Aula 4 - Fonologia Das LS

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UNIVERSITDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE LETRAS-LIBRAS E ESTUDOS SURDOS

Disciplina
Libras: Fonética e Fonologia

Fonologia
das Línguas de Sinais

Prof. Raniere Cordeiro


Fonologia da LS

 “É o ramo da linguística que objetiva identificar a


estrutura e organização dos constituintes
fonológicos, propondo modelos descritivos e
explanatórios” (Quadros e Karnopp, 2004).
Primeira tarefa...

 Determinar quais são as unidades mínimas que


formam os sinais.
Segunda tarefa...

 É estabelecer quais são os padrões possíveis de


combinação entre essas unidades e as variações
possíveis no ambiente fonológico.
Objetivo

 “Um dos objetivos de uma análise fonêmica é definir


quais são os sons de uma língua que têm valor
distintivo (servem para distinguir palavras). Sons que
estejam em oposição – por exemplo [f] e [v] em “faca” e
“vaca” – são caracterizados como unidades fonêmicas
distintas e são denominadas fonemas.” (Silva 1999, p.
126)

 Em LS, seria definir quais são os gestos de uma língua


que têm valor distintivo (servem para distinguir sinais).

 SÁBADO x APRENDER
 JURAR x HOSPITAL
Par mínimo

 “O procedimento habitual de identificação de


fonemas é buscar duas palavras com significados
diferentes cuja cadeia sonora seja idêntica. As duas
palavras constituem um par mínimo. Assim, em
português, definimos /f/ e /v/ como fonemas
distintos (...) uma vez que o par mínimo “faca” e
“vaca” demonstra a oposição fonêmica. Dizemos que
o par mínimo “faca/vaca” caracteriza os fonemas /f,
v/ por contraste em ambiente idêntico. Um par
de palavras é suficiente para caracterizar dois
fonemas.” (Silva 1999, p. 126)
Conceitos básicos

 Fonema: unidade sonora que se distingue funcionalmente


das outras unidades da língua. Método de identificação de
um fonema: par mínimo (ou análogo)

 Alofone: Unidade que se relaciona à manifestação fonética


de um fonema. Alofones de um mesmo fonema ocorrem em
contextos exclusivos. Método de identificação: distribuição
complementar.

 Par suspeito: representa um grupo de dois sons que


apresentam características fonéticas semelhantes e devem
ser caracterizados ou como fonema ou como alofones.
Para lembrar: Fonética – descrição e análise dos gestos (fones).

Fonologia – interpretação e análise dos gestos (fonemas) que constitui o sinal.

Fonema da Libras – CM pode ser fonema; CM pode ser alofone.

Ex.: CASA, ESCOLA, ESTUDAR, AMIGO.


Regras na formação de sinais

ENVOLVENDO CM:
 Sinais com uma mão:
 PAI; MÃE: podem ser com a mão direita ou esquerda
Regras
Battison (1978)

1. Condição de Simetria:
Se as duas mãos estão em movimento, a CM deve ser
a mesma para as duas mãos, a locação deve ser a
mesma ou simétrica.
TRABALHAR
FAMÍLIA
JUNTO
Regras

2. Condição de Dominância:
 Se as mãos apresentam distintas CM, então a mão
ativa produz o movimento, e a mão passiva serve de
apoio, apresentando um conjunto de CM básicas.
FINGIR
ÁRVORE
VERDADE
Unidades/Parâmetros dos sinais
 Antes de 1960, na área linguística os sinais eram
considerados como um todo, não sendo considerado a
divisão em unidades menores.

 William Stokoe (1960) na American Sign Language


identificou inicialmente três unidades:
 Configuração de mão (CM)
 Movimento da mão (M)
 Locação da mão (L)

 Inicialmente, Stokoe propôs o termo “Quirologia” para


Fonologia e “Quirema” para Fonema (quir- do grego mão).
Battison (1974, 1978)

 Os estudos da fonologia da ASL, passaram a incluir


a orientação de mão e as expressões não-manuais
(expressão facial e corporal).
Assim, temos 5 unidades que compõem os sinais:
 Configuração de mão (CM)
 Movimento da mão (M)
 Locação da mão (L)
 Orientação de mão (Or)
 Expressões não-manuais (ENM) - expressão
facial e corporal
Roch-Ambroise Auguste Bébian (1789-1839)

