Peca 1070 AP 1044 230213 204901

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
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PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA
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AÇÃO PENAL Nº 1.044/DF – AUTOS ELETRÔNICOS
Documento assinado via Token digitalmente por LINDORA MARIA ARAUJO, em 13/02/2023 20:43. Para verificar a assinatura acesse
AL
RELATOR : MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES
AGRAVANTE : DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
:53 DE
CONTRARRAZÕES GABSUB48-LMA Nº 116984/2023
20 AO
Excelentíssimo Senhor Ministro Relator,
3 - SIM
:47
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pela Vice-Procuradora-Geral
02 A
da República, no exercício de suas funções constitucionais e legais, vem,

2/2 EL
tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTRARRA-

3/0 NO
ZÕES ao AGRAVO REGIMENTAL interposto por DANIEL LÚCIO DA SIL-

: 1 MA
VEIRA em face da (1) decisão proferida em 15 de dezembro de 2022 que deter-

Em 7 -
minou a aplicação de novas sanções pecuniárias em seu desfavor; e da (2) deci-

1-3
são prolatada em 1º de fevereiro de 2023 que determinou (i) o restabelecimen-

.57
to de sua prisão, (ii) a busca e apreensão pessoal e domiciliar; (iii) a suspensão
do porte de arma de fogo e dos certificados de registro para colecionamento de

0
.99
armas, tiro desportivo e caça; e (iv) o cancelamento de todos os passaportes

03
emitidos pela República Federativa do Brasil em seu nome.

r: 0
Brasília, data da assinatura digital.

po
LINDÔRA MARIA ARAUJO

so
VICE-PROCURADORA-GERAL DA REPÚBLICA
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CONTRARRAZÕES AO AGRAVO REGIMENTAL
Ação Penal n° 1.044/DF – Eletrônico
:53 DE
Relator: MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES
Agravante: DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA
Agravado: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL20 AO
3 - SIM
:47

Egrégio Supremo Tribunal Federal
02 A
2/2 EL
Eminentes Ministros,
3/0 NO
: 1 MA
Cuida-se de agravo regimental interposto por DANIEL LÚCIO DA

Em 7 -
SILVEIRA, condenado nos autos da Ação Penal nº 1.044/DF, atacando as deci-

1-3
sões prolatadas em 15 de dezembro de 2022 e 1º de fevereiro de 2023, por meio

.57
das quais foi determinada, respectivamente, (1) nova sanção pecuniária cumu-
0
.99
lativamente à multa anteriormente aplicada no valor R$ 2.625.000,00 (dois mi-

03
lhões seiscentos e vinte e cinco mil reais), em decorrência do descumprimento

r: 0
das medidas cautelares fixadas, totalizando até aquela data R$ 4.380.000,00
(quatro milhões trezentos e oitenta mil reais); (2) o restabelecimento da prisão

po
preventiva, a busca e apreensão pessoal e domiciliar, a suspensão do porte de

so
arma de fogo e de eventual certificado de registro de armas de fogo, tiro des-

s
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2
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portivo e caça em seu nome e o cancelamento de todos os passaportes emiti-
AL
dos pela República Federativa do Brasil.
:53 DE
O agravante foi intimado da primeira decisão em 19 de dezembro de
20 AO
2022 e o início do prazo se iniciou em 1º de fevereiro de 2023 (quarta-feira) e
3 - SIM
da segunda decisão com a sua prisão em 02 de fevereiro de 2023 (quinta-feira)
:47

com a deflagração do interstício recursal em 03 de fevereiro de 2023.
02 A
2/2 EL
Interposto em 06 de fevereiro de 2023 (segunda-feira), o recurso é

3/0 NO
próprio e tempestivo, porquanto observa o quinquídio previsto no artigo 317

: 1 MA
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal1.

Em 7 -
Destaque-se que os prazos processuais estavam suspensos no perío-

1-3
do de 20 de dezembro de 2022 a 31 de janeiro de 2023 e voltaram a fluir em 1º
de fevereiro de 2023 (quarta-feira), nos termos do artigo 66, §1º, da Lei Com-
.57
plementar nº 35/19792, do artigo 62, inciso I, da Lei 5.010/1966 3, combinados

0
.99
03
1 Art. 317. Ressalvadas as exceções previstas neste Regimento, caberá agravo regimental, no prazo
r: 0
de cinco dias de decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que

causar prejuízo ao direito da parte.
Art. 66 - Os magistrados terão direito a férias anuais, por sessenta dias, coletivas ou individuais.
po
2
§ 1º - Os membros dos Tribunais, salvo os dos Tribunais Regionais do Trabalho, que terão férias in-
dividuais, gozarão de férias coletivas, nos períodos de 2 a 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho. Os Juí-
so
zes de primeiro grau gozarão de férias coletivas ou individuais, conforme dispuser a lei.
3 Art. 62. Além dos fixados em lei, serão feriados na Justiça Federal, inclusive nos Tribunais Superio-
s
pre
res: I - os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de janeiro, inclusive;
3
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com o artigo 78, §§ 1º e 2º, e o artigo 105, § 1º, ambos do Estatuto Regimental 4.
AL
Presente a tempestividade e os demais requisitos recursais de admis-
:53 DE
sibilidade, os agravos regimentais em análise devem ser conhecidos.
20 AO
Quanto às presentes contrarrazões, considera-se aplicável o mesmo
3 - SIM
:47
prazo para a interposição do agravo, ou seja, 5 (cinco) dias.

02 A
Como os autos aportaram na Procuradoria-Geral da República em 07

2/2 EL
de fevereiro de 2023 (terça-feira), considera-se tempestivas as contrarrazões

3/0 NO
apresentadas em 13 de fevereiro de 2023 (segunda-feira).

