A Prática Deliberada No Desempenho Táctico

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Dissertação apresentada com vista à obtenção

do Grau de Mestre em Ciências do Desporto, na


área de especialização em Desporto para
Crianças e Jovens, de acordo com o Decreto-lei
nº 216/92 de 13 de Outubro.

Docente orientador: Prof. Dr. Júlio Manuel Garganta da Silva

Mário Nuno Maciel Arruda Fagundo

Porto, 2008
FAGUNDO, M. (2008). A influência da Prática Deliberada no desempenho
táctico em Futebol. Estudo comparativo em escalões de formação. Porto: M.
Fagundo. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.

Palavras-chave: PRÁTICA DELIBERADA, JOVENS, EFICÁCIA OFENSIVA,


EFICÁCIA DEFENSIVA.
Agradecimentos

Um trabalho desta natureza, apesar do seu carácter individual, é sempre


consequência da colaboração de várias pessoas, às quais prestamos o nosso
mais sincero agradecimento.

Ao Professor Doutor Júlio Garganta, pela preciosa orientação, estímulo e


ensinamentos transmitidos.

A todos os docentes que contribuíram para a minha formação pessoal e


científica.

A todos os meus colegas de escola e de mestrado, pela amizade e


companheirismo proporcionado.

Aos meus amigos e família pela amizade e pelos bons momentos.

Aos meus irmãos e sobrinhos pela constante boa disposição, motivação,


amizade e compreensão.

E por fim, aos meus pais, pela confiança, incentivo e ajuda que
manifestaram a todos os níveis, durante esta longa caminhada. Por todo o
amor e carinho, desde sempre.

I
II
Índice Geral

Agradecimentos………………………………………………………………… I
Índice Geral………………………………………………………………………. III
Índice de Figuras………………………………………………………………... IX
Índice de Quadros………………………………………………………………. XI
Lista de Abreviaturas…………………………………………………………... XV
Resumo…………………………………………………………………………… XVII
Abstract…………………………………………………………………………… XXI
Résumé…………………………………………………………………………… XXV

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………… 29
1.1. Pertinência e âmbito do estudo……………………………………………. 29
1.2. Estrutura do trabalho……………………………………………………….. 33

2. REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………… 35
2.1. Os constrangimentos tácticos do jogo de Futebol………………………. 35
2.2. A influência da táctica no rendimento desportivo………………………... 38
2.3. Especificidade da acção táctica na elevação do rendimento
desportivo…………………………………………………………………….. 42
2.4. A importância do(s) modelo(s) de jogo no treino de crianças e jovens.. 45
2.5. O papel do treinador no desenvolvimento da excelência desportiva…. 49
2.6. As ideias do treinador como reflexo do processo de treino e vice-
versa…………………………………………………………………………... 54
2.7. A comunicação entre o treinador e os atletas enquanto condição do
rendimento desportivo………………………………………………………. 58
2.8. A importância da prática no desenvolvimento do jovem atleta………… 61
2.9. (Pré-)disposição dos atletas para o jogo…………………………………. 63
2.10. Futebol: Jogo de Liberdades vs Prática Deliberada…………………… 66
2.11. Natureza do jogo deliberado e a sua importância no
comprometimento com a prática desportiva...……………………………. 70
2.12. Factores de rendimento/eficácia táctica………………………………… 73

III
IV
3. OBJECTIVOS E HIPÓTESES……………………………………………….. 77
3.1. Objectivos do estudo……………………………………………………….. 77
3.1.1. Objectivo Geral………………………………………………………… 77
3.1.2. Objectivos Específicos………………………………………………... 77
3.2. Hipóteses do estudo………………………………………………………… 78

4. MATERIAL E MÉTODOS……………………………………………………. 79
4.1. Amostra………………………………………………………………………. 79
4.2. Caracterização da amostra………………………………………………… 80
4.3. Organização dos procedimentos………………………………………….. 80
4.4. Procedimentos Estatísticos………………………………………………… 81
4.5. Instrumentos…………………………………………………………………. 82
4.6. Fiabilidade do Sistema de Observação…………………………………... 82
4.7. Explicitação das variáveis………………………………………………….. 84
4.7.1. Introdução……………………………………………………………… 84
4.7.2. Sequência Ofensiva Finalizada (SOF)……………………………… 88
4.7.3. Número de Variações de Corredor (NVC)………………………….. 89
4.7.4. Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo
(TPC)………………………………………………………………………….. 91
4.7.5. Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)… 93
4.7.6. Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID).. 94
4.7.7. Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID)
e Ofensiva (NIO)…………………………………………………………….. 95

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS……………….. 97


5.1. Introdução……………………………………………………………………. 97
5.2. Análise das Variáveis Observadas………………………………………... 98
5.2.1. Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência
Ofensiva Finalizada…………………………………………………………. 98
5.2.1.1. Escalão de Minis (≤ 6 anos)……………………………………. 98
5.2.1.2. Escalão de Pré-escolas (7/8 anos)…………...……………….. 99
5.2.1.3. Escalão de Escolas (9/10)……………………………………… 100

V
VI
5.2.1.4. Escalão de Infantis (11/12)…………………………………….. 101
5.2.1.5. Análise Global…………………………………………………… 101
5.2.2. Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo
(TPC)………………………………………………………………………….. 108
5.2.2.1. Análise Global…………………………………………………… 109
5.2.3. Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)… 117
5.2.4. Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID).. 123
5.2.5. Número de jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID) e
Ofensiva (NIO)……………………………………………………………….. 128

6. CONCLUSÕES……………………………………………………………….. 135

7. SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS………………………………. 137

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………... 139

ANEXOS
Anexo 1 - Ficha de Observação

VII
VIII
Índice de Figuras

Figura 1 - Modelo Conceptual dos treinadores de sucesso………………… 56

Figura 2 - Fórmula para verificação da fiabilidade dos resultados…………. 83

Figura 3 - Divisão do terreno de jogo em corredores………………………... 89

Figura 4 - Divisão do terreno de jogo em sectores.………………………….. 62

Figura 5 – Comparação do Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada (SOF)………………………………….… 102

Figura 6 - Média, em minutos, do tempo de posse de bola consentido por


jogo nos diferentes escalões……………………………………..………... 110

Figura 7 - Média, em percentagem, do tempo de posse de bola


consentido por jogo nos diferentes escalões…………………………….. 111

Figura 8 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Ofensiva (NIO)……………………………………………………………….. 117

Figura 9 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Defensiva (NIO)……………………………………………………………… 124

Figura 10 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes nas


Acções Defensivas (NID) e Ofensivas (NIO) por escalão………………. 130

IX
X
Índice de Quadros

Quadro 1 - Características do Modelo de jogo mais evoluído……………… 47

Quadro 2 - Caracterização da amostra……………………………………….. 80

Quadro 3 - Resultado do estudo da fiabilidade das observações………….. 83

Quadro 4 - Organização das variáveis do estudo……………………………. 87

Quadro 5 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) no escalão de Minis……………. 98

Quadro 6 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) no escalão de Pré-escolas……. 99

Quadro 7 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) no escalão de Escolas………… 100

Quadro 8 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) no escalão de Infantis…………. 101

Quadro 9 - Comparação do Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) nos diversos escalões…………. 102

Quadro 10 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e


Pré-escolas…………………………………………………………………… 103

Quadro 11 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e


Infantis………………………………………………………………………… 103

Quadro 12 - Média, Desvio Padrão e valor Mínimo e Máximo do TPC……. 109

XI
XII
Quadro 13 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e
Pré-escolas…………………………………………………………………… 111

Quadro 14 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e


Infantis………………………………………………………………………… 111

Quadro 15 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na


Acção Ofensiva (NIO) por Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) nos
diversos escalões……………………………………………………………. 117

Quadro 16 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e


Pré-escolas…………………………………………………………………… 118

Quadro 17 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e


Infantis………………………………………………………………………… 118

Quadro 18 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na


Acção Defensiva (NID) por Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) nos
diversos escalões……………………………………………………………. 123

Quadro 19 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e


Pré-escolas…………………………………………………………………… 124

Quadro 20 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e


Infantis………………………………………………………………………… 125

Quadro 21 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes nas


Acções Defensivas (NID) e Ofensivas (NIO) por escalão………………. 128

Quadro 22 - Resultados do teste t-Student para o Número de


Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) e Número de Intervenientes
na Acção Defensiva (NID)………………………………………………….. 130

XIII
XIV
Lista de Abreviaturas

DP - Desvio Padrão

ES - Escolas

IF - Infantis

MI - Minis

NID - Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva

NIO - Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva

NVC - Número de Variações de Corredor

PD - Prática Deliberada

PE - Pré-escolas

SOF - Sequência Ofensiva Finalizada

TPC - Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo

X - Média

XV
XVI
Resumo

A influência da Prática Deliberada no desempenho táctico em Futebol.


Estudo comparativo em escalões de formação.

No Futebol, é cada vez mais consensual a ideia de que o sucesso dos


jovens no desporto está dependente da qualidade do treino e de uma ampla e
contínua participação na actividade ao longo das várias etapas de formação.
A presente investigação tem como objectivos (1) relacionar o tempo de
Prática Deliberada (PD) dos atletas com a eficácia ofensiva e defensiva, e (2)
analisar as diferenças de eficácia ofensiva e defensiva em atletas com tempos
idênticos de Prática Deliberada.
A amostra é constituída por quatro escalões distintos de escolas de
formação, que participaram em quadros competitivos de Futebol na época de
2006/2007. A partir de um total de 24 jogos, foram observadas 382 sequências
ofensivas concluídas com remate à baliza, 92 sequências do escalão de Minis,
98 do escalão de Pré-escolas, 83 do escalão de Escolas e 109 do escalão de
Infantis.
Das sequências observadas, primeiramente foi analisada a eficácia das
acções ofensivas, por escalão, a partir dos valores obtidos pelas variáveis
Número de Variações de Corredor (NVC) e Número de Jogadores
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO). Por sua vez, os resultados das
variáveis Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo
(TPC) e Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID)
permitiram indagar a eficácia das acções defensivas, para cada grupo
observado.
No sentido de dar cumprimento ao segundo objectivo do estudo, foram
analisadas as diferenças de eficácia ofensiva e defensiva, por escalão, tendo
em conta os valores médios das variáveis Número de Jogadores Intervenientes
na Acção Ofensiva (NIO) e Número de Jogadores Intervenientes na Acção
Defensiva (NID).
O tempo de Prática Deliberada foi analisado em função dos anos de
prática sistemática em clubes.

XVII
XVIII
A identificação de diferenças médias entre os grupos considerados na
amostra, para as variáveis em análise, foi realizada a partir do t-teste de
medidas independentes. O nível de significância foi mantido em 5%.
Para a análise da globalidade dos dados foram utilizados procedimentos
da estatística descritiva, nomeadamente a média, o desvio-padrão, a
frequência e a percentagem.
Considerando os propósitos do presente estudo, foi possível destacar as
seguintes conclusões: (1) os atletas com mais tempo de Prática Deliberada
evidenciaram eficácia ofensiva mais elevada, sendo as diferenças significativas
para as variáveis Número de Variações de Corredor (NVC) e Número de
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO). Relativamente a esta última variável,
observaram-se apenas diferenças significativas nos escalões de Escolas e
Infantis; (2) os atletas com mais tempo de Prática Deliberada evidenciaram
uma maior eficácia defensiva, apresentando valores estatisticamente
significativos apenas para a variável Número de Intervenientes na Acção
Defensiva (NID), nos escalões de Minis e Pré-escolas; (3) os atletas do escalão
de Minis revelaram uma eficácia ofensiva superior à eficácia defensiva na
comparação das variáveis Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)
e Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID); (4) a eficácia ofensiva é
dissemelhante da eficácia defensiva na comparação das variáveis Número de
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) e Número de Intervenientes na Acção
Defensiva (NID), verificando-se superioridade ofensiva em todos os escalões
estudados.
Os resultados do presente estudo indiciam a importância da Prática
Deliberada na eficácia defensiva e ofensiva das equipas e sustentam a
necessidade do envolvimento precoce dos jovens com a prática organizada do
Futebol.

Palavras-chave: Prática Deliberada, Jovens, Eficácia Ofensiva, Eficácia


Defensiva.

XIX
XX
Abstract

The influence of Deliberate Practice on soccer tactics performance.


Comparative study on training per age bracket.

It is has become a widely accepted fact that the success of young soccer
players depends on the quality of their training and consistent practice
throughout the training of each of the various age groups.
This study has the following objectives: (1) to identify a correlation
between the time spent on Deliberate Practice (DP) by the players and the
effectiveness of the attack and defence. (2) To analyse the differences in the
effectiveness in attack and defence of players based on determined Deliberate
Practice times.
The study sample comprises four different age groups from training
schools that participated in soccer competitions during the 2006/2007 season.
Based on a total of 24 games, 382 attacking plays that resulted in shots on
target were observed, 92 plays from the 6 or less age bracket, 98 from the 7-8
age bracket, 83 from the 9-10 age bracket and 109 from the 11-12 age bracket.
In the plays observed, the main factor analysed was the effectiveness of
the attack, per age bracket, using the figures obtained from the following two
variables: 1) the Number of Pass Variations (NPV) and the Number of Players
in Attack (NPA). In turn, the results of the variables Time in Possession of the
Ball in the Mid Field Defence (TPB) and the Number of Players in Defence
(NPD) enabled us to investigate the effectiveness of the defensive plays for
each group observed.
In order to achieve the second objective of the study, the differences in
effectiveness between the attack and defence were analysed per age group
taking into account the mean values of the variables Number of Players in
Attack (NPA) and Number of Players in Defence (NPD).
The time spent on Deliberate Practice was analysed in terms of the
number of years of systematic practice in the clubs.

XXI
XXII
Identification of the average differences between the groups studied,
using the study variables, was achieved based on the t-test of independent
surveys. The significance level was maintained at 5%.
Descriptive statistical procedures, were used to analyse the global nature
of the data in particular the average, the standard deviation, the frequency and
the percentage.
Taking into account the purpose of this study, it was possible to draw the
following conclusions: (1) Players with more Deliberate Practice time showed a
higher level of effective attack; the differences in the variables Number of Pass
Variations (NPV) and Number of Players in Attack (NPA) being significant. (2)
Players with more Deliberate Practice time demonstrated a higher degree of
defensive effectiveness, with statistically significant figures only in the variable
Number of Players in Defence (NPD) in the case of 6 or less age bracket and 7-
8 age bracket. (3) The players of the 6 or less age bracket showed a higher
attacking effectiveness than that in defence for the variables Number of Players
in Attack (NPA) and Number of Players in Defence (NPD). (4) The effectiveness
in attack is dissimilar from that in defence for the variables Number of Players in
Attack (NPA) and Number of Players in Defence (NPD), where an attacking
superiority was observed in all the age brackets studied.
The results of this study prove the importance of Deliberate Practice for
the effectiveness in defence and attack of the teams and support the need for
early involvement of young players in organised practice in football.

Key words: Deliberate Practice, Young Players, Effectiveness in Attack,


Effectiveness in Defence.

XXIII
XXIV
Résumé

L’influence de la Pratique Délibérée dans la performance tactique en


Football. Étude comparative des catégories de formation.

Dans le Football, l’idée que le succès des jeunes dans le sport dépend
de la qualité de l’entraînement et d’une large participation continue à l’activité
au cours des différentes étapes de formation est chaque fois plus consensuelle.
La présente étude a pour objectifs (1) associer le temps de Pratique
Délibérée (PD) des athlètes à l’efficacité offensive et défensive, et (2) analyser
les différences d’efficacité offensive et défensive chez des athlètes ayant le
même temps de Pratique Délibérée.
L’échantillon est constitué de quatre catégories distinctes de centres de
formation, ayant participé à des compétitions de Football au cours de la saison
2006/2007. Sur un total de 24 matchs, 382 séquences offensives suivies d’un tir
au but, 92 séquences de la catégorie Minimes, 98 de la catégorie Pré-Poussins,
83 de la catégorie Poussins et 109 de la catégorie Benjamins, ont été
observées.
Lors des séquences observées, on a d’abord procédé à l’analyse de
l’efficacité des actions offensives, par catégorie, à partir des valeurs obtenues
par les variables Nombre de Changements de Couloir (NCC) et Nombre de
Joueurs Intervenant dans l’Action Offensive (NIO). A leur tour, les résultats des
variables Temps de Possession du Ballon Permis en Milieu de Terrain Défensif
(TPC) et le Nombre de Joueurs Intervenants dans l’Action Défensive (NID) ont
permis de rechercher l’efficacité des actions défensives, pour chaque groupe
observé.
Afin d’atteindre le second objectif de l’étude, les différences d’efficacité
offensive et défensive, par catégorie ont été analysées, tenant compte des
valeurs moyennes des variables Nombre de Joueurs Intervenants dans l’Action
Offensive (NIO) et Nombre de Joueurs Intervenants dans l’Action Défensive
(NID).
Le temps de Pratique Délibérée a été analysé selon les années de
pratique systématique en club.

XXV
XXVI
L’identification de différentes moyennes entre les groupes pris en compte
dans l’échantillon, pour les variables à analyser, a été réalisée à partir du t-teste
de moyennes indépendantes. Le seuil de signification a été maintenu à 0,05.
Pour analyser la globalité des données, on a utilisé des méthodes de
statistique descriptive, notamment la moyenne, l’écart-type, la fréquence et le
pourcentage.
Tenant compte des objectifs de cette présente étude, il a été possible
d’en dégager les conclusions suivantes: (1) les athlètes comptabilisant un
temps plus important de Pratique Délibérée ont révélé une efficacité offensive
supérieure, les différences significatives concernant les variables Nombre de
Changements de Couloir (NCC) et le Nombre d’Intervenants dans l’Action
Offensive (NIO); (2) les athlètes comptabilisant un temps plus important de
Pratique Délibérée ont révélé une efficacité défensive supérieure, présentant
des valeurs statistiquement significatives uniquement en ce qui concerne la
variable Nombre d’Intervenants dans l’Action Défensive (NID) chez les Minimes
et Pré-poussins; (3) les athlètes de la catégorie Minimes ont révélé une
efficacité offensive supérieure à l’efficacité défensive relativement aux variables
Nombre d’Intervenants dans l’Action Offensive (NIO) et Nombre d’Intervenants
dans l’Action Défensive (NID); et (4) l’efficacité offensive est différente de
l’efficacité défensive pour les variables Nombre d’Intervenants dans l’Action
Offensive (NIO) et Nombre d’Intervenants dans l’Action Défensive (NID), la
supériorité offensive ayant été vérifiée dans toutes les catégories étudiées.
Les résultats de la présente étude révèlent l’importance de la Pratique
Délibérée dans l’efficacité défensive et offensive des équipes et alimentent
l’importance de l’implication précoce des jeunes dans la pratique organisée du
Football.

Mots-clés : Pratique Délibérée, Jeunes, Efficacité Offensive, Efficacité


Défensive.

XXVII
XXVIII
Introdução

1. INTRODUÇÃO

1.1. Pertinência e âmbito do estudo

Actualmente, as instituições desportivas tendem a atribuir à formação de


jovens uma crescente importância (Hubball & Robertson, 2004). A constatação
desta realidade resulta da convicção de que a superação dos actuais limites do
rendimento só é concretizada por atletas que tenham tido como base uma
cuidada preparação desportiva desde as idades mais jovens (Coelho e Silva,
1999; Williams & Hodges, 2005).
Neste entendimento, a teoria da Prática Deliberada tem-se apresentado
como a mais válida na tentativa de explicar como se formam os experts.
Segundo os seus percursores, o desenvolvimento de performances de
excelência tem por base uma prática deliberada e esforçada dos atletas
(Ericsson, Krampe, & Tesch-Romer, 1993; Hristovsky, 2007).
Para Ericsson, autor da teoria da Prática Deliberada, o envolvimento é
factor decisivo na alteração do comportamento humano (Button & Abbott,
2007), concorrendo para este facto dois importantes elementos, o primeiro,
relacionado com a atitude/disposição de cada atleta para a prática desportiva,
como o nível de esforço, concentração e motivação demonstradas (Ericsson,
Krampe, Tesch-Romer, 1993; Durand-Bush & Salmela, 1996; Ericsson, 1996;
Ericsson 2007a), e um outro, não menos relevante, ligado à estruturação,
organização e operacionalização de todo o processo de treino (Castelo, 1996;
Garganta & Pinto, 1998; Martens, 1997).
Sob o ponto de vista do treino, a modelação da acção táctica nos Jogos
Desportivos Colectivos (JDC), e no Futebol em particular, apresenta-se como
um dos factores que mais parece condicionar a prestação dos jogadores e das
equipas (Konzag, 1983; Teodorescu, 1984; Gréhaigne, 1992; Moutinho, 1993;
Castelo, 1994, 1996; Faria & Tavares, 1996; Garganta 1996, 1997; Pinto,
1996).
A modelação do jogo permite rentabilizar o desempenho dos jogadores
no ensino, no treino e na competição. A este respeito, Garganta (1996a) admite

29
Introdução

que os processos de ensino e de treino no Futebol ganham em coerência e


eficácia, se referenciados a modelos ajustados à complexidade do jogo
(Garganta, 1996a).
Também a teoria dos sistemas dinâmicos reconhece que os
comportamentos e as acções motoras em situação de jogo decorrem da
adaptação dos indivíduos aos constrangimentos impostos pelo envolvimento,
durante a realização da tarefa (Júlio & Araújo, 2005). Nesta perspectiva, cada
jogador possui um padrão de coordenação específico num sistema dinâmico
complexo que é o jogo de Futebol.
A este respeito, Sousa (2005) refere que a selecção do número e
qualidade das acções dependem do conhecimento que o jogador tem do meio,
assumindo, desta forma, a táctica ou a dimensão táctico estratégica uma
função de filtro da decisão mais adequada para a situação.
A garantia de que a assimilação dos conteúdos por parte dos jogadores
está a ser realizada de uma forma eficaz, reside na fluência das suas acções
nos diversos momentos do jogo. Pretende-se sobretudo que a dinâmica
imposta pelo treinador favoreça a evolução dos indivíduos, partindo da
construção de requisitos que sejam facilitadores das aprendizagens
subsequentes e, ao mesmo tempo, melhorem a sua capacidade de
desempenho (Garganta & Pinto, 1998).
É com este fim que a teoria da Prática Deliberada defende uma
aprendizagem efectiva, baseada no esforço, na concentração e no
compromisso do indivíduo com a prática desportiva (Ericsson, Krampe & Test
Romer, 1993; Weisberg, 1999).
A par do referido, a constante adaptação do treino às possibilidades e
necessidades do praticante estimula a sua capacidade de superação,
conduzindo-o a uma rápida evolução do seu verdadeiro potencial.
Outro dos aspectos considerados determinantes na evolução da
aprendizagem é o recurso à observação e modelação da competição. A partir
de um conjunto de conhecimentos é possível observar características
organizativas (funcionais e estruturais) que nos permitem identificar factores
associados ao rendimento positivo das equipas, bem como à elaboração de
modelos que funcionem como paradigmas (modelos ou referenciais) para o
ensino, treino e competição (Garganta, 1996).

