@biomedicina BR Ciências Biológicas e Da Saúde Integrando Saberes
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E DA SAÚDE
VOL. 2
científica digital
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
E DA SAÚDE
1ª EDIÇÃO
científica digital
2022 - GUARUJÁ - SP
científica digital
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Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
C569 Ciências biológicas e da saúde: integrando saberes em diferentes contextos: volume 2 / Octávio Barbosa Neto (Organizador),
Carla Cristina Sordi (Organizadora). – Guarujá-SP: Científica Digital, 2023.
E-BOOK
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Formato: PDF
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Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5360-264-9
DOI 10.37885/978-65-5360-264-9
1. Biologia. I. Barbosa Neto, Octávio (Organizador). II. Sordi, Carla Cristina (Organizadora). III. Título.
2023
CDD 570
Índice para catálogo sistemático: I. Biologia
Elaborado por Janaina Ramos – CRB-8/9166
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Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores,
estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões neste
espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e de ações
APRESENTAÇÃO
' 10.37885/221211564........................................................................................................................................................................... 13
Capítulo 02
Audiometria de altas frequências em indivíduos expostos a ruído e agentes ototóxicos
Luciano Veloso de Amorim Santos; Larissa França Ferro Santos; Plácido Fabrício Silva Melo Buarque
' 10.37885/221111070........................................................................................................................................................................... 27
Capítulo 03
Avaliação da composição proteica e da rotulagem de diferentes marcas de suplementos para atletas
' 10.37885/221211552........................................................................................................................................................................... 42
Capítulo 04
Avaliação da qualidade de leites padronizados produzidos nos Estados de Goiás e Minas Gerais e
comercializados no Distrito Federal
' 10.37885/230111625.......................................................................................................................................................................... 47
Capítulo 05
Características evolutivas do desenvolvimento do bebê pré-termo de extremo baixo peso
' 10.37885/221010569.......................................................................................................................................................................... 52
Capítulo 06
Consequências e critérios de diagnósticos da desnutrição em pacientes acometidos pelo câncer
' 10.37885/221211498.......................................................................................................................................................................... 66
SUMÁRIO
Capítulo 07
Declínio da adesão à vacinação infantil e o reaparecimento de doenças já erradicadas no Brasil
Letícia Cantuária Santana; Rebeca Claudia Cabral Correia; Carla Beatriz Clarindo Feitosa; Lucas de Jesus Silva; Thiago de Oliveira
dos Santos; Lara Tatyane Ferreira Santos Honório; Clarissa Maria Tito Beltrão; Gabriela de Gusmão Pedrosa Eugênio; Aline Virgínia
Pontes Bezerra; Bianca Brenda Xavier Costa Brandão
' 10.37885/221211603.......................................................................................................................................................................... 75
Capítulo 08
Desafios na construção de um PES numa UBS, empregando a ERP num cenário de pandemia –
relato de experiência
Genilson Jesus das Virgens
' 10.37885/221211562........................................................................................................................................................................... 85
Capítulo 09
Desbridamento e retenção do implante em artroplastia total do joelho infectada
Pedro Guilme Teixeira de Sousa Filho; José Leonardo Rocha de Faria; Victor Elias Titonelli; Rodrigo Sattamini Pires e Albuquerque
Capítulo 13
Linfoma mediastinal em gato – relato de caso
Nathália de Pádua Rezende Kronit; Priscilla da Silva Parreira; Thays Borges Silva; Lidiana Cândida Piveta
'10.37885/221211564
RESUMO
Ciências Biológicas e da Saúde: integrando saberes em diferentes contextos - ISBN 978-65-5360-264-9 - Vol. 2 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
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Portanto as correntes de sobrevivência do suporte básico (SBV) e do suporte avançado de
vida (SAV) contemplam ações que aumentam a sobrevida das vítimas em risco de morte
súbita (CANOVA, CYRILLO, et al., 2015). É indispensável e de suma importância o pa-
pel das portas de entrada do sistema de saúde, que são as UBSs, UPAs, PSFs, e Pronto
Socorros, no atendimento a essas ocorrências e imprescindível para obter o melhor resul-
tado possível nas “verdadeiras urgências” (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO
JOSÉ DO RIO PRETO, 2013).
As diretrizes para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e atendimento cardiovascu-
lar de emergência (ACE) foram criadas no intuito de padronizar o atendimento perante os
profissionais de saúde e instrutores da AHA (American Heart Association). Essas diretrizes
sofrem atualização periodicamente, a mais atual realizada em 2015, e servem de instru-
mento de treinamento e educação continuada a leigos e aos profissionais de saúde visando
melhorar a qualidade de atendimento e diminuir a morbimortalidade de pacientes em parada
(AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015).
Leigos capacitados podem iniciar as manobras de RCP enquanto o serviço médico
especializado não chega ao local, minimizando as sequelas das funções cardíaca e cerebral
da vítima. O encorajamento para que pessoas participem de cursos de suporte básico e
vida (SBV) se torna importante pelo fato de reduzir a morbimortalidade, o que influencia na
sobrevida e qualidade de vida do vitimizado já que o leigo inicia as manobras ao perceber
os sinais da PCR (PERGOLA AM, ARAUJO IEM; 2009).
Portanto doenças cardiovasculares são as principais causas de uma parada cardior-
respiratória, e necessita de intervenção imediata já que a sobrevida está diretamente rela-
cionada com o tempo da primeira ação. Para isso a capacitação de profissionais e leigos
para o atendimento de suporte básico de vida é de suma importância, para que todo o
atendimento, dando relevância a RCP bem sucedida, seja de qualidade, visando diminuir a
morbimortalidade por essa causa.
Em função da elevada prevalência das doenças cardiovasculares, de protocolos prees-
tabelecidos pelas diretrizes internacionais de ressuscitação, dos poucos estudos nacionais
sobre taxa de mortalidade pós RCP e da possibilidade de equipe capacitada para o atendi-
mento à PCR no ambiente hospitalar e extra- hospitalar, optou-se por realizar esta pesquisa.
MÉTODOS
Ciências Biológicas e da Saúde: integrando saberes em diferentes contextos - ISBN 978-65-5360-264-9 - Vol. 2 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
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Para sua construção as seguintes etapas foram seguidas:
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• Artigos que abordem ensino de RCP para profissionais e leigos;
• Artigos na forma de resumo e relatos de experiência.
Para o presente estudo, a busca foi realizada em março de 2016 nas seguin-
tes bases de dados:
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Figura 1. Fluxograma da seleção dos estudos.
Para a avaliação dos estudos realizou-se a leitura detalhada das publicações e por
meio de um roteiro de coleta de dados buscou-se as seguintes variáveis: autores, título, pe-
riódico, palavras-chave, objetivo, tipo de estudo, amostra, local, técnica de coleta de dados
da taxa de mortalidade, taxa de mortalidade. Para as variáveis quantitativas foi utilizada a
estatística descritiva.
Para a Apresentação da síntese do conhecimento, após agrupar as informações ini-
ciaram-se as discussões, com base nos autores selecionados e em suas relevâncias para
o debate da problemática apresentada.
As abordagens terapêuticas aplicadas e analisadas nos estudos foram às seguintes:
Instituição do suporte básico de vida por leigos em PCR extra-hospitalares;
RESULTADOS
A amostra final foi constituída por oito artigos, que estavam no idioma inglês. Com
relação ao país de origem, 90% são provenientes dos Estados Unidos da América e 10%
da Dinamarca, os anos de 2013 e 2014 destacam-se com o maior número de publicações
totalizando 75% dos artigos e nos anos de 2011 e 2015 foram apenas 25% dos artigos.
Apesar dos estudos datarem dos anos de 2011 a 2016, apenas 25% dos estudos co-
letaram os dados em anos anteriores.
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Desses artigos foram publicados nas seguintes revistas:
• Retrospectivo;
• Observacional;
• Prospectivo;
• Estudo de coorte;
• Ensaio clínico e
• Avaliação comparativa.
Dentre os artigos originais a maioria dos estudos foi realizada em hospitais, sendo que
em 30% dos artigos, duas metodologias foram combinadas.
No quadro apresentado a seguir, podem-se verificar os artigos selecionados para este
estudo, apresentando a síntese dos artigos segundo autor, título, periódico, ano, procedi-
mentos metodológicos e achados da pesquisa.
Quadro 2. Síntese dos artigos segundo autor, título, periódico, ano, procedimento metodológico e achados da pesquisa.
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Número Autor, Título, Ano Procedimento Metodológico Achados da Pesquisa
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Número Autor, Título, Ano Procedimento Metodológico Achados da Pesquisa
DISCUSSÃO
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2010). Os pontos negativos foram em relação ao despreparo da equipe e das pessoas na
rua e falhas na comunicação, mesmo existindo falhas elas servem de aprendizado, reflexão,
amadurecimento pessoal e profissional para que haja a busca por melhorias.
Após uma campanha realizada por três dias, no sul do país, sobre SBV destinados
a profissionais e leigos, anos depois analisando os resultados diretos e indiretos obtidos
encontraram a implantação de treinamento de SAV e SBV, implantação de leis de acesso
público a desfibrilação em municípios e estados do Brasil, formação de centros de treina-
mento, entre outros. Apontam ainda que apesar dos resultados positivos a necessidade de
leigos e profissionais capacitados e treinados ainda se mantêm, visando um melhor preparo
frente a PCR (CANESIN MF, et al; 2016).
Observamos neste segundo estudo a importância da capacitação de leigos na sobre-
vida das vítimas que sofrem PCR.
Os 3º, 4º e 8º estudos abordaram o tratamento terapêutico a hipotermia (TH) como fator
positivo a sobrevida frente a PC, já que mantém bom funcionamento neurológico, apesar
do tempo de inatividade do indivíduo; o estudo 8, relacionou a atenuação entre a massa
cinzenta e a massa branca (GWR) com a sobrevivência e recuperação funcional (METTER
RB, RITTENBERGER JC, GUYETTE FX, CALLAWAY CW; 2011); o estudo 4, prevê melho-
res resultados em longo prazo a performance cerebral de pacientes que foram tratados com
terapia para hipotermia (HSU CH, LI J, CINOUSIS MJ, SHEAK KR, GAIESKI DF, et AL; 2014)
e o estudo 3, avalia que pacientes comatosos tratados com TH tiveram taxas de sobrevi-
vência neurologicamente intactas de 23% (KIM WY; GIBERSON TA, DONNINO MW; 2014).
Segundo as novas diretrizes, que avaliou evidências priorizando tópicos para revisão
com novas abordagens sobre RCP, todos os pacientes adultos comatosos com retorno de
circulação espontânea após a PCR devem ser submetidos ao controle direcionado de tem-
peratura entre 32ºC e 36ºC, mantida constantemente durante pelo menos 24h, constatando
que há melhora no desfecho neurológico dos pacientes. E recomenda a implantação de
programas de acesso público a desfibrilação para pacientes em PCEH em locais públicos
de grande acesso, e treinamento direcionado para cuidadores e familiares de pacientes de
alto risco e prático e/ou auto dirigido para socorristas leigos, com reciclagem do aprendiza-
do. Sobre dispositivos de limiar de impedância não são recomendados rotineiramente como
adjuvantes na RCP convencional, porém sua combinação com uma RCP compressões-des-
compressões ativas pode ser uma alternativa razoável em ambientes específicos em que
a compressão convencional seja um desafio ou se apresente perigosa para o profissional,
mesmo assim as compressões torácicas manuais continuam sendo o tratamento padrão
frente a esses dispositivos mecânicos para compressões torácicas (AMERICAN HEART
ASSOCIATION; 2015).
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O quinto estudo trouxe que 66% dos pacientes levados para hospital mais próximo
tiveram alta hospitalar e 97% estavam vivos em um ano comparando os resultados de
um ensaio e de um sistema database para avaliar a sobrevida e rubricar terminais locais.
Observou-se neste estudo preocupação em orientar o hospital mais próximo como melhor
opção para o tratamento da PCR. (FIELD JM; 2013).
O sexto estudo desenvolveu um método para padronização de risco de sobrevivência
hospitalar após uma PC para avaliar o atendimento dos hospitais no intuito de melhorar a
qualidade e desempenho do serviço (CHAN OS, BERG RA, MERCHANT RM; 2013). Já o
sétimo estudo trouxe o tratamento com dispositivo de limite de impedância sendo mais eficaz
e com um resultado maior de sobrevida que a RCP padrão. (FRASCONE RJ, WAYNE MA,
SWOR RA, et al., 2013).
Pereira JCRG, em 2008 relata que o controle das variáveis fisiológicas- pressão arterial,
pressão intracraniana, glicemia, temperatura e ventilação, junto com a hipotermia terapêu-
tica e a otimização da perfusão cerebral melhoram o prognóstico do pacientes pós PCR, já
que estes apresentam grande risco de lesão neurológica e um estudo realizado em 2010,
por Rech TH e Vieira SRR, demonstrou, após analisar as fases da hipotermia, que por ser
um tratamento de baixo custo e benéfico em reduzir a mortalidade e melhorar o desfecho
neurológico dos pacientes após PCR deveria fazer parte de protocolos assistenciais de
unidades de terapia intensiva.
A análise destes estudos, embora com metodologias divergentes, possibilitou conhecer
as diferentes abordagens terapêuticas para aumentar a taxa de sobrevivência em pacientes
que foram submetidos às manobras de ressuscitação cardiopulmonar, como:
CONCLUSÃO
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Trata-se de uma temática que precisa ser mais explorada, tanto na tentativa de com-
preender como os serviços podem se organizar de forma a avaliar a taxa de mortalidade
e elevar a sobrevida no intra e no extra-hospitalar, como com a capacitação de leigos e
profissionais para intervirem da melhor forma possível bem como no aumento da produção
de estudos nacionais que descrevam as abordagens terapêuticas relacionadas à sobrevida
após as manobras de RCP.
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02
Audiometria de altas frequências em
indivíduos expostos a ruído e agentes
ototóxicos
'10.37885/221111070
RESUMO
A Audiometria de Altas Frequências (AAF) verifica os limiares auditivos acima de 8kHz (de 9
kHz a 20 kHz), que não são avaliados através da audiometria convencional. A exposição a
ruídos e substâncias ototóxicas podem acelerar a degradação do sistema auditivo nas altas
frequências. Indivíduos são expostos diariamente a esses agentes, seja de forma ocupa-
cional, em tratamentos medicamentosos ou por exposição ambiental/social. A audiometria
nas altas frequências têm sido analisada como fator primordial na detecção de precoce
das alterações auditivas, assim merece atenção por parte dos pesquisadores advindo da
necessidade de ampliar o banco de dados que favorecem a prevenção da saúde auditiva.
Objetivo: Portanto, o presente estudo tem como objetivo realizar um levantamento biblio-
gráfico de trabalhos científicos publicados nos últimos 12 anos, acerca da audiometria de
altas frequências em indivíduos expostos a ruídos e fatores ototóxicos que causem perda
auditiva, reforçando sua importância. Métodos: A partir do trabalho de KLAGENBERG et al.
(2011), uma revisão atualizada foi realizada sobre audiometria de alta frequência entre os
anos de 2008 à 2020. Resultados: Nossos resultados apresentam 8 novos trabalhos, re-
ferentes a ruído, e 7, referentes aos agentes ototóxicos. O grupo controle foi formado por
300 participantes pertenciam que não foram expostos a fatores de risco para perda auditiva
e 941 ao grupo estudo de indivíduos sujeitos a ruídos e agentes químicos otoagressores.
Conclusão: A revisão de literatura de estudos sobre audiometria de altas frequência entre
os anos de 2008 a 2020 indica que ocorreram mais perdas auditivas nas altas frequências
dos sujeitos expostos a agentes ototóxicos e a ruídos nos últimos 12 anos, em comparação
com o grupo controle.
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METODOLOGIA
RESULTADOS
Tabela 1. Síntese dos artigos sobre audiometria de alta frequência nos últimos 20 anos (n=39).
Características auditiva da população
Ano Autores N° de Sujeitos Faixa etária Referência
estudada
1900 AZEVEDO & IORIO 1999 52 12 a 15 Sujeitos com audição normal até 8kHz NPS
2000 BELTRAMI 1999 101 25 a 35 Adultos expostos e não expostos ao ruído NPS
2000 PEDALINI et al. 2000 158 4 a 60 Sujeitos com audição normal até 8kHz NA
Sujeitos com audição normal até 8000Hz e
2001 ZEIGELBOIM et al 2001 133 30 a 59 NPS
grupo com insuficiência renal crônica
2001 FERNANDES E MOTA 2001 25 17 a 34 Trabalhadores expostos a ruído e solventes NPS
Sujeitos com osteossarcoma expostos à cis-
2003 GARCIA et al. 2003 13 7 a 20 NPS
platina
2003 SAHYEB et al. 2003 50 18 a 30 Jovens com audição normal até 8kHz NA
CASTRO-GUIMARAES et al.