: 1 MA
1 – SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA E RAZÕES RECURSAIS

Em 7 -
Trata-se de ação penal proposta em desfavor de DANIEL LÚCIO

1-3
DA SILVEIRA, Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, sob a

.57
acusação da prática de condutas tipificadas no art. 344 do Código Penal (por

0
três vezes) e no art. 23, II (por uma vez) e IV (por duas vezes), o último
.99
03
4 Art. 78. O ano judiciário no Tribunal divide-se em dois períodos, recaindo as férias em janeiro e julho.
r: 0
§ 1º Constituem recesso os feriados forenses compreendidos entre os dias 20 de dezembro e 6 de janeiro,

inclusive.
po
§2º Sem prejuízo do disposto no inciso VIII do art. 13 e inciso V-A do art. 21, suspendem-se os trabalhos
do Tribunal durante o recesso e as férias, bem como nos sábados, domingos, feriados e nos dias em que
o Tribunal o determinar;
so
Art. 105. Não correm os prazos nos períodos de férias e recesso, salvo as hipóteses previstas em lei ou
s
neste Regimento Interno.

pre
§1º Nos casos deste artigo, os prazos começam ou continuam a fluir no dia de reabertura do expediente.
4
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combinado com o art. 18, ambos da Lei 7.170/83.
AL
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, na data de 20 de abril de
:53 DE
2022, julgou parcialmente procedente a pretensão acusatória para condenar o
20 AO
réu a 8 (oito) anos e 9 (nove) meses de reclusão e a 35 (trinta e cinco) dias-
3 - SIM
multa, com o valor do dia-multa equivalente a 5 (cinco) salários-mínimos, nos
:47

seguintes termos da decisão:
02 A
2/2 EL
“Decisão: Preliminarmente, o Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de

ordem no sentido de rejeitar a alegação de suspeição e impedimento de Ministros do
3/0 NO
Supremo Tribunal Federal. Em seguida, o Tribunal, por maioria, rejeitou as

preliminares, bem como decretou a perda de objeto dos agravos regimentais
: 1 MA
interpostos contra decisão que indeferiu as diligências requeridas na fase do art. 10

da Lei 8.038/90 e contra decisão que determinou a necessidade de juntada das
Em 7 -
alegações finais para análise de requerimento de extinção de tipicidade e

punibilidade; e julgou parcialmente procedente a denúncia para: (a) absolver o réu
1-3
Daniel Lúcio da Silveira da imputação do art. 286, parágrafo único, do Código

Penal, considerada a continuidade normativo-típica em relação ao art. 23, II, da Lei
.57
7.170/83; (b) condenar o réu Daniel Lúcio da Silveira: (b.1) como incurso nas
penas do artigo 18 da Lei 7.170/83, por 2 (duas) vezes, na forma do art. 71 do
0
Código Penal, em virtude da ultra-atividade da lei penal mais benéfica em relação

.99
ao artigo 359-L do Código Penal à pena de 5 (cinco) anos e 3 (três) meses de

reclusão; (b.2) como incurso nas penas do art. 344 do Código Penal, por 3 (três)
03
vezes, na forma do art. 71 do Código Penal à pena de 3 (três) anos e 6 (seis) meses
de reclusão, bem como à pena de 35 (trinta e cinco) dias-multa, no valor de 5
r: 0
(cinco) salários mínimos dia-multa, considerado o patamar vigente à época do fato,

que deve ser atualizado até a data do efetivo pagamento. Consideradas as penas
po
para cada crime, a pena final é de 8 (oito) anos e 9 (nove) meses de reclusão, em
regime inicial fechado, e 35 (trinta e cinco) dias-multa, o valor do dia-multa
so
equivalente a 5 (cinco) salários mínimos, considerado o patamar vigente à época do

s
fato, que deve ser atualizado até a data do efetivo pagamento. Fica fixado o regime
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fechado para o início do cumprimento da pena. Após o trânsito em julgado, ficam
AL
ainda suspensos os direitos políticos do condenado, enquanto durarem os efeitos da
condenação, nos termos do art. 15, inciso III, da Constituição Federal; bem como
determinada a perda do mandato parlamentar, em relação ao réu Daniel Lúcio da
:53 DE
Silveira, nos termos do art. 55, inciso VI e o § 2º, da Constituição Federal e artigo
92 do Código Penal. Tudo nos termos do voto do Relator, vencidos o Ministro
20 AO
Nunes Marques (Revisor), que julgava a ação improcedente, nos termos do art.
386, I, II e III, do Código de Processo Penal, e o Ministro André Mendonça, que
3 - SIM
:47
julgava parcialmente procedente a ação, em menor extensão, nos termos de seu

voto. Falaram: pelo autor, a Dra. Lindôra Maria Araújo, Vice-Procuradora-Geral
da República; e, pelo réu, o Dr. Paulo César Rodrigues de Faria. Presidência do
02 A
Ministro Luiz Fux. Plenário, 20.4.2022.”

2/2 EL
3/0 NO
No dia seguinte ao julgamento de mérito da acusação (21 de abril de

: 1 MA
2022), o Presidente da República, na forma do artigo 84, caput, inciso XII,

Em 7 -
CR/88, concedeu a graça constitucional ao condenado DANIEL LÚCIO DA

1-3
SILVEIRA, nos seguintes termos:

.57
“Art. 1º Fica concedida graça constitucional a Daniel Lucio da Silveira,

Deputado Federal, condenado pelo Supremo Tribunal Federal, em 20 de
0
abril de 2022, no âmbito da Ação Penal nº 1.044, à pena de oito anos e nove
.99
meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática dos crimes

previstos:
03
I - no inciso IV do caput do art. 23, combinado com o art. 18 da Lei nº 7.170,

r: 0
de 14 de dezembro de 1983; e
po
II - no art. 344 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código

Penal.
so
Art. 2º A graça de que trata este Decreto é incondicionada e será concedida

s
independentemente do trânsito em julgado da sentença penal

pre
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condenatória.
AL
Art. 3º A graça inclui as penas privativas de liberdade, a multa, ainda que
haja inadimplência ou inscrição de débitos na Dívida Ativa da União, e as
:53 DE
penas restritivas de direitos”.
20 AO
Em 26 de abril de 2022, o eminente Ministro Relator consignou que
3 - SIM
:47

“enquanto não houver essa análise e a decretação da extinção de punibilidade pelo
02 A
Poder Judiciário, nos termos dos já citados artigos 738 do Código de Processo Penal e
2/2 EL
192 da Lei de Execuções Penais, a presente ação penal prosseguirá normalmente,

3/0 NO
inclusive no tocante à observância das medidas cautelares impostas ao réu DANIEL

: 1 MA
SILVEIRA e devidamente referendadas pelo Plenário dessa SUPREMA CORTE.”