30
Introdução

Neste sentido, a compreensão do modelo de jogo preconizado pelo


treinador, bem como a sua aplicação em competição, poderá traduzir-se em
métodos de treino e modelos de competição mais eficazes e ajustados em
função das características e do nível de desenvolvimento dos jogadores em
causa (Bompa, 1983).
No entanto, ainda que a teoria defendida por Ericsson atribua relevância
à presença de actividades relacionadas no treino, segundo o autor o factor
chave da excelência desportiva assenta no tempo despendido na prática
dessas mesmas actividades (Ericsson, 1996).
Sob o ponto de vista teórico, alguns autores acreditam que a
maximização da capacidade de jogo das crianças está sobretudo dependente
do número de horas dispendidas em actividades deliberadas (Ericsson,
Krampe, & Tesch-Romer, 1993; Ericsson, 1996; Ericsson & Lehmann, 1996),
atribuindo um papel secundário a outros factores (Araújo, 2003).
No entanto, é curioso constatar que as crianças, aquando do seu
primeiro contacto com a prática do Futebol, tendem a focalizar a sua atenção
para o objecto de jogo e para todas as tarefas que garantam o êxito individual.
Esta circunstância tem determinado, pelo menos numa etapa inicial, a
possibilidade de existir uma maior predisposição da criança para as missões de
carácter ofensivo (D’Ottavio, 2000; Pacheco, 2002; Wein, 1995).
Outro aspecto que poderá ter influência nesta dinâmica, é o facto de
alguns autores atribuírem maior complexidade às tarefas de carácter defensivo,
quando comparadas com as tarefas de ataque. Um estudo realizado com base
em análises por vídeo confirma que alguns dos problemas e movimentações de
ordem táctica, evidenciados pelas crianças que iniciam a prática desportiva,
estão relacionados com a complexidade das acções para as quais os
jogadores não têm a posse de bola (Luhtanen et al., 2002).
A este propósito, Garganta (1997) refere que embora o jogo se
desenvolva em contexto de aleatoriedade, os comportamentos dos jogadores
obedecem a uma lógica interna de funcionamento. E é nesta combinação
constante de processos motores e psíquicos que o pensamento e as decisões
tácticas vão evoluindo em proporção com o nível e número de jogos que o
atleta vai experimentando (Mahlo, 1980).

31
Introdução

É nesta perspectiva que se considera oportuno indagar a influência da


Prática Deliberada na eficácia da acção táctica, reconhecida por vários autores
como a essência do rendimento desportivo (Queiroz, 1986; Castelo, 1994;
Frade, 1996; Pinto, 1996; Garganta, 1997; Garcia 1998).
Melo, Paoli & Silva (2007) sublinham que desde os primeiros anos de
aprendizagem é fundamental o facto de os atletas vivenciarem padrões tácticos
ofensivos e defensivos que os habilitem à concretização das principais tarefas
de jogo. No entanto, como foi mencionado anteriormente, o tempo/esforço
despendido pelas crianças na concretização de actividades deliberadas, bem
como, o possível interesse demonstrado, pelo menos numa fase inicial, no
objecto de jogo poderão condicionar os níveis de performance táctica
alcançados.
Face ao exposto, o presente estudo procura responder às seguintes
questões: (1) Será que os atletas com mais tempo de Prática Deliberada
evidenciam maior eficácia nas acções tácticas ofensivas e defensivas, quando
comparados com atletas de níveis de Prática Deliberada inferior? (2) Haverá
uma eficácia ofensiva superior à defensiva nos atletas dos escalões mais
jovens?

32
Introdução

1.2. Estrutura do trabalho

O presente estudo está estruturado em oito capítulos fundamentais.


No que diz respeito ao primeiro capítulo (Introdução), é descrito e
enquadrado, de forma sucinta, o objectivo e a pertinência do estudo.
No segundo capítulo (Revisão da Literatura), procedeu-se a uma
análise, exaustiva o quanto possível, da literatura disponível acerca do assunto
em estudo. Privilegiaram-se os seguintes temas:

1. Os constrangimentos tácticos do jogo de Futebol;


2. A influência da táctica no rendimento desportivo;
3. Especificidade da acção táctica na elevação do rendimento
desportivo;
4. A importância do(s) modelo(s) de jogo no treino de crianças e jovens;
5. O papel do treinador no desenvolvimento da excelência desportiva;
6. As ideias do treinador como reflexo do processo de treino e vice-
versa;
7. A comunicação entre o treinador e os atletas enquanto condição do
rendimento desportivo;
8. A importância da prática no desenvolvimento do jovem atleta;
9. (Pré-)disposição dos atletas para o jogo;
10. Futebol: Jogo de Liberdades vs Prática Deliberada;
11. Natureza do jogo deliberado e sua importância no comprometimento
com a prática desportiva;
12. Factores de rendimento/eficácia táctica.

No terceiro capítulo (Objectivos e Hipóteses), foram sistematizados os


objectivos gerais e específicos do trabalho, bem como as hipóteses formuladas
que surgiram da decorrência directa dos problemas da revisão da literatura.
No quarto capítulo (Material e Métodos), explicitaram-se, de forma
detalhada, todos os elementos referentes à amostra, identificação das técnicas

33
Introdução

e/ou métodos, bem como procedimentos estatísticos empregues, instrumentos


utilizados e a sua fiabilidade.
No quinto capítulo (Apresentação e Discussão dos resultados),
apresentaram-se, de forma concisa, os resultados do estudo, dando primazia à
descrição e apresentação dos factos mais relevantes. Ainda neste capítulo,
foram discutidos os resultados, analisando-se primeiramente a coerência dos
dados e confrontando-os com outros estudos já publicados.
No sexto capítulo (Conclusões), foram expostas, de forma sintética, as
conclusões da investigação reportadas aos objectivos e a confirmação ou não
das hipóteses do estudo.
No sétimo capítulo (Sugestões para futuros estudos), são sugeridas
novas temáticas para a realização de outros estudos na área.
Por fim, no oitavo capítulo (Referências Bibliográficas), é apresentada
uma lista, por ordem alfabética, de todas as referências bibliográficas das
citações incluídas no texto.

34
Revisão da Literatura

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Os constrangimentos tácticos do jogo de Futebol

O jogo de Futebol surge do confronto entre dois sistemas dinâmicos


complexos – as equipas (Garganta & Pinto, 1998) e caracteriza-se pela
sucessiva alternância de ordem/desordem, estabilidade/instabilidade e
uniformidade/variedade (Castelo, 1994).
Júlio & Araújo (2005) referem-se ao jogo de Futebol como um sistema
dinâmico onde se desenvolvem diferentes padrões de acção, tomadas de
decisão e julgamentos numa relação colectiva específica diferente do
somatório das acções individuais (Júlio e Araújo, 2005).
A actividade motriz de que falamos é complexa pela capacidade que o
jogador evidencia ao ter que tomar decisões quando confrontado com as mais
diversas situações (Mombaerts, 1998). As sucessivas relações de oposição e
cooperação têm por base acções individuais e de grupo, congruentes com os
objectivos de cada momento do jogo, segundo regras de acção e princípios de
gestão bem definidos (Garganta & Pinto,1998).
Castelo (1996) afirma que um dos problemas mais complexos que
determina a eficácia de qualquer estrutura de uma equipa de Futebol é a forma
como os jogadores desenvolvem a sua acção dentro da organização da própria
equipa.
À medida que são aprofundadas e reconhecidas as características do
jogo de Futebol, novas ideias surgem na dinâmica organizacional das equipas.
Pelos motivos enunciados, não causa admiração constatar que a
dinâmica do jogo de Futebol tem vindo a modificar-se ao longo dos tempos. Ao
longo dos tempos, tem-se assistido a uma evolução dos sistemas de jogo onde
o domínio dos aspectos ofensivos se sobrepõe claramente aos defensivos. Se
atendermos à evolução do desenvolvimento do jogo, de alguns anos a esta
parte, verificámos, igualmente, que a dinâmica organizacional foi modificada,
passando de um sistema que atribuía ênfase à distribuição espacial deste ou
daquele jogador para uma dinâmica colectiva que objectiva criar

35
Revisão da Literatura

permanentemente situações de vantagem, numérica ou posicional, quer


defensiva ou ofensivamente (Pinto, 1996).
Na verdade, a organização dinâmica de uma equipa de Futebol
consubstancia-se na objectivação e na racionalização de determinados
padrões de jogo, regularidades, formas de organização na defesa e no ataque,
onde todos os jogadores deverão pensar da mesma forma e ao mesmo tempo
(Frade, 1996; Oliveira et al., 2006; Lourenço & Ilharco, 2007).
No entanto, a dificuldade em identificar os factores associados à
eficiência e eficácia dos jogadores e das equipas não têm vindo a alterar-se.
Pelo contrário, o Futebol continua a estar relacionado com a imprevisibilidade
do seu jogo e resultado (Garganta, 2002). Este facto poderá ser explicado pela
singularidade e diversidade de comportamentos, exteriorizados pelas
características individuais de cada jogador, aliado a uma dimensão mais
previsível que são as leis e princípios de jogo. São vários os autores que
questionam como se poderá garantir uma prática regular que possibilite uma
cada vez maior eficácia desportiva (Garganta, 2005).
Do ponto de vista teórico, são mencionados os aspectos técnicos,
tácticos, físicos e psicológicos como determinantes na variação do rendimento
desportivo das equipas e dos atletas (Les Burwitiz, 1997; Garganta, 2002).
No entanto, é sobre o aspecto táctico que parecem assentar todas as
outras dimensões, facto que está relacionado com a especificidade do jogo e
com o comportamento e missão dos jogadores no campo (Teodorescu, 1977;
Konzag, 1983; Frade, 1990; Gréhaigne, 1992; Castelo, 1994; Bayer, 1994;
Faria & Tavares, 1996; Pinto & Garganta 1996).
No que respeita à sua atitude táctica, ao jogador é exigido que possua
conhecimento do jogo, estando a sua forma de actuação fortemente
condicionada pelo modo como ele concebe e percebe tudo em seu redor
(Garganta, 1997).
Nesta perspectiva, a acção dos jogadores está condicionada por
constrangimentos de ordem táctica e exigem reacções congruentes com as
sucessivas situações de jogo (Castelo, 1994).
Como tal, Malho (1980) refere que qualquer acção do jogador é uma
decisão, pelo que se torna necessária a existência de uma inteligência de jogo
para resolver as situações complexas. Se, por um lado, os comportamentos

36
Revisão da Literatura

dos jogadores deverão ser orientados, por outro, deverão possuir um elevado
nível de preparação mental que se manifesta principalmente pelo pensamento
táctico evidenciado nos sucessivos momentos do jogo. Estes distintos
processos, determinados pela condição ou não de posse de bola, reflectem
diferentes conceitos, objectivos, princípios, atitudes e comportamentos técnico-
tácticos (Castelo, 1996).
É a permanente relação antagónica de equipas que se encontram em
confronto que impõe mudanças alternadas de atitude e de comportamento
táctico dos jogadores, de acordo com as finalidades de cada fase/situação ou
objectivo do jogo (Garganta & Pinto, 1998).

37
Revisão da Literatura

2.2. A influência da táctica no rendimento desportivo

O hábito adquire-se na acção,


vivenciando e experimentando.

Frade (2001)

A dimensão estratégico-táctica tem vindo a ganhar cada vez mais


notoriedade nos jogos desportivos colectivos de oposição (Gréhaigne, 1992;
Barth, 1994; Garganta, 2001, 2002, 2004) e parece condicionar, de forma
inequívoca, a prestação dos jogadores e das equipas (Teodorescu, 1977;
Konzag, 1983; Frade, 1990; Gréhaigne, 1992; Bayer, 1994; Castelo, 1994;
Faria & Tavares, 1996; Pinto & Garganta 1996).
Garganta & Pinto (1998) consideram mesmo que um dos primeiros
problemas colocados aos jogadores está relacionado com a sua capacidade
estratégico-táctica. De acordo com esta, o atleta deverá ter conhecimento de “o
que fazer” e de “como fazer” para poder resolver os problemas que lhe surgem
e, ao mesmo tempo, poder seleccionar a resposta mais adequada à situação.
Neste contexto, Castelo (1996) refere que o modo como os jogadores
desenvolvem a sua acção dentro da organização da equipa determina a
eficácia dos seus comportamentos, ou seja, uma coordenação eficaz conduz
ao sucesso do colectivo, à eficácia do seu rendimento.
Para Oliveira (2004), a táctica, como componente essencial do
rendimento, deve ser entendida como uma dimensão que alberga e dá sentido
a todas as outras dimensões, e, nesse sentido, como referem Teodorescu
(1984) e Garganta (1999) deve ser vista como princípio director da organização
do jogo.
Todavia, por parte dos atletas, a eficácia dos comportamentos só poderá
ser garantida se se mantiver uma atitude de constante sentido táctico-
estratégico que permita prever ou antecipar as acções do adversário (Garganta
& Oliveira, 1996).

38
Revisão da Literatura

Neste âmbito, a teoria da Prática Deliberada defende que a eficácia do


rendimento desportivo só poderá ser alcançada após longos períodos de
aprendizagem, tendo por base as tarefas mais representativas da modalidade
(Ericsson, 1996; Ericsson & Lehmann, 1996).
Estudos recentes patenteiam que é necessário um envolvimento
prolongado em actividades específicas para a aquisição de elevados níveis de
performance (Ericsson, 1996; Ericsson & Lehmann, 1996).
Outros estudos, levados a efeito por Hodges & Starkes (1996), Starkes
et al. (1996) e Helsen, Starkes, & Hodges (1998), encontraram uma relação
consistente entre a aquisição de performances de excelência e a quantidade de
Prática Deliberada.
No entanto, e uma vez que a acção desportiva requer a compreensão de
uma organização complexa do comportamento em condições de prática
efectiva, Ericsson (2006) destaca a importância da selecção de modelos de
desenvolvimento da performance táctica.
A este respeito, Savelsbergh & Kamp (2005) defendem que uma das
formas de melhoramento da capacidade de jogo de uma equipa passa pela
congruência da situação de jogo com a situação de treino. Segundo os autores,
todo o processo de acoplamento entre a acção e a percepção dos jogadores,
quer seja em situação de treino ou competição, passa por três fases:
bloqueamento, libertação e exploração dos aclopamentos. A fase do
bloqueamento é alcançada depois do atleta estabilizar o desempenho de
determinado gesto. Posteriormente, é tentado a fazer uso de diferentes
acoplamentos informacionais – fase da libertação. Por fim, explora-os podendo
usar os diferentes desempenhos habilidosos para outras tarefas que não as
inicialmente previstas.
Por outro lado, Júlio & Araújo (2005) consideram que o desenvolvimento
da acção táctica do jogador decorre sob constrangimentos, situações problema
que promovem a capacidade de raciocínio e decisão do atleta. A este
propósito, o autor refere três categorias de constrangimentos que influenciam
as acções tácticas dos jogadores: os constrangimentos específicos do jogador,
os constrangimentos da tarefa e os constrangimentos do envolvimento.
Também o sistema de comunicação entre jogadores-jogadores e
jogadores-treinador influi positivamente na acção táctica e no rendimento dos

39
Revisão da Literatura

jogadores, pois as indicações relativas à concretização das tarefas são fulcrais


para o entendimento mútuo e para a reunião de todos em torno do(s) mesmo(s)
objectivo(s) (Pina & Rodrigues, 1994).
Apesar da táctica ser um acto orientado e consciente, também promove
a estimulação das capacidades criadoras dos atletas (Mahlo, 1980). Matveiev
(1990) acrescenta que esta componente socorre-se da capacidade de
percepção, da memória e da imaginação criadora, para potenciar o
desempenho individual, no que diz respeito aos conhecimentos adquiridos em
experiências anteriores, na capacidade de observação, na captação e
apreciação da situação de jogo e na adopção oportuna da decisão ajustada.
Cada acção é dotada de significado em função da evolução e
desenvolvimento do jogo, pelas sucessivas relações de oposição e cooperação
que o jogo possibilita a cada momento. Neste contexto, são as acções tácticas
desenvolvidas pelos jogadores que orientam o comportamento dos demais,
possibilitando, por esta via, novas aquisições (Bayer, 1994).
Por tudo isto, esta componente do rendimento, em toda a sua
envolvência determina e coordena a gestão das variáveis relacionadas com o
ensino e treino do jogo. Daí que a atitude táctica permanente reclamada aos
jogadores pelo próprio jogo (Konzag, 1983) ou a direcção dos comportamentos
a adoptar pelos mesmos deva ser funcionalmente específica, ou seja,
congruente com o contexto onde é desenvolvida (Júlio & Araújo, 2005).
A este respeito, a fundamentação teórica sustenta que a concretização
dos problemas de ordem táctica colocados frequentemente aos atletas são
tanto mais solucionados quanto maior for o grau de abrangência de repertórios
tácticos (background) que ele concretizou ao longo da sua formação (Pinto,
1996). Outros autores admitem mesmo que a eficiência e a eficácia dos
jogadores dependem da cultura táctica adquirida ao longo do seu processo de
formação (Queiroz, 1986; Bauer e Ueberle, 1988).
Por ser de grande imprevisibilidade e aleatoriedade o contexto em que
se desenrola o jogo de Futebol, é fundamental a aposta numa formação táctica
específica capaz de responder com êxito aos problemas do jogo (Garganta,
2004). Neste âmbito, como referem Suárez, Anguera & Fernandes (2002), o
primeiro passo a dar é conhecer o jogo, neste caso concreto, o jogo de
crianças e jovens que estão a iniciar a sua prática desportiva. É com base no

40
Revisão da Literatura

conhecimento dos indicadores de rendimento do jogo de Futebol dos jovens


que poderemos ir ao encontro das expectativas das crianças e da melhoria do
processo de ensino e de treino do Futebol.
É por esta via que os modelos de jogo e de rendimento declarados para
os mais jovens funcionam como mecanismos reguladores das aprendizagens,
promovendo a aquisição de princípios e rotinas de treino essenciais ao
desenvolvimento de uma cultura táctica capaz de responder com êxito às
exigências do desporto de alto rendimento (Frade, 2001).

41
Revisão da Literatura

2.3. Especificidade da acção táctica na elevação do rendimento


desportivo

Quanto melhor se sabe ler, menos


tempo se leva entre a percepção e a
pronunciação, e mais a percepção
se torna carregada de sentido.

Mahlo (1980)

Um dos aspectos que caracterizam os Jogos Desportivos Colectivos, e


em particular o jogo de Futebol, é a velocidade com que os jogadores devem
tomar decisões tácticas e a celeridade com que as devem exteriorizar através
da acção motora (Konzag, 1983).
O Futebol actual requer dos atletas um ritmo de jogo muito mais
elevado, pelo facto das estruturas defensivas adversárias manifestarem uma
maior organização, tendo sempre em vista uma conquista eficaz da posse de
bola (Garganta, 1999).
Nesta perspectiva, a evolução do jogo condicionou a capacidade de
resposta do atleta, diminuindo o tempo e o espaço de manobra para uma
tomada de decisão adequada a cada momento do jogo. Por outro lado, o
conceito de velocidade ultrapassa a concepção que a define como a
capacidade de executar acções motoras no mais breve espaço de tempo
possível (Garganta, 1999), privilegiando sobretudo a capacidade de agir
empregando a força e velocidade necessárias no momento exacto (Greco,
1989).
Laguna (2005) considera que na prática de desportos de carácter aberto,
como é o Futebol, a capacidade de actuar rápido é tão ou mais importante que
a capacidade de actuar bem. O autor salienta que a acção dos jogadores é
treinada para responderem eficazmente aos acontecimentos do jogo, num
contexto de intenções e de restrições temporais onde as tomadas de decisão
dependem não tanto da capacidade de memória e de reflexão do jogador, mas
da sua actuação intuitiva.

42
Revisão da Literatura

Para Araújo & Volossovith (2005), Garganta (2005) e Júlio & Araújo
(2005) os constrangimentos a que estão sujeitos os jogadores deverão ser
identificados e manipulados, através da prática do treino, em benefício de
acções e decisões que garantam a eficácia do jogo.
Neste contexto, é a actividade prática que assume o papel principal de
todo o processo, mecanizando e aperfeiçoando, ao longo do tempo, as
informações internas e externas.
A este propósito, a literatura tem demonstrado que a eficácia do
rendimento desportivo está directamente relacionada com o número de horas
despendidas com a prática de actividades relevantes (Prática deliberada). Esta
circunstância tem encorajado vários autores a encontrar a melhor forma de
aplicar os métodos defendidos por Ericsson (Farmer & Williams, 2005).
Sendo o Futebol um jogo de interacções, entre atletas e envolvimento, a
eficácia das suas acções não se poderá restringir à distribuição dos jogadores
no terreno. Como refere Garganta (2005) a actuação dos jogadores deverá
manifestar formas de organização táctica eficazes e baseadas em modelos
actuais de desenvolvimento da performance.
No entanto, todas estas acções têm a particularidade de não
permanecerem estanques, evoluindo à medida que surgem novos modelos de
actuação das equipas e dos jogadores que nela participam.
A par do que foi referido, crê-se que um correcto desenvolvimento do
jogo, tendo por base os seus factores de rendimento, melhora o apuro da
qualidade da acção táctica dos indivíduos, no que se refere a cada uma das
suas fases ofensiva e defensiva (Mahlo, 1980; Tavares, 1996). Além disso, se
a esta combinação juntarmos a capacidade de actuar rápido, mais espectacular
e imprevisível se tornará a acção.
Como refere Castelo (2000), um dos meios a ter em consideração na
elaboração do planeamento estratégico é o (1) conhecimento dos factores de
rendimento do jogo. Além destes, o autor acrescenta (2) o conhecimento e a
apreciação objectiva das possibilidades e particularidades dos jogadores e da
própria equipa; (3) o conhecimento aprofundado das particularidades dos
jogadores da equipa adversária; (4) as circunstâncias em que se vai desenrolar
a competição: condições climatéricas, estado do terreno, equipa de arbitragem,
público, entrevistas e informações da comunicação social; e (5) a previsão de

43
Revisão da Literatura

possíveis cenários ou alterações que possam surgir ao longo do jogo por parte
da equipa adversária.
Como tal, a aprendizagem táctica deve ser contínua, sistemática e
progressiva, procurando responder sempre às necessidades, capacidades e
problemas actuais de cada indivíduo, sem deixar de ter como ponto de
referência as características específicas da modalidade. (Pinto, 1996; Garganta
& Pinto, 1998; Ericsson, 2006).

