Relatorio de MecFlu

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O USO DE INVERSORES DE FREQUÊNCIA PARA AJUSTES


DO PONTO ÓTIMO DE OPERAÇÃO EM SISTEMAS DE
BOMBEAMENTO1
 
Márcio Zamboti Fortes2
Victor de Souza Fonseca Antunes3
Laís Felinto Pereira4

Resumo
No contexto industrial, os sistemas de bombeamento de água, especificamente,
sofrem com grandes desperdícios de energia, devido à operação, muitas vezes
inadequadas destes. Além da energia elétrica, há o desperdício diretamente da
água, como mostram os dados do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS), que relata perdas de aproximadamente 40% da água
produzida, e grande parte desta perda deve-se a vazamentos nas linhas de
distribuição. A consequência deste desperdício de água é também o desperdício da
energia elétrica consumida no bombeamento. Este trabalho apresenta a aplicação
do método de similaridade no estudo do ajuste do ponto de operação de bombas
centrifugas quando estas são operadas por inversores de frequência. Ilustram-se os
ganhos obtidos na redução do consumo e na demanda instalada, quando no caso
de expansão de instalações. Dois casos reais são mostrados para comprovação do
método.
Palavras-chave:  Inversores de frequência; Método da similaridade; Sistemas de
bombeamento. 
 
THE USE OF FREQUENCY INVERTERS FOR ADJUSTMENTS OF THE OPTIMAL
POINT OF OPERATION IN PUMPING SYSTEMS 
Abstract
In the industrial context, the water systems pumping suffer with a great energy waste
due to their inadequate operation. Besides electricity, there is the problem of water
losses as shown by National Information System on Sanitation (SNIS) data, which
reported losses about 40% of produced water, and much of this is due to losses in
the distribution lines. The consequence of these water losses is also the waste of
consumed electrical energy in pump act. This paper presents the application of
similarity method in set point operation study for centrifugal pumps, when it is
operated by frequency inverters. In this analysis is illustrated the gains obtained in
the consumption and demand reduction in case of facilities expansion. Two real
cases are shown to confirm the method.
Key words: Frequency inverters; Similarity method; Pumping systems.
1
Contribuição técnica ao 33° Seminário de Balanços Energéticos Globais e Utilidades e 27°
Encontro de Produtores e Consumidores de Gases Industriais, 22 a 24 de agosto de 2012, Belo
Horizonte, MG.
2
Doutor em Engenharia Elétrica, Universidade Federal Fluminense.
3
Engenheiro Eletricista, Universidade Federal Fluminense.
4
Graduando em Engenharia Elétrica, Universidade Federal Fluminense.

83
 

1 INTRODUÇÃO

O Balanço Energético Nacional (BEN) de 2011, ano base 2010, mostrou que o setor
industrial foi responsável por 44% da energia consumida no país.(1) Por sua vez, O
PROCEL Indústria afirma que cerca de 62% do consumo nas indústrias é devido a
sistemas motrizes, ou seja, os sistemas motrizes consomem 26,4% da energia
elétrica que o país produz. Dentre os 62% da eletricidade que alimenta a força
motriz brasileira, 18% é voltada para o suprimento de bombas,(2) utilizadas nos mais
diversos segmentos da indústria que necessitam movimentar fluídos. O combate ao
desperdício de energia nos sistemas de bombeamento inclui a busca por filosofias
para uma melhor operação destes sistemas. E entre os métodos de operação de
sistemas de bombeamento para a redução da vazão, dois se destacam: o uso de
válvulas e o uso de inversor de frequência. Este último baseia-se na redução da
velocidade do rotor, diminuindo a vazão e reduzindo a energia consumida, porém
vários trabalhos a este respeito fornecem uma base de cálculo que trazem
dificuldades para prever a economia possível de ser obtida.
Desta forma, pretende-se neste trabalho apresentar uma metodologia de cálculo
para previsão da economia de energia a ser alcançada pelo controle da velocidade
de um rotor através do uso de um inversor de frequência. Além disso, fazer a análise
econômica da implantação deste método em duas motobombas.  