Em 7 -
Atualmente, conforme decisões do Ministro Relator de 15 e 23 de

1-3
dezembro de 2022 e de 1º de fevereiro de 2023, encontram-se vigentes às

.57
seguintes medidas acautelatórias em face do condenado: (1) multa por

0
descumprimento de medidas cautelares em 175 (cento e setenta e cinco)

.99
ocasiões distintas e o bloqueio de suas contas bancárias; (2) prisão preventiva,

03
com visitas restritas a seus advogados regularmente constituídos e com

r: 0
procuração nos autos e seus familiares, e a proibição de conceder quaisquer

po
entrevistas, salvo se previamente autorizada pelo Supremo Tribunal Federal;

so
(3) suspensão do porte de arma de fogo e dos certificados de registro para o

s
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colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça, eventualmente em
AL
seu nome; e (4) o cancelamento de todos os passaportes emitidos em seu nome
:53 DE
pela República Federativa do Brasil.
20 AO
O eminente Ministro Relator restabeleceu a prisão do Réu, sob os
3 - SIM
fundamento de que ele (1) descumpriu as medidas cautelares impostas
:47

centenas de vezes (concessão de entrevistas em 16, 17 e 23/08/2022, 26/09/2022
02 A
e 27/10/2022, e não utilização da tornozeleira eletrônica), tornando exigível a

2/2 EL
sanção pecuniária no valor total de R$ 4.380.000,00 (quatro milhões e trezentos

3/0 NO
e oitenta mil reais); (2) danificou o equipamento de monitoração eletrônica que

: 1 MA
estava sob sua responsabilidade; (3) reiterou ataques contra o Supremo

Em 7 -
Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral em veículos de comunicação,

1-3
em especial contra o sistema eletrônico de votação, em 23 de maio, 16 de

.57
agosto e 26 de setembro de 2022; (4) concedeu outras três entrevistas com o
mesmo teor em 17 e 23 de agosto e 27 de outubro de 2022; (5) insistiu em

0
.99
atacar o sistema eleitoral na Comissão de Transparência, Fiscalização e

03
Controle do Senado Federal em 30 de novembro de 2022; e (6) manifestou na

r: 0
tribuna do Plenário da Câmara que não cumpriria a ordem judicial

po
referendada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, voltando a atacar essa

so
Suprema Corte antes do julgamento desta ação penal.

s
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Nessa mesma decisão, o Ministro Relator determinou ainda a busca
AL
e apreensão pessoal e domiciliar de armas, munições, computadores, tablets,
:53 DE
celulares e outros dispositivos eletrônicos, passaporte, bem como de quaisquer
outros materiais relacionados ao feito.

20 AO
3 - SIM
DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA impugnou a aludida decisão por
:47

meio de agravo regimental interposto em 06 de fevereiro de 2023, a partir dos
02 A
fundamentos sintetizados a seguir colacionados:

2/2 EL
3/0 NO
“(i) Há causa da extinção da punibilidade demonstrada nos autos

(Decreto Presidencial que concedeu indulto individual – graça – ao
: 1 MA
Agravante, em 21 de abril de 2022);
(ii) Não há qualquer decisão judicial que suspendeu o referido

Em 7 -
decreto, sendo certo que a vigência dos decretos do Poder Executivo

1-3
é imediata (o Poder Judiciário não é instância revisora dos atos da

presidência da República);
.57
(iii) A prisão foi determinada de ofício, sem pedido da PGR ou da

0
autoridade policial, em razão de circunstâncias fáticas e jurídicas que

.99
são as mesmas desde maio de 2022;

03
(iv) A ação penal já foi julgada e o acórdão transitou em julgado

(uma vez que contra a decisão de mérito nem a defesa, nem o
r: 0
Ministério Público Federal apresentaram recurso), razão pela qual

não poderiam subsistir medidas cautelares, apenas o cumprimento
po
da pena (caso não tivesse ocorrido a extinção da punibilidade);

so
(v) Há manifestação expressa do Ministério Público Federal, único

s
titular da ação penal, pela revogação integral e retroativa das

pre
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medidas cautelares;
AL
(vi) O Ministério Público Federal já manifestou nos autos dos
processos que tramitam contra o réu, no sentido de que seja
:53 DE
reconhecido o declínio da competência em razão da não
continuidade do mandato de deputado federal do réu.”
20 AO
3 - SIM
:47
Ao final, o réu requereu que (1) seja declarada extinta a

02 A
punibilidade em razão da graça concedida, com o consequente

2/2 EL
reconhecimento da ineficácia de todas as medidas cautelares decretadas nos

3/0 NO
autos, de forma retroativa ao Decreto Presidencial concessivo; (2) a liberação

: 1 MA
de todos os valores bloqueados em suas contas; (3) a revogação da suspensão
de suas contas nas redes sociais; e (4) a revogação da prisão preventiva com a
Em 7 -
sua imediata soltura.

1-3
.57
Subsidiariamente, pleiteou pela substituição da prisão preventiva
por medidas cautelares diversas da prisão.

