Faculdade Única de Ipatinga Rozana Soares Neto
Faculdade Única de Ipatinga Rozana Soares Neto
Faculdade Única de Ipatinga Rozana Soares Neto
PRESIDENTE KENNEDY - ES
2023
FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA
Presidente Kennedy - ES
2023
TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: MANEJO CLÍNICO EM TCC
RESUMO
O transtorno depressivo maior (DTM) é um problema grave de saúde pública no Brasil, que prejudica
a rotina diária do indivíduo. Porém, esse transtorno tem tratamento e uma das abordagens mais
indicadas é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Diante disso, o objetivo do presente trabalho
foi levantar evidências sobre a eficácia da TCC no tratamento do DTM, além de abordar algumas
técnicas de manejo bastante eficientes. Dessa forma, foi realizada uma revisão bibliográfica, onde
buscou-se através de livros e artigos, estudos relacionados a TCC aplicada a DTM. Também, foram
encontradas algumas ferramentas da TCC que ajudam a melhorar o quadro de saúde do paciente,
tais como: ativação comportamental, reestruturação cognitiva, psicoeducação, registro de
pensamentos disfuncionais, mindefulness e seta descendente. Os resultados encontrados na
pesquisa apontaram que a TCC é de fato eficaz, pois vários estudos demonstram que pessoas que
utilizam dos métodos dessa abordagem, permanecem boas por mais tempo seja em combinação com
medicamentos antidepressivos ou de forma isolada. Além disso, a mesma reduz o risco de recaídas.
Uma vez que, o paciente aprende modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais por algo
mais adaptativo e apropriado.
1 Introdução
O transtorno depressivo maior, também conhecido como depressão, é um
transtorno mental comum, mas sério, que envolve o humor deprimido (quase todos
os dias) e a diminuição ou perda do interesse em atividades prazerosas. Sendo
considerado, um grave problema de saúde pública no Brasil (VIEIRA, 2012).
Segundo o Manual Diagnóstico e Estático de Transtornos Mentais (DSM-V,
2014), o indivíduo com o transtorno, costuma apresentar cinco ou mais dos
seguintes sinais e sintomas, durante pelo menos duas semanas, tais como: humor
deprimido; perda de energia ou fadiga; sentimento de desvalia ou culpa; dificuldade
de concentração; desesperança; agitação ou retardo psicomotor; diminuição ou
aumento do peso; alterações no sono; pensamentos de morte, de causar danos a si
mesmo ou ideação suicida.
Vale ressaltar que esse transtorno possui tratamento, tanto por meio de
medicações farmacológica ou através de psicoterapia. A combinação de ambas
surtir melhora do quadro de saúde mais rápido, ao comparado apenas o uso de
antidepressivos. Além disso, é importante acrescentar que em psicoterapia uma das
abordagens mais indicadas para tratar a depressão é a terapia cognitivo--
comportamental, também chamada de TCC, pois inúmeros estudos comprovam sua
eficácia (SCOTT et al., 2021).
De acordo com Beck (2014), a TCC é uma abordagem orientada para os
objetivos e focada nos problemas do indivíduo, na qual, dispõem de técnicas que
tem como intuito ensinar o paciente a ser o seu próprio terapeuta. “Sendo assim, os
pacientes têm maior habilidade de reconhecer seus sintomas e, assim prevenir
recaídas [...].” (WILES et al., 2014 apud SCHOTT et al., p. 127, 2021).
Portanto, o presente trabalho tem objetivo abordar a eficácia da terapia
cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de depressivo maior, além de
evidenciar algumas técnicas e ferramentas de manejo do mesmo. Afim de,
demonstrar sua importância na remissão ou na diminuição dos sintomas e na
prevenção de possíveis recaídas. Desse modo, foi realizada uma revisão de
literatura, onde buscou-se através de livros e artigos de periódicos assuntos
relacionados ao tema da pesquisa.
2 Desenvolvimento
2.1 Transtorno depressivo maior e a TCC
O transtorno depressivo maior (DTM) é caracterizado pelo humor deprimido
persistente podendo ser manifestado em qualquer faixa etária, porém a prevalência
é três vezes maior em jovens entre 18 e 29 anos do que em pessoas acima dos 60
anos. Além disso, tal transtorno tem incidência três vezes maior em indivíduos do
sexo feminino quando comparado a pessoas do sexo masculino, nas quais, os
sinais/sintomas podem aparecer durante a puberdade ou na fase adulta (DSM-V,
2014).
Uma das abordagens psicoterápicas mais eficazes para o tratamento DTM é
a terapia cognitivo-comportamental. Cuja terapia foi desenvolvida nos anos 60, pelo
psiquiatra Aaron Beck, que iniciou nessa época suas pesquisas sobre a depressão.