1.1 Motores de Indução

Em um motor, é a potência útil de alimentação do motor, e a potência


entregue à carga. E o torque entregue à carga é dado por:

(1)

Outro importante dado sobre o motor é o rendimento, , que expressa o quanto da


potência absorvida por ele é entregue à carga, ou seja:

(2)

Deduz-se, então, que quanto maior o rendimento, melhor. Além disso, pode-se ver
através da Equação 1 que o torque e a velocidade do rotor estão diretamente
relacionados.(3) A velocidade do rotor tem relação direta também com o
escorregamento, que por sua vez está relacionado à carga acoplada ao eixo do
rotor. Estas relações podem ser entendidas com mais detalhes nos livros que tratam
de motores de indução. Como o torque e a corrente do rotor estão diretamente
relacionados, percebe-se que a corrente sofre grande variação de acordo com a
velocidade do rotor. Logo, controlando a velocidade, controlam-se a corrente e a
energia consumida pelo motor.

1.2 Acionamentos

84
 

Entre os vários objetivos dos acionamentos(4) de motores elétricos, está o controle


de velocidade e de torque, que pode ser efetuado com diversas estratégias, e entre
elas está o uso de inversores de frequência, fundamentais para este trabalho.
O inversor de frequência converte a corrente alternada da fonte em corrente
contínua (retificação) e em seguida a transforma em alternada novamente, com as
características de frequência e magnitude desejadas. Seu objetivo é variar a
velocidade da máquina mantendo o fluxo magnético constante e, por consequência,
mantendo também o torque constante.
O torque de um motor de indução, desprezando a queda de tensão no estator, é
dado por:

(3)

onde é o fluxo de magnetização (Wb), é a tensão no estator (V) e é uma


constante que depende da máquina.
Então, variando e proporcionalmente, mantendo a razão constante, altera-se a
frequência sem alterar o fluxo, mantendo o torque constante, caso seja considerado
que é constante, assim como a carga no eixo do rotor. Então, para controlar a
velocidade, varia-se a tensão e a frequência linearmente até atingir a tensão nominal
( ) e a velocidade nominal ( ) do motor, onde então a tensão será mantida
constante, como é representado na Figura 1:

Figura 1 – Gráfico Tensão x Frequência num Motor de Indução Trifásico usando Inversor.(4)

Pelas Equações 1 e 3, pode-se antever que, ao continuar-se aumentando a


frequência e mantendo-se a tensão nominal, o fluxo e o torque decairão, pois são
inversamente proporcionais. E, já que a potência é resultado da multiplicação entre
torque e velocidade angular , a potência útil do motor terá o comportamento variando
suavemente com a frequência, como representado na Figura 2:

Figura 2 – Gráfico Potência x Frequência num Motor de Indução Trifásico utilizando Inversor.(4)

Quanto ao funcionamento dos inversores, a conversão acontece através de três


estágios: retificação da tensão da rede, controle do chaveamento e a saída.
Após a retificação, a tensão é alisada através de um filtro, por meio de um banco de
capacitores. Em seguida, esta tensão CC se torna a tensão de entrada de uma
ponte de tiristores (ou transistores IGBT), responsáveis por fazer a inversão para CA

85
 

novamente. O controle de disparo destes tiristores é feito de modo a atingir uma


variação linear da tensão e da frequência, mantendo constantes o fluxo e o torque.
O circuito que comanda estes disparos utiliza-se de microcontroladores digitais. Este
controle utiliza-se de técnicas como a PWM (Pulse Width Modulation, ou Modulação
por Largura de Pulso).
Controla-se, então, a tensão de saída, em magnitude e frequência, e, por
conseguinte, a velocidade. Esta variabilidade da frequência pode ser muito grande, e
pode ser alcançada de duas maneiras: controle escalar e controle vetorial.
O controle escalar considera apenas os módulos instantâneos da tensão, da
corrente e do fluxo, referindo-se ao estator. O controle é feito em malha aberta. É o
mais utilizado devido à sua simplicidade. O controle vetorial decompõe a corrente do
motor (do estator) em dois vetores, onde um deles é o responsável pela criação do
fluxo que atravessa o entreferro e o outro pela produção do torque. Isto possibilita a
regulação de cada um de forma separada. Entre outras considerações, ressalta-se
que a economia com a utilização do inversor de freqüência pode não ser alcançada
da forma esperada devido ao aumento nas perdas ocasionado pelas harmônicas.(4)