0
.99
Em seguida, os autos foram remetidos à Procuradoria-Geral da

03
República para manifestação acerca do agravo regimental interposto pelo réu.

r: 0
po
É o relatório.
so
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2 – DA NECESSÁRIA APRECIAÇÃO DO DECRETO PRESIDENCIAL
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CONCESSIVO DA GRAÇA
:53 DE
Na sessão de julgamento de 20 de abril de 2022, o Plenário do Supre-
20 AO
mo Tribunal Federal condenou o Agravante a 08 (oito) anos, 09 (nove) meses
3 - SIM
de reclusão, em regime inicial fechado, e a 35 (trinta e cinco) dias-multa com
:47

valor individual equivalente a 5 (cinco) salários-mínimos, por ele ter incorrido
02 A
nas penas do artigo 18 da Lei 7.170/83, por 2 (duas) vezes, na forma do art. 71
2/2 EL
do Código Penal, em virtude da ultra-atividade da lei penal mais benéfica em

3/0 NO
relação ao artigo 359-L do Código Penal, e nas penas do art. 344 do Código Pe-
: 1 MA
nal, por 3 (três) vezes, na forma do art. 71 do Código Penal.

Em 7 -
Em 21 de abril de 2022, o então Presidente da República concedeu ao

1-3
Agravante a graça constitucional em relação à pena de oito anos e nove meses

.57
de reclusão, multa e as penas restritivas de direito, de forma incondicionada e

0
independentemente do trânsito em julgado do acórdão condenatório.

.99
03
Na decisão de 26 de abril de 2022, o eminente Ministro Relator, sob o

r: 0
fundamento de que o Decreto Presidencial não havia sido juntado aos autos e
po
de que há litispendência a respeito da constitucionalidade no âmbito da ADPF
nº 964/DF, determinou a prosseguimento da ação penal, inclusive, no tocante

so
s
às medidas cautelares impostas ao Agravante, nos seguintes termos:

pre
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Em que pese existir petição juntada aos autos requerendo a declara-
AL
ção de inconstitucionalidade do Decreto de Indulto presidencial (eDoc.
898), esse tema será analisado em sede própria (ADPFs 964, 965, 966 e 967,
Rel. Min. ROSA WEBER), pois, conforme definido por esta SUPREMA
:53 DE
CORTE, no julgamento da ADI 5874, apesar de o indulto ser ato discricio-
nário e privativo do Chefe do Poder Executivo, a quem compete definir os
20 AO
requisitos e a extensão desse verdadeiro ato de clemência constitucional, a
partir de critérios de conveniência e oportunidade, não constitui ato imune
3 - SIM
:47
ao absoluto respeito à Constituição Federal e é, excepcionalmente, passível

de controle jurisdicional, pois o Poder Judiciário tem o dever de analisar se
as normas contidas no Decreto de Indulto, no exercício do caráter discricio-
02 A
nário do Presidente da República, estão vinculadas ao império constitucio-

2/2 EL
nal; como bem destacado na EMENTA do referido julgamento:

3/0 NO
(...)
Nos autos da ADPF 964, a eminente Ministra relatora, ROSA WEBER,
: 1 MA
em 25/04/2022, despachou no seguinte sentido:

“10. Reputo contemplar, a matéria, relevância e especial significado
Em 7 -
para a ordem social e a segurança jurídica, pelo que submeto, por analogia,
a tramitação desta ADPF ao disposto no art. 12 da Lei 9.868/1999.
1-3
11. Requisitem-se informações ao Presidente da República, a serem

prestadas no prazo de 10 (dez) dias. Após, dê-se vista ao Advogado-Geral
.57
da União e ao Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de

05 (cinco) dias.
0
.99
12. Por fim, considerando que as ADPF’s 965/DF, 966/DF e 967/DF, a

mim distribuídas por prevenção, possuem idêntico objeto ao desta arguição
03
de descumprimento de preceito fundamental, determino a tramitação con-

junta dos feitos.
r: 0
À Secretaria Judiciária.
po
Publique-se.”
Entretanto, independentemente da análise de sua constitucionalidade
so
– em sede de controle concentrado a ser realizado pelo Plenário dessa SU-

s
PREMA CORTE –, nos termos dos artigos 738 do Código de Processo Pe-
pre
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nal e 192 da Lei de Execuções Penais, há necessidade de juntada aos autos
AL
de cópia do Decreto Presidencial de Indulto – o que, até o presente mo-
mento não foi peticionado pela defesa do réu – para decisão de duas ques-
tões de COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO PODER JUDICIÁRIO:
:53 DE
(a) da possibilidade ou não de extinção de punibilidade, antes da
publicação do necessário Acórdão condenatório, ou mesmo, antes do
trânsito em julgado;
20 AO
3 - SIM
(b) da definição dos respectivos reflexos nos efeitos secundários da
:47

condenação.
A análise da possibilidade ou não de extinção de punibilidade pela
02 A
concessão de indulto individual, antes da publicação do necessário Acór-

2/2 EL
dão condenatório, ou mesmo, antes do trânsito em julgado é necessária,

pois, em que pese a doutrina ser amplamente majoritária quanto ao cabi-
3/0 NO
mento da graça e do indulto somente após o trânsito em julgado da sen-

tença condenatória (DAMÁSIO DE JESUS. Código Penal anotado, 23 ed.
: 1 MA
São Paulo: Saraiva, 2016, fls. 406-408; CEZAR ROBERTO BITENCOURT.

Tratado de Direito Penal : Parte Geral. 16 ed. Fls. 804/805; EUGENIO RAÚL
Em 7 -
ZAFFARONI e JOSÉ HENRIQUE PIERANGELI. Manual de Direito Penal

Brasileiro [livro eletrônico] : Parte Geral/4. ed. – São Paulo : Thomson Reu-
1-3
ters Brasil, 2020; RENÉ ARIEL DOTTI. Curso de direito penal [livro ele-
trônico]:parte. Geral/2. ed. colaboração de Alexandre Knopfholz e Gustavo
.57
Britta Scandelari. -- São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018; CRISTIANO

RODRIGUES. Manual de Direito Penal. Indaiatuba/SP. Editora Foco. 2019,
0
fl. 414; NORBERTO AVENA. Execução Penal – 5. ed., rev., atual. e ampl. –
.99
Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método. 2018, fls. 451-452; LUIZ REGIS
PRADO. Curso de direito penal brasileiro, volume 1 [livro eletrônico] / 6.
03
ed. – São Paulo:Mastersaf, 2018. e Execução Penal [livro eletrônico] – 2. Ed.

