Tecnicas Cognitivas e Comportamentais - Unica Com Video Tecnicas Cognitivas e Comportamentais Unica Com Video

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RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade possui como principal objetivo apresentar as técnicas cognitivas e


comportamentais, introduzindo o modelo cognitivo de Aaron Beck, assim como os
aspectos éticos do atendimento clínico e os estudos sobre a eficácia e eficiência do
modelo cognitivo. Além disso, o surgimento da terapia comportamental, a seleção,
aplicação e avaliação das técnicas comportamentais serão explanadas para que se
possa adquirir conhecimentos sobre o tema abordado. Para tanto, foi utilizado uma
pesquisa a partir dos principais teóricos da terapia cognitivo-comportamental, uma
vez que é de suma importância compreender a clínica psicológica a partir desses
conceitos, pois diversos estudos apontam o quanto essas abordagens contribuem
para o tratamento das pessoas diagnosticadas com transtornos psiquiátricos. Assim
sendo, pode-se concluir que apesar das abordagens surgirem por diferentes
teóricos, elas se dialogam na perspectiva de contribuir para o tratamento de tais
transtornos. Hoje em dia, pode-se observar o surgimento da terapia de terceira onda
ou geração, por exemplo, o Mindfulness, uma técnica utilizada pelos terapeutas
cognitivos-comportamentais.

TÉCNICAS COGNITIVAS E
COMPORTAMENTAIS
Palavras-chave: Técnicas cognitivas. Técnicas comportamentais. Terapia cognitivo-
comportamental.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO
RESUMO DA UNIDADE.........................................................................................................1
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................3
CAPÍTULO 1 - PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DO MODELO COGNITIVO ..............5
1.1 INTRODUÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DO MODELO COGNITIVO DE
BECK ......................................................................................................................................5
1.2 ASPECTOS ÉTICOS DO ATENDIMENTO CLÍNICO ...................................... 11
CAPÍTULO 2 - NOÇÕES GERAIS E TÉCNICAS BÁSICAS EM TERAPIA
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL.................................................................................. 19
2.1 APRESENTAÇÃO DAS TÉCNICAS COGNITIVAS ......................................... 19
2.2 APLICAÇÃO DAS PRINCIPAIS TÉCNICAS COGNITIVAS ........................... 23
2.3 ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA E EFICIÊNCIA DO MODELO COGNITIVO31
CAPÍTULO 3 - TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: CONCEITO E EMPIRISMO . 34
3.1 O SURGIMENTO DA TERAPIA COMPORTAMENTAL .................................. 34
3.2 SELEÇÃO E AVALIAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS COMPORTAMENTAIS .
................................................................................................................................... 38
3.3 APLICAÇÃO E ESTUDO DAS PRINCIPAIS TÉCNICAS
COMPORTAMENTAIS UTILIZADAS NA CLÍNICA PSICOLÓGICA ............................ 41
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 47

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

Muito embora esta unidade apresente as principais técnicas cognitivas e


comportamentais, a Psicanálise ainda é considerada como uma abordagem
terapêutica que influenciou os estudos sobre a psicologia no campo da saúde
mental. Sabe-se que Sigmund Freud foi considerado o “pai” da psicanálise. Ele
nasceu na Áustria em 1856 e dedicou seus estudos para compreender as causas
dos sintomas relatados pelos seus pacientes a partir dos conteúdos inconscientes.
Ao elaborar a sua teoria, Freud destaca que o inconsciente é manifestado através
dos sonhos, atos falhos, chistes e sintomas.
Jacques Lacan – um médico psiquiatra nascido na França – fez uma releitura
dos escritos de Freud e passou a elaborar a sua própria teoria a partir da
perspectiva linguística abordada por Saussure e da antropologia de Lévi-Strauss.
Assim sendo, Lacan considera que o inconsciente é manifestado através da
linguagem.
Não se pode deixar de mencionar que o criador do modelo cognitivo – Aaron
Beck – dedicou anos de estudo à teoria psicanalítica. Após observar que os
pacientes possuíam sonhos com distorções de pensamentos e crenças negativas,
ele passou a elaborar uma teoria que abordasse os aspectos, tanto cognitivos
quanto comportamentais dos pacientes, para aliviar o sofrimento em menor tempo,
visto que a psicanálise propõe uma alternativa mais prolongada em relação ao
número de sessões.
Sendo assim, o primeiro capítulo desta unidade abordará os principais
fundamentos do modelo cognitivo proposto por Aaron Beck. Logo, os princípios do
atendimento psicológico na clínica foram retratados pela Judith Beck (filha de Aaron
Beck) para elucidar os principais fundamentos da terapia cognitivo-comportamental.
A partir dessas informações, a anamnese, as metas e os objetivos terapêuticos, o
questionamento socrático, o diário cognitivo e o diagrama de conceituação cognitiva
serão retratados como as principais técnicas utilizadas pelo terapeuta no decorrer
das sessões iniciais.
Para dar prosseguimento às explanações do capítulo 1, as demais técnicas
cognitivas aplicadas pelos terapeutas no decorrer das sessões intermediárias serão

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
explanadas no capítulo 2. Ressalta-se a psicoeducação, a diferença entre
sentimentos e pensamentos, a lista de vantagens e o cartão de enfrentamento. Por
fim, os estudos sobre a eficácia e eficiência do modelo cognitivo serão
demonstrados para que se possa compreender a importância dessa abordagem no
tratamento de pessoas diagnosticadas com transtornos psiquiátricos.
Por último, os primeiros estudos sobre a terapia comportamental serão
descritos a partir das investigações realizadas por Pavlov, Watson e Skinner. Nota-
se que as técnicas da terapia comportamental também foram utilizadas por Aaron
Beck na condução do tratamento dos seus pacientes. Assim sendo, as soluções de
problemas bem como o treino de habilidades serão demonstradas como os
principais recursos utilizados pelos terapeutas. Enfim, o Mindfulness (atenção plena)
será mencionado como uma técnica da terapia de terceira geração para mostrar
como pode ser utilizada pela abordagem cognitivo-comportamental.

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CAPÍTULO 1 - PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DO MODELO COGNITIVO

1.1 INTRODUÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DO MODELO COGNITIVO DE BECK

Neste capítulo, apresentaremos os principais fundamentos da terapia


cognitiva proposta por Aaron Beck, assim como os princípios éticos da terapia
cognitivo-comportamental retratada pela Judith Beck – em seu livro “Terapia
Cognitivo-Comportamental: teoria e prática” –, além dos princípios éticos do
atendimento psicológico fundamentado pelo Conselho Federal de Psicologia – CFP.
Aaron Temkin Beck, mais comumente conhecido por Aaron Beck, é intitulado
como um psiquiatra norte-americano e professor emérito da Universidade da
Pensilvânia. Ele dedicou os seus primeiros anos de estudos à teoria psicanalítica,
porém, após quase 40 anos, passou a inovar as perspectivas terapêuticas no campo
da saúde mental, elaborando uma teoria conhecida por Terapia Cognitiva. Esse
autor acreditava que os seus estudos deveriam ser comprovados cientificamente e
passou a realizar uma série de experimentos que o levaram a observar
pensamentos e crenças negativas e distorcidas em pacientes que apresentavam
quadros depressivos. Assim sendo, ele desenvolveu o modelo cognitivo e a terapia
baseada na cognição e no comportamento. Segundo Paulo Knapp e Aaron Beck:

O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com pesquisas


conduzidas por Aaron Beck para explicar os processos psicológicos na
depressão, em uma tentativa de provar a teoria freudiana de depressão
como hostilidade retrofletida reprimida. Ao invés de hostilidade e raiva, a
pesquisa sobre os sonhos dos pacientes deprimidos mostrou um “senso de
derrota, fracasso e perda”. Os temas de pacientes deprimidos ao dormirem
eram consistentes com seus temas em vigília; sonhos poderiam ser
simplesmente um reflexo dos pensamentos do indivíduo. Baseado em
pesquisa sistemática e observações clínicas, Beck propôs que os sintomas
de depressão poderiam ser explicados em termos cognitivos como
interpretações tendenciosas das situações, atribuídas à ativação de
representações negativas de si mesmo, do mundo pessoal e do futuro (a
tríade cognitiva) (KNAPP; BECK, 2008, p. 56).

A título de conhecimento, pode-se dizer que a terapia cognitiva ou TC


também é conhecida como Terapia Cognitivo-Comportamental – TCC. Assim,
ressalta-se uma das vertentes dessa abordagem que é denominada de terapia
racional emotiva comportamental ou TREC. O precursor da terapia racional emotiva
comportamental foi Albert Ellis. Ele desenvolveu um modelo chamado de ABC, isto

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é, “um evento (A) ativa as crenças individuais (B), que, por sua vez, geram
consequências (C) emocionais, comportamentais e fisiológicas” (KNAPP; BECK,
2008, p. 55), conforme demonstrado na próxima figura.

Figura 1 – Modelo ABC

1
Fonte: Universo Racionalista, 2016 .

Isto posto, Aaron Beck passou a desenvolver o modelo cognitivo. A partir de


uma situação ou evento, os pensamentos automáticos são acionados de acordo
com as crenças (centrais e intermediárias) do paciente e, consequentemente, surge
a reação (emoção, comportamento e resposta fisiológica) da pessoa. Para
exemplificar melhor esse argumento, se um indivíduo considerado como obeso
decide por fazer uma dieta, os pensamentos automáticos surgem através de ideias
como “eu não vou emagrecer” ou “não faço nada direito”, uma vez que a sua crença
intermediária – “se eu tentar, vou falhar” é acionada devido à construção da sua
crença central ou nuclear – “eu não sirvo para nada!”, conforme ilustrado na figura 2.
É interessante notar que as crenças são concebidas como ideias que as pessoas
desenvolvem desde a sua infância. Elas são divididas em crenças centrais ou
nucleares e crenças intermediárias. As crenças centrais ou nucleares são definidas
como os esquemas mais centrais que as pessoas constroem a respeito do seu
próprio eu, na sua relação com as pessoas e com o mundo (a tríade cognitiva). Já,
as crenças intermediárias são os comportamentos, esquemas ou ideias que
influenciam a maneira pela qual o indivíduo irá interpretar uma determinada situação

1
Imagem disponível em: < https://universoracionalista.org/o-que-e-a-terapia-cognitivo-comportamental-parte-1/
>. Acesso em: 21 set. 2020.

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ou acontecimento. As categorias de crenças centrais ou nucleares podem ser


visualizadas no quadro 1.

Quadro 1: Categorias de crenças centrais ou nucleares.