 O pesquisador guadalupense Roch-


Ambroise Auguste Bébian (1789-
1839). Ele publicou na França o livro
Mimographie, no século XIX, em
1825. Essa obra apresenta a sua
proposta de notação da língua de
sinais francesa (LSF) determinando
cinco elementos básicos da estrutura
da língua: a forma da mão e sua
orientação; o movimento; lugar
da ação; a expressão facial e
corporal.
Livro “Mimographie”
Forma e orientação da mão
Movimento
Lugar
Expressão facial e corporal
Xavier (2013, 2014 e 2015)

 Identifica mais um parâmetro chamado “número de


mãos”, encontrado também por Klima e Bellugi
(1979) para a ASL como “arranjo de mãos”:

 ACONTECER / FESTA
 DINHEIRO /RICO
 VER / VISUAL

 ANIVERSÁRIO / IDADE
Quantas CM existem?

 19 (Stokoe, 1960), na ASL


 150 (Liddell & Johnson, 1989), na ASL

 46 (Ferreira-Brito), na Libras
 61 (Pimenta e Quadros), na Libras
 64 (Felipe), na Libras

Em todos esses estudos, somente o nível fonético foi


descrito!
É necessário uma investigação do nível fonológico, para ver
aquelas CM que têm valor distintivo (ver se há pares
mínimos, determinar se é fone ou fonema)
Diferença entre LS e LO,
segundo Stokoe e outros pesquisadores (1960-1970)

Sequencialidade e simultaneidade

 Língua Oral b. Língua de Sinais


[] [] [] []
[]
[]
Mas, as línguas orais e as línguas de sinais
apresentam sequencialidade e
simultaneidade.
Sequencialidade

 Língua Oral  Língua de Sinais


Fonética: Fonologia:
p a z []L
[oclusiva] [vogal] [fricativa]
[bilabial] [baixa] [alveolar]
[desvoz.] [central]
[não-arred]
[vozeada]
L-M-L []M

[]L
É -V
FÉ – CV
CRUZ - CCVC
bonito - CV.CV.CV
trânsito - CCVC.CV.CV
V = vogal
C= consoante
Sequencialidade

 Língua de Sinais
SURDO
Fonologia: (L: ouvido – M - boca)
[]L

L-M-L []M
PÃO (CM: C - M- S)
[]L

(Stokoe (1960)
TRAIR
(OR: fora - M -dentro)
Simultaneidade e Sequencialidade

 Língua Oral  Língua de Sinais

Simultaneidade - Ex.: Sequencialidade - Ex.:

a) Entonação (Prosódia): a) Morfologia:


O Joao morreu. sinais compostos
O Joao morreu? ESCOLA (CASA + ESTUDAR)

O Joao morreu!
b) Sintaxe:
frases com mais de um item
lexical
FUTEBOL<top> JOAO GOSTAR-NÃO
Estudos sobre “sílaba” (ASL)
PAI(RS) MH
Sandler (1986) utiliza
PÃO HMH M para Movimento e
SOL HMH L para Locação
H= hold
(Liddell & Johnson, 1989)
Todos esses autores consideram:
PAI(RS) MP
Movimentos= Vogais;
PÃO PMP Hold/ Position/ Locação= Consoantes.
SOL PMP
P= position
(Perlmutter, 1992)
Sílabas em Libras

 Movimentos são entendidos como vogais, porque são


mais ‘sonoros’;
 Vogais faladas podem ser articuladas sem uma
consoante, mas ‘vogais sinalizadas’ (MOV) sempre
precisam de consoantes (LOC);
 Todas as palavras precisam de uma vogal e todos os
sinais precisam de um movimento;
 As vogais são mais altas do que as consoantes e têm
uma hierarquia de sonoridade. As consoantes,
porém, têm igualmente uma hierarquia de
sonoridade.
Sílabas leves X Sílabas pesadas

 Nas línguas faladas uma sílaba vocálica pesada é


igual ao ditongo e uma sílaba leve é igual a uma vogal
só.
 Nas línguas de sinais, um movimento só (de direção
ou interno) é igual uma sílaba leve.
 Uma sílaba leve aceita reduplicação, por exemplo,
para distinções substantivo-verbo. Por exemplo, os
sinais: ESCOVA-ESCOVAR ou CADEIRA-SENTAR.
 Movimento de Direção + Movimento Interno ou dois
movimentos distintos é igual à sílaba pesada, e não
permitem reduplicação. Por exemplo, o sinal:
LANÇAR.
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Libras: Fonética e Fonologia

Fonologia
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