Aspectos Quanticos de Buracos Negros Radiação Hawking (TCC)
Aspectos Quanticos de Buracos Negros Radiação Hawking (TCC)
Aspectos Quanticos de Buracos Negros Radiação Hawking (TCC)
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
GRADUAÇÃO EM FÍSICA
FORTALEZA
2016
DÉBORA AGUIAR GOMES
FORTALEZA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Em primeiro lugar, quero agradecer aos familiares e amigos pelo apoio e com-
preensão oferecidos, que foram de fundamental importância. Agradeço especialmente
à minha mãe, pelo exemplo de dedicação, e aos amigos Sarah Rosas, Beatriz Santiago,
Deborah Nogueira, Paulo Henrique Pessoa e Anderson Lemos, que me acompanharam de
perto durante a minha graduaçao.
Quero agradecer ao professor Carlos Alberto Santos de Almeida, por sua ori-
entação e ensinamentos durante o perı́odo em que fui sua aluna de iniciação cientı́fica e por
ter confiado na minha capacidade. Gostaria de agradecer também aos professores Vitor
Santos, Euclides Gomes e Roberto Maluf que contribuiram muito para o meu desenvolvi-
mento durante a iniciação cientı́fica e compartilharam seu conhecimento e experiência.
Many works have been developed in black hole theory since the publication of Schwarzs-
child’s solution for Einstein’s field equations. Classically, a black hole is defined as a
physical object that can not eject matter or radiation, but only absorb them. However,
due to quantum effects, a black hole can emit radiation with a blackbody spectrum. This
effect, presented by Stephen Hawking in 1975, is called Hawking radiation. This effect
points to a connection between the mechanics of black holes and thermodynamics. The
most important example of this is given by the similarity between the properties of the
area of a black hole and the entropy associated with it. In this work, we present the
main classical results of black hole theory, the analogy between black hole mechanics and
thermodynamics, and describe Hawking radiation quantically.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2 TEORIA DA RELATIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.1 Relatividade Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.1.1 Introdução e Princı́pios de Relatividade Especial . . . . . . . 14
2.1.2 Transformações de Lorentz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.3 Intervalo de Espaço-Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.4 Tempo Próprio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1.5 Dilatação do Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.6 Mecânica Relativı́stica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2 Relatividade Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.1 Princı́pio da Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.2 Transporte Paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.3 Curvatura e Tensor de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.4 Tensor Energia-Momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3 Equação de Einstein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3 BURACOS NEGROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Buracos Negros de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2.1 Coordenadas de Eddington-Finkelstein . . . . . . . . . . . . . 36
3.2.2 Coordenadas de Kruskal-Szekeres . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3 Buracos Negros de Kerr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.1 Horizonte de Kerr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3.2 Outras Métricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4 RADIAÇÃO HAWKING . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.1 Analogia Termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2 Transformações de Bogoliubov . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Evidências Experimentais da Radiação Hawking . . . . . . . . 53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
APÊNDICE A -- RELATIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . 56
A.1 Transformações de Galileu x Transformações de Lorentz . . . 56
A.2 Tensores e Álgebra de Tensores . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
A.2.1 Tensor Métrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
A.2.2 Conexão Afim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
A.2.3 Derivada Covariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
A.2.4 Propriedades Algébricas do Tensor de Riemann . . . . . . . . 66
APÊNDICE B -- CÁLCULO DOS COEFICIENTES DE BO-
GOLIUBOV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
12
1 INTRODUÇÃO
A Relatividade Especial (RE) [5], proposta por Albert Einstein em 1905, foi
responsável por uma revolução cientı́fica e até mesmo filosófica, ao substituir os conceitos
de tempo e espaço, que eram independentes entre si, pelo conceito de espaço-tempo.
A necessidade da reformulação desses conceitos surgiu quando se provou que
as leis da eletrodinâmica, ao contrário das leis da mecânicas de Newton, não se conservam
na passagem de um referencial inercial para outro por meio de uma transformação de
Galileu. Neste caso, a noção de relatividade proposta por Galileu não podia ser válida.
Para reconciliar as leis da eletrodinâmica com as leis mecânicas, sugeriu-se que o universo
seria permeado por um fluido, o éter, meio material no qual as ondas eletromagnéticas se
propagariam.
Apesar dos muitos experimentos feitos, dentre eles o interferômetro de Michelson-
Morley, o éter não foi detectado. A existência do éter foi então bastante questionada
ao final do século XIX. Nesse contexto, Einstein considerou o conceito do éter como
desnecessário e partiu do pressuposto de que não existe um referencial absoluto mas sim
que cada referencial está em movimento em relação a outro [6].
A teoria da Relatividade Geral [7], publicada por Einstein em 1915, conduziu a
um entendimento sobre a geometria do espaço-tempo e de como ela é alterada pela matéria.
Além disso, a RG tornou possı́vel a compreensão de como a gravidade afeta a luz. Logo
após, em 1916, Karl Schwarzschild publicou uma solução da equação de Einstein para o
caso de simetria esférica [8]. Tal solução está relacionada a buracos negros perfeitamente
simétricos e sem rotação.
Apesar do termo Buraco Negro ser de origem recente, tendo sido cunhado
por John Wheeler em 1969 [9], a ideia do que seria esse objeto remete ao fim do século
XVIII, quando John Michell, baseando-se na mecânica newtoniana, sugeriu a existência
de estrelas tão massivas e compactas que nem mesmo a luz poderia escapar de seu campo
gravitacional. À época, ele as batizou de estrelas escuras. Esses foram os objetos que mais
tarde receberiam o sugestivo nome de buracos negros, pois não seria possı́vel vê-los, já que
sua luz não poderia nos atingir e, uma vez dentro de um buraco negro, não seria possı́vel
vencer seu campo gravitacional [10].
Após Schwarzschild, outras soluções de buracos negros surgiram, como por
exemplo, a solução de Kerr para buracos negros com rotação [11]. Juntamente com os
buracos negros de Schwarzschild, os buracos negros de Kerr constituem as duas soluções
de maior interesse cientı́fico. A primeira por ser o caso mais simples e a segunda por
13
representar a maioria dos objetos astrofı́sicos conhecidos. Além delas, outras soluções como
as métricas de Reissner-Nordström [12] para objetos simetricamente esféricos eletricamente
carregados e a métrica de Kerr-Newman [13] para objetos eletricamente carregados e em
rotação foram publicadas. Esta última, tem como parâmetros somente a massa do buraco
negro, sua carga e seu momento angular. Com base nisso, o teorema “no-hair” foi proposto.
Este teorema afirma que um buraco negro estacionário pode ser caracterizado somente
por esses parâmetros, enquanto todas as demais informações sobre o objeto colapsado que
gerou o buraco negro estariam inevitavelmente perdidas [9].
Na década de 1970, Stephen Hawking trouxe uma perspectiva quântica ao
estudo de buracos negros, ao descobrir que eles emitem radiação [14]. A radiação Hawking,
como ficou conhecida, possui um espectro tal como o espectro de corpo negro. Na mesma
década, Bekenstein publicou a analogia entre as leis mecânicas de buracos negros e as leis
da termodinâmica, calculando inclusive a entropia e a temperatura de um buraco negro
[15].