44
Revisão da Literatura

2.4. A importância do(s) modelo(s) de jogo no treino de


crianças e jovens

O prazer deve crescer pela tomada


de consciência da importância que
assume aquilo que estamos
(treinador) a levar a efeito. (…)

Frade (2005)

O processo de modelação do jogo de Futebol e do treino tem vindo a


adquirir uma importância crescente na procura de uma maior eficácia dos
jogadores e das equipas (Pinto & Garganta, 1996).
De acordo com Garganta (1996), desde os escalões mais jovens até aos
altos níveis de rendimento, o jogo de Futebol apresenta traços de referência,
que devidamente racionalizados, permitem a construção de modelos de jogo.
Para além de serem motivadores de excelência, os modelos de jogo
constituem um precioso indicador de evolução ou limitação das aprendizagens
recebidas pelos atletas (Garganta, 1998). A actuação do jogador, condicionada
por modelos de explicação, depende da forma como o atleta concebe e
percebe o jogo (Garganta & Cunha e Silva, 2000; Garganta, 2002).
Segundo Frade (2005), se as crianças perceberem que conseguem
melhorar os seus desempenhos através da prática, sentem prazer no que
fazem.
Convenhamos, no entanto, que a possibilidade de aprendizagem de
qualquer actividade desportiva apenas em ambientes de prazer e sem esforço
é, por norma, insuficiente (Lopes, 2007). Como refere Bento (2003), cada um
de nós é operário do edifício da sua formação, e só nos superamos através do
aprimoramento constante no sentido de suplantar as insuficiências ou
dificuldades que o jogo consecutivamente nos coloca.
Nesta perspectiva, o estudo e a análise do jogo e a sua
operacionalização em modelos constitui para o treinador e atletas um factor de
enorme importância, já que permite rentabilizar e balizar o processo de treino e

45
Revisão da Literatura

de competição (Pacheco, 2005). Para a criança a referência a estes


paradigmas do jogo funcionam como uma tomada de consciência da sua
evolução (Frade, 2005).
O processo de ensino e de treino, quando referenciado a modelos, pode
ganhar em coerência e em eficácia desde que haja uma correcta
sistematização dos conteúdos, acompanhada de uma clara definição dos
objectivos e de uma adequada selecção dos exercícios de treino (Bompa,
1983). Além disso, a condução de todo o processo deve ter por base
comportamentos tipificados que reflectem, do ponto de vista ofensivo e
defensivo, um conjunto de regras de acção e de gestão do jogo, de modo a
fazer emergir problemas, determinar objectivos de aprendizagem e de treino e
constatar os progressos alcançados (Garganta, 1996; Araújo & Garganta,
2002).
Segundo Pinto & Garganta (1996), o modelo de jogo deve ter em conta o
modelo mais evoluído (Quadro 1) sem pôr em causa as características morfo-
funcionais e sócio-culturais dos atletas, componentes também essenciais em
todo o processo.
Assim, a determinação e caracterização do modelo de jogo evoluído
deve funcionar como referencial dos jogadores, treinadores e equipas numa
procura incessante pela perfeição (Pinto & Garganta 1996).
Os mesmos autores admitem que o modelo de jogo mais evoluído
assenta num conjunto de características que têm contribuído para a evolução
da modalidade nos últimos tempos.

46
Revisão da Literatura

Quadro 1 - Características do Modelo de jogo mais evoluído (Pinto & Garganta, 1996).

CARACTERÍSTICAS GERAIS ATITUDE DOMINADORA DA EQUIPA


Adopção de uma atitude agressiva permanente
Provocar e aproveitar os erros do adversário
Tirar partido das mudanças bruscas do ritmo de jogo

Recuperar a posse de bola o mais


CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS
rápido possível, limitando a capacidade
Processo defensivo
de resposta adversária
Participação de todos os jogadores na recuperação rápida da posse de bola
Pressão sobre o portador da bola de acordo com o momento e zona em que se processa
Fechar as linhas de passe, sobretudo em profundidade
Apoio permanente ao defensor directo (cobertura defensiva)
Criação de superioridade numérica nas zonas de disputa da posse de bola
Reduzir os espaços de penetração através da basculação e da aproximação dos sectores.

Diversidade de comportamentos e/ou


CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS
movimentos ofensivos e ritmo de jogo
Processo ofensivo
adequado para a concretização do golo.

Participação de todos os jogadores no processo, após a conquista da posse de bola


Transição rápida defesa/ataque com apoio ao portador da bola
Criação de linhas de passe em profundidade e amplitude, mantendo um equilíbrio defensivo

Teodorescu (1984) chama a atenção para outros parâmetros de


evolução do jogo, tais como a elevação do ritmo de jogo, a simplificação da
construção dos ataques, maior eficiência dos jogadores do sector defensivo,
maior importância dos jogadores coordenadores de jogo, maior relevância do
jogo aéreo e maior eficácia da atitude táctica da equipa nos momentos estáveis
do jogo.
A evolução do jogo de Futebol obriga a constantes reformulações
conceptuais, metodológicas e organizativas do processo de treino (Pinto &
Garganta, 1996). Se se pretende modelar o jogo de futebol, importa que

47
Revisão da Literatura

sejamos capazes de distinguir níveis de pertinência e de descortinar a sua


coerência interna (Garganta, 1996).
De acordo com Ericsson (2006), nos vários domínios da excelência
desportiva é de todo fundamental a identificação de um conjunto de factores
que estejam associados à elevação do rendimento e à eficácia das equipas.
Num estudo realizado por Ericsson & Smith (1991) com vista à obtenção
de situações representativas da excelência desportiva, os autores concluíram
que os factores de rendimento encontrados estavam muito próximos das
situações reais da performance dos atletas no jogo.
Nesta medida, a organização do treino deve reflectir o sistema de
relações individuais e colectivas preconizadas pelo treinador e ajustadas ao
nível do jogo em competição (Stratton et al., 2004).
Pinto & Garganta (1996) admitem que quanto mais precocemente se
intervir na formação táctica dos atletas, nunca ignorando os condicionalismos
do seu correcto desenvolvimento, melhor serão os resultados e as perspectivas
de integração dos jovens nas diferentes formas ou modelos de jogo de elevado
rendimento desportivo.
É nas primeiras fases de formação desportiva que os princípios básicos
de aprendizagem motora juvenil apontam para a necessidade da oferta do
máximo de experiências e de oportunidades táctico-motoras aos jovens,
através da modificação dos parâmetros de jogo e das relações que se
estabelecem entre os seus elementos (D’ottavio, 2000).
Todavia, tendo em consideração que os comportamentos desenvolvidos
pelos jogadores durante o jogo são resultado das acções realizadas no treino,
cabe ao treinador, enquanto figura central de todo este processo, estar apto a
instruir e dirigir os jogadores em função das competências e objectivos que lhe
assistem (Garganta, 2004b; Pacheco, 2005).

48
Revisão da Literatura

2.5. O papel do treinador no desenvolvimento da excelência


desportiva

É preciso ensinar aos jovens que


nunca há verdadeiras derrotas
quando se põe o máximo de esforço
na luta para se ser cada vez melhor.

Smoll (2000)

O processo de treino tem como objectivo primordial produzir alterações


significativas no desempenho dos jogadores no sentido em que as mesmas
adquiram o máximo de transfere para contextos de competição. O
desenvolvimento do jogo, enquanto confronto de duas equipas, surge do
resultado das acções desenvolvidas pelos jogadores/equipas. (Garganta, 1985;
2001; 2005; Júlio & Araújo, 2005) Neste sentido, a adequação das acções
desenvolvidas pelos jogadores ao contexto de jogo está intimamente ligada à
forma como os atletas apreendem os conteúdos do jogo e ao nível do
conhecimento táctico declarativo e processual que os mesmos evidenciam
(Garganta, 1985; 2001; 2005; Roy et al., 2007).
Esta relação de proximidade e interdependência entre os processos de
preparação dos atletas e a competição é mencionada na literatura (Garganta,
1997), através de expressões como: “aprende-se a jogar jogando” e “conforme
se quer jogar assim se deve treinar” (Garganta, 2002).
Queiroz (1986), Castelo (1994), Faria & Tavares (1996), Frade (2001),
Pacheco (2005) e Savelsbergh & Kamp (2005) referem, a este respeito, que o
grau de rentabilidade de uma equipa é tanto maior quanto mais as situações no
treino evocarem a realidade competitiva.
Segundo Bloom et al. (1997) e Ericsson (2002), para os atletas o acesso
a performances de elevado rendimento deve assentar em condições óptimas
de treino, acompanhadas pelos melhores treinadores.
A literatura descreve a Prática Deliberada como um processo no qual os
indivíduos desenvolvem desempenhos de excelência sobre a supervisão e
direcção dos melhores treinadores (Farmer & Williams, 2005).
49
Revisão da Literatura

Neste contexto, o treinador assume um papel nuclear, pois a ele


compete dirigir todo o processo de preparação e formação desportiva.
(Garganta, 2004b; Stratton et al., 2004).
O treinador de Futebol, ainda que deva manifestar um conhecimento
geral da modalidade, assume especial destaque na direcção e gestão dos
jogadores no treino e na competição. Para o efeito, deve possuir um leque
variado de qualidades que estejam devidamente adaptadas aos atletas e à
realidade competitiva (Garganta, 2004b; Hammond & Perry, 2005)
Neste contexto, Cushion, Armour, & Jones (2003) e Nash & Collins
(2006) revelam que a arte de treinar pode ser definida como uma improvisação
estruturada de como a experiência profissional é crucial no desempenho das
funções de treinador, ou seja, os autores consideram que a prática diária do
treino deve ser vista como uma fonte de conhecimento para o treinador, a que
Nash & Collins (2006) designam de Conhecimento Tácito1.
Schempp (1993) e Jones, Armour, & Potrac (2003) partilham a mesma
opinião, referindo que o sucesso profissional dos treinadores depende, em
larga medida, do conhecimento gerado e acumulado no desenvolvimento das
suas funções.
A qualidade do processo de treino tem sido reconhecida como um dos
aspectos chave no desenvolvimento e evolução dos jogadores e das equipas
(Nash & Collins, 2006). Embora se reconheça a morosidade e a complexidade
inerente a todo este processo, é preponderante no treino de jovens a imposição
de objectivos claros de aprendizagem que dêem primazia à formação de
conhecimentos gerais e específicos da modalidade em detrimento de, tão-
somente, resultados desportivos (Martens, 1997; Gilbert & Trudel, 2004;
Marques, 2004).
Tinning (1982) e Mesquita (1998) afirmam que a eficácia do treinador na
condução do processo de treino é resultante do seu comportamento de
instrução. A instrução, enquanto tarefa primordial do treinador, relaciona-se
com a apresentação e prática de toda a matéria de ensino (Tinning, 1982;
Mesquita, 1998). Este processo de ensino/aprendizagem ocorre pelo confronto
dos praticantes com as tarefas instrucionais do treinador, tendo como objectivo

1
Conhecimento adquirido através da experiência profissional.

50
Revisão da Literatura

principal promover alterações de performance e de comportamento nos


visados.
Todavia, as funções do treinador têm vindo a ser discutidas pela
investigação, podendo-se encontrar uma significativa concordância
relativamente aos aspectos de intervenção nos mais diversos domínios (Serpa,
1995; Martens, 1997).
Aos treinadores cabe-lhes uma das mais importantes funções que é sem
dúvida a maximização do desenvolvimento das capacidades dos desportistas,
(Daniels, 2000) através da apresentação de tarefas que promovam a
aprendizagem efectiva (Graça, 1998).
Para Les Burwitz (1997) e Stratton et al. (2004), um treinador de jovens
de sucesso é aquele que consegue indicar os constrangimentos da tarefa e, de
acordo com os objectivos do treino, fornecer um conjunto de experiências,
oportunidades e estratégias favoráveis a um bom desempenho em situação de
jogo.
No entanto, o desenvolvimento da capacidade de jogo implica o
desenvolvimento de "saberes" (ou princípios), desde a forma como os
jogadores lidam com o objecto de jogo (bola), até ao modo como interagem
com os colegas e adversários, passando pela capacidade de se orientarem no
campo, em função da posição de todos os outros intervenientes (Garganta &
Pinto, 1998; Garganta, 2002). No que diz respeito aos princípios enunciados,
Garganta (1997) considera que só se conseguirá uma organização do jogo
verdadeiramente colectiva se as acções táctico-técnicas, a apreender por cada
um dos onze jogadores, forem perspectivadas em função de uma ideia comum
(Modelo de Jogo), isto é, respeitando um referencial colectivo. Nesta medida,
Garganta (2004) e Birkinshaw, & Crainer (2005) admitem que a excelência de
comportamentos, exteriorizada pela eficácia no jogo, só poderá ser viável se se
verificar uma cumplicidade operacional, sustentada no aproveitamento das
inteligências individuais para a obtenção de uma inteligência colectiva táctica
de índole superior. O objectivo é que as tarefas individuais dos jogadores se
relacionem e regulem entre si para que o “todo” seja mais eficaz do que a soma
das partes (Garganta, 1997; Birkinshaw, & Crainer, 2005).
A este propósito, e a par de todo o trabalho de campo, também a
análise, a observação e a interpretação do jogo asseguram a possibilidade da

51
Revisão da Literatura

utilização de uma metodologia científica no planeamento, organização e


reajuste do processo de treino (Teodorescu, 1984).
Catita (1999) e Gilbert & Trudel (2004) são da opinião que os treinadores
em geral, no desempenho das suas funções, sejam eles de nível profissional,
amador ou de camadas jovens, devem, sempre que possível, recolher o maior
número de informações de índole individual ou colectiva para poder intervir de
forma adequada em benefício da evolução do atleta e da própria equipa.
A mesma opinião é expressa por Garganta (2005), admitindo que para o
treinador a análise do conteúdo e da lógica do jogo é essencial para a
condução do processo de treino em geral. A este respeito, o autor refere um
conjunto de competências a ter em conta no treino e na formação de equipas.
Considera indispensável a capacidade de leitura e interpretação do jogo, a
produção de situações práticas congruentes com a dinâmica do jogo, bem
como a apresentação de situações de múltipla escolha no desenvolvimento da
autonomia e criatividade dos seus atletas. No entanto, a concretização das
competências enunciadas só poderá ser viável quando acompanhadas de uma
disciplina de rigor e responsabilidade no planeamento, gestão, selecção,
liderança, instrução e rendimento dos recursos existentes (Stratton et al.,
2004).
Por seu turno, Houllier, & Crevoisier (1994) destaca como qualidades de
um treinador expert o conhecimento do jogo em todas as suas dimensões, o
perfeccionismo no desenvolvimento das tarefas de treino, a consistência das
aprendizagens, o realismo, a capacidade de liderança, a segurança das suas
convicções, ser bom ouvinte, entusiasta e cumpridor das tarefas e objectivos
de trabalho.
Para Sarmento et al. (1990) e Houllier, & Crevoisier (1994) os
treinadores mais eficazes são aqueles que, através do treino e da competição,
conseguem prever, identificar e colmatar as necessidades dos praticantes.
Com efeito, como as competências do treinador não se esgotam na
criação de um saber, mas fundamentalmente em desenvolver um
conhecimento sobre o saber-fazer, para que se possa indagar se se está a
seguir o rumo certo de evolução da performance (Garganta, 2004b), é
essencial que o treinador tenha uma ideia base das tarefas e missões técnico-
tácticas dos jogadores dentro da equipa (Castelo, 2004), ou seja, que o

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Revisão da Literatura

trabalho desenvolvido remeta para a construção de um padrão ou padrões de


jogo que sejam suficientemente capazes de potenciar e comparar as
performances alcançadas (Tinning, 1982; Mesquita, 1998; Garganta, 2004b).
A este nível, vários autores consideram fundamental a definição de uma
ideia de jogo constituída por princípios, sub-princípios, sub-princípios dos sub-
princípios de jogo que integram e configuram o denominado Modelo de Jogo
(Valdano, 2001; Cruyff, 2002; Guilherme Oliveira, 2004; Oliveira et al., 2006;
Lourenço & Ilharco, 2007).
Sabendo-se de antemão de toda a impressibilidade e aleatoriedade de
que é composta uma partida de Futebol, Garganta (2002) admite que a
definição de modelos tácticos assume um papel de destaque como referenciais
de orientação na construção de exercícios facilitadores de todo o processo de
ensino e treino.
Nesta medida, ao treinador cabe a aplicação de um dispositivo
posicional dos jogadores no terreno de jogo (sistema de jogo), acompanhado
de métodos de jogo (ofensivo/defensivo) onde as circulações tácticas base
definirão o modelo de jogo adoptado (Bompa, 1983; Garganta, 2002). Tendo
este uma concepção de jogo, adapta-a de forma criativa e eficaz, maximizando,
sempre que possível, as potencialidades individuais e colectivas dos seus
atletas, com o intuito de estabelecer as condições mais vantajosas à
concretização das finalidades e dos objectivos previamente estabelecidos
(Castelo, 1996).

53
Revisão da Literatura

2.6. As ideias do treinador como reflexo do processo de treino


e vice-versa

A convergência de ideias entre treinador e atletas é um dos aspectos


essenciais na expressão da qualidade de jogo de uma equipa (Valdano, 2001;
Cruyff, 2002; Guilherme Oliveira, 2004). O modo como os atletas respondem às
propostas apresentadas pelo treinador são uma importante fonte de
conhecimento, na medida em que funcionam como barómetro para a avaliação
das estratégias de ensino implementadas, bem como determinam o grau de
evolução e de aquisição dos conteúdos apresentados no treino (Schempp,
1993).
No plano competitivo, os jogadores devem percepcionar, interpretar e
concretizar em jogo as ideias definidas por um conjunto de pressupostos que
no entendimento do treinador são os mais adequados para o desenvolvimento
das suas acções (Valdano, 2001; Cruyff, 2002; Guilherme Oliveira, 2004;
Oliveira et al., 2006; Lourenço & Ilharco, 2007).
É certo que o jogo de futebol exige dos praticantes uma capacidade de
decisão e leitura de jogo adequadas e exteriorizadas por um repertório de
recursos motores que designamos de técnica. No entanto, e não descurando a
importância desta dimensão na prestação dos jogadores e das equipas, a
verdade é que a sua utilidade depende, em larga medida, da inteligência e da
capacidade de decisão táctica dos seus executantes, quer a título individual,
quer a título colectivo (Garganta & Pinto, 1998). Isto significa que as dimensões
técnica e táctica estão agregadas, funcionando numa relação de dependência
e reciprocidade nos diversos momentos do jogo (Gréhaigne, 1992).
Como explicam Gréhaigne & Guillon (1992), a competência dos
jogadores ultrapassa a sua capacidade de domínio de habilidades técnicas e
motoras para estar veiculada a princípios de acção, regras de gestão de jogo e
habilidades perceptivas e decisionais decorrentes de concepções e modelos de
jogo.
No entanto, a assimilação das aprendizagens por parte dos atletas
tornar-se-á tanto mais efectiva quanto melhor forem mobilizadas e aproveitadas

54
Revisão da Literatura

todas as forças e energias na concretização dos objectivos traçados por ambos


os intervenientes (Ericsson, 2002; Bento, 2003). A seriedade imposta pelos
atletas no seu desenvolvimento pessoal e desportivo é factor determinante no
cumprimento dos requisitos de um desporto de elevado rendimento onde o
prazer e esforço, pelo antagonismo declarado, se fundem, tornando-se
imprescindíveis no alcance da excelência desportiva (Farmer & Williams, 2005;
Ericsson, 2006; Pinto, 2007).
A aquisição de um desempenho de excelência é um processo difícil e
moroso, mesmo considerando que este se faça nas melhores circunstâncias
possíveis (Ericsson, 1996; Mesquita, 1996; Gilbert & Trudel, 2004).
Diversos estudos confirmam uma relação consistente entre o rendimento
dos atletas e a quantidade de tempo despendido na prática de actividades
deliberadas (Helsen, Starkes & Hodges, 1998).
No entanto, segundo Mesquita (1996), não basta treinar muito. É
manifestamente necessário treinar melhor, através da criação de situações
práticas que promovam a aprendizagem de comportamentos congruentes com
as exigências competitivas, sabendo, contudo, da complexidade inerente ao
jogo formal e da consequente dificuldade de construção dos exercícios de
treino (Mesquita, 1996).
A concretização de uma aprendizagem efectiva dos conteúdos será
tanto mais clara quanto se augure uma definição objectiva das tarefas a
implementar, respeitando os níveis de captação e assimilação da informação
dos atletas. Tanto a informação, dada através do feedback, como as
oportunidades de repetição e correcção dos erros são preponderantes em todo
este processo (Ericsson, Krampe & Tesh- Romer, 1993; Martens, 1997).
Apesar de Ericsson (1996) defender que a chave do problema está
relacionada com os anos dedicados à prática da actividade, não deixa de
realçar a importância da selecção das sequências das tarefas a ensinar.
Investigações recentes consideram que a relevância das tarefas dos
programas de treino é determinante no alcance de performances de elevado
nível, relegando para um plano inferior as capacidades inatas do indivíduo.
Deste modo, é aos treinadores a quem cabe a construção e a
organização de um conjunto práticas para colmatar as dificuldades e as
necessidades denunciadas pelos jovens destas idades (Graça, 1998).

55
Revisão da Literatura

Como refere Vallée & Bloom (2005) são poucos os treinadores que
estão preparados para construir um programa de sucesso e para a
manutenção de um nível de excelência mínimo durante um longo período de
tempo. Num estudo elaborado pelos autores na Universidade de Mcgill, foram
determinadas as bases de construção de programas de treino dos treinadores
de sucesso. Os resultados revelaram quatro elementos fulcrais indicados pelos
treinadores como determinantes na concretização de um programa de sucesso
(Figura 1): (1) a capacidade de liderança específica, que lhes permitia adaptar
e moldar o seu comportamento em função da situação que enfrentavam –
características/qualidades pessoais; (2) empenho demonstrado no
desenvolvimento e estímulo do crescimento de cada um dos seus atletas –
crescimento individual; (3) o nível de organização e de planeamento das
aprendizagens na preparação da equipa ao longo da época – organização das
aprendizagens; e finalmente, (4) a interligação de todos os elementos na
promoção da capacidade de visão do treinador, condição indispensável para
envolver e atrair os atletas para os princípios, objectivos e filosofia/modelo de
jogo adoptados.

Figura 1 - Modelo Conceptual dos treinadores de sucesso (Vallée & Bloom, 2005).

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Revisão da Literatura

Como salienta Desjardins (1996), um dos elementos fundamentais de


uma organização está relacionado com a criação de um sentido de visão. O
autor define visão como a representação mental do potencial de determinado
atleta. Para os treinadores esta capacidade revela-se fundamental na
determinação e definição dos objectivos e na forma como os hão-de
concretizar.

57
Revisão da Literatura

2.7. A comunicação entre o treinador e os atletas enquanto


condição do rendimento desportivo

O conhecimento é o primeiro passo


para se ser livre, porque sem
informação não conseguimos saber
qual o caminho que escolhemos ou
qual o que renunciamos. (…) toda a
informação recebida necessita de
ser vivenciada para se tornar
produtiva.

