de campo foram aplicadas entrevistas, visando coletar o
máximo de informações referentes à identificação da população alvo, situação socio­
económica da família, produção, produtividade, práticas agrícolas utilizadas, principais
agrotóxicos utilizados nas lavouras, manejo e uso destes produtos, manejo de produtos
residuários do uso dos agrotóxicos, tipos de pragas e doenças nas plantações, dados físicos
das propriedades rurais, forma de aquisição dos agrotóxicos, utilização dos equipamentos
de proteção, cuidados na hora de aplicação, destino de embalagens vazias, alterações
ambientais locais, casos de intoxicações por agrotóxicos, entre outras (ANEXO 01). O
número de entrevistados foram de 18 nas propriedades com cultivo de arroz, 1 1 com
banana e 14 com fumo.
O levantamento das práticas agrícolas foi realizado objetivando um maior
conhecimento de como o produtor utiliza a técnica para o plantio, quais as alterações
ambientais produzidas e como é realizado a aplicação dos pesticidas.
Procurando pesquisar a saúde do produtor rural, a entrevista contempla as
perguntas relacionadas ao tema, com o objetivo maior de saber como o produtor vem,
através dos anos, dispensando atenção a este assunto . Algumas variáveis forma
exploradas como a exposição aos pesticidas, agente tóxico, casos de intoxicações, idade
das pessoas , e ocorrências de intoxicações.
Complementando os dados pesquisados foram realizados exames de identificação
da porcentagem sangüínea da colinesterase. Esta avaliação foi realizada utilizando o
Conjunto Portátil LOVBOND Mod. AF 267, através do qual se determina a atividade da
colinesterase do sangue humano e eventuais intoxicações. A coleta sanguínea foi feita com
todas as pessoas das famílias rurais entrevistadas independentes se trabalham diretamente
ou não com os agrotóxicos ou da idade da pessoa pesquisada. Foram determinadas o nível
de colinesterase em 60 produtores de arroz, 48 com banana e 40 com fumo.
A atividade da colinesterase no sangue, sujeita à análise através de testes, é
expressa como porcentagem da atividade no sangue normal.
A sub-bacia hidrográfica do Córrego Garuva foi estudada através da abordagem
das paisagem de fumo, de arroz e de banana. Estes estudos foram resultados das visitas e
entrevistas com os produtores rurais e suas famílias.
O estudo da paisagem foi desenvolvido concomitante com as entrevistas,
tendo como suporte os trabalhos anteriores realizados na área; visita as
propriedades e locais dos cultivos, com documentação fotográfica e discussões com
os agricultores, procurando verificar “in loco” o trato com os agrotóxicos, os locais de
moradia e as jornadas de trabalho.
2. O CULTIVO DO ARROZ

2 . 1 - Características Gerais

O arroz representa o alimento de primeira necessidade para mais da metade da


população humana, constituindo-se na principal fonte de energia das dietâs alimentares.
O arroz foi introduzido no Brasil pelos portugueses, assim como outros gêneros
alimentares, e já na dieta colonial era um gênero de primeira necessidade, como salienta
DEAN (1996 : 72). Ainda segundo este autor, no século XVIII representava ao lado do
algodão, os mais representativos produtos agrícolas de exportação (p. 199).
Descrito como uma gramínea anual, de sistema radicular fasciculado, caules
redondos e ocos, folhas com limbo foliar plano e inflorescência em forma de panícula, o
arroz é uma gramínea adaptada ao sistema aquático, devido à presença de aerênquimas no
colmo e nas raízes da planta que possibilitam a passagem de oxigênio do ar para a camada
da rizosfera ( PEDROSO, 1989).
No Brasil , de acordo com o Instituto CEPA (1997) a Região Sul é considerada
como maior produtora de arroz, com 51,04% do total nacional, seguida pelo Nordeste (com
16,79%), Centro-oeste, (14,02%), Norte (10,09%) e Sudeste (8,06%). No sul, o Rio Grande
do Sul lidera a produção, seguido pelos estados de Santa Catarina e Paraná.
Segundo IBGE (1997) em Santa Catarina, o Sul do estado é a região que mais
produz arroz, com 51,01%; seguem-se Litoral Norte, com 22,61%, o Vale do Itajaí, com
22,06%, Litoral Centro, com 1,99% e demais regiões com 2,33%.
A área ocupada pela produção do arroz irrigado em Santa Catarina é bastante
representativa, com o Litoral Sul ocupando 54,51% do total estadual, o Litoral Norte com
19,61%, o Vale do Itajaí com 19,45%, Litoral Centro com 2,46% e demais regiões com
3,94%.
Para PEDROSO (1989) a produtividade de arroz no Brasil é considerada ainda
bastante baixa devido às grandes extensões das áreas de arroz de sequeiro, fertilidade
natural dos solos, qualidade de sementes utilizadas, insuficiente ou desequilibrada
adubação, condições climáticas inadequadas, plantas daninhas, pragas e doenças.
2.2 - Sistema de Produção

O ciclo vegetativo

“ O ciclo vegetativo do arroz compreende varias fases e estágios de


crescimento e desenvolvimento, que vão desde: a germinação da semente até a
maturação ( ...) Em cultivares sem dormência as sementes podem germinar logo
após a maturação, enquanto as que possuem dormência necessitam de repouso ou
latência para germinarem (PEDROSO, 1989, p. 21).

A planta do arroz durante seu desenvolvimento passa por três períodos: vegetativo,
reprodutivo e de maturação.
O período vegetativo compreende várias fases: a fase zero ou germinação (desde a
colocação da semente na água até o aparecimento da primeira folha), que ocorre dentro de
dois a quatro dias; nesta é importante a temperatura da água e do ar, pois a velocidade de
germinação é tanto mais rápida quanto maior for a temperatura. Fase um, ou plânula,
caracterizada com o aparecimento da primeira folha até a formação do primeiro afilho, entre
18 a 20 dias após a semeadura1. Fase dois ou perfilhamento é o período que será iniciado
após três a quatro semanas da emergência, desde a formação do primeiro afilho até o
aparecimento do quarto nó 2. Fase três, ou alongação do caule, se inicia no momento em
que o quarto nó começa a ser notado, até o ponto de algodão.
O período reprodutivo é caracterizado pela fase quatro, conhecida como ponto de
algodão (momento da formação dá pluma de algodão sobre o quarto nó3); fase cinco, ou
embarrigamento ( período compreendido desde o ponto de algodão até a emissão da
panícula); e fase seis, ou floração ( inicia-se com a emissão da panícula, finalizando com a
fertilização da flor levando de quatro a sete dias em condições normais4).
No período final do ciclo, conhecido como período de maturação encontramos a
fase sete, ou do grão leitoso (que se inicia no momento em que a flor é fertilizada e termina
quando a panícula se curva formando um ângulo de 90°); a fase oito, ou grão pastoso

1 Algumas práticas de manejo deverão ser realizadas neste período, assim como um acompanhamento da temperatura. O
controle da quantidade de água é fundamental, pois, quando muito profundas provocam crescimento de plántulas altas, fracas
e com poucas raízes, enquanto a falta de água provoca crescimento irregular e retardado, porém com boas raízes. As plantas
se desenvolvem melhor com temperaturas altas, pois as baixas podem provocar amarelecimento das folhas, morte e
retardamento dó crescimento das plántulas.

2 As cultivares apresentam diferentes capacidades de afilhamento. Quanto maior a distância entre as plantas, maior será o
número de filhos. Água profunda diminui o afilhamento, e a aplicação de nitrogênio estimula a formação de afilhos.

3 A partir da fase quatro - ponto de algodão, até oito a dez dias após a floração plena, a lâmina de água deverá ser mantida
permanentemente.

4 Quando os órgãos de reprodução atingirem a maturação e as condições climáticas forem favoráveis, inicia-se o processo de
polinização e fertilização. Após a fecundação começará a formação do frutos, ou seja, o grão do arroz.
13

(desde o momento em que a panícula forma o ángulo de 90° até evoluir a um ángulo de
180°5); e, a fase nove, ou do grão maduro, em que a umidade do grão estará em tomo de
22 a 26%, quando deverá ser iniciada a colheita.
A temperatura e a radiação solar são os fatores climáticos de maior importância
para a cultura do arroz irrigado. De maneira geral o arroz irrigado apresenta bom
desenvolvimento quando a temperatura média durante o ciclo estiver entre 20 e 35°C;
entretanto as diversas fases do ciclo da planta, necessitam de faixas térmicas distintas, bem
possuem temperaturas críticas diferentes (TABELA 01).
Conforme PEDROSO (1989), a temperatura ideal da água de irrigação tem faixas
mais restritas que as do ar, em torno de 32 a 34°C durante o afilhamento e de 30 a 32 °C
para a diferenciação do primordio floral. Temperaturas de água inferiores a 29°C retardam o
afilhamento e a floração, enquanto as menores que 25°C, aumentam consideravelmente a
esterilidade das flores.
A umidade relativa do ar apresenta influência sobre a floração e a colheita. Com
alta umidade do ar a evapotranspiração será menor, e a abertura das flores será facilitada,
propiciando alto índice de fertilização. A umidade do ar influencia também a umidade dos
grãos no estágio de maturação; e quanto menor, melhor. Umidade relativa alta associada a
temperaturas elevadas irão propiciar o desenvolvimento de doenças fúngicas.
A ação dos ventos em uma área de cultivo de arroz é olhada sob diferentes
ângulos.

“ Há autores que afirmam que o vento favorece as plantas de arroz por que
renova o ar entre as mesmas, aumentando o fornecimento de gás carbônico
Outros condenam a ação dos ventos, por serem transmissores de agentes
causadores de enfermidades (PEDROSO, 1989, p.32).

Entretanto, há consonância sobre os efeitos dos ventos fortes associados aos


granizos sobre as plantas, tanto nas fases de crescimento, granação ou maturação.
Exemplos destes efeitos são o acamamento ou a degrana dos cachos, com apreciáveis
perdas para as colheitas.
Os terrenos mais adequados para o cultivo de arroz irrigado são caracterizados por
apresentarem uma topografia plana, com declividade pequena, suficiente para evitar a
estagnação de água. Os solos mais indicados são os argilosos hidromórficos, com camada

5 Durante a fase oito ocorrerá o final do enchimento do grão, caracterizando-se como firme e amorfo.
superficial pouco permeável, que facilitam a manutenção da lâmina de água sobre a
superfície e dificultam a lixiviação de nutrientes.

TABELA 01 - Temperaturas ótimas e críticas para o desenvolvimento do arroz

Fases da Planta Temperatura Temperatura critica


______________________ ________________ótima (° C )______________ ° C ___________________ Efeito

Germinação e plántula 20 a 31 <15,5 >35 Redução do


crescimento

Crescimento e desenvolvimento 21 a 27 <10,0 >35 Redução do


Crescimento

Diferenciação do primórdio floral, 21 a 27 < 18,0 Esterilidade


antese e polinização

Atividade fotossintética 30 >40 Redução da


fotossíntese

FONTE: NOLDIN & BACHA (1992).

Quanto à acidez do solo, a faixa mais indicada está entre 5,7 a 6,2; porém com
menor produtividade, poderá ser cultivado arroz era solos que tenham alto índice de acidez
e baixo teor em nutrientes.
Para um maior aproveitamento do solo, existe a necessidade de ser realizada a
sistematização do terreno que poderá ser feito em desnível, ou em nível; o primeiro,
bastante utilizado no Rio Grande do Sul, é caracterizado pela utilização de taipas em curvas
de nível, enquanto a sistematização em nível6, empregada em larga escala em Santa
Catarina, é baseada na divisão da área em quadros.
Quando não se utiliza a rotação do arroz com outros cultivos é recomendado a
lavra de verão que diminui a incorporação da matéria orgânica, favorecendo sua rápida
decomposição, eliminação e incorporação de plantas daninhas, reduzindo a produção de
sementes nocivas, bem como reduz a população de plantas hospedeiras de doenças e
pragas e de insetos-praga.

“ Esta prática permite que as sementes de plantas daninhas e de arroz, que


chegam ao solo pela debulha natural e na colheita, possam germinar e serem
destruídas através da prática seguinte de gradeação ou rotativação. ( ...) As doenças
que possam ter ocorrido durante o cultivo anterior são eliminados com o enterro da
resteva (BACHA, 1992, p.17).

6 Na sistematização do solo em nível, o terreno de cada quadro deverá ser nivelado, com largura compreendida entre 20 e 50
m e comprimento não superior a 200m e cercado com taipas com altura mínima de 20 cm.
De maneira genal, toda área cultivada com arroz irrigado necessita de urna
adubação complementar. As quantidades serão recomendadas conforme os resultados
obtidos na análise do solo. Áreas onde ocorriam outros cultivos requerem maiores cuidados,
pois o excesso de nitrogênio liberado pelo solo irá provocar desequilibrio nas proporções de
N, P e K. Por outro lado para corrigir a escassez de N, a uréia (45% N) ou sulfato de
amónia (21% N), são os mais aconselhados para o cultivo de arroz irrigado (BACHA, 1992;
PEDROSO, 1989). Na adubação de cobertura não existe a necessidade da retirada da água
das canchas, mas simplesmente reduzir a quantidade da lâmina de água ao mínimo, a fim
de evitar infestações e perda de nutrientes; em um período de três a quadro dias, a água
deverá ser recolocada ao seu nível normal. A adubação em cobertura com nitrogênio
poderá ser parcelada em duas épocas, sendo a primeira com a metade da dose, no início do
afilhamento ou logo após a inundação da lavoura, e a segunda, por ocasião do início da
diferenciação do primórdio floral.
A utilização de calcário como corretivo do solo não é recomendado para o arroz
irrigado, porém, quando na análise do solo a quantidade de Ca e Mg for inferior a 5
me/tOOg, é recomendada a aplicação de uma tonelada de calcário dolomítico por hectare
(PEDROSO, 1989). A adubação corretiva pode ser realizada com a utilização de calcário,
fósforo e potássio, segundo as necessidades apresentadas pela análise de solo.
No Estado de Santa Catarina o período ideal de semeadura estende-se de agosto
até janeiro, conforme a região. Semeaduras precoces podem coincidir com temperaturas
baixas, inibindo assim a emergência ou retardando o crescimento inicial da planta.

“ Como orientação geral, todas as cultivares de arroz irrigado podem ser


semeadas antes dè 15 de outubro, independente do ciclo. Por outro lado, somente
cultivares precoces e/ou tolerantes ao frio, na fase reprodutiva, podem ser cultivadas
com segurança após 15 de novembro até o final do mesmo mês (......), sendo que os
riscos de perda no rendimento de grãos aumentam progressivamente à medida que
a semeadura ultrapassa a 15 de novembro" (BACHA, et alli, 1992, p.29).

Os principais sistemas de semeadura utilizados para o arroz irrigado são: em solos


inundados com sementes pré-germinadas (predominante); em solo seco, com sementes
secas e posterior irrigação (sistema convencional); e, plantio direto com cultivo mínimo.
A semeadura em solo seco poderá ser realizada de duas maneiras, a lanço ou em
linhas. Atualmente a semeadura em linhas é a mais recomendada, com a utilização de
semeadeira-adubadeira e deverá possuir 17,5 cm de espaçamento entre linhas. Para
PEDROSO (1989) este tipo de semeadura é um método que propicia uma germinação mais
uniforme, levando a uma redução média de 20 % na quantidade de sementes e de
fertilizante que será colocado somente nas linhas onde se encontra o arroz, o que diminui a
ocorrência das plantas daninhas.
No sistema de semeadura em solos secos, podemos utilizar ainda a semeadura a
lanço manual ou mecânico, com cobertura das sementes.7
A semeadura em solos inundados consiste basicamente na distribuição a lanço, de
maneira uniforme, das sementes pré-germinadas nos quadros nivelados e totalmente
inundados, com uma lâmina de água de aproximadamente 5 cm.

" A pré-germinação das sementes consiste no aceleramento do processo


natural de germinação, através da hidratação da semente pela imersão em água
durante 24 a 36 horas, acondicionados em sacos ou tanques.(....) por ocasião da
semeadura, estas estruturas não devem ter ultrapassado os 2 mm de comprimento,
para evitar rompimento e amontoamento das sementes a serem lançadas ao solo ”
(SCHIOCCHET & NOLDIN., 1992, p.23).

Após a semeadura o manejo da água é bastante importante, e as canchas poderão


permanecer com água ou serem drenadas em um período de 24 a 48 horas. Passado o
período de drenagem, o solo deverá manter uma certa umidade e quando as plantas
atingirem um desenvolvimento adequado, utiliza-se a irrigação, mantendo os mesmos
inundados até a colheita8.
A semeadura em solos inundados exige uma quantidade maior de sementes, em
tomo de 20 a 30%, que o sistema de semeadura direta. Mas a grande vantagem reside em
um maior controle das plantas daninhas não aquáticas.
O sistema de semeadura em cultivo mínimo de arroz irrigado consiste no preparo
antecipado do solo, em relação à época programada para a semeadura. O solo será
lavrado, gradeado e aplainado mais cedo, em período compreendido entre final do mês de
agosto e início de setembro. Em um período relativamente curto, a área estará toda coberta
de espécies de plantas de verão, e de oito a dez dias antes da semeadura, é aplicado
herbicida sistêmico específico, que levará a morte de toda a vegetação existente. Passado
este período ocorrerá a semeadura do arroz em linhas com sementeiras de plantio direto,
evitando-se ao máximo para não movimentar o solo.

7 Tanto na semeadura em linha como a lanço, a semente deverá ficar a uma profundidade de 3 a 4 cm. Sementes em camadas
superficiais poderão sofrer ataques de pássaros, assim como uma redução na germinação ocasionada pelo secamento rápido
da camada superficial do solo. Quando.a semeadura ocorrer nas camadas mais profundas, a semente levará mais tempo para
emergir ( PEDROSO, 1989).

8 Drenagem feita logo após a semeadura, levará uma exposição maior das sementes, o que possibilitará o ataque dos
pássaros. Por outro lado solos que permanecem alagados, estarão sujeitos ao ataque de marrecas, além do que temperaturas
baixas poderão provocar o apodrecimento das sementes.
Para o cultivo do arroz existem milhares de cultivares em todo o mundo, adaptadas
às condições de clima, de solo, de preferência do consumidor entre outras.
Em razão da diversidade genética entre as cultivares, representada por diferenças
nas reações a doenças e a estresses ambientais, resposta a nitrogênio e, ainda, pela
desigualdade do ciclo, é aconselhável utilizar no mínimo dois tipos com características
distintas para garantir maior estabilidade da produção e facilitar o escalonamento da colheita
( YOKOYAMA , 1997).
As cultivares recomendadas para Santa Catarina, assim como suas características
principais constam na TABELA 02.
Para os sistemas em que se utiliza semeadura em linha, recomenda-se a
densidade de 400 a 500 sementes por metro quadrado; em solos pesados e em áreas em
que a cobertura morta é mais densa, a densidade deverá ser maior, pois poderá ocorrer
redução no número de plántulas que emergem e sobrevivem.
Para o sistema pré-germinado, em que o processo de semeadura ocorre em solo
inundado, a densidade de semeadura deverá ser de 500 sementes aptas por metro
quadrado ou 120 Kg de sementes por hectare (YOKOYAMA, 1997; PEDROSO, 1989 ).
Em Santa Catarina a semeadura a lanço em solo inundado é utilizada em
aproximadamente 95% da área cultivada com arroz irrigado. Portanto, a cultura de arroz
atualmente está na dependência de um regime de inundação permanente, garantindo uma
produtividade maior e estável, ao contrário do que ocorre com o arroz de sequeiro. O
fornecimento da água para irrigação provém de rios, arroios, canais, lagoas e barragens,
sendo necessária uma boa planificação da propriedade para a adoção do sistema,
A quantidade de água para o cultivo de arroz está relacionada com o volume de
água necessária para saturar o solo, formar a lâmina d’água, compensar a
evapotranspiração e repor as perdas por percolação vertical, laterais e dos canais de
irrigação.
Para o sistema de cultivo convencional e plantio direto é recomendada a utilização
de vazões contínuas de 1,5 a 2,0 litros/segundo/hectare em um período médio de 8 0 -1 0 0
dias de irrigação. Solos com textura franco-arenosa ou arenosos e com maior gradiente de
declividade necessitam de vazões maiores, assim como condições de alta temperatura e
baixa umidade relativa do ar (BACHA, 1992; BACHA & EBERHARDT, 1997).
Para o sistema de plantio com sementes pré-germinadas, além da água necessária
durante o ciclo da cultura, deverá ser somada a necessidade para o preparo do solo, o qual
normalmente é realizado sob condições de inundação.
TABELA 02 - Principais características das cultivares de arroz irrig a d o recomendadas para
Santa Catarina.

Cultivar Ciclo Peso 2 Estatura3 Perfilhamento Acamamento Brusone


- 1
Panícula5
EMPASC 101 T 25 baixa alto R MR
EMPASC 105 M 29 baixa alto R MR
BR-IRGA 409 M 27 baixa alto MR MR
BR-IRGA 410 M 26 baixa alto R S
ÇICA8 T 25 baixa alto MR MR
IR 841 T 26 baixa alto R MR
BR-IRGA 414 P 29 baixa atto R S
EPAGRI 108 P 26 baixa alto R R
EPAGRI 107 M 28 baixa alto R S
EPAGRI 108 T 30 baiXa alto R R
EPAGRI 109 T 30 baixa alto R R

1 P - precoce (até 120 días); M - médio (121 dias a 135 días); T - tardio ( mais de 136 dias)
2 Peso médio de 1QQ0 sementes a 13% de umidade
3 Baixa - menos de 100 cm
4 MR - médio resistente; R - resistente
* S - suscetível; MR - médio resistente
FONTE: YOKOYAMA, 1997

“ No sistema de plantio com semente pré-germinadas, o período de irrigação é


proporcionalmente maior, iniciando-se já no preparo do solo. (.....) Para o preparo do
solo, aplica-se uma lâmina d’água de 4-5 cm sobre a superfície, mais a tâmina
d'água necessária para saturar o solo. A quantidade de água para saturar o solo,
está em função da profundidade do lençol freático e/ou camada impermeável, do
teor de umidade do solo e do espaço poroso do mesmo. Normalmente são
necessários de 1000-2000 metros cúbicos por hectare para esta fase. Outra fase
crítica de demanda d'água neste sistema, é por ocasião da reposição de água após
á aplicação do herbicida pós-plantio do arroz. Ñesté estágio a reposição deverá ser
feita em 1 ou 2 dias, recomendando uma vazão mínima, de 2-3 litros por hectare, o
que sugere um escalonamento na aplicação do herbicida, para evitar falta d'água na
reposição da lâmina. Para manutenção da lâmina, vazão em torno de 1,0 litro por
segundo, por hectare são suficientes, tendo em vista a baixa percolação da água no
solo, devido à formação da lâmina" (BACHA et allí, 1992, p.34 ).

No sistema pré-germinado como a semeadura é feita sobre a lâmina d’água de


5-10 cm, assim deve permanecer por dois a quatro dias, dependendo da temperatura.
Passado este período a lâmina deve ser rebaixada, de tal maneira que o solo permaneça
encharcado (solo saturado). À medida que as plantas se desenvolvem, o nível de água
deverá ser gradativamente elevado para 10 e 15 cm, mantendo-se assim até dez dias após
a floração plena.
A qualidade da água é um fator de grande importância. Toda a água de irrigação
transporta sais que dependendo de sua concentração, podem ser prejudiciais aos cultivos.
19

Quando existirem suspeitas quanto à qualidade da água, amostras deverão ser coletadas
com objetivo de analisar e estabelecer as concentrações de elementos que possam ser
tóxicos à planta. O mais comum nas lavouras da zona costeira é a elevação dos teores de
cloreto de sódio na água, especialmente quando ocorrem estiagens prolongadas, devido a
influências das águas do mar. O aumento nos teores de NaÇI pode influir no cultivo.

“ Trabalhos realizados concluíram que as cultivares de arroz com alto potencial


produtivo cultivadas no RS e SC não toleram irrigação com água cujo teor de NaCI
seja igual ou superior a 0,25%. Águas com estes teores aplicadas a partir do início
da fase reprodutiva, podem determinar redução superior a 50% na produtividade”
(BACHA, et alli, 1992, p.35).

A drenagem de uma lavoura de arroz, como regra geral, deverá ocorrer pouco
antes da completa maturação (quando o grão tiver atingido o estado pastoso), pois com a
retirada da água a maturação toma-se mais uniforme, melhorando a qualidade do grão9.
No período de entressafra da cultura do arroz, o solo deverá ser drenado para
permitir a emergência das plantas indesejáveis e controle das pragas do solo.

Pragas e plantas daninhas nas lavouras de arroz


Uma grande variedade de pragas incidem sobre o cultivo do arroz de modo geral,
tanto no sistema pré-germinado, como no plantio direto, e atacam todas as fases, desde a
semeadura, até a colheita e o armazenamento, o que determina grandes perdas na
produção.
As principais pragas com ocorrência em Santa Catarina, assim como os métodos
de controle, estão apresentados no QUADRO 02. Embora neste quadro, estejam os
métodos comumente designados como físico, preventivo e cultural (inundação e drenagem
da lavoura, eliminação de restos culturais, catação manual e manejo do cultivo10), estes são
tidos comumente como alternativos, uma vez que na realidade a utilização de produtos
químicos é o mais empregado. Uma grande variedade de agrotóxicos, pertencentes a
diversos grupos químicos e classes toxicológicas, é utilizada no combate às pragas do arroz
irrigado (QUADRO 03).