Muitos trabalhos cientı́ficos vem sendo desenvolvidos tanto na tentativa de
unificar a relatividade geral com a mecânica quântica, quanto na tentativa de provar
experimentalmente a existência da radiação Hawking. Um importante passo nesse sentido,
foi dado por Unruh [16], que percebeu que ondas sonoras se propagando em um fluido
supersônico apresentam comportamento semelhante ao da luz sob a influência de um
campo gravitacional. Desde então, surgiram muitos modelos teóricos de análogos acústicos
de buracos negros e experimentos tem sido realizados no sentido de comprovar a existência
dessa radiação.
Esta monografia tem como objetivo, abordar os conceitos básicos relacionados
à teoria de buracos negros e à radiação Hawking e se divide da seguinte forma: O capı́tulo
2 se destina a uma introdução da teoria da relatividade especial e geral. No capı́tulo 3,
apresentaremos alguns dos resultados mais importantes relacionados às principais soluções
de buracos negros. O capı́tulo 4, aborda a radiação Hawking e está divido em duas seções
principais: a primeira se destina à apresentação das leis mecânicas de buracos negros,
em analogia às leis termodinâmicas; a segunda se destina a estudar a radiação Hawking
utilizando a mecânica quântica. No capı́tulo 5, apresentamos as considerações finais e as
perspectivas de trabalho.
14
2 TEORIA DA RELATIVIDADE
Como já mencionado, as leis da eletrodinâmica não são invariantes sob trans-
formações de Galileu. Entretanto, resultados experimentais indicam que o eletromag-
netismo está correto, portanto não é necessário corrigı́-lo. Para resolver isso, Einstein
propôs a substituição das transformações de Galileu pelas transformações de Lorentz.
Tais transformações, foram obtidas empiricamente por Lorentz, afim de sustentar a teoria
do éter.[6]. As transformações de Lorentz constituem um importante grupo de simetria
chamado grupo de Lorentz. Sob estas transformações, tanto as leis de Maxwell quanto a
velocidade da luz permanecem invariantes, mas as leis mecânicas de Newton não. Então,
Einstein reformulou as leis de movimento de maneira que elas fossem invariantes sob
transformações de lorentz. Deste modo, surge o novo princı́pio da relatividade que diz que
as leis fı́sicas devem ser Lorentz invariantes [19].
Uma transformação de Lorentz transforma um sistema de coordenadas inercial
xα em outro sistema de coordenadas x0α da seguinte forma [19]:
com
−1, se α = β = 0;
ηαβ = +1, se α = β = 1, 2, 3; (2.3)
0, se α =6 β.
Desejamos determinar as constantes Λαβ . Então, vamos supor que temos dois
referenciais inerciais, e um deles se move com velocidade constante v em relação ao outro.
Se, para o primeiro referencial, O, temos uma partı́cula em repouso, então de acordo com
o referencial O’, essa mesma partı́cula estará em movimento com velocidade v . Podemos
relacionar os deslocamentos da partı́cula para ambos os referenciais da seguinte forma:
dx0i = Λi dt, (i = 1, 2, 3);
0
⇒ (2.6)
dt0 = Λ0 dt.
0
dxi Λi
= 0 0 = v i = vi , (2.7)
dt Λ0
⇒ Λi 0 = vi Λ0 0 . (2.8)
1
⇒ Λ0 0 = √ = γ,
1 − v2
⇒ Λi 0 = vi Λ00 = γvi . (2.11)
Note que, para obtermos a coordenada temporal com dimensão de espaço, devemos ter
dx0 = cdt, mas aqui estamos usando as coordenadas naturais, nas quais c = 1.
17
Como o intervalo entre dois eventos deve ser o mesmo para qualquer referencial
inercial, devemos ter ds02 = ds2 . A partir da equação (2.4) obtemos [19],
ds02 = ηµν dx0µ dx0ν = ηµν Λµα dxα Λν β dxβ = (ηµν Λµα Λνβ )dxα dxβ = ds2 = ηαβ dxα dxβ . (2.14)
Uma propriedade interessante do tempo próprio é que ele é invariante sob uma
transformação de Lorentz, como desejado. Com efeito, usando a (2.4) e a condição (2.2),
obtemos
dτ 02 = −ηµν dx0µ dx0ν = −ηµν Λµα dxα Λν β dxβ = −ηαβ dxα dxβ = dτ 2 (2.16)
Vamos supor que para um dado observador inercial O, temos um relógio A que
x=0
está em repouso. O intervalo de espaço-tempo medido por esse relógio será tal que dx
e dt = ∆t. Onde ∆t é o perı́odo de tempo decorrido entre as duas medidas. Deste modo,
seu tempo próprio será [19]
√
dτ = dt2 − dx
x2 = ∆t. (2.18)
Vamos supor agora que um observador inercial O’, que se move com velocidade v em
relação a O, possui um relógio A’ que esteja em repouso de acordo com esse observador.
O relógio A não estará em repouso em relação a O’, mas sim movendo-se com velocidade
v . Para esse observador, se o intervalo de tempo medido para relógio A de acordo com o
relógio A’ for dt0 = ∆t0 , então o intervalo espacial será dx
x0 = vdt0 e seu tempo próprio será
dado por:
p √
dτ 0 = x0 2 = 1 − v 2 ∆t0 .
dt02 − dx (2.19)
dx0µ µ dx
ν
U 0µ = = Λ ν = Λµν U µ . (2.22)
dτ 0 dτ
Vamos considerar que uma partı́cula de massa m cuja trajetória seja descrita
por xµ (dτ ). Deste modo, podemos definir a força relativı́stica que atua sobre esta partı́cula
como: [19]
d2 xµ
fµ = m . (2.23)
dτ 2
Podemos facilmente obter a força relativı́stica para qualquer outro referencial
inercial através da relação f 0µ = Λµν f ν . Com efeito,
d2 x0µ 2 ν
µd x
f 0µ = m = mΛ ν = Λµν f ν . (2.24)
dτ 2 dτ 2
Assim, vemos que a velocidade e a força relativı́sticas são quadri-vetores.
A partir da definição de velocidade (2.21), podemos definir o quadri-vetor
momento [1]
dxµ
pµ = mU µ = m , (2.25)
dτ
onde p0 = E é a energia da partı́cula no referencial O e pi , i = 1, 2, 3, são as componentes
espaciais do momento. Assim, a segunda lei de Newton pode ser reescrita como:
dpµ
fµ = . (2.26)
dτ
Naturalmente, vamos postular que a energia e o momento devem se conservar e, portanto,
o quadri-vetor momento deve se conservar.
Como exemplo, vamos considerar que uma partı́cula de massa m se move em
relação a O com velocidade v na direção x. Então, neste caso a quadri-velocidade uµ e o
21
u0 = γ ⇔ p0 = mγ,
u1 = γv ⇔ p1 = mγv,
u2 = u3 = 0 ⇔ p2 = p3 = 0. (2.27)
1
E ≡ p0 ∼
= m + mv 2 , (2.28)
2
ou seja, a energia da partı́cula será equivalente a sua massa de repouso m mais o termo de
energia cinética.