2004 60 18 a 49 Trabalhadores expostos a ruído NPS
2004
2004 BURGUETTI et al. 2004 71 20 a 60 Sujeitos com queixa de zumbido NA
2004 RETAMAL et al. 2004 45 12 a 19 Jovens com audição normal até 8kHz NPS
2004 PORTO et al. 2004 60 21 a 60 Adultos expostos e não expostos ao ruído NA
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Características auditiva da população
Ano Autores N° de Sujeitos Faixa etária Referência
estudada
2004 ZEIGELBOIM et al. 2004 30 20 a 30 Sujeitos com audição normal até 8kHz NA
2005 RAMOS E PEREIRA 2005 32 9 a 10 Escolares NPS
2005 MARTINHO et al. 2005 66 30 a 40 Sujeitos com audição normal até 8kHz NPS
2005 JACOB et al. 2005 44 3 a 28 Sujeitos expostos a agentes quimioterápicos NA
2006 ALMEIDA & NISHIMORI 2006 55 18 a 25 Sujeitos com audição normal até 8kHz NA
2006 SILVA & FEITOSA 2006 64 25 a 35 e 45 a 55 Sujeitos com audição normal até 8kHz NA
2006 REIS et al. 2006 61 Sem dado Grupo controle e grupo com diabetes tipo I Sem dado
2007 CARVALLO et al. 2007 74 18 a 30 Sujeitos com audição normal até 8kHz NA
2007 SÁ et al. 2007 51 18 a 29 Sujeitos com audição normal até 8kHz NA
Sujeitos com audição normal até 8kHz com e
2007 FIGUERÊDO & CORONA 2007 30 19 a 56 NA
sem presença de zumbido
Crianças com audição normal com episódios
2007 Ferreira et al. 2007 31 7 a 12 NA
de otite média secretora bilateral
2007 LOPES et al. 2007 30 7 a 13 Crianças com audição normal até 8kHz NPS
2008 ALMEIDA et al. 2008 10 5 a 27 Sujeitos tratados com cisplatina NA
2008 LOPES et al. 2008 30 7 a 13 Sujeitos com intoxicação por chumbo NA
2009 OLIVEIRA & LIMA 2009 60 18 a 40 Tabagistas com audição normal até 8kHz NA
Bombeiros militares com audição normal até
2010 ROCHA et al. 2010 80 30 a 49 NA
8kHz
2010 MATAS et al. 2010 56 18 e 58 Indivíduos adultos com HIV/AIDS sem dado
2011 LOPES et al. 2012 108 23 a 57 Odontologistas com audição normal até 8kHz NPS
2013 GONÇALVES et al. 2013 94 21 e 51 Músicos militares NA
2012 OTTONI et al. 2012 347 19 e 65 Trabalhadores expostos a ruído NA
2013 QUIDICOMO & MATAS 2013 97 18 e 50 Portadores de HIV em terapia antirretroviral NA
2013 TOCHETO et al. 2013 24 20 a 40 Frentistas com audição normal até 8kHz NA
Pacientes com fibrose cística com audição
2015 GEYER et al. 2015 75 7 a 20 NA
normal até 8kHz
Músicos de orquestra com audição normal
2016 LUDERS et al. 2016 30 33 a 54 NA
até 8kHz
Usuários de reprodutor de música pessoal c/
2016 ORTIZ et al. 2016 55 15 a 19 sem dado
audição normal até 8kHz
Trabalhadores expostos a agrotóxicos com
2017 SENA 2017 88 18 a 59 NA
audição normal até 8kHz
Prof de ciclismo indoor com audição normal
2019 COSTA et al. 2020 8 24 a 36 NA
até 8kHz
Músicos de orquestra com audição normal
2020 SAMELLI et al. 2020 45 19 a 40 NA
até 8kHz
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Tabela 2. Divisão do total de sujeitos expostos aos agentes ototóxicos e ruídos por grupo controle e grupo estudo.
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Figura 1. Número de participantes parcial e total dos grupos controle e estudo em indivíduos com exposição a ototóxicos
e ruído. Resultado da análise one-way ANOVA, (***, P ≤ 0.001; **, P ≤ 0.01; *, P ≤ 0.06; e ns = não significativo).
Contudo, foi encontrada diferença estatística significativa de p = 0,06 entre o grupo con-
trole e estudo, assumindo uma probabilidade de apenas 6% da diferença encontrada no estu-
do clínico não seja verdadeira, apesar de, estatisticamente, o valor de p ser maior que 0,05.
No grupo ototóxico (Figura 2), é observado que o os sujeitos expostos a agrotóxicos,
fibrose cística e HIV apresentaram maiores valores do grupo estudo em comparação ao grupo
controle, o que nos indica maior perda auditiva de alta frequência para estas condições nos
últimos 12 anos. Entretanto, os sujeitos tabagistas e que trabalham em postos de gasolina
não apresentaram diferença estatística da análise one-way ANOVA entre os grupos estudo
e controle (p = 0,4).
Figura 2. Número de participantes dos grupos controle e estudo em indivíduos com exposição a ototóxicos. Análise one-
way ANOVA, (***, P ≤ 0.001; **, P ≤ 0.01; *, P ≤ 0.06; e ns = não significativo).
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No grupo exposto a ruído (Figura 3), 198 participantes correspondem ao grupo estudo,
enquanto 104 ao grupo controle. O resultado da análise one-way ANOVA mostra que não foi
encontrada diferença estatística significativa (P = 0,1) entre o grupo controle e estudo. O pú-
blico que faz uso de reprodutor de música amplificada pessoal, apresentou maior discre-
pância entre os grupos, com 31 indivíduos a mais compondo o grupo estudo. O estudo de
GONÇALVES et al. (2013), que avaliou músicos militares (Músicos 2), apresentou a menor
diferença entre os grupos estudo e controle.
Figura 3. Número de participantes dos grupos controle e estudo em indivíduos com exposição a ruídos. Análise one-way
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No estudo de (LUDERS et al. 2016), dos 30 músicos avaliados, 23 tiveram os limiares
de 14000 Hz e 16000 Hz ausentes, o que corrobora com os dados apresentados no estudo
(Tabela 3), onde essas frequências apresentaram limiares elevados, podendo indicar que
o fator de risco ototóxico e o ruído expôs prioritariamente essas frequências. Observando
ainda a tendência do aumento dos limiares também em 12500 Hz.
Tabela 3. Média dos limiares nas altas frequências nos indivíduos expostos e não expostos a ototóxicos e ruídos.
Fatores de Faixa
Artigos Condição 9kHz 10kHz 11.2kHz 12.5kHz 14kHz 16kHz 18kHz 20kHz
risco etária
Sena. 2017 Agrotóxicos 18 a 59 Expostos 20,5 22,5 25,5 28 31 33 37,5 40
Ñ Expostos 13 12,5 13 12,5 13 13 14,5 16,5
Tochetto e Siquei-
Combustível 20 a 40 Expostos 31,56 32,71 39,06 47,8
ra. 2013
Ñ Expostos 25,42 27,5 33,75 45,21
Geyer et al. 2015 Fibrose Cística 7 a 20 Expostos 5 5 7,5 5 2,5 2,5
Ñ Expostos 5 2,5 5 2,5 0 0
Lopes et al. 2008 Chumbo 7 a 13 Expostos 7,83 4,75 7,22 4,41 0,49
Oliveira e Lima.
Tabagistas 18 a 40 Expostos 14,3 17,3 22,6 20,9 16,3 25,8 33
2009
Ñ Expostos 9,8 8,2 10,4 6,5 2 7,2 21,1
Quidicomo e 18 e
HIV 2013 Expostos 14,2 12,32 16,88 20,45 23,48 25,36 30,09
Matas. 2013 50
Ñ Expostos 9 7 8,89 8 6,56 12,33 18,56
18 e
Matas et al. 2010 HIV 2010 Expostos 38,41 37,61 43,52 46,36 53,06 50,11 32,16 14,5
58
Ñ Expostos 35,53 32,76 35,39 41,84 45,66 41,84 25,26 11,4
30 a 39 Expostos 14,1 17,6 18 24,8 32 40,9
Rocha, Atherino e
Bombeiros Ñ Expostos 10 10,5 11,1 15,9 22,1 0
frota. 2010
40 a 49 Expostos 20 22, 25,1 33,7 46,7 60,3
Ñ Expostos 14,8 18,8 20,2 26,4 30,9 36,6
Samelli et al.
Músicos 1 19 a 40 Expostos 7,07 7 7,21 7 9,29 10,56 3,06
2020
Ñ Expostos 9,6 8,7 10,2 10,7 10,6 10,3 2
Gonçalves et al. 21 e
Músicos 2 Expostos 22,8 22,35 22,25 28,25 32,85 35,2
2013 51
Ñ Expostos 14,1 20,85 20,6 28,8 23,45 24,35
Luders et al. 2016 Músicos 3 33 a 54 Expostos 32,25 37,65 42,2 45, 35
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DISCUSSÃO
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Segundo GEYER et al. (2015) que analisaram pacientes em tratamento de fibrose
cística, cujo requer a utilização de antibióticos prejudiciais a cóclea, seu trabalho também
demonstrou piores médias nas altas frequências no grupo exposto ao medicamento. Não
houve diferença significante entre as orelhas na AF. O trabalho citado acima foi importante
por relacionar a quantidade ingerida do medicamento com os resultados das AAF, compro-
vando que a administração acima de 10 cursos de dosagem medicamentosa acarreta maior
prevalência de alteração auditiva.
A abordagem terapêutica de indivíduos com HIV, assim como no estudo supracitado,
também inclui a administração de medicamentos otoagressores, que compromete a acuidade
auditiva. Autores ainda afirmam que o HIV mesmo sem uso de medicamentos acomete a
audição (QUIDICOMO & MATAS 2013). Consequentemente, o uso de medicação seria um
fator agravante para perda auditiva, portanto, esse público requer bastante atenção.
De acordo com TOCHETTO et al. (2013) que corroborou com os trabalhos referentes
a ototoxidade da presente revisão ao analisar a influência do combustível nas alterações
auditivas em frentistas. Os resultados mostraram que a média dos limiares nas altas fre-
quências foram superiores no grupo estudo, sendo significante em 9kHz e 10kHz. É comum
observar esses trabalhadores sem o uso dos equipamentos de proteção individual, portanto,
implementar no exame periódico as altas frequências, será um fator positivo na conscienti-
zação dos trabalhadores, favorecendo a compreensão destes, quanto ao prejuízo causado
pela exposição laboral, possibilitando-o prevenir antes de sofrer influência na comunicação.
O tabagismo investigado no trabalho de OLIVEIRA & LIMA (2009), mostraram que o
hábito de fumar ocasionou dano à audição, com maior prejuízo nas altas frequências. Diante
disso, podemos considerá-lo como fator de risco para perda auditiva e esse grupo poderia
se beneficiar com a detecção precoce, direcionando foco além da aplicação ocupacional
deste método avaliativo (Audiometria de Alta Frequência).
No que concerne o grupo exposição a ruído ocupacional, de acordo com (ROCHA
et al. 2010), os bombeiros expostos a ruído não obtiveram diferença entre as orelhas, tanto
por grupo como faixa etária, sendo o grupo experimental detentor dos limiares mais eleva-
dos, com maior significância em 16kHz, de 30 a 39 anos, e em 14kHz e 16kHz, de 40 a 49
anos. O público com idade acima dos 39 anos também apresentou redução da capacidade
auditiva em relação aos mais jovens. Esses dados atestam o termo idade como determinante
da perda auditiva, além da contribuição da exposição a fatores de risco.
CONCLUSÃO
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sujeitos expostos a agentes ototóxicos e a ruídos nos últimos 12 anos, em comparação com
o grupo controle. Assim, por meio desta conclusão, é possível ressaltar a importância da
utilização de EPIs aos sujeitos expostos a agentes ototóxicos e a ruídos, a fim de preservar
a acuidade ou saúde auditiva.
Portanto, a audiometria de alta frequência foi o fator determinante na detecção pre-
coce de alterações auditivas em hipoacusias induzidas por ruídos e substâncias químicas
ototóxicas. Ainda observando a prioridade dos trabalhos aqui citados em utilizar normo-ou-
vintes como grupo amostral, todos os indivíduos expostos, tanto a ruído como a ototóxicos,
demonstraram limiares mais elevados de 250Hz a 20kHZ, com maior predisposição nas
altas frequências.
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40
03
Avaliação da composição proteica e
da rotulagem de diferentes marcas de
suplementos para atletas
'10.37885/221211552
RESUMO
MATERIAIS E MÉTODOS
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Porcentagem do teor de proteínas encontrados em 13 marcas de whein protein versus porcentagem descrita
na rotulagem, comercializados no varejo do Distrito Federal.
CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado, foi observado que sete das 13 marcas analisadas, encon-
tram-se com teores de proteínas inferiores aos indicados nos respectivos rótulos. Faz-se
necessário, portanto, uma maior atenção por parte dos órgãos fiscalizadores com objetivo
de evitar tais fraudes junto aos produtos comercializados.
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44
REFERENCIAS
ILAL. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Métodos Fí-
sico-Químicos para Análise de Alimentos, 4 ed. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado
de São Paulo, v.1, 201p. 2005.
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45
04
Avaliação da qualidade de leites
padronizados produzidos nos Estados de
Goiás e Minas Gerais e comercializados no
Distrito Federal
'10.37885/230111625
RESUMO
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Tabela 1. Análise físico-química de sete marcas de leite padronizado produzidas nos Estados de Goiás e Minas Gerais.
IC D LIP
Marca AC (°D) EST (%) ESD (%) PROL (%) PROS (%)
(ºH) (g/mL) (%)
A 14,65b -0,5040a 1,030b 11,37b 8,41b 3,00ab 3,06a 0,89a
B 16,38a -0,5380a 1,031ab 11,86ab 8,71ab 3,30ab 3,38a 1,01a
C 16,51 a
-0,5344 a
1,031 ab
12,22ª 8,90 ab
3,35ª 3,44 a
1,02a
D 15,74ab -0,5397a 1,031ab 11,65ab 8,65ab 3,06ab 3,15a 0,95a
E 15,41 ab
-0,5410 a
1,031 ab
11,56 ab
8,66 ab
2,91 b
2,88 a
0,96a
F 16,78a -0,5367a 1,032a 12,10ab 8,98a 3,11ab 3,16a 0,86a
G 15,64 ab
-0,5352 a
1,0312 b
11,83 ab
8,72 ab
3,11 ab
3,16 a
0,89a
AC = acidez dornic; IC = índice crioscópico; D = densidade; EST = extrato seco total; ESD = extrato seco desengordurado; LIP
= lipídios; PROL = proteína do leite; PROS = proteína do soro. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatis-
ticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Análise qualitativa de sete marcas de leite padronizado produzidas nos estados de Goiás e de Minas Gerais e
comercializadas no Distrito Federal.
C. termotolerantes
Marca Fosfatase (%+) Peroxidase (%-) Eclipse Twinsensor Salmonela C. totais NMP/mL
NMP/mL
A 100 52,9 100 100 100 52,9 82,3
B 100 86,6 100 100 93,3 80,0 93,3
C 100 100 100 100 100 37,5 68,7
D 100 88,8 100 100 100 72,2 77,7
E 100 87,5 100 100 100 31,2 87,5
F 100 100 100 100 100 76,4 94,1
G 100 94,4 100 100 100 22,2 77,7
Porcentagem de amostras em conformidade com a legislação vigente (IN°76/MAPA).
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CONCLUSÃO
REFERENCIAS
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos
e físicos para análise de alimentos. 4 ed. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo, 2005, 1018p.
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05
Características evolutivas do
desenvolvimento do bebê pré-termo de
extremo baixo peso
Lucieny Almohalha
UFTM
'10.37885/221010569
RESUMO
O sistema nervoso central dos bebês está em plena plasticidade nos primeiros meses
de vida, sendo capaz de processar diversos estímulos sensoriais advindos do próprio orga-
nismo da criança quanto do ambiente onde ela se insere (SILVEIRA, 2012), dessa forma a
criança será capaz de se adequar às demandas do ambiente e realizar as tarefas que são
típicas para sua idade No entanto, o nascimento prematuro pode impor situações diferen-
tes aos bebês que os impede de conseguir adequar-se as demandas do meio (FONSECA
e SCOCHI, 2014).
O recém-nascido pré-termo (RNPT) é mais vulnerável biologicamente que um bebê
nascido de termo, e essa vulnerabilidade pode ser decorrente de uma imaturidade orgânica e
neurológica que, muitas vezes, exige suportes especiais (FONSECA e SCOCHI, 2014) para
manutenção da vida, da saúde e do desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), designa-se como RNPT, a criança que nasceu com idade anterior a 37 sema-
nas gestacionais, podendo ainda ser classificada como a) prematuridade extrema: aquela de
nascimento antes de 28 semanas; b) muito prematuro: com nascimento entre 28 e 31 sema-
nas e seis dias de gestação; e c) prematuridade moderada e tardia: quando o nascimento se
dá entre a 32 e a 37 semana de gestação respectivamente (WHO, 2018; SANTOS, 2017).
A OMS (2018), apresentou uma prevalência onde foi verificado que nascem, anual-
mente, em torno de 15 milhões de bebês, e que mais de um milhão desses bebês morrem
dias após o parto prematuro (WHO, 2018). A prematuridade é considerada a segunda causa
de morte de crianças com menos 5 anos de idade, perdendo apenas para casos de pneu-
monia. No, entanto, estudos da própria OMS, apontam que, 75% desses bebês prematuros
poderiam ser salvos com adoção de medidas simples, como aplicação de antisséptico e
antibióticos para evitar infecções e sepses que geram os óbitos (BRASIL, 2016). O Brasil
e os Estados Unidos estão entre os dez países com os maiores índices de nascimentos
prematuros, sendo que o Brasil aparece em décimo lugar, com 279 mil partos prematuros
por ano. A taxa brasileira é 9,2 dos bebês prematuros, igual à da Alemanha e inferior à dos
Estados Unidos, que chega a 12% (WHO, 2018).