9 BACHA, et a|li (1992) afirmam que em solos com boa drenagem, a irrigação pode ser suprimida após o completo enchimento
do grão. Ror outro lado, solos argilosos, de difícil drenagem, a supressão da água do arroz deverá ocorrer 10 dias após ao
florescimento pleno das plantas (em torno de 80%) para as cultivares do tipo intermediário e 15 dias para as cultivares do tipo
moderno.

10 O manejo do cultivo consiste em criar condições favoráveis à concentração das pragas em determinadas partes da lavoura
com adubação nitrogenada mais elevada, manutenção de áreas com plantas daninhas e utilização de cultivares precoces.
QUADRO 02 - Principais pragas do arroz com maior ocorrência em Santa Catarina

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enquanto os adultos as destroem . luminosa

PUIga do arroz Chaetocnema sp. Ocorrência cíclica, prejudicial às plantas desde a emergência até o início do Inundação e drenagem da
perfilhamento, quando provoca raspaduras no limbo foliar, causando redução na lavoura
população de plantas.

Lagarta da fólha Spodòptèra frugiperdá Além de alimentar-se de folhas, cortam os colmos fiovòs rènte ao solo. Pèríódo crítico Inundação e drenagem da Cuidado com arrozais
de ataque em áréas planas estende-se desde a emergência das plantas, até a lavoura próximos ao cultivos
Inundação da lavòura. Em áreas inclinadas, o ataque poderá se estender atéa fase de milho e sorgo
de emissão dè panículas. Preferem atacar Iniclàlmènté as plantas daninhas de
Eohinochioa sp, atacando o àrroz qUando estas forem destruídas pelá aplicação dos
herbicidas.

Bicheira da raiz Oryzòphagus oryzâe As larvas dó “gorgulho aquático" danificam o sistema radicular das plantas. Os Orehagem da área Aplainamento do solo
gorgulhos são encontrados logó após á irrigação definitiva dá lavoura e as larvas dez Eliminação dos restos Limpeza dos canais
diás após. As plantas atacadas pelas larvas apresentam crescimento reduzido, culturais dè irrigação
coloração amareladá e secannehto do ápicè das folhas. Adubação nitrogenda
suplementar
Percevejo do Tibraca limbativentris Encontrado nás fases vegetativa e reprodutiva das culturas, provocando o sintoma Elimihação de restos
Colmo conhecido como “coração morto" e “panícula branca”. O inseto prefere se instalar nás culturais
plantas situadas em locáis não atingidos pela lâmina d'água. Catação manual
Manejo do cultivo

Broca do Colmo Diatraea saccharalls Ocorre nas fáses vegetativa e reprodutiva da cultura, também provocando os Eliminação de restos Cuidado com arrozais
sintomas de “coração morto" e "panícula branca”. culturais próximos ao cultivos
Manejo do cultivo de milho e sorgo

Percevejo do Oebalus poecilus Os cuidados deverão ser iniciados após a polinização, estendendo-se até o inicio do Eliminação de restos
Grão amadurecimento da panícula. culturais
Manejo do cultivo

Moluscos Phisilla acuta Nèm todas as espécies allmentam-se de plantas do arroz. Quando ocorre em grande
gastrópodes Biomphalaria peregrina quantidade sobre as plántulas de arroz com duas a très folhas, estas não suportam o
Biomphalaria peso dos gastrópodes e caem emergindo na lâmina d'água e solò.
tenagophila

Dados obtidos da EPAGRI, ÊMBRAPA, IRGA (1997), LORËNZI (1994).


20

Organização : Marcelo Soares Darélla.


21

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QUADRO 03 - Inseticidas recomendados para o controle das principais pragas do arroz irrigado

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Em Santa Catarina, de acordo com SCHMITT (1997) apenas a bicheira da raiz
ocorre de modo generalizado, enquanto as demais pragas são ocasionais e regionais.
As plantas daninhas são competidoras com a lavoura orizícola por espaço, água,
radiação solar e nutrientes. São ainda responsáveis pelo agravamento dos problemas
sanitários nas lavouras, pois as mesmas são hospedeiras de pragas e susceptíveis à
infecção de doenças.
Conforme NOLDIN et alli (1992), em Santa Catarina, existe uma variedade bastante
grande de plantas daninhas - destacando-se como de maior ocorrência o angiquinho,
paperã, junquinho, milhã, capim-arroz, cuminho, aguapé, capim-macho, arroz-vermelho,
aguapezinho e sagitária - sendo responsáveis por quedas significativas tanto na
produtividade como na qualidade do produto final.
O controle das plantas daninhas é uma das práticas de maior importância no cultivo
do arroz irrigado. São utilizados cinco métodos de controle: o preventivo, o cultural, o
biológico, o mecânico e o químico. Para uma maior eficiência do controle das plantas
daninhas, recomenda-se a integração das diversas práticas, com no mínimo dois métodos.
O método preventivo tem como objetivo evitar a infestação nas áreas do arroz e a
medida fundamental é a compra de sementes isentas de plantas daninhas; outras medidas
de extrema relevância são os cuidados com os animais de pastejo, limpezas de canais de
irrigação e drenagem, limpeza dos equipamentos de uso agrícola e utilização do adubo
orgânico bem fermentado.
No controle cultural devem ser obedecidas as condições de desenvolvimento mais
favoráveis ao cultivo de arroz - rotação de cultura, seleção de cultivares adaptados â região,
preparo adequado do solo, dò espaçamento e da densidade de semeadura - levando-se
desta forma a uma maior competitividade com as plantas daninhas, principalmente na fase
inicial do seu estabelecimento.
Os herbicidas poderão ser aplicados no arroz irrigado, levando-se em consideração
o período de aplicação (QUADRO 04).
O método químico é o mais empregado para o controle das plantas daninhas,
principalmente em função da grande praticidade, eficiência e rapidez.
Na TABELA 03 estão relacionados os herbicidas recomendados para o arroz
irrigado no sistema com sementes pré-germinadas, levando-se em consideração os
produtos disponíveis no mercado e assim como a suscetibilidade das diferentes espécies
daninhas.
QUADRO 04 - Períodos de utilização dos herbicidas para controle das ervas daninhas do
arroz irrigado

SISTEMA ÉPOCA DE APLICACÃO i RESULTADO

Pré-semeadura Semeadura direta: aplicação de herbicida não-seletivo (dessecante) Formação de cobertura morta.
sobre a cobertura vegetal.

Semeadura direta através de cultivo mínimo: solo passa por preparos Formação de cobertura morta
mecânicos, apresentando na época de semeadura uma cobertura
verde, que serão dessecadas posteriormente com a utilização de
herbicidas.

Pré-semeadura Herbicida aplicado antes da semeadura, com posterior incorporação Pouco utilizado na cultura de
com incorporação ao solo arroz irrigado, por. apresentar
I resultados insatisfatórios

Pré-semeadura Utilizado somente para controle do arroz vermelho. As cultivares apresentam


(benzedura) Preparo final do solo com antecedência mínima de 20 dias à época respostas diferenciadas a este
da semeadura. Após nivelamento e alisamento da lâmina d'água, tratamento, podendo sofrer
drenar os quadros e após 5 a 7 dias com a emergência das plántulas, danos variáveis, mas em geral,
novamente alagar os quadros. Aplicar os herbicidas atráves do ocorre recuperação sem
método benzedura. A água deverá permanecer parada por um prejuízos na produção.
período mínimo de 10 dias

Dados obtidos de ANDREI (1993) e EPAGRI (1992).


Organização: Marcelo S. Darélla (2001).

Porém deve-se lembrar que muitos produtores estão utilizando de forma preventiva
o uso destas substâncias, o que aumenta os problemas ambientais, como acentuam
NOLDIN et alii (1992), RAMOS (1981) e a EPAGRI (1992).
As doenças podem atacar as lavouras de arroz, causando sérios danos,
interferindo na produtividade e qualidade dos grãos11.
A brusone é a principal moléstia,, que pode levar ao prejuízo de até 100 % da
lavoura; MIURA (1997) identifica também como causadoras de danos nas culturas, as
manchas de glumas, a queima de bainhas, a podridão do colmo, a mancha parda, a mancha
estreita, a escaldadura da folha, a podridão do colar, a cárie ou carvão preto do grão, a
ponta branca e a podridão de bainhas.

“ A maior parte dos prejuízos causados por doenças na lavoura de arroz é


devido ao ataque de fungos, especialmente Pyricularia oryzeae, causador da
brusone. No entanto, há muitas outras doenças que ocorrem neste cereal, que
podem ser causadias por outros agentes patogênicos como bactérias e vírus ou cuja
causa pode ser de origem ainda desconhecida (PEDROSO, 1989, p:137).

11 A ocorrência e o nível dos prejuízos causados, irá variar de ano para ano, assim como de local para local, devido as
variações das condições ecológicas, metereológicas, prevalência de raças de patógenos, suscetibilidade das cultivares e
manejo das práticas culturais.
24

03 - Susceptibilidade das principais espécies de plantas daninhas aos herbicidas seletivos para arroz irrigado no sistema de cultivo o
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Sagittarla montevídensis (sagitária)

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Em Santa Catarina, a brusone é a principal doença que ataca as culturas do arroz,
e que pode estar presente durante todo o ciclo do cultivo, sendo extremamente grave
quando ocorre na fase reprodutiva, devido aos prejuízos que provoca através da perda na
qualidade e quantidade de grãos.
O fungo Pyrícularía grísea, desenvolve-se bem em uma ampla faixa de temperatura
- de 8 a 37°G - porém com um ponto ótimo a 28°C, e quando acompanhada de umidade
relativa do ar superior a 90%. O fungo irá produzir manchas ou lesões sobre as folhas, nós
e em diferentes partes das panículas e grãos, porém raramente sobre a bainha; a brusone
dos nós provoca o apodrecimento destes, morrendo todas as partes superiores aos nós
infectados. As infecções das áreas próximas à base das panículas causam os sintomas de
brusone de pescoço, quebrando-as, ou quando não, tomando-as “chochas” .
O controle da brusone assim como de outras doenças poderá ser realizado através
da escolha de cultivares mais resistentes (EMPASC 101, EMPASC 105, IR-841, EPAGRI
106, EPAGR1107, EPAGR1108 , EPAGR1109), manejo e controle químico.
O emprego de produtos químicos para as doenças (TABELA 04), será mais
eficiente e econômico, sempre que for acompanhado por outros métodos que visem uma
melhoria no manejo das práticas culturais. A utilização dos fungicidas é recomendada
principalmente pana lavouras com melhor nível de tecnologia e com condições de aplicação
aérea. Nos casos de ataques em lavouras pequenas ou com baixa tecnologia, poderá ser
feito apenas um controle preventivo nos focos com ataque mais severo, tomando-se
precauções para evitar casos de intoxicações com os produtos. No entanto, como
recomenda Ml URA (1997), deverá ser dada nestas lavouras uma maior ênfase ao manejo
das práticas culturais.
TABELA 04 - Fungicidas registrados para o cultivo de arroz no Brasil

Nome técnico Grupo químico Nome comercial Modo de ação Controle

Benomil Benzimidazóis Bënlate 500 Sistêmico BR


Benlate Sistêmico BR

Clorotalonil Ftalamidas Daconil 500 Contato _ MP


Dacostar 500 Contato . MP
Vanox 500 Contato MP
Vanox 750 Contato MP
Bravonil500 Contato . MP
Bravonil 750 Contato • MP

Edifenfós Org, fosforado Hinosan 500 Contato ■ BR

Kasugamicina Antibiótico Hokkokasumin Sistêmico BR

Mancozeb Ditiocarbamato Drthane sc Contato BR, MP. MEí Rhs


Frumizeb Contato BR, MP, ME,
Manzate GRDA Contato Rhsp
Manzate 800 Contato BR, MP, ME
MP, ME
Tebuconazole Triazóis Policur CE Sistêmico
BR, MP
Trícyclazone Benzodiazóis BIM 750 BR Sistêmico
BR
Fentil Acetato Org. Estâmicos Brestam PM Contato
Hokko Suzu 200 Contato BR.MP,ME
BR
Fentil hidróxido Org. Estâmicos Brestanid SC Contato
Mertin 400 Contato -, BR
BR.MP

BR - brusone, MP - m ancha parda, ME - m ancha estreita, Rhs - Rhizoctonia solani, Rhsp - Rhizõctonia sp
FONTE: AND REI, 1993.
2.3 - A rroz na sub-bacia do Córrego Garuva

A produção do arroz na sub-bacia do Córrego Garuva, embora antiga, sofreu um


forte incremento a partir dos anos 80 com a difusão do Projeto Pró-várzeas. Em períodos
anteriores à expansão da rizicultura, as áreas estavam ocupadas em quase sua totalidade
pela exploração de bovinos destinados ao abate.
O arroz irrigado é cultivado em terrenos localizados no vale (FOTO 01), ocupando
793 hectares, equivalendo a 17,2% da área total da sub-bacia. Segundo HADLICH (1997) o
arroz é cultivado em uma área central menos declivosa (declividade inferior a 8%), sobre
solos tipo glei ( 643 ha) e cambissolos ( 150 ha).

M. Darélla (08/01/00).
FOTO 01 - Localização das áreas de produção de arroz na sub-bacia do Córrego Garuva.

Através das entrevistas com os proprietários rurais residentes na sub-bacia, foi


possível concluir que 88% dos terrenos cultivados com arroz pertencem aos próprios
produtores, enquanto que apenas 12% são por arrendamento. As propriedades que
trabalham este tipo de cultivo apresentam-se principalmente concentradas em áreas que
variam de 6 a 20 hectares, e que representam 77% da área cultivada, conforme QUADRO
05.
QUADRO 05 - Tamanho das áreas cultivadas com arroz na sub-bacia do Córrego Garuva

TAMANHO DAS PROPRIEDADES i PERCENTAGEM |

De 6 até 10 hectares 13%

De 11 até 15 hectares 39%

De 16 até 20 hectares 25%

De 20 até 45 hectares 15%

Maisjjue 45 hectares 8%

Segundo os entrevistados, todas as propriedades com arroz irrigado utilizam o


sistema pré-germinado em período superior 10 anos; para eles este método apresenta
maior rentabilidade por área cultivada com menor custo de produção.
Na sub-bacia o preparo do solo visando a formação do lodo ou lama, assim como o
nivelamento e alisamento é realizado segundo as recomendações da EPAGRI.
Em um primeiro momento, via de regra iniciado no mês de junho, são realizadas as
primeiras gradagens, trabalhando a camada superficial do solo para a formação da lama.
Esta prática é realizada em solos úmidos, incorporando a palhada da cultura anterior, com o
destorroamento do solo realizado com enxada rotativa sob inundação. Esta etapa realizada
por tratores com grades aradoras ocorre até o final de junho; a partir daí a área ficará em
repouso, com crescimento de algumas plantas invasoras. Uma segunda aração será
realizada porém em solo seco, seguida de destorramento com posterior reconstituição das
taipas e inundação da área com lâmina d’água de aproximadamente 10 cm para formação
da lama, utilizando-se para isto roda de ferro tipo “gaiola”, em terrenos sem a presença de
restos de plantas daninhas.
Em um segundo momento, será realizado um renivelamento e alisamento do
terreno inundado (entre o final de agosto e primeira quinzena de setembro), estando pronto
para o recebimento das sementes pré-germinadas.
As águas para o cultivo de arroz irrigado são retiradas do Córrego Garuva, via de
regra por bombeamento e distribuídas por canais coletores principais (FOTO 02). Os canais
principais são construídos em níveis acima das quadras ou canchas, para possibilitar o
deslocamento da água por gravidade. A construção de açudes é comum na área estudada
se constituindo em reservatórios d’água para épocas de maior utilização. Embora não sejam
registrados conflitos na distribuição de águas, ocorrem períodos em que a mesma
encontra-se em menor quantidade, ou por menor precipitação, ou por maior uso.
As águas que chegam às lavouras de arroz irrigado são consideradas como de boa
qualidade, e não sofrem influência da cunha salina.

M. Darélla (08/01/00).
FOTO 02 - Área de rizicultura na sub-bacia do Córrego Garuva, mostrando em primeiro plano os
canais de irrigação e ao fundo açude.

Para ser realizada a adubação da área a ser cultivada, são analisadas amostras de
solo pela EPAGRI e a correção segue orientação de agronômos, sendo diferente em cada
propriedade. Os agricultores via de regra utilizam NPK como adubação, 20 dias antes da
semeadura, tempo necessário para a solubilização do adubo e assim tomar-se disponível.
Uma segunda adubação denominada como de cobertura, é realizada no início do
perfilhamento, em tempo médio de 20 dias após a semeadura; esta adubação é nitrogenada
e alguns produtores acrescem potássio. Outra adubação nitrogenada é realizada quando o
cultivo estiver no ponto de algodão, em tomo de 65 dias após a semeadura.
O plantio inicia-se após 15 de outubro, estendendo-se até 30 de novembro, dentro
da faixa proposta para o sul do estado, conforme FIGURA 04. A semeadura é realizada
com sementes pré-germinadas, variedades EPAGRI 108 E EPAGRI 109, com distribuição a
lanço, nos quadros nivelados e totalmente inundados com uma lâmina d’água de
aproximadamente 5 cm; os produtores utilizam estacas ou balizas para demarcarem as
áreas cobertas pela semeadura, utilizando os períodos da manhã, em que o vento é menos
forte. Como regra geral, a densidade de semeadura é de 500 sementes aptas por metro
quadrado.
Os métodos químicos para o controle de doenças, pragas e plantas daninhas na
cultura de arroz na sub-bacia do Córrego Garuva são utilizados em 100% das propriedades.
No entanto, constatou-se que muitas vezes o agricultor utiliza os agrotóxicos de
forma preventiva, sem conhecimento dos problemas fitossanitários presentes e das
consequências ao meio ambiente. Para atingir o efeito desejado sobre os agressores, os
agrotóxicos só devem ser utilizados com conhecimentos técnicos e identificação dos
agentes que estão provocando danos ao cultivo. Assim, o agricultor deverá aplicá-los nas
quantidades corretas, no momento ideal, e com grande preocupação na preparação,
aplicação, lavagem dos equipamentos e armazenagem desses produtos tóxicos.

Estiado àu S anta C-ata^na


(D ivisão política - 1994)1

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do cTtoz irrigado {períodos fa vo rá ve is d e sem eadura)
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10 O IO 2D 30 40 50

q-jilorTretros
Ma pa elaborado e organizado pela EPAGOI
(escala a coordenadas aproximadas)

Legenaa

Periodo favorável de semeadura de 21 de agosto a 10 de janeiro

P s r í n r i n f a v n r á v p l ri» R ftm ftflriiirp r i» 11 H r s M f tm b r n a 3 1 ri» r ip 7p m h r n

Período favorável de semeadura de 21 de setembro a 20 de dezembro

P p r in r in fa v n rá v ftl rie «M *m enrilira r i » 71 r ie «y »te m b rn a 10 rif» rif>7(»m hm

Período favorável de semeadura de 11 de outubro a 10 de dezembro

Cultivo não recomendado

FIGURA 04 - Mapa de Zoneamento Agrícola para a cultura do Arroz Irrigado.


FONTE: EPAGRI, 1997: 19/20).

Através da observação de como os agricultores da sub-bacia, ligados à produção


de arroz, escolhem, preparam e aplicam os agrotóxicos, ficou evidente que suas práticas
estão muito distantes das recomendações técnicas.
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Do total de entrevistados, 66% declaram que adquirem os pesticidas com


receituário agronômico, mas no entanto somente 10% dizem seguir as recomendações nele
contidas. Um dos produtores da área afirmou que a compra dos agrotóxicos, por ele
utilizados ocorre na fronteira, tanto do Paraguai como do Uruguai e Argentina; acrescentou
ainda que vale a pena, pois o produto custa a metade do preço e produz os mesmos efeitos
dos nacionais, citando o FACET como exemplo.
As orientações para a aplicação, são prestadas principalmente por pessoas não
habilitadas para este fim (conforme FIGURA 05), e a procura por engenheiros agrônomos é
feita pelos produtores novos na atividade, ou quando existirem casos graves nas lavouras.
Os dados revelam que 47% dos produtores não recebem nenhuma orientação quanto à
aplicação dos agrotóxicos, realizando as práticas através de informações adquiridas
anteriormente ou aprendendo na atividade propriamente dita; outros 27% dos agricultores
utilizam os agrotóxicos seguindo orientações de outros produtores com alguma experiência
adquirida.

□ nenhum a o rien tação


□ outros produtores
□ eng enheiro agrônom o
□ balconistas

FIGURA 05 - Declaração dos produtores de arroz da sub-bacia do córrego Garuva quanto à


orientação para aplicação de agrotóxicos nos cultivos de arroz.

As doses utilizadas, via de regra, estão acima das recomendadas, levando desta
forma a um uso excessivo dos produtos. Esta prática é estimulada principalmente pelas
informações prestadas pelos balconistas ou por outros produtores. Quando questionados,
constatamos que na maioria das vezes a justificativa para tal prática reside em um
“conhecimento do produto e das pragas”, e que doses recomendas não produzem quase
efeito nenhum, não diminuindo os prejuízos causados pelas pragas, doenças e plantas
daninhas, e assim “recomendamos normalmente aumentar 1/3 na dose de aplicação”.
As aplicações geralmente são de caráter preventivo, realizadas em períodos
programados pelos produtores, sem levar em consideração a presença de problemas
fitossanitários. Em conversas com alguns engenheiros agrônomos da região, estes
relacionam alguns dos tratamentos preventivos utilizados como desnecessários, e
apresentam uma estimativa média de 30% de produtos utilizados sem a devida
necessidade.
Através da FIGURA 06, constatou-se que predominantemente as aplicações de
agrotóxicos são de 21 a 22 dias, seguidas do intervalo de 27 a 30 dias. Como o período de
cultura é em torno de cinco meses, são realizadas no mínimo cinco aplicações em datas
pré-estabelecidas.

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%

FIGURA 06 - Período (em dias) entre as aplicações de agrotóxicos nos cultivos de arroz da sub-bacia
do Córrego Garuva, segundo relato dos agricultores.

Os produtores de arroz da área utilizam, um número variado de pesticidas,


conforme apresentados no QUADRO 06.
A utilização de coquetel para aplicação é uma prática comum, e objetiva aumentar
a ação dos produtos. São utilizados dois ou mais produtos, misturando fungicidas com
inseticidas para aplicação diretamente nas lavouras, ou limpeza de taipas e estradas.
Misturas, como Ally + Sirius + Facet + óleo mineral ou Roundup + 2,4 D (herbide) +
Nuvacron, são muito empregadas no combate a plantas daninhas.
A aplicação de herbicidas isoladamente ocorre no preparo do solo e no período de
perfilhamento (50 a 60 dias após a semeadura), objetivando controlar principalmente o
suraimento do caDim arroz, também conhecido como carnevão.
QUADRO 06 - Agrotóxicos mencionados como os mais utilizados no cultivo de arroz na sub-
bacia do Córrego Garuva.

NOME CLASSE GRUPO QUÍMICO


CLASSE OBSERVAÇÕES
COMERCIAL TOXICOLÓGICA

Controle de plantas daninhas


Sirius Herbicida IV Pirazosulfuron-Etil
(Cyperaceas, Aguapé e chapéu
de couro)

Roundup Herbicida IV Glicina Recomendado para controle não


seletivo de plantas daninhas.
Periodo entre aplicações de 42 a
56 dias

Ronstar Herbicida II Oxadiazoles Atua no controle das ervas


daninhas, apresentando um
periodo de carência de 30 dias.
Aplicação incompatível com
produtos de reação alcalina, entre
eles a calda bordaleza.

Nuvacron Inseticida 1 Organofosforado Periculosidade ambiental:


Altamente perigoso, sendo tóxico
para aves, abelhas e organismos
aquáticos.

Karatê Inseticida II Piretróide Aplicado para o controle da


lagarta das folhas, apresentando
um período de carência de 30
dias.

Furadan Inseticida 1 Carbamato Utilizado no controle da bicheira


do arroz, apresentando um
periodo de carência de 30 dias.
Incompatível com herbicidas a
base de propanil.

Folicur Fungicida III T riazóis Não apresenta indicação para


uso no arroz. Carência de 35 dias

Herbid Herbicida 1 Fenoxiácido Controle de ervas daninhas.


Carência não determinado.

Facet Herbicida III Quinolina Controle de capim arroz e


angiquinho. Período de carência
de 30 dias.

Decis Inseticida II Piretróide Utilizado no controle da lagarta.


Período de carência de 37 dias.

Ally Herbicida III Sulfoniluréias Utilizado no controle de plantas


daninhas (angiquinho) no arroz
irrigado. Intervalo de Segurança
de 30 dias.

Limpeza dos canais de inundação e drenagem são feitos mecanicamente, para a


retirada de sujeiras, empregando-se retroescavadeira, ou foices manuais; os agrotóxicos
são utilizados após esta prática, aplicando-se herbicidas dessecantes.
Os principais problemas fitossanitários encontrados na área de estudo estão
relacionados na TABELA 05.
TABELA 05 - Principais pragas, plantas daninhas e doenças relacionadas pelos produtores
no cultivo de arroz na sub-bacia Córrego Garuva

PRAGAS PLANTAS DANINHAS DOENÇAS

Percevejo do colmo Pinheirinho Brusone


Percevejo do grão Chapéu de couro
Lagarta da folha Capim arroz
Moluscos gastropodes Arroz vermelho
Corió Aguapé
Carnevão
Bicudo
Bicheira da raiz
Pulga

Os problemas apontados como de maior incidência são o percevejo do colmo e do


grão, a bicheira da raiz e a lagarta; a doença conhecida como brusone, embora não ocorra
com tanta evidência, preocupa grandemente os produtores, tendo em vista que uma vez
instalada, pode diminuir em muito os índices de produção. De acordo com os entrevistados
o número de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras de arroz diminuíram
significativamente nos últimos anos, podendo ser reflexo da quantidade de tratamentos
preventivos utilizados.
O período de efeito residual, assim como período de carência e reentrada nas
lavouras, não é de conhecimento da maioria dos produtores. Alguns destes alegam que
“isto é para o produto ser aprovado para a venda, mas não têm efeito nenhum na produção,
assim como na saúde”. O tempo de entrada nas lavouras após a aplicação dos agrotóxicos
varia de propriedade para propriedade, mas é mais freqüente que ocorra no mesmo dia
(QUADRO 07). Entretanto, um número reduzido de produtores relata que durante o dia da
aplicação e no dia seguinte, o produto estará suspenso no ar, podendo ocasionar problemas
de intoxicação nas pessoas.