– São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2017; RODRIGO DUQUE ES-
r: 0
TRADA ROIG. Execução penal [livro eletrônico] : teoria crítica -- 2. ed. --

São Paulo : Thomson Reuters Brasil, 2022), há decisões do próprio SUPRE-
po
MO TRIBUNAL FEDERAL entendendo possível a concessão de indulto,

desde que, após a publicação da sentença condenatória, haja somente re-
so
curso da defesa pendente, tendo ocorrido trânsito em julgado para a acu-

s
sação, como bem destacado pelo Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE:

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“A apelação exclusivamente da defesa - e de nossa jurisprudência
AL
constante – não impede o indulto, nem é prejudicada pela concessão deste
(v.g. RHC 50.871, 6.4.73, Bilac, Como bem destacado pela Ministra-relatora
CÁRMEN LÚCIA, “esta Primeira Turma já assentou a possibilidade de concessão
:53 DE
de indulto antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que tenha
havido, como na espécie vertente, recurso de apelação exclusivo da defesa” (HC
20 AO
105.022/DF, 1ª TURMA, 12.04.2011), tendo sua Excelência citado o leading
case de relatoria do Ministro MOREIRA ALVES, HC 68.096, Rel. Min. Mo-
3 - SIM
:47
reira Alves, DJ 14.9.1990):

“Embora, em rigor, o indulto só devesse ser dado – como causa que
é, de extinção de punibilidade – depois do trânsito em julgado da senten-
02 A
ça condenatória – a jurisprudência – inclusive desta Corte – se inclina pe-

2/2 EL
lo cabimento da concessão do indulto antes de a sentença condenatória

3/0 NO
transitar em julgado, desde que não mais caiba (como sucedeu no caso
presente) recurso de apelação. Nesse caso, esta Corte tem admitido que a
concessão do indulto não impede o conhecimento e o julgamento do recur-
: 1 MA
so do réu em que este pleiteia sua absolvição, caso em que ocorreu uma de
duas hipóteses: ou o réu é absolvido e essa absolvição prejudica a conces-
Em 7 -
são do indulto, ou a condenação é mantida e a punibilidade do réu perma-

nece extinta em virtude do indulto que lhe foi concedido”.
1-3
(...)
.57
Dessa forma, imprescindível a juntada imediata do referido Decreto

Presidencial de Indulto, para que, além da análise do momento correto de
0
decretação de extinção de punibilidade pelo Poder Judiciário, igualmente,

.99
seja possível definir os respectivos reflexos da medida nos efeitos secundá-

rios da condenação, pois o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no exercício
03
de sua competência constitucional privativa, já definiu no sentido de que “a

concessão do indulto extingue a pena, mas não o crime, de modo que não
r: 0
são afastados os efeitos secundários do acórdão condenatório, dentre os

quais a interdição do exercício de função ou cargo públicos. Doutrina.
po
Precedentes. Situação concreta em que subsistem os efeitos extrapenais

da condenação, como é o caso da interdição do exercício de cargo ou fun-
so
ção pública de qualquer natureza, expressamente fixada pelo acórdão

s
condenatório” (EP 21 AgRsegundo, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Tribu-

pre
14
Im
O
UJ
RA
AA
AR
NT
CA
nal Pleno, julgado em 27/09/2019), pois “ao contrário da anistia, que opera
AL
efeitos radicais, o indulto e a graça em sentido estrito geram, somente, a
extinção da punibilidade. Não apagam o ilícito nem suprimem as conse-
quências de ordem penal, inclusive os efeitos penais secundários da sen-
:53 DE
tença condenatória” (HC 82554, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda
Turma, julgado em 11/03/2003), “remanescendo íntegros todos os seus
20 AO
efeitos secundários penais e extrapenais, como a reincidência e a obriga-
ção de reparar o dano” (HC 121907, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira
3 - SIM
:47
Turma, julgado em 30/09/2014).

Trata-se de pacífico entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, em sua SÚMULA 631: “O indulto extingue os efeitos primários
02 A
da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundá-

2/2 EL
rios, penais ou extrapenais”. Nesse mesmo sentido, a doutrina anterior-

3/0 NO
mente citada.
Ressalte-se, ainda, que, dentre os efeitos não alcançados por qualquer
: 1 MA
decreto de indulto está a inelegibilidade decorrente de condenação criminal

em decisão proferida por órgão judicial colegiado, prevista no artigo 1º, in-
ciso I, “e” da LC 64/90, com a redação dada pela Lei da Ficha Limpa (LC
Em 7 -
135/2010), desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos

1-3
após o cumprimento da pena, uma vez que, conforme pacificado pelo TRI-
BUNAL SUPERIOR ELEITORAL, “o indulto presidencial não equivale à
reabilitação para afastar a inelegibilidade decorrente de condenação cri-
.57
minal, o qual atinge apenas os efeitos primários da condenação – a pena,

sendo mantidos os efeitos secundários” (TSE, ARESPE nº 23.963/SP, Rel.
0
.99
Min. GILMAR MENDES; Recurso em Mandado de Segurança nº 150-

90.2013.6.19.0000/RJ, Rel. Min. LUCIANA LÓSSIO). Na hipótese de indulto,
03
“a contagem do prazo de inelegibilidade previsto no artigo 1º, I, e, da LC

64/90 começa a partir da decretação de extinção de punibilidade com o
r: 0
aperfeiçoamento do indulto, que equivale ao cumprimento da pena”

(TSE, Embargos de declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial
po
Eleitoral nº 28.949/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA).