Desamor Desvalor Desamparo
(Não amor) (Aspecto moral) (Impotência)
Não mereço ser amado Sou sem valor Sou vulnerável
Sou indesejável Sou inaceitável Sou fraco
Sou incompetente /
Não sou querido Não consigo me proteger
incapaz
Não sou bom o suficiente
Sou um nada / lixo Sou uma vítima
para ser amado
Sou rejeitado Sou falho Sou sem recursos
Estou condenado a ser
Sou mau / enganador Não tenho ninguém
abandonado
Ninguém gosta de mim Não presto para nada Sou só no mundo
Fonte: Neufeld e Cavenage, 2010.

Com isso, nota-se que a pessoa responde a essa tríade cognitiva através da
emoção (tristeza), da resposta fisiológica (taquicardia) e do comportamento (se
alimenta compulsivamente). Desse modo, ressalta-se que um dos aspectos
principais da terapia cognitivo-comportamental está relacionado com a identificação
do indivíduo com as crenças consideradas como disfuncionais (eu não sirvo para
nada!).
Figura 2 – Modelo cognitivo

2
Fonte: Matheus Cheibub David Marin, 2017 .

2
Imagem disponível em: < https://www.slideshare.net/matheuscheibub/modelo-cognitivo-de-beck > Acesso em:
21 set. 2020.

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Para tanto, apresentaremos alguns princípios descritos por Aaron Beck e


retomados por Judith Beck. Vale ressaltar que Judith Beck é psicóloga, filha de
Aaron Beck, e responsável por realizar atendimento clínicos e pesquisas no campo
da terapia cognitiva, firmando, assim, uma parceria.
Retomando, em “Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática”, Beck
(2014) descreveu 10 princípios básicos da abordagem, são eles:
a) A terapia cognitivo-comportamental está baseada em uma formulação
em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma
conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos.
b) A terapia cognitivo-comportamental requer uma aliança terapêutica
sólida.
c) A terapia cognitivo-comportamental enfatiza a colaboração e a
participação ativa.
d) A terapia cognitivo-comportamental é orientada para os objetivos e
focada nos problemas.
e) A terapia cognitivo-comportamental enfatiza inicialmente o presente.
f) A terapia cognitivo-comportamental é educativa, tem como objetivo
ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de
recaída.
g) A terapia cognitivo-comportamental visa a ser limitada no tempo.
h) As sessões de terapia cognitivo-comportamental são estruturadas.
i) A terapia cognitivo-comportamental ensina os pacientes a identificar,
avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.
j) A terapia cognitivo-comportamental usa uma variedade de técnicas para
mudar o pensamento, o humor e o comportamento.
Assim sendo, pode-se dizer que o terapeuta cognitivo-comportamental com
formação em psicologia deve atender seus pacientes a partir dos princípios expostos
acima. Em primeiro lugar, é necessário escutar e observar as problematizações da
pessoa com o objetivo de identificar quais os eventos ou acontecimentos que
acarretam pensamentos automáticos e, posteriormente, as crenças centrais e/ou
nucleares e intermediárias. Também, é preciso compreender as reações emocionais,
fisiológicas e comportamentais do paciente para que a resposta cognitiva seja

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mediada. Além do mais, é fundamental entender quais foram os motivos que


levaram a pessoa a desenvolver determinados transtornos e, por fim, verificar a
maneira pela qual o paciente interpreta os acontecimentos para estruturar as
sessões terapêuticas e elaborar as possíveis intervenções em relação ao caso.
Aqui, faz-se imprescindível salientar a conceitualização (ou conceituação)
cognitiva, isto é, a formulação do caso a partir dos dados relevantes da infância, das
crenças centrais, intermediárias e estratégias compensatórias (ver figura 3). Por
estratégias compensatórias, entende-se que são comportamentos sistemáticos
utilizados a fim de confirmar as crenças. Assim sendo, é preciso que o terapeuta
aprimore a conceituação cognitiva em cada encontro com seu paciente para garantir
a veracidade dos fatos. Com isso, o terapeuta da abordagem cognitivo-
comportamental pode facilitar o entendimento da experiência de vida do paciente a
partir do modelo cognitivo, procurando propiciar o aprendizado através da
identificação dos “pensamentos associados ao seu afeto ansioso e formular
respostas mais adaptativas ao seu pensamento. Fazer isso melhora a forma como
se sente e, geralmente, faz ela [ou ele] se comportar de um modo mais funcional”
(BECK, 2014, p. 29).
Não obstante, a aliança terapêutica deve ser propiciada pelo psicólogo através
da escuta empática, solicitando um parecer ou feedback em cada sessão para
assegurar que o paciente se sinta acolhido durante os encontros. A participação
ativa do paciente na elaboração do seu tratamento também é um dado significante e
pode ser promovida pelo terapeuta, construindo o que se deve “trabalhar em cada
sessão”, bem como a frequência dos atendimentos e os exercícios que devem ser
realizados em casa (BECK, 2014, p. 29).

FIQUE LIGADO
A escuta empática advém do termo empatia, isto é, a capacidade de se colocar no
lugar do outro, compreendendo o que a pessoa fala e sente. A partir da década de
1950, o conceito de empatia passou a ser estudado pelo psicólogo Carl Rogers com
a finalidade de aplicar em sua prática terapêutica conhecida por Abordagem
Centrada na Pessoa (ACP).

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Como exposto, a terapia cognitivo-comportamental é orientada para os


objetivos e focada nos problemas. Então, é necessário que o terapeuta solicite ao
paciente que ele enumere as suas queixas e descreva os objetivos e/ou as metas
que deseja alcançar. Assim, a validade dos pensamentos é realizada por meio do
exame de evidências para que se possa descobrir novas formas de interpretar suas
emoções. Não se pode esquecer de que a terapia cognitivo-comportamental enfatiza
o presente. Isso não quer dizer que o paciente não possa retomar as lembranças de
criança e da sua relação com os pais, porém esse não é o foco principal da terapia
de abordagem cognitiva-comportamental. Judith Beck ressalta que:

A atenção se volta para o passado em duas circunstâncias. A primeira,


quando o paciente expressa uma forte preferência por fazer assim e quando
não fazer isso possa colocar em perigo a aliança terapêutica. A segunda,
quando os pacientes ficam ‘emperrados’ no seu pensamento disfuncional,
quando um entendimento das raízes infantis de suas crenças poderá ajudar
a modificar suas ideias rígidas (BECK, 2014, p. 29).

Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental é educativa, ou seja, na


medida que o paciente experiencia o processo terapêutico, ele se transforma em seu
próprio terapeuta, identificando os seus pensamentos e mediando as suas respostas
em relação aos acontecimentos (eventos). Por isso, a terapia cognitivo-
comportamental é limitada no tempo, porém cabe ao terapeuta identificar a forma
como conduzirá cada caso. Isso quer dizer que pacientes diagnosticados com
transtornos depressivos, por exemplo, podem iniciar o processo terapêutico com
uma sessão semanal, mas, se o caso for considerado mais grave, é necessário um
acompanhamento com duas sessões semanais. Após um ou dois meses, é possível
espaçar as sessões para 15 dias e, depois de um tempo, os atendimentos passam a
ser realizados mensalmente.

Mesmo após o término, planejamos sessões periódicas de ‘reforço’ a cada


três meses por um ano. No entanto, nem todos os pacientes têm sucesso
suficiente em alguns poucos meses. Alguns deles precisam de um ou dois
anos de terapia (ou possivelmente mais) para modificarem crenças
disfuncionais muito rígidas e padrões de comportamento que contribuem
para seu sofrimento crônico. Outros pacientes, com doença mental grave,
podem precisar de tratamento periódico por um tempo muito longo para
manterem a estabilização (BECK, 2014, p. 30).

No mais, é preciso ressaltar que as sessões devem ser estruturadas para


facilitar a compreensão do paciente em relação aos pensamentos automáticos e as

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crenças disfuncionais através do questionamento socrático e das demais técnicas


utilizadas pela terapia cognitivo-comportamental que serão descritas nos próximos
capítulos.

SAIBA MAIS
Assista ao filme Nise: o coração da loucura para obter conhecimento sobre a
atuação da psiquiatra Nise de Oliveira em relação aos pacientes diagnosticados com
transtornos psiquiátricos.
NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA. Roberto Berliner: São Paulo, 2015. 1 DVD (109
min). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=irF9k-ON4gw> Acesso
em: 02 out. 2020.

1.2 ASPECTOS ÉTICOS DO ATENDIMENTO CLÍNICO

Ao descrever os principais fundamentos do modelo cognitivo proposto nos


estudos realizados por Aaron Beck, é preciso considerar os aspectos éticos do
atendimento clínico. Aqui, ressalta-se o exercício do psicólogo, porém, mais
especificamente, o profissional especializado na abordagem cognitivo-
comportamental será destacado, dado que é o principal tema abordado nesta
unidade.
Como visto anteriormente, ao receber um paciente em seu consultório, o
Psicólogo deverá dominar os conceitos básicos da abordagem cognitivo-
comportamental com a finalidade de “prestar serviços psicológicos de qualidade”,
“utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados
na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional” (CFP, 2005, p. 8). Além
disso, cabe ao Psicólogo tomar conhecimento das estratégias para manter o sigilo
profissional dos atendimentos clínicos, tanto presencial quanto àqueles realizados
de maneira remota, assim como zelar pelas técnicas apreendidas nessa unidade
para que sejam, única e exclusivamente, aplicadas pelos psicólogos, visto que
apenas o exercício dessa profissão permite que tais técnicas sejam utilizadas.

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SAIBA MAIS
Leia o Código de Ética Profissional do Psicólogo para obter conhecimento sobre a
prática profissional e garantir o exercício ético dos atendimentos clínicos.
Código de Ética Profissional do Psicólogo. Conselho Federal de Psicologia,
Brasília, agosto de 2005. Disponível em: < http://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf > Acesso em: 02 out. 2020.

Considerando os aspectos supracitados, iremos retomar os princípios da


terapia cognitivo-comportamental apresentados por Judith Beck e expostos no tópico
anterior para que se possa compreender, mais detalhadamente, alguns recursos
utilizados nas sessões psicológicas iniciais. Em primeiro lugar, cabe ao Psicólogo
realizar uma anamnese ou entrevista inicial para conhecer a história de vida do
paciente, elaborar um diagnóstico e planejar o tratamento psicológico, podendo ser
realizada em duas ou três sessões. Assim sendo, a entrevista inicial deve abranger
os seguintes temas:
1- Aspectos gerais do desenvolvimento:
1.1- Gestação e desenvolvimento (suporte familiar, estrutural e social,
educacional, e, condições sociais e estruturais atuais).
1.2- Desenvolvimento cognitivo.
2- Descrição de hábitos e rotinas.
3- Queixas descritas e motivos.
4- Histórico pessoal e familiar de problemas de saúde e tratamentos.
5- Receios e expectativas:
5.1- Em relação à vida.
5.2- Em relação ao trabalho.
5.3- Em relação aos familiares.
5.4- Nas relações afetivas.
5.5- Na terapia.
5.6- Em relação a si mesmo.
6- Avaliação de humor.
7- Objetivos e metas para a terapia.