A imaturidade neurobiológica é um fator que pode levar o RNPT a desenvolver disfun-
ções que comprometerão seu desenvolvimento e interferirão em suas habilidades funcionais,
ocupacionais (BRASIL, 2016, CAÇOLA e BOBBIO, 2010) e acadêmicas. Sabe-se que 10
a 15% dos RNPT desenvolvem uma grande variedade de sequelas no desenvolvimento
neurológico durante a infância e que 30 a 40% deles apresentam desordens motoras, com-
portamentais e de aprendizado na idade escolar (CAÇOLA e BOBBIO, 2010).
O extremo baixo peso (EBP) é um outro fator determinante da classificação da pre-
maturidade e está diretamente relacionado a morbimortalidade infantil assim como aos
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comprometimentos no desenvolvimento neuropsicomotor da infância. As crescentes evidên-
cias mostram que esses RNPT de extremo baixo peso estão exibindo problemas neurocom-
portamentais e de aprendizagem, mesmo na ausência de paralisia cerebral, observados nos
programas de seguimentos da infância até a adolescência, tornando-se um grande problema
de saúde pública, da educação e se tornou motivo de diversas pesquisas (SANTOS, 2017).
A literatura mostra uma extensa lista de problemas relacionados com o desenvolvimento
motor, cognitivo e social de bebês prematuros, sendo o domínio motor uma das três princi-
pais áreas do desenvolvimento que poderá ser influenciada pela prematuridade (CAÇOLA
e BOBBIO, 2010). Deve-se ressaltar que anormalidades motoras ou atrasos são manifes-
tações clínicas poderosas para detectar problemas neurológicos e que podem impactar o
comportamento educacional.
O aumento no número de nascimentos prematuros, assim como altas taxas de so-
brevivida decorrentes de uma assistência tecnológica mais adequada a esse prematuro
amparadas por políticas nacionais de humanização a assistência desde 2000, justifica a
importância da realização de pesquisas nesse âmbito, bem como, a necessidade de criação,
implementação e avaliação de programas de intervenção precoce. Este é um modelo de
assistência voltado para o cuidado humanizado que reúne estratégias de intervenção biop-
sicossocial que devem endereçar o acompanhamento do desenvolvimento de todos esses
bebês, especialmente aqueles com limitações transitórias ou permanentes. Cabe ressaltar
que o bebê prematuro apresenta um desejo enorme de se recuperar (FONSECA e SCOCHI,
2014). Logo, as intervenções precoces, devem envolver avaliações e estimulações de todas
as áreas do desenvolvimento infantil e ainda focar em práticas centradas nas demandas da
família e contextos (SILVEIRA, 2012).
Levando em consideração tais expostos, pode ser dizer que a estimulação precoce
auxilia na otimização do processo de desenvolvimento, facilitando a aquisição neuro-sensó-
rio-motora, emocional e social do recém-nascido nos seus primeiros anos de vida. A estimu-
lação precoce permite que o bebê vivencie estímulos de grande importância, mas também
deve ser ressaltado a influência do dia a dia, do ambiente externo e da forma como ele é
cuidado (FONSECA e SCOCHI, 2014).
Mediante tais fatores, o objetivo do presente estudo foi analisar o desenvolvimento de
bebês pré-termo de extremo baixo peso, compreender suas características e descrever as
evoluções evidenciadas.
MÉTODOS
Foi realizada uma pesquisa exploratória, transversal, descritiva com abordagem quali-
-quantitativa, por amostra de conveniência, com 10 pais/cuidadores e 10 bebês pré-termo de
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extremo baixo peso (menor que 1000 gramas ao nascimento) com idade corrigida de 0 até 2
anos no momento da pesquisa. Foram incluídos cuidadores de RNPT nascidos com extremo
baixo peso que aceitaram participar da pesquisa, assinaram o termo de consentimento livre
e esclarecido e que permitiram a participação de seus bebês para serem examinados pelos
testes utilizados na pesquisa. A participação dos cuidadores era necessária uma vez que
foi preciso realizar uma anamnese com eles para coletar dados da história pregressa e do
desenvolvimento, assim como para responder a questões qualitativas dos instrumentos de
coleta. Não foram incluídos bebês em diferentes idades ou que não nasceram pré-termo de
extremo baixo peso. A idade das crianças, mesmo corrigida, não eram iguais, mas todas se
enquadravam dentro do que é exigido pelas normativas do teste utilizado na referida pesqui-
sa. Logo, é possível dizer que a diferença nas idades não estaria diretamente relacionada
ao tempo de estimulação recebido ou a possíveis adaptações devido a idade e intervenção.
Todos os participantes frequentavam um ambulatório de pediatria de uma universidade pú-
blica da região do Triangulo Mineiro, Brasil.
Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos: uma ficha de anamnese e
o Alberta Infant Motor Scale (AIMS) (PIPER e DARRAH, 1994). A ficha de anamnese con-
tinha informações sociodemográficas, história pre, peri e pós-natal, parto e hospitalização
além de dados gerais do desenvolvimento da criança até o momento da pesquisa. O AIMS
é um instrumento de medida observacional do desempenho motor que avalia, monitora e
documenta o desenvolvimento motor grosseiro de bebês a termo e pré-termo, por meio da
observação de habilidades motoras sequenciais do desenvolvimento, desde o nascimento
até os 18 meses de vida ou até a aquisição da marcha independente (PIPER e DARRAH,
1994). Consiste em uma escala de 58 itens, distribuídos em quatro subescalas (posturas):
supina (9 itens), prona (21 itens), sentada (12 itens), e em pé (16 itens). Para cada um dos
itens têm-se descritores-chaves que devem ser identificados e observados para o bebê ser
aprovado naquele item. Os padrões motores e as posturas são analisados usando-se três
critérios: alinhamento postural, movimentos antigravitacional e superfície de contato, o que
caracterizará o controle do bebê em cada nível postural, sua habilidade em mover-se dentro
e fora da postura e sua janela motora em cada subescala. A janela motora é composta por
todos os itens alocados entre os itens menos e mais maduros observados no repertório motor
do lactente. A pontuação é feita por meio da observação dos itens, e quando determinadas
habilidades motoras estão presentes pontua-se “observado” (O) e o lactente recebe um
ponto. Quando não se observa a habilidade pontua-se “não observado” (NO) e o lactente
não recebe pontuação. Conforme a pontuação e a idade, o bebê pode pontuar na faixa do
percentil 5, 10, 25, 50, 75 ou 90 (CABRAL, 2012; PIPPER; DARRAH, 1994).
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Os dados foram plotados em tabelas do Microsoft Word® 2010, onde se atribuiu valo-
res numéricos aos participantes e a análise estatística descritiva simples foi realizada com
frequências absoluta e relativa média (COZBY, 2003). Para a análise qualitativa foi utilizado
o método de análise de conteúdo, através da modalidade temática (CAREGNATO e MUTTI,
2006). Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro segundo parecer 3.461.633.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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No quesito econômico, sete famílias declararam renda mensal de um a dois salários-
-mínimos; duas famílias de três a quatro salários; uma de cinco a 10 salários. Neste estudo
o perfil socioeconômico da população mostrou-se similar ao encontrado por outros autores,
em que a renda familiar mensal é de até um salário-mínimo (SILVA e MONTEIRO, 2010;
GONZAGA et al, 2016).
A análise dos dados relacionados a caracterização dos bebês ao nascimento mostrou
que seis eram meninos e quatro meninas. Um bebê tinha de 0 a 3 meses, dois de 4 a 6 me-
ses, três de 7 a 12 meses e quatro de 13 a 18 meses. A média do peso entre as crianças foi
de 960 gramas e a média da estatura 33,3 centímetros. Os dados da caracterização estão
mais detalhados na Tabela 1. Sete bebês possuem apenas o diagnóstico de pré-termos
extremo, o restante possui em conjunto com a prematuridade extrema outro diagnóstico
associado, os quais são: hidrocefalia, hipotireoidismo, displasia pulmonar, epilepsia e car-
diopatia congênita. A maioria das crianças utilizava algum tipo de medicação, no entanto
não foram realizadas análises estatísticas que pudesse mencionar alguma correlação entre
o uso de medicação e possível interferência no desenvolvimento. Além disso, os instrumen-
tos utilizados pata a coleta de dados não determina a necessidade de realizar correlações
entre variáveis. Em relação ao teste de Apgar, todos os bebês apresentaram notas inferiores
a 7 no primeiro minuto e superiores a 8 pontos no quinto minuto. Três bebês não tinham
essas notas em seus registros. A tabela 1 apresenta os dados do perfil dos bebês partici-
pantes da pesquisa.
Bebê Sexo Peso (grs) Estatura (cm) IG * ICr ** ICo *** Internação (dias) Diagnóstico Clínico
1 F 640 34 24 18m 14m 150 RNPT
RNPT, Hidrocefalia, Hipotiroi-
2 F 630 26 24 12m 8m 182
dismo
3 F 26 8m 4m14d 91 RNPT
4 M 1280 37 28 16m 13m 61 RNPT, Hidrocefalia
5 M 1045 37 32 2m 0m 47 RNPT
6 F 1007 39 32 15m 13m 53 RNPT
7 M 790 30 26 13m 9m14d 108 RNPT
8 M 1390 37 31 14m 12m 55 RNPT
9 M 805 NI 29 14m 9m7d 74 RNPT
RNPT, Displasia Pulmonar,
10 M 1210 34 29 9m 6m 106
Epilepsia, Cardiopatia
*(IG/SEM) Idade Gestacional por semanas; **(ICr) Idade cronológica; *** (ICo) Idade Corrigida; (NI) Não Informado; (RNPT) Recém-na-
scido Pré-Termo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.
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rápida na avaliação após minutos e isso indica um bom prognóstico e grandes chances de
sobrevida. Esse resultado vem em contraponto aos achados na literatura, os quais dizem
que a média do índice de Apgar no 1º minuto de vida foi de 4,6 variando entre 1 e 8, e no 5º
minuto de 6,14, variando entre 0 e 9. Com isso, recém-nascido (RNs) prematuros extremos
e RNs com baixos índices de Apgar no 1º e 5º minuto tem evolução complicada, provocando
alterações neurológicas (QUEIROZ, GOMES, MOREIRA, 2018).
A caracterização geral do desenvolvimento atual dos bebês apresentados na Tabela
2, mostra que os bebês não apresentavam atrasos no desenvolvimento motor ampla e fino,
percepto-cognitivo e psicossocial-emocional. No desenvolvimento motor, foi notado que
dentre os 14 itens avaliados, os bebês realizaram 12: controla a cabeça, leva mão à boca,
leva objetos à boca, segura objetos com uma mão, segura objetos com as duas mãos,
bate dois objetos, rola, senta, engatinha, fica de pé, anda com apoio, segue objetos com o
olhar. Em relação ao desenvolvimento percepto-cognitivo, dentre os 8 itens avaliados, os
bebês realizaram cinco: responde os chamados pelo nome, percebe sons do ambiente,
discrimina pessoas familiares, reconhece objetos familiares, utiliza gestos para se comuni-
car. Referente ao desenvolvimento psicossocial-emocional, notou-se que a maior parte das
crianças eram agitadas, felizes e gostavam de estar com outras crianças. Os itens que não
foram realizados não eram compatíveis com as idades dos bebês.
Com base nos resultados do presente estudo, observou-se que o desenvolvimento dos
bebês pré-termo que participaram apresentou um desenvolvimento adequado segundo os
principais marcos normativos, o que se acredita ser decorrente das orientações que as mães
receberam e da participação dos bebês em programa de follow-up. Segundo Brandão (1992),
a intervenção é precoce se ocorre antes que padrões de postura e movimentos anormais se
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instalem, sendo os primeiros quatro meses o período ideal para iniciar o programa. E tem
como objetivo acompanhar, orientar e estimular o desenvolvimento do bebê em risco. A con-
tribuição da intervenção precoce sobre o desenvolvimento do recém-nascido em risco tem
sido estudada por diversos autores (SHAPIRO-MENDOZA, 2013; GROSS e PANIAGUA,
2012). Então, alguns estudos, ressaltam a importância da intervenção multidisciplinar pre-
coce e aponta benefícios significativos em relação ao desenvolvimento dos bebês, quando
comparado às crianças que não passaram pela intervenção (CHEN et al, 2014).
A tabela 3 apresenta dados da análise postural e observação motora dos bebês
participantes. Esses dados foram verificados e pontuados pelo pesquisador com cada
bebê. Os bebês foram colocados nas posturas: supino, prono, sentado, de gato, ajoelhado,
de pé, e andando.
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Postura Observação Sim Não
Simetria 7 3
Descarga de peso em um lado (D/E) 5 5
Controle de cabeça 7 3
Controle de tronco 7 3
Permanece na posição sem apoio 7 3
Assume a postura sozinho 7 3
Senta de lado (D/E) 7 3
Faz transferência de peso 7 3
Sentado
Passa para a posição de gato 7 3
Passa para de pé 5 5
Reação de apoio para frente 7 3
Reação de apoio para os lados (D/E) 7 3
Reação de apoio para atrás 6 4
Reação de equilíbrio sentado 7 3
Reação de endireitamento (D/E) 7 3
Manipula objetos 7 3
Permanece sozinho na posição 7 3
Transfere peso para os braços 7 3
Apoio com as mãos 7 3
De gato
Engatinha 6 4
Passa para a posição sentada 7 3
Passa para a posição de pé 1 9
Ajoelha a partir de gato 5 5
Transferência de peso para frente 5 5
Transferência de peso para atrás 5 5
Transferência de peso para os lados (D/E) 5 5
Ajoelhado
Reação de equilíbrio 5 5
Reação de endireitamento 5 5
Permanece sem apoio 5 5
Passa para de pé 4 6
Levanta do chão 6 4
Levanta do ajoelhado 4 6
Levanta da posição de cócoras 1 9
Fica de pé independentemente 4 6
Simetria 4 6
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Estudos afirmam que recém-nascidos prematuros e com baixo peso ao nascer têm alto
risco para apresentar problemas de desenvolvimento e maior vulnerabilidade da criança em
não desenvolver habilidades motoras relevantes nos primeiros meses de vida (LINHARES
et al, 2003). Em consonância a esta informação, pesquisa realizada com 21 lactentes, evi-
denciou que 61,9% das crianças apresentaram desenvolvimento motor alterado (suspeito
e atraso) (RESTIFFE e GHERPELLI, 2012).
Em relação às aquisições motoras, um estudo mostrou que a aquisição da marcha e do
sentar em crianças prematuras nascidas com baixo peso foram mais tardias quando com-
paradas às de crianças nascidas a termo (RESTIFFE e GHERPELLI, 2012). Corroborando,
Saccani et al (2013) que destacaram correlação direta e significativa entre o peso ao nas-
cer e os percentis de desempenho referentes às posturas prono, supino, sentado e em
pé. Em contrapartida, alguns estudos não encontraram correlação entre o baixo peso ao
nascer e o desenvolvimento motor (DATAR e JACKNOWITZ, 2009; VOLPI et al, 2010).
Os dados da Tabela 4 demonstram o desenvolvimento motor amplo dos bebês partici-
pantes segundo o critério de caracterização da escala AIMS. Do total de participantes, sete
bebês se encontravam com o desenvolvimento motor adequado para idade corrigida e três
foram categorizados como atraso no desenvolvimento.
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Em estudo realizado em Porto Alegre, avaliaram 44 recém-nascidos, os quais todos
apresentaram desenvolvimento motor normal pela escala AIMS durante o primeiro ano de
vida (MANACERO e NUNES, 2008). Esses dados vêm de contraponto aos encontrados
nesta pesquisa, pois nota-se que apenas 30% da população apresentou um desenvolvi-
mento atípico. E podemos sugerir que essa porcentagem esteja associada a presença de
um diagnóstico, como a paralisia cerebral.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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06
Consequências e critérios de diagnósticos
da desnutrição em pacientes acometidos
pelo câncer
'10.37885/221211498
RESUMO
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oncológica sobre o assunto. O câncer associado a desnutrição implica em consequências
negativas para a saúde do indivíduo, sendo, o estado nutricional um dos fatores essenciais
para as chances de sucesso do tratamento. Deste modo, é imprescindível a monitorização
nutricional, para identificar precocemente, prevenir ou tratar a desnutrição. Ademais, é es-
sencial que a questão nutricional ganhe notoriedade e espaço, além da importância de ser
adjuvante no tratamento oncológico.
Diante do exposto, objetiva-se com este trabalho descrever as consequências e critérios
de diagnósticos da desnutrição em pacientes acometidos pelo câncer. Ademais, o presente
estudo contribui para ampliar conhecimentos teóricos acerca da temática.
MÉTODOS
RESULTADOS
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Tabela 01. Principais dados dos artigos selecionado sobre desnutrição em pacientes oncológicos.