A partir de agora, trabalharemos não mais com referenciais inerciais, mas sim
com referenciais gerais. Logo, as transformações de Lorentz darão lugar à transformações
gerais de coordenadas e o sistema de coordenadas cartesianos dará lugar à sistemas de
coordenadas gerais. Mas antes disso, vamos enunciar o princı́pio da equivalência de
Einstein:
∂y α µ ∂y β ν
ds2S = ηαβ dy α dy β = ηαβ dx dx = gµν dxµ dxν = ds2S 0 . (2.29)
∂xµ ∂xν
∂y α ∂y β
gµν ≡ ηαβ . (2.30)
∂xµ ∂xν
Mostraremos, no Apêndice A, que a métrica é um tensor covariante. Em particular, ηαβ é
a métrica do espaço de Minkowski, também conhecida como tensor de Minkowski. Vemos
através dessa definição que a métrica está relacionada com a medida de comprimento
de curva num determinado espaço, ou seja, através dela podemos definir como medir o
comprimento de uma curva num espaço qualquer [21] [22]. Veremos adiante como a escolha
da métrica para um determinado espaço define sua curvatura.
Agora, vamos ver qual é a forma da força relativı́stica no referencial S’. Primeiro,
devemos escrever a força relativı́stica no referencial inercial S, que já conhecemos e depois
utilizar as relações entre os dois sistemas de coordenadas [19]. Assim
d2 y µ d dy µ
µ
FS = m 2 = m , (2.31)
dτ dτ dτ
23
ν
onde temos agora dτ = −gµν dxµ dxν . Mas dτd = dx d
dτ dxν
, então
d dy µ dxν
µ 2 ν
dxν d ∂y µ
µ dy d x
FS = m =m +
dτ dxν dτ dxν dτ 2 dτ dτ ∂xν
µ 2 ν
∂ 2 y µ dxν dxσ
dy d x
=m + . (2.32)
dxν dτ 2 ∂xν ∂xσ dτ dτ
dxλ dy µ dxλ
Sabendo que dy µ dxν
= δνλ , podemos multiplicar a última expressão por dy µ
e
obter
dxλ µ
2 λ
dxλ ∂ 2 y µ dxν dxσ
dx
FSλ = µ FS = m + µ ν σ , (2.33)
dy dτ 2 dy ∂x ∂x dτ dτ
FSλ d 2 xλ ν
λ dx dx
σ
⇒ = + Γ νσ , (2.34)
m dτ 2 dτ dτ
dxλ ∂ 2 y µ
Γλνσ = µ ν σ. (2.35)
dy ∂x ∂x
Note que, Γ pode ser nulo no referencial S e não nulo no referencial S’, portanto não se
transforma como um tensor. Demonstraremos isso formalmente no Apêndice A.
De acordo com o Princı́pio da Relatividade, todos os observadores inerciais são
equivalentes. Baseado nisso, Einstein propôs o Princı́pio da Covariância Geral no qual
afirma que todos os observadores são equivalentes, sejam eles inerciais ou não-inerciais.
É natural, portanto, assumir que todas as equações que descrevem leis fı́sicas devem ser
invariantes e para isso, devem ser equações tensoriais [20]. Para tanto, uma equação
escrita para um referencial sob influência de um campo gravitacional deve atender a duas
condições [19]
1 - As equações encontradas devem concordar com a relatividade restrita, onde gµν → ηµν
e Γλνσ → 0;
2 - As equações devem ser covariantes sob uma transformação geral de coordenadas.
obtidas devem ser verdadeiras e, portanto, serão verdadeiras em todos os outros sistemas
inerciais. Desta forma, o Princı́pio da Covariância Geral resulta diretamente do Princı́pio da
Equivalência. Logo, para tornar uma equação covariante, basta escrevê-la para um sistema
de coordenadas e verificar como ela se transforma sob uma mudança de coordenadas.
Porém, o Princı́pio da Covariância Geral só pode ser aplicado numa escala pequena o
suficiente para que possamos construir um sistema de coordenadas local, para o qual não
há influência gravitacional.
Para uma partı́cula livre, a equação de movimento será dada por [19]
d2 xλ ν
λ dx dx
σ
+ Γ νσ = 0. (2.36)
dτ 2 dτ dτ
Note que, na ausência da gravidade retornamos aos resultados já conhecidos da relatividade
restrita
d2 xλ
= 0, dτ 2 = −ηµν dxµ dxν . (2.37)
dτ 2
d2 x0λ 0ν
0λ dx dx
0σ
+ Γ νσ = 0. (2.38)
dτ 2 dτ dτ
d2 x0λ
Mas dτ 2
se transforma como
d2 x0λ 0ν 0σ
∂x0λ d2 xρ ∂x0λ dxκ dxρ α ∂x0λ d2 xα κ ρ
0λ dx dx α dx dx
+ Γνσ = + Γ = + Γκρ .
dτ 2 dτ dτ ∂xρ dτ 2 ∂xα dτ dτ κρ ∂xα dτ 2 dτ dτ
(2.42)
pelo princı́pio da covariância geral, a equação deve ser verdadeira para qualquer sistema
de referência [20].
Desejamos agora, encontrar uma relação entre a conexão afim Γ e a métrica g
[19]. Para isso, derivaremos gµν em relação à xλ , gλµ em relação a xν e gλν em relação a
xµ :
∂gµν ∂y α ∂ 2 y β ∂ 2 y α ∂y β
= η αβ + ηαβ ; (2.43)
∂xλ ∂xµ ∂xλ ∂xν ∂xλ ∂xµ ∂xν
∂gλµ ∂y α ∂ 2 y β ∂ 2 y β ∂y α
= η αβ + ηαβ ; (2.44)
∂xν ∂xµ ∂xλ ∂xν ∂xµ ∂xν ∂xλ
∂gλν ∂y α ∂ 2 y β ∂ 2 y α ∂y β
= η αβ + ηαβ . (2.45)
∂xµ ∂xλ ∂xµ ∂xν ∂xλ ∂xν ∂xν
∂y γ λ ∂ 2 yγ
Como Γ
∂xλ µσ
= ∂xµ ∂xσ
, então
A inversa de gµσ é definida de modo que g µν gµσ = δσν . Logo, multiplicando ambos os lados
da última equação por g µσ obtemos
1 µσ gµν gλµ gλν
Γσλν = g + − µ . (2.48)
2 ∂xλ ∂xν ∂x
onde Γσλν é o que chamamos que de sı́mbolo de Christoffel de primeiro tipo e Γσλν é
o sı́mbolo de Christoffel de segundo tipo. A partir da equação (2.48) obtemos duas
propriedades básicas do sı́mbolo de Christoffel [21]
1) Γσλν = Γσνλ (simetria nos ı́ndices inferiores);
2) Γσλν é nulo se todos os gµν são constantes.
26
Uma outra forma de ver isso, é por meio do transporte paralelo. Por exemplo,
desenhamos uma curva fechada num espaço plano e um vetor no ponto A. Se, partindo
do ponto A, desenharmos, em cada ponto da curva, um vetor paralelo ao vetor no ponto
anterior, obteremos ao final de uma volta completa, um vetor no ponto A que será paralelo
ao vetor original.
O mesmo não acontece na superfı́cie de uma esfera, por exemplo. Agora desenhamos um
27
Agora que já definimos a curvatura de um espaço, devemos ver qual o efeito
de um campo gravitacional na curvatura do espaço. Para isso, vamos construir o tensor
curvatura a partir do tensor métrico e de suas derivadas segundas. O tensor de curvatura
surge quando respondemos a seguinte pergunta: A ordem com que as derivadas covariantes
28
são tomadas altera o resultado final? Para responder, calcularemos Aµ;νσ − Aµ;σν , onde
usamos estamos usando Vν;µ = ∇µ Vν como notação da derivada covariante [21].