Também por esse motivo, absolutamente necessário definir o exato
so
momento em que o Decreto Presidencial de Indulto permitirá a decretação

s
de extinção da punibilidade pelo Poder Judiciário.

pre
15
Im
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UJ
RA
AA
AR
NT
CA
Enquanto não houver essa análise e a decretação da extinção de puni-
AL
bilidade pelo Poder Judiciário, nos termos dos já citados artigos 738 do
Código de Processo Penal e 192 da Lei de Execuções Penais, a presente ação
penal prosseguirá normalmente, inclusive no tocante à observância das me-
:53 DE
didas cautelares impostas ao réu DANIEL SILVEIRA e devidamente refe-
rendadas pelo Plenário dessa SUPREMA CORTE.
20 AO
3 - SIM
:47
O Decreto Presidencial que concedeu a graça constitucional ao Agra-

vante foi juntado logo em seguida aos autos (e-doc. 917).
02 A
2/2 EL
Em 14 de junho de 2022, a Procuradoria-Geral da República, após

3/0 NO
apresentar seu parecer na ADPF nº 964/DF, manifestou-se pelo provimento

: 1 MA
parcial dos agravos regimentais interpostos para que5:

Em 7 -
1. seja declarada a extinção da punibilidade de DANIEL LÚCIO DA

SILVEIRA, na forma do artigo 738 do CPP, artigo 192 da LEI e artigo 107, II,
1-3
do Código Penal, ressalvada ulterior decisão em sentido contrário na ADPF

nº 964/DF;
.57
2. sejam revogadas todas as medidas cautelares em face do condena-

do, com eficácia retroativa à data da publicação do decreto concessivo de
0
graça constitucional.
.99
03
Na ocasião, o Ministério Público Federal reiterou os termos do pare-

r: 0
cer apresentado nas Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental

po
nºs 964, 965, 966 e 967/DF em que se manifestou pela constitucionalidade do

so
Decreto Presidencial concessivo de clemência ao Agravante, cujos substancio-

s
pre
5 Petição nº 45229/2022, de 14/06/2022
16
Im
O
UJ
RA
AA
AR
NT
CA
sos argumentos jurídicos apresentados estão sintetizados em ementa com o se-
AL
guinte teor:
:53 DE
“ARGUIÇÕES DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
PENAL E CONSTITUCIONAL. DECRETO DE 21.4.2022 DO PRESIDENTE
20 AO
DA REPÚBLICA. GRAÇA CONSTITUCIONAL (INDULTO INDIVIDUAL) A
PARLAMENTAR CONDENADO POR CRIMES NÃO HEDIONDOS A PENA
3 - SIM
:47
PRIVATIVA DE LIBERDADE E A MULTA ANTES DO TRÂNSITO EM

JULGADO DA CONDENAÇÃO. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO.
PETIÇÃO ASSINADA POR ADVOGADA IMPEDIDA. ATO NULO. MÉRITO.
02 A
DECRETO CONCESSIVO DA GRAÇA. ATO DE CARÁTER

2/2 EL
EMINENTEMENTE POLÍTICO DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO

PRESIDENTE DA REPÚBLICA. AMPLA LIBERDADE PARA DEFINIÇÃO
3/0 NO
DOS CRITÉRIOS DE SUA EMANAÇÃO. REVISÃO JUDICIAL RESTRITA

AOS CONDICIONAMENTOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS (CF, ARTS.
: 1 MA
5º, XLIII, E 84, XII E PARÁGRAFO ÚNICO). POSSIBILIDADE DE

CONCESSÃO DE GRAÇA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA
CONDENAÇÃO. ALCANCE DOS INSTITUTOS DA GRAÇA E DO
Em 7 -
INDULTO LIMITADO AO ÂMBITO DO DIREITO PENAL. NÃO

1-3
INCIDÊNCIA SOBRE OS EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO.

PARECER PELO NÃO CONHECIMENTO DA ADPF 964 E PELA
.57
ADMISSÃO DAS DEMAIS ARGUIÇÕES, E, NO MÉRITO, PELA

IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS.
0
1. Configura impedimento ao exercício da advocacia por servidor público

.99
federal a atuação em processo de controle concentrado em face de decreto do

Presidente da República, por se tratar de ato praticado no âmbito da mesma
03
pessoa de direito público que o remunera (União), na forma do art. 30, I, da Lei
8.906/1994 (Estatuto da OAB).
r: 0
2. Por força do art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), é
po
nula de pleno direito a petição inicial de ADPF subscrita unicamente por

advogada impedida circunstancialmente para atuar contra a pessoa jurídica de
so
direito público União, da qual emana o ato do Poder Público questionado nesta
arguição.
s
pre
17
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NT
CA
3. O poder de clemência soberana do Estado, de que é espécie a graça ou
AL
indulto individual, como expressão de competência constitucional
qualificada por politicidade máxima, manifesta-se em atos políticos
caracterizados pela mais ampla margem de avaliação política, e não se
:53 DE
sujeitam, por isso mesmo, às limitações que incidem sobre os atos
administrativos em geral, mesmo os especialmente qualificados por uma
20 AO
dilatada discricionariedade.
4. A graça e o indulto, por configurarem atos políticos dotados de ampla
3 - SIM
:47
liberdade de conformação, revelam-se insuscetíveis de avaliação judicial

quanto aos destinatários, ao conteúdo, às razões, aos motivos determinantes e
aos fins políticos que tenham por escopo, somente se expondo a controle
02 A
jurisdicional em caso de manifesta afronta às limitações materiais explícitas

2/2 EL
que gravam sobre essa espécie de ato político ou a exigências de cunho

3/0 NO
procedimental, encontradas nos arts. 5º, XLIII, e 84, XII e parágrafo único, da
Constituição Federal.
: 1 MA
5. Não afronta os arts. 5º, XLIII, e 84, XII e parágrafo único, da Constituição
Federal decreto concessivo de graça a parlamentar condenado pelo Supremo
Tribunal Federal como incurso nas penas do art. 18 da Lei 7.170/1983 e do art.
Em 7 -
344 do Código Penal, editado no exercício de competência presidencial

1-3
expressamente prevista na Constituição da República.

6. O poder de clemência soberana do Estado, expresso em ato de graça ou de
.57
indulto, pode alcançar títulos judiciais não definitivos, não se deparando, na

Constituição da República, com exigência, a que supostamente se
0
condicionariam a válida emanação e ou a eficácia do ato, de trânsito em

.99
julgado da condenação. Precedente: ADI 5874/DF.