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DISCUSSÃO
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Ademais, outra ferramenta de triagem nutricional validada, que identifica a desnutrição
e risco de desnutrição em pacientes com idade maior ou igual a 65 anos é a Mini Avaliação
Nutricional (MAN). Esta ferramenta quando comparada ao Índice de Massa Corporal (IMC)
e Circunferência da Panturrilha (CP) foi mais eficaz em identificar um maior número de pa-
cientes com risco nutricional e desnutrição (OLIVEIRA et al, 2018).
A avaliação do estado nutricional dos pacientes com câncer deve ser conjunta a diferen-
tes métodos de avaliação, como clínicos, antropométricos, composição corporal e bioquímico.
Portanto, para otimização do diagnóstico nutricional é importante que métodos eficazes, de
fácil aplicação e baixo custo sejam utilizados para auxiliar o paciente oncológico diante de
um momento de fragilidade e angústia (STANGHERLIN et al, 2018).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ADA, The american dietetic association. Identifying patients at risk: ADA´S definitions for
nutrition screening and nutrition assessmente. J Am Diet Assoc., 1994; v. 94, p. 838-9.
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07
Declínio da adesão à vacinação infantil e o
reaparecimento de doenças já erradicadas
no Brasil
'10.37885/221211603
RESUMO
Uma das conquistas mais marcantes na história da saúde pública é a invenção das
vacinas, que tem contribuído para a redução da prevalência de muitas doenças imunopre-
veníveis (DVPs), como por exemplo a poliomielite, varíola e outras. No entanto, desde sua
descoberta, a vacinação tem sido um assunto controverso (OLIVEIRA, 2022). O Programa
Nacional de Imunizações (PNI) e o Sistema Único de Saúde (SUS) vêm fornecendo vacinas
gratuitas contra várias doenças para pessoas de todas as faixas etárias, atingindo uma co-
bertura nacional superior a 90% (SATO, 2018). No entanto, apesar dos esforços do governo
com campanhas de vacinação, a cobertura vacinal no Brasil vem caindo desde 2013 e tem
sido demonstrado um aumento no nível de recusa vacinal no país (CÉSARE, 2020).
Desde a década de 1990, as coberturas vacinais para crianças estavam acima de 95%,
o que indicava boa adesão da população à vacinação. No entanto, de uma forma inespera-
da, desde 2016 essa cobertura vem caindo cerca de 10 a 20 pontos percentuais e, conse-
quentemente, gera um aumento na taxa de mortalidade infantil. As epidemias de sarampo
em Roraima e no Amazonas são consequências imediatas do declínio da cobertura vacinal
(SATO, 2018). Vários fatores estão relacionados a essa queda, seja o enfraquecimento do
Sistema Único de Saúde (SUS), seja dos aspectos técnicos, como o desenvolvimento do
novo sistema de informação de imunização, sejam os aspectos sociais e culturais que afetam
a aceitação da vacinação (SATO, 2018).
Apesar de todos os esforços para garantir a distribuição e aplicação de vacinas, vi-
sando benefícios individuais e coletivos, pessoas e grupos que questionam a fim de gerar
segurança e a necessidade de aplicação de vacinas estão presentes em todo o mundo. Este
não é um fenômeno recente, surgiu logo após a introdução da vacina contra a varíola no
final do século 18 e continuou ao longo do tempo (SUCCI, 2018). Os argumentos e crenças
dos grupos antivacinação não mudaram muito nos últimos dois séculos, mas a capacidade
de disseminar informações aumentou em eficácia e velocidade nas últimas décadas. A per-
da de confiança nas vacinas e nos programas de imunização podem levar à diminuição da
cobertura vacinal, com todas as suas consequências (SUCCI, 2018).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) categorizou a hesitação vacinal como uma
das dez ameaças globais à saúde que o mundo enfrentou em 2019. A hesitação da vacina é
influenciada por três fatores principais: confiança, complacência e conveniência. Influenciados
por esses fatores, indivíduos hesitantes em vacinar podem recusar algumas vacinas ou
atrasar a vacinação (GUZMAN-HOLST, 2020). O declínio da adesão à vacinação torna a
população – especialmente o grupo infantil – mais vulnerável às doenças imunopreveníveis e
propicia o retorno de doenças que já foram erradicadas e são potencialmente fatais. Portanto,
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diante desta problemática, o presente estudo objetiva expor a importância da vacinação
infantil e compreender os fatores associados à inação vacinal no Brasil.
MÉTODOS
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RESULTADOS
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multidoses apresentaram queda nos percentuais de aplicação das doses subsequentes,
demonstrando um resultado similar ao encontrado por outros autores.
Com a introdução da vacina no Brasil, tornou-se possível a redução ou eliminação de
doenças como coqueluche, difteria, poliomielite, tuberculose, febre amarela e varíola. Para
controlar essas doenças evitáveis através das vacinas, é imprescindível uma alta taxa de
cobertura vacinal, especialmente considerando as viagens globais para países emergen-
tes. Porém, com a diminuição das vacinações e aumento de imigrantes, criou-se no Brasil
um ambiente propício para surtos (OLIVEIRA, 2022). Para Sato et al (2018) esse cenário
vem mudando rapidamente. Em 2013–2015, foram registrados 1.310 casos de sarampo
nos estados de Ceará e Pernambuco. Em 2018, essas epidemias voltaram nos estados de
Roraima e Amazonas com mais 1.500 casos confirmados apenas nos oito primeiros meses
de 2018. Essa estatística é um alerta sobre o impacto da queda das coberturas vacinais de
forma geral. Durante 2001–2013, a maioria dos casos de sarampo no país foram importados,
ou seja, os indivíduos contraíram sarampo fora do Brasil, ao contrário do surto ocorrido no
estado do Ceará durante 2013-2014, em que a transmissão ocorreu localmente. Outro surto
ocorreu no Brasil em 2018, no qual foram identificados mais de 10.000 casos, a maioria nos
estados do Amazonas e Roraima, além de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco,
Rio de Janeiro, Sergipe e Pará. Um fator contribuinte foi a importação do genótipo D8 do
sarampo que chegou por meio de imigrantes venezuelanos (OLIVEIRA, 2022). Em 2017,
um surto de febre amarela ocorreu em Minas Gerais, afetando 90 cidades, e em outros
estados brasileiros, como Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio
de Janeiro, São Paulo e Tocantins e como apenas 58% da população brasileira estava
imunizada em 2018, a redução da cobertura vacinal foi considerada a principal causa deste
surto (OLIVEIRA, 2022). A incidência de coqueluche diminuiu desde o início da vacinação
DTP, principalmente em 1980. No entanto, surtos ocorreram na região Centro-Oeste entre
2012 e 2014, com mais de 4.000 casos/ano e estão relacionados a alterações fenotípicas
em cepas bacterianas, redução da adesão à vacinação e redução do potencial de indução
de imunidade (OLIVEIRA, 2022).
De acordo com os resultados do estudo de Césare et al (2020), sete vacinas apresen-
taram redução nas doses aplicadas no Brasil em 2019 em relação ao ano anterior: Rotavírus
monovalente, Pneumocócica 10v, Hepatite B, BCG, VIP/VOP, DTP e Pentavalente, todas
elas utilizadas para a imunização de crianças. Os achados do estudo no Brasil estão de
acordo que houve uma queda recente na cobertura vacinal em outros países, demonstrando
que este é um problema global. Os movimentos anti-vacinação espalharam conhecimentos
imprecisos sobre a segurança e os benefícios da vacinação na região. Isso levou as pes-
soas a interpretar o risco da vacina não com base na avaliação racional das evidências,
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mas por meio da incerteza. Como resultado, no Brasil, várias regiões experimentaram uma
queda na cobertura vacinal e o subsequente ressurgimento de doenças, como o sarampo
em 2018, com o total de casos no ano superando os relatados durante todo o período 2013-
2015 (HOLST-GUZMAN, 2020). Além disso, estudos mostraram que a cobertura vacinal na
década de 1980 era maior em famílias ricas e que essa desigualdade socioeconômica havia
diminuído nas décadas de 1990 e 2000. Em 2015, o perfil de cobertura vacinal foi invertido,
com crianças de famílias mais abastadas apresentando menor cobertura. Ideias equivoca-
das sobre os efeitos colaterais das vacinas poderiam fazê-los sentir-se capazes de criticar
a ciência médica em relação às vacinas, levando-os a acreditar em fatos alternativos não
científicos encontrados na internet (CÉSARE, 2020).
Uma revisão sistemática realizada por Holst-Guzman et al (2020), observou que quan-
to às influências individuais e de grupos para a hesitação vacinal, as maiores preocupa-
ções que levaram à rejeição da vacina foram documentadas em indivíduos pertencentes
ao grupo socioeconômico baixo, indivíduos com baixo nível de escolaridade e adultos mais
velhos. A vacinação foi aceita por mães trabalhadoras com maior escolaridade, pais de
crianças que estudavam em escolas estaduais e pessoas que trabalhavam no sistema de
saúde. Já aquelas que focaram nas influências contextuais, a hesitação vacinal foi comu-
mente documentada em pais de crianças e meninas pré-adolescentes e adultos mais velhos.
Problemas específicos de vacinas que levaram à recusa de vacinas foram relatados princi-
palmente por pais de bebês, crianças, pré-adolescentes e adolescentes. Sato et al (2018)
verificou que o sentimento geral em relação à vacinação é positivo, mas há grande varia-
bilidade. A segurança destacou-se como o aspecto que traz sentimentos negativos, parti-
cularmente na Europa. Os percentuais de brasileiros que responderam discordar quanto à
importância, segurança e efetividade da vacina foram 0,7%, 6,1% e 4,5%, respectivamente,
bastante abaixo de outras localidades. A confiança no sistema de saúde foi relatada como
determinante para a aceitação da vacina e a falta de recomendação médica foi documen-
tada como fator de risco para a hesitação vacinal (HOLST-GUZMAN, 2020). Outra razão
importante para a falta de vacinação entre crianças e adultos é a falta de conscientização
ou informações inadequadas fornecidas pelas autoridades de saúde e profissionais de saú-
de, o que leva à criação de falsas crenças sobre os benefícios da vacinação e seus efeitos
adversos (HOLST-GUZMAN, 2020).
DISCUSSÃO
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da hesitação vacinal que inviabiliza os objetivos citados, incluindo a perda de confiança na
segurança da vacina. As mídias sociais podem desempenhar um papel importante nesse
sentido, atuando como fonte de informações gerais sobre vacinas, incluindo as reações
adversas, para o público. A erradicação, ou pelo menos o controle de doenças evitáveis por
vacinas que mataram milhões de crianças no passado, como varíola, sarampo e poliomielite,
levou a um sentimento de que as vacinas não são mais necessárias (CATA-PRETA, 2021).
Semelhante ao contexto histórico vivenciado durante a Revolta da Vacina, atualmen-
te enfrenta-se uma recusa por parte da população quando se trata da imunização vaci-
nal. As áreas de influências contextuais incluem aspectos históricos, geográficos, políticos,
socioeconômicos, culturais, religiosos e de gênero, bem como comunicação e mídia, in-
fluências de lideranças e percepções da indústria farmacêutica (SATO, 2018). A opinião é
formada individualmente ou de forma coletiva diante de experiências vivenciadas, crenças
e confiança no sistema. Ressalta-se que a hesitação vacinal e suas determinantes variam
ao longo do tempo e são específicos em cada cenário.
Esse comportamento é influenciado por muitos fatores inter-relacionados, como a
confiança, complacência e conveniência, conhecido como modelo dos “3 Cs”, proposto pela
OMS em 2011. A confiança é sobre a eficácia e segurança das vacinas, o sistema de saúde
que as fornece e as motivações dos gestores para recomendá-las. A complacência resulta
da baixa percepção de risco de contrair a doença de forma que a vacinação não seria con-
siderada necessária. Por fim, a conveniência considera a disponibilidade física, disposição
para pagar, acessibilidade geográfica, capacidade de compreensão e acesso à informação
em saúde (SATO, 2018).
Estudos distinguem grupos de vacinadores, vacinadores seletivos (hesitantes) e não
vacinadores. Esses polos de aceitação total ou recusa total compreendem grupos menores
que os hesitantes, que também se distribuem em grupos heterogêneos. Dentre as justificati-
vas da falta de adesão vacinal, destacaram-se a baixa percepção do risco da doença, medo
de efeitos adversos, questionamentos sobre a eficácia e o interesse financeiro da indústria
farmacêutica. Geralmente, a interpretação do risco vacinal não se baseia na avaliação das
evidências, mas sim na sensação de incertezas e ambiguidades que permanecem mesmo
diante das evidências empíricas (SATO, 2018). Para Césare et al (2020) o elemento psico-
lógico é um fator importante no atraso do calendário vacinal devido à ansiedade dos pais,
preocupados com a imunização de seus filhos. Tais aspectos combinados com o ativismo
de grupos anti-vacinação nas mídias sociais e a desconfiança na ciência médica expuseram
a complexidade de enfrentar a redução da cobertura vacina.
Embora a cobertura vacinal tenha erradicado ou controlado muitas doenças infec-
ciosas em todo o mundo, o alto fluxo rápido de informações falsas divulgados por grupos
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antivacinação tem impactado no índice de não adesão, reacendendo os surtos. Esses surtos
têm destacado a necessidade de melhorias na vigilância vacinal e nas estratégias de controle
pelos sistemas públicos de saúde (CÉSARE, 2020). De acordo com os resultados do estudo,
sete vacinas apresentaram redução nas doses aplicadas no Brasil em 2019 em relação ao
ano anterior, todas elas utilizadas para a imunização de crianças (CÉSARE, 2020).
Por fim, é importante ressaltar que a resposta imune é melhor quando a vacina é apli-
cada na idade recomendada e o intervalo mínimo é respeitado. Essa observação deve-se
ser levada em consideração principalmente devido ao aumento da suscetibilidade a novas
infecções nessa faixa etária e ao sistema imunológico menos maduro.
CONCLUSÃO
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08
Desafios na construção de um PES numa
UBS, empregando a ERP num cenário de
pandemia – relato de experiência
'10.37885/221211562
RESUMO
A saúde é um espaço em que o planejamento não só é vital, como a sua ausência pode
afetar duramente a sua eficiência e efetividade. Em todo o tempo estamos sempre planifi-
cando, consciente ou inconscientemente. Planejamos o que comer, quando iremos viajar,
quantos filhos ter, como e quando adquirir um automóvel. Há diversas maneiras de se pla-
nejar, utilizando-se das mais variadas técnicas e instrumentos. A pandemia da COVID-19
além de afetar a nossa saúde física e emocional, colocou também à prova nossa capacida-
de de planejar. O presente relato de experiência é proveniente de uma atividade realizada
no Mestrado Profissional em Saúde da Família – PROFSAÚDE, vinculado a Universidade
Federal do Sul da Bahia – UFSB. Na atividade foi realizado um Planejamento Estratégico
Situacional com o emprego da Estimativa Rápida Participativa na fase de diagnóstico, numa
UBS em plena pandemia. O artigo se propõem a apresentar o relato da experiência de ope-
racionalização desse PES empregando a ERP em uma UBS e os desafios encontrados. Ele
traz como um dos resultados a percepção de que a junção Academia x Serviço é sempre
rica e transformadora.
Planejamento é algo inerente ao ser humano. Em todo o tempo estamos sempre plani-
ficando, consciente ou inconscientemente, de forma transitória ou cabal. Planejamos o que
comer, quando iremos viajar, quantos filhos ter, como e quando adquirir um automóvel, um
imóvel etc. Há, no entanto, áreas em que o planejamento é indispensável, tão necessário
que se não for realizado formalmente todo o desempenho e finalidade da área/tema ficará
comprometida. A saúde é um desses espaços em que não só o planejamento é vital, como
sua própria eficiência e efetividade serão duramente afetadas. O Prof. Antonio Cardoso
elucida com muita propriedade essa questão:
No caso da Atenção Básica (AB), há uma expectativa de que defina uma di-
recionalidade para suas práticas que seja, simultaneamente, coerente com os
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e com a realidade sócio-sanitária
do território. (CARDOSO, 2013, pg. 03).
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saúde, foi empregado a Estimativa Rápida Participativa – ERP, na fase de diagnostico do
planejamento e a equipe foi estimulada e desafiada a participar dessa construção social.
Elisabeth Figueiredo assinala a importância do trabalho em equipe na atenção a saúde das
populações de áreas adscritas:
DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA
Metodologia
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a Unidade Básica selecionada foi o Centro de Saúde Dr. Ângelo Brito. A parte operativa da
Estimativa Rápida Participativa foi realizada entre os dias 21 a 30 de Setembro de 2020, com
a participação da Equipe e auxílio fundamental dos Agentes Comunitários de Saúde, assim:
Nesses contatos de pessoas houveram interações numa ação dialógica, onde os sabe-
res de cada informante foram respeitados, ocorrendo uma troca sinérgica. Dados importantes
foram colhidos e mesclados com dados oficiais fornecidos pelos Sistemas de Informações
oficiais: CNES, E-SUS, HIPERDIA, SMS-COARACI.
Após o levantamento de todos esses dados, seguimos os importantes passos na con-
dução do Planejamento :
a) Realização do diagnóstico;
b) Identificação das principais necessidades de saúde dos clientes (público alvo) da
organização;
c) Identificação dos problemas finais (problemas vividos pelos clientes);
d) Identificação dos problemas organizacionais (problemas vividos pelos trabalhado-
res);
e) Construção da Missão Organizacional da Unidade de Saúde;
f) Aplicação de uma matriz de SWOT1.
