Av2 Psicodiagnostico Grupo8
Av2 Psicodiagnostico Grupo8
Av2 Psicodiagnostico Grupo8
Rio de Janeiro
2021
TRABALHO DE AV-2 DA DISCIPLINA PSICODIAGNÓSTICO - GRUPO 8
Colaboradores – Grupo 8:
Rio de Janeiro
2021
PARTE 1 (AV1) – PSICODIAGNÓSTICO NA
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL
Neste trecho do trabalho, apresentado anteriormente como AV1 e agora reeditado,
trazemos resumos de artigos acadêmicos sobre psicodiagnóstico com base na Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC). É essa a abordagem teórica escolhida pelo grupo para pesquisa e
posterior desenvolvimento de um psicodiagnóstico sobre caso proposto em sala de aula.
Aron Beck criou a TCC em meados dos anos de 1960, visando ao tratamento da
depressão (BECK, 2014). Desde então, suas técnicas têm sido aprimoradas e utilizadas no
tratamento de diversos outros distúrbios de ordem psíquica. Conforme Rangé (2011, p.21), os
terapeutas cognitivistas se baseiam no pressuposto de que a forma como o sujeito interpreta os
fatos, mais do que os fatos em si, influencia o comportamento dele e a maneira como vai se
relacionar com a vida. Diferentes indivíduos, portanto, terão diferentes interpretações e reações,
mesmo que vivenciem situações semelhantes.
Entrevista sobre Transtorno Depressivo Maior (TDM): São também perguntas baseadas no
DSM-5, com critério diagnóstico para existência de cinco ou mais dos seguintes sintomas: (1)
humor deprimido; (2) acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as
atividades; (3) perda ou ganho significativo de peso sem fazer dieta; (4) insônia ou hipersonia;
(5) agitação ou retardo psicomotor; (6) fadiga ou perda de energia; (7) sentimento de inutilidade
ou culpa excessiva ou inapropriada; (8) capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou
indecisão e pensamentos recorrentes de morte. Esses sintomas precisam ocorrer durante duas
semanas, sendo necessário que representem uma mudança em relação ao funcionamento
anterior.
Bateria Fatorial de Personalidade (BFP): Avalia a personalidade por meio do modelo dos
Cinco Grandes Fatores: neuroticismo, socialização, realização, abertura e extroversão.
Conclusão da Parte 1
Vamos precisar marcar um encontro também com a sua avó, sua mãe e o seu pai. Nada
do que conversarmos será passado para eles, o sigilo das nossas conversas é garantido, e isso é
muito importante que você saiba. Mas se houver necessidade de tratar com eles de algum
assunto especificamente, conversaremos com você e veremos como isso poderá ser feito.
Aguardamos você na semana que vem, sexta-feira, às 15h. Boa tarde e até lá!
ANÁLISE DOS TESTES
• Teste de Apercepção Temática (TAT)
O Teste de Apercepção Temática (TAT) é considerado uma técnica projetiva, utilizada para
revelar impulsos, emoções, sentimentos, e conflitos da personalidade. Uma das finalidades é
expor tendências sobre as quais nem sempre o paciente tem consciência.
PRANCHA N° 1
O que mostra: Um menino está contemplando um violino pousado diante dele numa mesa.
A história que Sofia criou: Ele está triste, parece sem amigos. (Silêncio) parece que ele quer
brincar de luta. Os pais dele estão juntos, mas não têm muito tempo para ele pois trabalham
muito e isso afeta o psicológico dele porque queria ter os pais perto para brincar ou uma irmã,
mas de tivesse uma irmã, aí mesmo que não teriam tempo para ele. E os amigos também não
gostam dele.
Interpretação: Observamos que o herói da história é o menino, nossa paciente o descreve como
uma criança triste e solitária, tal qual as informações que nos são passadas na própria explicação
da prancha. Não houve distorções quanto aos objetos que são apresentados na figura. Sofia
introduz em sua narrativa outros personagens (pai, mãe, amigos) e a irmã (que é um desejo
conflitante dela). No contexto geral Sofia sente-se triste e angustiada pois deseja além de tudo
ser amada, vista, por aqueles que foram introduzidos na história, seus pais e amigos.
PRANCHA N° 2
O que mostra: Cena do campo: no primeiro plano, há uma jovem carregando livros nas mãos;
no fundo, um homem trabalhando nos campos e uma mulher mais velha como espectadora da
cena.