QUADRO 07 - Tempo de entrada nas lavouras de arroz de arroz irrigado, na sub-bacia do


Córrego Garuva, segundo relato dos produtores rurais

1TEMPO DE ENTRADA | PERCENTAGEM

1mesmo dia 57%

1de 1 até 3 dias 33%

I de 3 até 5 dias 5%

Isuperior a 5 dias 5%
A distância entre a lavoura e a residência da família, pode ser bastante exigua
como se observa na FOTO 03 e FIGURA 07; e, em 50% dos casos estão a menos de 500
metros, o que leva grande risco, pois os produtos aplicados poderão chegar facilmente às
residências, causando sérios problemas de saúde.

M. Darélla (08/01/00).
FOTO 03 - Proximidade das residências com as áreas de cultivo do arroz irrigado, na sub-bacia do
Córrego Garuva.

Na aplicação dos agrotóxicos fatores de segurança não são levados em


consideração, como por exemplo os bicos de pressão dos pulverizadores. Conforme o tipo
de bico uma maior ou menor quantidade de agrotóxico será aplicado. Outro fator importante
diz respeito a substituição dos bicos, que somente é realizado quando existir vazamento.
Outro problema é a utilização de pulverizadores bastante velhos, com idade superior a dez
anos, em 60% das propriedades. No acompanhando da aplicação, constata-se que a
maioria dos pulverizadores apresentam vazamentos em diversos locais, levando a um
consumo maior de agrotóxicos e a um verdadeiro “banho nos aplicadores”, que ficam
completamente molhados com as caldas utilizadas.
Os tipos de pulverizadores utilizados pelos agricultores, dependem do nível
tecnológico e económico de cada propriedade, podendo variar desde o pulverizador costal
manual, pulverizador costal motorizado ou pulverizador em barra.
át>

m e n o s de 500m d e 5 0 0 a té 1 0 0 0 m d e 1 0 0 0 a té 2 0 0 0 m

FIGURA 07 - Distância entre a casa e as lavouras de arroz irrigado na sub-bacia do Córrego Garuva.

A utilização de pulverizador costal manual é empregado na maioria das


propriedades (FIGURA 08), principalmente por motivos econômicos, e de menor
manutenção, mas que, por outro lado, requer maior tempo para a aplicação. Como regra
geral, os agricultores não aplicam os agrotóxicos em dias chuvosos e em horários com
grande incidência de ventos. As pulverizações são realizadas no início do período da
manhã (58%) dos casos, podendo se estender até a tarde (42%). As pulverizações da
manhã ocorrem das 7 até às 12 horas, e as da tarde das 14 às 18 horas.

□ p u lv e r iz a d o r e m b a rra
□ costal moto rizado
□ c o s t a l manual

FIGURA 08 - Tipos de pulverizadores utilizados nos cultivos de arroz irrigado, segundo


informações dos produtores rurais.
No cultivo de arroz, as pulverizações são realizadas na maioria das vezes por
pessoas contratadas para este fim, seguido pelos filhos homens e em menor percentagem
pelos proprietários (FIGURA 09). As justificativas são diversas, porém as de maior
expressão residem no fato que os “venenos” são muito fortes e prejudiciais às pessoas mais
velhas.

.-

D pro prietário
Qfiihos homens
□ contratados
□filhos +corrtratados

FIGURA 09 - Trabalhadores responsáveis pelas pulverizações no cultivo de arroz na sub-bacia do


Córrego Garuva.

Os agrotóxicos são aplicados principalmente pelo sistema benzedura, com a


utilização de pulverizador costal sem bico aspersor. Outros equipamentos na prática do
sistema benzedura, como as garrafas plásticas com tampa perfurada não estão mais em
uso. Os aplicadores realizam o sistema benzedura, em lâmina d’água baixa, que deverá
ficar com água parada em torno de 10 dias, retomando ao volume normal após este
período.
Dos entrevistados apenas 6% dizem que os aplicadores utilizam equipamento
completo de proteção (botas, luvas, macacão, chapéu e máscara), enquanto a grande
maioria, 62% dos casos, somente faz uso de botas (FIGURA 10).
A não obediência aos padrões de segurança dos trabalhadores rurais quanto à
aplicação dos agrotóxicos é justificada pelas mais variadas formas. Os produtores afirmam
que os equipamentos de proteção individual são muito quentes, causam dificuldade para
respirar e impossibilitam a movimentação para a execução das atividades. Quando
questionados a respeito dos problemas de saúde gerados pela aplicação de pesticidas, os
mesmos afirmam que “ os problemas de intoxicação ocorrem em pessoas fracas e mal
nutridas, e seguindo a orientação de não aplicar em dias ventosos , não existirá problema
algum à saúde”.

p v e s tu á rio com pleto


© b o ta s
D botas + luvas
Igjfnacacão + botas §f|

FIGURA 10 - Equipamentos de proteção individual utilizados para a aplicação de agrotóxicos no


cultivo de arroz irrigado na sub-bacia do Córrego Garuva.

Quanto à toxicidade dos agrotóxicos, a grande maioria dos agricultores afirmam


que todos os produtos químicos apresentam perigo (maior ou menor) à saúde e apontam
como os mais perigosos os inseticidas Furadan e o herbicida 2,4 D. Já como menos
perigosos , destacam Sirius (29%), Roundup ( 38%) e Karatê (14%). E para 19% dos
entrevistados, não existe nenhum agrotóxico que cause problemas à saúde (FIGURA 11).

FIGURA 11 - Agrotóxicos menos perigosos segundo opinião de rizicultores da sub-bacia Córrego


Garuva.
39

Quanto ao destino das embalagens vazias dos agrotóxicos utilizados nas lavouras
de arroz, as orientações técnicas são praticamente descartadas pelos produtores, não
existindo em nenhuma propriedade a construção de lixeira tóxica, assim como outro local
destinado para armazenar as embalagens vazias.
Na pesquisa de campo a maior parte dos entrevistados afirma que as embalagens
vazias são deixadas nas lavouras (45%) ou jogadas nos rios ou córregos (36%), (FIGURA
12). Alguns afirmam ainda que a EPAGRI está desenvolvendo um programa de coleta e que
as embalagens vazias após a tríplice lavagem realizada nos córregos e açudes, são
armazenadas nos galpões até o período de coleta. As embalagens plásticas e em pacotes
de papel podem ser também queimadas nas lavouras.

FIGURA 12 - Destino da embalagens vazias de agrotóxicos utilizados no cultivo de arroz na sub-bacia


do Córrego Garuva.

Os resultados apresentados acima, nos levam a uma reflexão da realidade vivida


pelos produtores de arroz na sub-bacia do Córrego Garuva. As informações e orientações
apresentam-se bastante falhas, incentivadas principalmente pelos balconistas e por outros
agentes, que não da área técnica especializada, que objetivam venda maior dos
agrotóxicos, não sendo considerados os riscos como fatores importantes tanto para o meio
ambiente, como para a saúde dos produtores.
40

3. O CULTIVO DA BANANA

3.1 - Características Gerais

A banana é urna das frutas tropicais mais consumidas no mundo, apresentando


grande importância socio-econômica e nutricional; mobiliza grande contingente de mão-de-
obra e permite um rápido retomo econômico ao produtor (DURIGAN & RUGGIERO, 1995).
A níveis mundiais a banana ocupava o segundo lugar entre as frutas mais
produzidas nos anos de 1982 e 1984 e a partir de 1986 até 1994 passou a liderar a
produção mundial ( MANICA, 1997).
No Brasil, de acordo com BORGES et allí (1997), a banana é cultivada de norte a
sul, em uma área aproximada de 521.200 ha, envolvendo desde a faixa costeira até os
planaltos interioranos. No ano de 1991, o volume total de produção ficou em torno de seis
milhões de toneladas, com o Sudeste contribuindo com 33% do total, o Nordeste com 29%,
o Norte com 18%, o Sul com 11% e a região Centro-oeste com 9%. Com bases em dados
de 1991, DANTAS et alii (1997) apresentam como maiores produtores estaduais, a Bahia
com 18%, São Paulo com 14%, Santa Catarina com 9% e Minas Gerias com 8%. A Bahia é
o estado brasileiro que lidera também em área plantada/colhida, ficando em segundo lugar o
estado de São Paulo, seguido pelo Ceará. Já para o IBGE (1995) Santa Catarina ocupava
no ano de 1994 o nono lugar na produção de bananas, com 31.682 ha plantados.
A produção nacional é suficiente para atender a demanda interna, apesar de vários
fatores serem responsáveis diretos pela baixa produtividade, entre eles a má qualidade dos
frutos, e a presença de grandes perdas e doenças.
A bananicultura brasileira apresenta caraterísticas próprias que a diferenciam das
demais regiões produtoras do mundo, tanto no que diz respeito à diversidade climática em
que é explorada, quanto em relação ao uso de cultivares, à forma de comercialização e às
exigências do mercado consumidor. De modo geral os cultivos seguem os padrões
tradicionais, com baixos índices de capitalização e tecnologia. Cultivos tecnicamente
orientados são encontrados em São Paulo, Santa Catarina, Goiás e Minas Gerais; neles se
observa a utilização de tecnologias importadas e adaptadas de outros países (ALVES &
OLIVEIRA, 1997).
Quanto à morfologia, a bananeira ( Musa spp ) é considerada uma erva gigante
monocotiledônea, não apresentando caule, sendo a parte aérea (o pseudocaule,
41

semelhante a um tronco) nada mais que um amontoado de folhas, justapostas e imbricadas


umas nas outras, de forma compacta e consistente. O caule da bananeira, na verdade é
subterrâneo, chamado de rizoma, consistindo no verdadeiro centro vital. No rizoma ocorre a
formação das folhas, das raízes e as influorescências, através das quais há a reprodução
vegetativa, sem sementes férteis, ou presença de métodos sexuados.
A bananeira adapta-se bem em regiões tropicais de altitude pouco elevada e em
terrenos bem drenados e livres de geadas severas. O crescimento da bananeira depende de
seu potencial genético, vigor vegetativo, natureza da muda, clima, solo, incidência de
moléstias, pragas e dos tratos culturais; como é uma planta perene, cujo ciclo vegetativo se
desenvolve num ritmo contínuo e acelerado, é muito dependente das condições climáticas,
cujos principais fatores (temperatura e umidade) podem afetar seu desenvolvimento e
causar efeitos diretos na produção, tanto quantitativa como qualitativamente ( MEDINA et
alli, 1985; MANICA, 1997).
A bananeira é uma planta estenotérmica apresentando limites térmicos bastante
estreitos para um bom desenvolvimento, conforme referência MANICA (1997):

“ A te m peratura ideal para o crescim ento da bananeira e a produção de


fru to s de p rim eira qualidade com grande pro du tivida de por hectare está
situada entre a fa ixa com te m p era tura m édia de 21 a 27°C , sendo que a
te m p e ra tu ra ó tim a para a bananeira está entre 24 a 25°C. Em te rm o s de
crescim ento da planta, raízes, folhas e desenvolvim ento dos fru to s pode ser
considerada com o lim ite s extrem os e tolerados a tem peratura m ínim a de
16°C e a m áxim a de 37°C ( p.43).

Temperaturas abaixo de 15°C , provocam paralisação da atividade da planta, e


acima de 35°C o desenvolvimento é inibido, principalmente devido à desidratação dos
tecidos e em especial das folhas ( MEDI NA et alli, 1985). O efeito da temperatura é tanto
mais severo quanto maior for sua duração. Temperaturas baixas podem provocar o
“chilling” ou seja, a coagulação da seiva na região sub-epitelial da casca, bem como:

“a com pactação da roseta fo lia r, d ific u lta n d o o lançam ento da inflorescencia


ou provocando o seu ‘engasgam ento’ , que de tal m aneira deform a o cacho a
ponto de in via b iliza r a sua com ercialização . Quando a te m peratura baixa ao
nível de 0° C, sobrevêm a geada, causadora de graves prejuízos, ta n to para a
safra pendente com o para a que se seguirá " ( MOREIRA,1 987).

No Brasil, a maioria das áreas produtoras de banana, apresentam temperaturas


entre 18°C e 34°C, encontradas nas regiões Norte e Nordeste, assim como em parte das
regiões Sudeste e Centro-Oeste; há cultivos em microrregiões subtropicias dos Estados de
42

São Paulo, Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, com cultivares de melhor
tolerância ao frio (ALVES & OLIVEIRA, 1997; MOREIRA, 1987).
A bananeira, quando em condições ideais de temperatura mantém um ritmo
contínuo de crescimento, podendo emitir uma folha por semana. As maiores produções
estão associadas a uma precipitação total anual de 1.900 mm, bem distribuídos no decorrer
do ano, ou seja, sem deficiência hídrica; quando esta for superior a 80 mm anuais, a cultura
não se desenvolve satisfatoriamente, afetando consequentemente, a produção, a
produtividade e a qualidade do fruto (BRUNINI, 1984; BORGES et alli, 1997; ALVES &
OLIVEIRA, 1997).
A falta de água é mais prejudicial nas fases de diferenciação floral (período floral),
e no início da frutificação; quando existir escassez severa de água, a roseta foliar irá se
comprimir , dificultando, ou até mesmo impedindo, o lançamento da inflorescência
(MOREIRA, 1987; MEDINA et alii, 1985.; BORGES et alli, 1997).
Conforme MANICA (1997):

“ A fa lta de água para a planta pode d ete rm ina r o fe cham ento dos
estôm atos, um a d im inu ição na fotossíntese. A planta irá necessitar de m aior
te m p o para a produção de novas folhas, consequentem ente irá fo rm a r um
m enor núm ero de folhas, resultando em d im inu ição dos órgãos flo ra is ,
cachos e fru to s . A quantidade de água que uma bananeira necessita depende
do estágio de desenvolvim ento da planta, núm ero de m udas p o r hectare, tip o
de solo, época do ano, tratos cu lturais e dos diferentes cu ltivares” (p.48).

A falta de água afeta todo o crescimento, podendo ser observados como sintomas
iniciais da seca, uma leve dessecação das folhas, perdendo o vigor. Caso as condições
negativas prossigam, estas folhas murcham totalmente, provocando em seguida a morte
total da planta.

Em condições de pluviosidade intensa, a bananeira se mostra como uma planta de


boa resistência, suportando até precipitações de mais de 3.000 milímetros anuais. No
entanto, solos mal drenados e com água estagnada também são extremamente prejudiciais,
podendo atrasar a maturação da planta. Nos solos mais profundos, com boa capacidade de
retenção de umidade, o limite mínimo de 100 mm/mês será suficiente; naqueles com menor
capacidade de retenção , esse limite, deve alcançar 180 mm/mês ( PODOVANI, 1989).
Assim, como acentua PADOVANI (1989), a bananeira exige, para se desenvolver
favoravelmente, um solo fértil, relativamente profundo e drenado, de modo que o lençol
freático deve estar abaixo da zona que as raízes podem atingir. A parte superficial do solo
precisa possuir boas qualidades físicas e químicas, já que a maior parte das raízes da
43

planta está situada nos primeiros quarenta centímetros.

Para ALVES E OLIVEIRA, (1997):

“os solos aluviais são os mais p ro d u tivo s da faixa tro p ic a l, mas


representam apenas 8% desta área . T ra ta -se de solos planos e
insuficientem ente drenados cuja te x tu ra varia de areia a argila pesada. Na
Am érica C entral e do Sul a m aioria da banana para fin s de exportação é
p ro d u zid a nestes solos. Com adequada aplicação de fe rtiliz a n te s , os solos
aluviais vêm gerando boas produções de banana há mais de 40 anos
(p.48).

No Brasil, de acordo com MOREIRA (1987) a bananicultura comumente é


encontrada nos solos Podzólicos Vermelho-Amarelos, geralmente com profundidade média
de 0,60 a 1,20m; nestes, a topografia é pouco acidentada e permite a mecanização, sendo
no entanto necessário a aplicação de corretivos e fertilizantes. Os Latossolos Roxos de
média a alta fertilidade ( Terra Roxa Legítima) são bastante indicados para a bananicultura;
os demais solos desta categoria, embora dotados de média a baixa fertilidade (terra roxa
misturada) são também recomendados. Os Latossolos Vermelho-Escuros , também
prestam-se a esta atividade, ainda que não dispensem a adubação, a correção de acidez e
a irrigação.
Em áreas que apresentam declividade acentuada, devem ser tomadas as medidas
para o controle da erosão, com a implantação de curvas de nível e a escolha para o
desenvolvimento do bananal recai naqueles locais que recebem boa insolação, devendo-se
evitar ventos frios.

3.2 - Tratos Culturais

A capina ou controle cultural, desbaste, desfolha, escoramento, estabelecimento de


quebra-ventos, aplicação de adubos, limpeza dos valos de drenagem, ensacamento dos
cachos e corte do pseudocaule são os principais tratos culturais que deverão ser
executados nos bananais. Constituem os fatores básicos para que uma cultivar manifeste o
seu potencial de produtividade, traduzido em maior produção e em produtos de melhor
qualidade.

Capina
As bananeiras sofrem bastante com as ervas daninhas. Estas, além de concorrerem
principalmente em nutrientes, iluminação e água, podem ser hospedeiras de inúmeras
pragas.
44

Como salienta MANICA (1997):

“Um solo livre de plantas daninhas na cu ltura da bananeira apresenta


algum as vantagens: evitar a concorrência em água, luz e n utrientes: evitar o
ve to r do m osaico, inseto tran sm isso r de m oléstias e depre ciad or da
qualidade dos fru to s ; fa c ilita r a circulação no in te rio r do bananal para
p ulverizar, adubar e colher os cachos; d im in u ir o ciclo de produção e
aum entar a qualidade e as quantidades dos fru to s p roduzidos" (p .219).

As plantas daninhas no bananal podem ser controladas por meios mecânicos e


químicos, além do uso de cobertura vegetal e com polietileno preto.
A capina manual é o meio mais antigo e comum utilizado em todo o mundo. Este
controle deve ser realizado com a enxada a pouca profundidade ou mesmo com uma foice
bem rende ao solo, tão logo comecem a aparecer as invasoras. Segundo ALVES &
OLIVEIRA, (1997), nos cultivos tradicionais não-mecanizáveis, a capina deverá ser realizada
de forma sistemática, até que a sombra do cultivo seja suficiente para retardar a germinação
ou a rebrota de plantas daninhas:

“ Nos cinco p rim eiro s meses da instalação de um bananal, este é


bastante sensível à com petição das plantas daninhas, requerendo cinco a
seis capinas” ( p .52).

Segundo MEDINA et alii (1995), a capina manual tem baixo rendimento


operacional, já que são necessários de 15-20 homens/dia para trabalhar um hectare com
densidade de 1.300 touceiras; já a roçada manual demanda praticamente a metade deste
tempo.
Ao executar o controle mecânico é necessário ter o cuidado de não ferir os filhos
das bananeiras, já que estes são facilmente penetráveis por microorganismos causadores
de moléstias.
Devido ao baixo rendimento e alto custo, a capina manual é impraticável em
grandes cultivos de banana. Em áreas mecanizáveis, a capina é feita com grade até o
segundo ou terceiro mês após o plantio: transcorrido esse período, as raízes do cultivo já
deverão ter ocupado boa parte da área que lhe é destinada e, por conseguinte, podem ser
danificadas pela grade. O emprego da enxada rotativa acoplada ao microtrator, representa
a melhor maneira de manter o bananal limpo durante a sua fase de formação (até os cinco
meses após o plantio), pois permite graduar a profundidade de corte, evitando danificar as
raízes mais profundas. A enxada rotativa é utilizada no bananal aos vinte, quarenta e
sessenta dias depois do plantio das mudas, na profundidade de 2 cm e na velocidade de
45

240 rpm com a tampa a 45 graus de abertura, e com o trator andando em baixa velocidade
(MEDINA et alii, 1985; MANICA, 1997; ALVES & OLIVEIRA,1997).
Outro método de controle de plantas daninhas tem por base o emprego de
herbicidas seletivos. Estes eliminam as plantas daninhas, retardam seu crescimento ou
causam-lhes toxicidade sem produzirem o mesmo efeito no cultivo. De acordo com
BORGES et alli (1997), o controle químico pode superar com vantagens as capinas manuais
e mecanizadas, desde que as condições na área de cultivo sejam apropriadas à sua
aplicação e os herbicidas sejam adequadamente escolhidos de acordo com o tipo de planta
daninha a ser controlada, ou seja, de folha estreita, larga ou ambas.
Os herbicidas utilizados na bananicultura podem ser classificados quanto à sua
atuação em: sistêmicos, residuais e de contato. Pertencem à categoria dos sistêmicos os
chamados herbicidas pós-emergência que aplicados em uma parte da planta (nas folhas),
apresentam a capacidade de ser absorvidos e translocados pela seiva para outra parte da
planta (as raízes) causando seu secamento. Para maior eficácia dos herbicidas pós-
emergência existe a necessidade de pelo menos 6 horas sem chuva após a aplicação. São
utilizados para controlar as gramíneas, em especial as ciperáceas. Para uma completa
limpeza do terreno, normalmente torna-se necessário mais de uma aplicação.
Os herbicidas residuais são aqueles aplicados ao solo em pré-emergência ou antes
do mato aparecer; têm sua ação prolongada durante certo tempo, e são absorvidos pelas
raízes das plantas ou sementes em germinação, causando-lhes a morte.
Para DURIGAN (1984):

“ De m odo geral, quando as plantas daninhas são pequenas, um a


aplicação do herbicida residual com o a uxílio de espalhante adesivo é
suficiente. Quando já estão mais desenvolvidos (altura em to rn o de 3 0 -4 0
cm), a m istura com herbicida de p ós-em ergência se faz necessária.
Finalm ente nos estágios mais avançados (mais de 50 cm de altura), não se
recom enda a presença de herbicida residual na m istura, já que a espessa
massa vegetal existente prejudica o contato desse p roduto com o solo,
indispensável para que sua atuação seja e ficie nte ” ( p.1 66).

Os herbicidas de contato, também chamados de pós-emergentes, são aqueles que


atuam unicamente sobre os tecidos vegetais que entram em contato. Devido a isto, para que
tenham ação, deverão ser empregados em volumes elevados de água, como 400-500
litros/ha. Os compostos mais utilizados como herbicidas de contato na bananicultura são o
Gramaxone (Paraquat) e o Reglone (Diquat). Para plantas menores que 10 cm, são
utilizados 2 litros/ha do Gramaxone, e quando maiores que 10 cm, 3 litros/ha. Para ALVES &
OLIVEIRA (1997), é de extrema importância realizar uma aplicação antes que as plantas
46

daninhas tenham posto sementes.


A associação dos métodos de controle são bastante eficazes e econômicos,
principalmente na fase de formação de cultivo. No Brasil, os métodos mais utilizados ainda
são a capina e a ceifa manual, porém em áreas mais tecnificadas, a utilização dos métodos
químicos está cada vez mais em evidência.

Desbaste
É a operação por meio da qual se elimina o excesso de rebentos, ou filhos, e que
visa obter uma maior qualidade do produto.
O momento do desbaste dependerá das condições climáticas, da situação do
mercado e de questões de oportunidade.
Recentemente, a Standard Fruit Co, desenvolveu um sistema de desbaste
periódico total que permite a colheita em determinado período do ano, de acordo com o
mercado alvo. Conhecido como “colheita programada”, esse sistema seleciona filhos de
idades similares e elimina plantas de diferentes idades, a fim de possibilitar a colheita dentro
de um período máximo de 12 meses. Essa operação é repetida a cada nove meses ou
quando as condições de mercado indicarem a sua conveniência ( ALVES & OLIVEIRA,
1997; BORGES et alli, 1997).
Para MOREIRA (1987), em cada ciclo do bananal deve-se deixar apenas a mãe,
um filho e um neto, ou a mãe e um ou dois seguidores (filhos), eliminando-se os demais.
Recomenda-se que essa eliminação seja feita quando os rebentos atingirem a altura de 20 a
30 cm, tomando-se o cuidado de proceder a eliminação total da gema apical de
crescimento, para evitar a possibilidade de rebrotação.
De modo geral, os desbastes são realizados aos quatro, seis e dez meses do
plantio, na fase de formação do cultivo; em bananeiras adultas obedecem ao programa de
eliminação de folhas secas. Todavia, como acentuam ALVES & OLIVEIRA (1997) e
BORGES et alli (1997) o esquema de desbaste está condicionado sobretudo a fatores
econômicos, ou seja, ao rendimento e à variação sazonal dos preços.