∂Aµ;ν
(Aµ;ν );σ = σ
− Γρσµ (Aρ;ν ) − Γρσν (Aµ;ρ )
∂x
∂ ∂Aµ λ ρ ∂Aρ λ ρ ∂Aµ λ
= − Γµν Aλ − Γσµ − Γρν Aλ − Γσν − Γµρ Aλ
∂xσ ∂xν ∂xν ∂xρ
∂ 2 Aµ ∂Γλµν ∂Aλ ∂Aρ ∂Aµ
= σ ν
− σ
Aλ − Γλµν σ − Γρσµ ν − Γρσν ρ + Γρσµ Γλρν Aλ + Γρσν Γλµρ Aλ .
∂x ∂x ∂x ∂x ∂x ∂x
(2.50)
λ
∂Γλµσ ∂Γλµν
Rµνσ = ν
− σ
+ Γρσµ Γλρν − Γρνµ Γλρσ . (2.52)
∂x ∂x
δ
No Apêndice A, mostramos que Rµνρ é um tensor e algumas de suas propriedades. Com
isso, vemos que para a derivada covariante de segunda ordem, o resultado depende da
ordem em que as derivadas são tomadas. Mas, para espaços onde a métrica é constante, o
sı́mbolo de Christoffel é nulo e, consequentemente, obtemos o resultado de que derivadas
parciais de segunda ordem são independentes da ordem com que as derivadas são tomadas.
Vemos, também, que o tensor de Riemann está relacionado com a curvatura do espaço, pois
este será não-nulo somente em espaços onde a métrica não é constante, ou seja, espaços
curvos [19].
δ
A partir do tensor de Riemann Rµνρ podemos obter outros tensores, como:
δ
Rλµνσ = gδλ Rµνσ , (2.53)
onde Rλµνρ é o tensor de Riemann de primeiro tipo [1]. Se contrairmos dois dos ı́ndices do
tensor de Riemann, obteremos o tensor de Ricci [19]
λ
Rµλσ = Rµσ , (2.54)
R = g µσ Rµσ . (2.55)
29
1 ∂
Rλµνρ;η = (gνλ,µρ − gµν,λρ − gρλ,µν + gρµ,λν ). (2.57)
2 ∂xη
Se permutarmos ciclicamente νρ e η, obteremos a identidade de Bianchi:
ν ν ν ν
Rµνρ;η − Rµην;ρ + Rµρη;ν = Rµρ;η − Rµη;ρ + Rµρη;ν = 0. (2.59)
ρ ν ν
R;η − Rη;ρ − Rη;ν = R;η − 2Rη;ν =0 (2.60)
T 000 = ρ, (2.63)
30
T 0i0 = T 0i = 0, (2.64)
Como T µν deve ser um tensor, sua relação com o sistema referencial do laboratório xµ é
dada por
T µν = λmu nu αβ
α λβ T . (2.66)
Portanto,
ρ + pv 2
T 00 = , (2.67)
1 − v2
vi
T 0i0 = (p + ρ) , (2.68)
1 − v2
vi vj
T 0ij = pδij + (p + ρ) . (2.69)
1 − v2
Podemos escrever as últimas relações obtidas numa única equação
T µν = pη µν + (p + ρ)U µ U ν , (2.70)
T µν ;ν = 0. (2.71)
∇2 φ = 4πGρ, (2.72)
d2x 1 2
= ∇ h00 . (2.80)
dt2 2
Comparando a última equação com o caso newtoniano (equação (2.72)) vemos
que [1]
h00 = −2φ + constante. (2.81)
Devemos notar que quanto mais distante o observador, mais o espaço se aproximará do
espaço de Minkowski. Então, no limite r → ∞, h00 deverá se anular. Mas, de acordo com
a equação (2.73), φ → 0 no infinito, portanto a constante será nula. Com isso, vemos que
32
Como temos T00 ' ρ no caso de matéria não-relativı́tica, então, a partir da equações (2.72)
e (2.82), obtemos
∇2 g00 = −8πGT00 . (2.83)
Devemos lembrar, que a última equação é válida para o caso de campos fracos
e estacionários gerados por matéria não-relativı́stica [19]. Podemos supor que, para uma
distribuição de momento e energia arbitrária Tαβ , as equações de campo fraco possuem a
mesma forma da equação anterior. Ou seja,
onde Gαβ é uma combinação linear das derivadas de primeira e segunda ordem da métrica.
De acordo com princı́pio da equivalência, podemos estender esse resultado para o caso
mais geral, no qual estão atuando campos gravitacionais quaisquer
Como Tµν é um tensor simétrico, segue por definição que Gµν também deve ser
um tensor simétrico. No limite para campos fracos produzidos por matéria não-relativı́stica,
a componente G00 deve se reduzir a ∇2 g00 . Além disso, sabemos que Gµν é combinação
linear das derivadas de primeira e segunda ordem da métrica, então, deve ser combinação
linear do tensor e do escalar de Ricci [19]. Portanto,
onde na penúltima igualdade ultilizamos a equação (2.61). Devemos ter a/2 + b = 0, pois
R;ν = 0 em todo espaço não ocorre em geral. Se fixarmos a = 1 obtemos
1
Gµν = Rµν − gµν R = −8πGTµν . (2.88)
2
Vemos, pela equação acima, que a curvatura do espaço, representada pelo
tensor de Curvatura, está relacionada com a matéria presente nesse espaço que, por sua
vez, é representada pelo tensor energia-momento. Tal relação pode ser sintetizada pela
seguinte frase de John Wheeler:
33
“Spacetime tells matter how to move and matter tells spacetime how to curve”.
Isto é, a matéria é responsável pela curvatura do espaço-tempo e a curvatura do espaço-
tempo é responsável pelo movimento dos corpos. Uma solução interessante é para o caso
do vácuo, onde Tµν = 0 e recaimos na solução de Schwarzschild [23].
34
3 BURACOS NEGROS
3.1 Introdução
quando resolvemos a equação de Einstein para o vácuo, onde Tµν = 0. Deste modo, a
métrica de Schwarzschild é útil para descrever a geometria de um buraco negro que seja
esfericamente simétrico. Como a massa do buraco negro é seu único parâmetro associado
à métrica de Schwarzschild, então buracos negros que tenham a mesma massa serão
equivalentes [10]. O intervalo de espaço-tempo para um corpo esférico de massa M será
dado pela seguinte expressão [1]
−1
2 2M 2 2M
ds = − 1 − dt + 1 − dr2 + r2 dΩ2 , (3.1)
r r
u = t − r? e v = t + r? , (3.3)
de modo que
1 1
dt = (dv + du) e dr? = (dv − du). (3.4)
2 2
onde as geodésicas nulas incidentes são definidas por v = constante e as emergentes são
definidas por u = constante [2].
r −1
−1+1
dr rS r
dt = dv − dr − r = dv − r dr = dv − 1 − dr. (3.5)
rS
−1 rS
−1 rS
37
Note que agora não temos mais a singularidade no horizonte de eventos, o que torna
essa escolha de coordenadas muito mais adequada uma vez que podemos “enxergar”além
do horizonte de eventos, ainda que não possamos ir além do raio do buraco negro rB .