A história que Sofia criou: Parece estar cansada pois trabalha muito. Todo mundo a
menospreza.
Interpretação: Aqui uma jovem carrega os livros e, assim como na primeira prancha, não
houve distorção da figura. Porém, há omissão dos outros dois personagens: o homem que está
trabalhando no campo e a mulher grávida. Um dos aspectos evocados por essa figura é a área
que envolve as dinâmicas familiares, fator bastante comentado por Sofia em suas sessões com
as psicólogas. Outro ponto inerente à imagem exibida nesta prancha refere-se ao nível de
aspiração aparentemente limitado, devido aos estímulos do ambiente disfuncional em que Sofia
vive, o que acaba por fazer com que ela se sinta cansada pois mesmo após os contínuos esforços
por ela elaborados para ser notada, ela é menosprezada por aqueles que deveriam acolhê-la.
PRANCHA N° 4
O que mostra: Uma mulher está agarrando os ombros de um homem cujo corpo e cuja face
estão virados como se ele estivesse tentando escapar dela.
Interpretação:
Novamente há omissão de um personagem da prancha. Aqui a área trabalhada pela figura é a
dos conflitos nas relações intimas, algo normal no cotidiano de nossa paciente, sua dinâmica
familiar é permeada destas ocasiões, ela se sente abandonada pelos pais e rejeitada pelos amigos;
de forma geral ela sente-se traída por não receber afeto em seu nicho familiar e social.
PRANCHA N° 5
O que mostra: Uma mulher de meia idade está no umbral de uma porta meio aberta olhando
para dentro.
A história que Sofia criou: Parece estar com raiva, só não sei por quê. (Silêncio) ela parece
com raiva porque viu o marido traindo-a.
Interpretação: Assim como revela o texto que explica a prancha, Sofia introduziu em sua
história um segundo personagem, nesse caso o marido da figura principal. Em um dos tópicos
da explicação da prancha foi exposto um registro que fala de movimentos ambivalentes, o que
acontece também no relato da Sofia, que aparenta experimentar simultaneamente amor e raiva
por não receber afeto de seus objetos de amor (pais e amigos).
PRANCHA N° 10
A história que Sofia criou: (Bastante tempo em silêncio) ela está magoada e o pai está tentando
acalmá-la.
Interpretação: O Abraço é o nome desta prancha, e aqui somos remetidos às situações como
despedidas, reencontros, separação dentre outras circunstâncias inerentes aos relacionamentos
interpessoais. Percebe-se no relato de Sofia que esta foi uma história carregada de emoção, o
silêncio presente antes da elaboração do contexto ficcional corrobora esta afirmação. Sofia
sente-se desolada, magoada pelas coisas que ouve das pessoas próximas com quem estabelece
ou tenta estabelecer algum tipo de vínculo. O trecho em que ela diz “o pai está tentando
acalmá-la” sugere um desejo íntimo exposto em forma de palavras de receber consolo de seu
pai, de sentir-se protegida daqueles que a causam tristeza e dor.
PRANCHA N° 3MF
O que mostra: Uma jovem está de pé com a cabeça abaixada, com o rosto coberto com a mão
direita. O braço esquerdo está esticado para a frente segurando-se a uma porta.
A história que Sofia criou: (Bastante tempo em silêncio) ela está triste pois perdeu o emprego
Interpretação: Na prancha a jovem na porta, Sofia não nos trouxe nenhum outro personagem,
contudo o conteúdo criado por ela condiz exatamente com o exposto pela figura que explora
áreas como desespero, abandono, fracasso etc. por ser menor de idade a paciente não trabalha,
é possível então que inconscientemente tenha ocorrido a substituição do fator que gera os
sentimentos acima citados. Sofia sente-se abandonada e frustrada além de acreditar que
fracassou em suas relações.
PRANCHA N° 6MF
O que mostra: Uma jovem mulher sentada na beira de um sofá olha por trás dos ombros para
um homem mais velho, que tem um cachimbo e que parecer estar dirigindo-se a ela.
A história que Sofia criou: (Bastante tempo em silêncio, mais do que os outros. Também ficou
inquieta) ela ficou assustada porque o pai dela pediu para ela se casar com um cara que ela não
gosta.