“Mediantes estudos, Aaron Beck, constatou que humor e comportamentos negativos
eram resultantes de pensamentos e crenças distorcidas [...].” (COSTA; CARVALHO;
RODRIGUES et al., 2018, p.8).
A maioria dos pacientes, especialmente com depressão, tende a focar
indevidamente nos aspectos negativos. Quando estão em estado
depressivo, eles direcionam sua atenção automática e seletiva (i.e., sem
terem consciência disso), além de colocarem grande ênfase na experiência
negativa, e então desconsideram ou não conseguem reconhecer uma
experiência mais positiva. Sua dificuldade em processar dados positivos de
forma simples leva-nos a desenvolver um senso distorcido da realidade.
(BECK, 2014, p.50).
2.5 Algumas das técnicas da TCC que auxiliam no manejo dos sintomas do
DTM
2.5.1 Psicoeducação
A psicoeducação ajuda o paciente a compreender de forma clara, os objetivos
dos instrumentos terapêuticos propostos. Além de auxiliar a entender melhor as
consequências que os pensamentos e comportamentos disfuncionais podem trazer
para vida do mesmo (NOGUEIRA et al., 2017).
Desta forma, a psicoeducação tem com função orienta o paciente sobre as
consequências que o transtorno pode acarretar. Desenvolvendo assim no indivíduo
novas formas de pensar e se comportar, pois por meio dela, a pessoa aprende a
testar a realidade, monitorar e a modificar padrões de pensamento negativos
(SCHOTT et al., 2021).
De acordo com Schott et al. ( 2021, p.130), “essas habilidades aprendidas lhe
permitiriam lidar mais facilmente com novos episódios recorrentes, e, possivelmente
prevenir novas depressões”. Conforme notam Moreli, Braga e Donadon (2021), a
psicoeducação pode servir como peça chave para melhorar adesão do paciente a
terapia, uma vez que, o indivíduo passa a se sentir mais confiante em seu
tratamento ao aprender as técnicas da TCC.
2.5.3 Mindfulness
Os programas de mindfulness na terapia cognitivo-comportamental são
bastante eficientes para a prevenção de recaída da depressão. Sendo composto por
8 encontros, com duração entre 60 e 120 minutos. Para grupos de 12 a 30 pessoas
com o transtorno. Sua função principal é ensinar o paciente a sair do piloto
automático, que é a maneira pela qual ocorre a formação de erros cognitivos, para
um estado de consciência de si, aceitando suas emoções e pensamentos sem fazer
julgamentos (CARNEIRO; DOBSON, 2016).
Segundo Marquiol (2017), a mindfulness proporciona que o paciente vivencie
o momento atual, descarte a ruminação de pensamentos disfuncionais e adquira a
autocompaixão, aceitando qualquer sentimento e pensamento, sem julgamentos ou
críticas, tendo em mente que serão passageiros. De acordo com o autor supracitado
o uso desse método diminui as chances de recaída em 40% a 50% em pacientes
com histórico de três ou mais episódios depressivos, além de, demonstrar eficácia
no tratamento com antidepressivo, reduzindo o risco de recaída de 68% para 30%.
3 Conclusão
A presente pesquisa evidenciou que o transtorno depressivo maior é um
problema de saúde pública grave que atinge muitos jovens, principalmente do sexo
feminino, quando comparado as do sexo masculino. Ao longo desde estudo
constatou-se que a terapia cognitivo-comportamental é bastante eficaz no
tratamento do transtorno depressivo maior, reduzindo ou promovendo a remissão
dos sintomas, além de prevenir possíveis recaídas.
Tal fato se baseia em inúmeras pesquisas que apontam que pessoas que
usam a TCC permanecem boas por mais tempo seja em combinação com o uso de
antidepressivos ou não. Pois se tratar de uma abordagem dirigida, breve e
estruturada, que tem como finalidade ensinar o paciente ser o seu próprio terapeuta.
Sendo assim, o paciente aprende técnicas que o ajuda a processar as
informações de forma mais realística, permitindo assim, corrigir distorções
cognitivas, com intuito de modificá-las ou substituí-las por algo mais adaptativo.
Ademais, essas ferramentas possibilita leva-lo a um estado de consciência de si, ao
descobrir os danos que o transtorno pode causar em sua vida.
Em suma, conclui-se que a metodologia utilizada no manejo das intervenções
da TCC é uma importante aliada no tratamento do transtorno depressivo maior, pois
tem como objetivo a modificação de comportamentos e pensamentos disfuncionais
para algo mais apropriado. Além disso, o psicólogo da TCC incentiva a participação
ativa do paciente durante todas as sessões, fazendo com que se sinta estimulado a
usar as técnicas mesmo após o término do tratamento. Com isso o resultado
esperado se torna mais rápido e duradouro, melhorando assim a qualidade de vida
do indivíduo.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-V.5. ed. Porto Alegre: Artmed., 2014, 976 p.