Moran (2000)

O sistema comunicacional que se estabelece entre treinador e atleta tem


uma importância determinante e multidimensional no processo de rendimento
desportivo (Pina & Rodrigues, 1994; Serpa, 1995; Martens, 1999; Luke 2001;
Pacheco, 2005). A formação de comportamentos e atitudes por via da relação
com o outro, onde se modificam os conceitos e os significados das coisas, são
meios potenciadores da e para a aprendizagem nos seus diferentes domínios:
comportamental, cognitivo e emocional (Pina & Rodrigues, 1994; Serpa, 1995).
A influência do treinador nos atletas será tanto maior quanto estes
percepcionam que ele compreende a vivência que estão a ter da situação
competitiva, o que contribui, em grande medida, para a harmonia de
pensamento e atitudes entre treinador e atletas, com significativo sucesso na
díade (Serpa, 1995).
A forma de comunicar é um mediador da acção do treinador, pois o
treino implica necessariamente grande quantidade de troca de informação. O
valor que os jovens atribuem à experiência desportiva poderá ser influenciada,
positiva ou negativamente, pela comunicação estabelecida entre treinadores e
atletas. No desempenho das funções de treinador, o recurso a uma intervenção
positiva por oposição a uma via negativa pode garantir níveis de motivação
essenciais na aprendizagem dos conteúdos de jogo. Estudos realizados sobre
esta temática indicam que a intervenção negativa do treinador faz diminuir o

58
Revisão da Literatura

gosto pela prática, aumenta os níveis de pressão dos atletas e suscita antipatia
dos atletas pelo treinador (Martens, 1997; Smoll, 2000).
É sob o ponto de vista comportamental que os treinadores procuram
motivar os atletas com o objectivo de obter um maior rendimento e,
consequentemente, maior sucesso. A utilização de diferentes técnicas
motivacionais de comunicação pode promover um maior envolvimento dos
atletas no treino, o que se traduzirá num rendimento superior em situações de
competição, sem, contudo, prejudicar os objectivos delineados para o(s)
jogador(es) e para a equipa (Les Burwitiz, 1997).
Diversos estudos realizados junto de equipas de sucesso declaram que,
entre outras características, a comunicação constitui hoje um meio fundamental
ao serviço do líder para a obtenção do rendimento pretendido (Salmela, 1996;
Araújo, 2001; Roy et al. 2007).
Um estudo levado a cabo por Bloom & Salmela (2000) demonstra que as
principais preocupações dos treinadores experts centram-se ao nível da
evolução individual proporcionada, na efectividade da comunicação
estabelecida, na empatia para com os atletas e na capacidade de transmissão
conhecimentos.
Sublinhe-se que Moran (2000) crê que na comunicação
externa/interpessoal, o discurso participativo e objectivo, a constante troca de
experiências e ideias terá repercussões em ambos os sentidos, permitindo uma
modificação positiva do pensamento e da conduta dos seus participantes.
Sendo a transmissão de aprendizagens um factor preponderante no
estabelecimento de sintonia entre quem transmite e entre quem recebe a
informação (Luke 2001), é essencial que o treinador organize a informação e
as ideias que reteve do exterior (ideia de jogo/modelo de jogo) para poder
intervir, utilizando os meios adequados (exercícios/intervenção específica) para
uma operacionalização/comunicação mais eficaz junto dos jogadores da sua
equipa (Vieira, 2006). Cruz (2002) realça a importância do domínio das
técnicas de comunicação por considerar que o treino adequado é resultado de
um conjunto de comunicações eficientes. Como refere o autor, no processo de
ensino aprendizagem, a diferença entre o sucesso e o fracasso poderá resultar
de uma competência comunicacional fraca e desprovida de sentido e não
apenas no acesso aos conteúdos de informação.

59
Revisão da Literatura

Outro dos problemas comunicacionais entre treinador e atleta pode advir


da divergência de interpretação da informação recebida pelas partes, uma vez
que o estado de conhecimento entre os sujeitos envolvidos no processo é
manifestamente diferente (Smoll, 2000).
Apesar da complexidade implícita ao ensino do jogo, no que se refere à
forma de intervenção comportamental, emocional e cognitiva, é preponderante
uma componente de comunicação que, por um lado, favoreça a construção de
projectos de acção que garantam a eficácia da equipa e dos jogadores que
nela participam, (Le Moigne, 1990) e que, por outro, dê indicações precisas
relativas às aprendizagens a desenvolver e ao contexto em que estas devem
ser aplicadas (Vallée & Bloom, 2005).

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Revisão da Literatura

2.8. A importância da prática no desenvolvimento do jovem


atleta

A etapa dos 10/12 anos é considerada a idade na qual a maioria das


crianças está apta a diferenciar esforço e habilidade e o momento em que os
objectivos de treino começam a desenvolver-se de forma mais eficaz (Nicholls,
1989). Todavia, o Modelo de Participação Desportiva desenvolvido por Côté et
al. (1998, citado por Abernethy & Côté, 2007) sugere que os jovens participem
de forma deliberada em diversos desportos entre os 6 e os 12 anos de idade.
Segundo os autores, este é um contexto favorável para que as crianças
continuem no desporto e atinjam performances de alto rendimento.
Reconhecem, no entanto, que a capacidade da criança para aprender
habilidades depende da natureza do envolvimento do jogo deliberado e da
oportunidade de se envolver em diferentes actividades.
Desde que os jovens iniciam a prática desportiva até atingirem
performances de elevado rendimento, é recomendável que passem por um
processo de formação coerente, baseado na aprendizagem progressiva,
distribuída por diferentes etapas, com objectivos, estratégias e conteúdos
adaptados às diversas fases de desenvolvimento (Pacheco, 2002; Marques,
2004; Melo, Paoli & Silva, 2007).
Contudo, a questão principal em torno do processo de formação
desportiva está em garantir que no futuro os atletas sejam capazes de cumprir
com as exigências do desporto de alto rendimento, através da criação de um
ambiente óptimo de treino que proporcione evolução e desenvolvimento do seu
verdadeiro potencial (Ericsson, 1996; Button & Abbott, 2007).
Como referem Stratton et al. (2004), o processo de treino efectivo é a
base do desenvolvimento óptimo da performance em crianças e jovens. No
entanto, além do compromisso com a prática, outros factores próprios da
natureza das crianças poderão influenciar positiva ou negativamente as
prestações de sucesso.
Um dos factores limitadores do desempenho das crianças poderá estar
relacionado com a dificuldade no tratamento da informação (tomada de

61
Revisão da Literatura

decisão) relativamente ao adulto. Tavares (1998) é da opinião que esta


limitação pode estar relacionada com um conjunto de factores próprios do seu
processo de desenvolvimento, como a incapacidade de se manter concentrada
durante períodos de tempo prolongados e outros problemas relacionados com
a capacidade de armazenamento, conservação e restituição das informações.
A este respeito, Buceta (2002), Frade (2003), Oliveira et al. (2006) e
Lourenço & Ilharco (2007) reconhecem que as boas prestações no treino
reclamam uma elevada concentração do jogador para as tarefas impostas pelo
treinador. Por conseguinte, tal como defende a teoria da prática deliberada, o
refinamento contínuo do desempenho deve ter por base sessões de prática
que não deverão ser prolongadas no tempo, de modo a assegurar que o
indivíduo possua resistência física e mental para se concentrar devidamente na
actividade (Ericsson, Krampe & Test-Romer, 1993; Ericsson, 1996).
Apesar de se considerar que a aquisição de performances de excelência
exige dos atletas uma prática contínua da actividade, esta só poderá ser
concretizada se comportar uma estrutura e operacionalização adequadas ao
nível de desenvolvimento dos atletas (Ericsson, Krampe & Test-Romer, 1993;
Ericsson, 1996; Marques, 2004a).

62
Revisão da Literatura

2.9. (Pré-)disposição dos atletas para o jogo

O Futebol, não sendo um jogo de total liberdade de comportamentos,


devido às regras de conduta dos seus intervenientes, bem como ao espaço
que lhe é conferido, assenta num conjunto de pré-disposições do indivíduo que
tendencialmente o fazem agir de determinada forma.
Nas etapas iniciais de desenvolvimento do jovem, prevalece uma atitude
egocêntrica, facto que determina que as atenções estejam primordialmente
focadas nas capacidades do próprio jogador (Pacheco, 2002). A posse do
objecto de jogo para o jovem atleta revela-se como um dos objectivos
principais para satisfação do seu egocentrismo (Wein, 1995).
Este facto é confirmado pela observação da prática do Futebol de
crianças, sem quaisquer tipo de condicionalismos. Neste tipo de actividades,
dificilmente encontramos movimentos tipicamente defensivos, como, por
exemplo, as marcações individuais. Pelo contrário, o interesse está sobretudo
em participar activamente, ter a bola o maior tempo possível, manifestando
comportamentos de relativo protagonismo. Segundo uma visão mais racional,
há uma tendência natural da criança para efectuar movimentos para zonas
mais activas do jogo, onde possa estabelecer maior contacto com a bola e com
os seus companheiros (D’Ottavio, 2000).
Não obstante a disposição inicial das crianças, a capacidade de
resolução dos problemas do jogo pelos jovens está dependente do seu esforço
no decurso de um extenso processo de aprendizagem, promovendo o
aparecimento de alterações estruturais ao nível da parte cognitiva e motora do
cérebro, que são determinantes no desenvolvimento da excelência no desporto
(Ericsson, 1996; Hristovsky, 2007). A simples vontade em evoluir, o
empenhamento e a concentração dos jogadores a longo prazo induz alterações
que permitem melhorar o desempenho ao nível (1) da tomada de decisão – os
experts têm maior facilidade em antecipar os acontecimentos, (Tenenbaum,
2003) e da (2) memória – os comportamentos dos jogadores são mais
controlados processualmente, o que lhes permite dedicar mais atenção e
consciência a outros aspectos da actividade (Oliveira, 2004).

63
Revisão da Literatura

Partindo do princípio que as incidências do treino obedecem a uma


lógica interna de desenvolvimento da performance, toda a aprendizagem, nos
seus vários domínios, que decorre deste processo, permite actualizar ou
aperfeiçoar um conjunto de factores essenciais no equilíbrio comportamental
dos atletas. De facto, o Futebol actual requer jogadores inteligentes, dotados
física e tacticamente, capazes de responder de forma eficaz defensiva e
ofensivamente.
No plano espacial e temporal, Garganta (1998) subdivide dois tipos de
problemas que o jogador experimenta nas fases de defesa e ataque. Na
defesa, menciona dificuldades na criação de obstáculos que permitam
rapidamente a conquista da posse de bola e no ataque, problemas de
relacionamento com o objecto de jogo, a título individual e colectivo, com o
objectivo de ultrapassar os adversários e de progredir no terreno de jogo em
direcção ao objectivo.
Contudo, enquanto nas situações defensivas é exigido aos atletas uma
busca exaustiva de possíveis padrões de movimento e um elevado número de
fixações em intervalos de tempo muito reduzidos, nas situações ofensivas os
jogadores manifestam um maior controlo sobre o decurso da acção,
permitindo-lhes, deste modo, que sejam eles próprios a seleccionar a opção
mais adequada ao momento (Williams et al., 2004).
Da mesma forma, os indicadores de referência do jogo de fraco nível,
enunciados por Garganta (1998), revelam uma tendência dos atletas em se
envolver mais facilmente nas situações com bola. São eles: (1) Individualismo
nas acções com bola (aglutinação); (2) abdicar de defender; (3) não procurar
espaços que lhe permita receber a bola em boas condições; (4) não respeitar
as decisões do árbitro; (5) pedir constantemente a bola aos colegas.
Como refere Mourinho (2007, citado por Lourenço & Ilharco, 2007), a
parte mais difícil para os jogadores no jogo de Futebol reside no confronto com
situações desconhecidas, nas quais o adversário tem a iniciativa do jogo,
porque lidar com o desconhecido é desconfortante e exige maiores índices de
concentração.
É por este motivo que Ward et al. (2004) sustenta que a excelência
desportiva deve assentar num conjunto de especificidades profundamente
adaptadas ao contexto da performance porque, como refere, tanto as tarefas

64
Revisão da Literatura

ofensivas como defensivas requerem graus de adaptação diferentes que só


serão eficazes se resultarem de um conhecimento específico de
treino/competição.
Assim, na perspectiva de Ericsson (2002), é através do conhecimento
dos factores de condicionamento da performance e sobretudo da forma como
eles se relacionam para induzir eficácia que compreendemos melhor a
estrutura que poderá conduzir os atletas aos altos patamares desportivos.

65
Revisão da Literatura

2.10. Futebol: Jogo de Liberdades vs Prática Deliberada

O jovem futebolista deve saber que


o êxito é uma escada que não se
pode subir com as mãos nos bolsos.

Wein (2000)

No âmbito do desporto, a perspectiva geneticista de investigação


sustenta que as performances de sucesso são o resultado de códigos
genéticos de excepção (Hoberman, 2007).
De facto, Vassilis Klisssouras, Nicos Geladas e Maria Koskolou,
principais seguidores da teoria geneticista, advogam que o factor
“hereditariedade” prevalece sobre o “meio” na determinação de performances
de alto nível de rendimento (Klissouras et al., 2007). Segundo estes, os atletas
de excelência são o resultado de um conjunto de genes capazes de manifestar
características diferentes dos demais.
Esta teoria preconiza que o factor decisivo na optimização da
performance é o genótipo, funcionando a Prática Deliberada apenas como pré-
requisito para a actualização da performance de atletas com elevado potencial
genético.
Neste contexto, Klissouras et al. (2007) com base em estudos realizados
com gémeos homo e heterozigóticos, considerando variáveis como o consumo
de oxigénio e o tipo de fibras musculares, concluíram que, nos limites da
performance física, as razões para as diferenças verificadas deveriam ser
imputadas aos genes.
No entanto, como referem Reilly et al. (2000) e Baker & Davids (2007),
Klissouras limita as observações a dados puramente fisiológicos da
performance, enquanto Ericsson explica que as diferenças de desempenho
entre indivíduos resultam do sentido de oportunidade, experiência, esforço e da
regra da optimização do treino para a aquisição de performances de
excelência.

66
Revisão da Literatura

São vários os autores que têm vindo a defender que a performance, nos
seus mais variados domínios, é resultado do tempo despendido pelos atletas
na prática de actividades relevantes. Esta forma de actividade foi designada de
Prática de Deliberada (Ericsson, Krampe, Tesch-Romer, 1993; Ericsson, 1996;
Ericsson 2007a).
A Prática Deliberada deve ser entendida como uma prática estruturada e
direccionada para objectivos relevantes, tendo em vista a melhoria do
desempenho através do esforço e concentração dos atletas em situações não
necessariamente agradáveis (Ericsson, 1996; 2007).
Ericsson, Krampe & Tesh-Romer (1993) admitem mesmo que a
quantidade e a qualidade da Prática Deliberada estão directamente
relacionadas com a aquisição de níveis de desempenho de qualidade.
Segundo os autores, o comportamento do atleta, na relação com a prática, é
que determina as fronteiras de um desporto de elevado nível.
Starkes (2000) refere que a Prática Deliberada não se reduz ao jogo, ao
trabalho, à observação do desempenho dos adversários, nem tão pouco a um
conjunto de actividades de entretenimento de jovens que diariamente praticam
actividade física. Pelo contrário, este tipo de prática requer esforço, atenção,
implica a selecção de actividades específicas de aprendizagem pelo treinador,
não estando ligado ao imediatismo ou a qualquer tipo de recompensas.
Num estudo realizado com violinistas e pianistas experts, Ericsson,
Krampe & Tesch-Romer (1993) chegaram à conclusão que o esforço
despendido nos treinos foi considerado o factor de maior relevância no
desenvolvimento da performance dos músicos. Saliente-se que na
concretização das actividades diárias (Prática Deliberada), estes avaliaram-nas
como pouco agradáveis e exigentes, tanto a nível físico como mental. Este tipo
de metodologia foi, mais tarde, aplicado ao domínio desportivo com idênticos
resultados (Nordin et al., 2006).
Como realça Ericsson (1996), a Prática Deliberada requer evoluções
constantes da performance para que os atletas possam expandir a sua
memória de desempenho durante a prática desportiva. A aquisição de
performances de rendimento superior exige dos atletas níveis de concentração
elevados ao nível dos objectivos da tarefa e da própria performance.

67
Revisão da Literatura

O mesmo autor acrescenta que os elevados níveis de desempenho


beneficiam do refinamento de competências internas que permitem ao
indivíduo criar, executar e fornecer feedbacks sobre o seu próprio desempenho
(Ericsson, 2007).
Foi com base em entrevistas realizadas a trinta e quatro jovens atletas
Ingleses e Canadianos, filiados em clubes da Premier League, e seis
treinadores de topo, que Holt & Dunn (2004) formularam a Teoria de
Competências Psicossociais e de Envolvimento. Estes identificaram quatro
competências que facilitam o desenvolvimento do talento desportivo durante a
adolescência: (1) a disciplina; (2) o compromisso com a prática; (3) a
flexibilidade de carácter; e o (4) suporte social. Enquanto a disciplina
representava a dedicação do indivíduo e a capacidade de sacrifício no
desenvolvimento das tarefas, o compromisso referia-se à motivação inerente
ao próprio indivíduo no cumprimento dos objectivos de carreira. Por outro lado,
a capacidade de criar estratégias de superação das dificuldades, que os
indivíduos se iriam debatendo ao longo de todo o processo, passava pela
presença de um carácter flexível e aberto à mudança. Por último, o suporte
social exprimia a disponibilidade e a necessidade de apoio emocional e
informacional.
Segundo Holt & Dunn (2004), a presença destas competências aumenta
as possibilidades dos jovens se tornarem no futuro atletas de excepção, o que
não significa que o simples facto de as manifestarem seja condição suficiente
para o sucesso.
Ao contrário do que se possa pensar, o processo de formação do
jogador de futebol exige sacrifícios por parte do atleta. O senso comum, por
norma, não atribui a importância devida à capacidade de trabalho dos atletas,
estejam estes no alto rendimento ou nos escalões de formação. A vida dos
atletas, tendencialmente, é retratada apenas por momentos agradáveis. O facto
é que os níveis de exigência da prática desportiva podem ajudar a explicar as
razões por que a grande maioria dos jogadores de Futebol tem origem nas
classes menos abastadas, médias e populares. Os jovens de famílias ricas, por
norma, mostram menos disposição para a prática desportiva de alto rendimento
pelo carácter dos treinos, esforços e sacrifícios inerentes ao mundo do Futebol
(Rodrigues, 2004).

68
Revisão da Literatura

Num estudo que estabelece a relação entre modernidade, disciplina e a


formação do jogador de Futebol profissional moderno, Rodrigues (2004)
concluiu que a produção social do jogador consiste num processo de disciplina,
adaptação, socialização, treino, desenvolvimento e aperfeiçoamento das
potencialidades físicas, técnicas e tácticas do atleta, além da administração do
seu potencial genético.
A essência da perspectiva da teoria da Prática Deliberada consiste no
facto de todos os indivíduos poderem alcançar elevados níveis de rendimento,
uma vez que o elemento relevante para o sucesso é determinado pelo
empenho, pelo esforço e sobretudo pelo tempo dedicado à prática de
actividades relacionadas (Helsen et al. 1998).

69
Revisão da Literatura

2.11. Natureza do jogo deliberado e a sua importância no


comprometimento com a prática desportiva

A apetência natural das crianças para a prática desportiva, a vontade


extrema de se superarem e o seu espírito de entrega ao jogo, parecem ser
factores facilitadores e potenciadores das aprendizagens (D’Ottavio, 2000). No
entanto, a performance de excelência ou a aproximação de um desempenho
deste tipo implica um acompanhamento específico das aprendizagens e uma
mudança permanente no indivíduo para a concretização dos objectivos
delineados (Schraw, 2005). A este respeito, Richard & Timothy (2005)
consideram que a eficácia da performance está intimamente ligada à qualidade
das práticas.
Sob o ponto de vista da teoria da Prática Deliberada, a efectividade das
aprendizagens são atingidas quando, em contraste com o divertimento social
da maioria das actividades, se verifica esforço e concentração na concretização
das tarefas (Ericsson, Krampe, Tesch-Romer, 1993; Ericsson, 1996; Ericsson
2007a). Segundo Young & Salmela (2002), estes têm sido os aspectos que
melhor caracterizam a Prática Deliberada no domínio desportivo (Young &
Salmela, 2002).
Porém, outros estudos sugerem o prazer como uma das componentes
mais percepcionadas pelos atletas na prática de actividades deliberadas (Gill et
al., 1983; Gould et al., 1985; Scanlan, Carpenter, Schmidt, Simons & Keeler,
1993; Durand-Bush & Salmela, 1996; Hodges & Starkes, 1996; Weinberg &
Gould, 1999; Fonseca & Maia, 2000), seguido do esforço e da relevância das
tarefas (Durand-Bush & Salmela, 1996).
No entendimento de Richard & Timothy (2005), o facto de o praticante
conhecer o objectivo das tarefas, bem como as limitações do seu desempenho
contribui, em larga medida, para aumentar os níveis de motivação, e por
consequência, de prazer e de vontade em ser cada vez melhor (Richard &
Timothy, 2005).
Segundo Cárdenas (2006), a motivação constitui-se como um elemento
decisivo ao impulsionar o sujeito à acção para uma prática desportiva diária e

70
Revisão da Literatura

esforçada. Samulski (2002) caracteriza a motivação como um processo activo,


intencional e dirigido a um objectivo, o qual depende da interacção de factores
pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Segundo o autor, a
motivação apresenta uma determinante energética (nível de activação) e uma
determinante de direcção do comportamento (intenções, interesses, motivos e
metas). Os motivos que impulsionam a prática desportiva dos mais jovens
activam as suas energias e disposições para a obtenção dos melhores
resultados possíveis (Cárdenas, 2006).
Várias teorias têm revelado que a orientação dos indivíduos para a
tarefa está relacionada com padrões de motivação funcionais e adaptativos que
despertam os indivíduos para a prática esforçada das actividades
(Ommundsen, 2005).
Um estudo realizado por Elferink-Gemser et al. (2004), com o objectivo
de determinar a relação entre as características de desempenho psicológico
(entre outras) e o nível de performance de jovens atletas de Hóquei de Campo,
mostra que a única variável psicológica em que os jovens jogadores de elite se
superiorizaram relativamente aos jogadores de sub-elite foi a motivação.
Ward et al. (2004) e Williams & Hodges (2005) assumem mesmo que o
comprometimento e a motivação para a prática são os elementos mais
importantes na objectivação da excelência desportiva/sucesso. Num estudo
realizado com os atletas da Academia da Premier League Inglesa, os jovens
consideraram estes factores prioritários relativamente ao grau de aptidão inicial
e ao talento desportivo (Ward et al., 2004).
Uma outra investigação, realizada com o objectivo de identificar quais as
características psicológicas (entre outras) que diferenciam os atletas de elite
dos atletas de sub-elite de Hóquei de Campo, revela que a motivação e os
elevados níveis de confiança são as variáveis predominantes no
comportamento dos atletas de elite (Elferink-Gemser et al., 2007).
De acordo com Cárdenas (2006), todos os indivíduos possuem duas
tendências motivacionais: a tendência de procurar sucesso e a tendência de
evitar o fracasso. O motivo de procurar o sucesso é definido como a
capacidade de vivenciar orgulho e satisfação na realização das tarefas,
enquanto o motivo de evitar o fracasso é determinado como a capacidade de
experimentar vergonha e humilhação como consequência do fracasso. O

71
Revisão da Literatura

comportamento do indivíduo é influenciado pela interacção entre essas duas


tendências motivacionais. O autor admite que a activação da consciência do
atleta nas diferentes actividades desportivas está dependente dos índices de
motivação do mesmo para a tarefa, orientando-o ou não para uma
aprendizagem mais efectiva e dotada de significado, tendo em vista a
concretização das aspirações de âmbito desportivo e pessoais.
Neste contexto, Farmer & Williams (2005) referem que uma prática
orientada para actividades deliberadas ocorre quando os indivíduos estão
motivados para desenvolver as aptidões e se envolvem autonomamente numa
sequência de actividades contínuas, estruturadas e sistematizadas,
direccionadas para os alvos da performance. O autor sublinha, ainda, que a
teoria defendida por Ericsson, revela que a Prática Deliberada, quando
aplicada de forma rigorosa, é o método mais eficaz e eficiente na elevação do
rendimento nos mais variados domínios.
Assim, todos os motivos podem ajudar o atleta a alcançar bons
resultados. O importante é a força e a vontade que estes imprimem para a sua
concretização. O gosto e a perseverança no domínio desportivo fazem com
que os atletas se entreguem sem limites às tarefas desenvolvidas no treino e
na competição, tendo em vista a eficácia dos seus desempenhos (Buceta,
2002; Holt & Dunn, 2004; Cárdenas, 2006).