1.3 Sistemas de Bombeamento

 Diâmetro da Tubulação: Fundamental para a eficiência energética, pois as


perdas de pressão na tubulação tem conseqüências diretas na vazão de projeto,
que por sua vez influencia diretamente a potência da bomba. Seu cálculo pode
ser feito por diversas fórmulas empíricas encontradas nos livros sobre o
assunto.(5)
 Perdas de Carga da Instalação
 perda de carga distribuída: causada pelo atrito com a tubulação, de forma
contínua; e
 perda de carga localizada: causada pelas conexões especiais da tubulação,
como válvulas, curvas, joelhos e outros, e são significativamente maiores do
que as perdas de carga distribuídas.
Ressalta-se que existem diversas fórmulas para o cálculo de ambas.
A perda de carga total é dada pela soma das duas perdas.
 Curva de Carga da Instalação: É a curva do sistema, e é uma função dada por:

(4)

onde corresponde ao desnível entre os reservatórios, ou seja, é uma constante,


se for considerado o nível de água no reservatório de sucção constante. Já o termo
é uma função da vazão. Assim, AMT pode ser representada como mostra a
Figura 3:

86
 

Figura 3 – Curva Q x AMT de um sistema genérico.(6)

 Escolha da Bomba: A carga total desenvolvida pela bomba ( ), a potência


mecânica requerida para acioná-la ( ) e o seu rendimento ( ) variam em função
da capacidade de vazão da bomba ( ). As relações entre essas grandezas são
chamadas características das bombas, e são apresentadas pelos fabricantes das
bombas nos seus respectivos catálogos através de gráficos, chamados curvas
características das bombas.(5) A Figura 4 ilustra a união das curvas da bomba e
da instalação:

Figura 4 – Ponto de operação de uma bomba representado na Curva Pressão x Vazão.(6)

Para se realizar o controle de vazão é necessário variar o ponto de operação da


bomba. Isto pode ser feito, principalmente, de três maneiras,(6) e duas são:
 controle da vazão com atuação na curva da instalação: através do uso de um
dispositivo de estrangulamento, como um registro, alterando a geometria da
instalação, e inserindo uma perda de carga no sistema; e
 controle de vazão com atuação na curva da bomba: altera-se a velocidade de
rotação do motor através do uso de um inversor de freqüência, fazendo com que
a bomba se comporte como uma bomba com características diferentes e
consecutivamente, com uma nova curva.
Por fim, a bomba consome uma potência elétrica dada por:
(5)

onde é o rendimento do motor e é o peso específico do fluído.


A Figura 5 ilustra a comparação entre os métodos de controle de vazão:

87
 

Figura 5 – Comparação entre os efeitos da aplicação dos métodos de controle de vazão.(6)

O ponto III mostra o novo ponto de operação atingido com o estrangulamento da


válvula, alterando a curva do sistema. Já o ponto II é o ponto atingido com a redução
da velocidade de rotação do motor usando inversor de freqüência, que faz alterar a
curva da bomba. Como a potência é proporcional à multiplicação de por , a área
“A” corresponde à diferença de potência utilizada entre um método e outro. Fica
claro que é mais econômico alterar a curva da bomba, resultando em menor
consumo de energia, como ensaios em laboratórios indicam.(6)

1.3.1 Lei das similaridades


As Leis da Similaridade mostram que existe uma relação direta entre as grandezas
mais importantes para os sistemas de bombeamento e a velocidade de rotação da
bomba. Estas leis estão expressas pelas Equações 6,7 e 8.(7)
(6)

(7)

(8)

A exatidão desta Lei só é garantida para os pontos que possuem o mesmo


rendimento da bomba.(7) Esta restrição é uma das bases mais importantes para o
objetivo deste trabalho.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A proposta é analisar duas motobombas em operação, ensaiá-las para obter a


condição atual de operação de cada uma, obter algumas de suas características
elétricas e mecânicas, simular novos pontos de operação visando à economia
possível de ser alcançada e calcular os ganhos energéticos e financeiros atingidos.