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Quadro 2 - Metas e objetivos terapêuticos


Mudança Comportamental Mudança Cognitiva Mudança Emocional
Que pensamentos e
Que comportamentos você crenças você gostaria de Que sentimentos você
gostaria de aumentar? Que aumentar? Que gostaria de aumentar? Que
comportamentos você pensamentos e crenças sentimentos você gostaria
gostaria de diminuir ou você gostaria de diminuir de diminuir ou eliminar?
eliminar? Como você agiria ou eliminar? Como você Como você se sentiria de
de maneira diferente sem pensaria de maneira maneira diferente sem
esses problemas atuais diferente sem esses esses problemas atuais
(medo, ansiedade, problemas atuais (medo, (medo, ansiedade,
depressão, etc.)? ansiedade, depressão, depressão, etc.)?
etc.)?
1. 1. 1.
2. 2. 2.
3. 3. 3.
Fonte: Marçal, 2005.

Em relação às metas terapêuticas, o recurso do quadro 2 é utilizado para que


o terapeuta estabeleça juntamente com o paciente seus objetivos no âmbito
comportamental, cognitivo e emocional. Na segunda linha do quadro, é possível ler
algumas perguntas que orientarão o terapeuta no estabelecimento de metas e
objetivos terapêuticos. Apesar do quadro representar apenas três tópicos, ele pode
variar de acordo com cada paciente.
Logo, é necessário que o Psicólogo domine os diagnósticos clínicos para que
possa analisar a queixa do paciente e seus sintomas e, posteriormente, verificar
quais as técnicas mais adequadas a serem utilizadas ao longo do processo
terapêutico. No quadro 3, as principais características da depressão e da fobia social
são apresentadas.

Quadro 3: Características principais da depressão e da fobia social.


Depressão Fobia social
Característica
(Negatividade) (Ameaça Moral)
Visão de si Menos valia Estranho / Incapaz
Visão do outro São melhores Críticos / Exigentes
Abreviada /
Visão do mundo / Futuro Ameaçador
Desesperançosa
Pensamentos Negativos / Tristes Focados em desempenho
Medo do escrutínio (ser
Emoções Negativas / Tristes
“examinado”)
Comportamentos Desmotivado Evitativos
Fonte: Cecconello et al., 2013.

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Com o vínculo terapêutico fortalecido, ao observar as principais crenças do


paciente, o terapeuta utiliza um recurso denominado de questionamento socrático. O
questionamento socrático é um recurso dotado de perguntas em que o paciente
responde de maneira consciente, possibilitando um insight sobre as suas crenças
através de uma descoberta chamada guiada. O terapeuta deve estar atento para
não dar informações diretas ao paciente. Logo, demonstramos algumas perguntas
sugeridas por Carla Eloá Ferraz (2020) para serem utilizadas no questionamento
socrático com a finalidade de facilitar essa descoberta.
1. Quais evidências que comprovam que o seu pensamento automático é
verdadeiro? Não verdadeiro?
2. Há uma explicação alternativa?
3. Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Você poderia superar isso?
Qual é a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais
realista?
4. Qual é o efeito de acreditar nisso? Qual poderia ser o efeito de mudar o
seu pensamento?
5. Você poderia fazer algo com relação a isso?
6. Se um amigo estivesse na mesma situação e tivesse esse pensamento
o que você diria?
Com a anamnese, as metas e objetivos terapêuticos construídos e o possível
diagnóstico do paciente em mãos, o Psicólogo pode utilizar um recurso denominado
de diário cognitivo. O diário cognitivo consiste em identificar três categorias:
situação, acontecimento ou evento, pensamentos automáticos, e, respostas
fisiológicas, emocionais e comportamentais. Esse diário deve ser realizado pelo
paciente como um exercício de casa para que ele possa observar os sentimentos
que atravessam o seu corpo e as suas atitudes diante disso. Logo após vivenciar
determinadas situações, o paciente deverá anotar no diário cognitivo tais
ocorrências. O diário cognitivo se relaciona com o modelo ABC proposto por Albert
Ellis apresentado no primeiro tópico desse capítulo, conforme demonstrado no
quadro 4.

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Quadro 4: Diário cognitivo.


Dias Acontecimento (A) Pensamento (B) Emoção/Comportamento
(C)
Situação ocorrida no Imagem ou pensamento Identificar as emoções
momento do causador da alteração das (medo, raiva, alegria, ódio,
pensamento. Pode ser emoções. “O que estava etc.), respostas fisiológicas
algo externo ou estar passando pela sua cabeça (desamino, taquicardia, nó
pensando sobre algo. no exato momento em que na garganta, etc.) e
sentiu seu humor ou comportamento (ações
emoções alterarem?”. realizadas).
Exemplo Esperando para “Eu não faço ideia do que Emoção: nervosismo,
participar de uma dizer; eles vão pensar que ansiedade.
entrevista de não sou bom para a vaga e Resp. física: tensão,
emprego. que não deveria estar aqui. desconforto na barriga,
Sou incompetente demais transpiração nas mãos
para conseguir algo”. Comportamento: responder
as perguntas de forma
breve.
Segunda
___/___

Terça
___/___

Quarta
___/___

Quinta
___/___

Sexta
___/___

Sábado
___/___

Domingo
___/___

Fonte: Silveira (Diário Cognitivo), 2020.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
16

Após o preenchimento do diário cognitivo pelo paciente, é possível identificar


algumas distorções cognitivas a partir dos pensamentos automáticos retratados por
ele. No quadro 5, alguns exemplos de distorções cognitivas e a sua descrição são
apresentados. No quadro 6, os perfis cognitivos de alguns transtornos psiquiátricos
são descritos. Apreender sobre estes conceitos é de suma importância para a
qualidade dos atendimentos terapêuticos, uma vez que irão balizar o diagnóstico
clínico e o tratamento do paciente. Em relação às distorções cognitivas, salienta-se
que há uma relação intrínseca entre afeto e cognição.

Quadro 5: Distorções cognitivas e descrição


Pensar que o pior de uma situação irá
Catastrofização acontecer, sem levar em consideração a
possibilidade de outros desfechos.
Raciocínio emocional Presumir que sentimentos são fatos.
(emocionalização)
Polarização (pensamento tudo-ou- Ver a situação em duas categorias apenas.
nada, dicotômico)
Um aspecto de uma situação complexa é o
foco da atenção, enquanto outros aspectos
Abstração seletiva (filtro mental) relevantes da situação são ignorados. A parte
negativa é realçada.

Presumir, sem evidências, que sabe o que os


Leitura mental outros estão pensando, desconsiderando
outras hipóteses possíveis.
Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo,
Rotulação numa pessoa, ou situação, ao invés de rotular
a situação ou comportamento específico.
Características e experiências positivas em
mesmo, no outro ou nas situações são
Minimização e maximização
minimizadas enquanto o negativo é
magnificado.
Interpretar eventos em termos de como as
Imperativos (“Deveria” e “Tenho
coisas deveriam ser, ao invés de
que”)
simplesmente focar em como as coisas são.
Fonte: Knapp e Beck, 2008.

Quadro 6: Perfil cognitivo de alguns transtornos psiquiátricos e descrição


Visão negativa de si, dos outros e do
Depressão
futuro.
Visão inflada de si, dos outros e do
Hipomania ou episódios maníacos
futuro.
Desesperança e conceito
Comportamento suicida
autodesqualificador.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Ansiedade generalizada Medo de perigos físicos ou psicológicos.


Medo de perigos em situações
Fobia
específicas, evitáveis.
Medo de um perigo físico ou mental
Pânico
iminente.
Visão dos outros como manipulativos e
Estado paranoide
mal-intencionados.
Ideia de anormalidade motora ou
Transtorno conversivo
sensória.
Pensamentos continuados sobre
Obsessivo-compul sivo segurança: atos receptivos para precaver
de ameaças.
Anorexia ou bulimia Medo de ser gordo e não-atraente.
Hipocondria Preocupação com doença insidiosa.
Fonte: Knapp e Beck, 2008.

A conceituação cognitiva é um dos principais guias para o trabalho terapêutico.


Esse recurso propicia, tanto para o psicólogo quanto para o paciente, a
compreensão do seu problema, bem como das suas crenças e dos impactos
gerados no cotidiano, podendo facilitar o reconhecimento de pensamentos
disfuncionais e elaborar uma resposta de enfrentamento. Sem a conceituação
cognitiva não é possível realizar uma intervenção terapêutica com sucesso. A figura
4 ilustra o esquema que deverá ser preenchido pelo terapeuta para que seu paciente
possa entender o funcionamento da sua própria cognição e comportamento. Assim,
o terapeuta preenche os principais dados relevantes da infância do paciente, a
crença central ou nuclear (ver quadro 1), as suposições e estratégias
compensatórias. Logo, cada situação que acarreta pensamentos automáticos e as
respostas emocionais e comportamentais devem ser preenchidas. Também, é
possível compreender o significado de cada pensamento automático, conforme
exposto nessa figura.
Nota-se que os recursos tratados nesse tópico se relacionam com algumas
estratégias que devem ser empregadas nas primeiras sessões de terapia cognitivo-
comportamental. Porém, é preciso treinar, discutir o caso e realizar supervisão para
garantir o exercício ético da profissão. Nos próximos capítulos, as técnicas
cognitivas e comportamentais das sessões intermediárias serão desenvolvidas.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
18

SAIBA MAIS
Veja o canal do YouTube chamado Papo de Consultório com Eliene Oliveira para
que se possa aprender mais sobre a abordagem cognitivo-comportamental.
OLIVEIRA, Eliene. Papo de consultório com Eliene Oliveira. 2020. Disponível
em:<https://www.youtube.com/results?search_query=papo+de+consult%C3%B3rio+
eliene+oliveira > Acesso em: 02 out. 2020

3
Figura 3 – Diagrama de conceituação cognitiva

Fonte: Knapp e Beck, 2008.

3
No primeiro quadro do diagrama de conceituação cognitiva, lê-se “Dados relevantes da infância”. Logo,
“crença central”, “Suposições condicionais – Regras” e “Estratégia(s) Compensatória(s)”. Nos quadros dividido
em três colunas, lê-se: “Situação 1”, “Pensamento automático”, “Significado do Pensamento Automático”,
Emoção e comportamento” (à esquerda); “Situação 2”, “Pensamento automático”, “Significado do Pensamento
Automático”, Emoção e comportamento” (central); “Situação 3”, “Pensamento automático”, “Significado do
Pensamento Automático”, Emoção e comportamento” (à direito ).