Interpretação: A figura da prancha pode ser percebida como possibilidade de contato afetivo
/ sexual. Sofia relaciona a imagem à ideia de casar-se com alguém que não gosta. Na entrevista,
ela relatou ter passado dez dias de férias na casa da mãe, que mora com o padrasto. Sofia não
gosta de falar sobre o assunto. Isso, somado ao que ela escreveu sobre a figura da prancha, pode
indicar alguma questão relacionada a abuso sexual, o que demandaria maior investigação.
PRANCHA N° 7MF
O que mostra: Uma mulher mais velha está sentada num sofá junto de uma menina, lendo ou
falando com ela. A menina, que segura uma boneca no colo, olha em outra direção.
A história que Sofia criou: A mãe pediu para menina segurar a irmã dela, mas ela não quis
segurar porque estava com ciúmes. Por isso, a mãe estava olhando para ver se ela faria alguma
coisa com sua irmã.
Interpretação: As áreas exploradas nessa prancha são a imagem da mãe, a dinâmica familiar
e a atitude frente à maternidade, principalmente se houver distorção ou hesitação em relação à
boneca. Em sua história Sofia cita a boneca como se fosse sua irmã e demonstra o sentimento
de ciúmes dela. Talvez o histórico de sua relação com sua mãe possa confirmar seu sentimento
de ciúme se levarmos em consideração o fato da mesma ser criada pela avó enquanto seus
irmãos estão sendo criados pela mãe, conforme ela relatou nas sessões
PRANCHA N° 8MF
O que mostra: Uma mulher está descansando, segurando o queixo e olhando no vazio.
PRANCHA N° 9MF
O que mostra: Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão olha, por trás de uma árvore,
outra jovem num vestido de festa, que corre na beira de uma praia.
A história que Sofia criou: (Silêncio) a empregada deixou a comida cair e a dona da casa está
brigando com ela
Interpretação: A prancha explora áreas como a competição feminina, atitude frente ao perigo,
ao desconhecido, ao proibido, além da espionagem, culpa e perseguição. A história criada por
Sofia sugere seu relacionamento com sua mãe, atravessado por situações conflituosas que
geram culpa e sensação de perseguição.
Pranchas parte 2:
PRANCHA N°11
O que mostra: Uma estrada margeia um precipício entre altos penhascos. A distância, veem-
se formas obscuras na estrada. Projetando-se da parede rochosa de um lado, veem-se a cabeça
e o pescoço de um dragão.
O que mostra: Um barco a remo foi arrastado para a margem de um curso de água num bosque.
Não há figuras humanos no quadro.
Interpretação: A prancha em questão aborda as áreas que dizem respeito às fantasias e desejos
do avaliando. Em sua história Sofia relata a presença de uma menina acompanhada de seu
cachorro enquanto come uma maçã, o que demonstra sua tendência fantasiosa e fuga da
realidade uma vez que não há na prancha a presença de figuras humanas.
PRANCHA N° 13M
Interpretação: Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas, são as áreas que essa
prancha explora. Sofia não criou nenhuma história para esta figura, o que sugere sua dificuldade
de falar e lidar com esses sentimentos.
PRANCHA N° 14
O que mostra: A silhueta de um homem (ou de uma mulher) numa janela clara. O resto do
quadro é totalmente negro.
A história que Sofia criou: Parece que ele quer se jogar do prédio.
PRANCHA N° 15
O que mostra: Um homem esquálido, com as mãos entrelaçadas, está entre túmulos.
A história que Sofia criou: Ele está no Cemitério para visitar a mãe que morreu.
PRANCHA N° 16
A história que Sofia criou: Eu acho que estava no parquinho com pássaros voando.
PRANCHA N° 17MF
O que mostra: Uma ponte sobre a água. Uma figura de mulher debruça-se na amurada. No
fundo, há edifícios altos e figurinhas de homens.
A história que Sofia criou: (Bastante tempo em silêncio) é uma menina que está prestes a se
jogar da ponte
Brenda: o que ela está pensando?
Sofia: Que se ela estivesse morta ninguém iria se importar porque estaria fazendo o que todos
pedem a ela.
Interpretação: Esta prancha trata de questões como frustração, depressão, auto castigo,
suicídio, reações frente ao controle familiar bem como de sentimentos depressivos. Percebe-se
na história de Sofia tendência suicida reforçada por sua baixa autoestima, tristeza, frustração e
sentimento de abandono e desprezo que sofre por parte de sua família e amigos.
PRANCHA N° 18MF
O que mostra: Uma mulher aperta as mãos em torno da garganta de outra mulher que parece
estar sendo empurrada para trás junto ao corrimão de uma escada.