72
Revisão da Literatura

2.12. Factores de rendimento/eficácia táctica

Ao longo dos tempos, o Futebol tem sido alvo do interesse de um grande


número de investigadores na tentativa de identificar o tipo de acções que
melhor se associam à eficácia competitiva das equipas e dos jogadores que
nela participam (Gréhaigne, 1989; Sousa, Garganta & Mesquita 2002). De
facto, a observação do jogo possibilita a análise de um conjunto de dados
relevantes, exteriorizados pelas acções dos jogadores, a partir dos quais é
possível optimizar o comportamento dos atletas em situação competitiva
(Franks & McGarry, 1996; Sousa, 2005). A informação recolhida no passado,
reflectindo as disposições, dificuldades e atitudes das equipas face aos
problemas colocados, tem vindo a servir de paradigma para a resolução das
dificuldades mais prementes e na exploração de outro tipo de problemas que
outrora não eram equacionados no domínio do jogo. (Gréhaigne, 1992).
Por outro lado, a contínua necessidade de interpretação dos dados
recolhidos em função das características específicas do jogo tem levado os
especialistas a focalizarem a sua atenção na relevância contextual do
comportamento dos jogadores de ambas as equipas (Gowan, 1982; Garganta,
1999b).
Para Garganta (1997), o jogo de Futebol apresenta-se como uma
sequência global configurada a partir de várias sequências parcelares, onde a
acção dos jogadores não é tomada isoladamente mas inserida num contexto e
numa lógica organizacional própria. Por isso, é de todo conveniente a
aproximação do conhecimento teórico à prática, nomeadamente, através da
construção de sistemas elaborados a partir de categorias integrativas
congruentes com a natureza do jogo (Pinto & Garganta, 1989).
É neste contexto que a dimensão táctica tem representado um
importante contributo para o estudo do comportamento dos jogadores e das
equipas, permitindo uma clara aproximação da análise aos conteúdos e
padrões específicos do jogo (Franks & McGarry, 1996).
Esta forma de análise, centrada no jogo, tem possibilitado a reunião e
confrontação de dados relativos às sequências ofensivas e defensivas do jogo,

73
Revisão da Literatura

com o propósito de se estabelecer uma associação directa entre os parâmetros


estudados e os comportamentos que determinam a eficácia das equipas
(Garganta, 1999b).
Segundo Garganta (1998b), são estas informações que melhor traduzem
o comportamento da equipa e dos jogadores, através da identificação das
regularidades e variações das acções de jogo, bem como da eficácia ofensiva
e defensiva dos conjuntos.
A observação da eficácia de jogo ofensiva e defensiva das equipas tem
assentado na selecção de parâmetros que segundo vários autores (Bate, 1988;
Hudges et al., 1988; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1991; Castelo, 1992;
Claudino, 1993; Miller, 1994; Wrzos, 1994; Cunha, 1997; Garganta, 1997;
Correia, 2000; Pacheco, 2000; Correia, 2003) são relevantes na determinação
do rendimento e sucesso de uma equipa.
Como demonstram os estudos de Bate, (1988), Hudges et al. (1988),
Gréhaigne (1989), Mombaerts (1991), Castelo (1992), Claudino (1993), Miller
(1994), Wrzos (1994), Cunha (1997), Garganta (1997), Correia (2000),
Pacheco (2000) e Correia (2003), tem sido fundamental a recolha de dados a
partir de sequências finalizadas com remate à baliza, possibilitando, desta
forma, o acesso a um conjunto de informações que melhor traduzem os
indicadores de rendimento táctico das equipas e dos jogadores de Futebol.
Ainda que o modo como os especialistas perspectivam e hierarquizam
os factores de rendimento em Futebol não esteja completamente apurada, a
verdade é que os estudos consultados (Bate, 1988; Hudges et al., 1988;
Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1991; Castelo, 1992; Claudino, 1993; Miller,
1994; Wrzos, 1994; Garganta, 1997; Pacheco, 2000) apontam alguns dos
factores que poderão garantir a eficácia defensiva e ofensiva das equipas.
Entre eles destacam-se o (1) Número de Variações de Corredor, (2) Número de
Intervenientes na Acção Ofensiva; (3) Número de Intervenientes na Acção
Defensiva, e (4) Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo
Defensivo.
A análise da performance no Futebol, sobretudo no que concerne à
análise do jogo, é excepcionalmente importante por constituir um critério basilar
no processo de preparação desportiva dos jogadores e das equipas, porque,
para além de permitir perfilar e comparar a especificidade dos comportamentos

74
Revisão da Literatura

em relação aos modelos de jogo de referência, possibilita o refinamento do


processo de treino, no sentido de direccionar adequadamente os
comportamentos comuns e naturais dos atletas para a eficácia competitiva
(Gréhaigne, 1992; Garganta, 2004b).

75
76
Objectivos e Hipóteses

3. OBJECTIVOS E HIPÓTESES

3.1. Objectivos do estudo

3.1.1. Objectivo Geral

O presente estudo propõe-se concretizar o seguinte objectivo:


(1) Relacionar o tempo de Prática Deliberada com a eficácia ofensiva e
defensiva, considerando diferentes escalões de formação.

3.1.2. Objectivos Específicos

Para a realização deste estudo foram delineados os seguintes objectivos


específicos:
(1) Relacionar o tempo de Prática Deliberada (PD) dos atletas com a
eficácia ofensiva e defensiva;
(2) Analisar as diferenças de eficácia ofensiva e defensiva em atletas
com tempos idênticos de Prática Deliberada.

77
Objectivos e Hipóteses

3.2. Hipóteses do estudo

Hipótese 1 – Os atletas com mais tempo de Prática Deliberada

evidenciam uma eficácia ofensiva mais elevada.

Hipótese 2 – Os atletas com mais tempo de Prática Deliberada

evidenciam uma eficácia defensiva mais elevada.

Hipótese 3 – A eficácia ofensiva é superior à eficácia defensiva no

escalão de Minis.

Hipótese 4 - A eficácia ofensiva é idêntica à eficácia defensiva no


escalão de Infantis.

78
Material e Métodos

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Amostra

A amostra é constituída por quatro escalões distintos de escolas de


formação, que participaram em quadros competitivos de Futebol na época de
2006/2007. A partir de um total de 24 jogos, foram observadas 382 sequências
ofensivas concluídas com remate à baliza, 92 sequências do escalão de Minis,
98 do escalão de Pré-escolas, 83 do escalão de Escolas e 109 do escalão de
Infantis.
Das sequências observadas, primeiramente foi analisada a eficácia das
acções ofensivas, por escalão, a partir dos valores obtidos pelas variáveis
Número de Variações de Corredor (NVC) e Número de Jogadores
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO). Por sua vez, os resultados das
variáveis Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo
(TPC) e Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID)
permitiram indagar a eficácia das acções defensivas, para cada grupo
observado.
No sentido de dar cumprimento ao segundo objectivo do estudo, foram
analisadas as diferenças de eficácia ofensiva e defensiva, por escalão, tendo
em conta os valores médios das variáveis Número de Jogadores Intervenientes
na Acção Ofensiva (NIO) e Número de Jogadores Intervenientes na Acção
Defensiva (NID).
O tempo de Prática Deliberada foi analisado em função dos anos de
prática sistemática em clubes.

79
Material e Métodos

4.2. Caracterização da amostra

No Quadro 2 são apresentadas as idades dos atletas, o tempo de prática


em actividades deliberadas, o número de jogos observados, a sua duração,
bem como o número de sequências observadas por escalão etário.

Quadro 2 - Caracterização da amostra

Escalões Idades Tempo PD (anos) Jogos Sequências Duração (min.)


Minis <6 1 6 92 30
Pré-escolas 7/8 2-3 6 98 30
Escolas 9/10 4-5 6 83 50
Infantis 11/12 6-7 6 109 50
TOTAL 24 382

4.3. Organização dos procedimentos

De forma a concretizar a presente metodologia, foi necessário percorrer


um conjunto de etapas, cuja descrição é apresentada de seguida:
1ª Etapa: Gravação dos jogos.
Foram gravados jogos in loco do quadro competitivo de Futebol dos
escalões de Minis, Pré-escolas, Escolas e Infantis da época 2006/2007.
2ª Etapa: Construção do sistema de observação através da escolha e
definição das variáveis.
A selecção das variáveis do estudo foi realizada com base na pesquisa
bibliográfica, procedendo-se de seguida à sua descrição e categorização.
3ª Etapa: Determinação da objectividade do sistema de observação.
Nesta etapa recorreu-se a 20 sequências ofensivas finalizadas de um
dos encontros (50 min.), como forma de determinar a objectividade do sistema
de observação.
4ª Etapa: Observação e recolha de dados.
Depois de asseguradas todas as condições de validação e fidelidade do
instrumento, observaram-se as variáveis em estudo.

80
Material e Métodos

Assim, cada encontro dos escalões de Infantis, Escolas, Pré-escolas e


Minis foi observado três vezes. Na primeira análise, foram registados os
valores referentes ao Número de Variações de Corredor (NVC). Na segunda,
procedeu-se à recolha de dados relativa ao Número de Intervenientes na
Acção Ofensiva (NIO) e Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID). E
por fim, na terceira análise, foram apontados os valores referentes ao Tempo
de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC).
Em qualquer das observações, os valores registados diziam respeito ás
acções ofensivas e defensivas das duas equipas em confronto.
Os dados foram registados nas fichas de observação elaboradas para o
efeito (Anexo 1).

4.4. Procedimentos Estatísticos

A recolha de dados foi realizada de forma presencial e posteriormente


analisada, utilizando o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS,
15.0).
A observação efectuada teve como fonte imagens videogravadas
resultantes dos jogos descritos anteriormente. Na recolha e registo das
imagens foram contempladas as acções fundamentais a observar.
Para a análise da globalidade dos dados foram utilizados procedimentos
da estatística descritiva, nomeadamente a média, o desvio-padrão, a
frequência e a percentagem.
Finalmente, a identificação de diferenças médias entre os grupos
considerados na amostra, para as variáveis em análise, foi realizada a partir do
t-teste de medidas independentes. O nível de significância foi mantido em 5%.

81
Material e Métodos

4.5. Instrumentos

As observações realizadas no presente estudo dirigiram-se para a


categorização das sequências ofensivas e defensivas do jogo, nas quais houve
participação directa dos jogadores relativamente aos parâmetros em estudo.
Concomitantemente, o registo e processamento dos dados foram efectuados
por notação manual, com recurso a fichas de observação e a um modelo
topográfico, proposto por Garganta (1997), de divisão do terreno de jogo por
sectores e corredores.
Assim, a metodologia de investigação teve como base a observação
sistematizada do praticante em ambiente normal, através da selecção de um
conjunto de comportamentos previamente definidos e estandardizados em
função das variáveis a analisar.
A ficha de observação para o registo dos comportamentos observados
incidiu sobre dois momentos, ataque e defesa, organizados em quatro
variáveis: (1) Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência Ofensiva
Finalizada (SOF); (2) Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO); (3)
Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC) e (4)
Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID).

4.6. Fiabilidade do Sistema de Observação

A realização de um estudo que englobe a recolha de dados a partir da


observação indirecta implica a verificação da fiabilidade dos resultados obtidos.
Para assegurar a validade da informação recolhida, foi verificada a consistência
observações intra-observador. Esta determinação permite averiguar se o
mesmo observador, em diferentes momentos, interpreta e regista de forma
idêntica a mesma situação.
Assim, em dois momentos distintos, com um intervalo de 10 dias,
procedeu-se à observação de 50 minutos de um jogo, comparando-se,
posteriormente, os dois resultados.

82
Material e Métodos

Quadro 3 - Resultado do estudo da fiabilidade das observações


Coeficiente
Variáveis
de Fiabilidade
Número de Sequências Ofensivas Finalizadas (SOF) 100%
Número de Variações de Corredor (NVC) 94%
Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC) 92%
Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) 97%
Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID) 89%

A fiabilidade da observação resulta da relação percentual entre acordos


e desacordos registados, segundo a fórmula de Bellack et al. (1966).

Figura 2 - Fórmula para verificação da fiabilidade dos resultados (Bellack et al. 1966).

Os valores encontrados nas duas observações situaram-se, para todas


as variáveis consideradas, acima dos 85% de acordos, o que atesta a
fiabilidade da observação (Bellack et al., 1966).

83
Material e Métodos

4.7. Explicitação das variáveis

4.7.1. Introdução

O critério de organização das variáveis procura responder aos objectivos


do presente estudo.
Sob o ponto de vista da modelação do jogo de Futebol, Garganta (1997)
configura a eficácia da organização ofensiva de uma equipa com base em três
dimensões fundamentais: tempo, espaço e tarefa.
Assim, a dimensão tarefa representa a acção ou acções
desempenhadas pelos jogadores nas diferentes fases do jogo, de acordo com
os constrangimentos de espaço e de tempo com que se deparam (Garganta,
1997). Por seu turno, do factor tempo depende a qualidade da acção táctica,
porque reflecte a actuação do indivíduo no que diz respeito à velocidade de
execução, precisão e à quantidade e qualidade de acções motoras e mentais
que este consegue concretizar (Hernández-Péres, 1994, citado por Garganta,
1997). Por último, intimamente ligado à dimensão temporal, está o espaço.
Quanto maior é o espaço disponível, mais tempo tem o jogador para poder
decidir, optando pela melhor solução possível.
No Futebol, as noções de espaço e tempo estão intimamente
relacionadas, o que significa que a redução do espaço de jogo diminui
consideravelmente o tempo de acção dos seus intervenientes. Por outro lado, o
alargamento do espectro de acção da equipa permitirá um aumento do tempo
disponível para a acção/decisão dos seus jogadores (Comucci, 1983, citado
por Garganta 1997).
A este propósito, Garganta (1997) refere que o conceito de espaço não
se limita apenas às dimensões e marcações físicas representadas no terreno
de jogo. O autor salienta que o espaço é fundamentalmente um quadro
referencial de pensamento e acção. Neste sentido, sugere a existência de um
espaço conformacional, definido pela posição dos jogadores no terreno de jogo
e um espaço informacional, o qual, não sendo explícito, resulta da construção

84
Material e Métodos

cognitiva dos jogadores, a partir da sua experiência acumulada (Garganta,


1997).
Segundo Maças (1997), a divisão do campo de jogo em corredores
reflecte uma forma de organização do espaço, com o objectivo de dar largura e
profundidade. Um maior espaço de jogo proporciona um número mais elevado
de alternativas de resolução técnico-tácticas das situações momentâneas de
jogo.
Por conseguinte, a divisão do espaço em sectores e corredores, no
domínio do treino e da competição, tem-se constituído como um importante
referencial na orientação dos atletas, nomeadamente no que se reporta às
tarefas ofensivas e defensivas.
Neste entendimento, Garganta (1997) admite que o Número de
Variações de Corredor (NVC) pode fornecer indicações importantes, relativas à
amplitude e eficácia das acções ofensivas de uma equipa. Outro dos factores
apontado como determinante no rendimento ofensivo e defensivo das equipas
é a capacidade de mobilização de todos os jogadores em função do mesmo
objectivo. Tanto o Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) como o
Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NIO) poderão fornecer
informações relevantes acerca do envolvimento e da participação dos
jogadores neste tipo de missões, tal como nos sugere o modelo de jogo mais
evoluído de Pinto & Garganta (1996). A este respeito, o modelo de jogo mais
evoluído sugere uma participação de jogadores o mais abrangente possível
nas acções ofensivas e defensivas para o êxito e eficácia deste tipo de
missões.
A procura incessante por modelos que garantam a eficácia das equipas
através da observação sistemática e análise de jogo conduziu à construção de
referenciais que em muito têm contribuído para a evolução da modalidade. Os
princípios veiculados pelo modelo de jogo mais evoluído assentam sobretudo
na adopção de uma atitude agressiva permanente, na participação de todos os
jogadores e nas constantes variações de ritmo e de espaço de jogo (Pinto &
Garganta, 1996).
Sob o ponto de vista defensivo, a participação de todos os jogadores no
processo e a recuperação rápida da posse de bola são dois dos princípios
veiculados por este modelo.

85
Material e Métodos

Garganta et al. (2002) sugerem que a eficácia ofensiva está também


associada à natureza dos processos defensivos adoptados, ou seja, o tipo de
organização defensiva e a forma como o objecto móbil de jogo é recuperado
condicionam a eficácia ofensiva e defensiva das equipas.
Os mesmos autores mencionam que o rendimento de uma equipa não
depende apenas da eficácia das acções com bola, mas também da capacidade
de dificultar e prejudicar as acções ofensivas do adversário (Pinto & Garganta,
1996).
O processo defensivo constitui uma fase fundamental do jogo, em que
uma equipa tenta conquistar a posse de bola, com o objectivo de poder realizar
acções ofensivas, sem cometer infracções e impedindo a obtenção do golo
pela equipa adversária (Teodorescu, 1984).
Um estudo realizado com o intuito de detectar os indicadores de
rendimento que mais se associam ao sucesso ou insucesso das equipas
revelou que o pressing exercido no meio campo ofensivo está associado à
obtenção de melhores resultados. O autor do estudo refere que as equipas não
devem ser passivas, mas sim tomar a iniciativa, pressionar e cobrir o espaço
(Pacheco, 2000).
Se é verdade que, no passado, a eficácia atacante se superiorizou ao
rendimento defensivo das equipas, também não é menos verdade que
actualmente as defesas são muito mais pressionantes e agressivas, tornando o
jogo muito mais equilibrado e disputado nas suas fases.
Como refere Mombaerts (2000), a importância da recuperação da posse
de bola nas zonas mais adiantadas do terreno de jogo foi uma das evoluções
que mais marcou o jogo de Futebol. Esta acção de opressão realizada sobre
um jogador contrário (pressing) retira espaço e tempo de manobra à equipa
adversária, neutralizando de forma rápida e eficaz os ataques dos adversários
(Bonizzoni, 1988).
Deste modo, a organização das variáveis do estudo teve por base a
selecção de quatro parâmetros associados ao rendimento desportivo nas suas
fases defensiva e ofensiva. Todas as variáveis foram analisadas por cada
Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) observada.

86
Material e Métodos

Assim, a ficha de observação para a organização do estudo incidiu sobre


a dimensão Espaço, incluindo a seguintes variáveis:

Quadro 4 - Organização das variáveis do estudo


Organização das variáveis do estudo
Processo Ofensivo
(1) Número de Variações de Corredor (NVC)
(2) Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)
Processo Defensivo
(1) Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC)
(2) Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID)

A selecção das variáveis acima mencionadas tem sido objecto de


análise de vários estudos relativos a temáticas semelhantes (e. g., Wrzos 1981;
Bishovets et al., 1993; Yamanaka et al., 1993; Garganta, 1997).

87
Material e Métodos

4.7.2. Sequência Ofensiva Finalizada (SOF)

A sequência ofensiva finalizada é uma acção contínua de ataque,


constituída por várias acções individuais, que se fundem de acordo com uma
lógica organizacional própria (Silva, 1999), realizadas pela equipa que detém a
posse de bola. Esta acção tem o seu início com a aquisição da posse de bola e
termina com a finalização, através de um remate à baliza contrária (Castelo,
1996).
Para cada Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) foram registados os
valores das variáveis correspondentes ao Número de Variações de Corredor
(NVC), Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID) e
Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO).

88
Material e Métodos

4.7.3. Número de Variações de Corredor (NVC)

Esta categoria pretende identificar o Número de Variações de Corredor


(NVC) realizadas no decorrer da Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) ou não
finalizada, ou seja, identifica o número de vezes que uma equipa faz circular a
bola, através do passe, de um corredor para o outro e termina com remate à
baliza.
Para a recolha de dados foi utilizado o modelo adoptado por Garganta
(1997), segundo o qual o campo de Futebol é dividido longitudinalmente por
corredores e transversalmente por sectores (Figuras 3 e 4).

Sector Ofensivo

Lateral Corredor Corredor


Sector Médio Ofensivo
Esquerdo Central Central

Lateral Corredor Lateral Sector Médio Defensivo


Esquerdo Central Direito

Sector defensivo

Figura 3 - Divisão do terreno de jogo Figura 4 - Divisão do terreno de jogo


em três corredores (Garganta, 1997). em três sectores (Garganta, 1997).

O Número de Variações de Corredor (NVC) pode fornecer indicações


importantes relativas à amplitude das acções ofensivas (Gowan, 1982, citado
por Garganta 1997).
A este respeito, Garganta (1997) e Garganta et al. (2002), num estudo
realizado sobre a organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento,
concluíram que a variabilidade das acções ofensivas, nomeadamente as
variações de corredor, de tipo de passe e de ritmo de jogo são indicadores
associados à eficácia ofensiva das equipas.

89
Material e Métodos

As dinâmicas atacante e defensiva criadas em torno do Futebol implicam


uma adequada gestão do espaço de jogo em torno da componente
profundidade (por corredor) e da componente largura (sector). Isto significa que
qualquer acção de ataque tem por objectivo criar e aproveitar o espaço de jogo
concedido pelo adversário (Garganta 1997).
Também Giacomini, Matias & Greco (2004) garantem que a utilização
dos corredores laterais é factor importante no desequilíbrio da defesa
adversária. Estudos sobre esta temática têm vindo a apontar para uma
vantagem a favor das equipas vencedoras, no que diz respeito ao número de
vezes que estas utilizam os corredores do campo para atacar.
Com efeito, para a realização do estudo foram analisadas todas as
acções ofensivas e registadas a partir da linha do sector médio defensivo. A
sequência ofensiva de uma equipa é dada por terminada quando ocorre, pelo
menos, uma das possibilidades: (1) situação de fora de jogo de um elemento
da equipa; (2) bola colocada fora do terreno de jogo; (3) posse de bola de um
elemento da equipa adversária, conseguindo executar um remate, um passe ou
uma condução de bola com pelo menos a concretização de três toques na
bola. Todas as faltas, cortes e interrupções momentâneas cometidas pela
equipa adversária foram registadas como acções da mesma sequência
ofensiva.
As categorias de observação desta variável são indicadas pelos
números de 0 a ≥4, correspondendo cada valor ao número de variações
observadas em cada Sequência Ofensiva Finalizada (SOF). Assim, a
correspondência do Número de Variações de Corredor (NVC) observada foi
realizada da seguinte forma: (0) ausência de variações; (1) uma variação de
corredor; (2) duas variações de corredor; (3) três variações de corredor; (≥4)
quatro ou mais variações de corredor.