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CAPÍTULO 2 - NOÇÕES GERAIS E TÉCNICAS BÁSICAS EM TERAPIA


COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

2.1 APRESENTAÇÃO DAS TÉCNICAS COGNITIVAS

Após descrever os princípios da Terapia cognitivo-comportamental, esse


capítulo apresentará as principais técnicas cognitivas utilizadas nas sessões
intermediárias e ensinará ao terapeuta como aplicá-las. Por fim, a eficácia e a
eficiência do modelo cognitivo para o tratamento de transtornos psiquiátricos serão
demonstrados no último tópico dessa unidade.
Para elucidar os argumentos aqui descritos, o livro “Técnicas de terapia
cognitiva: manual do terapeuta”, escrito por Robert Leahy, será tomado como
referência. Esse autor é psicólogo e se tornou reconhecido no meio acadêmico em
função da quantidade de obras publicadas e por assumir a função de Diretor do
Instituto Americano de Terapia Cognitiva em Nova York, além de ser professor de
Psicologia no Departamento de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade
de Cornell.
No que tange à terapia cognitivo-comportamental, Leahy (2007, p. 17) aponta
que “o papel do terapeuta é ajudar o paciente a reconhecer o seu estilo
idiossincrático de pensamento e a modificá-lo pela aplicação da evidência e da
lógica”. Isso quer dizer que os estudos sobre a terapia cognitiva foram inspirados no
modelo racional, utilizando da lógica socrática e do empirismo aristotélico para
fundamentar a teoria. Além disso, a terapia cognitiva também se fundamentou nos
estudos sobre a fenomenologia elucidados por Edmund Husserl4, dado que a
compreensão e a análise por parte do terapeuta em relação às experiências
vivenciadas pelo seu paciente são de fundamental importância para o
estabelecimento do vínculo terapêutico e para o tratamento dos sintomas relatados
por ele. Para mais, o empirismo colaborativo foi amparado pelo construtivismo, isto
é, uma abordagem em que demonstra o quanto o sujeito possui autonomia para
criar e modificar as suas próprias interpretações.
4
Edmund Husserl foi um filósofo alemão e teceu o conceito de fenomenologia, isto é, os estudos sobre os
fenômenos da consciência.

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O sistema de conhecimento sobre o qual a terapia cognitiva se baseia é


aberto. Novos fatos, novas experiências, ou, inclusive, novas necessidades
e preferências podem surgir a qualquer momento. Portanto, o terapeuta
cognitivo apresenta ao paciente uma visão pragmática do conhecimento –
em essência, formulando a pergunta central: “Como esse pensamento vai
afetá-lo?”. Por exemplo, o terapeuta cognitivo pode perguntar: “Que
consequências (isto é, que custos ou benefícios) você vai vivenciar ao
acreditar que precisa conseguir a aprovação de todos?”. Igualmente, o
terapeuta pode sugerir que o paciente teste a crença de que as
consequências de não obter a aprovação serão desastrosas. Essa testagem
envolveria experimentos comportamentais como exercícios de
assertividade, por meio dos quais o paciente aprende que sentir
desaprovação (ou desaprovar alguém) geralmente não resulta em nenhuma
mudança na vida real. Tais experimentos testam, de forma pragmática, o
terror evocado pela crença (LEAHY, 2007, p. 18).

A partir desse modelo racional, as evidências clínicas demonstram que apenas


a racionalidade dos pensamentos não seria o suficiente para regular as emoções e
mudar o comportamento. Para mais, trabalhar as incertezas da vida é crucial para o
processo terapêutico, visto que não é possível controlar a realidade. Nesse sentido,
as técnicas possibilitariam ao paciente vivenciar outras experiências, propiciando
assumir novas posições diante dos acontecimentos.
Para além disso, o terapeuta da abordagem cognitivo-comportamental deve ser
empático com a história de vida do paciente e deve motivá-lo em relação à prática
das técnicas cognitivas. O aprendizado dessas técnicas pode revelar novos
comportamentos e diminuir o sofrimento do paciente. Como salienta Leahy (2007, p.
18), “afinal, se a terapia cognitiva ajuda as pessoas a ficarem menos deprimidas e
ansiosas, ela está tratando a emoção de maneira mais importante – modificando os
sentimentos negativos”.
Vale ressaltar que inúmeras técnicas são utilizadas na terapia cognitivo-
comportamental e cada paciente responde de maneira peculiar a cada uma delas.
Por exemplo, o diário cognitivo é um recurso bastante utilizado para identificar os
pensamentos, porém nem todas as pessoas conseguem se empenhar em produzir
essa atividade.
Assim, no livro “Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta”, fica
evidente o quanto é importante que o terapeuta domine as técnicas empregadas
com seu paciente, além de utilizar intervenções que já foram testadas
empiricamente. Ademais, solicitar o feedback dessas técnicas e da condução das
sessões faz-se necessário, dado que o terapeuta pode observar quais os recursos
que melhor se adaptam ao paciente. Também, não se pode deixar de mencionar a

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resistência em relação às técnicas aplicadas pelo terapeuta. Com o manejo clínico, é


possível reverter essa resistência em possibilidades de abrir novas oportunidades de
trabalho (LEAHY, 2007).

SAIBA MAIS
Leia o livro “Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento”, escrito
por Vicente Caballo, em que elucida aos profissionais e estudantes de psicologia
uma série de técnicas comportamentais com respaldo científico que são aplicadas
aos pacientes com transtornos psiquiátricos.
CABALLO, Vicente E. Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do
Comportamento. São Paulo: Santos, 2008.

Tomando como exemplo os pacientes com Transtorno de Ansiedade


Generalizada5 e com Transtorno Depressivo Maior6, o terapeuta utiliza intervenções
e técnicas para que a pessoa questione as suas principais afirmações , por exemplo,
“eu não sirvo para nada!”. Esses transtornos serão tomados como parâmetros em
relação às técnicas cognitivas aqui mencionadas.

SAIBA MAIS
Assista ao filme Melancolia que retrata a história de duas irmãs, sendo que uma
delas vivencia acontecimentos existenciais de maneira tranquila e a outra demonstra
desespero e depressão.
MELANCOLIA. Lars von Trier. Dinamarca: Zentropa, 2011. 1 DVD (136 min.).
Disponível em: < https://www.filmesonlinegratisbr.com/melancolia-dublado-online/ >
Acesso em: 29 set. 2020.

Assim, a terapia cognitivo-comportamental é um modelo de psicoterapia


calcado na maneira como a pessoa interpreta os acontecimentos e quais as
emoções e os comportamentos que se desenvolvem a partir disso. Por isso, as

5
O Transtorno de Ansiedade Generalizada é caracterizado por uma preocupação excessiva diante das situações
cotidianas. Os seus principais sintomas são: nervosismo, cansaço, dificuldade para concentrar, irritabilidade,
tensão muscular e alteração no sono.
6
O Transtorno Depressivo Maior, mais comumente conhecido como depressão, é caracterizado por uma tristeza
persistente, diminuindo o prazer da pessoa em realizar determinadas atividades cotidianas.

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intervenções devem ser realizadas pelo terapeuta para que o paciente possa
modificar a forma como interpreta cada situação. Não há qualquer objetivo de
modificar os acontecimentos em si, mas, sim, modificar as respostas fisiológicas,
emocionais e comportamentais com o propósito de oferecer uma elaboração mais
adaptativa ao paciente em relação a sua própria vida.
Cabe ressaltar, também, que o foco da intervenção em terapia cognitivo-
comportamental consiste em modificar as estruturas mentais, isto é, as crenças
centrais ou nucleares, intermediárias, as estratégias compensatórias, os
pensamentos automáticos e as suas reações, de acordo com a figura 4 (ver capítulo
1). Isso só é possível a partir das ferramentas e técnicas da terapia cognitivo-
comportamental que serão descritas a seguir.
Com o vínculo terapêutico fortalecido e com os dados coletados durante a
entrevista inicial (anamnese), é necessário que o terapeuta propicie ao paciente o
reconhecimento e a consciência dos seus próprios pensamentos automáticos. Já,
nas primeiras sessões, os objetivos e as metas terapêuticas, o questionamento
socrático, o diário cognitivo e o diagrama de conceituação cognitiva 7 são construídos
juntamente com o paciente para planejar e estruturar as sessões. A todo esse
processo de intervenções através das coletas de dados, informações e técnicas dá-
se o nome de psicoeducação.
Além disso, é preciso que o psicólogo saiba com clareza quais os objetivos das
técnicas em terapia cognitivo-comportamental. Tais técnicas possuem como
propósito coletar novos dados, expandir a conceituação do caso, ampliar e
aprofundar o relacionamento com o paciente, propiciar a mudança efetiva da
cognição e do pensamento disfuncional e, por último, dar autonomia ao paciente em
seu próprio manejo cognitivo.
É importante ressaltar que as técnicas cognitivas consistem em aumentar a
autoeficácia dos pacientes, fazendo com que eles tenham mais recursos pessoais e
internos. Além disso, reestruturam os pensamentos automáticos e flexibilizam as
crenças disfuncionais características dos transtornos, conforme exposto no quadro 3
(ver capítulo 1). Por outro lado, as técnicas comportamentais possuem como
propósito realizar uma ponte entre o que a pessoa pensa e o mundo exterior, assim

7
Esses recursos também são considerados como técnicas cog nitivas aplicadas pelo terapeuta nas sessões iniciais.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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como testa e confirma empiricamente o conteúdo da cognição, transformando


insights em prática. A junção entre as técnicas cognitivas e comportamentais
propiciam a mudança cognitiva.

FIQUE LIGADO
Como exemplos de técnicas cognitivas, citam-se a seta descendente, o
questionamento socrático e a lista de vantagens que serão descritas no próximo
tópico. Já a análise e a resolução de problemas, o treino de respiração e o
relaxamento muscular progressivo são considerados como técnicas
comportamentais que serão elucidados no capítulo 3. Cabe ressaltar que o
terapeuta deve conhecer e ter segurança para aplicar essas técnicas, tanto
cognitivas quanto comportamentais.