1 Análise ou matriz SWOT (inglês) – em português, análise ou matriz FOFA – é um método de planejamento estratégico que englo-
ba a análise de cenários para tomada de decisões, observando 4 fatores. São eles, em inglês: Strengths, Weaknesses, Opportunities
e Threats. Em português: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças.
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Grande parte das “conversas” foram realizadas fora do ambiente da Unidade de Saúde,
a maioria delas aconteceram nas residências. Ao adotarmos esse protocolo de saúde, utili-
zando um ambiente com o mínimo de pessoas possíveis ou mesmo espaço externo e aberto,
foi possível realizarmos uma boa proteção.
Disponibilização de tempo maior para o levantamento dessas informações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nome do Estabelecimento: Centro de Saúde Dr. Ângelo Brito, Razão Social: Município
de Coaraci. Tipo de Estabelecimento: Unidade Básica, CNES: 2390051 Data de início:
27/5/2003, CNPJ Mantenedora: 14147474000175, Horário de Funcionamento: de 07 às
17:00, Telefone: 73 3241-1110 (SMS), Endereço: Rua Antônio Teixeira, 17. Bairro: Centro,
Cidade: Coaraci Estado: BA CEP: 45638-000. O Centro de Saúde Dr. Ângelo Brito é uma
Unidade Básica de Saúde no modelo tradicional. Possui 06 micro áreas e 01 em processo
de transição de zona rural para zona urbana. Possui uma cobertura de 100% da Atenção
Básica e Saúde Bucal. O atendimento ocorre em demanda programada e demanda espon-
tânea. Não conta com o apoio do NASF. Não utiliza o Prontuário Eletrônico (PEC), tudo é
realizado da maneira tradicional, com prontuários de papel. Os encaminhamentos realizados
são para a Unidade de referência (Centro Municipal de Especialidades) e para a Central
de Regulação Municipal. São realizados agendamentos para as seguintes especialistas
que atendem no Centro Municipal de Especialidades: Pediatria, Ginecologia, Geriatria e
Psicologia. Os agendamentos para outras especialidades são realizados junto ao Serviço de
Regulação do município, sendo alguns realizados no próprio município e outros na cidade
polo da região, em Itabuna.
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Ações permanentes: Realização de consultas Médicas, assistência Odontológica,
consultas de Enfermagem; Acolhimento; Realização de Pré-natal, Planejamento Familiar;
Consulta de Crescimento e Desenvolvimento da criança; Imunização; HIPERDIA; Realização
de Curativos, Citologia, Visita Domiciliar; Administração de medicação; Trocas e Instalação
de Sondagem Vesical e Nasogástrica; Nebulização; Testes Rápidos de: Sífilis, HCV, HBsAg
e HIV 1 e 2, Triagem Pré-natal e Neonatal; Ações de Educação em Saúde.
Princípios/valores: Atendimento Universal, Contínuo, Equânime, e Integral
MISSÃO: Executar ações contínua de saúde, à populações pertencentes a área de
abrangência do CMS Dr. Ângelo Brito, Centro I, enfocando as medidas de promoção, preven-
ção e recuperação da saúde, com atendimento humanizado, ético, integral e de qualidade,
articulado com organismos municipais, estaduais, federais, públicos e/ou privados e ampla
participação popular, referenciando os princípios e diretrizes do SUS.
Conforme E-SUS, competência 09/2020, tendo como referência o Centro I, a UBS tem
cadastrada os seguintes dados:
a) 3.550 usuários;
b) 1.976 Feminino;
c) 1.574 Masculino.
Esse dado corrobora com os achados de estudos no Brasil que apontam uma popu-
lação feminina um pouco maior que a masculina. Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios) 2019, identificou que o número de mulheres no Brasil é superior ao
de homens, sendo a população brasileira composta por 48,2% de homens e 51,8% de mu-
lheres, (IBGE, 2019). A área adscrita à Unidade é composta de 44,5% de homens e 55,5%
de mulheres. Do quantitativo de pessoas cadastradas 8,8% se auto referem brancas, 7,2%
pretas, 0,4% amarelas e 83% de pardas. Este dado é importante para a elaboração de po-
líticas assistências à populações específicas. A tabela 01 retrata esses números:
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Tabela 01. Identificação do usuário/cidadão-raça/cor.
Descrição Quantidade
Branca 314
Preta 259
Amarela 16
Parda 2961
Indígena 0
Não informado 0
Total 3550
Fonte: E-SUS 09/2020.
Jacques e Leal, (2017, pg. 76), apontam que com relação às famílias, elas podem “evi-
denciar as mais diversas formas de organização da sociedade” [...] e quão isso é importante
no estabelecimento do acompanhamento integral desses núcleos e suas configurações. Neste
sentido a tabela 02 nos faz perceber a dinâmica que elas apresentam no território em análise.
Descrição Quantidade
Cônjuge/companheiro(a) 282
Filho(a) 349
Enteado(a) 10
Neto(a) / Bisneto(a) 63
Pai / mãe 13
Sogro 02
Irmão(a) 20
Fonte: E-SUS 09/2020.
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Tabela 03. Informações sociodemográficas – situação no Mercado de trabalho.
Descrição Quantidade
Empregador 28
Assalariado com carteira de trabalho 193
Assalariado sem carteira de trabalho 108
Autônomo com previdência social 52
Autônomo sem previdência social 148
Aposentado / pensionista 408
Desempregado 108
Não trabalha 616
Servidor publico / military 07
Outro 236
Não informado 1643
Total 3550
Fonte: E-SUS 09/2020.
Com relação as deficiências, 4,7% da população faz referência a elas, destas, des-
taca-se a deficiência visual com um percentual de 30%, o que evidencia a necessidade
de um “olhar” diferenciado para esses cidadãos, principalmente no que tange a acessibi-
lidade, tabela 04.
Descrição Quantidade
Tem deficiência SIM 167
NÃO 3383
Auditiva 31
Física 38
Intelectual / cognitivo 37
Visual 50
Outra 21
Fonte: E-SUS 09/2020.
Situação Epidemiológica
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pelos informantes chaves. Corroborando com essa perspectiva, o gráfico 01, referente aos
atendimentos de 08/2020, demonstra essa forte tendência de adoecimento por condições
crônicas degenerativas:
180 168
160
140
120
100 83
80 67
60 32
40 14 14 21
1 3 1 8
20
0
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com dois salários mínimos; 0,8% com três salários mínimos; 2,3% com quatro salários mí-
nimos; 1,0% acima de quatro salários mínimos e 39% optaram por não informar.
Embora todas essas informações sejam autoreferidas, sinalizam muitas questões sig-
nificativas que devem ser sempre observadas nas análises de situação epidemiológica, na
tomada de decisão e planejamento das ações de promoção, prevenção e recuperação da saú-
de, uma vez que influenciam diretamente na qualidade de saúde de determinada população.
Devido à heterogeneidade da área, percebida tantos nos dados oficiais coletados, na
observação ativa, quanto no relato dos informantes chaves, na parte estrutural encontramos
uma arquitetura bem característica da época áurea do cacau, com grandes casas e bastante
mobiladas, bem como a existência de casas minúsculas, confeccionadas com argila (taipa),
madeira ou até materiais diversos.
A grande maioria das ruas são calçadas com paralelepípedo, contudo em um bairro
periférico existem algumas ruas sem calçamento. Com relação à rede esgoto, coleta de lixo
e abastecimento de água, encontra-se dentro de parâmetros aceitáveis, conforme eviden-
ciados pelo E-SUS.
A infraestrutura da área é composta por uma gama interessante de equipamentos
socioeconômicos e de saúde tais como: Bancos, Casas Lotéricas, Farmácias, Padarias,
Supermercados, Financeiras de empréstimos, Escolas, Academias, Lojas comerciais diver-
sas, Correios, Clinicas, Fórum, Cartórios, Sede da Prefeitura, Câmara de Vereadores, Loja
Maçônica, Ginásio de esporte, oficinas mecânica, de conserto de relógios etc.
Valores culturais
Residem nessa área, cantores, atores, poetas, artistas plásticos, parteiras, rezadeiras,
benzedeiras, expressão bastante forte da cultura locorregional.
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Ambiente interno e externo da organização
Internamente a Unidade de Saúde possui uma estrutura bastante regular para as ações
e serviços que se propõem a realizar. Está muito bem localizada, em local plano, arejado,
com boa acessibilidade e incidência de luz solar. Sua estrutura física é adequada, neces-
sitando de uma revitalização em sua pintura. Há materiais permanentes que precisam de
substituição por outros mais novos, contudo, não impedem a realização de ações de saúde.
Dentre as necessidades destacam-se: inexistência de um expurgo adequado para a lavagem
de materiais sujo e/ou contaminados; Adquações na copa para attender a demanda dos
servidores e reforma na sala de reuniões. O gráfico 02 apresenta a disposição organizativa
da estrutura da Unidade.
1 1 1 1
1 1
3
4
1
1 1 1 1
7
6 6
5 5 5
4
3 3
2 2
1 1 1 1 1 1
0
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Principais necessidades de saúde dos clientes (publico alvo) da organização
Problemas organizacionais
1. A matriz TUC2 (nos problemas vividos pela população e nos problemas vividos pela
organização);
2. “Árvore de Problemas”;
2 Transcendência dos problemas para gestores e técnicos da organização, para as forças sociais que o apoiam e para a população;
Urgência dos problemas e implicações da postergação do enfrentamento dos problemas considerados; Capacidade de enfrenta-
mento dos problemas e possibilidade de obter efeitos de impacto dentro do horizonte de tempo do plano.
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3. Matriz de Análise dos Problemas;
4. Matriz de programação das estratégias (para resolução do problemas);
5. Fluxo lógico de sustentação do problema priorizado;
6. Matriz de análise de viabilidade e metas do problema priorizado;
7. Avaliação de alcance de metas do problema priorizado;
8. Gestão do plano (a operacionalização do Plano em si).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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quão é sempre desafiador o trabalho em saúde; o quanto que a academia através de seu
suporte e aporte teórico re-significa uma atuação e recebe ao mesmo tempo uma releitura
de sua relevância na sociedade.
O papel relevante e desafiador da atuação dos profissionais de saúde, do SUS, da
APS e da Academia, são colocados ainda mais à prova no enfrentamento de situações e
cenários atípicos como o da pandemia da COVID-19. Entretanto, mesmo em meio a tal
disposição não peculiar, a percepção de que a junção Academia x Serviço é sempre rica
e transformadora se põem em evidência quando do emprego intricado de um processo de
Planejamento envolvendo um método prático e relacional que é o ERP, sendo apresentado
viavelmente, mesmo em um cenário tão atípico como o padêmico.
Agradecimentos
Agradeço imensamente ao Prof. Dr. Antonio José Costa Cardoso/UFSB pelo apren-
dizado e incentivo constante, aos demais Prof. Drs do PROFSAÚDE/UFSB, Jane Mary
Guimarães, Luiz Antônio de Castro, Lina Faria, Márcio Florentino e Rocio Alvarez, aos cole-
gas do curso turma 3, Conceição, Dândara, Davi, Maria Eugênia, Luciano, Matheus, Pedro,
Sérgio e Tamine, a Secretária de Saúde de Coaraci, Maria Luiza, a Equipe do Centro de
Saúde Dr. Ângelo Brito, na pessoa de sua Coordenadora a Enf. Mª José Silva A. Santana e
a toda Equipe de Saúde do CAPS de Coaraci, onde trabalho atualmente.
REFERÊNCIAS
BUSS, P.M.; PELLEGRINI FILHO, A. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro,
17(1):77-93, 2007.
CARDOSO, A.J.C. Planejamento em Saúde. Módulo II. Brasília, DF: ENAP, 38 pp., 2013.
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CECILIO, L.C.O. Trabalhando a missão de um hospital como facilitador da mudança or-
ganizacional: limites e possibilidades. Cad. Saúde Pública [online]. 2000, vol.16, n.4, pp.
973-983.
JACQUES, C.A, LEAL, G.M. Determinantes Sociais e Território em sua Inter-Relação com
as Famílias e os Processos de Saúde-Doença. Revista Sociais & Humanas - VOL. 30 /
Nº 1 – 2017.
PAIM, J.S. Planejamento em Saúde para não Especialistas. In: Campos, Gastão Wagner.
Tratado de Saúde Coletiva, HUCITEC/FIOCRUZ, 2006 p. 767-782.
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09
Desbridamento e retenção do implante em
artroplastia total do joelho infectada
'10.37885/230111671
RESUMO
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Materiais e Métodos
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de distribuição normal não foi rejeitada nos grupos, a comparação de dois grupos foi feita
pelo teste t de Student. A igualdade das variâncias, necessária para a execução do teste
t de Student sem correção, foi avaliada internamente no teste t-de Student pelo teste de
Levene. Quando para pelo menos um dos grupos a hipótese de normalidade da distribuição
foi rejeitada por pelo menos um dos testes, a comparação dos dois grupos independentes
foi feita pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney.
Para a identificação de um ponto de corte ótimo para as variáveis quantitativas signi-
ficativamente associadas ao sucesso/insucesso da D+R, foi usada a metodologia da Curva
ROC (Receiver Operating Characteristic). A medida de desempenho do teste diagnóstico
proposto usando tal ponto de corte, foi a área sob a curva ROC (Área Under the Curve- AUC),
e a significância da área sob a curva ROC foi avaliada pelo teste que julga a hipótese nula
H0: a área sob a curva ROC é igual a 0,5. Sob a hipótese nula, o teste proposto não tem o
poder de discriminar indivíduos com insucesso e sucesso, daí porque se espera rejeitar H0.
Além do teste de significância, foi obtido intervalo de confiança assintótico para a área sob
a curva, para o qual espera-se não conter o valor 0,5.
Todas as discussões foram realizadas ao nível de significância máximo de 5% (0,05), ou
seja, foi adotada a seguinte regra de decisão nos testes de significância estatística: rejeição
da hipótese nula sempre que o p-valor associado ao teste foi menor que 0,05.
RESULTADOS
A amostra base desta pesquisa foi formada por 49 pacientes que atenderam aos critérios
de inclusão descritos. Do total, 30 tiveram sucesso com o D+R, conforme mostra distribuição
da Figura 1. Dos 19 casos de insucesso, sete (36,8%) evoluíram para artrodese e um caso
(5,3%) foi submetido à artroplastia de ressecção como cirurgia de salvamento. Os outros 11
pacientes (57,9%) obtiveram sucesso com Revisão de ATJ em 2 tempos.
Figura 1. Distribuição dos casos de Sucesso e Insucesso no desbridamento e retenção do implante (D+R).
D+R sem
Sucesso
38,8%
D+R com
Sucesso
61,2%
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A Tabela 1 a traz a distribuição quanto ao sexo, ao lado operado e às principais comorbi-
dades dos pacientes nos subgrupos segundo o sucesso no D+R e na amostra global. A maio-
ria dos pacientes submetidos ao D+R são do sexo feminino (77,6%), o lado esquerdo foi o
mais frequentemente operado (57,1%) e as comorbidades mais prevalentes foram hiperten-
são (65,3%), obesidade (55,1%), diabetes (20,4%) e artrite reumatóide (16,3%). Ao comparar
os grupos, foi evidenciado que o sucesso do D+R não está significativamente associado ao
sexo do paciente, ao lado operado ou a alguma das comorbidades envolvidas.
Tabela 1. Distribuição do sexo e das principais comorbidades dos pacientes, nos subgrupos segundo o sucesso no
desbridamento e retenção do implante (D+R) e na amostra global.
Sem Com
Global
sucesso na D+R sucesso na D+R p-valor do teste comparando as
Variável n=49
n=19 n=30 distribuições nos dois subgrupos
F % F % F %
Sexo
Feminino 15 78,9% 23 76,7% 38 77,6% 1,000(a)
Masculino 4 21,1% 7 23,3% 11 22,4%
Lado Operado
Direito 7 36,8% 14 46,7% 21 42,9% 0,498(b)
Esquerdo 12 63,2% 16 53,3% 28 57,1%
Principais Comorbidades
Hipertensão 13 68,4% 19 63,3% 32 65,3% 0,715(b)
Obesidade(c) 11 57,9% 16 53,3% 27 55,1% 0,754(b)
Diabetes 3 15,8% 7 23,3% 10 20,4% 0,720(a)
Artrite Reumatóide 4 21,1% 4 13,3% 8 16,3% 0,694(a)
(a) Teste exato de Fisher (b) Teste quiquadrado
(c) O paciente foi considerado obeso se o seu índice de massa corporal (IMC) fosse maior ou igual a 30 Kg/m2.
Fonte: Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (2020).
Grupo
Estatística
Sem Sucesso na D+R Com sucesso na D+R Global
Mínimo 28,0 30,0 28,0
Máximo 130,0 115,0 130,0
Média 85,4 57,6 69,5
Mediana 86,8 57,5 61,5
Desvio Padrão 29,6 20,2 27,9
Fonte: Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (2020).
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Tabela 3. Principais estatísticas do PCR dos pacientes.