2.1 Medições Realizadas

Foram analisadas duas motobombas cujos dados estão na Tabela 1:

Tabela 1. Dados das motobombas analisadas


Motobomba 1: Motobomba 2:
MOTOR MOTOR
Fabricante WEG Fabricante KOHLBACH
Tipo Trifásica Tipo Trifásica
Potência 5,5kW/7,5CV Potência 7,5CV
Velocidade 3500rpm Velocidade 3480rpm
Ip/In 8 Ip/In 8,8
Corrente 19,1/11,1A Corrente 19/11A
Rendimento 86,70% Rendimento -
FP 0,87 FP -
BOMBA BOMBA
Fabricante DANCOR Fabricante DANCOR

88
 

Sucção 2 1/2" Sucção 2 1/2"


Recalque 2" Recalque 2"
As Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados das medições para cada bomba, em
cada uma das três condições analisadas:

Tabela 2 – Resumo das medições da Motobomba 1


Carregamento Real (Imedia/In): 102,73 91,57 80,71 %
Tensão: 217,16 217,34 216,52 V
Corrente: 19,52 17,40 15,33 A
Potência Ativa: 6033,98 5235,23 4387,50 W
Fator de Potência: 0,84 0,818 0,787
DHT da Tensão: 1,94 1,94 1,94 %
DHT da Corrente: 3,10 3,66 4,35 %
ENERGIA CONSUMIDA (1,5h): 9,08 7,88 6,60 kWh
Vazão MEDIDA 25,9 24,0 22,5 m³/h
Velocidade MEDIDA 3496 3517 3533 rpm

Tabela 3 – Resumo das medições da Motobomba 2


Carregamento Real (Imedia/In): 93,53 84,83 78,72 %
Tensão: 217,38 215,28 218,06 V
Corrente: 17,77 16,12 14,96 A
Potência Ativa: 5790,31 5156,74 4754,42 W
Fator de Potência: 0,884 0,873 0,851
DHT da Tensão: 2,06 1,78 1,99 %
DHT da Corrente: 3,03 3,05 3,33 %
ENERGIA CONSUMIDA (1,5h): 8,73 7,76 7,16 kWh
Vazão MEDIDA 26,58 21,60 19,80 m³/h
Velocidade MEDIDA 3400 3460 3490 rpm

2.2 Condições Iniciais de Operação

As bombas analisadas operam em revezamento a cada 15 dias, onde uma fica


ligada em média 1,5 h por dia, durante 5 dias na semana.

2.3 Ponto de Operação Hidráulico

Um método simples para a obtenção da equação característica da bomba é a


utilização da aproximação polinomial de 2° grau, que, através de três pontos
conhecidos, pode oferecer uma excelente aproximação da equação da bomba.
Estes três pontos podem ser obtidos da curva do catálogo da bomba,
chegando-se a: . E inserindo nesta fórmula o valor de
vazão que foi medido, encontra-se o valor de AMT, e com isso o ponto de operação
da bomba:

Tabela 4 – Ponto de operação das duas motobombas


Q (m³/h) AMT (m)
Motobomba 1 - WEG 25,92 44,21
Motobomba 2 - Kohlbach 26,58 44,08