Desfolha
A eliminação de folhas secas, mortas, ou aquelas que, mesmo ainda verdes, ou
parcialmente verdes, estejam com o pecíolo quebrado, deve ser regularmente realizada a
fim de iiberar a planta daqueias partes cuja atividade fotossintética não corresponda a seus
requerimentos fisiológicos. Permite assim um melhor arejamento e luminosidade, acelera o
desenvolvimento dos filhos, controla certas pragas e doenças que utilizam ou requerem as
folhas como refúgio ou fontes potenciais de inóculo, e acelera o processo de melhoramento
47

das propriedades físicas e químicas do solo, mediante a incorporação de uma maior


quantidade de matéria orgânica (BORGES et alli, 1997; BORGES, 1987; MOREIRA, 1987).
As folhas doentes, mortas ou pendentes junto ao pseudocaule são eliminadas das
bananeiras usando-se um facão ou foice, dando um golpe de baixo para cima o qual facilita
o corte e evita rasgaduras das bainhas do pseudocaule.
A eliminação de folhas em quatro, seis e dez meses é suficiente para cobrir o
período do plantio à colheita. Nos cultivos já formados, a desfolha deve ser feita após as
adubações.

Escoramento ou Tutoramento

“O escoram ento consiste fu ndam entalm ente em evitar a perda de


cachos por quebra ou to m b am e nto da planta, devido à ocorrência de ventos
fo rte s, peso do cacho, a ltura da planta ou má sustentação da m esm a. A
posição lateral e inclinada do cacho tende a fo rm a r um braço de alavanca
que pode inclina r to ta lm en te a planta e m edidas preventivas devem ser
tom adas antes da planta fica r to m b ad a ” (MOREIRA, 1 987, p.23).

O escoramento pode ser feito com uma vara de bambu que é apoiada ou presa ao
pseudocaule, próximo à roseta foliar; também são utilizados fios de polipropileno. Na parte
superior da planta a amarração é feita na base dos pecíolos, entre a terceira e quarta folha;
as extremidades livres do fio devem ser amarradas em outras plantas que por seu ângulo e
localização constituam os pontos de suporte mais convenientes. Poderão ser usados
"troncos” de plantas recém - colhidas. É uma prática amplamente utilizada nos cultivos para
exportação. O escoramento como recomendam ALVES (1982) e ALVES & OLIVEIRA,
(1997), deve ser feito como medida preventiva, ou seja, quando a inflorescéncia se torna
pêndula.

Remoção do Coração
A remoção ou corte da parte terminal da ráquis masculina ou “coração” é uma
prática adotada em regiões produtoras de bananas de excelente qualidade destinadas ao
exterior ou ao mercado interno (MANICA, 1997).
O objetivo deste procedimento reside em acelerar o desenvolvimento
(engrossamento) das bananas, melhorar a forma dos frutos, permitir a colheita do cacho
mais precocemente, ajudar no controle de pragas e facilitar o ensacamento do cacho.

Pode ser eliminado manualmente por uma simples torção, especialmente em


48

bananeiras de porte médio ou baixo ou com a utilização de um facão ou machado para


plantas pequenas e uma ferramenta de cabo comprido, com uma forca bifurcada, para as
plantas grandes (MANICA, 1997; BORGES, et alli, 1997).
O “coração” tem alto valor alimentício (caroteno) para os animais e sua remoção
permite uma previsão de safra, ou seja, 12 semanas (em média) após a retirada dessa parte
da planta.

Ensacamento dos Cachos


Esta pratica é realizada especialmente nos cultivos orientados para a exportação,
apresentando as seguintes vantagens: aumentar a velocidade de crescimento dos frutos, ao
manter estes a uma temperatura mais alta e em certa constância; evitar o ataque de pragas
como a abelha arapuá, (Trips, sp.); melhorar visualmente a qualidade geral da fruta, ao
reduzir os danos provocados por raspões, pelas queimaduras em conseqüência da fricção
de folhas dobradas, pelas escoras e pelo processo de corte e manuseio do cacho; e,
proteger os frutos do efeito abrasivo dos agrotóxicos utilizados no mal-da-sigatoka (ALVES
& OLIVEIRA, 1997).
Os sacos apresentam pequenas perfurações que permitem as trocas gasosas do
cacho com o meio exterior, podendo ser de três tipos: transparentes comuns, de coloração
gelo, para zonas produtoras onde não há ataque severo de pragas; transparentes, tratados
com produtos químicos, de coloração azul celeste, para aqueles em que há pragas; e
leitosos, que dão maior proteção ao cacho contra as intempéries (poeira, insolação intensa).
Esta operação deve ser realizada tão cedo quanto possível, a fim de auferir as
vantagens do ensacamento por tempo mais longo. Segundo ALVES & OLIVEIRA (1997),
deve-se ensacar o cacho quando este já tiver emitido a última bráctea feminina, ou seja,
quando a última mão verdadeira apresentar os dedos voltados para cima. O saco é
enrugado em torno do cacho, para que não se rasgue, sendo depois estendido
cuidadosamente. Em seguida é amarrado à ráquis na parte imediatamente acima da
primeira cicatriz bracteal.

Corte do Pseudocaule
Do ponto de vista prático e econômico o mais aconselhável é o corte do
pseudocaule próximo ao solo, imediatamente após a colheita do cacho, para que não sirva
como fonte ou reservatório de problemas fitossanitários importantes; a sua eliminação total
favorece as propriedades físicas e químicas do solo, mediante uma rápida incorporação e
melhor distribuição de resíduos da colheita.
A utilização desta prática agrícola poderá variar de região para região. Há
49

produtores que não cortam nem as folhas nem o pseudocaule da bananeira colhida; outros
fazem tanto nas folhas como no pseudocaule, em parte ou total. No caso de eliminação
total do pseudocaule, deve-se proceder à cobertura imediata da ferida do corte com
inseticida ou terra, para a evitar a atração e o ataque de pragas que afetam o rizoma.
Trabalhos realizados não indicam nenhuma influência de altura do corte de
pseudocaule da planta mãe sobre a produção da planta filha (segundo ciclo). Os
tratamentos mais recomendados, segundo MANICA (1997) consistem em realizar corte total
rente ao solo, ou corte parcial a 2 m de altura, ou corte total aos 30, 45, e 60 dias após o
parcial.

3.3 - Principais moléstias e pragas

“ No Brasil, cerca de 78 espécies de insetos estão relacionados com a


cu ltu ra da banana, em bora a m aioria não cause danos s ig n ifica tivo s à
plantações e somente ocorra de fo rm a esporádica e em baixa densidade
populacional. Alguns insetos são im p orta ntes em term os locais, em função
de particularidades am bientais associadas principalm ente ao clim a. O utros
apenas adquirem status de pragas pela v irtu d e do d ese qu ilíb rio ecológico
p ro d u zid o pela m anipulação inadequada dos produtos quím icos u tiliz a d o s
para co m b a tê -lo s ou pela influência de alterações clim áticas que favorecem a
reprodução e o desenvolvim ento dos insetos” (FANCELLI, 1997, p .59).

O combate das pragas existentes nos bananais exige grande trabalho por parte
dos agricultores, para obter frutos de boa qualidade exigidos pelo mercado. Para FANCELLI
(1997), a ocorrência de pragas, por si só, não justifica a implementação de medidas
unilaterais de controle. O bananal, como qualquer outro cultivo, interage com o meio,
podendo-se afirmar que o manejo adequado das plantas e o respeito aos inimigos naturais,
são condições que favorecem a obtenção de colheitas satisfatórias, sem que sejam
causados maiores danos ao meio ambiente e com menores gastos na aplicação de
praguicidas.
Em todas as fases da bananeira, existe a possibilidade de contaminação causada
por fungos, bactérias, vírus e nematóides. Segundo CORDEIRO (1997), o sucesso na
produção de banana depende dos cuidados dispensados às doenças e aos nematóides. A
produtividade e qualidade dos frutos será tanto maior, quanto menor for a incidência desses
problemas.
Uma das principais pragas que atacam as lavouras, é conhecida como lagartas
desfolhadoras, que se encontram normalmente em equilíbrio no meio ambiente, não
provocando danos econômicos, pois sua população é quase sempre tão pouco numerosa
50

que não justifica uma intervenção expressiva do homem. Tal fato advém da presença de um
grande número de inimigos naturais que atuam na regulação populacional desses insetos
(FANCELLI, 1997, p.67). Entretanto, torna-se uma praga quando ocorrer um desequilíbrio
biológico, como o causado pela aplicação de agrotóxicos que promovem a morte dos
inimigos naturais das lagartas desfolhadoras, como mostra o QUADRO 08.

QUADRO 08 - Inimigos naturais das lagartas desfolhadoras

INSETO INIMIGOS NATURAIS

Hemimasipoda sp. (Dip., Tachinidae)


Caligo spp.

Apanteles sp. (Hym.,Braconidae)


Opsiphanes invirae Morismenus sp. (Hym., Eulophidae)
Spilochalcis sp.
Xanthozona melanopyga (Dip., Tachinidae)

Antichloris eriphia Telenomus sp. (hym., Scelionidae)


Calocarcelia sp. (Dip. Tachinidae)
Meteorus sp. (Hym. Braconidae)
.

FONTE: MESQUITA & ALVES, 1984

As principais pragas (QUADRO 09), doenças e nematóides (QUADRO 10) e


doença dos frutos (QUADRO 11) representam comprometimento na produção de banana
com qualidade, ocasionando sérios prejuízos econômicos aos produtores.
As principais doenças de pós-colheita encontradas nas plantações de banana são:
a podridão da coroa e a antracnose, que ocasionam perda na qualidade do fruto.
O problema da podridão-da-coroa ou podridão-da-almofada, está relacionado aos
ferimentos causados pelo despencamento dos cachos para a embalagem dos frutos,
levando a possibilidade de entrada de microorganismos causadores de decomposição dos
tecidos das pencas, dificultando o manuseio dos frutos, fazendo com que percam sua boa
aparência e valor comercial.
Conforme CORDEIRO (1997), os sintomas observados residem no escurecimento
dos tecidos da coroa, em que pode desenvolver-se um micélio branco-acinzentado. Nos
frutos ainda são observados o amolecimento crescente da coroa. Os sintomas da moléstia
são mais visíveis quando as bananas são transportadas por mais de duas semanas, pois
ocorrerá o amadurecimento precoce.
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QUADRO 09 - Principais Pragas das Bananeiras

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Dados obtidos a partir de CORDEIRO (1997); PADOVANI (1989) e MOREIRA


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QUADRO 11 - Doenças dos Frutos da Bananeira

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Organização: Marcelo Soares Darélla.

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54

Como medidas de controle, CORDEIRO (1997) recomenda o banho das pencas


com os seguintes produtos: Thiabendazol (Tecto 60, Mertect, Termazol); Benomil (Benlate);
Tiofanato metílico (Cercobin M-70, Cycosin, Topsin M). Além da aplicação dos fungicidas,
MANICA (1997) propõe a eliminação das fontes de inoculo, como restos de flores de
bananeiras, brácteas e folhas secas; manter em boas condições sanitárias as ferramentas e
instalações de embalagem; e diminuição do tempo entre a colheita e a colocação dos frutos
em temperatura controlada (12 a 13,5°C).
A antracnose é causada pelo fungo Colletotrichum gloesporioides e Colletotrichum
musae , existindo duas formas distintas: a antracnose de frutos maduros, originária da
infecção latente da casca verde, que permanecerá dormente até o início da maturação; e a
antracnose não latente, produzida pela invasão do fungo em ferimentos nos frutos verdes
em trânsito. Com os modernos sistemas de embalagens e transportes, tanto em caminhões
como em navios, os frutos estão menos sujeitos a estas doenças.
A antracnose é caracterizada por MANICA (1997), como:

“ As infeções quando novas aparecem com o pontos pequenos, negros,


circulares e espalham -se pelo fru to . A superfície do fru to to rn a -s e b rilha nte,
aquosa, aparece um am arelecim ento e com faixas de cor m arrom ; o fru to
to rn a -s e m uitas vezes d ep rim id o e co be rto com um a coloração laranja ou
salmão. (..... ) quando ocorrem infeções severas o fru to poderá fica r
inteiram ente coberto por um a mancha negra ( pg.31 5).

As medidas de controle deverão começar no campo com boas práticas culturais,


entre elas a eliminação das fontes de inóculos , a colheita dos frutos quando ainda não
estão muito desenvolvidos, correto manuseio desde a colheita, embalagem e colocação em
temperatura controlada, utilização de água limpa e manutenção de boas condições de
limpeza na calda-de-embalagem, e fazer a imersão ou pulverização dos cachos com
solução fungicida à base de tiabendazol, em concentrações que poderão variar de 200 a
400 ppm dependendo da distância que separa o cultivo do mercado consumidor.
3.4 - O cu ltivo de banana na sub-bacia do Córrego Garuva

O cultivo da banana na sub-bacia do Córrego Garuva ocupa aproximadamente 516


ha, correspondendo a 11,2% da área total e localizada quase que exclusivamente ñas
encostas de basalto e arenito, na parte oeste da sub-bacia (FOTO 04).
Conforme HADLICH (1997), a cultura da banana é distribuida ñas diferentes
declividades, com maior representação naquelas correspondentes aos valores entre 20 e
45% (267 ha).

M. D a ré lla (0 8 /0 1 /0 0 ).
F O T O 0 4 - Cultivos d e b a n a n a nas en costas dos m orros da su b -b a c ia do C ó rreg o G a ru v a ; nas á reas
planas plan taçõ es d e arroz.

Através de informações dos produtores, a banana é plantada nas encostas por


serem locais onde a topografia do terreno não propicia a implantação de outras culturas
(FOTO 05). Outra justificativa é a não ocorrência de geadas nestes locais, favorecendo
assim o seu desenvolvimento.
As plantações desta cultura ocupam preferencialmente de 5 a 8 ha (FIGURA 13),
em propriedades que têm em média 21 a 25 ha. Além da presença da banana, cujo tempo
de cultivo é superior a 10 anos, ocorrem nas partes mais planas das propriedades cultivos
cíclicas como o feijão, fumo, mandioca e milho (FOTO 06), além de reflorestamento e
pastagens.
56

M. Darélla (08/01/00).
FOTO 05 - Detalhe do terreno acidentado onde é praticado o cultivo da banana na sub-bacia do
Córrego Garuva.

FIGURA 13 - Porcentagem da área da propriedade cultivada com banana na sub-bacia do Córrego


Garuva.
57

Através dos questionários realizados com os agricultores da área conclui-se que


73% das terras cultivadas com banana pertencem aos produtores, enquanto 27%
correspondem a arrendamento e parceria.

M. D a ré lla (0 8 /0 1 /0 0 ).

F O T O 0 6 - P rodução d e fum o nas p artes m ais baixas e b an an a nos morros, e m u m a m es m a


propriedade d a sub-bacia do C órreg o G a ru v a .

A área cultivada com banana, nos terrenos de maior declividade, normalmente


apresenta-se afastada das casas dos produtores (FIGURA 14), porém guardam uma
distância de cerca de 100m das nascentes.
Conforme EPAGRI (1997) a região onde se encontra a sub-bacia Córrego da
Garuva é enquadrada como aptidão tolerada para o desenvolvimento deste cultivo, uma
vez que a temperatura mínima nos meses de junho e julho é em tomo dos 12°C (FIGURA
58

□ de 500 até 1000 m

F IG U R A 14 - Distância da cultura da banana d as residencias da su b-bacia do C órrego G a ru v a .

ZONEAMENTO CLIMATICO PARA CULTURA


DA BANANA
Regiões Aptidões
preferencial
preferencial
tolerada
tolerada
tolerada
cultivo não
recomendado

F IG U R A 15 - M ap a de Z o n e a m e n to A grícola para a cultura da B anana


F O N T E : E P A G R I, 1 9 9 7 :2 7 (ad ap tad o)

As principais variedades de banana encontradas na região são o nanicão, a branca e


o enxerto, que apresentam características diferenciadas conforme exposto no QUADRO 12.
Quanto à susceptibilidade às principais doenças e pragas, a EPAGRI (1997)
constata que a cultivar nanicão, apresenta grande sensibilidade ao mai-da-sigatoka.
59

QUADRO 12 - Principais características das culturas de banana para plantio em SC.


C ultivar A ltura m édia das Suscetibilidade a ventos P reco cid ad e da
plantas 1a S afra

No 1o ciclo No 2° ciclo Quebramento Tombamento


(m ) (m )

Nanicão 2,30 3,0 Médio Alto Alta

Grande Naine 2,17 2,66 M é d io -a lto Médio Alta

Mysore 3,20 4,39 Alto Baixo Baixa

Enxerto 2,39 3,39 Baixo Baixo Média

Branca 3,44 4,97 Alto Baixo Baixa

F O N T E : E P A G R I, 1997: 28.

Através das entrevistas realizadas na área verifica-se a não preocupação dos


produtores com as práticas no trato cultural da lavoura, que é realizada apenas em algumas
propriedades. Mesmo assim, não existe a preocupação com os intervalos, bem como a
utilização dos procedimentos técnicos adequados. Dos tratos culturais realizados com maior
empenho, destaca-se a capina.
A capina mecânica ou química é realizada principalmente nos primeiros meses de
instalação do bananal até o momento em que a sombra das folhas prejudica o
desenvolvimento de ervas daninhas; a partir daí é feita em intervalos maiores. Constatou-se
também que a capina manual não é tão utilizada devido a grande necessidade de mão-de-
obra, ganhando expressão a capina química, segundo os produtores. Entretanto , esta não
poderá ser realizada seguidamente, pois os produtos empregados prejudicam o
desenvolvimento da planta e a qualidade do fruto. A utilização de grades, enxadas rotativas
e roçadeiras mecanizadas não ocorre na área, devido à declividade.
Nas plantações onde o desbaste ocorre de maneira regular, verificou-se uma
qualidade superior nos frutos produzidos. Porém, esta é realizada conforme o produtor acha
necessário, não preocupando-se com datas. Esta prática objetiva, para ele, somente evitar a
superpopulação de banana, esquecendo das outras vantagens que a mesma poderia levar
ao cultivo, entre elas o controle do moleque-da-bananeira e a colheita programada.
Juntamente com o desbaste, deve ser realizada a desfolha dos bananais.
A prática do tutoramento das plantas e eliminação do coração não é realizada em
todas as propriedades, sendo justificada que é somente empregada quando os frutos são
para exportação. Nas propriedades onde estas práticas são realizadas de forma adequada,
constatou-se a antecipação da colheita em até uma semana. O tutoramento somente é
realizado no cultivar nanicão.
60

Uma prática importante e encontrada em apenas 20% das propriedades produtoras


de banana, que levaria a um melhor controle ao ataque das pragas e qualidade dos frutos, é
o ensacamento dos cachos. Naquelas em que é realizado, observou-se que estes são do
tipo saco de lixo, sem as perfurações necessárias e sem impregnação com
fungicidas/inseticidas. Quando realizada de forma adequada, também antecipa a colheita
em até uma semana.
Em visita às propriedades produtoras de banana na sub-bacia do Córrego Garuva,
constatou-se a utilização de agrotóxicos em 100% delas durante o período de produção. A
principal justificativa dos produtores está relacionada ao controle de ervas daninhas que se
instalam em grande quantidade nas lavouras; moléstias e pragas também os preocupam
fazendo uso dos produtos de forma preventiva, na maioria das vezes. Para eles a não
utilização dos métodos é inviável, determinando uma menor produção, frutos de qualidade
inferior em cachos pequenos e aumento de mão-de-obra na capina. Segundo estimativa
dos produtores a não utilização dos agrotóxicos diminuiria a produção em torno de 60%.
Os métodos de controle de pragas e doenças considerados mais eficientes pelos
produtores são aqueles com utilização de produtos químicos; quando questionados sobre
quem realiza o diagnóstico nos bananais, são unânimes em afirmar que conhecem todas as
doenças e pragas, não necessitando de outras pessoas para identificarem os agentes
causadores.
Quanto à indicação dos agrotóxicos (FIGURA 16), verificou-se que 42% consultam
os balconistas das agropecuárias e/ou cooperativas; um grupo bastante significativo de
produtores afirmam ser desnecessário consultar os profissionais ligados à área , pois a
experiência vivida com as lavouras os habilitam a executar a aplicação e as dosagens
pertinentes, e quando existem dúvidas, procuram na maioria das vezes outros produtores.
O engenheiro agrônomo e os técnicos agrícolas somente são consultados em casos muito
graves, após a utilização aleatória de produtos, e quando os mesmos não apresentaram os
efeitos desejados.
A falta de tecnificação nas lavouras influencia o produtor a acreditar que somente
conseguirá uma produção expressiva, tanto em quantidade como qualidade, através da
utilização dos agrotóxicos.
Os agrotóxicos utilizados na cultura da banana são adquiridos em 40% dos casos
nas cooperativas, 30% nas agropecuárias, 20% através dos próprios revendedores e 10%
de outras fontes.
Nos trabalhos de campo na área de estudo, constatou-se a utilização dos produtos
químicos apresentados no QUADRO 13.
61

FIGURA 16 - Orientação para aplicação dos agrotóxicos no cultivo de banana na sub-bacia do


Córrego Garuva.

De maneira geral, os produtores utilizam a combinação de vários princípios ativos


de agrotóxicos, ou mesmo a mistura de produtos com nome comercial diferente, porém com
o mesmo princípio ativo. Afirmam que com um só produto o efeito é reduzido, existindo a
necessidade de uma segunda aplicação em curto período de tempo. Desta maneira, com o
uso do coquetel, eles economizam em mão de obra e tempo trabalhado.
Uma prática bastante comum entre os produtores de banana é a utilização do óleo
mineral como coadjuvante, adicionado à calda dos inseticidas, fungicidas e herbicidas,
objetivando aumentar a ação dos produtos químicos, por maior tempo, não sendo
empregado de forma isolada com inseticida.
Existe uma preocupação bastante grande pelos produtores de banana no que diz
respeito à doença conhecida como Mal-da-Sigatoka. Devido aos prejuízos que podem ser
causados, os produtores utilizam como tratamento preferencial os produtos químicos,
conforme QUADRO 13, desprezando um controle maior nos tratos culturais.
As principais pragas e doenças apontadas pelos produtores são apresentados na
TABELA 06. Os problemas relacionados como os de maior expressão são o Mal-da-
Sigatoka e a infestação pelas ervas daninhas; os demais apresentam-se como casos
isolados em algumas plantações.
62

QUADRO 13 - Principais agrotóxicos utilizados no cultivo da banana, segundo relato dos


produtores rurais na sub-bacia do Córrego Garuva.

Classe Grupo Químico


Nome Comercial Classe Observações
toxicológica

Furadan 350 C Inseticida I Carbamato sistêmico Controle do moleque da


Nematicida bananeira e nematóides
cavernícolas.

Carbaryl fersol pó 75 Inseticida III Carbamato Controle da traça da


bananeira.

Roundup Herbicida IV Derivado da glicina Controle de ervas daninhas de


folhas largas ou estruturas,
pós- emergente, nâo seletivo.

Gramoxone 200 Herbicida I Bipiridilo (paraquat) Controle de ervas daninhas.

Cercobin 700 PM Fungicida IV Benzimidazoles Controle do Mal-da-Sigatoka.

Cupravit Azul BR Fungicida IV Oxicloreto de Cobre Controle do Mal-da-Sigatoka.

Cerconil PM Fungicida II 1,2 bis Tecnicamente não indicado


( 3 metoxicarbonil - 2 para a cultura da banana.
tioreido) benzeno. Utilizado pelos produtores
para controle da antracnose.

Folicur 200 CE Fungicida III T riazol Controle do Mal-da-Sigatoka.

Condor 200 CE Fungicida II Triazol Controle do Mal-da-Sigatoka.

Tilt Fungicida III Triazóis Controle do Mal-da-Sigatoka e


podridão do engaço.

Óleo Mineral Inseticida e IV Mitura de Utilizado como coadjuvante


adjuvante hidrocarbonetos quando adicionado à calda
do grupo parafínicos, ciclo dos inseticidas, fungicidas,
dos paraffnicos e acaricidas e herbicidas.
hidrocarbon aromáticos saturados
e-tos. e in saturados
proveniente da
destilação do petróleo.
63

TABELA 06 - Principais pragas e doenças no cultivo da banana na sub-bacia Córrego da


Garuva.

P ragas D oe nça s/N em a tód e os D oença dos Frutos

Traça da bananeira Mal da Sigatoka Antracnose

Lagartas desfolhadoras Mal-do-Panamá

Traça da bananeira

Broca do Rizoma

Moleque da Bananeira

Os agrotóxicos utilizados são armazenados na maioria das vezes em armários ou


galpões (80%), não específicos para este fim e com fácil acesso a todos, juntamente com
implementos agrícolas, sementes, roupas de trabalho, entre outros.
As pulverizações são realizadas com o emprego de pulverizadores costáis
motorizados (40%) e pulverizadores costáis manuais (60%). Os pulverizadores utilizados
apresentam idade superior a 5 anos, sendo trocados os bicos somente quando apresentam
vazamento. Através das observações no momento da aplicação dos produtos químicos,
constatou-se a grande perda de produtos,provavelmente devido à falta de revisão periódica
dos bicos.
Conforme informações dos produtores, para a utilização do pulverizador costal
motorizado é necessário uma hora de trabalho/ha, tempo que aumenta significativamente
com os pulverizadores manuais. Não existe hora definida para o início das aplicações, que é
realizada tanto pela manhã como a tarde, estando a mesma condicionada à extensão da
área a ser tratada. Em geral, a duração média de pulverizações por dia é de três a quatro
horas (FIGURA 17), o que equivale a permanência considerável do aplicador dentro da área
produtora.

41%

□ de 1 a té 2 ho ras
□ de 2 até 3 ho ras
□ de 3 até 4 ho ras
□ de 4 até 5 ho ras
□ de 5 até 6 ho ras

FIGURA 17 - Duração média das pulverizações no cultivo da banana no Córrego Garuva.