7. No Direito brasileiro, o exercício do poder de graça não interfere na
03
suspensão dos direitos políticos, após o trânsito em julgado, em decorrência

r: 0
da condenação, e, tampouco, no que venha a ser ou tenha sido decidido

quanto à perda de mandato político. Nenhuma interferência surte, ademais,
po
no tocante a eventual inelegibilidade decorrente da condenação. – Parecer,

preliminarmente, pelo não conhecimento da ADPF 964, e pela
so
admissibilidade das demais arguições de descumprimento de preceito

fundamental, e, no mérito, pela improcedência dos pedidos.”
s
pre
18
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UJ
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NT
CA
AL
O ato concessivo da graça goza de presunção de constitucionalidade,
:53 DE
reforçada inclusive pela ausência de qualquer determinação liminar para a
suspensão de seus efeitos, na forma do artigo 5º, §3º, da Lei nº 9.882/1999 6. De
20 AO
outro lado, a presente ação penal não teve a sua tramitação suspensa no bojo
3 - SIM
:47
da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, conforme autoriza

o aludido preceito legal.
02 A
2/2 EL
A rigor, a presente ação penal deve seguir o seu regular curso

3/0 NO
procedimental com a declaração da extinção da punibilidade do Agravante em

: 1 MA
decorrência do indulto individual concedido por Decreto Presidencial,
consoante estatuem o artigo 107, inciso II, do Código Penal, o artigo 738 do
Em 7 -
Código de Processo Penal e o artigo 192 da Lei de Execução Penal:

1-3
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

.57
II - pela anistia, graça ou indulto;

0
Art. 738. Concedida a graça e junta aos autos cópia do decreto, o juiz
.99
declarará extinta a pena ou penas, ou ajustará a execução aos termos do

decreto, no caso de redução ou comutação de pena.
03
r: 0
6 Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá de-
ferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito fundamental.
po
(...)
§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento
so
de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação
com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorren-
s
pre
tes da coisa julgada.
19
Im
O
UJ
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NT
CA
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz
AL
declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no
caso de comutação.
:53 DE
A disciplina legal aplicável à clementia principis revela que a
20 AO
produção de efeitos do ato presidencial reclama mera sentença de natureza
3 - SIM
:47
declaratória de extinção da punibilidade do réu agraciado, insuscetível da

observância de qualquer condição. Leciona Rodrigo Duque Estrada Roig 7:
02 A
2/2 EL
O indulto é instituto oriundo do poder absoluto de clemência (graça)

do soberano (clementia principis ou indulgentia principis)4, poder este ao
3/0 NO
longo do tempo repartido entre os Poderes do Estado Moderno,

competindo em regra ao Legislativo a anistia, ao Executivo o indulto e a
: 1 MA
graça, e ao Judiciário a declaração dos direitos em virtude do cumprimento

dos trâmites e pressupostos legais estabelecidos.
Em 7 -
(...)
1-3
A sentença que tem por objeto o indulto e a comutação de pena tem

natureza meramente declaratória, na medida em que o direito já fora
constituído pelo decreto presidencial concessivo destes direitos (STJ, HC
.57
82.184/SP, 5ª T., j. 28-6-2007).

0
De fato, é declaratória tal decisão. O próprio art. 192 da LEP preceitua

.99
que, concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz de-
clarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
03
de comutação.
r: 0
po
so
7 Execução penal: teoria crítica. 2ª edição em e-book baseada na 6ª edição impressa. São Paulo:
s
pre
Thomson Reuters Brasil, 2022.
20
Im
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UJ
RA
AA
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NT
CA
A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal já deliberou, consoante
AL
se depreende da ementa do julgado proferido no Habeas Corpus nº 114.664 e
:53 DE
do trecho do voto condutor do aresto:
20 AO
“Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. COMUTAÇÃO DA
PENA. PREENCHIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO ESTABELECIDO
3 - SIM
NO DECRETO PRESIDENCIAL 7.420/2010. REALIZAÇÃO DE EXAME
:47
CRIMINOLÓGICO. EXIGÊNCIA NÃO PREVISTA NA REFERIDA NORMA.

ORDEM CONCEDIDA. 1. Satisfeitos os requisitos previstos no Decreto
02 A
Presidencial que regulamenta a concessão de indulto e comutação de

2/2 EL
penas, não pode o Poder Judiciário levar em consideração outros aspectos

ou fazer exigências nele não estabelecidas para negar o benefício. Doutrina
3/0 NO
e jurisprudência. 2. Ordem concedida para restabelecer a decisão de primeiro grau

que concedeu ao paciente a comutação da pena. (HC 114664, Relator(a): TEORI
: 1 MA
ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 05/05/2015, PROCESSO

ELETRÔNICO Dje-093 DIVULG 19-05-2015 PUBLIC 20-05-2015)”
Em 7 -
“(…) Ressalte-se, por oportuno, que a sentença que concede o indulto ou,
1-3
como no caso, a comutação de pena, possui natureza declaratória, e não

constitutiva. Logo, satisfeitos os requisitos previstos na norma, não pode o Poder
.57
Judiciário levar em consideração outros aspectos ou fazer exigências nele não

estabelecidas.(...)”
0
.99
Considerando a posição ministerial já externada em 14 de junho de

03
2022, no sentido de que deve ser declarada extinta a punibilidade do réu nesta
r: 0
ação penal, na forma do artigo 738 do CPP, artigo 192 da LEP e artigo 107, II,
po
do CP, é imprescindível a devida apreciação por esse eminente Ministro

so
Relator a respeito da repercussão do ato de clemência constitucional no âmbito

s
da situação jurídica do Agravante e, se mantida a compreensão pela

pre
21
Im
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UJ
RA
AA
AR
NT
CA
prejudicialidade da deliberação sobre a constitucionalidade do ato concessivo,
AL
seja o agravo regimental submetido ao Plenário do Supremo Tribunal Federal,
:53 DE
na forma do artigo 317, §2º, do RISTF8.
20 AO
Conquanto o indulto individual concedido ao Agravante goze de
3 - SIM
presunção de constitucionalidade, a litispendência da questão prejudicial
:47

externa a ser definitivamente apreciada na ADPF nº 964/DF recomenda que as
02 A
medidas cautelares decretadas em seu desfavor sejam diversas da prisão, nos

2/2 EL
termos do artigo 319 do Código de Processo Penal, uma vez que o efeito
3/0 NO
imediato da clemência é a extinção da pena privativa de liberdade.