89
 

Para uma melhor visualização, traça-se uma curva estimada do sistema. O


cruzamento de ambas as curvas fornece o ponto de operação da bomba.
Uma das maneiras de se obter a curva do sistema é utilizar-se de uma das fórmulas
de AMT em função da vazão, escolhendo-se alguns valores para esta última. Porém,
para tal, é necessário conhecer a tubulação, com suas peças especiais e o
comprimento total. Neste trabalho, foi estimada a quantidade e o tipo de tais peças e
o comprimento da tubulação, que retornou um valor muito coerente. A fórmula
utilizada foi a de Williams-Hasen,(5) devido ao alto número de Reynolds encontrado.
Nesta fórmula, utilizou-se (ferro fundido) e o Método dos Comprimentos
Equivalentes, chegando-se a
Este valor é bem próximo ao encontrado utilizando as curvas da bomba, através do
valor de vazão medido, que foi 44,21m de altura manométrica total ( ). Tal
equação é dedutível fazendo-se a composição dos termos de Williams-Hasen para
os dois diâmetros na equação de , e está representada na Equação 9(5), usada
pra traçar a curva do sistema.

(9)

O gráfico desta função é mostrado na Figura 6, já representada em conjunto com a


curva manométrica motobomba 1, escolhida como exemplo:

H (mca)
50 Q x AMT ‐ DANCOR 7,5CV

Curva da Instalação

40 Polinômio (Q x AMT ‐
DANCOR 7,5CV)

y = ‐0,006x2 + 0,125x + 45
30
5 15 25 35 45 Q (m³/h)

Figura 6 – Gráfico Q x AMT mostrando o Ponto de Operação da Motobomba 1.

O cruzamento das curvas representa o ponto de operação atual da bomba. E,


considerando a quantidade de aproximações feitas e a inexatidão inerente às
fórmulas empíricas, o resultado é bem próximo do que já foi mostrado na Tabela 4.

2.4 Proposta de Novos Pontos Hidráulicos e Elétricos de Operação

O objetivo é encontrar um novo ponto de operação para as motobombas através da


redução da velocidade do rotor, que resultem em um mesmo rendimento. Desta
forma será possível o uso da Lei das Similaridades para relacionar a nova potência
disponível no eixo e a nova rotação.
Consultando a Equação 5, pode-se perceber a relação entre potência elétrica, vazão
e pressão, além dos rendimentos da bomba e do motor. Se o objetivo é buscar e
para o mesmo rendimento em operação, basta-se fazer uma “varredura” no
plano , escolhendo-se valores abaixo do ponto de operação (pois se deseja

90
 

reduzir e ), mantendo-se fixos os rendimentos do motor e da bomba. Esta


“varredura” será feita através de uma redução linear dos valores citados, apenas
para facilitar. E, como foi dito, através da Equação 5, podem ser obtidos os novos
valores de potência elétrica prevista para os valores de e escolhidos.
Esta estimativa de valores permite traçar o gráfico de que e cruzá-la com a
curva da instalação, que é fixa, pois de qualquer maneira o futuro ponto de operação
da motobomba com velocidade reduzida estará contido nesta curva. Como o
rendimento da bomba e o rendimento do motor estão fixos para esta nova condição
procurada, o cruzamento entre as curvas indicará o ponto de operação procurado,
como mostrado na Figura 7:

50,0

40,0
Q x AMT
Curva da Instalação
30,0

20,0
0,0 10,0 20,0 30,0

Figura 7 – Curvas para auxílio na localização do futuro ponto de operação da Motobomba 1.

O cruzamento tenderá a acontecer em dois pontos: o ponto de operação atual e o


ponto de operação que se procura. A inexatidão se deve ao fato de este método
utilizar-se de valores aproximados, oriundos de fórmulas também aproximadas.
Outra questão a este respeito é que, embora se pudesse substituir a equação da
curva da instalação na equação linear resultante da “varredura” de para
obter os pontos de interseção, optou-se, nesta etapa, pelo método da inspeção
visual dos pontos, devido a ser mais simples e devido à imprecisão inerente.
Pode-se observar que o ponto procurado encontra-se próximo a e
. Porém, na verdade ele é apenas orientativo, e até dispensável, pois se
forem atribuídos valores para a Equação 9 da curva de instalação e criada uma
tabela, é possível encontrar o ponto de operação procurado, como demonstra a
Tabela 5:

Tabela 5 – Valores da Curva do Sistema e Valores da “varredura” para a Motobomba 1


Q (m³/h) AMT (m) Pel (W) Q (m³/h) AMT (m)
7,9 28,1 1093,0 7,9 26,2
9,9 29,2 1473,5 9,9 28,2
13,9 31,9 2360,9 13,9 32,2
17,9 35,5 3416,7 17,9 36,2
21,9 39,7 4641,1 21,9 40,2
25,9 44,7
6034,0 25,9 44,21

Estabeleceu-se o limite de 1 m de diferença entre a procurada na tabela de


“varredura” e a da instalação. Então, respeitando-se estes limites, os futuros
pontos de operação encontrados são::

91
 

 Motobomba 1 – WEG 7,5CV: e


 Motobomba 2 – KOHLBACH 7,5CV: e
Para finalizar, utiliza-se a Equação 6 da Lei das Similaridades para encontrar as
novas velocidades de operação das motobombas, como mostram as Tabelas 6 e 7:
Tabela 6 – Características previstas conseqüentes do ponto de operação proposto para a
motobomba 1
Operação Q (m³/h) AMT (m) Pel (W) Vel. (rpm)
Atual 25,9 44,2 6033,98 3496
Proposta 10,0 28,0 1474,41 2186

Tabela 7 – Características previstas conseqüentes do ponto de operação proposto para a


Motobomba 2
Operação Q (m³/h) AMT (m) Pel (W) Vel. (rpm)
Atual 26,6 44,1 5790,31 3400
Proposta 12,5 30,0 1852,83 2326

3 DISCUSSÃO

A partir do ponto de operação proposto, podem-se calcular os ganhos energéticos e


econômicos previstos utilizando o inversor de frequência. Esta análise é feita
considerando o funcionamento das motobombas apenas em horário fora de ponta
(entre 21h e 18h) e o enquadramento como grupo A (grandes clientes), subgrupo A4
(tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV) do local dos ensaios. As Tabelas 8 e 9
mostram os ganhos energéticos ao fim de treze dias (quinze dias menos dois
domingos), mantendo a alternância entre as motobombas a cada quinze dias.
Tabela 8 – Previsão mensal de energia economizada proposta p/ a Motobomba 1
Operação Q (m³/h) Pel (W) CDO (h) Dias de Operação Energia (kWh)
Atual 25,9 6033,98 1,5 13 117,66
Proposta 10,0 1474,4 3,9 13 74,52
Economia: 37%

Tabela 9 – Previsão mensal de energia economizada proposta p/ a Motobomba 2


Operação Q (m³/h) Pel (W) CDO (h) Dias de Operação Energia (kWh)
Atual 26,6 5790,31 1,5 13 112,91
Proposta 12,5 1452,62 3,2 13 60,24
Economia: 47%

As Tabelas 10, 11, 12 e 13 mostram os ganhos econômicos mensais e anuais. Vale


ressaltar que as Tarifas Horosazonais Verde e Azul têm o mesmo custo em reais
para os períodos fora de ponta. Os valores não incluem PIS e nem COFINS, e
encontram-se no site da AMPLA.(8)

Tabela 10 – Previsão de Economia Mensal e Anual – Tarifa Convencional - Motobomba 1


Operação Valor Mensal (R$) Valor Anual (R$)
Atual 371,25 4455,03
Proposta 97,42 1169,06
Economia: 74% R$ 3.285,97

Tabela 11 – Previsão de Economia Mensal e Anual – THS Verde e Azul - Motobomba 1

92
 

Operação Valor Mensal P. Seco (R$) Valor Mensal P. Úmido (R$) Valor Anual (R$)
Atual 126,34 124,95 1509,14
Proposta 37,49 36,60 445,43
Economia: 70% 71% R$ 1.063,70 (70%)
Tabela 12 – Previsão de Economia Mensal e Anual – Tarifa Convencional - Motobomba 2
Operação Valor Mensal (R$) Valor Anual (R$)
Atual 356,26 4275,12
Proposta 95,03 1140,35
Economia: 73% R$ 3.134,77