90
Material e Métodos

4.7.4. Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio


Campo Defensivo (TPC)

A variável em estudo pretende contabilizar o tempo de posse de bola


que é consentido à equipa adversária quando esta se encontra no meio campo
defensivo contrário, isto é, identifica o tempo de posse de bola que uma equipa
consente no seu meio campo defensivo.
A acção defensiva tem como objectivo reduzir ao máximo os espaços
criados pelo adversário, circunscrevendo o espaço de circulação da bola e dos
jogadores que, potencialmente, estarão em situação de a poder receber em
boas condições (Garganta, 1997). É a este nível que os jogadores devem
procurar desenvolver acções que, no seu conjunto, contribuam para o
desequilíbrio ou ruptura na organização da equipa opositora, contrariando,
desde logo, a coerência lógica interna do adversário (Bacconi & Marella, 1995,
citado por Garganta, 1997).
Victor Frade (2006, citado por Batista, 2006) assume que um dos
grandes princípios associado ao rendimento defensivo das equipas está
relacionado com a aplicação de uma zona de pressing. O autor refere, ainda,
que a equipa deve ser bastante organizada nas suas linhas defensivas e ter um
papel activo na recuperação da posse de bola, provocando o erro do
adversário.
Do mesmo modo, a organização defensiva veiculada por Mourinho
(2006, citado por Oliveira et al., 2006) preconiza um pressing alto realizado
preferencialmente no meio campo adversário, tendo em vista a recuperação da
bola o mais rápido possível.
É de realçar que uma das fórmulas básicas em que assenta o estilo de
Eriksson é a organização pressionante em que os jogadores exercem pressão
sobre os adversários, logo após a perda da posse de bola (Birkinshaw, &
Crainer, 2005).
Além da variável Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo
Defensivo (TPC) ser considerada um indicador de rendimento defensivo das
equipas, está entre as acções utilizadas para dificultar e prejudicar os

91
Material e Métodos

movimentos com bola. Entre outras destacam-se o número de intervenções do


guarda-redes, o número de recuperações de posse de bola, o número de faltas
cometidas e o número de golos sofridos (Pacheco, 2000).
Para a análise desta variável procedeu-se à contagem do Tempo de
Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC) pelas duas
equipas intervenientes em cada jogo realizado.

92
Material e Métodos

4.7.5. Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Ofensiva (NIO)

A variável Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva


(NIO) representa a quantidade de jogadores que contactam a bola em cada
Sequência Ofensiva Finalizada (SOF), desde o momento da aquisição ou
recuperação da posse de bola, até ao momento de finalização.
Sendo o passe uma acção de relação material estabelecida entre dois
jogadores da mesma equipa, este constitui, juntamente com a recepção, o
comportamento técnico-táctico mais utilizado pelos jogadores durante um jogo
de Futebol (Castelo, 2003).
A capacidade e a habilidade de passar e receber bem a bola constituem
um elo vital de união dos jogadores de uma equipa, com o objectivo de
organizar esforços que, no seu conjunto, superem a soma das performances
individuais. Precisão e tempo são ingredientes fulcrais na combinação de
passes. A deficiência no passe ou na recepção da bola ocasionam perdas de
oportunidades de ataque. Nesse sentido, podemos afirmar que os passes
certos determinam a dinâmica e a eficácia do jogo, propiciando um menor
desgaste físico da equipa e, consequentemente, um maior desgaste físico da
equipa adversária (Luxbacher, 1996).
Assim, para a observação e análise da variável Número de Jogadores
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) são consideradas as seguintes
categorias: (1-2) um ou dois jogadores; (3-4) três ou quatro jogadores; (5-6)
cinco ou seis jogadores; (>6) mais de seis jogadores.

93
Material e Métodos

4.7.6. Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Defensiva (NID)

O jogo de Futebol inicia-se com uma relação numérica de igualdade


entre os jogadores de duas equipas. No entanto, com o desenrolar dos
acontecimentos esse equilíbrio tem tendência a ser alterado, tomando as mais
diversas configurações. A procura de superioridade numérica, quer ofensiva
quer defensiva nas zonas mais próximas da bola, é condição essencial para
uma rápida resolução das situações espontâneas do jogo (Castelo 1996; Pinto
& Garganta, 1996).
A variável em estudo, Número de Jogadores Intervenientes na Acção
Defensiva (NID), representa a quantidade de jogadores que intervêm de forma
directa ou indirecta nas missões defensivas para cada sequência ofensiva
finalizada da equipa adversária, ou seja, são contabilizados o número de
intervenientes no processo defensivo, desde o momento da aquisição ou
recuperação da posse de bola pela equipa adversária, até ao momento de
finalização.
Só é considerado jogador interveniente no processo defensivo o atleta
que condiciona directamente a acção do jogador que detém a posse de bola,
promovendo uma alteração do seu comportamento normal. Podem ser
tomados como exemplos: alteração da trajectória da bola provocada por um
toque do jogador defensor, modificação do ritmo de corrida, mudança de
direcção, finta e contacto físico.
Assim, as categorias para a observação e análise da variável Número de
Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID) são as seguintes: (0)
Ausência de jogadores; (1-2) um ou dois jogadores; (3-4) três ou quatro
jogadores; (5-6) cinco ou seis jogadores.

94
Material e Métodos

4.7.7. Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Defensiva (NID) e Ofensiva (NIO)

A análise do Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) e do


Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID) compara, por escalão, o
maior ou menor envolvimento dos jogadores nas missões ofensivas e
defensivas.

95
96
Apresentação e Discussão dos Resultados

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. Introdução

A observação e a análise do jogo constituem ferramentas indispensáveis


na averiguação da eficácia do processo de treino e na orientação do mesmo
para a meta desejada (Cramer, 1987; Castelo, 1996; Garganta, 1997; Maças
1997).
Ao longo deste capítulo são apresentados e descritos os resultados do
estudo. Para o efeito, a sua organização resulta da apresentação de uma
sequência lógica que permita uma melhor interpretação e compreensão dos
mesmos.
Em primeiro lugar, foi analisada a eficácia das acções ofensivas, por
escalão, a partir dos valores obtidos pelas variáveis Número de Variações de
Corredor (NVC) e Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva
(NIO). Por sua vez, os resultados das variáveis Tempo de Posse de Bola
Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC) e Número de Jogadores
Intervenientes na Acção Defensiva (NID) permitiram indagar a eficácia das
acções defensivas, para cada grupo observado.
No sentido de dar cumprimento ao segundo objectivo do estudo, foram
analisadas as diferenças de eficácia ofensiva e defensiva, por escalão, tendo
em conta os valores médios das variáveis Número de Jogadores Intervenientes
na Acção Ofensiva (NIO) e Número de Jogadores Intervenientes na Acção
Defensiva (NID).
O tempo de Prática Deliberada foi analisado em função dos anos de
prática sistemática em clubes.

97
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2. Análise das Variáveis Observadas

5.2.1. Número de Variações de Corredor (NVC) por


Sequência Ofensiva Finalizada

5.2.1.1. Escalão de Minis (≤ 6 anos)

No que diz respeito a esta variável, verifica-se que no escalão de Minis


as equipas realizaram as suas sequências ofensivas finalizadas
preferencialmente com 0 e 1 variações de corredor, sendo a percentagem da
primeira variável claramente superior à da segunda, 72% contra 26%,
respectivamente (Quadro 5).

Quadro 5 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência Ofensiva


Finalizada (SOF) no escalão de Minis.
Variações de Nº Sequências % Relativa do Total do NVC
Escalão
Corredor (NVC) Finalizadas (SOF) NVC Efectivo
0 66 72%
1 24 26%
MINIS 2 2 2% 28
3 0 0%
≥4 0 0%

De salientar o facto de apenas 2% das sequências ofensivas finalizadas


serem precedidas de 2 variações de corredor. Por sua vez, para as variáveis 3,
4, ou mais variações de corredor não se registou qualquer acontecimento.
Sublinhe-se que o número total de variações de corredor nos 6 jogos
observados foi de 28.

98
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.1.2. Escalão de Pré-escolas (7/8 anos)

Tal como sucede no escalão de Minis, o escalão de Pré-escolas


apresenta uma evolução negativa do número de sequências ofensivas
finalizadas, à medida que o número de variações de corredor aumenta. Assim,
verifica-se que os valores regridem de 60% para 32%, 8% e 0% (Quadro 6).

Quadro 6 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência Ofensiva


Finalizada (SOF) no escalão de Pré-escolas.
Variações de Nº Sequências Percentagem Total do NVC
Escalão
corredor (NVC) ofensivas finalizadas Relativa do NVC Efectivo
0 57 60%
1 32 32%
PRÉ-
2 9 8% 50
ESCOLAS
3 0 0%
≥4 0 0%

No entanto, comparando o escalão de Minis com o escalão de Pré-


escolas, é possível realçar um aumento do número de sequências ofensivas
realizadas com 1 e 2 variações de corredor. Nestas categorias, foram
registadas as percentagens de 32% e 8%, do número total das sequências
ofensivas observadas, respectivamente.
Todavia, apesar do parâmetro zero variações de corredor continuar no
topo de preferência das acções ofensivas finalizadas, apresenta uma ligeira
quebra relativamente ao valor registado no escalão anterior, passando de 72%
para 60%.
À semelhança do que se observou no escalão de Minis, não se registou
qualquer sequência ofensiva finalizada com 3 ou mais variações de corredor.
Este escalão regista um total de 50 variações de corredor.

99
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.1.3. Escalão de Escolas (9/10)

Contrariamente ao que se registou nos escalões anteriores, o escalão de


Escolas apresenta uma prevalência das acções ofensivas finalizadas (43%)
com 1 variação de corredor. No entanto, como é possível verificar no Quadro 7,
os valores da primeira categoria (0 variações de corredor) não se afastam
muito do valor de referência, apresentando uma diferença de apenas 2 pontos
percentuais (41%). Quanto aos restantes valores, verifica-se que, de um total
de 83 sequências de ataque concluídas com remate à baliza adversária,
registaram-se 10 acções (13%) com 2 variações de corredor e, pela primeira
vez, 3 (3%) com 3 variações de corredor.

Quadro 7 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência Ofensiva


Finalizada (SOF) no escalão de Escolas.
Variações de Nº Sequências Percentagem Total do NVC
Escalão
corredor (NVC) ofensivas finalizadas relativa do NVC Efectivo
0 34 41%
1 36 43%
ESCOLAS 2 10 13% 65
3 3 3%
≥4 0 0%

Estes últimos valores sugerem que, à medida que aumenta o tempo de


Prática Deliberada dos atletas, há uma tendência de subida do número de
sequências ofensivas com 2, 3, 4 ou mais variações de corredor, em prejuízo
das acções de ataque com 0 e 1 variações de corredor.
Relativamente à categoria 4 ou mais de variações de corredor, não
houve registo de qualquer sequência.

100
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.1.4. Escalão de Infantis (11/12)

No escalão de Infantis, apesar de se verificar uma predominância de


acções ofensivas finalizadas com 1 variação de corredor (34%), os valores das
categorias que lhe são contíguas (0 e 2 variações de corredor) sugerem algum
equilíbrio de entre as acções mais procuradas para a concretização das tarefas
de ataque. Assim, contra os 34% de acções finalizadas com apenas 1 variação
de corredor, surgem 26% com 0 variações de corredor e 25% com 2 variações
de corredor (ver Quadro 8).

Quadro 8 - Percentagem e Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência Ofensiva


Finalizada (SOF) no escalão de Infantis.
Variações de Nº Sequências Percentagem Total do NVC
Escalão
corredor (NVC) ofensivas finalizadas relativa do NVC Efectivo
0 28 26%
1 38 34%
INFANTIS 2 27 25% 144
3 13 12%
≥4 3 3%

De salientar que, neste escalão, se recorreu a sequências ofensivas


finalizadas com 3 e 4, ou mais, variações de corredor, sendo que, para cada
categoria, os valores não ultrapassaram os 12% e 3%, respectivamente.

5.2.1.5. Análise Global

Como se pode verificar, através do Quadro 9, à medida que subimos nos


escalões de formação, há um aumento evidente do Número de Variações de
Corredor (NVC), por Sequência Ofensiva Finalizada (SOF).

101
Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro 9 - Comparação do Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequênci


Sequência Ofensiva
Finalizada (SOF) nos diversos escalões.
Nº Sequências ofensivas finalizadas
Variações de Corredor (NVC)
Minis Pré-escolas Escolas Infantis
0 66 57 34 28
1 24 32 36 38
2 2 9 10 27
3 0 0 3 13
≥4 0 0 0 3
TOTAL 92 98 83 109

Por outro lado, observa


erva-se uma tendência para o decréscimo, ao longo
dos escalões, de Sequências Ofensivas Finalizadas (SOF) com zero variações
de corredor.
Esta evidência leva--nos a crer que à medida que aumenta o tempo de
Prática Deliberada dos atletas, mais eficaz
efica é a sua capacidade em fazer
circular o objecto de jogo de um corredor para o outro.
A comprovar esta ideia, como é possível observar pela análise da Figura
5, apenas nos escalões etários superiores (Escolas e Infantis) se registam 3, 4,
ou mais, variações
ões de corredor, em contraste com o declínio acentuado do
Número de Sequências Finalizadas com zero variações de corredor.

VARIAÇÕES (NVC)
SEQUÊNCIAS (SOF)

ESCALÕES
Figura 5 – Comparação do Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência
Ofensiva Finalizada (SOF)

De acordo com a análise da Figura 5, a percentagem do Número de


Variações de Corredor (NVC) tende a aumentar à medida que se pro
progride nos

102
Apresentação e Discussão dos Resultados

escalões de formação. Neste caso particular, a eficácia do rendimento ofensivo


determinada pela variável Número de Variações de Corredor (NVC) melhora
substancialmente em proporção com o tempo de prática dos indivíduos em
estudo.
De facto, os valores do teste t-Student confirmam a diferença existente
entre o Número de Variações de Corredor (NVC) por Sequência Ofensiva
Finalizada (SOF), nos escalões etários Minis/Pré-escolas e Escolas/Infantis
(Quadros 10 e 11).

Quadro 10 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e Pré-escolas


Minis Pré-escolas
M ± Dp M ± Dp F p
N.º de Variações de Corredor
0,30 ± 0,51 0,51 ± 0,66 15,78 0,000*
(*) diferenças estatisticamente significativas entre os escalões de Minis e Pré-escolas.

Os Quadros 10 e 11 mostram de forma evidente que o valor de prova é,


para o Número de Variações de Corredor (NVC), inferior ao valor de referência
de 5%, pelo que se verifica que os dados são estatisticamente significativos.

Quadro 11 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e Infantis


Escolas Infantis
M ± Dp M ± Dp F p
N.º de Variações de Corredor
0,78 ± 0,79 1,32 ± 1,09 10,35 0,002*
(*) diferenças estatisticamente significativas entre os escalões de Escolas e Infantis.

O Número de Variações de Corredor (NVC) é para vários autores factor


determinante no rendimento táctico das equipas (Garganta, 1997; Giacomini,
Matias & Greco, 2004; Pereira, 2005).
Os resultados do nosso estudo corroboram a tendência expressa nos
estudos consultados, com análises centradas na acção ofensiva, onde as
equipas de nível superior evidenciam supremacia em diversos factores, entre
eles, no Número de Variações de Corredor por sequência ofensiva finalizada
(Wrzos 1981; Bishovets et al., 1993; Yamanaka et al., 1993; Garganta, 1997).

103
Apresentação e Discussão dos Resultados

Bate (1988) e Garganta (1997) consideram que as equipas melhor


sucedidas são as que apostam mais frequentemente num estilo de jogo
indirecto, com um número superior de passes, número de contactos e com um
tempo de realização do ataque mais elevado, recorrendo, para o efeito, ao
ataque posicional.
A mesma opinião é expressa por Dufour (1993), quando refere que a
equipa que domina o jogo através da circulação de bola tem fortes
possibilidades de ser bem sucedida.
Outro dos factores que pode estar relacionado com o Número de
Variações de Corredor (NVC) e com os níveis de eficácia ofensiva de uma
equipa é o tempo de posse de bola. A este propósito, Bate (1988) defende que
as equipas que realizam maior posse de bola por jogo, elevam as suas
hipóteses de aumentar o número de entradas no último terço de terreno e,
assim, obter mais situações de finalização. A par do referido, o autor considera
este procedimento muito favorável, uma vez que a capacidade defensiva das
equipas tem sido cada vez mais valorizada.
Também Garganta (1997), num estudo realizado sobre a organização da
fase ofensiva em equipas de alto nível competitivo, concluiu que a variabilidade
das acções ofensivas, nomeadamente do Número de Variações de Corredor
(NVC), é mais elevada nas equipas de nível superior do que nas equipas de
nível inferior.
Num outro estudo realizado com as quatro selecções primeiras
classificadas do Campeonato do Mundo, Garganta et al. (2002) aferiu que o
Número de Variações de Corredor (NVC) é uma variável associada à eficácia
ofensiva, verificando-se um maior índice de variações para estas equipas.
Como sublinha o autor, a repetida movimentação da bola confunde as
manobras defensivas da equipa adversária, possibilitando a ruptura e entrada
no sistema defensivo adversário.
Ao invés, quando a bola é jogada predominantemente pelo mesmo
corredor, fecham-se os caminhos para o golo, favorecendo o aumento da
concentração de jogadores e a consequente diminuição do espaço de jogo
(Pereira, 2005).

104
Apresentação e Discussão dos Resultados

Parece claro que o Número de Variações de Corredor (NVC) exerce


uma influência positiva no rendimento ofensivo das equipas.
Por outro lado, analisando os resultados dos vários escalões de
formação, os dados indiciam que os atletas com mais anos de Prática
Deliberada manifestem maior capacidade para variar o espaço de jogo, de
modo a tirarem vantagem relativamente ao adversário.
Isto poderá significar que o tempo despendido na prática de actividades
deliberadas poderá incrementar os níveis de desempenho e de eficácia táctica
ofensiva, no que diz respeito ao factor - Número de Variações de Corredor
(NVC).
A este propósito, os cientistas estão convencidos da possibilidade da
eficácia do rendimento ser uma consequência automática dos anos de
experiência adquiridos em actividades relacionadas (Ericsson, 1996; Ericsson
& Lehmann, 1996; Ericsson 2002; Ericsson 2006).
A tendência dos atletas com mais anos de prática para variar o corredor
de circulação da bola parece ser uma característica das equipas mais
experientes, tacticamente mais dotadas e mais capazes de se superiorizarem
relativamente às demais.
Como se verifica, as diferenças observadas nos dois grupos em análise,
ainda que estatisticamente significativas, diferem no nível de significância
obtido – para os escalões de Minis e Pré-escolas p = 0,000 e para os escalões
de Escolas e Infantis p = 0,002.
A este respeito, vários estudos levados a cabo por Ericsson (1996)
confirmam que a aprendizagem é tanto mais rápida e eficaz quanto maior for o
tempo despendido, por ano, na prática dessas mesmas actividades. No
entanto, o mesmo autor acrescenta que a optimização dos benefícios do treino
só poderá ser cabalmente eficaz se for acompanhada de um elevado nível de
concentração nos objectivos de aprendizagem, acompanhados por níveis de
esforço e de entrega ao longo de um extenso período de tempo.
Num outro estudo realizado, ao longo de um programa de
desenvolvimento de performances de diferentes níveis de aptidão, Shiffrin
(1996) concluiu que, após a aplicação de um programa de 10 a 100 horas de
Prática Deliberada, os ganhos de desempenho foram consideráveis.

105
Apresentação e Discussão dos Resultados

Também Ericsson, Krampe & Test Romer (1993), num estudo realizado
com o objectivo de determinar a influência da quantidade de Prática Deliberada
no nível de performance musical alcançada, concluiu que o volume de horas
despendido por semana na prática de actividades relevantes era superior nos
músicos profissionais, quando comparados com os amadores. Na mesma
investigação, foram detectadas diferenças no volume de horas despendidas em
actividades deliberadas, apesar do tempo de experiência profissional ser o
mesmo.
Os estudos consultados suscitam uma forte relação entre a realização
de actividades deliberadas e o elevado nível de performance desportiva, facto
que poderá ser confirmado neste estudo, pela evolução verificada no Número
de Variações de Corredor (NVC) por influência do tempo despendido pelos
atletas na prática de actividades deliberadas.
A Prática Deliberada do treino, entre outros aspectos, parece favorecer
os níveis de desempenho técnico-táctico dos atletas. Assim, o elevado
rendimento declarado pelos escalões mais velhos relativamente ao Número de
Variações de Corredor (NVC) parece resultar do aperfeiçoamento constante a
que as equipas estão sujeitas no decorrer do treino e da competição.
Por outro lado, as elevadas percentagens de ausência de variações de
corredor, ou a reduzida eficácia da variável Número de Variações de Corredor
(NVC), nos escalões mais jovens, podem ser justificadas pela reduzida
experiência e, por consequência, pelo ainda fraco domínio técnico-táctico
evidenciado em jogo.
Quando se procede a uma análise pormenorizada de um jogo de
Futebol, apercebemo-nos de alguns factores que poderão dificultar e influenciar
o nível de desempenho das equipas e dos atletas. Na observação directa e
indirecta dos referidos jogos, um dos factores de destaque foi o número de
passes errados e a consequente dificuldade dos atletas menos experientes em
manter a posse de bola dentro do terreno de jogo.
O desenvolvimento das mais diversas habilidades desportivas, como a
capacidade de estabelecer a ligação entre os vários jogadores de uma equipa,
requer um processo de aquisição de conhecimentos gradual e mais ou menos

106
Apresentação e Discussão dos Resultados

prolongado que, por norma, parece estar dependente do tempo de prática


despendido para este tipo de actividades.
Esta circunstância pode ajudar a clarificar e a justificar o fraco e o
superior desempenho manifestado pelos diferentes escalões ao nível da
variável em estudo - Número de Variações de Corredor (NVC).