A história que Sofia criou: O avô morreu de infarto e a criança está triste, só tinha ele na casa
e ela não tem como falar com ninguém.
Interpretação: Sofia relata sua própria vivência ao criar uma história para essa figura. Pelas
entrevistas, sabe-se que seus conflitos começaram com a morte do avô. A partir dali ela se sentiu
desamparada e sem apoio, especialmente de sua mãe, a figura feminina que deveria estar ao
lado dela. Isso é sugerido pelo comentário de Sofia: “Só o tinha na casa (era seu único amigo),
e ela não tem como falar com ninguém (não tem mais a ninguém para recorrer e pedir ajuda)
PRANCHA N° 19
O que mostra: Um quadro estranho mostrando formação de nuvens, sobrepairando uma cabana
coberta de neve no campo.
A história que Sofia criou: Um navio que tem várias pessoas, parece ter uma tempestade.
PRANCHA N° 20
O que mostra: Figura sutilmente iluminada de um homem (ou mulher) na escuridão da noite,
encostado num poste de luz.
A história que Sofia criou: Uma mulher e um homem, está de noite, estão olhando o céu, a lua
e as estrelas, são um casal. Estão comemorando 1 ano de namoro.
As histórias criadas por Sofia nos revelam diversas facetas de sua personalidade. Os momentos
de silêncio, ao se deparar com figuras que lhe despertavam tristeza, solidão e desamparo, foram
recorrentes, o que sugere dificuldade de Sofia em elaborar esses sentimentos. Essa dificuldade,
inclusive, pode ser correlacionada ao fato de ela praticar automutilação. O teste indica também
que Sofia demonstra traços de insegurança, carência afetiva, baixa autoestima, fuga da realidade
e tendência à fantasia. O resultado do TAT indica lapsos de raiva e desejos inconscientes de
morte da mãe, o que sugere problemas de relacionamento no ambiente familiar. O TAT aponta
também que Sofia tem ideação suicida.
• Teste do Desenho da Casa-Árvore-Pessoa (HTP)
- DESENHO DA CASA
Observações:
• Tempo para completar a árvore: não informado.
• Rasuras: Não.
• Linhas não esboçadas ou reforçadas: Não.
Localização do desenho no papel – Revela a adaptação do sujeito ao meio. No caso de Sofia,
o desenho da casa está do lado esquerdo da página, o que indica introversão, e na metade inferior,
o que sugere insegurança e/ou humor mais deprimido. A casa desenhada por Sofia está colocada
no canto inferior esquerdo, mais precisamente. Aponta regressão e conflitos.
Tamanho das figuras – Também diz muito sobre quem desenha. As figuras pequenas, como a
casa desenhada por Sofia, sugerem sentimento de inferioridade, com dificuldade em se colocar
no meio; inibição, timidez, repressão da agressividade, comportamento emocionalmente
dependente e ansioso. Sugerem também, eventualmente, inteligência elevada, mas com
problemas emocionais por sentimento de inadequação, baixa autoestima, insignificância,
excesso de autocontrole e reação inadequada às pressões ambientais (comum em depressivos).
Porta muito pequena – É desproporcional. Significa timidez e receio nas relações com os
outros.
Porta excessivamente grande – São duas assim no desenho de Sofia. Sugere necessidade de
interação: quanto maior a porta, maior a dependência do meio externo (pode indicar Transtorno
de Personalidade Dependente).
Sol – Na maioria das vezes, simboliza a figura de maior autoridade ou de maior valência
emocional. No desenho de Sofia, é pequeno e distante da casa. Indica dificuldade de
relacionamento com essa figura materna ou paterna ou ambas.
Análise sobre o desenho da CASA: A casa desenhada por Sofia indica muito fortemente, e de
maneira repetida, sentimentos de inadequação ao meio e de inferioridade, com baixa autoestima
e sensação de insignificância. A dificuldade na relação familiar é outro aspecto bastante
marcante que os traços de Sofia sugerem. O isolamento social e a evitação do contato com
outras pessoas também aparecem. Sofia, pelo que aponta o desenho da casa, é uma adolescente
retraída, insegura e com tendência a recorrer à fantasia, diante de uma realidade que para ela
parece ser assustadora.
- DESENHO DA ÁRVORE
Observações:
• Tempo para completar a árvore: não informado.
• Rasuras: poucas, na parte do tronco.
• Linhas não esboçadas ou reforçadas: não.