64

Em 85% dos casos, os proprietários preferem contratar mão-de-obra para os


trabalhos de pulverização nas lavouras, justificando que o contato com os produtos químicos
fazem mal a eles devido a idade. Entretanto alguns produtores (11%), afirmam que seus
filhos mais jovens é que realizam o trabalho de pulverização.
Quanto à dosagem, os produtores de banana seguem a sua própria experiência ou
as informações de outros trabalhadores rurais. Quando questionados são unânimes em
afirmar que a quantidade “certa” não produz o efeito desejado, aumentando conforme a
necessidade. Quanto à cor da faixa apresentada no rótulo, afirmam que somente existe
perigo na faixa vermelha, com riscos de intoxicação humana; desprezam completamente o
conhecimento das outras faixas, assim como outros problemas que poderão existir.
Devido à obrigatoriedade dos receituários agronômicos, todos adquirem produtos
através destes, mas, na grande maioria, as informações aí contidas não são repassadas
aos produtores, assim como não são lidas por eles. A não leitura da bula é justificada pelas
letras que são muito pequenas e as informações difíceis de entendimento.
Os tipos de equipamentos de proteção individual é apresentada na FIGURA 18.
De maneira geral, a aplicação é feita de bermudas e camisas de manga curta, e alimentam-
se e fumam durante o período de trabalho na própria plantação. Os equipamentos de
proteção são lavados nos açudes e as embalagens são recolhidas pela EPAGRI, em data
não determinada.

□ bota

□ bota-Hnáscara-tchapéu

□ botas-Huvas-tchapéu

□ bota-rniacacão-Huva-ichapéu

FIGURA 18 - Equipamentos de proteção individual utilizados nos cultivo de banana na sub-bacia do


Córrego Garuva.

O período de aplicação é diferenciado: nos meses de verão, as aplicações ocorrem


em intervalos de 20 - 30 dias, e no inverno, superior a 60 dias.
Não existe preocupação quanto ao resguardo na entrada de pessoas dentro das
áreas tratadas, conforme pode ser observado na TABELA 07. Da mesma forma, a produção
65

da banana é comercializada logo após a utilização dos agrotóxicos, dependendo


unicamente de um comprador.

TABELA 07 - Tempo de resguardo na entrada de pessoas no cultivo de banana com a


utilização dos agrotóxicos na sub-bacia do Córrego Garuva, conforme
informação dos agricultores

Tempo Porcentagem
,

Mesmo dia 59%


De 1 até 3 dias 25%
De 3 até 5 dias 8%
Acima de 20dias 8%

Quando questionados quais os produtos considerados perigosos, afirmam que o


Furadam e o Gramaxone 200 apresentam maior perigo para os humanos, enquanto os
demais produtos, uma vez não ingeridos, não apresentarão problema algum; já quanto ao
meio ambiente, consideram que este não é afetado pelas aplicações, uma vez que dentro
das culturas, não existe a presença de córregos, o que a diferencia do arroz.
Através da análise dos dados constatou-se a falta de informações técnicas, o
despreparo na condução da plantação, na utilização de agrotóxicos em quantidade elevada
e principalmente no uso como forma preventiva. Ocorre assim, uma produção de qualidade
inferior às grandes regiões produtoras, com maior tempo na realização da colheita. As
práticas realizadas dificultam o desenvolvimento do bananal, prejudicando a produção de
frutos com qualidade superior.
66

4. O CULTIVO DO FUMO

Acredita-se que a semente de tabaco foi descoberta há cerca de 4000 anos atrás,
quando os nativos do continente americano veneravam e adoravam as folhas douradas do
fumo. No Brasil, o tabaco12já era conhecido antes mesmo do seu descobrimento, quando os
indígenas o utilizavam para fins medicinais e em rituais mágico-religiosos.
O fumo constitui um dos fatores importantes da economia de vários países,
envolvendo milhões de famílias envolvidas no processo produtivo. A China foi o país com
maior produção de fumo na safra agrícola de 1999, seguida respectivamente pela índia,
Estados Unidos e Brasil.
Com uma produção de 590.100 toneladas no ano de 1999, o cultivo do fumo no
Brasil concentra-se principalmente no sul do país, envolvendo mais de 660 municípios dos
três estados do sul. Segundo AFUBRA13, trabalham mais de 135.000 famílias de pequenos
agricultores, com propriedades inferiores a 20 hectares, dos quais somente 2,5 hectares, em
média, são utilizados para o plantio de fumo; a área restante da propriedade é ocupada
com o cultivo de milho, feijão, pastagens, reflorestamento, entre outras atividades. A
fumicultura na Região Sul é desenvolvida, desde 1918 através do sistema integrado de
produção entre indústrias e agricultores.
Sendo uma planta da zona tropical sul-americana, prefere climas quentes e úmidos
durante seu período de desenvolvimento, com temperaturas compreendidas entre 20°C e
30°C. A umidade é um fator importante na cultura do fumo , principalmente na qualidade das
folhas produzidas, sendo ideal uma umidade do ar em torno de 80 a 85%. Um excesso de
chuvas durante o desenvolvimento vegetativo irá produz folhas leves, delgadas, cor
indesejável e pobre em aroma, ocorrendo também uma diminuição nos teores de nicotina.
O frio é um dos fatores desfavoráveis ao desenvolvimento do fumo, ocasionando
um florescimento precoce; por isso os canteiros devem permanecer cobertos em dias
ventosos e com temperaturas baixas.

12 Devido a quantidade relativamente pequena de bibliografias sobre o cultivo de fumo, a revisão aqui
apresentada foi baseada principalmente em periódicos das empresas fumageiras AFUBRA ( 1982) e SOUZA
CRUZ ( 1992 e 1993).

13 www.afubra.com.br
67

Os solos devem apresentar boas propriedades físicas: profundos, porosos e de boa


drenagem natural, com topografia do terreno levemente indinada. As águas utilizadas nos
canteiros devem ser de boa qualidade, livres de nematóides, e sem fungos do solo.
O ciclo vegetativo da planta (do transplante à colheita) é extremamente afetado
pelas condições climáticas, variando desde 60 dias nos climas mais quentes até 150 dias
nos mais frios. Semeado na grande maioria em canteiros, a germinação do fumo ocorre em
média de 12 a 15 dias. Para a instalação dos canteiros as medidas recomendadas devem
ser de no máximo 25m de comprimento por 1,80m de largura ( canteiros de 45 m2 podem
produzir de 7.000 a 8.000 mudas), com corredores de 0,80m entre estes, para facilitar os
trabalhos e propiciar a perfeita drenagem.
Um dos manejos realizados por todos os produtores visando a obtenção de mudas
de melhor qualidade é a esterelização dos canteiros com brometo de metila, que leva a
eliminação de ervas daninhas, fungos, bactérias, insetos e nematódeos. Para a sua
realização é indispensável o isolamento dos canteiros com lona plástica, a fim de evitar as
perdas dos produtos durante a aplicação.
A semeadura deve ser realizada preferencialmente nos meses de junho a julho,
com 3 gramas de sementes por canteiro, preparados anteriormente e com a utilização de
inseticidas e fungicidas diluídos em água. Quando a semeadura é realizada a seco, a
utilização de inseticidas e fungicidas poderá ser em período anterior ou posterior ao manejo
da semeadura.
Outro método utilizado para obtenção de mudas e mais utilizado atualmente é o
sistema Float. Neste, as mudas são produzidas em bandejas instaladas sobre uma fina
camada de água e as sementes peletizadas germinam em substrato apropriado. Algumas
vantagens apontadas sobre o método tradicional é que proporcionam mudas mais
uniformes, fortes, com a completa eliminação do brometo de metila, redução dos
agrotóxicos no período de canteiro, dispensa à irrigação e permite o transplante
independente de chuvas.
O uso da talagarça, regas, utilização dos agrotóxicos, desbaste, adubação de
cobertura e as podas são os principais tratos culturais executados nos canteiros de fumo.

Uso da talagarça
A talagarça consiste em uma lâmina de plástico utilizada sobre os canteiros,
objetivando a proteção contra os raios solares, ventos, geadas e chuvas torrenciais.
Passados aproximadamente 60 dias após a germinação, as mudas com 10 cm de altura
aproximadamente, necessitam uma maior incidência solar, sendo necessário então a
68

retirada da talagarça duas vezes ao dia, durante 2 a 3 dias, nas horas de menor incidência
solar. Após este período, a talagarça é retirada totalmente dos canteiros.

Regas
Prática utilizada com grande acompanhamento por parte do produtor, sendo
necessário duas regas ao dia, em períodos quentes e secos. Desta maneira, evita-se o
atraso na germinação e falta de uniformidade no tamanho das mudas.

Uso dos Agrotóxicos


Utilizados desde cedo, quando as mudas apresentam de duas a três folhas, o que
ocorre aproximadamente 2 semanas após a germinação. O uso dos produtos químicos irá
se estender até o final do ciclo da lavoura do fumo. Conforme PAULILO (1990), o fumo é
uma das lavouras mais prejudicadas por pragas e doenças. Desde o início de implantação
da lavoura, aparecem pragas como lagarta, pulga, pulgão, mandaruvá entre outras que irão
prejudicar seriamente a qulidade das folhas do fumo. Só na cultura do fumo são detectados
mais de 36 tipos de doenças , pragas, fungos e insetos, que serão combatidos por vários
tipos de produtos químicos, nas diversas formulações. As principais pragas e doenças do
fumo constam nos QUADROS 14, 15,16,17,18.

Desbaste
Manejo utilizado quando existir excesso de mudas nos canteiros, propiciando um
melhor controle no desenvolvimento, assim como menor incidência de moléstias nas
plantas. Está prática deverá ser realizada a partir de mudas com 4 folhas até um tamanho
máximo de 10 cm de altura.
Conforme orientação das empresas AFUBRA e SOUZA CRUZ, a população ideal
para canteiros de 30 x 30 cm é de quarenta a sessenta mudas.

Adubação de Cobertura
Prática realizada quando as mudas apresentam crescimento lento, com sinais de
fraqueza e amarelecimento foliar. Para adubação de cobertura, o adubo recomendado é o
salitre (fornecido pela empresa integradora) na quantidade de 1 kg para 50 m2 de canteiro.

Podas
Objetivando uma maior uniformidade das mudas dentro dos canteiros, a poda será
realizada com corte das folhas maiores, em dois períodos: quando as mudas atingirem 10
cm de altura, e com 15 dias antes do plantio.
QUADRO 14 - Principais pragas do fumo com maior ocorrência nos cultivos de Santa Catarina.

Dados obtidos da SOUZA CRUZ, 1998.


Organização: Marcelo Soares Darélla (2001).
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Após o plantio das mudas nos canteiros definitivos, algumas práticas culturais
devem ser realizadas, e entre elas a capina e aterrações, capação, desbrote e aplicação dos
agrotóxicos.

Capina e aterração
Prática utilizada com finalidade de eliminação das ervas daninhas; melhoria na
qualidade do solo, através de uma melhor oxigenação e maior proteção das mudas, com
solos próximos as mesmas.
As capinas não apresentam datas pré-estabelecidas, sendo realizadas
aleatoriamente pelos agricultores. As aterrações são realizadas juntamente com a capina.

Capação
Para obter fumos de boa qualidade, a capação deve ser realizada, com a retirada
das influorescências localizadas no ápice da planta. Esta prática deve ser realizada, quando
ocorrer o início da colheita, e após a abertura total da flor, quando já tiverem sido realizadas
de duas a três colheitas das folhas do fumo.
A capação ainda é subdividida quanto a altura do desponte em alta e baixa. A alta é
realizada quando desponta a panícula, juntamente com duas folhas, e a baixa quando
despontar a panícula, com 3 a 6 folhas.
Com a realização da capação, os níveis de nicotina e açúcares aumentam nas
folhas, ocorrendo também um aumento de 20% na produtividade.

Desbrote
Consiste na retirada das brotações laterías e apicais da planta, total ou
parcialmente, de forma manual ou química.
O primeiro desbrote ocorre quando os brotos tiverem de 10 a 15 cm de
comprimento, e o segundo de 3 a 4 semanas após o primeiro; sendo algumas vezes
necessário o terceiro desbrote.
Para realização do desbrote químico, é necessário o desbrote mecânico. A
aplicação do anti-brotante deverá ser realizada antes das 24 horas após o desbrote
mecânico, molhando os pequenos brotos com uma solução química.

A colheita do fumo é realizada de forma escalonada, levando-se em consideração a


uniformidade da lavoura, que irá ocasionar uma cura uniforme das folhas do fumo. Em
condições normais o fumo Virgínia, produz em média de 2 a 4 folhas por semana.
A colheita das folhas baixeiras (primeiras folhas) normalmente coincide com o período da
76

floração. As folhas que se apresentarem maduras , com coloração verde amarelada devem
ser colhidas. Com intervalos de 7 dias serão feitos novos repasses à procura de folhas de
fumo maduras; e devem ser realizados de 8 a 10 repasses no total da colheita. Em cada
planta poderão ser colhidas de 16 a 20 folhas.
A colheita de fumo é processada em etapas, requerendo um cuidadoso trabalho
manual, em sucessivas apanhadas, que irão começar das folhas inferiores até as
superiores, de acordo com o crescimento e maturidade da planta.
Após a colheita, as folhas são amarradas em varas e levadas para secar nas
estufas. No processo de secagem, além da perda da água e da mudança de cor, as folhas
sofrem uma série de transformações bioquímicas. Depois de curado, o fumo será
armazenado em paióis, aguardando o transporte até a empresa integradora.
77

4.4 - O cultivo do fum o na sub-bacia do Córrego Garuva

As lavouras de fumo na sub-bacia do Córrego Garuva ocupam aproximadamente


1.241 hectares, correspondendo a 26,9% da área total. Segundo HADLICH (1997), o fumo é
cultivado em áreas de relevo pouco acentuado, com 730 hectares localizados em terrenos
com menos de 8% de declividade, enquanto 235 hectares áreas com declividade superior a
20% ( FOTO 07).
Os canteiros de fumo normalmente sáo preparados na segunda quinzena de maio,
onde as mudas irão se desenvolver em solos adubados e esterelizados com brometo de
metila, antes da semeadura. Conforme os produtores da área, cada canteiro (50 m2) produz
em média 8.500 mudas de fumo e 1 hectare de área definitiva é composta em média por
16.500 plantas. Passados em média 60 dias, as mudas serão transplantadas para áreas
definitivas, com estimativa de início da colheita na segunda quinzena de outubro ou em
novembro, com uma colheita por semana.
A colheita ocorre três meses depois do transplante, tendo seu fim no mês de
fevereiro. Após a colheita, o fumo será secado em estufa, servindo como referência para a
quantidade de produção, com cada estufa comportando em média 2 hectares de produção.
A cultura do fumo ocupa preferencialmente áreas com 2,2 a 3,5 hectares (FIGURA
19) em propriedades com área total de 12 a 15 hectares.

F IG U R A 19 - T a m a n h o das á re a s cultivadas com fum o na sub-bacia do C órrego G aruva.


78

Além do fumo as propriedades praticam outras atividades como arroz e ou banana,


reflorestamento, pastagens e algumas culturas cíclicas (feijão, mandioca e milho),
(FOTO 08).
O tempo de cultivo do fumo nas propriedades varia de 3 até acima de 25 anos, com
maior freqüência (44%) para aquelas que adotam esta prática de 18 a 22 anos (FIGURA

M .D a ré lla (0 1 /2 0 0 0 ).
F O T O 07 - Vista g eral d a su b -b a c ia do C ó rreg o G a ru v a , com p la n ta ç ã o d e fu m o próxim o à casa
(verd e m ais escuro), ca n c h a s d e a rroz e ao fundo, á re a d e cultivo d e b anana
79

16% 8%
/ /\l6 %
□ de 3 até 5 anos
□ de 7 até 10 ams
□ de 11 até 15 anos
44°/N^
— Doe atétanos
□ acima de 25 aios

FIG U R A 20 - T em p o d e cu ltivo do fu m o na sub-bacia do C órreg o G aruva.

Através das entrevistas e visitas realizadas na área de estudo, foi constatado que
as áreas de fumo apresentam-se bem próximas às casas dos produtores, em média 80m de
distância (FOTO 08), e os canteiros ainda mais próximos do que as plantações definitivas;
também aos córregos e mesmo nascentes. Nas propriedades com fumo, constatou-se que
92% pertencem aos próprios produtores enquanto 8% das áreas de cultivo são arrendadas.
Em nenhuma das propriedades visitadas encontramos produção de mudas no sistema Float,
mas todas em canteiros.

M .D arélla (01/2000).
F O T O 08 - P ro xim id a d e das residê n cia s com o cultivo de fu m o na sub-bacia do C órrea o G aruva.
80

O fumo produzido é colhido (FOTO 09) e armazenado em galpões nas


propriedades produtoras, aguardando o transporte pelas empresas integradoras. As
empresas com maior atuação nas áreas de produção de fumo na sub-bacia do Córrego
Garuva são: Souza Cruz (41%), Universal (38%) e a Kannemberg (21%).
Nas áreas com fumo, constatou-se uma grande preocupação no que se refere ao
trato cultural da plantação, fase esta acompanhada pelo instrutor da empresa fumageira. Já
no que diz respeito aos agrotóxicos, algumas informações divergem de propriedade para
propriedade, porém os produtores são unânimes em afirmar que o método mais eficiênte no
controle de pragas e doenças é a utilização dos pesticidas. Segundo informações dos
produtores, caso os agrotóxicos nas fossem utilizados nas lavouras, a perda seria superior a
80% da produção.
As principais pragas e doenças apontadas pelos produtores rurais na produção do
fumo são: lagarta, mandarová, piolho, vaquinha, pulgão verde, murcha bacteriana, canela
preta.
Quanto à indicação dos agrotóxicos (FIGURA 21), verificou-se que 29% consultam
os técnicos agrícolas (na grande maioria são os próprios instrutores da empresa fumageira)
enquanto que 45% recebem informações dos produtores mais experientes ou dos livretos
fornecidos aos produtores pelas empresas.

a grôn om o té c n ic o agrícola b a lc o n is ta s outros

FIGURA 21 - Declarações dos produtores rurais pesquisados quanto à orientação para a aplicação
dos agrotóxicos nos cultivos de fumo na sub-bacia do Córrego Garuva.

Os agrotóxicos utilizados na cultura do fumo, são provenientes na grande maioria


das empresas fumageiras (75%), e o restante adquirido em agropecuárias ou comprados
81

em casa através de venda direta, principalmente os produtos roundup e tamaron (não


fornecidos pelas empresas).
Após o uso dos produtos químicos, 85% dos agricultores revelam que os mesmos
são guardados nos galpões, sendo recolhidos posteriormente pela EPAGRI, sem data pre­
estabelecida; os demais produtores relatam que deixam as embalagens no campo e quando
terminado todo o período do cultivo, os recolhem e colocam fogo.
Nos trabalhos de campo, constatou-se a utilização dos produtos químicos
apresentados no QUADRO 19. O preparo das formulações é realizado pelos trabalhadores
em galpões ou locais próximos às casas. Os produtos podem ser utilizados de forma
individual ou misturados como coquetel.

M. Darélla (01/2000).
F O T O 09 - P lantas de fu m o em é poca de colheita na su b-ba cia do C órreg o G aruva.

As aplicações dos agrotóxicos são realizadas com a utilização dos pulverizadores


costáis. Os pulverizadores apresentam na sua maioria idade superior há 5 anos, sendo os
bicos substituídos somente quando existir vazamento em grande quantidade. As revisões
nos pulverizadores não são realizadas periodicamente, mas somente quando existir
problemas que inviabilizem o seu uso.
82

Para o início das pulverizações, que é realizada tanto pela manhã como tarde, não
existe hora definida, estando condicionada ao número de plantas a serem atingidas. As
pulverizações, em geral são realizadas por mais que 4 horas consecutivas, conforme mostra
a FIGURA 22; este fato acarreta ao aplicador uma permanência grande dentro da área,
sendo necessário, na maioria das vezes mais de um dia de pulverização. As caldas são
preparadas nos galpões (73%) e nas lavouras (27%), utilizando águas provenientes de
açúdes, riachos e córregos.

if¡ p ¡

de 1 até 1:30 horas

F IG U R A 2 2 - T e m p o das p ulverizações nas lavouras de fum o da sub-bacia do C órreg o G a ru v a ,


conform e inform ações dos produtores rurais.

Nas lavouras de fumo, as pulverizações são realizadas preferencialmente pelos


filhos dos proprietários (56%), com menor freqüência para mão-de-obra contratada (28%) e
para os próprios proprietários (16%). Desta forma, podemos afirmar que nas aplicações dos
pesticidas nas áreas de fumo na sub-bacia do Córrego Garuva, 84% da mão-de-obra é
proveniente da propriedade produtora.
Quanto às dosagens dos produtos químicos, 41 % dos produtores seguem as
recomendações do rótulo do produto enquanto a maioria (59%) aumenta a quantidade a ser
aplicada, justificando que dosagens recomendadas não produzem os efeitos desejados,
sendo assim, necessárias mais aplicações em menor intervalo de tempo. Com relação a
cor da faixa dos agrotóxicos, os produtores são unânimes em afirmar que o perigo para a
saúde dos produtores somente irá existir para os de faixa vermelha; e para os demais
somente levam a intoxicações quando aplicados em dias quentes e com ventos.
Os agrotóxicos utilizados são adquiridos com receituário agronômico, porém as
informações neles contidos não são lidas. Quando lido o receituário, é somente para as
dosagens dos produtos.
Conforme informações dos produtores de fumo, os equipamentos de proteção
individual são apresentados na FIGURA 23. De maneira geral, as aplicações dos produtos
químicos são realizadas com camisas de manga comprida e calça grossa. Quanto a
utilização das máscaras, os trabalhadores afirmam que estas são desconfortáveis e
dificultam a respiração.

F IG U R A 2 3 - E quipam entos de proteção individual utilizados para aplicação dos agrotóxicos no


cultivo de fum o na sub-bacia do C órrego G aruva.

Quando questionados quanto ao perigo existente pelo não uso dos equipamentos de
proteção individual, os produtores são unânimes em afirmar que as práticas de aplicação
dos agrotóxicos são realizadas sem os cuidados necessários, mas justificam que o maior
trabalho com o cultivo do fumo é realizado no período mais quente do ano, sendo impossível
suportar o calor com as roupas e máscaras indicadas para a aplicação dos agrotóxicos.
84

QUADRO 19 - Principais agrotóxicos utilizados no cultivo do fumo na sub-bacia do Córrego


Garuva.

Nome Comercial Classe Classe Grupo químico Observações


Toxicológica

Acefato Inseticida IV organofosf orado Utilizado no controle das pragas do


acaricida tipo tripes e pulga do fumo.

Ambush 500 Inseticida II Piretróides Utilizado no controle da lagarta


rosca, pulga do fumo, traça da
batatinha e percevejo cinzento.

Brometila Inseticida I Brometo de metila Utilizado na desinfecção do


fungicida canteiros de fumo, no controle de
nematicida nematóides, insetos de solo e
fungos do solo.

Cobre Sandoz Fungicida, IV Óxido cuproso Utilizado mais na forma preventiva,


bactericita nos canteiros, ern intervalos de 7 a
14 días, para o controle da mancha
de alternaria (Alternaria spp).

Confidor Inseticida IV Nitroguanidinas Utilizado nos canteiros e ñas


lavouras para o controle da broca e
pulgão.

Dithane Fungicida III Etilenobisditíocarbamat Utilizado no controle do mofo azul


Acaricida 0 (Peronospora arachidicola).
de manganês e zinco

Evolution Inceticida, III Organofosforados Controle do pulgão (Myzus


Acaricida nicotianae).

Folidol 600 Inseticida I Organofosforado Apresenta ação sobre as pragas


conhecidas como: pulga do fumo,
mandarová do fumo e tripes do
fumo.

Garnit Herbicida II Isoxazolidinonas Utilizado no controle de plantas


daninhas do tipo grama bernuida,
picão branco, beldroega,
guanxuma, capim arroz e capim
colchão.

|Glifosato Herbicida III Derivado da glicina Utilizado no controle das plantas


daninhas do tipo capim colchão,
picão branco e poaia branca.

i Lorsban 480 Inseticida II Organofosforado Utilizado no controle da broca do


Acaricida fumo.

i Manzate Fungicida III Ditiocarbamato Controle do mofo azul.

jOrthene
Inseticida IV Organofosforado Controle do pulgão verde, tripés do
Acaricida fumo, percevejo cinzento, lagarta,
pulga do fumo, lagarta rosca e
broca do fumo.

I Roundup Herbicida IV Derivado da glicina Controle de ervas daninhas

jíamaron Inseticida II Organofosforado Controle do verme arame


Acaricida
85

5. OS AGROTÓXICOS E SUAS IMPLICAÇÕES

5.1 - Agrotóxicos e Contaminação Ambiental

Numa concepção mais ampla, agrotóxicos são substâncias destinadas a prevenir,


controlar ou destruir pragas, doenças e inços. De modo mais preciso podem ser
conceituados como:

“ Agrotóxicos e afins são os produtos e os agentes de processos físicos,


químicos ou biológicos , destinados ao uso nos setores de produção, no
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também
de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres
vivos considerados nocivos” (BRASIL,1990, p.01).