Grupo
Estatística
Sem Sucesso na D+R Com sucesso na D+R Global
Mínimo 2,8 0,5 0,5
Máximo 202,0 172,0 202,0
Média 78,2 35,2 51,9
Os p-valores dos testes de normalidade levaram à conclusão de que o VHS e PCR não
seguiam distribuição normal na amostra global e nos subgrupos da pesquisa. Sendo assim,
as distribuições de VHS e PCR dos pacientes dos grupos de sucesso e insucesso após D+R
foram comparadas pelo teste de Mann-Whitney, que resultou num p-valor 0,008 e 0,005
respectivamente, mostrando que ambas as variáveis laboratoriais eram significativamente
maiores no grupo de pacientes sem sucesso após o D+R.
No grupo com sucesso após o D+R, pelo menos 75,0% dos pacientes tinham PCR
menor ou igual a 27,3. Os pacientes deste grupo com PCR acima deste valor do Percentil
75 são considerados atípicos, estando assinalados por * no boxlot da figura 2. Em contraste,
pelo menos 75% dos pacientes do grupo sem sucesso no D+R tem PCR acima de 21,1.
Figura 2. Distribuição da PCR nos grupos sem e com sucesso após o desbridamento e retenção do implante (D+R).
A figura 3 a traz a curva ROC (AUC - area under curve) para o valor de PCR como
indicador de insucesso no D+R. Para cada ponto de corte foram calculados valores de
sensibilidade e especificidade, que estão dispostos no gráfico. Um classificador perfeito
corresponderia a uma linha horizontal no topo do gráfico, e a linha diagonal verde representa
um teste básico de referência. Na prática, curvas consideradas boas estarão entre a linha
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diagonal e a linha perfeita, onde quanto maior a distância da linha diagonal, melhor o teste
diagnóstico. Na presente análise, a curva ROC identificou como ponto ótimo de corte o valor
de PCR igual a 21,05. Nesse ponto, a sensibilidade e a especificidade atingem seu máximo
simultâneo possível, concluindo-se que este é o ponto de corte que maximiza a razão de
chances de insucesso no D+R.
A área sob a curva ROC (AUC - area under curve) é uma medida do desempenho do
teste proposto (índice de exatidão do teste). Uma área sob a curva de 0,5 é considerada
como hipótese nula, e acima de 0,60 é considerada como desempenho satisfatório. Nesta
análise, a área sob a curva ROC foi igual a 0,74, mostrando desempenho satisfatório do
teste proposto com o ponto de corte da PCR igual a 21,05.
Ao analisar os resultados das culturas, o germe de maior incidência foi o Staphylococcus
aureus, presente em 42,9% dos casos, seguido pelo Staphylococcus epidermides e pela
Pseudonomas, ambos com incidências de 10,2% dos casos. Quatro pacientes (8,2%) tiveram
seus resultados de cultura negativos. Outros onze pacientes (22,4%) apresentaram dois ou
mais tipos diferentes de germes na cultura. Não foi identificada relação estatística entre o
resultado do D+R e a quantidade ou tipos de germes encontrados em cada um dos grupos.
DISCUSSÃO
Há estudos que evidenciam a falta de uniformidade dos pacientes que realizam o desbri-
damento e retenção do implante (D+R). Em razão disso, os resultados são bem discrepantes
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na literatura. Os fatores controversos são: o marco temporal para a abordagem cirúrgica,
a antibioticoterapia realizada e a duração do tratamento, o microorganismo acometido e a
substituição ou não do polietileno. Nosso pensamento é que protocolos bem estabelecidos
devam ser definidos em cada hospital objetivando o resultado mais satisfatório 10.
Ottesen et al. relatam uma taxa de sucesso de 84% no D+R. A substituição do polietileno
ocorreu em 31% dos pacientes 10. Achamos que a troca do polietileno é fundamental para o
adequado desbridamento do joelho. Em função disto, todos os nossos pacientes tiveram o
polietileno substituído. Argenson et al. evidenciam que a substituição do polietileno permite a
visualização mais adequada da região posterior do joelho 11. Pensamento que corroboramos
e defendemos. Além disso, Zhang et al. afirmam que a troca do polietileno reduz a taxa de
recidiva. Eles alegam que biofilme aderido ao polietileno é um fator de risco, assim sendo,
a troca deste componente é necessária 12.
Qasim et al. relatam após uma revisão da literatura uma taxa de sucesso de D+R entre
31 a 100%. Segundo esses autores um dos fatores do sucesso é o microorganismo que
está sendo tratado 13. Nós concordamos com essa informação. O germe mais acometido
na nossa pesquisa foi o Staphylococcus aureus. Há diversos estudos com resultado similar
em relação ao germe 11-12,14-16.
Qasim et al. afirmam que o D+R deva ser feito apenas uma única vez 13. Nós ratifica-
mos esse pensamento. Na nossa opinião caso haja insucesso com o D+R a revisão em dois
tempos deve ser uma opção. Achamos que o uso do espaçador com antibiótico local possa
erradicar esse processo infeccioso de uma forma mais agressiva.
Choo et al. recomendam a lavagem do joelho associando uma solução antisséptica 17.
Como não há uniformidade na literatura sobre este tópico nossa pesquisa utilizou apenas
soro fisiológico. Argenson et al. em um consenso sobre o tema orientam a lavagem do joelho
com 6 a 9 litros de solução salina11. Além disso, defendem o uso de uma solução antisséptica.
Nosso pensamento é que não está claro na literatura quais os efeitos da solução antisséptica
por via tópica em contato com o tecido ósseo ou muscular, além de não haver consenso
sobre a quantidade da concentração das diversas soluções antissépticas.
Odum et al. afirmam que a falência do D+R afetam negativamente a revisão em 2
tempos subsequente 18. Em razão disso, nossa pesquisa utilizou como marco temporal 4
semanas após a ATJ. Pensamos que esse período ainda não há a formação de biofilme.
Zaruta et al. evidenciam uma tendência de recomendar o uso do dreno de sucção.
Segundo eles o dreno de sucção reduz o espaço morto do joelho e diminui o fluído da ferida
operatória 19. Nosso hospital adota como protocolo sempre fazer esse tipo de cirurgia sem
manguito pneumático e sem dreno de sucção. Na nossa visão o manguito pneumático pode
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mascarar alguma coleção purulenta, bem como, o dreno de sucção pode ser uma nova porta
de entrada para recidiva do processo infeccioso.
Argenson et al. relatam como taxa de falência do D+R o PCR > 115 mg/L 11. Nosso
estudo observou que 75% do grupo sem sucesso com este procedimento apresentavam um
PCR > 21,1. Em razão disso, o nosso hospital adota a aferição do PCR como um protocolo
pré-operatório de uma artroplastia total do joelho primária. Assim sendo, caso haja uma
suspeita de infecção teremos um dado prévio que nos auxilie na melhor opção terapêutica.
Kim et al. realizaram o procedimento de desbridamento artroscópico do joelho em al-
guns pacientes da sua série 15. A indicação para essa opção baseou-se na condição geral
do paciente e na severidade dos sintomas. Em nossa opinião, o desbridamento artroscópi-
co não possui espaço terapêutico na infecção aguda da ATJ. Achamos que a ausência da
substituição do polietileno compromete o tratamento em questão.
Avaliamos as comorbidades mais prevalentes que foram respectivamente: hipertensão,
obesidade, diabetes e artrite reumatóide. Nosso estudo observou que o sucesso do D+R
não está significativamente associado as comorbidades envolvidas. Narayanan et al. incluí-
ram o tabagismo como fator de risco 20. Nossa pesquisa por ser retrospectiva não analisou
esse dado. Achamos que o tabagismo pode interferir na cicatrização da ferida operatória.
Devemos lembrar, que nosso país possui uma campanha antitabagismo de sucesso, em
função disso, pensamos que a ausência desse dado não compromete nossos resultados.
Mulpur et al. concluíram que as comorbidades, o resultado de cultura e a identificação do
patógeno não influenciaram na efetividade do tratamento21.
Nosso estudo ocorreu em um país em desenvolvimento e pacientes oriundos do sistema
único de saúde. Em razão disso, o aspecto nutricional pode ter sido um fator que interferiu
no resultado do tratamento. Infelizmente não avaliamos esse parâmetro.
Shao et al.22 e Kuiper23 et al. evidenciam a falta de uniformidade sobre o tema. Concluem
que devam surgir estudos prospectivos multicêntricos com diagnóstico e critérios similares
23. Nosso pensamento está de acordo com essa afirmação. Achamos que avanços no tra-
tamento da infecção pós ATJ incluem o surgimento de novos marcadores na detecção do
diagnóstico precoce, bem como, novos antibióticos que possam ser administrados por via
oral ou intramuscular, diminuindo o período de internação e com isso o custo do tratamen-
to. Consequentemente haverá uma diminuição do impacto psicológico que muitas vezes a
internação prolongada têm sobre os pacientes.
CONCLUSÃO
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indicados. É importante atentar aos valores de PCR e VHS no momento da infecção peri-
protética, pois, em casos que estão muito elevados, maximizam as chances de insucesso
do desbridamento e retenção do implante (D+R).
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10
Elaboração de uma sequência didática
utilizando-se o tema gerador fármacos
para o ensino de Química orgânica no
ensino médio
'10.37885/221211605
RESUMO
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de novas moléculas é fundamental, sendo o profissional atuante nessa etapa o químico
medicinal. Segundo definição da IUPAC, a Química Medicinal é responsável pelo plane-
jamento, descoberta, invenção, identificação e preparação de compostos biologicamente
ativos (protótipos), além do estudo do metabolismo, interpretação do mecanismo de ação a
nível molecular e a construção das relações entre a estrutura química e a atividade farma-
cológica (relação estrutura atividade – do inglês structure-activity relationship SAR). Para
que uma substância seja considerada um candidato a fármaco, evoluindo do processo de
descoberta para a etapa de desenvolvimento, alguns fatores devem ser considerados, tais
como: simplicidade estrutural, com possibilidade de modificações, visando a otimização de
seu perfil farmacoterapêutico; ser membro de uma série congênere com SAR bem estabe-
lecida; possuir situação patentária favorável e apresentar boa propriedade farmacocinética.
O fármaco, conforme dito anteriormente, corresponde ao princípio ativo do medica-
mento, tendo como responsável por sua fabricação a indústria farmoquímica. Os papéis das
indústrias farmoquímica e farmacêutica pode gerar, por vezes, conflitos conceituais. A pri-
meira é uma indústria de química fina, que faz transformações químicas e trabalha predo-
minantemente com os processos orgânicos, utilizando como matérias primas intermediários
químicos, produtos naturais ou de origem biológica. Já a indústria farmacêutica é o fabricante
do medicamento que em sua composição possui o IFA, os excipientes e o veículo. É uma
indústria de formulação, que mistura e prepara as formas e apresentações farmacêuticas.
Está na ponta final da cadeia de produção pois oferece o medicamento que é o produto
pronto para uso e consumo humano. No entanto, muitas indústrias possuem ambas insta-
lações, farmoquímica e farmacêutica (COSTA et al, 2014). Lamentavelmente, nosso país
produz apenas 5% dos insumos farmacêuticos ativos (IFAs) destinados para produção de
medicamentos para o consumo interno (PRESTES, 2022).
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respiratória e retal. A forma mais convencional de absorção é a partir do intestino delgado.
Apenas pela via de administração endovenosa que o processo de absorção não é observado.
Distribuição: a distribuição é a passagem do fármaco do fluxo sanguíneo para outros
tecidos (WINTER, 2009).
Metabolização: processo onde fármaco é convertido em outras substâncias, permitin-
do com que o mesmo seja eliminado do organismo. O processo se dá através da ação de
enzimas e ocorre comumente no fígado, rins, pulmões e tecidos nervosos (WINTER, 2009).
Excreção: pode ser definida como a passagem do fármaco da circulação sanguínea
para o meio externo. Os rins são a principal via de excreção do nosso organismo. No en-
tanto, também pode ocorrer através dos pulmões, fezes, lágrimas, suor, saliva e suco bi-
liar (WINTER, 2009).
A relação entre a intensidade/duração do efeito e a dose do fármaco administrado de-
pende de sua farmacocinética e farmacodinâmica. O grau de afinidade e a especificidade da
ligação entre o fármaco e seu sítio receptor está intrinsecamente relacionado com a química
básica. A farmacodinâmica é determinada por interações intermoleculares que compreendem
forças eletrostáticas, tais como ligações de hidrogênio, dipolo-dipolo, íon-dipolo, ligações
covalentes e interações hidrofóbicas. Já a fase farmacocinética está interligada à solubili-
dade em água de um fármaco e ao seu potencial de atravessar das membranas biológicas.
Além disso, fatores como a massa molecular, energias de conformação, o grau de
ionização, a lipossolubilidade são fundamentais para as propriedades farmacológicas.
OBJETIVO
RESULTADOS
A SD proposta no presente trabalho foi elaborada para ser aplicada com alunos de
turmas do 3º ano do ensino médio e é dividida em quatro momentos, conforme apresentado
no quadro abaixo (Quadro 1).
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Quadro 1. Dinâmica da sequência didática.
Atividade Objetivo
Introdução ao tema fármacos através de uma discussão com base nas pergun- Ambientar os alunos ao tema aborda-
tas: o que é um fármaco, o que é um medicamento, qual é o percurso percor- do, além de despertar a curiosidade
1º momento rido por um fármaco em nosso organismo e como se dá seu modo de ação? deles no que diz respeito ao percur-
A discussão é facilitada através da apresentação de um vídeo (https://www. so do fármaco em nosso organismo
youtube.com/watch?v=j688ggKizjA) e da realização de uma roda de conversa. e seu modo de ação.
Estimular o aluno a identificar em tais
Apresentação, através de slides, de fórmulas estruturais em bastão e da es- estruturas as funções orgânicas pre-
2° momento trutura em 3D de fármacos antidepressivos, sendo esses a fluoxetina e o es- sentes e prever os tipos de interações
citalopram. intermoleculares que tais fparmacos
podem realizar.
Elucidar a diferença entre os medi-
camentos de referência, similar e
3° momento Ilustração de uma história em quadrinhos (HQ) sobre o uso de medicamentos. genérico, bem como explorar ques-
tões sociais relacionadas ao uso de
medicamentos.
Aplicação de um questionário com 10 questões (sendo as 5 primeiras baseadas Estimular a participação dos alunos
4° momento no tema desenvolvido em aula e as 5 restantes extraídas de exames anteriores e fomentar neles o desejo de realizar
do ENEM). o ENEM.
• O que é um fármaco?
• O que é um medicamento?
Qual é o percurso percorrido por um fármaco em nosso organismo e como se dá seu modo de ação?
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Figura 1. QR code de acesso ao material desenvolvido para a aplicação da sequência didática.
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Figura 2. Estrutura de Lewis e estrutura em 3D da fluoxetina.
Figura 4. Tirinha em quadrinhos preparada para a abordagem de questões ligado aos temas medicamentos de referência,
medicamento genérico e o medicamento similar.
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Por fim, no quarto momento da SD, é proposta a aplicação de um questionário com o
intuito de verificar o aproveitamento dos conteúdos por parte dos alunos, através de uma
perspectiva qualitativa (o questionário pode ser acessado através do QR code disponibili-
zado na figura 1).
O questionário proposto contém 10 questões onde as cinco primeiras dialogam dire-
tamente com o conteúdo abordado na SD e as outras cinco foram selecionadas a partir de
provas antigas de ENEM onde priorizou-se questões que tenham alguma relação com o
conteúdo exposto.
DISCUSSÃO
A inserção do ensino de química para alunos do ensino médio por muitas vezes é
encarada como um desafio. Nesse contexto, despertar no aluno o interesse pelos assuntos
abordados e a motivação necessária em sala de aula é um papel importante do professor e
faz parte do processo de ensino aprendizagem. O aluno, ao ser motivado a pensar, tomar
decisões e encarar situações do seu cotidiano terá maior empatia pelo tema abordado.
No que diz respeito à Resolução do Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno
n° 4, de 17 de dezembro de 2018, que institui a Base Nacional Comum Curricular na Etapa
do Ensino Médio (BNCC-EM), como etapa final da Educação Básica, nos termos do artigo
35 da LDB, completando o conjunto constituído pela BNCC da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental, com base na Resolução CNE/CP nº 2/2017, fundamentada no Parecer CNE/
CP nº 15/2017, essa preconiza em seu Art. 4° que a BNCC-EM reitera seu fundamento
nas seguintes competências gerais, expressão dos direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento dos estudantes:
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II. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e
criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes
áreas.
III. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mun-
diais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
IV. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri-
ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex-
periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
V. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo
as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir co-
nhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal
e coletiva.
VI. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci-
mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo
do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
VII. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res-
ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
VIII. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden-
do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
IX. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen-
do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.- Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibili-
dade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
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Dessa forma, acredita-se que o presente trabalho está em conformidade com os funda-
mentos estabelecidos pela BNCC-EM e a utilização do tema gerador fármacos pode contribuir
para que outros temas relevantes para a formação do aluno como cidadão consciente sejam
abordados em sala de aula.