2.2 APLICAÇÃO DAS PRINCIPAIS TÉCNICAS COGNITIVAS

Neste tópico, a fórmula ABC, o questionamento dos pensamentos


automáticos, a lista de vantagens e a seta descendente serão apresentados como
as principais técnicas cognitivas utilizadas pelos terapeutas cognitivo-
comportamentais nas sessões intermediárias. Tais técnicas possuem como
propósito questionar os pensamentos e as crenças, propiciando a desconfirmação
ou a falsificação das ideias construídas pelo paciente. Dessa maneira, “o objetivo
aqui é ajudar os pacientes a adaptarem a abordagem cognitiva ao seu problema, ao
enfatizar a importância da identificação dos padrões de pensamento, em vez de
focar a expressão da emoção” (LEAHY, 2007, p. 24).
SAIBA MAIS
Assista ao vídeo “Técnicas da terapia cognitivo-comportamental / Principais técnicas
da TCC” do qual retrata as principais técnicas cognitivas e comportamentais que
podem ser utilizadas pelos terapeutas na condução do tratamento de pacientes
diagnosticados com transtornos psiquiátricos.
FALCO, Diego. Técnicas da Terapia Cognitivo Comportamental / Principais técnicas
da TCC. 2019. (14m57s). Disponível em: < https://www.youtube.com/
watch?v=hKWzh9E0SXI > Acesso em: 29 set. 2020.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Cabe ressaltar que as pessoas, comumente, buscam terapia para resolver


alguns sentimentos ou comportamentos dos quais elas consideram problemáticos e
que afetam no desenvolvimento das suas relações afetivas, sociais, pessoais e/ou
profissionais. Assim, uma das informações fornecidas ao paciente como um recurso
psicoeducativo é a distinção entre os pensamentos e os sentimentos, além de
demonstrar como os pensamentos acarretam os sentimentos. Para exemplificar
melhor essa situação, um paciente ao falar da dificuldade em dar prosseguimento no
curso de Engenharia Elétrica, ressalta que é “o pior aluno da faculdade”, fato que
acarreta em sentimento de tristeza. O terapeuta ao indagar qual é o pensamento
que está passando em sua cabeça, ele responde: “estou irritado”. Como se pode
observar tristeza e irritação são sentimentos e, por isso, a importância de distinguir
os pensamentos dos sentimentos para que o paciente possa identificá-los. A lista de
sentimentos que podem ser vivenciados por qualquer pessoa é ilustrada no quadro
7. Por outro lado, no quadro 8, visualiza-se como os pensamentos criam
sentimentos.

Quadro 7: Lista de sentimentos


Afetuoso Exuberante
Agradecido Exultante
Alegre Fascinado
Aliviado Feliz
Amigável Glorioso
Amoroso Grato
Animado Inspirado
Atônito Interessado
Bem-humorado Jovial
Brilhante Livre
Calmo Maduro
Caloroso Maravilhoso
Confiante Muito feliz
Contente Orgulhoso
Corajoso Otimista
Curioso Ousado
Deslumbrado Pacífico
Despreocupado Quieto
Divertido Radiante
Emocionado Realizado
Encantado Refrescado
Encorajado Relaxado
Energético Revigorado
Entusiasmado Satisfeito

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Envolvido Seguro
Esperançoso Sensível
Esplêndido Sereno
Estimulado Surpreso
Exaltado Tocado
Excitado Tranquilo
Expansivo Útil
8
Fonte: Konekti, 2020 .

Quadro 8: Como os pensamentos criam sentimentos?


Pensamentos Sentimentos
Em penso que... Portanto, sinto-me...
Jamais serei feliz novamente. Desesperançado.
A vida não vale nada. Suicida.
Ela me deixou porque sou pouco Desesperançado.
atraente.
Estou enlouquecendo. Assustado, em pânico.
Ele está aproveitando de mim. Zangada, vingativa, na defensiva.
Ninguém se importa comigo. Solitária, rejeitada.
Não serei capaz de cuidar de mim mesma. Ansiosa, impotente, dependente.
Resolvi problemas antes e posso resolvê - Esperançosa, cheia de energia.
los novamente.
Não preciso ser perfeita. Aliviada, menos pressionada.
Devo dar a mim mesma o crédito por Orgulhosa, feliz.
tentar.
Fonte: Leahy, 2007, p. 25.

O estabelecimento do próximo diálogo é um exemplo de como o terapeuta


conduz o paciente para que ele reconheça os seus próprios pensamentos que
acarretam em sentimentos (LEAHY, 2007, p.26):
TERAPEUTA: O que está incomodando você?
PACIENTE: Só estou me sentindo triste.
TERAPEUTA: Você sabe me dizer por que se sente triste?
PACIENTE: Sinto-me simplesmente horrível, uma sensação de não ter saída.
Eu choro muito.
TERAPEUTA: Ok. Talvez, você possa me ajudar a descobrir o que está
dizendo a si mesmo que faz que se sinta triste. Conclua a frase: “Sinto-me assim
porque penso que...”.
PACIENTE: Estou infeliz.

8
Imagem disponível em: <https://www.cnvkonekti.com/ferramentas -cnv >. Acesso em: 29 set. 2020.

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TERAPEUTA: Infeliz é um sentimento. Mas, o que você está dizendo a si


mesmo que o deixa triste? Por exemplo, está dizendo alguma coisa sobre si mesmo
como pessoa, sobre o futuro ou sobre essa experiência?
PACIENTE: Acho que estou dizendo que penso que jamais serei feliz.
Esse diálogo estabelecido entre o terapeuta e o paciente ilustra o sentimento
de desesperança. Como intervenção, o terapeuta solicita para que o paciente realize
uma atividade ao longo da semana, identificando os seus pensamentos e quais os
possíveis sentimentos que estão associados a eles. O quadro 9 é um exemplo de
um formulário que deve ser entregue ao paciente para que ele preencha no decorrer
da sua semana.
Quadro 9: Formulário de autoajuda
Pensamentos Sentimentos
Em penso que... Portanto, sinto-me...

Fonte: Leahy, 2007, p. 43.

Com o diário cognitivo aplicado nas sessões iniciais e o diagrama de


conceituação cognitiva, é possível obter algumas informações básicas e necessárias
para planejar e estruturar as sessões de um paciente diagnosticado com depressão
e ansiedade, por exemplo. Com isso, a explicação de como os pensamentos criam
sentimentos é um recurso utilizado nas sessões intermediárias como forma de
elucidar, cada vez mais, o quanto os pensamentos automáticos, considerados como
disfuncionais, influenciam as emoções e os comportamentos. A técnica cognitiva
conhecida por Fórmula ABC consiste em fazer com que o paciente identifique a
situação que lhe provoca uma série de pensamentos automáticos, considerados
como disfuncionais, e as suas reações diante disso.
Para mais, questionar os pensamentos automáticos é uma técnica utilizada
pelos terapeutas cognitivos-comportamentais com o propósito de avaliar a utilidade
dos pensamentos para que a pessoa possa construir uma resposta mais adaptativa
diante dos acontecimentos. Assim, o terapeuta solicita ao paciente para narrar uma
determinada situação que lhe provocou algum tipo de sentimento ou comportamento

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disfuncional. O paciente relata que, ao estudar as disciplinas do curso de


Engenharia Elétrica, pensa que não é capaz de compreender a matéria. Isso lhe
provoca um sentimento de inferioridade e, como consequência, desiste dos estudos
para sair com os amigos e beber. A partir do pensamento de que não é capaz de
compreender a matéria, é possível utilizar as seguintes indagações, conforme
mencionado por Carla Eloá Ferraz (2020):
1. Quais são as evidências que esse pensamento é verdadeiro?
2. Quais são as evidências de que esse pensamento não é totalmente
verdadeiro?
3. Existe uma explicação alternativa, outro meio de explicar o que está
acontecendo?
4. O que pode ser considerado o pior que poderia acontecer? Você poderia
superar isso?
5. O que pode ser considerado o melhor que poderia acontecer?
6. Qual é o resultado mais realista? Qual resultado tem mais chance de
acontecer?
7. Qual é o efeito da crença de desvalor nesse pensamento automático, no
que diz respeito às emoções, às respostas físicas e ao comportamento?
8. Qual seria o efeito de mudar seu pensamento? Como você se sentiria
física e emocionalmente e como você se comportaria?
9. O que você deveria fazer em relação a essa situação e qual seria uma
solução viável?
10. Qual resposta alternativa você poderia criar para combater esse
pensamento inicial? Considere todos os elementos que você tem contra
tais pensamentos e como se sentiria ao superar essa situação.
11. Após essa análise o quanto você acredita no pensamento inicial? Como
você se sente? Melhorou, piorou ou manteve o nível de emoção?
Com isso, o paciente ao identificar seus pensamentos e elaborar as suas
respostas, poderá desenvolver uma lista de vantagens, conforme exposto no quadro
10, como estratégia para superar a sua ansiedade e acreditar na sua capacidade
cognitiva. Assim, ele estabelece as principais vantagens com a finalidade de se
manter motivado em relação às mudanças que deseja alcançar em sua vida.

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Quadro 10: Lista de vantagens


Quanto essa
vantagem é
VANTAGENS DE _________________________
importante pra
mim?
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
________________________________________________ ___ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
____________________________________________ _______ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
___________________________________________________ ___________
________________________________________________ ___ ___________
Fonte: Caballo, 2008.

Após elaborar essa lista, o paciente deve classificar cada vantagem como
“pouco importante”, “importante” e “muito importante” e, por fim, escrever em um
papel ou cartão tais vantagens (ou enfrentamentos) se comprometendo a criar novos
hábitos para alcançar suas metas e objetivos. A figura 4 ilustra o cartão de
enfrentamento escrito por uma mulher que possui baixa autoestima.
Figura 4 – Cartão de vantagens ou cartão de enfrentamento

Fonte: Psicologia Leve, 20149

9
Imagem disponível em: < http://psicologialeve.blogspot.com/2014/11/exercicio-1-cartoes-de-
enfrentamento.html >. Acesso em: 29 set. 2020.

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FIQUE LIGADO
As técnicas cognitivas devem ser utilizadas com objetivo e propósito. Então,
responda às seguintes indagações antes de aplicá-las:
- O que espero conseguir com essa técnica?
- Por que ela foi escolhida?
- Tenho total domínio dessa técnica?
- Em que o resultado poderá ajudar na sessão?

Uma outra técnica bastante utilizada pelos terapeutas cognitivos-


comportamentais é conhecida como seta descendente. A seta descendente consiste
em propiciar ao paciente que ele identifique as suas crenças. Isso quer dizer que
através de um pensamento automático, o terapeuta questiona o paciente a um nível
mais profundo para que ele possa flexibilizar as suas crenças mais rígidas e
disfuncionais. Com a terapia cognitivo-comportamental, o paciente pode reaprender
a lidar com as antigas crenças e a se adaptar. Para Leahy (2007, p. 36):

Explorar as crenças subjacentes ao medo desse resultado ajuda a


despotencializar o pensamento. Com esta técnica, o terapeuta continua a
fazer perguntas sobre o pensamento ou evento: “O que aconteceria, então,
se isso fosse verdade?” ou “O que isso significaria para você, se
acontecesse?” Nos referimos a esse processo como seta descendente –
tentamos cavar até o fundo da crença. De acordo com isso, o terapeuta
escreve o pensamento do paciente na parte superior da página e então
desenha uma flecha para baixo, em direção à série de pensamentos ou
eventos implícitos no pensamento original “Se seu pensamento fosse
verdadeiro, por que isso o incomodaria? O que você pensaria? O que
aconteceria a seguir? (LEAHY, 2007, p. 36).