Para POLTRONIÉRI (1997) o homem vive em confronto permanente com os


inimigos que ele próprio criou. É o caso das substâncias químicas, das quais se destacam
os chamados agrotóxicos. São centenas de produtos usados na agricultura como
praguicidas, expressão que engloba os herbicidas, fungicidas, inseticidas e acaricidas.
Devido a grande diversidade de princípios ativos, os agrotóxicos são classificados
quanto à sua ação e ao grupo químico a qual pertencem, conforme QUADRO 20.
Os agrotóxicos, em função da toxicidade à saúde humana, são agrupados em
classes , identificadas por faixas na parte inferior dos rótulos dos produtos, por frases e
sinais de advertência. A faixa vermelha identifica os de classe toxicológica I, extremamente
tóxicos; a faixa amarela os de classe toxicológica II, altamente tóxicos; a faixa azul os de
classe toxicológica III, medianamente tóxicos e a faixa verde identifica a classe toxicológica
IV, produtos pouco tóxicos. Podemos classificar ainda os agrotóxicos quanto ao risco que
podem ocasionar ao meio ambiente em: classe I (produto altamente perigoso), classe II
(produto muito perigoso), classe III (produto perigoso) e classe IV (produto pouco perigoso).
O uso crescente, inseguro e “indiscriminado” dos agrotóxicos nos cultivos agrícolas
ocasiona uma série de problemas ambientais. Entre estes problemas podemos relacionar a
poluição do solo, do ar e da água; contaminação dos alimentos com resíduos de inseticidas,
herbicidas, fungicidas; intoxicações de trabalhadores rurais e morte de animais. Os
problemas são muitos e os mecanismos de controle são restritos, uma vez que as áreas
produtivas são amplas e diversificadas e a fiscalização falha.
86

QUADRO 20 - Ação e grupos químicos dos agrotóxicos.

Ação Grupo Químico

Inseticidas Organofosforados
Carbamatos
Organoclorados
Piretróides

Fungicidas etileno-bis-ditiocarbamatos
Trifenil estânico
Captan
Hexaclorobenzeno

Herbicidas Paraquat
Glifosato
Pentaclorofenoi
Derivados do ácido fenoxiacético
Dinitrofenóis

Outros Raticidas
Acaricidas
Nematicidas
Molusquicidas
Fumigantes

Existe insegurança inerente ao uso de produtos tóxicos, mas esta pode ser
controlada, em maior ou menor grau dependendo do respeito ou não às recomendações de
manipulação, preparação das caldas e aplicação. É quase constante a não utilização dos
equipamentos de segurança, cuidado com os vasilhames, que envolve tanto o depósito
quanto o destino dos mesmos. Outras práticas recomendadas como acentua GUIVANT
(1992) incluem o banho e lavação das roupas após a aplicação, e não se alimentar ou fumar
durante as aplicações.
Como salienta HADLICH (1997) o uso excessivo de agrotóxicos e a falta de preparo
do agricultor estão relacionados ao seu baixo nível educacional, à falta de alternativas
produtivas como também à necessidade de evitar problemas econômicos ocasionados pela
perda de uma colheita.
Para GUIVANT (1992), a maneira como os agrotóxicos são utilizados é legitimado
pelos produtores rurais através do pensamento que as práticas realizadas reforçam sua
identidade como atores sociais importantes, controlando o processo produtivo, associado à
confiabilidade que os mesmos manifestam em relação aos agrotóxicos.
As estatísticas do Ministério da Saúde apontam quase cinco mil agricultores
brasileiros intoxicados todos os anos com pesticidas. Os técnicos da FUNDACENTRO
consideram que o número é ainda mais elevado, estimando em quase duzentos mil. Oito em
cada cem casos de intoxicação de trabalhadores rurais registrados no Brasil ocorrem com
pesticidas agropecuários. A facilidade de acesso do trabalhador rural aos pesticidas faz
87

com que o número de suicidios por estes produtos químicos seja elevado no meio rural,
perdendo somente para aqueles causados pelos medicamentos (FIGURA 24).
A segurança das condições de trabalho e o manuseio dos agrotóxicos é
preocupante, principalmente porque a causa fundamental dos números elevados de
intoxicações e de mortes de agricultores é a não utilização de equipamentos de proteção,
medidas de higiene e de segurança no trabalho como apontam NIEWEGLOWSKI (1992), e
ZUCHI (1995).

1026

1819
ppesticidas dom ésticos
Q p r o d u t o s dom issanitários
□ raticidas
□ pesticidas a g ro p ec uá rios
■ m edicam entos

F IG U R A 2 4 - Suicídios no m eio rural


F O N T E : A L T M A N (1 9 9 8 ), adaptado.

O agricultor ao utilizar os pesticidas nos cultivos o faz devido a aspectos culturais,


técnicos e econômicos, com descuido para os riscos ambientais assim como aqueles de
saúde, tanto das populações rurais como urbanas. Entretanto, com um grande número de
intoxicações no meio rural, os pesticidas representam um dos mais graves problemas de
saúde pública.
Entre 1850 a 1930, a agricultura começa a sofrer uma série de transformações
com a aplicação do conhecimento técnico - científico aliado aos avanços da química
moderna. A partir da década de 40, sérias transformações tecnológicas ocorreram e entre
elas podemos destacar: a intensificação na utilização dos pesticidas, a difusão do
maquinário agrícola, e o desenvolvimento de variedades de sementes híbridas. A
internacionalização destas transformações é identificada como Revolução Verde. Devido a
estas inovações, mudanças rápidas e profundas alteraram o cenário da produtividade
agrícola, surgindo assim a agricultura conhecida como moderna, ou seja a agricultura
química-mecânica-genética.
Para RÜEGG et alii (1986) o processo de modernização , entendido como uma
série de transformações tecnológicas nos processos produtivos, intensificou o emprego de
determinados fatores de produção, como os insumos modernos. Produzidos fora do setor
88

agrícola, estes insumos (máquinas, equipamentos, fertilizantes e agrotóxicos) contaram com


preços favoráveis e estímulos, como crédito farto a juros subsidiados, que facilitaram sua
ampla adoção no meio rural. A Revolução Verde implicou também no processo de difusão
das inovações tecnológicas. Essa difusão foi apoiada nos “pacotes tecnológicos”, em que
as linhas de financiamentos eram muitas, com juros baixos. Com este novo modelo de
produção agrícola, ocorreram transformações no ambiente, ocasionando impactos
ambientais. Para BRASIL (1986), impacto ambiental é qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e
econômicas; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos
recursos ambientais.
Objetivando atingir níveis cada vez mais elevados de produtividade, a agricultura
moderna colocou em segundo plano outros aspectos associados à atividade agrícola, como
conservação dos recursos naturais e qualidade dos alimentos (FERRRARI, 1986). A grande
promessa da Revolução Verde era resolver o drama da fome mundial, com o aumento da
produtividade agrícola.
Nos anos 80, o Brasil já apontava como o terceiro mercado mundial de agrotóxicos,
depois dos Estados Unidos e da França. Neste mesmo período, os países desenvolvidos
proibiram ou restringiram o uso de vários produtos químicos. Contudo, continuam a exportá-
los para a América Latina e outros países em desenvolvimento, onde estes produtos
continuaram a ser largamente aplicados. Entretanto os alimentos assim produzidos são
exportados para os países desenvolvidos.
Segundo ALMEIDA (1982), a utilização intensiva de pesticidas tem sido
responsável pelo desenvolvimento da resistência a muitos produtos, principalmente aos
organoclorados e organofosforados. Em decorrência novo compostos de grupos químicos
diferentes são necessários para controlar doenças e pragas nas lavouras. A exterminação
de muitos predadores naturais pelos pesticidas, poderá ocasionar maiores prejuízos nas
colheitas do que antes da utilização dos produtos químicos.
Para FERRARI (1986), está ocorrendo um desequilíbrio biológico na agricultura que
pode ser medido pelo número de espécies que causam danos às plantas cultivadas: em
1948 somavam 989, em 1976 já se contabilizavam 3037 espécies daninhas.
A utilização continuada dos agrotóxicos irá gerar um círculo vicioso, sendo
necessário usos mais recorrentes em doses cada vez mais tóxicas. Nos dias atuais, os
pesticidas recomendados nas aplicações são em doses cada vez menores, porém muito
mais tóxicos.
89

Na agricultura moderna a obtenção de produtividade está vinculada à


padronização dos produtos quanto à forma e tamanho; isso somente é possível com a
utilização de variedades melhoradas. Estas por sua vez apresentam maior produtividade
quando associadas à utilização de fertilizantes. Contudo, as variedades melhoradas são
mais vulneráveis ao ataque de doenças e pragas, e menos competitivas com as ervas
invasoras, requerendo aplicações constantes de agrotóxicos.
Nos cultivos produzidos no Brasil nos dias atuais em escala industrial, os
agrotóxicos são amplamente utilizados de forma curativa e preventiva. Levando em
consideração a grande extensão de terras tratadas com pesticidas, assim como a
quantidade e a forma de utilização, é de grande importância conhecer como os agrotóxicos
contaminam os recursos naturais, e provocam efeitos prejudiciais nas populações que vivem
tanto nas comunidades urbanas como rurais.
As facilidades de acesso aos agrotóxicos e a expansão das áreas agrícolas,
juntamente com a falta de informações e o descaso dos usuários, têm levado a diferentes
níveis de contaminação . De acordo com PASCHOAL (1979):

“ Inseticidas, fungicidas, herbicidas e seus produtos de decomposição acham-


se fortemente distribuídos na biosfera, sendo encontrados praticamente em todas as
áreas do mundo, quer habitadas pelo homem ou não. Não há parte da Terra onde
não existam pelo menos algumas moléculas dessas substâncias tóxicas em plantas,
animais, solo, água e ar. Embora a quantidade de resíduos desses produtos seja
pequena quando comparada com a de outros contaminantes, como resíduos
industriais, domésticos e dos escapamentos dos automóveis, ela constitui um total
bastante significativo" (p. 37).

Outro grande problema é o destino das embalagens vazias de vidro,


plástico, sacos de papel e latas, pois apresentarão resíduos dos princípios ativos
que continham. As embalagens metálicas, plásticas rígidas e de vidro, que
contiveram produtos químicos para serem diluídos em água, a sua remoção deverá
ser realizada através da tríplice lavagem. Este método não será utilizado para os
produtos embalados em recipientes não rígidos, como sacos aluminízados, plásticos
e multifoliados, os quais deverão ser descartados por outros métodos como a
incineração e enterro; porém para realização de tal prática de descarte é de extrema
importância a observação como a mesma é realizada, pois a possibilidade de
contaminação do meio ambiente é elevada.
A contaminação via área pelas aplicações tanto terrestres como aéreas é de grande
importância uma vez que o vento é o fator atmosférico com maior influência na operação,
90

ocorrendo a perda do produto sob condições adversas, o que resulta na diminuição da


eficácia e na condução para locais não indicados.
RUEGG et alli (1986) relacionam à aplicação em grandes extensões e o tamanho
das partículas: quanto menor a partícula, mais tempo o agrotóxico permanece no ar, e maior
é o risco de contaminação do meio.

“ A evaporação progressiva das gotículas durante a pulverização de


formulações emulcionadas é responsável pela formação de partículas ou núcleos
muito pequenos que flutuam no ar e são levados a lugares distantes pelas correntes
aéreas” (RISEBROUGH et alli, 1968 , p. 226).

DORNELLES et alli (1998) propõe que a melhor situação para aplicar os


agrotóxicos é quando ocorre o resfriamento do solo, e as camadas de ar próximas a ele irão
acusar temperatura inferior às das camadas mais altas, o que ocasionará inversão térmica.
Esta situação poderá ser facilmente verificada pela ausência de vento, ocorrendo
geralmente a noite até às primeiras horas da manhã. À medida que ocorre o aquecimento
do solo e da camada de ar, há a conseqüente anulação desta inversão térmica. Estabilidade
do ar neutra e turbulência fraca constituem as condições ideais para a aplicação dos
agrotóxicos porque, no período mais quente, quando ocorre uma movimentação muito forte,
pode haver arrasto do produto a distâncias variáveis, provocando deposição irregular e
danos a áreas não alvos.
Segundo TAYLOR & SPENCER (1990), a volatilização é responsável pela perda
de agrotóxicos nas áreas cultivadas. Estas perdas podem variar de 1% a 90%, com um valor
médio em torno de 2% (FIGURA 25).
Aplicações aéreas de pesticidas, poluem gravemente o ar e afetam tanto as
populações rurais como as urbanas próximas às lavouras. Desta forma o ambiente irá ser
contaminado de forma sistêmica, atingindo os recursos naturais, gerando problemas sérios
à saúde pública.
Por sua vez, os resíduos do solo podem significar uma possibilidade do agrotóxico
chegar ao homem através de distintos caminhos, como os oriundos das colheitas,
carreamento pelas águas das chuvas, pelo contato direto com o solo e o ar.
Assim, como acentua HADLICH (1997), os agrotóxicos chegam ao solo através da
sua aplicação em superfície, com ou sem incorporação nos primeiros centímetros, ou por
queda acidental no momento da aplicação foliar ou ainda por carreamento pela chuva ou
pela irrigação a partir das plantas. Neste caso, o movimento da água é responsável por
grande parte do fluxo de agrotóxicos da planta em direção ao solo .
volatilizado ESCOAMENTO e
EROSÃO

RETENÇÃO DISPONIBILIDADE
p o ssíve l ílejtradaçS o

LIXIVIAÇÃO

, AGUAS PROFUND AS

F IG U R A 25. P orcentagens relativas à distribuição dos agrotóxicos na am biente


F O N T E : H A D L IC H ,1 9 9 7 .

Os agrotóxicos no ambiente sofrem alguns processos de transformação. Entre eles


podemos destacar duas categorias de transformações: abióticas e bióticas. As
transformações abióticas podem ocorrer devido às reações químicas no solo ou em função
da luz (fotodecomposição). A fotodecomposição poderá transformar quimicamente o
pesticida, via de regra diminuindo sua toxicidade, podendo levar à mineralização do
composto o que corresponde a uma pequena proporção da degradação que pode ocorrer no
solo. A transformação química apresenta importância maior que a fotodecomposição, uma
vez que a mesma poderá resultar em um composto com toxicidade variada. (WOLFE et alli,
1990; HANN & ZWERMAN, 1978; SIMON, 1995; HADLICH, 1997).
Nas transformações bióticas, a biodegradação é a principal forma de modificação
do agrotóxico no solo; neste tipo de processo poderá ocorrer a degradação completa do
pesticida. Alguns pesticidas resistem à ação microbiológica, persistindo assim por muito
tempo no ambiente, enquanto outros são transformados em subprodutos, podendo
aumentar sua toxicidade.
92

Como salienta HADLICH (1997):

“ A degradação dos agrotóxicos no solo ocorre em diversas etapas, sendo que


as primeiras provocam transformações da estrutura molecular , aparecendo
subprodutos. A mineralização , com a transformação de carbono orgânico em CO 2 (
gás carbônico ), é o último processo de degradação, e apenas este leva à completa
eliminação do agrotóxico” ( p. 41).

Os microorganismos são freqüentemente o principal e algumas vezes o único meio


pelo qual os praguicidas são eliminados dos ecossistemas, constituindo importante fator
controlador da persistência. Nos solos, a persistência depende das propriedades físicas e
químicas dos agrotóxicos, do tipo de solo, da umidade, da temperatura, dos
microorganismos presentes, da cobertura vegetal, da intensidade de cultivo e do modo de
formulação dos praguicidas . Os solos argilosos e com muita matéria orgânica tendem a
reter resíduos por maior tempo, especialmente os pesticidas fosforados e clorados. Os
compostos organofosforados, por outro lado persistem por mais tempo em solos ácidos.
Através de experimentos, PASCHOAL (1979) constatou que o DDT, aplicado a solo
estéril, teve apenas 2% da degradação após 20 horas, ao passo que em solo normal
apresentou um valor de 10% no mesmo período. Também no mesmo período, o paration
teve 90% de degradação em solo normal e apenas uma pequena percentagem em solo
estéril.
Em síntese , podemos afirmar que os pesticidas são eliminados do solo por
volatilização , pelo transporte com a água ou por reações químicas. Em muitos casos, a
eliminação é devido à ação microbiológíca do solo.
Segundo RÜEGG et alli (1986), estudos conduzidos no Instituto Biológico de São
Paulo, revelam que bactérias do gênero Nocardia e fungos do gênero Fusarium isolados do
solo “Gley Húmico” degradam “in vitro” o pesticida paration mostrando a importância deste
processo biológico na persistência dos agrotóxicos no meio ambiente, favorecendo o
controle da poluição ambiental.
A vida é condicionada principalmente pela presença da água e que a água doce é
um dos maiores recursos que a humanidade dispõe para sua sobrevivência. A
contaminação ambiental através da água com pesticidas é atualmente discutida,
principalmente nos meios acadêmicos. Um dos grandes indicadores deste tipo de poluição
reside na grande mortalidade de peixes nos rios ou riachos próximos a lavouras.
O principal caminho para a contaminação da água, segundo ANDEF (1984), ocorre
pela aplicação direta à superfície da água e sobre as superfícies inclinadas. Para BARBERA
(1976), existem duas origens para a contaminação das águas: direta e indireta. A
contaminação de forma direta ocorre quando é feita a aplicação de agrotóxicos em
93

programas de saúde pública ( controle de mosquitos, por exemplo) e a forma indireta ocorre
pela mobilização da contaminação do ar e do solo, sendo arrastados pela água das chuvas
e outros mecanismos.
A poluição da água no setor agropecuário está relacionada a várias práticas, desde
a lavagem de equipamentos, manejo de efluentes para a irrigação, aplicação de
fertilizantes, aplicação de pesticidas entre outros. Nos ambientes rurais o cuidado com o
manejo correto das águas é de fundamental importância para o controle de quantidade e
qualidade das mesmas.
A água quimicamente pura não existe na superfície da terra e a expressão pura é
sinônimo de água potável. Quando se apresenta com organismos potencialmente
patogênicos ou contêm substâncias tóxico-venenosas que as tornam perigosas para o
consumo humano, a água é considerada contantaminada e apresentando-se com
determinadas substâncias e em quantidades tais que afetam sua qualidade, prejudicando a
sua utilização ou a tomam repulsiva aos sentidos da visão, paladar ou olfato, ela é
denominada poluída. É claro que a contaminação poderá acompanhar a poluição ( LEME,
1984).
A poluição das águas por pesticidas é responsável por grande dano à saúde
humana, animal e vegetal. RUEGG et alli (1986) citam que as causas deste tipo de
poluição podem estar relacionadas com: lançamento nas águas de restos de formulações;
lavagem dos equipamentos de pulverização em águas de riachos, rios e lagoas; cultivos
feitos à margem das águas; lavagem e carreamento dos pesticidas pelas águas das chuvas;
respingos acidentais de formulações de pesticidas em poços, tanques, caixas de água,
fontes, riachos, rios e lagoas; e aplicação direta de pesticidas nas águas para controlar
larvas e mosquitos, caramujos (hospedeiro intermediário de esquistossomose) e vegetação
aquática excessiva.
Conforme salienta PASCHOAL (1979): " os resíduos dos agrotóxicos também são
fontes de poluição dos corpos d'água. As deficiências nutricionais das plantas, aliadas ao
aparecimento de pragas resistentes ao agroquímico, à diminuição dos inimigos naturais e à
baixa diversidade do meio ambiente, que implica em menor estabilidade, têm sido os
principais responsáveis pelo uso crescente de agrotóxicos nas lavouras".
Reportagem do Diário Catarinense, de 12 de novembro de 2000, mostra a situação
de Santa Catarina, quanto à falta de fiscalização na venda, aplicação e distribuição dos
produtos nos mercados. A falta de uma legislação estadual que instrumentalize os órgãos a
realizar uma efetiva fiscalização facilita um comércio sem barreiras. A Lei Estadual 11.069
de 1998, que até o momento não se apresenta regulamentada, atribui aos órgão estaduais a
realização das fiscalizações. Cabe a Cidasc a fiscalização na área do comércio; a Fatma e
94

a Polícia Ambiental, na área ambiental; Secretaria da Saúde, na área de saúde; Secretaria


da Fazenda, na área tributária; e à Epagri desenvolver trabalhos na área de treinamentos e
de capacitação dos agricultores. Outro problema existente refere-se a implantação da Lei
Federal 9.974 de 2000 que estabelece ao fabricante e ao comerciante de agrotóxicos a
responsabilidade do recolhimento e destino final das embalagens, e ao agricultor, a
obrigatoriedade da tríplice lavagem e a devolução no ponto de compra, no prazo de um ano,
a partir da data da compra.
A problemática existente quanto ao uso dos agrotóxicos nas lavouras brasileiras,
poderá ser simplificada pelo discurso do então Deputado Federal Fernando Ferro: " .... O
uso dos agrotóxicos hoje no país se constitui num dramático quadro de desrespeito à vida
das pessoas; um verdadeiro genocídio silencioso cometido diariamente contra crianças,
mulheres, e adultos de modo geral...... Está ocorrendo um genocídio no campo, com
conseqüências seríssimas para a saúde pública. Tanto para o trabalhador que manipula
estes venenos, como para a população que consome alimentos com os mais variados graus
de contaminação..... Os órgãos de extensão rural dizem que ensinam ao produtor como
usar corretamente os "defensivos agrícolas" ; a culpa é do trabalhador rural que não segue a
orientação......Não há como ele aprender a usar corretamente uma arma química, uma
bomba..... Acreditar que o trabalhador rural brasileiro vai usar o EPI, uma parafernália que o
protegeria do veneno é mais uma ilusão da extensão rural" (Câmara dos Deputados,
discurso proferido em 09/09/96).
5.2 - A grotóxicos - Um Problema de Saúde Pública

Os casos de envenenamento agudo por pesticidas são freqüentes nas populações


do meio rural, assim como em algumas parcelas da população urbana que se contaminam
via de regra de forma indireta. Os agrotóxicos atuam de duas maneiras no
comprometimento da saúde da população: através da intoxicação dos agricultores durante a
aplicação destes produtos, ou através do consumo de alimentos contaminados com
resíduos de pesticidas.
Os trabalhadores rurais (homens, mulheres e crianças) que aplicam ou estão em
contato direto ou indireto com os pesticidas são as vítimas principais deste tipo de
intoxicação. É comum, enquanto algumas pessoas capinam os canteiros ou fazem outra
atividade no cultivo, estar ocorrendo concomitantemente aplicação de agrotóxicos conforme
FOTO 10.

UNISUL (nov/98).
FOTO 10 - Aplicação de pesticida, juntamente com a capina nos canteiros do fumo, Sanga Negra-
Sombrio - SC.

Via de regra, a literatura aponta como causa da degradação da saúde humana e


do meio ambiente o uso “ínapropriado” de agrotóxicos. Estes produtos, por definição são
tóxicos, e mesmo quando aplicados sob condições "apropriadas" (recomendadas), em
96

doses prescritas, utilizando práticas também específicas, causam efeitos adversos no meio,
o que justifica o interesse sobre estudos que envolvem sua presença, e seus derivados no
ambiente ( GUIVANT, 1992; PINHEIRO, 1993; ZAMBRONE, 1989).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a cada hora e meia morre uma pessoa
nos países pobres intoxicada por praguicidas, num total de 16 por dia; e para cada caso
notificado de intoxicação existem 50 ou mais não notificados ( POLTRONIERI, 1997).
Assim com acentua POLTRONIERI (1988), os agrotóxicos são um problema de
risco, estando extremamente vinculado com o modelo de produção agrícola que se impõe
no país. Os agrotóxicos são altamente prejudiciais para a saúde tanto de quem os consome,
incorporado aos alimentos, quanto para a massa de trabalhadores que os manipula.
Para RIOS & OLIVEIRA (1999), o uso dos praguicidas configura-se em um risco
ambiental, pois, além de prejuízos materiais, por perda da safra ou cabeças de gado, têm
causado graves prejuízos à vida humana pela poluição do ar, das águas, dos solos, dos
alimentos e contato direto por manuseio. O risco ambiental pode ser conceituado como uma
ameaça potencial apresentada ao homem ou à natureza por eventos originados ou
transmitidos ao meio ambiente natural ou construído. É tudo o que ocorre no ambiente e
causa prejuízos à vida humana, sejam prejuízos sociais, materiais ou a perda da própria
vida.
Os trabalhadores agrícolas que manipulam os agrotóxicos não são treinados para
trabalhar com produtos tóxicos, nem recebem, em geral, as mínimas advertências sobre os
perigos a que se expõem. Os equipamentos de proteção individual como: boné ou chapéu,
viseira, luvas, roupas de algodão, botas de borrachas, avental impermeável, máscaras,
entre outros, não são utilizados pelos agricultores. Estes justificam que estes equipamentos
de proteção individual são muito quentes e desconfortáveis. Outros cuidados como período
de carência (tempo em que o produtor e sua família não poderão entrar na lavoura tratada
com agrotóxicos), não são respeitados e algumas vezes a própria casa está localizada
dentro das lavouras (FOTO 11).
No corpo humano os pesticidas podem penetrar por três vias: pele (absorção via
subcutânea ou dérmica); pela boca (ingestão por via oral) ou pelo aparelho respiratório
(através de inalação pela via respiratória), embora os prejuízos para a saúde humana sejam
mais acentuados nos produtores rurais, a ingestão dos alimentos também respondem por
sérios transtornos à população urbana.
Intoxicações pela via dérmica ocorrem pelo contato direto do produto com a pele
através de respingos, derramamento do produto sobre a pele e uso de roupas
contaminadas. Já as intoxicações por via oral ocorrem principalmente em situações onde o
aplicador não toma certas atitudes no momento da aplicação, entre elas fumar, ingerir
97

bebidas ou alimentos. Os problemas relacionados às vias respiratorias ocorrem durante a


aplicação ou mesmo após, uma vez que os produtos voláteis, estão dissipados no ambiente.