107
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.2. Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio


Campo Defensivo (TPC)

No Futebol, o tempo e o espaço são factores limitadores da circulação e


progressão da posse bola, já que condicionam a tomada de decisão dos
jogadores da equipa adversária (Garganta, 1997; Reina et al. 1997). No
entanto, a forma como cada equipa conquista o objecto móbil de jogo, mais
próximo ou mais afastado da zona de baliza pode variar consoante o perfil do
treinador, as características dos jogadores ou até mesmo o nível etário dos
atletas.
Alguns autores são da opinião que, após a perda da posse de bola, a
movimentação em bloco da equipa para zonas mais adiantadas do terreno de
jogo pode possibilitar uma rápida recuperação da mesma, pela imposição
temporal e espacial a que a equipa está sujeita. Esta limitação poderá ter como
consequência tomadas de decisão rápidas que se podem tornar inviáveis,
dadas as circunstâncias em que são realizadas (Birkinshaw, & Crainer, 2005;
Batista, 2006; Oliveira et al., 2006)
Porém, outros autores, apesar de considerarem que as acções com
maiores probabilidades de sucesso são as que se iniciam no meio campo
ofensivo adversário, referem que a maior parte dessas acções tem o seu início
ainda antes do meio campo defensivo (Claudino, 1993; Castelo, 1994;
Garganta, 1997).
Por conseguinte, Wrzos (1984), Araújo (1992), Claudino (1993), Castelo
(1994) e Garganta (1997) sublinham que quanto mais depressa se iniciar a
acção ofensiva, após uma perda de bola da equipa adversária, maior partido a
equipa pode tirar para a nova acção de ataque, uma vez que obriga o
adversário a precipitar as suas opções.
Também o modelo de jogo mais evoluído, proposto por Pinto & Garganta
(1996), assegura que uma das características específicas manifestadas pelas
equipas de rendimento superior assenta na necessidade dos atletas
recuperarem a posse de bola o mais rápido possível, limitando ao máximo a
capacidade de resposta da equipa adversária.

108
Apresentação e Discussão dos Resultados

Seguidamente, a análise do Tempo de Posse de Bola Consentido no


Meio Campo Defensivo (TPC) pelas equipas que integram esta investigação,
permitir-nos-á avaliar que influência pode ter o tempo de Prática Deliberada na
eficácia deste tipo de acções.

5.2.2.1. Análise Global

Curiosamente, os dados apresentados no Quadro 12 revelam que as


equipas dos escalões etários mais baixos são as que em média consentem
menos tempo de posse de bola no seu meio campo defensivo, em contraste
com os valores observados nos escalões superiores.

Quadro 12 – Média (X), Desvio Padrão (Dp) e valor Mínimo e Máximo do TPC
pelos vários escalões
Escalão Jogos X ± Dp Mínimo Máximo
Minis 6 3,26 ± 0,44 2,70 3,90
Pré-escolas 6 4,95 ± 0,43 4,38 5,67
Escolas 6 8,69 ± 1,54 6,65 10,50
Infantis 6 11,37 ± 1,62 9,50 13,35

Ainda que os tempos de jogo para os escalões de Minis e Pré-escolas e


Escolas e Infantis, sejam diferentes, observa-se, em ambos os casos, que as
equipas com índices superiores de Prática Deliberada são as que consentem
mais tempo de posse de bola no seu meio campo defensivo. Quanto à
dispersão dos valores, verifica-se uma diferença maior no escalão de Infantis.
A ilustração gráfica da Figura 6 auxilia a compreensão da diferença de
valores observada nos diferentes escalões.

109
Apresentação e Discussão dos Resultados

ESCALÕES

(MIN.)

MINUTOS
Figura 6 - Média, em minutos, do tempo de posse de bola consentido
c
por jogo, nos diferentes escalões

Analisando os resultados obtidos por cada escalão, relativamente


relativamente a esta
variável, é possível constatar que no escalão de Minis a média do Tempo de
Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC) é de 10,8% (3, 26
min.) do tempo total de jogo. No escalão seguinte, os valores sobem 5,7 pontos
percentuais, situando-se
se nos 16,5% (4,95 min.). Para os escalões
escalões com um
tempo total de jogo de 50 minutos, a média do Tempo de Posse de Bola
Consentido
o no Meio Campo Defensivo (TPC) apresenta valores na ordem dos
17,4% (8,69 min.), para o escalão de Escolas, e de 23,4% (11,37min.), para o
escalão de Infantis (ver Figura 6).
6
Para uma análise mais pormenorizada dos temp
tempos
os de posse de bola
consentidos pelas 2 equipas, em cada um dos jogos, a ilustração gráfica da
Figura 7 evidencia uma tendência de subida dos valores à medida que se
avança nos escalões de formação. Assim,
A observando separadamente
aradamente os dois
escalões superiores e os dois escalões inferiores, os valores são baixos para
os grupos de Minis e Escolas e superiores para os escalões de Pré-
Pré-escolas e
Infantis.

110
Apresentação e Discussão dos Resultados

JOGOS

PERCENTAGEM (%)

ESCALÕES

Figura 7 - Média, em percentagem, do tempo de posse de bola consentido por jogo,


nos diferentes escalões.

Através da análise estatística ((t-Student), verifica-se que o valor de


prova, da média do Tempo de Posse de Bola Consentido no Meio Campo
Defensivo (TPC) nos escalões de Minis e de Pré-escolas e de Escolas e
Infantis, é superior a 5%, pelo que os resultados não apresentam significância
estatística.

Quadro 13 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e Pré-escolas


escolas
Minis Pré-escolas
M ± Dp M ± Dp F p
Tempo Consentido (TPC)
3,26 ± 0,44 4,95 ± 0,43 0,057 0,817

De acordo com os valores que figuram no Quadro 13 e Quadro 14


14, é
possível constatar diferenças na média dos tempos de posse de bola
consentidos no meio campo defensivo, entre os escalões de Minis e Pré
Pré-
escolas, e os escalões de Escolas e Infantis, embora as mesmas não sejam
estatisticamente significativas, como se comprova pelo valor de p: p> 0,05.

Quadro 14 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e Infantis


Escolas Infantis
M ± Dp M ± Dp F p
Tempo Consentido (TPC)
8,69 ± 1,54 11,37 ± 1,62 0,008 0,929
.

111
Apresentação e Discussão dos Resultados

Ainda que os valores não sejam estatisticamente significativos, os


resultados obtidos neste estudo suscitam que à medida que aumenta o tempo
de Prática Deliberada há uma tendência de aumento do tempo de posse de
bola consentido no meio campo defensivo, ou seja, ao contrário do que
inicialmente se esperaria, os escalões mais experientes foram os que
consentiram mais tempo de posse de bola na sua zona defensiva.
Em contraponto com estes resultados, algumas investigações apontam
para que as equipas de nível superior, e mais experientes, consintam menos
tempo de posse de bola no seu meio campo defensivo (Pacheco, 2000), ou
ainda, recuperem a posse de bola maioritariamente no meio campo defensivo
adversário (Bate, 1988; Reina et al., 1997; Araújo, 1998; Lucchesi, 2003). Pelo
menos, esta tem sido a perspectiva dos estudos realizados por Bate (1988),
Pacheco (2000) e Lucchesi (2003).
Bate (1988), num estudo efectuado com equipas masculinas, onde
procurou relacionar os aspectos estratégicos e tácticos com a criação de
situações de perigo e obtenção de golo, concluiu que 50 a 60% dos
movimentos que conduziam à finalização (remate) tiveram origem no terço
ofensivo. Este facto demonstra a importância da conquista da posse de bola no
sector ofensivo, utilizando o pressing e a contenção avançada.
Também a este respeito, Reina et al. (1997) é da opinião que a
tendência das equipas em conquistar a posse de bola em zonas mais
adiantadas do terreno tem sido uma característica cada vez mais comum das
melhores equipas, evitando, por um lado, que a bola se aproxime da sua baliza
e, por outro, impedindo uma atempada reorganização da equipa adversária.
Por seu turno, Pacheco (2000), num estudo realizado com três equipas
primeiras classificadas e três últimas da primeira Liga Portuguesa, observou
que as equipas melhor classificadas, em média, consentem menos tempo de
posse de bola no seu meio campo defensivo. Segundo o autor, um pressing
rápido executado sobre os jogadores da equipa adversária inviabiliza a
organização e construção de acções atacantes estruturadas e dotadas de
sentido.
Mais recentemente, Lucchesi (2003) salienta que o facto de as equipas
de nível superior recuperarem um maior número de bolas no seu meio campo

112
Apresentação e Discussão dos Resultados

ofensivo revela, sob o ponto de vista defensivo, uma atitude mais activa e
organizada, aquando da perda da posse de bola. O estudo realizado por
Lucchesi (2003) com equipas de níveis de performance diferente confirma que
as equipas de elevado nível recuperam em média um número superior de bolas
na zona ofensiva adversária, relativamente às equipas de nível inferior (26%
contra 8,4%).
Como facilmente se percebe, os estudos apresentados a priori sugerem
que as equipas mais experientes e tacticamente mais evoluídas tendem a
procurar conquistar a posse de bola em zonas mais adiantadas do terreno de
jogo, minimizando ao máximo o tempo disponível para a construção de ataques
da equipa adversária (Pacheco, 2000).
Porém, os resultados do nosso estudo parecem contrariar esta
perspectiva, uma vez que a experiência acumulada de Prática Deliberada
proporcionou, ao longo dos vários escalões, um aumento do tempo de posse
de bola consentido no meio campo defensivo.
Estes resultados podem ser explicados pelo facto de grande parte dos
estudos realizados nesta área incidirem na análise de equipas seniores, cuja
comparação dos diferentes factores de rendimento pode não traduzir fielmente
a realidade dos resultados nos escalões de formação mais iniciais.
Se, por um lado, nas equipas de elevado rendimento a tendência de
conquistar a posse de bola no meio campo contrário pode traduzir-se num
rendimento superior, nos escalões mais iniciais, o mesmo pode não acontecer.
Esta situação pode dever-se a vários factores, como a dificuldade de
coordenação das acções técnico-tácticas, de disciplina colectiva e de
organização táctica.
Nesta perspectiva, dependendo a posse de bola da qualidade da
circulação da mesma e do controlo de todos os factores acima referidos, é
natural que haja alguma discrepância nos valores encontrados entre equipas
seniores e jovens.
A este respeito, Gréhaigne (2001) revela que uma adaptação insuficiente
ao jogo leva a um elevado número de perdas de posse de bola.
Os resultados obtidos por Borba (2007) vão ao encontro da nossa
investigação. O autor, num estudo realizado com praticantes de Futebol, com

113
Apresentação e Discussão dos Resultados

idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, mostra que os escalões mais


evoluídos revelam índices de posse de bola inferiores aos restantes escalões.
Ou seja, o facto de nas idades mais jovens a posse de bola resultar, na sua
maioria, de acções individualizadas, facilita a acção dos defensores,
permitindo-lhes conquistar rapidamente a posse de bola ainda em zonas mais
adiantadas do terreno de jogo.
Segundo Borba (2007) enquanto para os escalões inferiores a
dificuldade está em manter a bola no espaço de jogo, nos escalões seguintes,
as dificuldades de manutenção da posse de bola prendem-se com a elevada
frequência com que a equipa adversária a readquire no desenrolar do jogo.
Também os dados revelados por Hughes (1996) apontam no mesmo
sentido, referindo, inclusivamente, que as dificuldades de manutenção da
posse de bola manifestadas pelas equipas, ao longo dos vários anos de
prática, poderão encontrar justificação na ênfase atribuída ao reforço da defesa
em detrimento do ataque.
Por outro lado, Castelo (1996) salienta que o facto de as equipas
defenderem em espaços mais próximos da sua baliza surge da necessidade da
equipa estabilizar e assegurar os níveis de concentração ideais para a
recuperação e reorganização defensiva. Como adianta o autor, é nesta zona
que se desencadeiam as primeiras acções no sentido de retardar, ou mesmo
travar, o processo ofensivo adversário, dada a proximidade do alvo a atingir.
A confirmar o referido, Castelo (1996), Garganta (1997) e Couto (2007)
constataram, em estudos efectuados com equipas de níveis diferentes de
desempenho, que as equipas de nível superior atribuíam primazia à conquista
da posse de bola em zonas médias defensivas.
O facto de estas equipas manifestarem uma capacidade superior de
controlo do jogo, identificando de uma forma mais eficaz, quando devem
atacar, defender, passar ou manter a posse de bola, permite-lhes gerir melhor
o jogo, em função do resultado e do adversário (Carling et al., 2005). Esta
circunstância pode ajudar a explicar o porquê de alguma dispersão de valores
no que concerne ao tempo de posse de bola consentido pela equipa de Infantis
em cada um dos jogos realizados.

114
Apresentação e Discussão dos Resultados

Como se constata, os estudos apresentados apontam para que as


equipas bem sucedidas, possam, igualmente, recuar para o seu meio campo e
permitir algum tempo de posse de bola à equipa adversária, sem pôr em causa
os seus níveis eficácia defensiva.
A este respeito, Santiago (2006) refere que a Prática Deliberada tende a
promover o desenvolvimento de habilidades específicas e experiências
diferenciadas, decorrentes de uma prática de estudo progressivo e sistemático.
Ericsson (2006) salienta que em todos os aspectos da actividade
humana se verificam evoluções ao nível da eficácia e ao nível de desempenho.
Ao longo dos anos, as pessoas têm procurado desenvolver métodos, produzido
instrumentos e acumulado experiências que são transferidas de geração em
geração, em prol de uma aprendizagem mais eficaz. No âmbito desportivo, a
realidade não é diferente. O desenvolvimento da eficácia desportiva requer
adaptações em função das características, objectivos e nível de
desenvolvimento dos atletas em causa (Ericsson, 2006).
No entanto, a aprendizagem e a eficácia do rendimento desportivo não
deixa de ser produto do tempo despendido na prática de actividades
deliberadas (Ericsson, 2003; Ward et al., 2004; Cotê, Ericsson & Law, 2005).
O facto de se verificar uma evolução negativa da variável Tempo de
Posse de Bola Consentido no Meio Campo Defensivo (TPC) em função do
tempo de Prática Deliberada pode estar relacionado com o modelo de
aprendizagem proporcionado ao longo dos vários escalões, sugerindo, por
exemplo, um recuo em bloco da equipa para o seu meio campo defensivo, logo
após a perda da posse de bola.
A este respeito, diversos estudos têm encontrado uma relação
consistente entre a aquisição de performances de excelência e o volume de
prática deliberada (Hodges & Starkes, 1996; Starkes et al., 1996; Helsen,
Starkes, & Hodges, 1998).
Num estudo realizado na vertente musical, Krampre (1994) demonstra
que os elevados níveis de performance só poderão ser alcançados através de
uma prática sistemática de actividades deliberadas.

115
Apresentação e Discussão dos Resultados

Um outro estudo desenvolvido por Ericsson (1996) confirma que a


experiência decorrente do desenvolvimento da capacidade de jogo mostra-se
determinante na evolução das aprendizagens.
Ainda neste âmbito, investigações levadas a cabo por Ericsson &
Lehman (1996) demonstraram que os mecanismos que permitem alcançar
performances de alto nível reflectem grande adaptabilidade às exigências da
prática de actividades relevantes. Os autores acrescentam que estas
adaptações surgem devido à prática continuada de actividades deliberadas.
Dado o ênfase actualmente atribuído às missões de carácter defensivo,
estes resultados poderão suscitar uma orientação colectiva diferente daquela
que a maioria dos autores preconiza para a garantia da eficácia de rendimento
defensivo das suas equipas.

116
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.3. Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Ofensiva (NIO)

O Quadro 15 abaixo apresentado revela que a maioria das sequências


ofensivas finalizadas é realizada por 1, no máximo 2 intervenientes para todos
os escalões. Todavia, ao longo das várias etapas de formação verificámos um
uma
tendência de decréscimo de sequências ofensivas finalizadas realizadas com
este número de elementos, regredindo de 83 sequências no escalão de Minis,
para 75 sequências
cias no escalão de Pré-escolas.
Pré Nos
os escalões mais avançados
os valores foram de 48 e 50 sequências, nos escalões de Escolas
as e Infantis,
respectivamente.

Quadro 15 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)


por Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) nos diversos escalões
Nº Sequências ofensivas finalizadas
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)
(NIO
Minis Pré-escolas Escolas Infantis
1-2 83 75 48 50
3-4 9 23 28 37
5-6 0 0 5 15
>6 0 0 2 7

Constata-se igualmente, que à medida que se progride nos escalões de


formação há um claro aumento do número de sequências ofensivas finalizadas
efectuadas com 3/4, 5/6 ou mais de 6 intervenientes (ver Figura 8).

INTERVENIENTES (NIO)
SEQUÊNCIAS (SOF)

ESCALÕES
Figura 8 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)

117
Apresentação e Discussão dos Resultados

À semelhança dos resultados obtidos com a variável Número de


Variações de Corredor (NVC), parece evidente que as equipas com mais
tempo de Prática Deliberada procuram, em cada sequência ofensiva finalizada,
uma maior participação de jogadores.
Pela análise do Quadro 16, verifica-se que existem diferenças na média
do número de elementos intervenientes no ataque a favor do escalão de Pré-
escolas, embora estas não sejam estatisticamente significativas (p = 0,877, p>
0,05).

Quadro 16 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Minis e Pré-escolas


Minis Pré-escolas
M ± Dp M ± Dp F p
Nº de Intervenientes (NIO)
1,61 ± 0,72 1,97 ± 0,86 0,24 0,877

O mesmo não se poderá dizer dos escalões seguintes. De facto, os


valores do teste t-Student confirmam a diferença estatisticamente significativa
(p = 0,005, p> 0,05) no Número de Intervenientes nas Acções Ofensivas (NIO)
por cada Sequência Ofensiva Finalizada (SOF).
Estes escalões (Escolas e Infantis) apresentaram médias de 2,52 e 3,16
jogadores, respectivamente, para cada sequência finalizada (Quadro 17).

Quadro 17 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e Infantis


Escolas Infantis
M ± Dp M ± Dp F p
Nº de Intervenientes (NIO)
2,52 ± 1,35 3,16 ± 1,74 7,91 0,005*
(*) diferenças estatisticamente significativas entre os escalões de Escolas e Infantis.

Segundo Ericsson (2002), a principal diferença entre as equipas de elite


e as medianas, entre outros factores, é o tempo de prática dedicado, ao longo
do processo de formação, em actividades relacionadas com os factores de
rendimento do desporto em causa.

118
Apresentação e Discussão dos Resultados

Neste sentido, os resultados aferidos neste estudo parecem corroborar


esta perspectiva, verificando-se uma tendência dos jogadores mais experientes
em colaborar de forma mais interventiva nas acções de ataque.
A este respeito, Couto (2007), num estudo realizado com equipas de
elite e medianas, concluiu que as equipas de nível superior, em média,
apresentam mais jogadores nas sequências ofensivas finalizadas (4,64), do
que as equipas de nível inferior (4,42).
Comparando estes números com os valores obtidos no nosso estudo
(Quadro 16 e Quadro 17), constata-se que as equipas de elite observadas por
Couto (2007) apresentam um número superior de atletas com intervenção
directa no ataque. Este facto, como defende Ericsson (2002), poderá estar
relacionado com o nível de experiência alcançado por estes atletas, desde os
escalões de formação até ao último patamar do rendimento desportivo (escalão
sénior).
A tendência apresentada na nossa investigação corrobora grande parte
dos estudos nesta área, sugerindo que as equipas de nível superior utilizem,
em média, mais jogadores nas sequências ofensivas finalizadas (Hudges et al.
(1988; Garganta, 1997; Couto, 2007)
Este facto pode ser explicado pela capacidade das equipas bem
sucedidas apresentarem um maior domínio do jogo, consubstanciado em
padrões técnico-tácticos mais elevados, fluentes e controlados, como um maior
controlo do objecto móbil do jogo, maior capacidade de concentração, maior
estabilidade técnico-táctica e sentido de visão (Hudges & Jones, 2005).
Investigações realizadas por Ericsson et al. (1993) confirmam que os
indivíduos que iniciam actividades deliberadas em idades mais jovens têm
melhores oportunidades de poder alcançar um elevado nível de rendimento,
facto que se justifica pelo número de horas acumuladas na realização de
actividades deliberadas.
Um estudo levado a cabo por Ward et al. (2004), apesar de não
detectar diferenças no tempo de prática em dois grupos de jovens de
diferentes níveis de desempenho, verificou que os atletas de elite
manifestaram uma diferença substancial no tempo de prática deliberada, que
era significativamente superior nestes escalões.

119
Apresentação e Discussão dos Resultados

Um outro estudo realizado por Hudges & Jones (2005) com equipas de
Râguebi de 7, de diferentes níveis competitivos, identificou que as equipas bem
sucedidas apresentam um maior controlo do jogo, com níveis técnico-tácticos
superiores aos verificados pelas equipas de nível inferior.
Couto (2007), numa análise realizada ao número de passes efectuados
pelas equipas de nível superior e inferior, constatou que as equipas de nível
superior apresentaram, em média, maior número de passes e contactos com a
bola por cada sequência ofensiva finalizada.
Num estudo semelhante, com equipas participantes no Campeonato do
Mundo do México em 1986, Hudges et al. (1988) obteve os mesmos
resultados, confirmando que as equipas de sucesso realizaram maior número
de contactos com a bola em cada sequência ofensiva observada.
Ao nível dos escalões de formação, esta tendência não é alterada.
Borba (2007), num estudo realizado com crianças dos 6 aos 12 anos,
observou, nas equipas de nível mais avançado, uma movimentação mais
compacta dos jogadores relativamente ao centro de jogo. Segundo o autor,
encontraram-se jogadores envolvidos no centro de jogo principal de construção
(zona da bola), enquanto outros permaneciam afastados da bola, integrando
um centro de jogo secundário, assumindo funções de equilíbrio ofensivo e
defensivo.
A capacidade de aproximação dos jogadores em função do centro de
jogo permite ao jogador que detém a posse de bola, de entre outros aspectos,
um leque alargado de opções de escolha da decisão mais ajustada e,
concomitantemente, um maior envolvimento dos jogadores nas sequências de
ataque e defesa, devido à proximidade de linhas de passe.
Esta circunstância poderá igualmente justificar os resultados obtidos no
nosso estudo, no que concerne ao número de intervenientes no processo
ofensivo. Ao compararmos separadamente os escalões de Minis/Pré-escolas e
Escolas/Infantis, constatámos diferenças significativas apenas nos escalões
mais experientes, o que pode significar uma evolução mais acentuada do
rendimento táctico no escalão de Infantis relativamente ao escalão de escolas.
A este respeito, Barros (2002) admite que o reduzido número de
jogadores envolvidos nas sequências ofensivas finalizadas poderá ser

120
Apresentação e Discussão dos Resultados

resultante, por um lado, da utilização de um estilo de jogo mais directo e por


outro, pela incapacidade técnico-táctica manifestada pelos atletas envolvidos
no processo.
Em todo o caso, parece-nos evidente no nosso estudo que a fraca
capacidade de jogo demonstrada pelos atletas dos escalões inferiores, está na
base da sua reduzida eficácia ofensiva. Segundo Santiago (2006), a prática de
actividades deliberadas promove a aprendizagem específica de habilidades e
de experiências diferenciadas não alcançáveis por outros meios, senão através
do desenvolvimento progressivo e sistemático de padrões essenciais da
modalidade.
Como se verifica, o modelo de Prática Deliberada defendido por
Ericsson (2006) dá ênfase a um elevado envolvimento das crianças com idades
precoces em actividades estruturadas e contínuas (Button & Abott, 2007).
Um estudo recente com atletas de eleição de Basquetebol, Netball e
Hóquei de Campo concluiu que uma participação contínua e esforçada na
actividade desportiva eleva as capacidades físicas e cognitivas necessárias às
exigências do primeiro desporto (Baker, Côté & Abernethy, 2003).
Ericsson (2002) complementa, referindo que os níveis de performance
tendem a aumentar gradualmente desde as idades mais jovens, logo que
acompanhados de um correcto, contínuo e específico programa de treino.
Pela análise dos escalões de formação sobre os quais incidiu o nosso
estudo, verifica-se que o facto dos atletas dos escalões superiores
beneficiarem de uma experiência desportiva mais rica e prolongada, possa ter
tido repercussões nos níveis de eficácia da variável em estudo.
Sob este ponto de vista, a eficácia demonstrada para a variável Número
de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) poderá reflectir a maior ou menor
dificuldade das equipas em organizar o seu jogo em função do objectivo
primordial do processo ofensivo – a concretização.
Hudges & Jones (2005) referem que o nível de jogo evidenciado por
equipas com diferentes performances traduz-se naquilo a que o autor designa
por jogo do “gato e do rato” para as equipas de sucesso e “corta e tem fé” para
as equipas de desempenho inferior. Enquanto para as primeiras se obtém um
maior domínio do jogo pela capacidade técnico-táctica, que a título colectivo e

121
Apresentação e Discussão dos Resultados

individual os atletas evidenciam, nas segundas, há um predomínio do jogo


agressivo e directo, vulgarmente designado no Futebol amador como “bola
para a frente e fé em Deus”.
A este propósito, Castelo (1996) refere que o número escasso de
combinações tácticas directas, definidas como acções de grupo mais
favoráveis ao ataque, revela a fraca capacidade dos praticantes para efectuar
uma acção grupal coordenada com as exigências técnico-tácticas necessárias
a um correcto desenvolvimento do jogo.
A confirmar o anteriormente referido, Borba (2007) observou nos
escalões inferiores uma supremacia de acções de jogo centradas sobre a
baliza, activadas sobretudo pelo jogador portador da bola.
Se, por um lado, a presença dos factores de rendimento na competição
realça o nível de jogo, treino e a eficácia das equipas, por outro lado, a
ausência dos mesmos parece denunciar as fragilidades e a falta de experiência
desportiva.
No presente estudo, ainda que a influência da Prática Deliberada seja
significativa apenas na comparação do escalão de Escolas com o escalão de
Infantis, a verdade é que se constata uma supremacia no Número de
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) nos escalões mais experientes,
realçando, desta forma, a importância deste tipo de práticas no
desenvolvimento e alcance de melhores níveis de performance e de eficácia
táctica.