Em relação à posição na página, Sofia repete o padrão do desenho anterior. Sua árvore
ocupa uma parte reduzida da página e está na margem inferior, o que, mais uma vez, revela
insegurança e humor deprimido.
Outra repetição de padrão está no desenho
do sol: pequeno e muito longe da figura
principal (no caso, a árvore). Isso demonstra
um distanciamento em relação à figura de
autoridade ou de maior valência emocional,
que tanto pode ser o pai quanto a mãe, ou
ambos.
Outras características do desenho da árvore de
Sofia e o que indicam:
Sol minúsculo e distante – Sentimento de que o ambiente geral proporciona pouco calor ou
sensação de um grande distanciamento em relação às figuras parentais ou de autoridade.
- DESENHO DA PESSOA
Os desenhos na maioria das vezes revelam problemas infantis e representam um dos canais de
expressão de medos, esperanças e fantasias. O desenho da Pessoa manifesta três tipos de
projeções: autorretrato, eu ideal ou ideal de ego (como gostaria de ser) e percepção das pessoas
significativas (pai, mãe, irmãos e outros).
Desenho da figura 1:
Observações:
• Tempo para completar a figura: Não informado.
• Rasuras: Não.
• Linhas esboçadas ou reforçadas: Não.
• Ordem em que as partes foram desenhadas: sem informação.
Olhos fechados – Introversão, não aceitação do meio, passividade em relação ao meio, estado
de dependência, imaturidade afetiva, recusa da realidade.
Boca com as comissuras para cima, igual de palhaço – Desejo de aceitação social,
imaturidade psíquica.
Orelhas ausentes ou omitidas pelo cabelo – É comum, mas pode indicar passividade em
alguns casos.
Omissão de pescoço – Sensação de desamparo.
Mãos maiores em relação a outras partes do corpo (braços por exemplo) – Menos valia,
impotência e dificuldade no contato.
Desenho da figura 2:
1. Identificação
Autores:
2. Descrição da demanda
Paciente Sofia, de 13 anos, foi encaminhada para avaliação psicológica pela Clínica de
Saúde da Família com fins de diagnóstico. Sofia se apresentou à clínica após orientação de uma
amiga. A responsável pela adolescente é a avó paterna.
Sofia informou que há algum tempo vem sendo acometida por quadro de ansiedade;
contou que pratica automutilação, após ouvir vozes; e disse que nenhum membro da família
sabe disso. Mencionou não ter bom relacionamento com os pais, que são separados. De acordo
com o relato da paciente, o quadro apresentado iniciou após a morte do avô paterno. Paciente
informou que sofre bullying na escola, por sua aparência, segundo relato dela, e que não tem
muitas amizades.
3. Procedimento
4. Análise
Durante os encontros iniciais, foi possível observar que Sofia, apesar do tom de voz
calmo, demonstrava nervosismo, pois balançava a perna frequente e rapidamente. Foi possível
perceber também na paciente, no decorrer das outras sessões, baixa autoestima e tendência a
fantasias e alucinações. Essas alucinações estão relacionadas a relatos de Sofia sobre conversas
que diz ter com adolescentes mortos e o avô paterno, já falecido.
Realizados os testes (TAT e HTP), para fim de avalição de personalidade, foi observado,
em relação ao campo familiar, que Sofia possui sentimentos de raiva ou ódio para com a mãe.
Isso sugere relação familiar não harmoniosa. As informações coletadas apontam para um
desinteresse de Sofia pela vida, inclusive com ideação suicida. Sofia também apresenta traços
de inferioridade, menos valia, depressão, tendência a fantasias, insegurança e imaturidade. Uma
característica marcante da personalidade de Sofia é a retração, com sensação de inadequação
em relação ao ambiente e introversão, que levam a isolamento social.
5. Conclusão
Após análise dos testes e das entrevistas, concluímos que Sofia demonstra carência
afetiva, com sensação de desamparo e dificuldades nos relacionamentos social e familiar.
Apresenta sintomas compatíveis com os observados em casos de Transtorno Depressivo Maior
(TDM) – tristeza, solidão, ansiedade, insônia ou hipersonia, sentimento de inutilidade e ideação
suicida – e também com os de transtornos de ansiedade, em particular o Transtorno de
Ansiedade Social – inibição, timidez, insegurança, sentimento de inferioridade diante de outras
pessoas, baixa autoestima e temor de ser mal avaliada por seus pares. Sofia tem tendência à
fantasia e relata alucinações, o que sugere quadro compatível com algumas das características
essenciais que definem os transtornos psicóticos, segundo o DSM-V.