Particularmente, a presente SD, além de correlacionar a química de fármacos com
o conteúdo classicamente ministrado no Ensino Médio, abre um espaço para discussões
relevantes no âmbito da sociedade e da saúde pública, como a automedicação, distúrbios
psiquiátricos e o uso de medicamentos que não tenham sua eficácia comprovada. No que diz
respeito ao uso indiscriminado de antidepressivos, esse tornou-se uma preocupação dentre
os jovens. No trabalho intitulado “O uso de antidepressivos na adolescência e sua autome-
dicação”, Barboza e colaboradores abordam a questão da depressão na adolescência e, a
partir de dados da literatura, mostram que cerca de 25% dos adolescentes são acometidos
por sintomas de depressão e que a automedicação se tornou um hábito comum, sendo os
fármacos mais comumente consumidos sem prescrição medica a fluoxetina, a paroxetina,
a sertralina, a venlafaxina e o citalopram (BARBOZA et al.,2021). Portanto inserir na escola
tais temas torna-se de extrema relevância, no sentido de trazer a química de forma mais
contextualizada e abrir o debate a um tema de fundamental relevância, contribuindo de forma
significativa para o processo de ensino-aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de temas geradores que estejam inseridos no cotidiano dos alunos tem um
potencial enorme para auxiliar no processo de ensino aprendizagem. O cotidiano do aluno
quando confrontado ao conhecimento químico permite o desenvolvimento de um caráter
investigador, além de um sentimento de autonomia e uma melhora na capacidade de tomada
de decisões frente a situações problemáticas. Particularmente, o tema fármacos tem uma
grande capacidade de potencializar o ensino dos conteúdos de química orgânica abordados
no ensino médio, principalmente devido à relação direta entre as estruturas químicas dos
fármacos e assuntos fundamentais como as funções orgânicas, as interações intermolecu-
lares e as propriedades físico-químicas de compostos orgânicos.
Por fim, a presente proposta abre a possibilidade para que outros temas relevantes
à saúde pública sejam abordados em sala de aula. Nesse caso, optou-se por questionar a
problemática da depressão, um tema que ainda é caracterizado como um tabu em nossa
sociedade, mas que tem afetado um número cada vez maior de jovens. No entanto, o mesmo
percurso pode ser utlizado para a abordagem de problemáticas ligadas a doenças infeciosas,
como a tuberculose e a COVID-19, doenças crônicas e outros temas que possam despertar
o interesse dos estudantes.
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REFERÊNCIAS
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Importância do fisioterapeuta na atenção
primária à saúde e a realidade de um
município do Norte do Paraná
'10.37885/221211526
RESUMO
Com a instituição do SUS o modelo de atenção à saúde foi reestruturado e dentre as diver-
sas situações que complicam a saúde, a atenção básica com sua equipe multidisciplinar,
surge como peça fundamental para prevenção e promoção de saúde. Assim, este estudo
teve por objetivo explanar sobre a importância da fisioterapia nas ações de saúde da aten-
ção básica. A proposta consistiu em uma revisão bibliográfica e análise acerca da atuação
do fisioterapeuta em um município do norte do Paraná, caracterizado por ser qualitativo e
descritivo. Realizou-se um levantamento da literatura, buscando documentos nas bases de
dados: LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE
(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), SCIELO (biblioteca virtual Scientific
Electronic Library Online), Google Acadêmico e sites governamentais, com os descritores:
Atenção Primária à Saúde, Estratégia Saúde da Família, Fisioterapia. Buscou-se documentos
que explanassem sobre a atuação do fisioterapeuta na atenção primária, sendo selecio-
nados utilizando os seguintes critérios de inclusão: livros, teses, artigos e outros tipos de
publicações que abordassem o tema, publicados entre 2008 a 2018, indexados nas bases
de dados supracitados, disponíveis na íntegra e no idioma português. Com este estudo
pode-se verificar que a atuação do fisioterapeuta na atenção básica do município estudado
ainda é muito restrita e encontra muitos obstáculos para se fortalecer. Constatou-se que é
de grande valia consolidar o fisioterapeuta na atenção básica em saúde, pois sua inserção
acarreta em inúmeros benefícios.
O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é um dos maiores e mais complexos sis-
temas de saúde pública do mundo, abrangendo desde procedimentos simples, por meio da
Atenção Básica, até os procedimentos mais complexos, garantindo acesso integral, universal
e gratuito para toda a população do país (BRASILa, 2019).
No Brasil, com a implantação do SUS o modelo de atenção à saúde foi reformulado,
inserindo a atenção primária com o objetivo de reorientar o sistema e valorizar ações indivi-
duais e coletivas, envolvendo promoção, prevenção de agravos, recuperação e reabilitação
de saúde (NEVES; ACIOLE, 2011).
Por sua vez, esse modelo, passou a se basear por uma concepção ampliada do pro-
cesso saúde-doença, visto que o acesso a bens e serviços de saúde é um processo que de-
pende de políticas públicas mais amplas que sejam capazes de prover qualidade de vida, de
maneira que associe completamente as ações preventivas às ações curativas (CARVALHO;
BARBOSA, 2010). De acordo com Delai e Wisniewski (2011), dentre as diversas situações
que agravam a saúde, a atenção básica juntamente com sua equipe multidisciplinar surgem
como peças fundamentais para a promoção de saúde e a prevenção de doenças e agravos
na sociedade, sendo que é um conjunto de ações capazes de proporcionar círculos virtuosos
na construção de sistemas de saúde efetivos.
Assim, a fim de fortalecer esse modelo de atenção, em 1994 foi reconhecido pelo
Ministério da Saúde a Estratégia Saúde da Família (ESF) que, por meio de assistência
integral e multiprofissional, centrada na comunidade, a atenção primária tem reiterado sua
inserção na rede de saúde. Recentemente, em 2008, surgiram os Núcleos de Apoio à Saúde
da Família (NASF) com objetivo de auxiliar as equipes da ESF e estender a oferta do cuidado
no nível primário reafirmando a integralidade, qualidade e resolubilidade do sistema (AVEIRO,
2011). Para tanto, em 2008, houve uma mudança na nomenclatura para Núcleo Ampliado de
Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), com o objetivo de apoiar a consolidação da
Atenção Básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como
a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações (BRASILb, 2019).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), para atingir um melhor resultado sobre
os diversos fatores que afeta a dinâmica saúde-doença, é significativo que as intervenções
tenham estruturação em uma equipe multiprofissional, capazes de solucionar as demandas
necessárias. Assim, os profissionais que podem ser contemplados no NASF-AB são médico
acupunturista; assistente social; profissional/professor de educação física; farmacêutico;
fisioterapeuta; fonoaudiólogo; médico ginecologista/obstetra; médico homeopata; nutricio-
nista; médico pediatra; psicólogo; médico psiquiatra; terapeuta ocupacional; médico geriatra;
médico internista (clínica médica), médico do trabalho, médico veterinário, profissional com
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formação em arte e educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista, ou seja,
profissional graduado na área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou
graduado diretamente em uma dessas áreas. Contudo, a composição de cada um dos NASF
é definida pelos gestores municipais, de acordo com os critérios de prioridade identificados
a partir dos dados epidemiológicos e das necessidades locais e das equipes de saúde que
serão apoiadas (BRASILb, 2019).
Sendo assim, inserida no NASF-AB, a fisioterapia encontra-se cada vez mais respaldada
na área da saúde, por ser uma profissão importante no processo de promoção, manutenção
e recuperação das condições de saúde. Deste modo, a inserção e acesso à fisioterapia,
no âmbito do SUS são muito importantes para somar ações que venham ao encontro das
necessidades da população.
Portanto, essa pesquisa justificou-se devido ao anseio de expor, tanto aos profissionais
da área da saúde quanto aos usuários do serviço, a importância do papel do fisioterapeuta
e como a sua atuação pode beneficiar as ações de atenção primária, contribuindo com o
fortalecimento deste nível de atenção. Assim, este estudo objetiva compreender a colocação
do profissional fisioterapeuta nas práticas de intervenções na atenção primária. Por fim, es-
pera-se incitar os gestores municipais, os profissionais de saúde e os usuários, à expansão
do panorama quanto ao significado da inclusão do fisioterapeuta nas atividades multidisci-
plinares de promoção da saúde e nos programas de capacitação em serviço, prezando pela
integralidade e transversalidade proposta pelo SUS.
MÉTODOS
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, caracterizado por ser qua-
litativo, percorrendo fases descritivas, sendo que a pesquisa foi concebida realizando um
levantamento bibliográfico, executando pesquisas por meio de livros, artigos científicos,
publicações e outros documentos que abordassem o tema em pauta. Contrapondo com as
informações obtidas foi realizada, também, uma análise do cenário acerca da atuação do
fisioterapeuta no município de Nossa Senhora das Graças/PR.
Destaca-se que os estudos de revisão consistem em organizar, esclarecer e resumir as
principais obras existentes, assim como fornecer citações completas abrangendo a arte da
literatura relevante em uma área (VOSGERAU; ROMANOWSKI, 2014). Desta forma, este
estudo foi direcionado a partir de uma pergunta norteadora: “Qual a relevância da atuação
do fisioterapeuta na atenção primária?”
Assim, a pesquisa foi direcionada por meio do levantamento bibliográfico, utilizando as
bases de dados: LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde),
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MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), SCIELO (biblioteca vir-
tual Scientific Electronic Library Online), além do Google Acadêmico e sites governamentais.
Para tanto, a pesquisa ocorreu utilizando-se Descritores em Ciências da Saúde (Decs)
selecionados de acordo com elementos da questão norteadora, sendo eles: Atenção Primária
à Saúde, Estratégia Saúde da Família, Fisioterapia. Os descritores de assunto foram asso-
ciados utilizando-se o operador booleano “AND”.
No levantamento de literatura na base do Google Acadêmico, foram utilizadas várias
estratégias de busca, a fim de se obter uma quantidade satisfatória de documentos relaciona-
dos com o tema proposto, além de utilizá-lo para a manutenção da citação da fonte primária.
Para tanto, foram selecionados livros, teses, artigos científicos, e outros tipos de publi-
cações, sendo que os documentos foram analisados e selecionados utilizando os seguintes
fatores para inclusão, elegendo os documentos que abordassem o assunto proposto, pu-
blicados entre os anos de 2008 a 2018, artigos brasileiros, indexados nas bases de dados
supracitado e disponíveis na íntegra, nos idiomas português e/ou inglês. Já os critérios de
exclusão consistiram em documentos repetidos e aqueles que não atendiam os critérios de
inclusão estabelecidos.
Além da revisão literária, a pesquisadora elaborou uma exposição do contexto e de
como se dá a atuação do profissional fisioterapeuta no município de Nossa senhora das
Graças, Estado do Paraná. Desta forma, pretende-se relatar sua experiência, demonstrando
o panorama local, em relação as práticas fisioterapêuticas, e comparar as informações obti-
das, através da análise dos documentos literários, com a realidade enfrentada no município.
Portanto, as análises e reflexões deste estudo baseiam-se nas observações desta pesqui-
sadora que atua como fisioterapeuta na rede municipal de saúde do município acima citado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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porte, sendo que o mesmo conta com uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que constitui
uma equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF), que não é muito bem estruturada, pois
as ações em saúde não se mostram articuladas entre todos os profissionais que compõe
a ESF. Conforme o Ministério da Saúde preconiza, cada equipe de Saúde da Família deve
ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas de uma determinada área, que passam a
ter corresponsabilidade no cuidado com a saúde (BRASILc, 2019), sendo assim o município
atende essa perspectiva.
A ESF busca oportunizar a qualidade de vida da população brasileira e interferir nos
fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação e o
uso de tabaco. Com atenção integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece como uma
porta de entrada do SUS. Sendo que, o fisioterapeuta dentro NASF-AB, atuando de maneira
integrada com a equipe, apresenta papel de suma importância quando se refere a preven-
ção e promoção de saúde, passando a suprir a demanda da comunidade no que se refere
a agravos em saúde, com uma prática integral e acolhedora, abrangendo todos os ciclos
de vida, quebrando o falseio de ser apenas uma profissão reabilitadora (TORRES, 2009).
O Ministério da Saúde (BRASILb, 2011) explica que alguns profissionais, como o fi-
sioterapeuta, não compõem a equipe mínima na atenção básica, contudo, a proposta atual
da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é que a inserção deste profissional nesse
nível de atenção ocorra por meio do NASF. Portanto, apesar do município conter uma ESF,
o mesmo não conta com a implantação do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família),
presumindo que isto afete a inserção do fisioterapeuta nas ações primárias à saúde, sendo
que o serviço de fisioterapia municipal é lotado na esfera de manutenção das ações de saúde,
e sua atividade consiste em atender, primordialmente, as demandas de atenção secundária
e terciária, voltando suas ações para intervenções de reabilitação e cura.
Estudos mostram que a inserção de outros profissionais na atenção básica, além da-
queles previstos na equipe mínima, como fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupa-
cional, tem como objetivo o fortalecimento desse nível de atenção, uma vez que aumenta
a resolutividade do sistema e contribui para a integralidade no cuidado (BAENA; SOARES,
2012; BISPO JUNIOR, 2010).
Dentro do município em questão, as ações primárias de saúde, tanto as ações de
prevenção quanto as de promoção da saúde, se dão por meio de orientações individuais
ou, de forma exordial, exprimem-se em algumas atividades grupais, planejadas e realizadas
pelos profissionais da UBS, sendo que, em oportunidades raras, há o convite para que o
profissional fisioterapeuta participe, ministrando palestras informativas e orientativas. Isso
pode se relacionar ao fato de que, ainda, há um pouco conhecimento acerca da atuação do
profissional fisioterapeuta nas ações de atenção básica. No estudo de Oliveira et al. (2011),
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realizado em um município do Amazonas, constataram que o conhecimento dos profissio-
nais da equipe de saúde acerca da atuação do fisioterapeuta na atenção básica à saúde é
insuficiente em comparação aos outros níveis de atenção, sendo que eles consideram que
o fisioterapeuta atue apenas nos níveis secundário e terciário.
A unidade de fisioterapia municipal, onde ocorrem os atendimentos fisioterapêuti-
cos, fica localizada em um prédio municipal onde funcionam os setores de Fisioterapia e
Odontologia. No que diz respeito a infraestrutura, a sala destinada aos atendimentos fisiotera-
pêuticos possui uma metragem de 3x4 metros, sendo que se apresenta muito pequena para
as necessidades de trabalho, já que deve acomodar as macas existentes, um armário onde
se guarda os materiais e acessórios, uma pequena mesa para os aparelhos de eletroterapia,
uma mesa auxiliar, além de permitir a movimentação do fisioterapeuta e de um paciente
neste espaço. Esse fato interfere na logística dos atendimentos, já que, na Resolução nº
444 de 14/04/2014, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO)
a nível ambulatorial, em pacientes de cuidado mínimo, poderia ser prestado assistência a
12 pacientes, por turno de 6 horas, sendo que, seria necessária uma ampliação no espaço
físico, para o atendimento mínimo de dois pacientes/hora, isso faria com que o fluxo de
atendimentos fosse otimizado.
Desde que inserida no serviço de fisioterapia municipal, observou-se que a demanda
seria maior do que aquela suportada pela unidade de fisioterapia. Assim, em pouco tempo,
gerou-se uma lista de espera. Desta forma, o atendimento ao usuário é realizado com base
na guia de encaminhamento para fisioterapia, sendo anotado o nome e contato do pacien-
te, sendo que, assim que a vaga é disponibilizada, o fisioterapeuta entra em contato com
o paciente para marcar a avaliação. Na avaliação, o fisioterapeuta decide se o paciente
será admitido para tratamento ou se precisará ser encaminhado para unidades de alta e/ou
média complexidade.
Corroborando com o estudo de Herbst (2011) a principal demanda da unidade am-
bulatorial de fisioterapia do município consiste nos atendimentos à pacientes nas áreas de
Traumato-ortopedia e Neurologia. Deste modo, o profissional fica restrito em atuações ine-
rentes a reabilitação e cura. De acordo com Bispo Júnior (2010), o profissional que trabalha
no SUS tem a possibilidade de atuar no nível de atenção primária, porém a demanda extensa
com foco na reabilitação acaba por restringir sua área de atuação.
Uma situação averiguada na unidade de fisioterapia local, é que os encaminhamentos
para tratamento fisioterapêutico nem sempre se respaldam em uma real necessidade ou em
embasamento efetivo. Condizente com essa realidade, o estudo de Andrade (2015) realizado
em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, constata que há uma banalização das referências, sen-
do uma das maiores causas do alto índice de pacientes indicados para tratamento individual,
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circunstância que acaba por sobrecarregar o sistema de saúde. Verifica-se que uma grande
parte dos encaminhamentos são embasados apenas na queixa/sintomatologia do paciente,
sendo que não são realizadas uma anamnese rigorosa ou exames complementares. Nesta
dinâmica de ações o foco do cuidado torna-se curativo-reabilitador por primazia.
Carneiro et al. (2012) relatam que a maioria dos encaminhamentos para fisioterapia é
caso crônico e simples, que poderiam ser solucionados com tecnologias frugais existentes
na atenção primária, consequentemente diminuiria as filas de espera, selecionando apenas
os casos mais complexos para atendimento nas policlínicas, otimizando o fluxo de encami-
nhamentos e o processo de trabalho do fisioterapeuta.