122
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.4. Número de Jogadores Intervenientes na Acção


Defensiva (NID)

O Quadro 18, relativo à análise do Número de Jogadores Intervenientes


na Acção Defensiva, permite verificar que a maioria das sequências ofensivas
finalizadas pela equipa adversária foi dificultada por 1 ou 2 defensores, em
qualquer um dos escalões. No entanto, quando se observa globalmente o
número de sequências interceptadas por 1 ou 2 jogadores, nos vários escalões
etários, regista-se uma tendência de decréscimo deste número à medida que
progredimos nos escalões de formação.

Quadro 18 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NID)


por Sequência Ofensiva Finalizada (SOF) nos diversos escalões
Nº Sequências Finalizadas
Intervenientes na Acção Defensiva (NID)
Minis Pré-escolas Escolas Infantis
0 5 4 3 3
1-2 84 80 57 68
3-4 3 14 19 34
5-6 0 0 4 4

Pela análise do Quadro 18, verifica-se que tanto para a categoria de 3 e


4 intervenientes, como para a categoria de 5 e 6 intervenientes no processo
defensivo, o número de sequências tende a evoluir em função do nível etário
dos sujeitos.
Observa-se igualmente que, ao contrário dos escalões de Minis e Pré-
escolas, os escalões de Infantis e Escolas apresentam sequências com a
participação de 5 e 6 intervenientes.
Sem qualquer oposição dos defensores, registaram-se entre 5 e 3
sequências, do escalão mais baixo para o superior.
A ilustração gráfica da Figura 9 permite confirmar uma evolução do
número de sequências ofensivas finalizadas com 3/4 e 5/6 defensores, à
medida que percorremos os vários escalões de formação. De outro modo e
assinalado a vermelho no gráfico, verificamos uma regressão do número de

123
Apresentação e Discussão dos Resultados

sequências finalizadas com a oposição de 1 ou 2 elementos, voltando a evoluir


no final, no último escalão estudado. A azul,, estão representadas as
sequências onde não se registou a participação de qualquer defensor.

INTERVENIENTES (NID)
SEQUÊNCIAS

ESCALÕES
Figura 9 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes na Acção Defensiva (NIO)

Os resultados obtidos evidenciam uma participação crescente dos


atletas para as tarefas de carácter defensivo, embora os valores sejam
estatisticamente significativos apenas na comparação do escalão de Minis com
o escalão de Pré-escolas
escolas (p=0,030,
( p<0,05), como mostram os Quadros 19 e
20.

Quadro 19 - Resultado do teste tt-Student para os escalões de Minis e Pré-escolas


escolas
Minis Pré-escolas
M ± Dp M ± Dp F p
Nºº de Intervenientes (NID)
1,46 ± 0,65 1,67 ± 0,87 4,78 0,030*
(*) diferenças
iferenças estatisticamente significativas entre os escalões de Minis e Pré-escolas
escolas.

Para os escalões de Escolas e Infantis, os valores do teste t-Student


confirmam a ausência de diferenças estatisticamente significativas para o
Número de Intervenientes nas Acções
Acções Defensivas (NIO) por cada sequência
observada (Quadro 20).

124
Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro 20 - Resultado do teste t-Student para os escalões de Escolas e Infantis


Escolas Infantis
M ± Dp M ± Dp F p
Nº de Intervenientes (NID)
2,10 ± 1,18 2,28 ± 1,26 1,98 0,161*

Estes resultados, ainda que parcialmente significativos, evidenciam uma


participação crescente dos atletas para as tarefas de carácter defensivo, à
medida que aumenta o tempo de contacto com a modalidade.
Sob ponto de vista da teoria da Prática Deliberada, este facto poderá ser
resultado da preparação cuidada dos jogadores, consubstanciada num número
superior de anos de prática da modalidade.
Vários estudos de âmbito desportivo têm relacionado os ganhos de
performance e de eficácia com a prática de actividades deliberadas (Ericsson,
2003; Ward et al., 2004; Cotê, Ericsson & Law, 2005).
Esta relação entre a prática de actividades deliberadas e o
desenvolvimento da excelência desportiva tem sido estudada noutras áreas de
actividade, com resultados idênticos aos obtidos no âmbito desportivo
(Ericsson, 2006).
Num estudo de particular interesse com pilotos, no âmbito da
manipulação de aviões em situações de emergência, os dados confirmam que
os pilotos que haviam treinado uma situação específica de emergência
obtiveram resultados muito superiores aos dos restantes colegas (McKinney &
Davis, 2004).
Apesar de no nosso estudo se verificar um incremento da participação
defensiva por influência do tempo de Prática Deliberada, esta apresenta
apenas significância estatística na comparação do escalão de Minis com o
escalão de Pré-escolas. Para estes resultados, poderá ter contribuído a ainda
reduzida influência da Prática Deliberada na performance dos atletas do
escalão de Minis.
Ainda neste contexto e como defendem alguns autores (Wein, 1995;
D’Ottavio, 2000; Pacheco, 2002), a atenção focalizada das crianças para as
tarefas de ataque, bem como para todos os factores associados à
complexidade das tarefas de carácter defensivo conduziram a que os dados

125
Apresentação e Discussão dos Resultados

entre estes dois escalões se traduzissem numa diferença significativa e


superior à encontrada nos escalões de Escolas e Infantis.
Quanto à diferença, verificada entre estes dois escalões, a fraca
influência da prática deliberada demonstrada no nosso estudo (sem
significância estatística), poderá ser justificada pela proximidade de idades
entre os atletas e pela crescente importância que actualmente se tem atribuído
aos princípios defensivos no Futebol, proporcionando aos atletas uma
aprendizagem cada vez mais precoce destes conteúdos.
De uma forma geral, os resultados obtidos no nosso estudo parecem
estar em consonância com outros estudos produzidos no âmbito da Prática
Deliberada.
Estudos conduzidos por Bloom (1985), em entrevistas realizadas a mais
de 20 indivíduos com elevados níveis de sucesso nas mais variadas áreas,
como a música, o desporto, a arte e a ciência, reconhecem que a chave do
sucesso encontra resposta numa prática regular e esforçada da actividade.
Na vertente desportiva, num estudo realizado em equipas de
Basquetebol do escalão de Iniciados masculinos, Mendes (1999) verificou que,
em todos os parâmetros defensivos observados, os jogadores com 4 ou mais
anos de prática apresentaram níveis de correcção mais elevados exigidos pela
situação de jogo.
Neste âmbito, também os resultados alcançados por Rocha (2000), num
estudo realizado a 145 jovens basquetebolistas, com idades compreendidas
entre os 10 e os 12 anos, confirmam que os jogadores com mais anos de
prática são aqueles que apresentam um nível superior de execução técnico-
táctica.
Num outro estudo com basquetebolistas, com idades compreendidas
entre os 12 e os 14 anos, Silva et al. (2004) revelou que os jogadores com
melhores resultados técnicos e com maior experiência na modalidade
apresentaram melhores níveis de performance. Os resultados deste estudo
puderam concluir que o tempo de prática de uma modalidade é um factor
determinante na aquisição de níveis de performance desportiva superior.
De acordo com Santiago (2006), para que a assimilação dos diversos
factores de rendimento seja eficaz, é necessária a realização de um trabalho

126
Apresentação e Discussão dos Resultados

contínuo e sistemático, através de actividades específicas que não colidam


com os objectivos definidos pelo técnico e com a participação e empenho dos
atletas.
Todas as investigações consultadas, assim como os resultados obtidos
no nosso estudo, parecem fazer crer que as equipas com mais anos de Prática
Deliberada tendencialmente são as que envolvem maior número de
participantes no processo defensivo, tal como determina o modelo de jogo mais
evoluído e a teoria defendida por Ericsson.

127
Apresentação e Discussão dos Resultados

5.2.5. Número de jogadores Intervenientes na Acção


Defensiva (NID) e Ofensiva (NIO)

No que diz respeito à comparação entre o número de intervenientes nas


missões ofensivas e o número de intervenientes nas missões defensivas,
constata-se, pela análise do Quadro 21, que no escalão de Minis, o número de
sequências finalizadas com a participação 1/2 intervenientes, nas acções de
ataque e defesa, são equivalentes (84 e 83 sequências, respectivamente). No
entanto, quando analisado o número sequências finalizadas em que houve a
participação de 3/4 elementos, verifica-se um ligeiro aumento das mesmas a
favor do ataque (3 defensivas, contra 9 ofensivas).
De outro modo, no escalão de Pré-escolas, constata-se uma
preponderância, sob o ponto de vista defensivo, no número de sequências
finalizadas com a intervenção de 1/2 elementos (80/75). Tal como se sucedeu
no escalão anterior, o número de sequências com a participação de 3/4
jogadores é superior nas tarefas ofensivas (14/23).

Quadro 21 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes nas Acções Defensivas


(NID) e Ofensivas (NIO) por escalão
Intervenientes na Acção Defensiva Nº Sequências Finalizadas
(NID) Minis Pré-escolas Escolas Infantis
0 5 4 3 3
1-2 84 80 57 68
3-4 3 14 19 34
5-6 0 0 4 4
Nº Sequências Finalizadas
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)
Minis Pré-escolas Escolas Infantis
1-2 83 75 48 50
3-4 9 23 28 37
5-6 0 0 5 15
>6 0 0 2 7

Como facilmente se observa, tanto no escalão de Minis como no escalão


de Pré-escolas, há uma preponderância de sequências finalizadas com a
participação de 1/2 elementos nas missões defensivas, enquanto no ataque se

128
Apresentação e Discussão dos Resultados

regista um aumento do número de sequências com a participação de 3/4


jogadores.
A tendência verificada nos escalões anteriores mantém-se na
observação dos resultados do escalão de Escolas e de Infantis. Ou seja, para
ambos, a defesa superioriza-se relativamente ao ataque no número de
sequências finalizadas com a participação de 1/2 intervenientes. Em
contraponto, o ataque evidencia-se em relação à defesa no número de
sequências com a intervenção de 3/4 jogadores.
Assim, defensivamente, o escalão de Escolas regista 57 sequências
finalizadas com a intervenção de 1/2 jogadores, contra 48, no ataque. Por seu
turno, o número de sequências ofensivas finalizadas com a participação de 3/4
praticantes é de 19 na defesa e de 28 no ataque.
No escalão de Infantis, verifica-se que 68 sequências de ataque são
realizadas com a participação de 1/2 atletas, contra 50 sequências dificultadas
pelo mesmo número de jogadores. Quanto à participação de 3/4 atletas, os
valores distam 3 pontos no número de sequências finalizadas a favor do ataque
(34 contra 37).
No escalão de Escolas, observa-se, ainda, que o número de sequências
finalizadas com a participação 5/6 intervenientes, nas acções de ataque e
defesa, divergem apenas 1 ponto, a favor do ataque (4 contra 5). O mesmo
acontece para o escalão de Infantis, porém com uma diferença de valores
maior (4/15).
Apenas para o ataque, num total de 2 e 7 sequências finalizadas, se
registou a participação de mais de 6 jogadores nos escalões de Escolas e
Infantis, respectivamente.
Como se verifica pela análise da Figura 10, o número de intervenientes
nas acções de ataque e defesa tende a ser mais elevado para as missões de
carácter ofensivo, à excepção das sequências em que houve a participação de
apenas 1 e 2 elementos.

129
Apresentação e Discussão dos Resultados

INTERVENIENTES (NID)

INTERVENIENTES (NIO)
SEQUÊNCIAS

ESCALÕES ESCALÕES
Figura 10 - Comparação do Número de Jogadores Intervenientes nas Acções Defensivas (NID)
e Ofensivas (NIO) por escalão

Os valores do teste t-Student (Quadro 22) confirmam as diferenças


estatisticamente significativas no Número de Intervenientes nas acções
ofensivas (NIO) e defensivas (NID) para cada um dos escalões de formação,
sendo, para cada um dos casos, o valor de p inferior a 0,05 (p=0,000, p<0,05).

Quadro 22 - Resultados do teste t-Student para o Número de Intervenientes na Acção


Ofensiva (NIO) e Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID)
NIO NID
M ± Dp M ± Dp R p
Minis 1,61 ± 0,72 1,46 ± 0,65 0,868 0,000*
Pré-escolas 1,97 ± 0,86 1,67 ± 0,87 0,861 0,000*
Escolas 2,52 ± 1,35 2,10 ± 1,18 0,932 0,000*
Infantis 3,16 ± 1,74 2,28 ± 1,26 0,936 0,000*

Embora a análise da eficácia dos factores de rendimento ofensivos e


defensivos se restrinja apenas a 2 variáveis – Número de Intervenientes nas
Acções Defensivas (NID) e Número de Intervenientes nas Acções Ofensivas
(NIO) – os resultados obtidos sugerem uma eficácia superior em todos os
escalões nas missões de carácter ofensivo, resultante de um número superior
e significativo de atletas com intervenção directa no ataque.
Estes resultados parecem confirmar alguns dos estudos que apontam
para que numa fase inicial as crianças se envolvam com maior empenho nas
missões de carácter ofensivo. Segundo os investigadores, há uma tendência

130
Apresentação e Discussão dos Resultados

para as crianças se afastarem das tarefas defensivas, quer pelo seu grau de
complexidade, quer pela circunstância de todas as suas acções estarem
maioritariamente focalizadas na satisfação do seu egocentrismo (Wein, 1995;
D’Ottavio, 2000; Pacheco, 2002).
Um estudo realizado com base em análises por vídeo confirma que
alguns dos problemas e movimentações de ordem táctica evidenciados pelas
crianças, que iniciam a prática desportiva, estão relacionados com a
complexidade das acções para as quais os jogadores não têm a posse de bola
(Luhtanen et al., 2002).
Williams et al. (2004), refere que o grau de exigência das tarefas
ofensivas e defensivas pode diferir quanto à complexidade. Segundo o autor,
enquanto nas situações defensivas é exigido aos atletas uma busca exaustiva
de possíveis padrões de movimento e um elevado número de fixações em
intervalos de tempo muito reduzidos, nas situações ofensivas os jogadores
manifestam um maior controlo sobre o decurso da acção, permitindo-lhes,
deste modo, que sejam eles próprios a seleccionar a opção mais adequada ao
momento.
Também os indicadores de referência do jogo de fraco nível, enunciados
por Garganta (1998), permitem-nos verificar que a maioria das acções
desenvolvidas pelos jogadores, na sua forma mais simples de jogo, tendem a
rejeitar as acções sem bola, em prol de acções individualizadas.
Mourinho (2007, citado por Lourenço & Ilharco, 2007) revela a este
respeito, que o facto de o atleta lidar com situações desconhecidas, como as
tarefas defensivas exige aos atletas níveis superiores de concentração.
Por outro lado, atendendo à prática do Futebol de recreio de crianças
sem experiência futebolística, dificilmente encontramos movimentos
tipicamente defensivos, porque a atenção da criança está voltada
fundamentalmente para o contacto com a bola e com os seus companheiros,
na tentativa de se evidenciar em relação aos seus colegas através da
conquista do golo.
É natural que esta relação próxima dos atletas com as situações de
posse de bola possa reflectir-se no seu desempenho ofensivo, aquando do

131
Apresentação e Discussão dos Resultados

primeiro contacto com o jogo. Pelo menos, os dados apresentados assim o


confirmam.
No entanto, por influência de uma prática regular e sistemática de
actividades deliberadas seria de esperar que esta tendência fosse atenuada,
ao longo dos vários escalões, dando lugar, aos poucos, a um equilíbrio na
eficácia ofensiva e defensiva das equipas.
A este respeito, Ericsson (2002) refere que a prática de actividades
deliberadas para além de assegurar a aprendizagem de conteúdos essenciais
que permitem o acesso à excelência desportiva, restringe os seus modelos a
parâmetros determinantes na elevação do desempenho ofensivo e defensivo
dos atletas (Ericsson, 2002).
Deste modo, seria de esperar que por influência da Prática Deliberada
as diferenças de eficácia táctica ofensiva e defensiva fossem convergindo para
um equilíbrio.
No entanto, convém salientar que o facto da amostra se restringir a
escalões de formação, com anos de prática deliberada muito próximos, pode
determinar que os resultados exprimam ainda a tendência verificada nas
etapas mais iniciais.
A este respeito, Ericsson (1996), com base em estudos realizados na
área artística e desportiva, comprova que a eficácia desportiva denominada
pelo autor como pico de performance é alcançada de forma gradual, ao longo
de pelo menos 10 anos de prática de actividades complexas e ajustadas à
natureza da actividade em causa.
Por outro lado, a comparação de apenas um dos factores de rendimento
(Número de intervenientes) poderá não ser suficientemente conclusiva no que
diz respeito às diferenças de eficácia ofensiva e defensiva dos escalões em
estudo.
De um modo geral, os resultados do nosso estudo confirmam uma
supremacia da eficácia das acções ofensivas relativamente às defensivas, nas
primeiras etapas de aprendizagem. No entanto, o ajuste esperado por
influência da Prática Deliberada não existiu, observando-se a tendência
manifestada nos escalões mais iniciais.

132
Apresentação e Discussão dos Resultados

Apesar dos resultados obtidos, pensamos que envolvimento precoce dos


atletas em actividades deliberadas permite, por um lado, atenuar um conjunto
de factores incompatíveis com a performance e, por outro, manter acesas as
hipóteses de qualquer criança poder vir a integrar o lote de atletas peritos por
influência de uma prática deliberada, regular e equilibrada.

133
134
Conclusões

6. CONCLUSÕES

Considerando os propósitos do presente estudo, as hipóteses


formuladas e os resultados obtidos, é possível destacar as seguintes
conclusões:

(1) Os atletas com mais tempo de Prática Deliberada evidenciaram


eficácia ofensiva mais elevada, sendo as diferenças significativas para as
variáveis Número de Variações de Corredor (NVC) e Número de Intervenientes
na Acção Ofensiva (NIO). Relativamente a esta última variável, observaram-se
apenas diferenças significativas nos escalões de Escolas e Infantis

(2) Os atletas com mais tempo de Prática Deliberada evidenciaram uma


maior eficácia defensiva, apresentando valores estatisticamente significativos
apenas para a variável Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID),
nos escalões de Minis e Pré-escolas;

(3) Os atletas do escalão de Minis revelaram uma eficácia ofensiva


superior à eficácia defensiva, na comparação das variáveis Número de
Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO) e Número de Intervenientes na Acção
Defensiva (NID);

(4) A eficácia ofensiva é dissemelhante da eficácia defensiva, na


comparação das variáveis Número de Intervenientes na Acção Ofensiva (NIO)
e Número de Intervenientes na Acção Defensiva (NID), verificando-se
superioridade de eficácia ofensiva em todos os escalões estudados.

Em conclusão, os resultados do presente estudo indiciam a importância


da Prática Deliberada na eficácia defensiva e ofensiva das equipas e
sustentam a necessidade do envolvimento precoce dos jovens com a prática
organizada do Futebol.

135
136
Sugestões para Futuros Estudos

7. SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

Após a conclusão de um trabalho desta natureza, emergem outras


problemáticas no âmbito da investigação desportiva de crianças e jovens que
julgamos ser igualmente importantes e que poderão servir de referência para
futuros estudos.

Assim, como sugestões para os próximos trabalhos considerámos ser


pertinente:

1. Configurar modelos de jogo apropriados (eficazes) face às exigências


e dificuldades tácticas evidenciadas pelos diferentes escalões;

2. Criar uma tipologia de exercícios apropriada ao nível de desempenho


e assimilação dos princípios tácticos nos vários escalões;

3. Interpretar a organização das equipas e das acções tácticas que


concorrem para a qualidade de jogo e eficácia da equipa nos
diversos escalões;

4. Verificar a congruência entre os factores de rendimento táctico


aprimorados no treino e a sua concretização em competição;

5. Caracterizar modelos de jogo ofensivo e defensivo de equipas de


referência nos vários escalões;

6. Construir modelos que permitam indagar o conhecimento declarativo


que os jovens possuem acerca do jogo;

7. Verificar a congruência dos exercícios de treino com o nível táctico


evidenciado pelos praticantes nos escalões jovens.

137
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154
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181.

155
ANEXOS
ANEXO 1
FICHA DE OBSERVAÇÃO

JOGO
________________ - ________________

EQUIPA 1 EQUIPA 2
SOF NVC NIO NID SOF NVC NIO NID
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
11 11
12 12
13 13

TPC TPC

FICHA DE OBSERVAÇÃO

JOGO
________________ - ________________

EQUIPA 1 EQUIPA 2
SOF NVC NIO NID SOF NVC NIO NID
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
11 11
12 12
13 13

TPC TPC

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