DEVOLUTIVA
Olá, Sofia, o nosso encontro de hoje, conforme planejamos, é o último. E nele você vai
conhecer o seu psicodiagnóstico, feito após as entrevistas e os testes realizados nesse período.
Você demonstra forte inibição no contato social e baixa autoestima, com sentimento de
inferioridade em relação às outras pessoas. Essas sensações são resultado de uma visão
distorcida que você tem de si mesma, dos outros e da vida, de maneira geral. Isso faz com que
você veja o mundo que está ao seu redor como ameaçador e destrutivo. E então você se sente
insegura, se retrai e busca o isolamento, para se proteger.
Esses sentimentos, somados a aspectos da sua história de vida, a deixam desanimada, para
baixo, e seus pensamentos sobre você mesma e sobre como as pessoas a veem só reforçam a
imagem negativa que você tem de si mesma.
O diagnóstico, no seu caso, é de sintomas compatíveis com transtornos de depressão e de
ansiedade, relacionados diretamente ao quadro que você apresenta de humor deprimido e forte
inibição no trato social. Há também, nos seus relatos e nos resultados dos testes, aspectos que
apontam para a possibilidade de algum transtorno psicótico, o que indica a necessidade de um
acompanhamento psiquiátrico.
Esse psicodiagnóstico será compartilhado também com a sua avó paterna, como sua
responsável legal, e com o médico da Clínica de Saúde da Família que encaminhou você para
essa avaliação psicológica. Um laudo psicológico será escrito e entregue a você e a eles.
Você tem alguma dúvida sobre o que expomos acima? Se sim, fique à vontade para fazer
qualquer pergunta.
Na prática clínica, não há fronteira entre terapia e psicodiagnóstico (SOUZA & CÂNDIDO,
2009). Assim como na terapia, na avaliação psicológica, com base na TCC, terapeuta e paciente
são parceiros. Elaboram juntos o roteiro do procedimento. Na primeira entrevista, o paciente já
é informado sobre o método de trabalho e toma conhecimento de que sua colaboração será
fundamental para o resultado. O psicodiagnóstico segue um plano de avaliação, com sessões
estruturadas, ou seja: há sempre uma pauta previamente preparada e um roteiro a ser seguido.
Ferramentas muito utilizadas pelo profissional cognitivista são as tarefas de casa, prescritas e
depois conferidas, e o estímulo ao feedback do paciente ao fim das sessões. A TCC se utiliza
muito da classificação diagnóstica, com base no DSM-V, e de inventários. Questionários de
autorrelato são entregues ao paciente e servem como instrumento para saber informações sobre
ele. O objetivo é ter o máximo de dados possível a respeito do paciente, e, para isso, entrevistas
com parentes, amigos e pessoas da convivência dele são possíveis no processo de avaliação.
Em alguns casos, poderão ser solicitados pelo terapeuta resultados de exames médicos do
paciente, para conhecimento sobre eventuais problemas de saúde que interfiram nos processos
mentais (BECK, JUDITH S., 2013, p.22).
Na fase inicial da avaliação psicológica, são feitas a entrevista para conhecimento das queixas
do paciente e a anamnese, com o levantamento do histórico sobre ele. Na fase intermediária,
são aplicados os testes psicológicos. A TCC é uma abordagem que se utiliza bastante de
formulários, e isso acaba sendo um facilitador em processos de psicodiagnóstico. Há inclusive
alguns exclusivos da TCC, como o Inventário de Depressão de Beck: É um instrumento de
autoavaliação que revela sintomas de depressão e mede sua intensidade. Por fim, ocorre a
entrevista de devolução, com formulação de laudo psicológico, se for necessário.
Com base no apurado sobre Sofia, o passo seguinte seria o psicodiagnóstico propriamente dito,
com recomendações sobre o tratamento. É para isso que ele serve: orientar na indicação da
terapia mais adequada, de maneira bem fundamentada (NORONHA E COLS., 2003). No olhar
da TCC, psicopatologia é o resultado de crenças excessivamente disfuncionais e de
pensamentos demasiadamente distorcidos que prejudicam a visão da pessoa sobre a realidade
e resultam em disfunções de humor e de comportamento (SOUZA & CÂNDIDO, 2009). A
indicação para Sofia seria a de tratar essas suas questões internas com apoio da TCC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS