Viviane FORRESTER Horror Economico Lisboa Terramar
Viviane FORRESTER Horror Economico Lisboa Terramar
Viviane FORRESTER Horror Economico Lisboa Terramar
«a origem do perigo não é tanto a situação - ela podia ser modificada -, mas mais
precisamente a nossa aquiescência cega, a resignação geral face ao que nos apre-
sentam em bloco como inelutável» (p. 51 ).
Ou seja, a nossa aparente apatia perante a evolução da sociedade actual - que,
como recorda amiúde a autora, não se trata de uma crise, mas de uma profunda
mutação civilizacional - só é compreensível pelo facto de um poderoso manto
ideológico, extraordinariamente difícil de contestar, esmagar na hora quem quer
que ouse colocar em causa coisas tão simples como «as leis da concorrência, da
competitividade, ou o ajustamento às regras económicas internacionais» (p. 38).
Perante isto, adverte a autora, «ai de quem insinuar que o trabalho está assim sub-
metido, mais do que nunca, ao bel-prazer da especulação, ao dos decisores de um
mundo tido como rendível a todos os níveis, num mundo reduzido a tomar-se, na
sua globalidade, numa vasta empresa - não necessariamente dirigida, de resto, por
responsáveis competentes» (p. 38).
É, quanto a nós, na denúncia desta espécie de pensamento único, que parece
tomar tudo fatalidade, levando a cair no ridículo os que o ousam enfrentar que,
por certo, reside o enorme êxito deste livro. Viviane Forrester teve a lucidez sufi-
ciente para transmitir por palavras aquilo que muitos pensavam em surdina. Tal-
vez resida aqui o extraordinário êxito de vendas deste livro que, em pouco tempo,
se transformou no livro mais vendido em França e, mesmo em Portugal, bastaram
dois meses para atingir a terceira edição.
Por tudo isto (e muito mais), Horror Económico é um livro que se recomenda
a todos os que, preocupados ou interessados com o mundo de hoje, não esquecem
que o futuro será sempre aquilo que, em cada momento, sonharmos que ele poderá
vir a ser.
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