: 1 MA
Deve, portando, ser revogado o édito prisional, sem prejuízo da

Em 7 -
adoção de medidas cautelares diversas da prisão.

1-3
4 – CONCLUSÃO
0.57
Diante do exposto, o Ministério Público Federal, ao reiterar os

.99
termos do posicionamento ministerial apresentado em 14 de junho de 2022,

03
manifesta-se pelo provimento do agravo regimental interposto, para que seja:

r: 0
po
8 Art. 317. Omissis.

so
§2º O agravo regimental será protocolado e, sem qualquer outra formalidade, submetido ao prola-
tor do despacho, que poderá reconsiderar o seu ato ou submeter o agravo ao julgamento do Plená-
s
pre
rio ou da Turma, a quem caiba a competência, computando-se também o seu voto.
22
Im
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AA
AR
NT
CA
1) declarada a extinção da punibilidade de DANIEL LÚCIO DA
AL
SILVEIRA, na forma do artigo 738 do CPP, artigo 192 da LEP e artigo 107, II,
:53 DE
do CP, ressalvada ulterior decisão em sentido contrário na ADPF nº 964/DF; e
20 AO
2) revogada a prisão preventiva de DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA,
3 - SIM
sem prejuízo da decretação de medidas cautelares diversas da prisão.
:47

02 A
Brasília, data da assinatura eletrônica.

2/2 EL
3/0 NO
LINDÔRA MARIA ARAUJO

: 1 MA
VICE-PROCURADORA-GERAL DA REPÚBLICA
[LMA/RPPC/GSC]
Em 7 -
1-3
.57
0
.99
03
r: 0
po
so
s
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23
Im

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O

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

da República, no exercício de suas funções constitucionais e legais, vem,

tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTRARRA-

ZÕES ao AGRAVO REGIMENTAL interposto por DANIEL LÚCIO DA SIL-

VEIRA em face da (1) decisão proferida em 15 de dezembro de 2022 que deter-

minou a aplicação de novas sanções pecuniárias em seu desfavor; e da (2) deci-

são prolatada em 1º de fevereiro de 2023 que determinou (i) o restabelecimen-

to de sua prisão, (ii) a busca e apreensão pessoal e domiciliar; (iii) a suspensão

do porte de arma de fogo e dos certificados de registro para colecionamento de

armas, tiro desportivo e caça; e (iv) o cancelamento de todos os passaportes

emitidos pela República Federativa do Brasil em seu nome.

Brasília, data da assinatura digital.

LINDÔRA MARIA ARAUJO

Ação Penal n° 1.044/DF – Eletrônico

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

Cuida-se de agravo regimental interposto por DANIEL LÚCIO DA

SILVEIRA, condenado nos autos da Ação Penal nº 1.044/DF, atacando as deci-

sões prolatadas em 15 de dezembro de 2022 e 1º de fevereiro de 2023, por meio

lativamente à multa anteriormente aplicada no valor R$ 2.625.000,00 (dois mi-

lhões seiscentos e vinte e cinco mil reais), em decorrência do descumprimento

das medidas cautelares fixadas, totalizando até aquela data R$ 4.380.000,00

(quatro milhões trezentos e oitenta mil reais); (2) o restabelecimento da prisão

preventiva, a busca e apreensão pessoal e domiciliar, a suspensão do porte de

arma de fogo e de eventual certificado de registro de armas de fogo, tiro des-

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

Interposto em 06 de fevereiro de 2023 (segunda-feira), o recurso é

próprio e tempestivo, porquanto observa o quinquídio previsto no artigo 317

do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal1.

Destaque-se que os prazos processuais estavam suspensos no perío-

do de 20 de dezembro de 2022 a 31 de janeiro de 2023 e voltaram a fluir em 1º

plementar nº 35/19792, do artigo 62, inciso I, da Lei 5.010/1966 3, combinados

de cinco dias de decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que

res: I - os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de janeiro, inclusive;

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

Como os autos aportaram na Procuradoria-Geral da República em 07

de fevereiro de 2023 (terça-feira), considera-se tempestivas as contrarrazões

apresentadas em 13 de fevereiro de 2023 (segunda-feira).

1 – SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA E RAZÕES RECURSAIS

Trata-se de ação penal proposta em desfavor de DANIEL LÚCIO

DA SILVEIRA, Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, sob a

acusação da prática de condutas tipificadas no art. 344 do Código Penal (por

§ 1º Constituem recesso os feriados forenses compreendidos entre os dias 20 de dezembro e 6 de janeiro,

neste Regimento Interno.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

“Decisão: Preliminarmente, o Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de

Supremo Tribunal Federal. Em seguida, o Tribunal, por maioria, rejeitou as

interpostos contra decisão que indeferiu as diligências requeridas na fase do art. 10

alegações finais para análise de requerimento de extinção de tipicidade e

Daniel Lúcio da Silveira da imputação do art. 286, parágrafo único, do Código

Código Penal, em virtude da ultra-atividade da lei penal mais benéfica em relação

ao artigo 359-L do Código Penal à pena de 5 (cinco) anos e 3 (três) meses de

(cinco) salários mínimos dia-multa, considerado o patamar vigente à época do fato,

equivalente a 5 (cinco) salários mínimos, considerado o patamar vigente à época do

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0eced5e9.e4775441.6b8be588.4dd403f0

Ministro Luiz Fux. Plenário, 20.4.2022.”

No dia seguinte ao julgamento de mérito da acusação (21 de abril de

2022), o Presidente da República, na forma do artigo 84, caput, inciso XII,