Tabela 13 – Previsão de Economia Mensal e Anual – THS Verde e Azul - Motobomba 2


Operação Valor Mensal P. Seco (R$) Valor Mensal P. Úmido (R$) Valor Anual (R$)
Atual 121,24 119,90 1448,19
Proposta 35,36 34,64 420,69
Economia: 71% 71% R$ 1.027,50 (71%)

A maior economia aconteceria caso a tarifa fosse Convencional, pois poderia ser
alterada para Tarifa Horosazonal Verde, por exemplo, e reduzir-se-ia o gasto de
R$8.720,15 para R$ 866,12 (soma dos valores da Tabela 11 com os da Tabela 13,
pois cada motor opera durante a metade do mês), o que representa 90% de
economia.
Porém, considerando-se o caso mais conservador, ou seja, considerando-se que a
Tarifa Horosazonal Verde já seja a contratada, chegar-se-ia a uma economia anual
de R$2.091,20.
A título de exemplo, um inversor de frequência do fabricante WEG (CFW08), de
controle escalar, apropriado para motobombas de 7,5 CV, custa aproximadamente
R$ 2.000,00. Com a economia anual citada, o investimento seria pago em 1 ano, o
que é tempo de retorno muito atraente.

4 CONCLUSÃO

A economia mais conservadora foi de 70% e 71% de energia para as motobombas 1


e 2, respectivamente, representando R$ 2.091,20, considerando o ciclo de operação
de 1,5 h. Este valor condiciona a análise para um tempo de retorno de
aproximadamente 1 ano para a compra de um inversor de frequência compatível.
É possível estimar que há potencial de economias financeiras mais significativas em
indústrias onde o tempo de operação é maior do que os casos estudados.
Vislumbra-se ainda para casos industriais:
 Aproveitamento dos inversores para a partida destes motores, reduzindo as
perdas e o desgaste, resultando em menor manutenção;
 Adiamento da expansão da carga instalada devido redução da demanda
contratada com a aplicação da metodologia aqui descrita;
 Redução da pressão nas tubulações, contribuindo para a diminuição dos
vazamentos e, consecutivamente, em economia de energia e menor dispêndio
financeiro;
De acordo com os cálculos realizados, viu-se que é possível prever, de forma
simples, a economia obtida através do uso de inversores de frequência para
controlar a velocidade de motobombas, e que há grandes potenciais de economia.

93
 

REFERÊNCIAS

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Base 2010 – Relatório Final. Rio de Janeiro, RJ, 2011. Disponível em <
https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2011.pdf> Acesso em 15
nov.2011.
2 MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2030, PEN 2030.Rio
de Janeiro, RJ, 2010. Disponivel em http://www.epe.gov.br/PNE/20080512_11.pdf>
Acesso em 20 mar.2012.
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2004.
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Técnico. Jaragua do Sul, SC, 2009. Disponível em:
<http://catalogo.weg.com.br/files/wegnet/WEG-motores-de-inducao-alimentados-por-
inversores-de-frequencia-pwm-027-artigo-tecnico-portugues-br.pdf> Acesso em 20 mar.
2012.
5 MACINTYRE, A. J. Bombas e Instalações de Bombeamento. Rio de Janeiro: Ed. LTC,
2010.
6 LOPES, I.F.; JORGE, A. S. F.; SALIM, P.S.; CASAGRANDE, C.G.; PINTO, D.P.
Eficiência Energética em Sistemas Motrizes Industriais. In: IV Congresso Brasileiro de
Eficiência Energética, Juiz de Fora. 2011.
7 ALMEIDA, B. P. Comportamento elétrico, mecânico e hidráulico de um sistema de
bombeamento sob enfoque da qualidade de energia elétrica e eficiência energética.
Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2010.
8 AMPLA. Taxas e Tarifas. Disponível em: < http://novoportal.ampla.com/para-seus-
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