M.Darélla (08/01/00)
FOTO 11 - Localização da casa, dentro da lavoura de fumo, na sub-bacia do Córrego Garuva.

Os agricultores também não acreditam que os pesticidas, em contato com a pele,


sem queimá-la ou irritá-la, possam ser absorvidos até em quantidades mortais. Em
conseqüência, as intoxicações agudas (com sintomas imediatos) são freqüentes, sendo
consideradas endêmicas entre os trabalhadores que manuseiam e aplicam defensivos
agrícolas em países ditos em desenvolvimento (RÜEGG, et alii, 1986).
As patologias e intoxicações humanas por agrotóxicos são claramente o mais alto
preço da sua utilização. Os efeitos à saúde mais conhecidos são os agudos, por serem mais
evidentes e imediatos. No entanto, os casos de intoxicações crônicas (com efeitos a longo
prazo) são relatados pelos Centros de Informações Toxicológicas e afetam um grande
número de pessoas, principalmente da zona rural.
Os sintomas provenientes das intoxicações dos agrotóxicos são os mais variados
possíveis, assim como as lesões causadas; este fato ocorre devido a grande quantidade de
princípios ativos existentes. O QUADRO 21 apresenta alguns sintomas típicos das
intoxicações produzidas pelos agrotóxicos e seus agentes causadores.
98

Analisando a literatura disponível sobre o tema intoxicações por praguicidas,


observamos que de maneira geral os organoclorados, carbamatos e organofosforados
apresentam sérios problemas em saúde pública.
Os efeitos cancerígenos e teratogênicos dos organoclorados (aldrin, clorobenzilato
e heptacloro) e carbamatos (carbamil,propoxur), dentre outros, já estão plenamente
comprovados e não se restringem à população diretamente atingida, indo afetar as gerações
futuras, pois promovem mutações recessivas, que irão se manifestar sob a forma de
doenças genéticas, como surdez, hemofilia, distrofia muscular, depois de várias gerações
(LEWGOY, 1983; FERRARI, 1986).
Nas intoxicações causadas pelos organoclorados são observados alguns distúrbios
e entre eles podemos destacar: gastrointestinais como gastrite com ou sem vômitos e
diarréias; respiratórios com irritação laringo-traqueal, tosse, broncopneumonia e
bracodispnéia; e, neurológicos como paresias da língua e membros, fotofobia, vertigem,
alteração no equilíbrio, convulsão, coma e alterações no eletroencefalograma
(POLTRONIÉRI, 1997).
As intoxicações caracterizadas como agudas provocam o aparecimento dos
sintomas logo após as intoxicações, com alterações no sistema nervoso, pulmonar e
digestivo. Nestas intoxicações o diagnóstico é facilitado e, em sua maioria, são causadas
pelos organofosforados como o BHC, Aldrin e o DDT (podendo ser durante a aplicação ou
em período curto após a mesma). É comum constatar a queixa dos trabalhadores rurais
após a aplicação do agrotóxico, por apresentarem sintomas como dores de cabeça, tonturas
e náuseas.
Os problemas maiores na área médica são as intoxicações crônicas, cujas
manifestações não são bem definidas e o diagnóstico é mais difícil. Estas intoxicações
caracterizam-se pelo aparecimento tardio dos sintomas, levando meses ou anos, com
quadro clínico indefinido, devido à dificuldade da associação do problema apresentado com
o uso dos pesticidas. Os organofosforados, organoclorados e carbamatos são os principais
produtos responsáveis pelas intoxicações crônicas.
Segundo GRANDO (1998), em Santa Catarina as intoxicações humanas
registradas ocorridas no período de 1994 a 1996 somam 8.070 casos, dos quais 1.024
foram atribuídos aos agrotóxicos, representando 12,7% do total; este percentual não
significa o total, uma vez que somente são registrados no Centro de Informações
Toxicológicas os casos em que os profissionais de saúde necessitam de informações
complementares quanto ao produto, sinais, sintomas esperados, prognóstico, diagnóstico
e/ou tratamento .
99

QUADRO 21 - Sintomas típicos de intoxicações e agentes causadores

SINTOMAS AGENTES

Lesões hepáticas inseticidas clorados orgânicos

inseticidas clorados orgânicos e fungicidas fenil-mercúricos e metoxi-


Lesões renais
mercúricos

certos herbicidas, 2,4-D e 2,4,5-T, por exemplo, e alguns inseticidas


Neurite periférica
organofosforados

inseticidas organofosforados (leptofós e EPN), agentes desfolhantes (DEF e


Ação neurotóxica retardada
Merfós ou Folex). O leptofós (ou Phosvel) e o EPN tiveram seu uso proibido no
Esterilidade masculina Brasil . Atrofia testicular por fungicida denominado tridemorfo (ou Calixin)
motivada pela oligospermia, que se desenvolve por exposição ao nematicida
diclorobromopropano (DCBP ou Nemagon). O uso deste produto foi proibido no
Brasil.

acaricida clordimeforme (Galecron ou Fundai ); este acaricida apresenta um


Cistite hemorrágica
metabolito cancerígeno para animais de laboratório, o 4-cloro-orto-toluidina. O
clordimeforme não está sendo produzido no Brasil há vários anos.

Hiperglicemia, ou diabetes herbicidas 2,4-D e 2,4,5-T; pesticidas do grupo dos dinitrofenóis; e


trasitória pentaclorofenol. Levam a diminuição das defesas orgânicas, pela diminuição
Hipertemia dos linfócitos imunológicamente competentes e consequentemente abaixamento
do teor de anticorpos pelos fungicidas trifenilestânicos (Duter e Brestan)

herbicida paraquat (Gramoxone) com frequêntes casos mortais e reações de


Fibrose pulmonar irreversível
hpersensibilidade ( urticária, alergia e asma); inseticidas piretróides e diversos
outros pesticidas . Teratogênese pelos fungicidas mercurianos orgânicos e pela
dioxina presente no 2,4,5-T; mutagênese já observada nas exposições ao
dinitro-ortocresol (DNOC), trifuralina (Treflan), DDT e Malation, por exemplo.

Demosnstrada no homem após exposição ao aminotriazol (Amitrol) e os


compostos arseniacais inorgânicos . Estes pesticidas não tem uso permitídoo no
Carcinogênese
Brasil. O desenvolvimento de tumores malignos em animais de laboratório tem
sido comprovado após absorção prolongada de: inseticidas DDT, alfa-BHC,
beta-BHC, aldrin, dieldrin, clordano, heptacloro, canfecloro ou toxafeno e
dodecacloro ou mirex; acaricida: clorobenzilato, ou akar e 4-cloro-ortotoluidina,
que é um metabolito de clorodimeforme-Galecron ou Fundai; fungicidas:
clorotolonil ou Daconil quitozene ou Terraclor, carbendazin-Derosal ou Bavistin
(neste último caso, como consequência do nitrito usado na proteção das latas
contra corrosão) e etilenotiouréia, que é uma impureza e também um metabolito
do maneb e do zineb; herbicidas: aminotriazol ou amitrol profam ou IPC e
dinitrosaminas (impurezas e produtos de reação na trifluralina ou Treflan e de
outros herbicidas do grupo dos dinitroderivados); reguladores de crescimento;
hidrazina maléica e daminozida ou Alar.

FONTE: MARTINE & GARCIA (1987), adaptado.

Os casos notificados neste mesmo período apresentam sazonalidade, sendo os


meses de janeiro, fevereiro e março ( primeiro trimestre do ano ), e outubro, novembro e
dezembro ( último trimestre ), os meses com maior número de casos notificados, com queda
100

evidente no mês de junho. Este aumento do número de intoxicações coincide com a época
de plantação e condução das principais lavouras em Santa Catarina, como o milho, fumo,
soja , feijão e arroz.
No Brasil as intoxicações humanas registradas por agentes tóxicos, de 1985 a
1999, totalizaram 674.689 casos , com cinco agentes respondendo por 73% do total. As
intoxicações por pesticidas agropecuários contribuíram com 7,46% dos casos e os
pesticidas domésticos com 3,75% do total (QUADRO 22). Somados estes dois agentes
(11,21%), representam a terceira causa de intoxicação no Brasil.
Em Santa Catarina, de acordo com o Centro de Informações Toxicológicas do
Estado, os organofosforados são responsáveis por 25,3% dos casos e os carbamatos com
12,6% das intoxicações produzidas por agrotóxicos no período de 1994 a 1996 (QUADRO
23 ). Com estes dados podemos constatar que estes dois grupos químicos inibidores da
colinesterase, totalizam 37,9% dos casos registrados . DARÉLLA et alli (1999), registram
na comunidade rural da Sanga Negra, município de Sombrio, que de 114 pessoas
submetidas ao exame para dosagem de acetilcolinesterase (todos trabalhadores em cultura
do fumo), 76,3% apresentaram redução na atividade da enzima colinesterase.
Segundo FIOCRUZ/CICT/SINITOX (1999) no período de 1997 a 1999, foram
registrados 14.877 casos de intoxicações por pesticidas de uso agrícola, ocasionando óbito
em 473 pessoas. Neste mesmo período, na região sul ocorreu 4.692 casos, 32% do total
registrado no Brasil, com 157 óbitos (33%).
Alguns autores confirmam que os carbamatos e organofosforados, inibidores da
colinesterase, são os compostos responsáveis pela maioria dos envenenamentos por
agrotóxicos ( GRANDO, 1998; MAHIEU et alli, 1990; VALLE et alli,1993; entre outros).
QUADRO 22 - Casos Registrados de Intoxicação Humanas por Agentes Tóxicos, no Brasil, no período de 1985 a 1999.

FONTE: FIOCRUZ/CICT/SINITOX (1999).


101
102

QUADRO 23 - Casos registrados de intoxicações humanas por agrotóxicos, e grupos


químicos relacionados de acordo com o Centro de Informações
Toxicológicas de Santa Catarina para o período de 1994 - 1996.

CLASSE DE USO GRUPOS QUÍMICOS TOTAL


N (%)

Piretróides 270 26,4


INSETICIDAS Organofosforados 259 25,3
Carbamatos 129 12,6
Outros 60 5,8
Subtotal 718 70,1

Derivados da glicina 82 8,0


Compostos bipiridílicos 56 5,5
Fenoxiácidos e derivados 42 4,1
HERBICIDAS Reguladores do crescimento 25 2,4
Miscelânea 9 0,9
Dinitroanilinas 8 0,8
Ditiocarbamatos 6 0,6
Outros 22 2,1
Subtotal 250 24,4

Ditiocarbamatos 7 0,8
Metais inorgânicos 3 0,3
FUNGICIDAS Fenóis 3 0,3
Benzimidazóis 0,3
Ftalimidas 2 0,2
Triazinas etriazóis 0,2
Outros 0,3
Subtotal 24 2,3

OUTROS Subtotal 17 1,7

IGNORADOS Subtotal 15 1,5

TOTAL 1024 100,0

FONTE: G RAND0.1998.
103

Inibidores da Colinesterase - Organofosforados e Carbamatos

Os organofosforados e carbamatos são classificados como pesticidas do grupo dos


colinérgicos indiretos. Os colinérgicos inibem a ação da acetilcolinesterase (Ache), evitando
assim a hidrólise da acetilcolina (Ach). A acetilcolina (Ach) é um neurotransmissor clássico
do Sistema Nervoso Central (SNC), agindo em todas as fibras autônomas pré-ganglionares,
parassimpáticas pós-ganglionares e algumas fibras simpáticas pós-ganglionares. Age
também como transmissor nos nervos motores para o músculo esquelético e certos
neurônios no interior do SNC. A acetilcolina é hidrolisada no SNC pela enzima
acetilcolinesterase (Ache) e liberada das terminações nervosas motoras ( SILVA, 1994 ;
GILMAN et alli.1992 ).
Segundo GILMAN et alli, (1992) as colinesterases são enzimas que hidrolizam os
ésteres de colina em graus variáveis de acordo com a estrutura destes. A colinesterase de
maior importância é a acetilcolinesterase (Ache) também chamada de colinesterase
verdadeira ou específica, responsável pela inativação da acetilcolina. Estas enzimas estão
localizadas nas membranas pré-sinápticas colinérgicas, nas cisternas do retículo
endoplasmático, nas membranas plasmáticas dos neurônios colinérgicos , nos eritrocitos e
na placenta. As pseudocolinesterases se encontram no fígado, soro sangüíneo, cérebro,
associadas a células gliais capilares e alguns neurônios.
Os anticolinesterásicos bloqueiam a ação da acetilcolinesterase (Ache) sobre a
acetilcolina (Ach), evitando desta forma a hidrólise deste neurotransmissor , promovendo
assim o aumento da concentração da acetilcolina. Para SILVA (1994), o excesso de
acetilcolina irá determinar respostas exageradas dos efetores glandulares, musculares e
metabólicos.
A atividade da aceticolinesterase poderá ser determinada através de testes
específicos em sangue total, plasma ou eritrocitos. Intoxicações graves apresentarão níveis
muito baixo de acetilcolinesterase sanguínea. O Conjunto Portátil Lovbond Mod. AF 267, é
utilizado para avaliar a campo a atividade da colinesterase sangüínea e eventuais
intoxicações.
A atividade da colinesterase no sangue, sujeita à ánalise através de testes, é
expressa em percentagem da atividade no sangue normal. Dependendo do resultado obtido
na análise, recomenda-se as seguintes medidas conforme TABELA 08.
104

TABELA 08 - Percentagem da colinesterase e resultado

75 a 100% Nenhuma ação

50 a 75% Probabilidade de intoxicação

25 a 50% Intoxicação aguda

0 a 25% Intoxicação grave e perigosa

Os resultados obtidos em testes não podem ser considerados definitivos, e sim


passíveis de algumas discussões. Como salienta GUIVANT (1992), quando relacionamos
níveis de colinesterase numa população , devemos levar em conta alguns fatores como.
níveis baixos de colinesterase podem ser resultado de uma doença congênita; algumas
pessoas apresentam níveis de colinesterase abaixos do nível normal; e, que os níveis
laboratoriais nem sempre se correlacionam com quadros clínicos . Importante ressaltar que
a análise não deverá ser utilizada de maneira isolada. O exame poderá ser bastante útil,
quando entendido e usado como instrumento auxiliar, tanto no diagnóstico clínico, quanto
nas ações a serem executadas.

“ Um dos recursos técnicos disponíveis para analisar o grau de contaminação


no sangue é o exame de colinesterase, que é a enzima que hidroliza a acetilcolina
nas junções colinérgicas do sistema nervoso dos animais, inclusive dos insetos. É
vital para o funcionamento deste sistema fisiológico, ocorrendo nos vertebrados no
sistema nervoso central, e nas ramificações motoras e parassimpáticas do sistema
nervoso periférico. É inibida por inseticidas fosforados e carbamatos, e isto leva ao
aparecimento de sintomas de intoxicação ( contração da pupila, lacrimejamento,
tonturas, etc.) ou até mesmo a morte". ( BULL & HATHAWAY, 1986 p.205).

Os inibidores da colinesterase apresentam sintomas característicos (QUADRO 24)


que podem variar em grau e amplitude conforme o anticolinesterásico usado, dose
aplicada, via de administração ou de exposição. Os carbamatos e organofosforados
apresentam efeitos ainda mais sérios nas populações expostas, por serem cancerígenos e
teratogênicos, afetando as gerações futuras. Como já comentado, mutações recessivas irão
acumular-se e serão manifestadas após várias gerações, sob a forma de doenças genéricas
como surdez, hemofilia, distrofia muscular ( FERRARI, 1986; POLTRONIERI, 1997).
Os organofosforados são absorvidos pelo organismo humano por via dérmica,
respiratória, digestiva e membranas mucosas. A absorção por via oral assume importância
nas intoxicações acidentais, sobretudo em crianças. As vias dérmica e respiratória são as
principais vias de intoxicação nas exposições ocupacionais . A sintomatologia das
intoxicações por organofosforados e carbamatos são semelhantes, pois ambos são
105

inibidores da colinesterase, porém nos carbamatos esta inibição é menos estável, reversível
e de curta duração, à exceção de casos graves.
Tratando-se dos carbamatos, o exame deverá ser realizado pouco tempo após a
exposição, já no caso dos organofosforados, a atividade da acetilcolinesterase poderá
permanecer diminuída por até 90 dias após o último contato. ( GRANDO, 1998; LARINI,
1996).

QUADRO 24 - Efeitos de anticolinesterásícos em humanos


TECIDOS OU SISTEMA EFEITOS
Pele Sudorese

Visual Lacrimejamento, miose, visão borrada, espasmo acomodativo

Digestivo Salivação, aumento das secreções gástricas, pancreatite, aumento do


tono e motilidade intestinal ( cólicas abdominais, vômito, diarréia e
defecação)

Urinário Freqüência urinária e incontinência

Respiratório Aumento das secreções brônquicas, broncoconstricção, fraqueza ou


paralisia de músculos respiratórios

Músculo Esquelético Fasciculações, fraqueza, paralisia (bloqueio despolarizante)

Cardiovascular Bradicardia (devido à predominância muscarínica), diminuição do


rendimento cardíaco, hipotensão. Efeitos devidos a ações gangliônicas
e ativação da medula adrenal também podem ser vistos.

Nervoso Central Tremor, ansiedade, inquietação, concentração e memória rompida,


distúrbio do sono, dessincronização do elétro-encéfalograma,
convulsões, coma, depressão circulatória e respiratória

FONTE: CRAIG & STITZEL.1986 (adaptado).


106

5.3 - Agrotóxicos e suas implicações na saúde dos produtores rurais do


Córrego Garuva

Nos últimos anos o Brasil registrou índices bastante significativos quanto à


intoxicação por pesticidas agropecuários e pesticidas domésticos. Vários fatores
contribuíram para estas intoxicações, porém os agrotóxicos utilizados no meio rural
apresentam-se como um dos principais causadores de problemas de saúde da população.
O uso dos produtos químicos em quantidades cada vez maiores, com menor
intervalo de tempo, associado a princípios ativos diferentes no momento de preparação da
calda, juntamente com o nível cultural, formas de aplicação e outros, resultam em
intoxicações agudas ou crônicas nos agricultores. Produtos organofosforados e carbamatos,
apresentam normalmente sintomas tardios, levando meses ou anos, dificultando assim a
associação do pesticida com os sintomas apresentados.
As práticas agrícolas realizadas sempre visando uma colheita maior, ocasionam
uma exposição humana maior aos pesticidas, aumentando consideravelmente os riscos
(FOTO 12).
A maneira de pensar dos agricultores acreditando no domínio da técnica da
aplicação dos agrotóxicos, se reflete nos riscos no meio rural, tanto no ambiente como na
própria saúde.
Na população estudada, o nível de escolaridade é bastante baixo; os que não lêem
e não escrevem com os que apresentam o Io grau incompleto, perfazem 68% dos
entrevistados (FIGURA 26). Isto demonstra a vulnerabilidade desta população às influências
da indústria química.

□ IIograu ccrrpleto
0 IIograu inccrrpleto
□ Pgrauccrrpleto
□ Iograu incompleto
■ não lê e não escreve

FIGURA 26 - Grau de escolaridade dos produtores entrevistados na sub-bacia do Córrego


Garuva.
107

Quando sondados quanto à existência de intoxicações devido ao uso dos


agrotóxicos, foi constatado que 56% dos entrevistados revelam que já tiveram alguma
complicação com estes produtos (FIGURA 27), desde intoxicações leves (na grande
maioria) até intoxicações mais severas.

□ um caso
□ dois casos
□ três casos
□ mais de três casos
■ não houve intoxicação

FIGURA 27 - Número de intoxicações relatado pelos entrevistados nos últimos cinco anos na sub-
bacia Córrego Garuva.

Conforme o QUADRO 25 os motivos apresentados como desencadeadores das


intoxicações foram, com maior destaque, a ingestão, inalação, contato com a pele, entre
outras.
Os sintomas de intoxicação apresentados pelos produtores de banana, arroz e
fumo, na sub bacia Córrego Garuva vão desde quadros mais comuns de intoxicações como
náuseas, vômitos, irritação na pele, diarréia, cólicas abdominais, e fraqueza nas pernas até
mais severos, com complicações no sistema nervoso, apresentando agressividade, lesões
oculares e convulsão. Foi relatado na área de estudo um caso de suicídio, com ingestão de
furadan 350 C, utilizado na cultura da banana, pertencente à classe toxicológica I, grupo
dos carbamatos.
Um dos casos com apresentação de sintomas fortes envolvendo o sistema nervoso,
foi relatado por um agricultor que, ao utilizar na cultura do arroz, em forma de coquetel, os
produtos Ordran e Satanil , ambos pertencentes ao grupo dos tiocarbamatos, com classe
toxicológica II e III respectivamente. Além dos sintomas comuns como náuseas, vômitos e
outros, após 3 dias da aplicação, ocorreu o aparecimento dos sintomas neurológicos,
constatado principalmente pelas convulsões, necessitando assim tratamento médico e
internação por 6 dias.
108

M.DARÉLLA (01/2000).
FOTO 12 - Equipamentos de pulverização armazenados em locais não específicos, em propriedades
do Córrego Garuva.

QUADRO 25 - Causas das intoxicações dos agricultores da sub bacia Córrego Garuva

CAUSA PERCENTAGEM

Colheita do fumo molhado 8%


Ingestão do pesticida 1%
Grande periodo de tempo de aplicações durante o dia 15%

Absorção pela pele 9%

Inalação 30%

Ingestão, inalação e pele 33%

Outros 4%

Dos entrevistados, quando sofrem intoxicação, 61% procuram assistência médica,


e os demais utilizam os conhecimentos ou crendices populares e medicamentos fornecidos
pelas farmácias, conforme expresso na FIGURA 28.
Através das observações e sondagens de campo com os agricultores ligados à
produção de arroz, banana e fumo da sub-bacia do Córrego Garuva , constatamos que os
109

mesmos desconhecem os verdadeiros riscos à saúde causados pelas aplicações dos


agrotóxicos. Conforme QUADRO 26, dos pesticidas apontados pelos agricultores como não
perigosos à saúde, existe uma divergência bastante acentuada, principalmente quanto ao
tipo de cultivo.

FIGURA 28 - Formas de ajuda nos casos de intoxicação por agrotóxicos, segundo relatos dos
agricultores do Córrego Garuva.

Nas lavouras de arroz, o produto karatê, pertencente à classe toxicológica II, é


apontado por 29% dos entrevistados como o menos perigoso. Já nas lavouras de banana, o
furadan e gramaxone, são citados como os únicos que apresentam perigo à saúde, sendo
que os demais se não ingeridos, não causam problema algum.

QUADRO 26 - Agrotóxicos considerados não perigosos ou pouco perigosos à saúde pelos


agricultores do Córrego Garuva.

CUL'n v o
ARROZ BANANA
Agrotóxico Classe Percentagem Agrotóxico Classe Percentagem
Toxicológica Toxicológica

Sirius IV 29% Carbaryl fersol III 8%

Roundap IV 38% Cercobin IV 15%

Karatê II 29% Condor II 23%

Cerconil II 31%

Tilt III 23%


b = = ................. = j =
110

Os agricultores ligados à produção do fumo, apontam que todos os pesticidas


apresentam em maior ou menor grau prejuízos para a saúde humana, única exceção quanto
ao produto confidor, pertencente ao grupo das nitroguanidinas, com classe toxicológica IV.
A relação estabelecida quanto ao perigo dos agrotóxicos pelos agricultores reside
na informação de alguma intoxicação na propriedade ou fora dela. Produtos da classe
toxicológica I e II (extremamente e altamente tóxicos) são apontados nas culturas do arroz e
banana como pesticidas de pouca periculosidade à saúde.

Análise da atividade de colinesterase sangüínea nos agricultores do Córrego Garuva

Como método de avaliação da atividade da colinesterase sanguínea, foi utilizado


conjunto Portátil para teste LOVBOND, Mod. AF 267 (FOTO 13), objetivando identificar as
intoxicações por produtos das classes dos organofosforados e carbamatos.
Das propriedade analisadas, foram realizados exames em 148 pessoas ( 60 ligadas
à produção de arroz, 48 com a de banana e 40 com a de fumo), de diferentes idades,
inclusive crianças acima de 2 anos. As dosagens apresentadas foram diversas, tanto
naquelas relativas ao mesmo cultivo , como em cultivos distintos.
Do total de análises realizadas, constatou-se que as crianças, embora não ligadas
diretamente ao trabalho agrícola, apresentam alterações nas taxas de colinesterase
sanguínea, podendo variar de 50 a 100%. Podemos relacionar estes resultados com a
localização das residências e lavouras, pois a proximidade das mesmas possibilita o acesso
das crianças com maior facilidade aos locais de aplicação dos agrotóxicos.
Na faixa etária entre 2 e 10 anos ocorre probabilidade de intoxicação em crianças
cuja casas se localizam próximas às lavouras, como é o caso das de arroz e do fumo. O
acesso à lavoura de banana, situada nos terrenos mais íngremes, é mais distante da
moradia e geralmente não frequentada por pessoas desta faixa etária.
Em todos os cultivos analisados a classe que teve maior número de casos é aquela
correspondente aos 15-24 anos. Registrou-se os três níveis de intoxicação, sendo que no
arroz há um predomínio de intoxicação aguda, enquanto que para a banana predomina
àquela correspondente a probabilidade de intoxicação; embora na banana o nível de
intoxicação seja menor, ressalta o maior número de casos (QUADRO 27).
Il I

M.DARÉLLA (01/2000 ).
FOTO 13 - Conjunto Portátil para teste LOVBOND, Mod. AF 267, utilizado para dosagens de
acetilcolinesterase nos agricultores do Córrego Garuva.