Ao mesmo tempo, continuamos com a singularidade em r = 0, que se trata de uma
singularidade fı́sica (pois representa o centro do buraco negro), e não de uma consequência
da escolha de coordenadas [23].
De maneira análoga, se mantivermos as coordenadas r, θ e φ e fizermos a
mudança de coordenadas t → u + r + 2M ln rrS − 1, obteremos as coordenadas de
Eddington-Finkesltein emergentes
2 rS
ds = − 1 − du2 − 2dudr + r2 dΩ2 . (3.8)
r
−1
dr?
rS rS ? rS (dv − du)
= 1− ⇒ dr = 1 − dr = 1 − , (3.9)
dr r r r 2
Lembrando que r? = r + rS ln rrS − 1 e r? = 12 (v − u) podemos igualar essas
duas expressões e aplicar a função exponencial para obter
r r rS r v−u
−1= 1− = exp − + , (3.12)
rS rS r rS 2rS
onde U e V são definidos na região r > rs Deste modo que o intervalo de espaço-tempo
será reescrito como
2 4rS3 −
r(U,V )
ds = − e rS dU dV + r2 (U, V )dΩ2 . (3.15)
r(U, V )
Agora, faremos uma última mudança de coordenadas para coordenadas tipo
tempo T = (V − U )/2 e tipo espaço X = (V + U )/2 [2]. Com isso, a última equação se
torna:
4rS3
ds2 = − rr
(dT 2 − dX 2 ) + r2 dΩ2 , (3.16)
e S
Analogamente,
1/2
r r t
X= −1 exp sinh . (3.18)
rS 2rS 2rS
Além disso, obtemos diretamente das duas últimas equações as seguintes relações
[3]
2 2 r
T −X = − 1 er/rS , (3.19)
rS
t X
= 2arctgh . (3.20)
rS T
Essas relações são válidas para X > 0 e T < 0, pois a métrica de Kruskal-
Szekeres foi definida para esse domı́nio, mas podemos estendê-lo continuamente para
39
Essa relação é válida nos domı́nios denotados por I, II, III e IV para os quais
temos [2] 1/2
r
X = rS − 1 exp 2rS sinh 2rtS ,
r
(I) : X > 0 ⇒ 1/2 (3.22)
r
exp 2rS cosh 2rtS .
r
T = r S − 1
1/2
r
X = 1 − r S exp 2rS cosh 2rtS ,
r
(II) : T > 0 ⇒ 1/2 (3.23)
r
exp 2rS sinh 2rtS .
r
T = 1 − rS
1/2
r
X = − 1 − rS exp 2rS cosh 2rtS ,
r
(III) : T < 0 ⇒ 1/2 (3.24)
r
exp 2rS sinh 2rtS .
r
T = − rS − 1
1/2
r
X = − rS −1 exp 2rS sinh 2rtS ,
r
(IV ) : X < 0 ⇒ 1/2 (3.25)
r
exp 2rS cosh 2rtS .
r
T = − 1 − rS
coordenada temporal T invertida. Assim, um objeto na região III faz o caminho inverso do
objeto que cai na singularidade da região 2, ou seja, se origina na singularidade, atravessa a
linha T = −X em direção à região I. Deste modo, a região III representa o que chamamos
de buraco branco. Nas regiões I e IV, quando T → ±X temos, de acordo com a equação
(3.26), t → ∞. Nas proximidades do horizonte de eventos, alguns efeitos quânticos, como
efeito Unruh e radiação Hawking podem ser relevantes [3]. Tais efeitos serão discutidos no
próximo capı́tulo.
2M ra2 sin2 θ
2 2 2 2 2
ds = ρ dθ + r + a + 2
sin2 θdφ2 = gφφ dφ2 + gθθ dθ2 . (3.31)
ρ
Com gθθ = ρ2 e
2
√
r+ = 2M 2 − a2 + 2M M 2 − a2 = 2M r+ − a2 ⇒ 2M r+ = r+
2
+ a2 . (3.35)
onde usamos J = ma. Vemos portanto que a área do horizonte de eventos para o buraco
negro de Kerr depende não somente de sua massa, como no caso de Schwarzchild, mas
também de seu momento angular. Mais uma vez, quando a = 0, obteremos Ahorizonte =
4πrS2 a área do horizonte de eventos de um buraco negro de Schwarzschild.
Numa superfı́cie para a qual gtt = 0, devemos ter [1]
ρ2 = 2M r ⇒ r2 − 2M r + a2 cos2 θ, (3.37)
Vimos que os buracos negros de Kerr são uma generalização dos buracos negros
de Schwarzschild para o caso em que haja rotação. Outras generalizações podem ser feitas,
porém com menor relevância astrofı́sica. Por exemplo, a métrica de Reissner-Nordström
extende a métrica de Schwarzschild para o caso em que haja a presença de cargas elétricas.
A métrica de de Reissner-Nordström para um objeto de carga elétrica Q é dada por [26]
2 2 −1
rQ rQ
2 2M 2 2M
ds = − 1 − − 2 dt + 1 − − 2 dr2 + r2 (dθ2 + sin2 θdφ2 ), (3.39)
r r r r
2 kGQ2
onde rQ = c4
com k a constante de Coulomb, G a constante gravitacional e Q a carga
elétrica do buraco negro. Podemos notar que a massa e a carga são os únicos parâmetros
dessa métrica e que no limite Q → 0, recuperamos a solução de Schwarzschild.
Uma outra generalização pode ser feita acrescentando carga elétrica à métrica
de Kerr, obtendo assim a métrica de Kerr-Newman que tem como parâmetros a massa
M, a carga Q e o momento angular J e terá a mesma estrutura que a métrica de Kerr,
somente com a alteração ∆ = r2 − 2M r + a2 + Q2 . A solução da singularidade ∆ = 0
resulta agora em [2]
p
r± = M ± M 2 − a2 − Q2 ,
p
2
Ahorizonte = 4π(r+ + a2 ) = 4π[2M (M + M 2 − a2 − Q2 ) − Q2 ] = 4π(2M r+ − Q2 ).
(3.40)
4 RADIAÇÃO HAWKING
Até agora temos tratado de buracos negros do ponto de vista clássico, ou seja,
não envolvendo mecânica quântica. Porém, sob o ponto de vista quântico, buracos negros
não são tão negros assim. Ou seja, haveria algum tipo de emissão de radiação associada a
eles [10]. De fato, em 1974 Stephen Hawking provou matematicamente a existência dessa
radiação, conhecida como Radiação Hawking [14].
Devido à flutuações do vácuo, pares de partı́culas virtuais podem aparecer e
logo após se aniquilar multuamente. Se um desses pares estiver próximo ao horizonte de
eventos de um buraco negro uma das partı́culas do par pode eventualmente cair no buraco
negro enquanto a outra permaneceria livre. Essas partı́culas livres seriam aparentemente
uma radiação proveniente do buraco negro [4].
(a) (b)
Figura 9: Fonte: [4]. (a)Criação e aniquilação de partı́culas. (b) Criação e aniquilação de
partı́culas nas proximidades de um buraco negro.
c4
κ = a(rS ) = , (4.2)
4GM
onde κ é a gravidade superficial do horizonte. Definiremos a gravidade superficial como a
aceleração de uma partı́cula estática próxima ao horizonte de eventos, medida por um
observador no infinito. Então, para buracos negros estacionários, a gravidade superficial κ
será constante na superfı́cie do horizonte de eventos. Está é a Lei Zero para termodinâmica
de buracos negros.
Como discutido anteriormente, se a massa de uma buraco negro aumenta por
47
dM ∝ dA. (4.3)
32πG2 M dM 8π
dA = 4
= GdM. (4.4)
c κ
De modo que encontramos a primeira lei para buracos negros de Schwarzachild na forma
[27]
κ
dM = dA. (4.5)
8πG
Podemos estender esses conceitos para um caso mais geral, como o buraco
negro de Kerr-Newman. No capı́tulo anterior encontramos a área do horizonte de eventos
de um buraco negro. De acordo com a equação (3.40), temos
p
A = 4π[2M (M + M 2 − a2 − Q2 )]. (4.6)
2
com α = A/4π = r+ + a2 sendo a área racionalizada do buraco negro [15].
Bekenstein propôs que a equação (4.8) para o buraco negro devia ser análoga à
expressão termodinâmica
dE = T dS − P dV. (4.9)
Nesse sentido, ΩdJ e ΦdQ podem ser interpretados como o trabalho realizado sobre o
buraco negro por um agente externo que promove uma variação dJ no momento angular
do buraco negro e uma variação dQ em sua carga. Por isso, ao compararmos as expressões
para o trabalho realizado pela rotação de um corpo e sua carga, vemos que ΩdJ e ΦdQ
tratam-se, respectivamente, do velocidade angular e do potencial elétrico [15]. Ainda de
acordo com as equações (4.8) e (4.9), podemos ver que a entropia é análoga à área do
buraco negro, como argumentado no inı́cio da seção e cuja relação encontraremos mais
adiante.
Naturalmente, podemos estender a lei zero da termodinâmica para a gravidade
superficial κ, redefinida como [29]
p
M 2 − a2 − Q2
κ= p . (4.10)
2M (M + M 2 − a2 − Q2 ) − Q2
De acordo com a lei zero, podemos esperar que a gravidade superficial κ esteja
relacionada com a temperatura de um buraco negro, e de certa forma, podemos considerar
que a gravidade superficial exerça o papel da temperatura de um buraco negro [28]. De fato,
se considerarmos que o buraco negro emite radiação, haverá uma temperatura associada a
essa radiação proporcional κ, que será dada por [27]
~κ ~c3
kB T = = , (4.12)
2πc 8πGM
49
~c3
T = . (4.13)
8πkB GM
Contudo, essa expressão para a temperatura do buraco negro nos diz que a tempetura
decresce com o aumento da massa, ou seja, buracos negros menores apresentam temperatura
maior que os mais massivos. Se a massa do buraco negro for grande o suficiente de modo
que sua temperatura seja menor que a da radiação cósmica de fundo, então não seria
possı́vel detectar sua radiação. De fato, a temperatura para a radiação cósmica de fundo é
da ordem de 3K, enquanto a temperatura para a radição Hawking é da ordem de 10−9 K
para um buraco negro com massa da ordem da massa sol [28].
Se reescrevermos a equação (4.5) da seguinte forma
κc2 ~κ kB c3 k B c3
dE = d(M c2 ) = dA = dA = T dA, (4.14)
8πG 2πkB c 4G~ 4G~
e compararmos com a primeira lei da termodinâmica na forma dE = T dS, obteremos a
entropia de Bekenstein-Hawking [27]
AkB c3
SBH = . (4.15)
4~G
κ
Utilizando coordenadas naturais (c = G = 1), temos que 8π
dA = T dS, de
modo que podemos reescrever a primeira lei como:
e com isso obtemos não mais uma lei mecânica para buracos negros, mas sim uma lei
termodinâmica [28].
Da segunda lei da termodinâmica dS ≥ 0 obtemos uma segunda lei análoga
para buracos negros: dA ≥ 0.
Entretanto, a medida que o buraco negro irradia, sua massa descresce e conse-
quentemente a área de seu horizonte de eventos também. Mas isso seria uma contradição
à segunda lei que acabamos de enunciar e também a segunda lei da termodinâmica. Pen-
sando nisso, Bekenstein propôs que mesmo que a entropia SBH decresça, a entropia total
ST = Sext +SBH , onde Sext é a entropia da região exterior ao buraco negro, é uma função não
decrescente no tempo. Assim, ele propôs a segunda lei generalizada para buracos negros [30]
50
dST ≥ 0, (4.17)
Embora, num primeiro momento, as leis mecânicas para buracos negros fossem
somente analogias à termodinâmica, sem qualquer interpretação fı́sica mais profunda,
a partir do momento em que Hawking provou a relação entre a área de um buraco e
sua entropia, viu-se que as leis obtidas não eram meramente analogias mas na verdade
descreviam a termodinâmica de buracos negros [28].
< ui , uj >= − < u∗i , u∗j >= δij , < ui , u∗j >= 0;
< vk , vl >= − < vk∗ , vl∗ >= δkl , < vk , vl∗ >= 0. (4.18)
ui está relacionado ao modos emergentes e vi está relacionado aos modos incidentes, vistos
no capı́tulo 3. Podemos escrever o operador campo escalar φ̂ como
X X †
φ̂ = (âi ui + âi † u∗i ) = (bˆj vj + bˆj vj∗ ), (4.19)
i j
†
que nos leva às relações entre os operadores âi , âi † e bˆj , bˆj
∗ ˆ†
X
âi = (αji bˆj + βji bj ),
j
∗ ˆ†
X
âi † = (αji bj + βji bˆj ). (4.25)
j
e
XX
δkl = < vk∗ , vl∗ > = (αki αlj∗ < ui , uj > +βki )βlj∗ < u∗i , u∗j >
i j
X
⇒ (αki αlj∗ − βki βlj∗ ) = δkl . (4.27)
i
Porém, se calcularmos o valor esperado de N̂k0 para os estados de vácuo |0 >a obteremos
[[33] [35]
XX
a < 0|N̂k0 |0 >a = a < 0| ∗
(αki âi † − βki âi )(αkj aˆj − βkj
∗
aˆj † )|0 >a
i j
XX XX
= a < 0| ∗
(αki αkj âi † aˆj |0 >a +a < 0| ∗
βki βkj âi aˆj † |0 >a
i j i j
X
a < 0|N̂k0 |0 >a = |βki |2 . (4.32)
i
Os coeficientes βki não são todos nulos, portanto, a < 0|N̂k0 |0 >a 6= 0. Da mesma
forma, se calcularmos o valor esperado de N̂i para os estados de vácuo |0 >a , obteremos
2
P
b < 0|N̂i |0 >b = j |βij | . Assim, o observador B (que se encontra na região incidente)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
APÊNDICE A -- RELATIVIDADE
1 ∂ 2φ
∇2 φ − =0 (A.1)
c2 ∂t2
é mantida invariante apenas por transformações de Lorentz.
Dados dois referenciais inerciais com velocidade relativa V entre si, podemos
encontrar uma relação entre o sistema de coordenadas de S no sistema de coordenadas de
S’.
As transformações de Galileu são dadas por:
x0 = x − V t, (A.2)
y 0 = y, (A.3)
z 0 = z, (A.4)
t0 = t. (A.5)
∂ ∂x0 ∂ ∂t0 ∂ ∂ ∂2 ∂2
= + = ⇒ = (A.6)
∂x ∂x ∂x0 ∂x ∂t0 ∂x0 ∂x2 ∂x02
57
∂ ∂y 0 ∂ ∂ ∂2 ∂2
= = ⇒ = (A.7)
∂y ∂y ∂y 0 ∂y 0 ∂y 2 ∂y 02
∂ ∂z 0 ∂ ∂ ∂2 ∂2
= = ⇒ = (A.8)
∂z ∂z ∂z 0 ∂z 0 ∂z 2 ∂z 02
Deste modo temos ∇2 = ∇02 , porém, o mesmo não vale para as derivadas
temporais. Com efeito, temos
∂ ∂x0 ∂ ∂t0 ∂ ∂ ∂ ∂2 2 ∂
2
∂2 ∂2
= + = −V + ⇒ = V − 2V + (A.9)
∂t ∂t ∂x0 ∂t ∂t0 ∂x0 ∂t0 ∂t2 ∂x02 ∂x0 ∂t0 ∂t02
e a equação da onda se torna
1 ∂ 2φ 2
∂2 ∂2
2 02 1 2 ∂
∇ φ− 2 2 =∇ φ− 2 V − 2V 0 0 + 02 φ (A.10)
c ∂t c ∂x02 ∂x ∂t ∂t
Portanto vemos que a equação da onda não permanece invariante sob trans-
formações de Galileu. As transformações de Lorentz não consideram o tempo absoluto,
logo, a coordenada temporal no referencial S’ deve depender não só da coordenada temporal
como também das coordenadas espaciais de S. Para este caso as transformações de Lorentz
serão dadas por
∂ ∂xβ ∂
∂µ0 = = = Λµ β ∂β (A.20)
∂x0µ ∂x0µ ∂xβ
1 ∂2
2 = ∂µ ∂ µ = −∂0 ∂ 0 + ∂i ∂ i = ∇2 − (A.22)
c2 ∂t2
é o operador D’Alambertiano.
Assim, para transformações de Lorentz, a equação de onda se transforma da
seguinte maneira:
∂x0µ ∂xβ α
Tν0µ = T (A.31)
∂xα ∂x0ν β
Podemos facilmente estender essa definição para o caso mais geral de um tensor
60
T = Tνµ11...ν
...µn
m
= aU + bV = aUνµ11...ν
...µn
m
+ bVνµ11...ν
...µn
m
(A.33)
Logo T deve ser uma tensor de mesma ordem que U e V. Com efeito, temos
0µ1
∂x0µn
β1
∂xβm
0µ1 ...µn ∂x ∂x
Tν1 ...νm = a ··· · · · 0νm Uβα1...α
1 ...βm
n
Portanto,
∂x0µ1 ∂x0µn ∂xβ1 ∂xβm
Tν0µ1 ...ν
1 ...µn
= · · · · · · 0νm Tβα1...α n
1 ...βm
. (A.35)
m
∂xα1 ∂xνn ∂x0ν1 ∂x
De maneira geral, se R1 , R2 , ..., Rp são tensores de mesma ordem e α1 , α2 , ..., αp são escala-
res, então R = α1 R1 + α2 R2 + ... + αp Rp é um tensor de mesma ordem que os Rs.
ρ ...ρ
2) Produto Direto: O produto direto de um tensor U = Uνµ11...ν
...µn
m
com um tensor V = Vσ11...σqp
resulta num tensor de ordem m + n + p + q, pois,
Tνµ11...ν
...µn ρ1 ...ρp
= Uνµ11...ν
...µn
· Vσρ11...σ
...ρp
m σ1 ...σq m q
0µ1
∂x0µn ∂xβ1 ∂xβm α1...αn
∂x
= · · · αn · 0ν1 · · · 0νm Uβ1 ...βm x
∂xα1 ∂x ∂x ∂x
0ρ1 0ρp γ1
∂xγq λ1...λp
∂x ∂x ∂x
· · · λp · 0σ1 · · · 0σq Vγ1 ...γq . (A.36)
∂xλ1 ∂x ∂x ∂x
61
Portanto,
0µ1
∂x0µn ∂x0ρ1 ∂x0ρp
∂x
Tνµ11...ν
...µn ρ1 ...ρp
m σ1 ...σq
= · · · αn · · · · λp x
∂xα1 ∂x ∂xλ1 ∂x
β1 βm γ1
∂xγq
∂x ∂x ∂x α1...α λ1...λ
0ν
· · · 0νm · 0σ1 · · · 0σq Tβ1 ...βmnγ1 ...γqp . (A.37)
∂x 1 ∂x ∂x ∂x
0 ∂xγ ∂xλ
gµν = gγλ (A.41)
∂x0µ ∂x0ν
Sabendo que a métrica é um tensor, se fizermos o produto direto da métrica
gµν com um tensor que tenha ı́ndices covariantes (por exemplo, Uαµλ ) e uma contração no
ı́ndice µ, obteremos de acordo com as regras 2 e 3 da seção anterior, um novo tensor V
definido como:
λ
Vνσ = gµν Uσµλ . (A.42)
onde Wσνλ . É fácil ver que as operações levantamento e abaixamento devem ser inversas
entre si, ou seja, abaixar (levantar) um ı́ndice e depois levantá-lo( abaixá-lo) nos leva ao
62
∂xγ ∂xλ 0µ 0ν
ds02 = gµν
0
dx0µ dx0ν = gγλ dx dx = gγλ dxγ dxλ = ds2 (A.48)
∂x0µ ∂x0ν
Dados dois vetores U e V , seu produto interno deve depender somente dos
vetores e não do sistema de coordenadas no qual foram especificados [schaum]. Em outras
palavras, o produto interno de dois vetores deve ser um invariante. Sejam U = U µ e
V = V µ vetores contravariantes. Com o auxı́lio da métrica podemos definir o produto
interno geral
U · V = gµν U µ V ν = Uµ V µ = U µ Vµ . (A.49)
U · V = g µν Uµ Vν = Uµ V µ = U µ Vµ . (A.50)
Logo, para realizar o produto interno de dois vetores de mesmo tipo, devemos levantar ou
abaixar o ı́ndice de um deles e ultilizar as regras 2 e 3 da seção anterior. Como exemplo,
vamos calcular o produtoe interno entre o quadri-vetores velocidade
∂xλ ∂ 2 y µ
Γλνσ = . (A.53)
∂y µ ∂xν ∂xσ
Mudando o sistema de coordenadas xµ → x0µ , obtemos
Ao trabalhar com tensores muitas vezes desejamos derivá-los para obter alguma
equação fı́sica. É desejável que tais derivadas de tensores tenham comportamento tensorial,
mas isso nem sempre acontece [19]. Com efeito, dado um tensor contravariante V α , cuja
transformação de um conjunto de coordenadas xµ para um conjunto de coordenada x0µ é
64
do tipo
∂x0α β
V 0α =
V (A.58)
∂xβ
Se diferenciarmos V 0α em relação a x0λ obtemos
∂V 0α
0α
∂xσ ∂ ∂x β ∂xσ ∂x0α ∂V β ∂xσ ∂ 2 x0α β
= V = + 0λ σ β V (A.59)
∂x0λ ∂x0λ ∂xσ ∂xβ ∂x0λ ∂xβ ∂xσ ∂x ∂x ∂x
∂V 0α
O primeiro termo corresponde ao que se esperaria se ∂x0λ
fosse um tensor mas,
o segundo termo que é inomogêneo, faz com que essa derivada não se comporte como um
tensor. Logo, precisamos redefinir a operação derivada de maneira que a derivada de um
tensor gere um novo tensor. Isolando o termo inomogêneo da equação (A.57)
∂V 0α ∂xσ ∂x0α ∂V β
0α
∂x0κ ∂x0γ 0α ∂xσ β
∂x τ
= + Γ − Γ V (A.61)
∂x0λ ∂x0λ ∂xβ ∂xσ ∂xτ σβ ∂xσ ∂xβ κγ ∂x0λ
∂x0κ ∂xσ ∂x0γ β
Lembrando que ∂xσ ∂x0λ
= δγκ , ∂xβ
V = V 0γ e rearranjando os termos obtemos
∂V 0α ∂xσ ∂x0α ∂V β
0α 0γ β τ
+ Γλγ V = + Γστ V (A.62)
∂x0λ ∂x0λ ∂xβ ∂xσ
Segue imediatamente da equação anterior que se definirmos a derivada covariante
de um tensor contravariante V µ como
∂V µ
V;λµ = + Γµλτ V τ (A.63)
∂xλ
essa derivada será também um tensor.
Podemos obter de maneira análoga a derivada covariante de um tensor covari-
ante. Para um vetor covariante Vα , que se transforma da seguinte maneira
∂xβ
Vα0 = Vβ (A.64)
∂x0α
a derivada com relação a xλ será
∂Tνµ11νµ22...ν
...µn
Tνµ11νµ22...ν
...µn
m ;κ
= m
+ Γµακ1 Tναµ 2 ...µn
1 ν2 ...νm
+ Γµακ2 Tνµ11να...µ n
2 ...νm
+ ... + Γµακn Tνµ11νµ22...ν
...α
∂xκ m
− Γνακ 1
Tαν µ1 µ2 ...µn
2 ...νm
− Γνακ
2
Tνµ11α...ν
µ2 ...µn
m
− ... − Γνακ m
Tνµ11νµ22...α
...µn
(A.69)
U V );λ = (U
(U U ;λV ) + (U
U V ;λ ); (A.71)
recaem nas propriedades da derivada usual. Além disso, a derivada covariante da métrica
é sempre nula [19]. Com efeito,
∂gµν
gµν;λ = − Γσλµ gσν − Γσλν gσµ . (A.73)
∂xλ
Usando a definição da métrica e derivando com relação a xα obtemos
∂y α ∂y β ∂ 2 y α ∂y β ∂y α ∂ 2 y β
∂gµν ∂
= η αβ = η αβ + ηαβ
∂xλ ∂xλ ∂xµ ∂xν ∂xλ ∂xµ ∂xν ∂xµ ∂xλ ∂xν
dxα ∂y β dxα ∂y β
= ηαβ Γσλµ σ ν + ηαβ Γσλν σ µ . (A.74)
dy ∂x dy ∂x
dxα σ ∂ 2 yα
Onde na última igualdade usamos Γ
dy σ λµ
= ∂xλ ∂xµ
, de acordo com a definição do sı́mbolo
de Christoffel dada no capı́tulo 1. Assim
∂gµν
= Γσλµ gσν + Γσλν gσµ , (A.75)
∂xλ
e concluı́mos que o resultado a equação (A.73) é zero e o mesmo vale para g µν . Portanto, a
métrica é constante perante a derivada covariante e vemos que as operações levantamento
e abaixamento de ı́ndices comutam com a derivada covariante
∂Γλµσ ∂Γλµν
λ
Rµνσ = − + Γρσµ Γλρν − Γρλµ Γλρσ . (A.77)
∂xν ∂xσ
λ
Iremos demonstrar que Rµνσ é um tensor. Para tanto, devemos lembrar de como a conexão
afim se comporta sob uma transformação de coordenadas. Da equação (A.57) podemos
isolar o termo inomogêneo da transformação do sı́mbolo de Christoffel e obter a equação
(A.60) [19]
∂ 2 x0κ ∂x0κ τ ∂x0δ ∂x0γ 0κ
= Γ − Γ . (A.78)
∂xµ ∂xν ∂xτ µν ∂xµ ∂xν δγ
67
Agora vamos subtrair da equação anterior a mesma equação com ı́ndices ρ e ν trocados
[19]
δ
Rλµνρ = gδλ Rµνρ (A.85)
∂ η ∂ δη ∂g δη ∂gδλ
0= ρ
(δλ ) = ρ
(gδλ g ) = g δλ ρ
+ g δη ρ
∂x ∂x ∂x ∂x
δη
∂g ∂gδλ
⇒ gδλ ρ = −g δη ρ = −g δη [Γσρδ gλδ + Γσρτ gσδ ], (A.87)
∂x ∂x
onde na última igualdade usamos a equação (A.75). Então a equação (A.86) se torna
1
Rλµνρ = δλη (gµη,νρ + gνη,µρ − gµν,ηρ ) − [Γσρδ gλδ + Γσρτ gσδ ]Γδµν
2
1 η σ σ δ δ τ δ τ
− δλ (gµη,ρν + gρη,µν − gρµ,ην ) + [Γνδ gσλ + Γνλ gσδ ]Γµρ + gτ λ Γµν Γρδ − Γµρ Γνδ .
2
(A.88)
Podemos ver que o tensor de Ricci possui 10 componentes independentes num espaço de 4
dimensões. Além disso, devido a anti-simetria do tensor de Riemann, vemos que esta é a
unica forma de obter um tensor de segunda ordem não nulo a partir do tensor de Riemann
[21].
70
Na região dos modos incidentes, o parâmetro afim não será V, pois este foi
definido na região r > rs , mas sim v. Deste modo, temos
iω
Φω ∼ exp ln(−v) , (B.4)
κ
para v < 0. Para v > 0, os raios de luz incidentes cruza o horizonte de eventos futuro e
portanto, não alcança um observador externo. Portanto,
0, se v > 0;
Φω = (B.5)
exp( iω ln(−v)), se v < 0;
κ
Com efeito, para ω 0 > 0, podemos utilizar o eixo imaginário e escrever v = ix,
71
obtendo
Z +∞
iω
Φ˜ω (ω 0 ) = −i exp − ω x + ln(xe −iπ/2 0
) dx
0 κ
Z +∞
πω 0 iω
= −i exp exp − ω x + ln(x) dx. (B.8)
2κ 0 κ
e obtemos com isso, a relação (B.7). Com isso, podemos identificar os coeficientes de
Bogoliubov da seguinte forma (para ω 0 > 0):
αωω0 = Φ˜ω (ω 0 ),
−πω ˜ 0
βωω0 = Φ˜ω (−ω 0 ) = − exp Φω (ω ). (B.10)
κ
Portanto,
2 −2πωi
|βij | = exp |αij |2 . (B.11)
κ
A partir da última relação e de (4.27), obtemos [14]
X 1
|βij |2 = . (B.12)
j
eπωi /κ −1
72
REFERÊNCIAS
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[35] L. Ford, “Quantum field theory in curved spacetime.,” in Cosmology and Gravitation,
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