Abaixo, pode-se ler o diálogo estabelecido entre o terapeuta e o paciente em


relação à técnica denominada de seta descendente (LEAHY, 2007, p. 36-37). Logo
em seguida, visualiza-se a figura 7, ou seja, um formulário da seta descendente
aplicado pelo terapeuta:
TERAPEUTA: Você disse que, às vezes, tem medo de estar com câncer.
Mesmo que o médico tenha assegurado que você está bem, o que significaria para
você estar com câncer?
PACIENTE: Eu teria medo de morrer.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
30

TERAPEUTA: Quase todo mundo tem medo disso, mas quero lhe perguntar
sobre seu medo de morrer. Complete a seguinte frase: “Eu teria medo de morrer
porque...”
PACIENTE: Eu teria medo de não estar realmente morta – de estar apenas em
coma – e de acordar em meu túmulo, enterrada viva.

Figura 5 – Seta descendente

Situação Pensamento automático

Isso me incomodaria porque me faria pensar que...

Fonte: Leahy, 2007, p. 51.

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31

Como demonstrado, a seta descendente é uma técnica utilizada para


identificar as crenças nucleares, bem como as crenças intermediárias. Dessa
maneira, indagar o que um pensamento significa para a pessoa é uma forma de
constatar a crença intermediária. Por outro lado, questionar o que a crença
intermediária significa para o paciente é uma maneira de detectar a crença central.

2.3 ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA E EFICIÊNCIA DO MODELO COGNITIVO

Nos últimos anos, uma série de estudos sobre a eficácia e a eficiência da


Terapia cognitivo-comportamental tem sido realizados com a perspectiva de
demonstrar os efeitos dessa abordagem na vida do paciente. A literatura aponta que
há uma relação intrínseca entre os pacientes que apresentam transtornos de
ansiedade e a depressão. As técnicas cognitivas e comportamentais ajudam no
processo de modulação dos pensamentos, assim como na regulação emocional,
diminuindo os sintomas mais presentes em ambos os transtornos psiquiátricos.

O estudo de Vasconcelos, Lôbo & Neto (2015), verificou uma alta taxa de
10 11
comorbidade entre TAG e Depressão Maior (53,7%), Distimia (21%) e
depressão recorrente (14,6%), além de uma alta comorbidade com risco de
suicídio (54,8%) (VASCONCELOS; LOBO; NETO, 2015 apud REYES;
FERMANN, 2017, p. 50).

Tomando como pressuposto a revisão bibliográfica realizada nos estudos de


Reyes e Fermann (2017) e publicado no artigo intitulado “Eficácia da terapia
cognitivo-comportamental no transtorno de ansiedade generalizada”, as autoras
encontraram investigações empíricas sobre a eficácia da terapia cognitivo-
comportamental. Como metodologia, elas utilizaram as seguintes bases de dados
eletrônicas: SCIELO12 (nacional) e Pubmed (internacional). A pesquisa foi feita no
mês de outubro de 2016, utilizando como descritores a terapia cognitivo-
comportamental e o transtorno de ansiedade generalizada.
Como resultado, as autoras encontraram estudos que mostram a eficácia da
terapia cognitivo-comportamental em pacientes que apresentavam transtorno de

10
Transtorno de Ansiedade Generalizada.
11
É considerada como um transtorno depressivo.
12
Scientific Electronic library Online.

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32

ansiedade, visto que o processo terapêutico propiciou a redução dos sintomas


ansiosos, bem como os sintomas depressivos associados a esse transtorno
psiquiátrico.
Além disso, as intervenções realizadas com grupo de no máximo 6 pessoas
mostraram uma importância significativa no tratamento desse transtorno. Foi
observado uma diminuição considerável da preocupação que se apresentava como
excessiva nos casos de ansiedade e na diminuição dos pensamentos diante da
incerteza da vida. Ademais, após a finalização dos grupos terapêuticos, os pacientes
mantiveram as melhoras por um período de dois anos, intervalo do qual foram
monitorados. Também, pôde-se verificar a eficácia da terapia cognitivo-
comportamental no tratamento de pessoas idosas que portavam sintomas ansiosos
e depressivos.

Nesse mesmo sentido, o estudo realizado por Rosnick et al. (2016) com
13 14
adultos mais velhos com TAG examinou a eficácia da TCC nos níveis de
15
cortisol apresentados por esses indivíduos, comparando indivíduos que
receberam 16 sessões de TCC combinada com o uso de medicação e
indivíduos que receberam apenas medicação. Os resultados mostraram que
aqueles que receberam o tratamento combinado apresentaram uma
melhora significativa nos níveis de cortisol quando comparados àqueles que
receberam apenas tratamento com medicação. Esses estudos fornecem
evidências promissoras dos efeitos da TCC em pacientes idosos com TAG,
apoiando a hipótese de que a TCC é um tratamento eficaz tanto para
adultos mais velhos, como para idosos (ROSNICK, 2016 apud REYES;
FERMANN, 2017, p. 53).

Outros resultados promissores descritos no estudo realizado pelas autoras


destacam que, após a finalização do processo terapêutico, os indivíduos
suspenderam (ou diminuíram drasticamente) o uso dos medicamentos utilizados
para os transtornos ansiosos e depressivos. Além disso, não se pode deixar de
mencionar a terapia cognitivo-comportamental empreendida de maneira remota ou
on-line, uma vez que muitas pessoas possuem dificuldade para locomover até o
consultório ou residem em zonas rurais. Com isso, a terapia cognitivo-
comportamental se adaptou às mais diversas realidades sociais com o propósito de
propiciar atendimentos ou acompanhamentos psicoterápicos aos indivíduos através
de aplicativos, plataformas digitais ou até mesmo por telefone. Assim sendo, as

13
Transtorno de Ansiedade Generalizada.
14
Terapia cognitivo-comportamental.
15
Hormônio que controla o estresse.

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33

técnicas cognitivas apresentadas nesse capítulo juntamente com as técnicas


comportamentais que serão apresentadas no próximo capítulo parecem ser o
caminho mais eficiente para o tratamento psicológico.

SAIBA MAIS
Leia o livro “Vencendo a ansiedade social com a terapia cognitivo-comportamental”,
o qual elucida aos profissionais e estudantes de psicologia, assim como aos
pacientes, uma série de técnicas cognitivas e comportamentais que são aplicadas
para que se possa vencer a ansiedade social.
HOPE, Debra A.; HEIMBERG, Richard G.; TURK, Cynthia L. Vencendo a ansiedade
social com a terapia cognitiva-comportamental. São Paulo: Artmed, 2012.

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34

CAPÍTULO 3 - TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: CONCEITO E EMPIRISMO

3.1 O SURGIMENTO DA TERAPIA COMPORTAMENTAL

No capítulo 2, as principais técnicas cognitivas e alguns estudos sobre a


eficácia e a eficiência do modelo cognitivo foram descritos para se obter
conhecimento em relação à conduta terapêutica no tratamento dos transtornos
psiquiátricos. Neste capítulo, a história do surgimento da terapia comportamental,
assim como a seleção, a aplicação, a avaliação dos procedimentos
comportamentais e os estudos utilizados na clínica psicológica serão retratados com
a finalidade de propiciar o aprendizado em relação à terapia de abordagem
comportamental. Nota-se que a título didático, as técnicas cognitivas e
comportamentais foram divididas em duas seções, porém, no processo terapêutico,
ambas devem ser utilizadas pelo psicólogo da abordagem cognitivo-
comportamental. Para iniciar, destaca-se que o livro escrito por Vicente Caballo,
intitulado “Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento”, foi
utilizado como referência para a escrita deste capítulo.

No século XIX, o desenvolvimento das ciências biológicas e físicas


influenciou notavelmente a psicologia. A investigação biológica começou o
seu progresso identificando as bases de determinadas doenças orgânicas e
seu tratamento. O estudo do cérebro e sua relação com as funções
humanas (p. ex., a fala, a memória e o comportamento) aumentou nesta
época. A teoria e a investigação da física mantinham um enfoque científico
básico para compreender a matéria física. Também o desenvolvimento da
teoria sobre a evolução, realizado por Darwin (1859, 1871), teve seu
impacto não só sobre as ciências biológicas, como também sobre as
ciências sociais. Darwin enfatizou a adaptabilidade dos organismos a seu
ambiente e a continuidade das espécies, ideias que influenciaram
diretamente a pesquisa em psicologia. Um tema comum, sobre o qual
atuaram distintas influências, foi que a ciência e o enfoque cientifico
proporcionam os meios para compreender o mundo. Muitos dos princ ípios e
dos enfoques do comportamentalismo refletiam um amplo movimento para
uma maior valorização da ciência e um enfoque materialista e mecanicista a
respeito das ciências físicas, biológicas e sociais. Também a psicologia da
aprendizagem começou a surgir como a base crítica para a compreensão
do comportamento (CABALLO, 2008, p. 25).

Isto posto, pode-se dizer que um dos primeiros estudos sobre o


comportamento que influenciou significativamente a psicologia foi desenvolvido por
Ivan Pavlov. O pesquisador nasceu na Rússia, em 1849, e dedicou os seus estudos

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35

para explicar o condicionamento clássico. Por condicionamento clássico, entende-se


o processo de aprendizagem ocasionado por um estímulo do ambiente e a resposta
comportamental. Esse autor observou que um cachorro produzia secreções
gástricas antes mesmo de oferecer a comida 16. Tal descoberta foi chamada de
“secreções psíquicas”. O principal objetivo de Pavlov consistiu em compreender o
funcionamento do cérebro. Logo, ele passou a se esforçar para entender a produção
dos estímulos em animais e humanos e os seus respectivos reflexos (CABALLO,
2008, p. 26).

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo “Condicionamento Clássico Explicado (Condicionamento
Pavloviano)” que demonstra como os estímulos produzem respostas e a sua
aplicação na clínica psicológica.
UNIVERSO DA PSICOLOGIA. Condicionamento Clássico Explicado /
(Condicionamento Pavloviano). 08/12/2016. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=YMsqEmhaszE > Acesso em: 04 out. 2020.

Vale ressaltar que as descobertas de Pavlov influenciaram os estudos do


psicólogo americano conhecido por John Watson. Watson também pesquisou sobre
o comportamemto animal como uma ciência objetiva e incorporou esses estudos na
psicologia denominado de comportamentalismo ou behaviorismo. Com isso, ele
sustentou o argumento de que o comportamentalismo abrangia os pensamentos, as
emoções e os instintos nos seres humanos. Como se sabe, Watson investigou as
reações emocionais condicionadas das crianças com o propósito de explicar como a
teoria comportamental poderia elucidar os sentimentos e a experiência de vida do
sujeito.
Além dos pesquisadores Pavlov e Watson, Burrhus Skinner foi considerado
um dos estudiosos que mais impactou as concepções acerca da modificação do
comportamento e suas observações são utilizadas até hoje nas teorias
contemporâneas. Skinner nasceu nos Estados Unidos e se tornou psicólogo
behaviorista, desenvolvendo o conceito conhecido por condicionamento operante.
16
O cachorro foi condicionado a receber a comida com um estímulo auditivo. Assim, ao ouvir apenas o s om, o
cachorro produzia as secreções gástricas, sem mesmo ter o que comer.

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36

Ele não só sustentou a sua teoria através do estímulo e da resposta, como também,
argumentou sobre o processo de aprendizagem em relação ao comportamento,
nesse caso, tanto animal quanto humano17.

A psicologia da aprendizagem ocupou um papel central na investigação


psicológica depois do desenvolvimento do comportamentalismo. Os
diferentes pontos de vista que se desenvolveram e a investigação que
geraram, proporcionam os fundamentos dos enfoques gerais e das técnicas
específicas na modificação do comportamento contemporâneo. Realmente,
muitos debates contemporâneos sobre a investigação comportamental
frequentemente tem um claro precedente no desenvolvimento da teoria da
aprendizagem. Por exemplo, o debate sobre a necessidade de variáveis
intervenientes, de fatores cognitivos e limites das explicações estimulo-
resposta sobre o comportamento, refletem questões importantes na história
da psicologia da aprendizagem (SPENCE, 1950 apud CABALLO, 2008, p.
31).

Com a análise experimental do comportamento desenvolvida por Skinner, ele


passou a aplicar a perspectiva do estímulo-resposta a partir do reforço positivo ou
negativo nos pacientes diagnosticados com transtornos psiquiátricos. A partir da
década de 1960, a terapia comportamental estava consolidada no meio acadêmico,
associando o modelo estímulo-resposta e reforço com a perspectiva da
aprendizagem. Na figura 6, visualiza-se Skinner em seu laboratório de pesquisa.

Figura 6 – Burrhus Skinner

18
Fonte: Nova Escola, 2008

Aqui, não se pode deixar de mencionar a técnica conhecida por


dessensibilização sistemática como um dos acontecimentos mais importantes em

17
Os estudos realizados por Skinner ficou conhecido por Análise Experimental do Comportamento.
18
Imagem disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/1917/b-f-skinner-o-cientista-do-comportamento-
e-do-aprendizado > Acesso em: 04 out. 2020.

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37

relação à modificação do comportamento. A dessensibilização sistemática foi


formulada por Joseph Wolpe, um psiquiatra da África do Sul, e consistiu,
basicamente, em tratar os pacientes que apresentavam ansiedade e/ou medo,
associando às situações (reais ou imaginárias) com prazer e relaxamento. Assim, o
psiquiatra se interessou pelas reações neuróticas a partir da psicologia da
aprendizagem e passou a desenvolver algumas técnicas comportamentais para o
tratamento desses pacientes.

Este princípio serviu de base para o desenvolvimento de tratamentos que


vencessem o medo humano, um passo extremamente importante que
ampliou em grande parte o trabalho prévio sobre as neuroses
experimentais. [...] Wolpe ainda expôs inicialmente os pacientes a situações
reais nas quais se provocava a ansiedade e explorou o uso da imaginação
por meio da qual os pacientes se imaginavam numa serie graduada de
situações. Também, seguindo o trabalho do fisiologista Edmundo Jacobson
(1938) que havia utilizado o relaxamento para tratar a ansiedade e outros
transtornos, Wolpe selecionou o relaxamento muscular como uma resposta
que poderia inibir a ansiedade, da mesma maneira que entre animais, usou
o comer como uma resposta incompatível com o medo. O procedimento que
Wolpe desenvolveu foi a dessensibilização sistemática, composta de
relaxamento, desenvolvimento de uma serie gradual de situações
provocadoras de ansiedade (hierarquia), e emparelhamento da imaginação
dos itens da hierarquia com o relaxamento. Este procedimento constitui a
técnica mais importante desenvolvida a partir do princ ípio da inibição
recíproca, mas pode-se praticá-lo de distintas formas (p. ex., empregando
respostas diferentes ao relaxamento como a resposta incompatível, a
apresentação in vivo das situações provocadoras de ansiedade, etc.)
(CABALLO, 2008, p. 38).

Sendo assim, a terapia do comportamento foi uma associação entre os


conceitos da aprendizagem e os problemas terapêuticos com a finalidade de
possibilitar uma nova construção de história de vida do paciente a partir do
acompanhamento psicológico. Destaca-se três enfoques conceituais da terapia do
comportamento (CABALLO, 2008, p. 41-42):
1. Ponto de vista mediacional do estímulo-resposta (E-R): consiste em
aplicar os conceitos da aprendizagem através do estímulo do ambiente e
da resposta comportamental.
2. A análise aplicada ao comportamento: consiste em modificar o
comportamento diante de um estímulo do ambiente através do reforço
(positivo ou negativo), da extinção e do controle de estímulos.
3. Modificação do comportamento cognitivo: consiste nos pressupostos
abordados na terapia cognitivo-comportamental a partir do modelo

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
38

cognitivo (pensamentos automáticos, crenças centrais ou nucleares e


intermediárias e respostas emocionais, fisiológicas e comportamentais).
Essa abordagem possui como principal pressuposto transformar os
pensamentos e comportamentos disfuncionais em mais adaptativos –
modelo que tem sido mais utilizado nas últimas décadas.

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo “Qual a diferença entre a Terapia Cognitiva e o Behaviorismo” que
explica os principais fundamentos do surgimento do behaviorismo e da terapia
cognitiva.
TERAPIA COGNITIVA ONLINE. Qual a diferença entre a Terapia Cognitiva e o
Behaviorismo?. 27/04/2017. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7oP2G-BKnLs > Acesso em: 04 out. 2020.

3.2 SELEÇÃO E AVALIAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS COMPORTAMENTAIS

Como dito anteriormente, a análise funcional do comportamento proposto por


Skinner é utilizado como referência clínica na prática dos terapeutas
comportamentais. A análise funcional do comportamento consiste em verificar quais
os motivos e a função de um determinado comportamento e a relação que o sujeito
mantém com o ambiente. Sendo assim, o terapeuta conduz as sessões identificando
os comportamentos disfuncionais, além de investigar a maneira como os
comportamentos acontecem, em quais momentos e em quais situações, desvelando
o significado desses comportamentos na vida do paciente.
Com isso, o terapeuta estabelece juntamente com o paciente ao menos três
metas ou objetivos para se modificar um comportamento do qual se apresenta como
disfuncional, isto é, comportamento que considera como negativo ou que lhe causa
algum tipo de sofrimento ou dor. Por exemplo, um paciente diagnosticado com
transtorno depressivo relata que gostaria de interagir mais com os amigos, visto que
passou a se isolar nos últimos meses. Pode-se perceber que os comportamentos
disfuncionais são relatados através de suas queixas e/ou demandas. Por isso, é de
fundamental importância que o terapeuta adquira um conhecimento prévio da

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
39

literatura e dos casos clínicos com o propósito de aprofundar em relação à história


de vida do paciente. Isso quer dizer que o fato de desejar interagir com os amigos
deve ser indagado, uma vez que outros comportamentos podem aparecer diante da
queixa.
A partir dessa análise prévia, o terapeuta decide por realizar os
procedimentos comportamentais para identificar quais os comportamentos que
deverão ser modificados através das técnicas comportamentais para que o paciente
se torne mais adaptativo em relação ao meio em que vive. De acordo com os
argumentos de Caballo (2008), o primeiro procedimento comportamental consiste
em estabelecer as metas ou os objetivos do tratamento terapêutico, considerando os
seguintes aspectos:
1. O sistema de valores construído pelo terapeuta.
2. O sistema de valores construído pelo paciente.
3. O ambiente físico e social do qual o paciente desenvolve os
comportamentos disfuncionais.
Os atributos individuais estabelecem a maneira pela qual a pessoa se
comporta e interage com o meio que a circunda denominado de sistema de valores.
Assim sendo, as queixas ou demandas apresentadas nas primeiras sessões
merecem um destaque diante da terapia comportamental. Para Caballo, “as queixas
costumam fazer referências àquilo que vai mal e que quer eliminar, ao que causa
problemas, ao negativo e incômodo”. Por outro lado, as demandas “fazem referência
àquilo que se quer adquirir ao positivo” (CABALLO, 2008, p. 85). Dessa forma,
conclui-se que há uma relação intrínseca entre a queixa e a demanda. Se o paciente
com transtorno depressivo não interage com os amigos em função do sentimento de
incapacidade (queixa), ele deseja modificar o seu comportamento para encontrar
com os conhecidos, isto é, tornar-se mais confiante de si mesmo (demanda). Tais
explanações se referem aos principais motivos que o paciente deseja se submeter
ao processo terapêutico, dado que reconhece seu comportamento disfuncional e
qual a meta pretende alcançar.

Em alguns casos o comportamento-problema proposto pelo terapeuta


aparentemente se afasta das queixas do paciente. Isto não quer dizer que o
avaliador tenha descoberto “o problema real” ou algum problema “mais
profundo”. Simplesmente o avaliador criou um modelo de trabalho do
funcionamento do paciente onde aparecem outros comportamentos, prévios

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40

na “cadeia causal”, dos quais dependem as queixas apresentadas e que é


necessário eliminar ou instaurar para fazer desaparecer as queixas ou
conseguir as demandas que são feitas (CABALLO, 2008, p. 86).

Diante disso, o terapeuta deve estabelecer dois enfoques a serem analisados


em relação à avaliação dos procedimentos comportamentais, são eles: o enfoque
centrado no problema e o enfoque construtivo. Vale ressaltar que não é interesse do
terapeuta eliminar os comportamentos tidos como disfuncionais, mas, sim, oferecer
uma série de ferramentas para que o paciente possa manuseá-los nos momentos
que sentir necessidade em sua vida cotidiana. Em relação ao enfoque centrado no
problema, deve-se verificar se o comportamento desapareceu após o tratamento
terapêutico e se prossegue sem aparecer. Por outro lado, o enfoque construtivo
deve analisar se as ferramentas terapêuticas têm ajudado o paciente a obter êxito
nas situações diárias que exigem a sua mudança de comportamento.

FIQUE LIGADO
Os comportamentos disfuncionais escolhidos como meta terapêutica devem
considerar àqueles que são fisicamente, socialmente ou economicamente arriscado
para o paciente ou às pessoas ao seu redor. Para mais, a modificação do
comportamento deve ser realizada de maneira construtiva entre o terapeuta e o
paciente, além de ser positiva. É importante se atentar em estabelecer metas diante
dos comportamentos que possam ser tratados.

Aqui, cabe destacar a importância da avaliação dos resultados das técnicas e


procedimentos comportamentais empregados durante o processo terapêutico em
decorrência dos seguintes fatores: a avaliação sistemática permite verificar se os
objetivos e metas terapêuticas estão sendo alcançados (caso não, é importante
corrigir as falhas para dar prosseguimento à terapia), e a avaliação sistemática
assegura a qualidade do serviço prestado e possibilita a aquisição de
conhecimentos técnicos e práticos por parte do terapeuta. Não obstante, é
necessário compreender que os parâmetros de avaliação devem levar em conta a
idade, o sexo e o ambiente de cada paciente.

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SAIBA MAIS
Assista ao vídeo “Intervenções na clínica analítico-comportamental” para que se
possa adquirir conhecimentos sobre as demais técnicas comportamentais utilizadas
pelo terapeuta na condução do tratamento do paciente.
LOBATO, Raíssa. Intervenções na clínica analítico-comportamental. 2020.
(17m14s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OFNK9P7tTS8 >
Acesso em: 06 out. 2020.

3.3 APLICAÇÃO E ESTUDO DAS PRINCIPAIS TÉCNICAS


COMPORTAMENTAIS UTILIZADAS NA CLÍNICA PSICOLÓGICA

Como apontado anteriormente, os terapeutas da abordagem cognitivo-


comportamental utilizam técnicas cognitivas e comportamentais para intervir nas
crenças, pensamentos, sentimentos e comportamentos do paciente. Nesse tópico,
as técnicas de análise e solução de problemas, além do treinamento de habilidades
e o mindfulness, serão explicados para a melhor compreensão do tema exposto.
Em relação à análise e solução de problemas, é importante que o terapeuta
solicite ao paciente que liste os problemas que surgiram ao longo da semana e que
lhe causaram algum tipo de sofrimento ou incômodo. Logo em seguida, é preciso
que o paciente imagine algumas soluções para os problemas listados. Para tanto, o
terapeuta solicita que ele relate os problemas que já vivenciou em algum momento
da sua vida ou imagine o que diria a um amigo em relação a como resolvê-los.
Durante esse diálogo, é interessante que o terapeuta questione o paciente para
facilitar que ele encontre respostas adequadas. Os livros de autoajuda são um
recurso necessário utilizado para a melhor aprendizagem do paciente, por exemplo,
“Problemas? Oba!” de Roberto Shinyashiki (2011) e “Você pode curar a sua vida” de
Louise Hay (2009).
Por outro lado, pacientes que conseguem resolver os problemas, mas
possuem uma uma crença baseada no desvalor e no sentimento de incapacidade
devem passar pelo treinamento de habilidades. Nesse sentido, o formulário da figura
10 deve ser respondido pelo paciente e preenchido com o terapeuta para facilitar a
descoberta de soluções de problemas e potencializar as habilidades que possui. No

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quadro 11, pode-se visualizar um formulário para a solução de problemas e suas


respectivas vantagens e desvantagens em relação a cada solução encontrada pelo
paciente. Cita-se, como exemplo, os pacientes que se encontram insatisfeitos com o
trabalho do qual estão desenvolvendo. O terapeuta solicita que o paciente relate
quais as principais vantagens e desvantagens em permanecer no trabalho atual ou
procurar uma nova recolocação profissional (BECK, 2014). Para mais, o terapeuta
pode conduzir as sessões para que o paciente mude as suas respostas diante da
insatisfação, intervindo com as técnicas cognitivas que indagam os pensamentos
automáticos e as crenças construídas pelo paciente no decorrer da sua história de
vida.

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo “Resolução de problemas: 8 passos rápidos e práticos” para obter
informações em relação às indagações para solucionar problemas e encontrar
possíveis respostas diante das situações.
FALCO, Diego. Resolução de problemas: 8 passos rápidos e práticos. 2016.
(07m30s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=IJoO5CJEIek >
Acesso em: 06 out. 2020.

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Figura 7 – Análise de problemas

Situação/ Problema

Desafios Oportunidades Soluções viáveis

Fonte: Beck, 2014.

Quadro 11: Solução de problemas


Solução Vantagem Desvantagem

Fonte: Beck, 2014.

Um estudo realizado pela Cade e Prates (2001) possuiu como objetivo


analisar a solução de problemas em mulheres diagnosticadas com transtorno
depressivo. Por ser uma pesquisa exploratória e descritiva, os autores definiram
como metodologia realizar 12 sessões terapêuticas em um grupo de 03 a 06
mulheres, com duração de uma hora. Durante o processo terapêutico, eles

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motivaram as mulheres para falar através das técnicas aplicadas com a finalidade de
definir os problemas dos quais vivenciavam, compreendê-los, prepará-los para a
ação, tomar as decisões e, por fim, implementar a solução escolhida.
Como se sabe, uma quantidade expressiva de pessoas é diagnosticada com
depressão na idade adulta. Vale ressaltar que as mulheres são as mais acometidas
por esse transtorno.

A depressão é uma doença de causa multifatorial, envolvendo fatores


biológicos (neurotransmissores), históricos (depressão e alcoolismo na
família), ambientais (situações de conflito, apoio social deficiente, choque
emocional) e psicológicos, caracteriza-se por um quadro de tristeza, choros
periódicos, com sentimento de culpa e decepção com os demais. Pode
evoluir com manifestação de irritação, tensão e ansiedade. Em estágio mais
elevado, impossibilita o indivíduo de realizar suas atividades diárias, pois há
um desinteresse visível e falta de energia. Outros sintomas incluem a baixa
concentração, insônia, falta de apetite, apatia sexual, sentimento de
desesperança e pensamento em suicídio. Este quadro pode regredir em um
espaço de 03 a 06 meses, mesmo sem nenhuma forma de tratamento,
porém, com frequência, há recaídas e 15 a 20% dos deprimidos cronificam,
sendo que o tratamento não farmacológico é importante na diminuição ou
eliminação das recidivas, justificando esta proposta de intervenção. Em
casos graves, com ideação suicida, a internação torna-se necessária
(CADE; PRATES, 2001, p. 224).

Como resultado, os autores destacaram que esse estudo apontou alguns


entraves, visto que um dos efeitos causado pela ingestão de medicamentos
consistia na perda cognitiva, influenciando as respostas dos pacientes em relação à
técnica denominada solução de problemas. Por outro lado, o grupo possibilitou que
as mulheres pudessem expressar a discriminação que sofriam por parte dos
familiares e do meio social em função do diagnóstico de transtorno depressivo. Além
disso, elas relataram o incômodo por sentirem os sintomas da doença. Para mais, foi
possível observar que as pacientes possuíam uma baixa habilidade social.
Entretanto, a análise do grupo de mulheres deprimidas propiciou que elas
identificassem os problemas que circundavam as suas vidas e na capacidade de
enfrentamento. Também, observou-se que as mulheres se ajudavam em relação aos
problemas enfrentados por elas, visto que o grupo possibilitou expressarem suas
emoções.
Por último, destacam-se as técnicas de relaxamento e mindfulness. O termo
mindfulness pode ser traduzido por atenção plena, isto é, concentrar no momento
atual (presente), de maneira intencional (escolha de estar atento) e sem julgamento

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(aceitar sentimentos, pensamentos e sensações sem caracterizá-las como negativos


ou positivos). Kabat-Zinn (2017) salienta que o surgimento das grandes cidades e o
advento da modernidade propiciaram que as pessoas passassem a viver no modo
conhecido por “piloto automático”. Isso quer dizer que o piloto automático promove
um estilo de vida rígido e limitado, fato que impossibilita sentir as emoções que
perpassam o corpo diante da experiência da vida. Ademais, é preciso destacar que
os estudos demonstram que tentar suprimir ou esquivar dos sentimentos,
pensamentos e sensações promove a ruminação mental (VANDENBERGHE;
SOUSA, 2006).
Assim sendo, as técnicas de mindfulness são eficientes em relação à
prevenção de recaída da depressão, dado que possibilita identificar os sentimentos
e pensamentos depressogênicos, sentir e, por fim, soltar, sem caracterizá-los como
eventos negativos, mas, sim, como parte da experiência humana.
Para concluir esta unidade, destaca-se que a terapia comportamental pode
ser dividida em três ondas (ou gerações). A primeira onda se caracteriza pelos
modelos de condicionamento clássico e operante propostos por Pavlov, Watson e
Skinner. A segunda onda consiste no modelo cognitivo proposto por Aaron Beck
através dos eventos, pensamentos automáticos, crenças centrais ou nucleares e
intermediárias, respostas fisiológicas, emocionais e comportamentais, conhecida por
terapia cognitivo-comportamental. Já a terceira onda não possui como objetivo
modificar pensamentos, sentimentos ou sensações, muito pelo contrário, aceitar o
momento presente e compreender que os pensamentos não controlam o
comportamento.
Desta forma, a terapia cognitivo-comportamental tradicional implicitamente
promove mudanças amplas na relação que a pessoa mantém com seus
pensamentos. Como resultado de repetidamente identificar pensamentos,
crenças e distorções e tomar uma atitude crítica em relação a estes, o
cliente pode realizar uma mudança geral em sua perspectiva para com os
eventos cognitivos. Ao invés de vê-los como atributos de si mesmo ou
representações de fatos, acaba vendo-os como eventos internos que não
possuem necessariamente valor literal. É possível que esta similaridade no
nível prático (apesar da inovação teórica) tenha facilitado a rápida absorção
de mindfulness na tradição cognitivo-comportamental (VANDENBERGUE,
SOUSA; 2006, p. 3).

Cabe ressaltar que o programa de mindfulness consiste em oito encontros


semanais, com duração de duas horas cada. Para grupos com indivíduos

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diagnosticados com depressão, sugere-se no máximo 12 pessoas. A partir da


década de 1990, Jon Kabat-Zinn iniciou as suas pesquisas com programas de
redução do estresse com grupos de 30 pessoas.
Por fim, vale ressaltar que duas técnicas de mindfulness são comumente
utilizadas pelos psicólogos da abordagem cognitivo-comportamental com seus
pacientes. A primeira delas é chamada de Body Scan ou Escaneamento Corporal,
caracterizada por focar a atenção em cada membro do seu corpo, ou seja, conectar-
se com o seu físico para sentir os sentimentos e sensações. A segunda é o treino de
respiração, visto que é de fácil acesso e também foca no presente. Assim sendo, a
respiração passa a ser um ponto de apoio ou âncora para que a pessoa possa se
distanciar dos pensamentos.

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo “As nove atitudes de Mindfulness” para que se possa adquirir
conhecimento sobre a mente de principiante, não-julgamento, aceitação, não-apego,
confiança, paciência, não-esforço, gratidão e generosidade.
MAIS CONSCIENTE. As nove atitudes de Mindfulness. 2017. (26m27s). Disponível
em: < https://www.youtube.com/watch?v=f62vsAzLLpM&t=5s > Acesso em: 07 out.
2020.

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