Outra classe que revelou apresentar problemas é aquela referente a 25 - 33 anos,


em que novamente a bananicultura tem maior número de casos. Para o fumo esta classe
também forneceu os maiores valores, embora sempre predominem neste cultivo a forma
mais branda de intoxicação. É interessante salientar também que no cultivo do fumo a
classe acima de 40 anos apresenta também valores mais frequentes que naquelas de arroz
e banana, revelando que as pessoas mais idosas estão mais diretamente envolvidas com
este cultivo.
A faixa etária que apresenta maiores índices de alteração da colinesterase está nas
idades de 15 até 24 anos. Este é justificado devido a que os proprietários, na maioria das
vezes, não realizam trabalhos de aplicação dos pesticidas, deixando este encargo para
seus filhos.
Com relação à cultura que apresenta maior alteração nas taxas de colinesterase,
encontramos a banana com 76% dos casos .
QUADRO 27 - Resultados dos Exames de Colinesterase Sangüínea na sub-bacia do Córrego Garuva.

probabilidade de intoxicação
intoxicação aguda
intoxicação grave e perigosa
112
113

Nenhum caso de intoxicação grave e perigosa ( 0 a 25% ) foi registrado. Mas


salienta-se que estes casos, normalmente não são encontrados nas propriedades rurais,
uma vez que os agricultores apresentam sintomas bastante severos de intoxicação e
buscam rapidamente auxílio médico.
A realização do exame de dosagem da colinesterase sanguínea, ficou em média de
oito dias após a aplicação de agrotóxicos para o arroz, quatro dias para a banana e quinze
dias para o fumo. Este dado é importante pois a recomendação para realização do exame,
deve ser, para os produtos pertencentes a classe dos organofosforados até noventa dias, e
para os carbamatos logo após exposição.
114

6. CONCLUSÕES ERECOMENDAÇÕES

Este trabalho desenvolvido na sub-bacia do Córrego Garuva possibilitou através


das relações culturais que se estabelecem pelas práticas agrícolas desenvolvidas na área
uma série de conclusões.
Analisando-se o cultivo do arroz, pode-se destacar:

• O cultivo do arroz na área estudada sofreu um forte incremento após os anos 80, com
difusão do Projeto Pró-Varzeas. Novas tecnologias começaram a ser implementadas,
acompanhadas de uma maior dependência dos agrotóxicos.

• Na sub-bacia Hidrográfica do Córrego Garuva, pode-se observar que o cultivo do arroz


está em ascensão nos dias atuais, e com alta tecnificação. Isto não significa afirmar que
outras culturas estão sendo relegadas a um segundo plano.

• Cultivado em áreas de diferentes tamanhos o arroz sofreu um forte tecnificação, com a


utilização de maquinários pesados, adubos químicos e pesticidas.

• Os produtores preparados teoricamente para as mudanças ocorridas nas lavouras do


arroz, estão distantes do conhecimento dos problemas causados ao meio ambiente e à
saúde.

• Dos entrevistados, 47% dos produtores afirmam não receber nenhuma orientação
quanto à aplicação dos agrotóxicos, revelando o uso aleatório desses produtos
químicos.

• Constatou-se que na maioria das propriedades, o intervalo entre uma aplicação e outra
varia de 21 a 24 dias, sendo os produtos usados de forma individual ou em coquetel.

• Os agrotóxicos utilizados nos cultivos de arroz, pertencem em grande maioria às classes


toxicológicas I e II, e são agrupados nos diversos grupos químicos.
• Os produtores entrevistados ligados a esse cultivo afirmam não conhecer ou
desconsiderar os períodos de efeito residual, de carencia e de resguardo para a
reentrada nas lavouras.

• Uma distância adequada entre as residências e as lavouras de arroz não é levada em


consideração pelos produtores, muitas vezes com uma proximidade de somente 500m,

• Os equipamentos de proteção individual não são utilizados de forma correta pelos


trabalhadores nas pulverizações de arroz, que fazem uso, com maior freqüência, apenas
de botas e luvas.

• As embalagens vazias de agrotóxicos utilizados nas áreas de rizicultura são, na grande


maioria, deixadas nas lavouras ou jogadas em rios e córregos.

• As práticas agrícolas conduzidas nestas lavouras, favorecem a um maior contato dos


pesticidas com as águas, por serem aplicados nas canchas e posteriormente
transportados para os cursos d’água.

• As pulverizações nas áreas de arroz são realizadas principalmente por pessoas


contratadas, e, de modo subordinado, pelos filhos homens. A justificativa principal
reside no fato de que os produtos utilizados ocasionam problemas de saúde às pessoas
mais velhas.

Quando ao cultivo de banana:

• A banana é cultivada há bastante tempo na sub-bacia do Córrego Garuva,


principalmente nas encostas, locais impróprios para outras práticas agrícolas, e ocupam
áréas de 5 até 12 hectares.

• Este cultivo via de regra é realizado afastado das residências, porém próximo às
nascentes.

• Os produtores ligados ao cultivo da banana, não se preocupam com os tratos culturais, o


que ocasiona uma produção de menor qualidade e quantidade.
O trato cultural realizado por todos os produtores nas áreas de banana é a capina,
principalmente química, que se estende desde os primeiros meses de instalação até o
momento em que a sombra das folhas irá prejudicar o desenvolvimento das ervas
daninhas.

Uma das mais importantes práticas culturais, que irá possibilitar um certo controle ao
ataque das pragas, o ensacamento dos cachos, não é realizado em todas as
propriedades, estando presente apenas em 20% delas, e mesmo assim, de forma
incorreta, com a utilização de sacos de lixo.

Todas as propriedades ligadas à produção de banana utilizam agrotóxicos em maior ou


menor quantidade, realizado na maioria dàs vezes de forma preventiva.

Os produtores são unânimes em afirmar que conhecem todas as doenças e pragas do


bananal, descartando o diagnóstico por parte dos técnicos.

Os agrotóxicos utilizados nos bananais, em sua grande maioria, são indicados pelos
balconistas das agropecuárias e por outros produtores.

A falta de tecnificação nos cultivos da banana influencia o produtor a acreditar que


somente conseguirá uma produção expressiva, tanto em qualidade quanto em
quantidade, através da utilização dos agrotóxicos.

Os agrotóxicos utilizados nas lavouras de banana são aplicados na maioria das vezes
de forma combinada, com produtos químicos diferentes, ou com o mesmo princípio ativo
mas com nome comercial diferenciado, sempre com o coadjuvante (óleo mineral).

A aplicação dos pesticidas estará condicionada à extensão das lavouras, com o serviço
de pulverização se estendendo da manhã até a tãrde, em período superior a 3 horas.

Na grande maioria (85%) os produtores de banana preferem contratar mão-de-obra para


as pulverizações.

As pulverização nos bananais são realizadas sem a utilização dos equipamentos de


proteção individual indicados, com bermudas e camisas de manga curta.
• As dosagens dos produtos são estabelecidas pela experiência dos produtores,
desrespeitando as informações do fabricante.

• No cultivo da banana não existe preocupação quanto ao resguardo na entrada de


pessoas dentro das áreas tratadas, assim como do período de carência para
comercialização do produto.

Quanto ao fumo:

• O fumo é cultivado na sub-bacia do Córrego Garuva há 15 anòs, e é realizado no


sistema de integração com as empresas Souza Cruz, Universal e Kannemberg.

• O fumo ocupa áreas de 1,5 a 3,5 hectares, em propriedades onde são cultivados outros
produtos como arroz, banana, mandioca, feijão e milho.

• As lavouras de fumo são próximas das residências, e os canteiros mais próximos ainda.

• Os produtores de fumo na sub-bacia são unânimes em afirmar que o método mais


eficiente no controle de pragas e doenças é a utilização dos pesticidas.

• Os agrotóxicos utilizados nos cultivos do fumo são indicados principalmente pelos


técnicos agrícolas vinculados às empresas fumageiras, balconistas e outros produtores
mais experientes. Os agrônomos somente são consultados quando as lavouras
apresentam problemas graves.

• Devido à orientação constante por parte das empresas fumageiras, a realização da


tríplice lavagem é feita pela maioria dos produtores, sendo as embalagens armazenadas
em sacos que são guardados nos galpões para posterior coleta sem data definida pela
ÈPAGRI.

• As pulverizações nas lavouras de fumo não obedecem horários pré-determinados,


estando condicionada ao número de plantas a serem atingidas.

» Nas lavouras de fumo na sub-bacia do Córrego Garuva, as pulverizações são realizadas


pelos filhos dos proprietários (56%) e pelos próprios proprietários (16%).
• Os produtores de fumo costumam aumentar a dosagem dos pesticidas no momento da
preparação da calda.

Com relação específica aos agrotóxicos podemos destacar:

• Estes produtos pertencem a diversas classes toxicológicas, sendo comum a utilização


dos grupos químicos nos quais estão incluídos os organofosforados e os carbamatos.

• Um dos fatores responsáveis pela influência direta da indústria química nas


propriedades rurais da sub-bacia do Córrego Garuva é devido ao baixo nível de
escolaridade da população.

• Da população investigada, 56% afirmam já ter sofrido alguma complicação com o uso
dos agrotóxicos, em acidentes derivados pela ingestão, inalação ou contato com a pele.

• Os agricultores ligados à produção de arroz, de banana e de fumo na sub-bacia do


Córrego Garuva desconhecem os verdadeiros riscos à saúde pela aplicação dos
agrotóxicos.

• A ignorância por parte dos produtores rurais no conhecimento das classes toxicológicas,
possibilita um maior risco de intoxicação aos trabalhadores e às suas famílias.

• Das 148 pessoas que participaram dos exames de sangue, 70% ligada à produção de
arroz, 75% com a de banana e 30% com a de fumo, apresentaram alterações nos níveis
de colinesterase sangüínea, inclusive crianças na faixa etária de 2 a 10 anos.

O teste de colinesterase sangüínea aplicado nos agricultores de arroz, de banana e de fumo


revelou:

• Na classe correspondente a 0 - 25% de colinesterase não foi detectado nenhum caso de


intoxicação em virtude de que, por ser caracterizada como intoxicação perigosa, a
pessoa necessitaria de rápido atendimento hospitalar.

« Os maiores índices ocorreram nas classes de 50 a 75% que corresponde à


probabilidade de intoxicação, e nos cultivos de arroz e banana, com 48,4% e 62,5%
respectivamente. Nos dois cultivos, a faixa etária que demonstrou estar mais intoxicada
corresponde a de 15 a 24 anos.

• A classe de 25 a 50%, que corresponde a intoxicação aguda, o cultivo de arroz forneceu


o valor de 21,6%, enquanto o de banana, 12,5%. É interessante ressaltar que também
nesta classe a faixa etária mais atingida corresponde a de 15 a 24 anos.

• No cultivo de fumo os resultados estão concentrados (70%) na classe de 75 a 100% de


colinesterase sangüínea, que se enquadra nos padrões normais, enquanto que 30% dos
agricultores analisados estão na classe de 50 a 75%. Neste cultivo, as faixas de 15 à 24
e 25 a 33 anos mostram valores aproximadamente semelhantes. Possivelmente os
resultados obtidos para o fumo poderiam ser mais elevados já que as análises foram
realizadas em dezembro e janeiro, enquanto que as pulverizações mais intensas
ocorrem em setembro - outubro, período que corresponde ao maior desenvolvimento da
lavoura.

Diante ao exposto , julgamos a necessidade na apresentação de algumas


recomendações, tais como:

- Maiores trabalhos voltados à educação ambiental;

- proporcionar ao produtor rural e seus familiares cursos na área de segurança de trabalho


e de equipamentos de aplicação;

- difusão de estudos na área que possibilitem aos agricultores modificação no processo de


produção agrícola, visando uma menor utilização da quantidade de agrotóxicos nos
cultivos ou mesmo a sua ausência;

- desenvolvimento por parte dos órgão públicos das atividades de fiscalização, de modo a
fazer cumprir a legislação em vigor;

- desenvolvimento de projetos viabilizando um maior conhecimento dos processos de


reciclagem dos recipientes dos pesticidas, assim como a tríplice lavagem;

- efetivação de um programa municipal para registro de casos de intoxicação por


agrotóxicos;
120

- monitoramento laboratorial, através de dosagens da colinesterase sangüínea , pelo


menos semestralmente, dos trabalhadores e seus familiares expostos ao risco.
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ANEXOS
ANEXO 01 - ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CURSO DE MESTRADO EM GEOGRAFIA
MESTRANDO - MARCELO SOARES DARÉLLA

PESQUISA DE CAMPO

Data:
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 - Dados da Familia
Localização da propriedade:.........................................................................................................................................
Nome do agricultor:........................................................................................................................................................
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q u a l? ........................................................................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? ..............................................................................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

Nome do Cônjuge:............................................................................................
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q u a l? ..................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

N° de residentes na propriedade:..................................
N° de filh o s :..............................
Nome:.................................................................................................................
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q u a l? ..................................................
f. ( ) curso superior - qua l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

Nome:.................................................................................................................
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q u a l? ..................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? .... ....................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

Nome:.................................................................................................................
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( )2° grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q u a l? ..................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

Nome:.................................................................................................................
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q ua l? ..................................................
f. ( ) curso superior - qua l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?
Nome:
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) nâo
q u a l? ..................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

Nome:.................................................................................................................
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( )2° grau incompleto
e. ( ) 2o grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
q u a l? ..................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?

Nome:.................................................................................................................
Grau de Parentesco com o proprietário:
Sexo: ( )M ( )F
Data de nascimento: / /
Escolaridade: a. ( ) não lê e não escreve
b. ( ) 1o grau incompleto
c. ( ) 1o grau completo
d. ( ) 2o grau incompleto
e. ( ) 2° grau completo - curso técnico? ( ) sim ( ) não
qua l? ..................................................
f. ( ) curso superior - q u a l? .........................................................
Quais as funções exercidas na propriedade?
2. DADOS DA PROPRIEDADE
2.1 -Á rea to ta l:.................................... 2.2 - Área total trabalhada:
2.3 - Tipos de exploração agrícola relacionada com o tamanho da propriedade:
Area Fumo Banana Arroz outras
(hectare)
0 -5
6-10
11 - 1 5
16-20
21 - 2 5
26-30
31 - 3 5
36-40
41 - 5 5
Mais que 55

2.4 - Qual a relação de trabalho:


a. ( ) proprietário b. ( ) assalariado c. ( ) meeiro
d. ( ) arrendatário e. ( ) parceiro f. ( ) outro. Q u a l? ........
2.5 - Há quanto tempo cultiva este produto na propriedade?
a. ( ) menos de 1 ano b. ( ) de 1 até 3 anos c. ( ) de 3 até 5 anos
d. ( ) de 5 até 7 anos e. ( ) de 7 até 9 anos f. ( ) mais de 10 anos
2.6 - Qual a ocupação da área antes desta cultura?

2.7 - Tem acesso a algum tipo de financiamento? a. ( ) sim b. ( ) não Quais?

2.7.1 - O que compra com o dinheiro do financiamento?

2.8 - Participa de algum tipo de associação?


a. ( ) não b. ( ) sindicato c. ( ) cooperativa d. ( ) sistema integração
e. ( ) outros Q uais:.............................................................................................. ........ ......................
2.9 - Existem animais na propriedade?
a. ( ) sim b. ( ) não
Criação Quantidade Distância da área de cultivo
Bovinos
Suínos
Equinos
Aves
Caprinos
Ovinos
Outros
3. MANEJO E USO DE AGROTÓXICOS
3.1 - Quais os cultivos que utilizam agrotóxicos?
a. ( ) arroz b. ( ) fumo c. { ) banana d. ( ) maracujá e. ( ) pastagens
f. ( ) feijão g. ( ) outros Q u ais? .....................................................................................

3.2 - Quai o destino dos produtos cultivados?


a. ( ) consumo familiar b. ( ) compra pela cooperativa c. ( ) venda à atravessador
d. ( ) industria e. ( ) outros Q uais?.............................................................................

3.3 - Onde a produção é armazenada?


a. ( ) galpão b. ( ) silos c. ( ) não armazenados na propriedade d. ( ) outros

3.4 - Realiza algum tratamento químico após a colheita? a. ( ) não b. ( ) sim Quáis?

3.5 - A utilização dos agrotóxicos diminui em quanto a perda da produção?

3.6 - Na sua opinião, quais as perdas na produção causados pelas pragas e doenças?

3.7 - Na sua opinião, quais as principais pragas e doenças nas lavouras?


Fumo Arroz Banana

3.8 - A quem recorre, de preferência, quando ocorrem pragas e doenças nas lavouras?
a. ( ) agronômo b. ( ) técnico agrícola c. ( ) balconista de agropecuária d. ( ) outros Quais:

3.9 - Quais os métodos de controle de pragas e doenças que julga mais eficiente?
3.10- Quais os métodos que costuma utilizar?

3 11- Onde compra os agrotóxicos?


a, ( ) agropecuária b. ( ) cooperativa/sindicato c ( ) vendedor que trás em casa d. ( ) outros

3.12 - Em caso de receber alguma informação sobre o uso dos agrotóxicos, quem presta este tipo de
informação?
a. ( ) agronómo b. ( ) técnico agrícola c. ( ) balconista de agropecuaria d. ( ) outros Quais:

3.12- Qual a distância da casa das áreas cultivadas?


Distância(m) Arroz Fumo Banana Outras cultivos *
Menos de 500
De 500 até 1000
De 1000 até 2000
De 2000 até 3000
outras

* Quais?
3.15 - Quais os agrotóxicos utilizados/quantidade/finalidade?
CULTIVO DO ARROZ
Produtos Quantidade Finalidade
CULTIVO DO FUMO
Produtos Quantidade Finalidade
CULTIVO DA BANANA
Produtos Quantidade Finalidade
OUTROS CULTIVOS:
CULTURA:................
Produtos Quantidade Finalidade
3.16 - Qual a duração média das pulverizações/cultivo?
Tempo Arroz Fumo Banana Outros cultivos *
Menos de 30 minutos.
De 30 minutos até 1 hora
D e l até 1:30 horas
De 1:30 até 2 horas
De 2 até 2:30 horas
De 2:30 até 3 horas
De 3 até 3:30 horas
De 3:30 até 4 horas
Acima de 4 horas

* Quais?

3.17 - Quem realiza as pulverizações nas lavouras? E de que forma?


a. ( ) proprietário b. ( ) esposo c. ( ) filhos d. ( ) filhas e. ( ) contratados f. ( ) outros
Quem? ..................................................................................................................................................................................
De que fo rm a ? ......................................................................................................................................................................

3.18 - Qual o horário que são iniciadas as pulverizações?


Manhã Tarde Ambos

( ) ( ) ( )
6 horas
7 horas
8 horas
9 horas
10 horas
11 horas
12 horas
13 horas
14 horas
15 horas
16 horas
17 horas
18 horas
3.19 - Há quanto tempo possui o pulverizador?
a. ( ) menos de 1 ano b. ( ) de 1 até 2 anos c. ( ) de 2 até 3 anos d. ( ) de 3 até 4 anos
e. ( ) de 4 até 5 anos f. ( ) mais de 5 anos
3.20 - Quantas vezes trocou os bicos do pulverizador?
a. ( ) 1 vez b. ( ) 2 vezes c. ( ) 3 vezes d. ( ) 4 vezes e. ( ) 5 vezes f. ( ) 6 vezes
g. ( ) mais de 6 vezes Q uantas?....................................................................
3.21 - Como faz a regulagem do pulverizador?

3.22 - O senhor acha que existe algum tipo de contaminação do meio ambiente devido as pulverizações com
agrotóxicos? Quais e por quê?

3.23 - Para o senhor quais as vantagens do uso dos agrotóxicos? Por quê?

3.24 - Existem desvantagens? Quais?

3.25 - Qual o local de preparação da calda de aplicação?

3.26 - Como é feita a dosagem dos agrotóxicos?


3.27 - Quais as misturas dos agrotóxicos que costuma fazer?

3.28 - De onde provém a água utilizada no preparo dos agrotóxicos?

3.29 - Compra os agrotóxicos com receituário agronômico? Sim ( ) Não ( ) Por quê?

3.30 - Quais os equipamentos de proteção utilizados?


a. ( ) bota b. ( ) macacão c. ( ) luvas d. ( ) máscara
e. ( ) boné/chapéu f. ( ) avental impermeável g. ( ) outros Quais?

3.31 - Os equipamentos de proteção após o uso são limpos? Sim ( ) ( ) Não Como?

3.32 - Faz a leitura do rótulo antes de utilizar o produto? Sim ( ) N ão( ) Porquê?

3.33 - Qual o período entre as aplicações (dias)?

ARROZ
a. ( ) d e l a t é 3 dias b. ( ) de 4 até 5 dias c. ( ) de 6 até 7 dias d. ( ) de 8 até 10 dias
e. ( ) de 11 até 15 dias f. ( ) de 16 até 17 dias g. ( ) de 18 até 19 dias h. ( ) de 20 até 21 dias
i. ( ) de 22 até 23 dias j. ( ) de 24 até 25 dias k. ( ) de 25 até 27 dias I. ( ) de 28 até 30 dias
m. ( ) acima de 30 dias
FUMO
a. ( ) de 1 até 3 dias b. ( ) de 4 até 5 dias c. ( ) de 6 até 7 dias d. ( ) de 8 até 10 dias
e. ( ) de 11 até 15 dias f. ( ) de 16 até 17 dias g. ( ) de 18 até 19 dias h. ( ) de 20 até 21 dias
i. ( ) de 22 até 23 dias j. ( ) de 24 até 25 dias k. ( ) de 25 até 27 dias I. ( ) de 28 até 30 dias
m. ( ) acima de 30 dias

BANANA
a. ( ) de 1 até 3 dias b. ( ) de 4 até 5 dias c. ( ) de 6 até 7 dias d. ( ) de 8 até 10 dias
e. ( ) de 11 até 15 dias f. ( ) de 16 até 17 dias g, ( ) de 18 até 19 dias h. ( ) de 20 até 21 dias
i. ( ) de 22 até 23 dias j. ( ) de 24 até 25 dias k. ( ) de 25 até 27 dias I. ( ) de 28 até 30 dias
m. ( ) acima de 30 días

3.34 - Quanto tempo após a aplicação dos agrotóxicos ocorre a entrada das pessoas nas plantações?
a. ( ) mesmo dia b. ( ) de 1 até 3 dias após a aplicação c. ( ) de 4 até 5 dias
d. ( ) de 6 até 7 dias e. ( ) de 8 até 9 dias f. ( ) de 10 até 11 dias
g. ( ) de 12 até 13 dias h. ( ) de 14 até 15 dias i. ( ) de 16 até 17 diás
j. ( ) de 18 até 19 dias k. ( ) acima de 20 dias

3.35 - Quanto tempo após a aplicação dos agrotóxicos os produtos sao comercializados?
a. ( ) mesmo dia b.( ) de 1 até 3 dias após a aplicação c. ( ) de 4 até 5 dias
d .( ) de 6 até 7 dias e- ( ) de 8 até 9 dias f. ( ) de 10 até 11 dias

9- ( ) de 12 até 13 dias h .( ) de 14 até 15 dias i. ( ) de 16 até 17 dias

M ) de 18 até 19 dias k.( ) de 20 até 25 dias I. ( ) de 26 até 29 dias


m. ( ) acima de 30 dias.

3.36 - Na sua opinião quais os produtos (agrotóxicos) são considerados perigosos e não perigosos a saúde?
PERIGOSOS NAO PERIGOSOS

3.37 - Quais os agrotóxicos mais utilizados nos últimos 2 anos?


3.38 - Como é realizada a dosagem para aplicação dos agrotóxicos?
a. ( ) segue as instruções do rótulo/bula b. ( ) segue recomendações De quem
c. ( ) aplica a olho d. ( ) outros Quais?

3.39 - Qual o destino dado as embalagens dos agrotóxicos?


a. ( ) queimadas b. ( ) reaproveitadas c. ( ) enterrradas d. ( ) jogadas no rio
e. ( ) colocadas em lixeiras tóxicas f. ( ) deixadas no campo g. ( ) outros Quais?

3.40 - As lavouras são feitas sempre na mesma área? Sim ( ) Não ( ) Por quê?

3.41 - Qual a distância da fonte de água das lavouras?


B anana:......................................................................
F um o :.........................................................................
A rro z :.........................................................................
3.42 - Qual a utilização destas fontes de água?

3.43 - Onde é realizado a lavagem dos equipamentos de proteção?


a. ( ) riachos/córregos b. ( ) poços c. ( ) açúdes d. ( ) outros Quais?
4. SAÚDE
4.1 - Já houve casos de intoxicação devido ao uso dos agrotóxicos? a. ( ) sim b. ( ) não
Quantos casos nos últimos 5 anos?
a. ( )1 b. ( )2 c. ( )3 d .( )4 e. ( )5 f. ( )6 g. ( )7 h. ( )8 i. ( )9
j. ( ) 10 ou mais Q uantos?..................................................................
4.2 - Quais os motivos destas intoxicações?

4.3 - No caso de intoxicação houve intenação? Quantos dias de internamento? Onde?

4.4 - Alguém já morreu na propriedade devido a problemas de intoxicações com agrotóxicos?


a. ( ) sim b. ( ) não Como ocorreu?

4.5 - Em casos de intoxicações por agrotóxicos, a quem recorre?


a. ( ) médico b. ( ) agrônomo c. ( ) técnico agrícola d. ( ) farmacêutico e. ( ) ninguém
f. ( ) outros Quem?

4.6 - Quais os principais sintomas observados nas intoxicações?


4.7 - Houve nascimento de filho com algum problema? Qual?

OBSERVAÇÕES

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