Os casos de menor complexidade é que muitas vezes obstruem o fluxo para o atendi-
mento para pacientes com reais necessidades individuais. Para Bispo Junior (2010), desta
maneira, seria imprescindível que neste momento a intervenção da fisioterapia fosse pautada
no controle de riscos, isto é, no controle dos fatores associados ao desenvolvimento e pro-
gressão da doença. Longe disso, o que vivenciamos é o paradigma do profissional reabilita-
dor, devido ao privilégio de ações curativas e de reabilitação (SALMÓRIA; CAMARGO, 2008).
Portes et al. (2011) atribuem a não valorização das ações preventivas e educativas da
fisioterapia, possivelmente, devido à grande demanda por atendimento curativo reabilitador
e, principalmente, ao reduzido número de fisioterapeutas atuantes na ESF, sendo que esta
percepção condiz muito com a realidade do município deste estudo.
Para Rodrigues et al. (2013) o atendimento fisioterapêutico não deve ser apenas indivi-
dualizado, deve-se evidenciar, também, o atendimento em grupo, com ações voltadas para
a prevenção e promoção da saúde. Sendo uma prática profissional baseada em decisões
conjuntas, numa perspectiva interdisciplinar. Para tanto, a atuação do fisioterapeuta na saúde
coletiva precisa criar uma base mais sólida na atenção primária.
Uma dificuldade encontrada no município objeto deste estudo, na relação com os ou-
tros profissionais da ESF, refere-se aos atendimentos domiciliares, que ocorrem uma vez na
semana e não são vinculados às visitas da ESF, sendo realizado um trabalho independente
dos outros profissionais da saúde. Geralmente, os pacientes domiciliados são os mais crí-
ticos e necessitam de cuidados múltiplos. Assim sendo, ao realizar a visita, o profissional
fisioterapeuta busca observar quais são as demandas daquele paciente e, muitas vezes se
depara com um amplo aspecto de alterações, em que necessitaria de uma equipe multipro-
fissional para lidar com este paciente e sua família. Na opinião de Loures e Silva (2010) o
fisioterapeuta tem um grande potencial mediador, podendo ser um elo entre a comunidade e
a equipe de saúde, favorecendo a identificação dos problemas que devem ser considerados
por toda a equipe na elaboração das ações de saúde.
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Conforme o Ministério da Saúde relata, a proximidade da equipe de saúde com o usuá-
rio facilita o conhecimento da pessoa, da família e a da vizinhança, garantindo uma maior
adesão do usuário aos tratamentos e às intervenções propostas pela equipe de saúde. O re-
sultado é mais problemas de saúde resolvidos na Atenção Básica, sem a necessidade de
intervenção de média e alta complexidade (BRASILc, 2019). Diante de uma comunidade é
preciso considerar a realidade social onde estão inseridos os usuários. Este conhecimento
pode ocorrer por meio da visita domiciliar, que contribui em vários aspectos para conhecer
a dinâmica familiar. Sendo que, ao perceber a realidade da família, o fisioterapeuta pode
embasar ações tanto coletivas quanto individuais, agregando o conhecimento científico (sa-
beres da fisioterapia) aos conhecimentos empíricos (saberes da família) (ANDRADE, 2015).
Neste contexto, de acordo com Cardoso Junior (2014), pode-se estabelecer a educação
em saúde que compreende um conjunto de ações que propiciam com que as pessoas sejam
operacionalizadas ao autocuidado, bem como, troquem hábitos e comportamentos preju-
diciais por outros considerados mais saudáveis. Com isto, visa-se estabelecer um vínculo
de corresponsabilidade que facilitará a implementação de outras ações, com maior adesão
dos usuários aos programas oferecidos pelo fisioterapeuta, ou àqueles já constituídos como
grupos específicos de idosos, gestantes, puericultura, entre outros.
Em um estudo sobre a visão da atuação do fisioterapeuta em uma equipe de saúde da
família no município de Salvador, Estado da Bahia, Souza et al. (2015) averiguaram que a
maioria dos entrevistados abordam o atendimento em domicílio aos acamados como função
a ser realizada pelos fisioterapeutas, sendo que apenas um entrevistado relatou acerca da
promoção de saúde. Sendo assim, ficou evidenciado o desconhecimento dos outros profis-
sionais de saúde quanto às possibilidades de atuação da Fisioterapia.
Um dos aspectos observados no ambulatório de fisioterapia municipal em questão
consiste na procura pelos usuários, que não estão admitidos para os fisioterapêuticos, que
chegam até o fisioterapeuta afim de solucionar dúvidas ou mesmo para solicitar orientações
de exercícios ou de condutas, visando amenizar suas queixas. Assim, em geral as ações
de atenção primária da fisioterapia são reduzidas às orientações para esses usuários que
buscam instruções. Apesar de ainda serem inconstantes, as ações de orientação e de bus-
ca de corresponsabilidade do cuidado por parte do paciente, impulsionam a execução de
um serviço de fisioterapia que estime a participação do usuário na prevenção dos riscos e
agravos a sua saúde. Segundo Augusto et al. (2011) um dos princípios das intervenções
em promoção da saúde é a participação da população, desta maneira, é preciso que se
conheçam as crenças, os valores, os significados e os objetivos da população em relação
à promoção da saúde, bem como a atuação da fisioterapia neste processo.
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Para Soares e Assis (2016) a atuação do fisioterapeuta na atenção básica não deve
representar exclusivamente ações voltadas à reabilitação na Estratégia de Saúde da Família
(ESF), sendo que isso coincidiria com a reprodução do modelo curativo, mas sua atuação
deve instituir um novo estímulo para a transformação da realidade social e epidemiológica.
Para tanto, de acordo com Oliveira et al. (2011) a fisioterapia como potencial integrante
da equipe multidisciplinar do NASF-AB precisa reformular-se de modo que a reabilitação
aplicada ao seu objeto de estudo, associe espaço com atividades de promoção, educação
em saúde e prevenção de riscos de modo a libertar-se do paradigma de assistência restrita
ao nível de atenção terciária e aproximar-se da atenção primária. Portanto, há necessidade
de se romper o isolamento e o individualismo da prática fisioterapêutica reabilitadora, mani-
festando uma nova lógica de atuação em equipe multiprofissional e interdisciplinar.
Ao vislumbrar o ser humano como um todo é que se pode atingir o propósito pelo qual
a fisioterapia identifica-se, que é conservar, aprimorar e recompor a integridade de órgãos,
sistemas e ou funções. Para que isso ocorra, é fundamental desenvolver um panorama
sistêmico. A fisioterapia que direciona a sua ciência apenas na patologia não produz saúde
e, se ela fica restrita a níveis individuais de atenção, deteriora-se (SILVA; SILVEIRA, 2011).
Muitas vezes, no cotidiano profissional, percebe-se que as tecnologias assistenciais da
profissão não preparam o fisioterapeuta completamente para o atendimento das demandas,
ou seja, dos problemas de saúde que lhes são apresentados pela coletividade. Pode-se ve-
rificar que, educar para a saúde, reforçando o autocuidado é tão importante quanto reabilitar
após doença. Cardoso Júnior (2014) enfatiza que a educação em saúde é um elo entre os
saberes dos profissionais e os saberes da população, o que inevitavelmente reorienta as
práticas profissionais, que deverão servir de encorajamento e apoio para que a população
busque as raízes e soluções para os problemas de sua saúde.
Assim, para Andrade (2015) é preciso criar oportunidades para que o fisioterapeuta
possa, em sua trajetória profissional, recorrer não só aos saberes adquiridos na sua formação,
mas também àqueles adquiridos durante a sua prática e, também àqueles desenvolvidos
através da relação com outros profissionais de saúde e com os usuários. É sabido que a
capacitação em serviço é um moderador desta relação entre os atores da saúde, bem como
da constante renovação de idéias e ações efetivas.
No que concerne à educação permanente, em algumas ocasiões, a Secretaria da 15ª
Regional de Saúde convida o Fisioterapeuta propondo a participação em capacitações e/ou
cursos, o que se mostra de grande valia, pois muitas das vezes, as lições aprendidas nestes
encontros são aplicadas na dinâmica diária de trabalho. Contudo sente-se necessidade de
uma maior oferta de capacitação, para que o profissional esteja inserido em uma educação
permanente e se sinta estimulado a aprender e buscar novos conhecimentos que possa
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agregar a sua prática como profissional, bem como possam estar em constante atualização
em conformidade com os princípios do SUS. Para Duarte e Oliveira (2012) a Educação
Permanente pode ser vista como uma estratégia fundamental para a mudança no sistema
de saúde e para a recomposição das práticas de formação, atenção, gestão, formulação de
políticas e controle social no setor saúde.
Esse quadro traz ponderações a respeito da responsabilidade sobre a capacitação
profissional, sendo que de um lado a gestão de saúde deveria articular e facilitar o acesso à
capacitação e treinamento e, por outro lado a percepção do profissional visando buscar, por
meios próprios, novos conhecimentos que possam ressignificar as suas práticas, voltando
a atuação para o coletivo e as demandas do SUS. Portanto, a educação permanente, tanto
aquela ofertada pela gestão quanto aquela acessada pelo profissional deveriam caminhar
sincronizadas, em benefício de prestar uma assistência de qualidade e resolutiva.
No momento em que a pesquisadora apossou de suas atividades profissionais no setor
público, foi lhe instigada a prática reflexiva, entre o que tinha absorvido durante a sua forma-
ção acadêmica, concluída em 2016, e o que estava vivenciando em sua prática profissional.
Contudo, a impulsionou a buscar novas formas de implementar seu serviço na sua unidade
de inserção. Para tanto, sentiu-se a necessidade de conhecer mais sobre a atenção básica,
bem como aprimorar o exercício de atividades para a Gestão dos Serviços em Saúde. Para
tal, surgiu a oportunidade de qualificação em uma especialização de Gestão em Saúde, que
nesta ocasião, é concretizada com a elaboração desse trabalho.
As atividades desenvolvidas pela fisioterapia no contexto da atenção primária enfatizam
atenção individual e coletiva tanto em nível preventivo quanto de reabilitação junto a diferentes
públicos (FONSECA, 2016). Embasado nos estudos de Friedrich et al. (2018) pode-se veri-
ficar que as razões para realizar ações grupais, de acordo com os usuários e profissionais,
se dão por conta de os mesmos estimularem as relações interpessoais, a construção de
saberes e o cuidado integral. Deste modo, as atividades em grupo tornam-se um importante
meio para a promoção da saúde no nível de atenção primária, impactando positivamente
na qualidade de vida das pessoas. Quando analisamos as políticas públicas voltadas para
a inserção do fisioterapeuta na atenção primária, verificamos que o fisioterapeuta não está
inserido nos programas multidisciplinares da atenção básica, como é o caso do município
analisado, ou, quando está introduzido na equipe, a sua participação é incipiente. Sabe-se
que os saberes inerentes à Fisioterapia podem contribuir na prevenção de doenças e na re-
dução de sequelas quando aplicados na atenção básica. Assim, evidencia-se a necessidade
de ações propositivas da fisioterapia na atenção básica que viabilizem esta conscientização
e participação dos pacientes e familiares, bem como reduzam as demandas para os demais
níveis. Diante desse contexto, a proximidade entre a fisioterapia e o nível primário revela-se
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como uma possibilidade de consolidar a APS, expandindo a resolutividade do sistema e
fornecendo garantia da integralidade assistencial (BISPO JÚNIOR, 2010).
Contudo, o desenvolvimento de políticas que insiram e valorizem o trabalho do fisiote-
rapeuta dentro da equipe básica de saúde é necessário para promover a integração deste
profissional (SALMÓRIA; CAMARGO, 2008). Assim, torna-se de extrema importância a troca
de experiências, pontuando as fragilidades e potencialidades apresentadas pelos profissionais
e pela gestão, com finalidade de estabelecer estratégias para implementar essa proposta.
Neste sentido, constata-se que existem limites a serem superados, no que tange à práti-
ca profissional, determinado pelo cenário apresentado pelo município em questão. Para Bispo
Junior (2010) a participação do fisioterapeuta nos conselhos municipais de saúde (CMS) é
apontada como uma possibilidade de mudança de foco, visto que objetiva encontros com
representantes da sociedade e da saúde, que podem definir estratégias a serem executa-
das no âmbito local e produzindo propostas para discussão na esfera municipal e regional.
Este modelo que contempla um novo perfil do fisioterapeuta frente à lógica organi-
zacional do SUS, onde a atenção básica deve ser resolutiva com objetivo de reduzir os
encaminhamentos para os outros níveis de atenção, depende não só de uma releitura da
prática, mas de um reconhecimento maior por parte dos gestores de saúde na inserção
destes profissionais nas equipes multidisciplinares. Para Bispo Júnior (2010) precisa existir
uma transformação na formação profissional, fazendo uma transição da ênfase curativo/
reabilitadora para uma lógica promocional/preventiva, sendo uma condição imprescindível
para empreender um novo modelo de atuação.
Assim, cabe ao fisioterapeuta, em consonância com a equipe de saúde e com os gesto-
res locais, planejar e desenvolver estratégias para contemplar tanto as ações de reabilitação,
que não podem deixar de ser desenvolvidas, quanto às ações de promoção da saúde e pre-
venção de doenças, sendo a diferença crucial o momento da intervenção, enquanto a primeira
ocorre no controle de danos, a segunda atuaria no controle de riscos e, para tanto, faz-se
necessário um conhecimento prévio da realidade da comunidade (BISPO JÚNIOR, 2010).
Como podemos verificar, a fisioterapia está percorrendo uma fase excepcional de cres-
cimento, tanto científico quanto tecnológico, prestando serviços de saúde ao ser humano em
todas as etapas de sua vida, de várias maneiras diferentes, embora no SUS a maior ênfase
seja para área de reabilitação, deixando muitas vezes de lado a área de atenção primária
(BARBOSA, 2011). No entanto, para Soares e Bezerra (2014) a inserção da fisioterapia na
APS apresenta uma recente conquista da área, desenvolvendo uma prática generalista e
promotora de saúde.
Contudo, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados, na medida em que
ainda é incipiente a atuação do profissional fisioterapeuta neste nível de atenção, apesar
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da já comprovada importância deste profissional nas equipes que atuam nestes cenários.
Apesar disso, como discorremos, ainda há um estigma que o fisioterapeuta atua somente
no âmbito da reabilitação e cura, sendo que este equívoco acaba afastando este profissional
dos programas de promoção da saúde. Consequentemente, promove um crescimento da
demanda para a reabilitação, perpetuando este ciclo.
Entretanto, podemos afirmar que a inclusão do fisioterapeuta na atenção básica/Es-
tratégia Saúde da Família acarreta em inúmeros benefícios, tanto para a comunidade que
teria assistência integral e interdisciplinar, para o profissional fisioterapeuta que ampliaria
seu campo de atuação e, também, para o Estado que abordaria mais ações de promoção e
a prevenção de agravos, reduzindo custos com assistência e a reabilitação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos constatar que nos últimos anos há uma mudança do perfil demográfico e
epidemiológico da população, sendo assim, as atividades orientadas para a prevenção, pro-
teção e promoção a saúde, como as mudanças de hábitos de vida e detecção precoce de
doenças, devem ser vistas como essenciais nas ações de saúde. Para isso, para atender a
demanda, é preciso ter uma base com uma equipe de saúde formada por profissionais de
diversos setores, capazes de atender as diferentes exigências. Com este estudo pode-se
verificar que a prática profissional do fisioterapeuta no município de Nossa Senhora das
Graças, Estado do Paraná, encontra-se subordinada às ações de reabilitação e cura, mesmo
que em alguns momentos haja inexpressiva oportunidade de atuação na atenção básica,
seja através das orientações individuais ou dos convites para ministrar palestras em grupos.
Assim, diante do que foi exposto torna-se fundamental que os gestores aprimorem sua
visão, buscando conhecer a realidade de sua população e compreender acerca de como o
fisioterapeuta, com suas competências, pode atuar neste contexto. Entretanto, almeja-se
que, cada vez mais, o profissional fisioterapeuta esteja engajado e inserido nas atividades
voltadas para a prevenção e promoção da saúde, passando a ter voz ativa e visibilidade
dentro de uma proposta de atuação multidisciplinar e interdisciplinar no cenário da atenção
básica em saúde. Destarte, para que essa perspectiva se torne realidade, é fundamental a
viabilização de um contexto, onde o fisioterapeuta seja compreendido como um profissional
que atua dentro de programas de atenção primária, exercendo sua função junto à uma equipe
multidisciplinar, recomendada pelo SUS. Também, é de fundamental importância que os pro-
fissionais da área da saúde, gestores e os usuários, tenham conhecimento acerca de como
a atuação do fisioterapeuta influencia nas práticas de saúde voltadas à Atenção Primária.
Diante do exposto, este estudo permitiu vislumbrar ações reflexivas e explorar a realidade de
um município paranaense acerca da atuação do fisioterapeuta na atenção básica. Contudo,
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faz-se necessário um constante debate acerca do tema, visto que as políticas públicas de
saúde vêm sendo modificadas constantemente, para tanto, é relevante motivar os profissio-
nais da saúde, para que executem ações integradas com outros profissionais, preconizando
uma maior resolução das demandas.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, G. Entrevista com Dr. Geraldo Barbosa. 2011. Disponível em <> Acesso em
10 de fevereiro de 2019.
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CARDOSO JUNIOR, O. P. Atribuições e competências do fisioterapeuta na atenção básica.
2014. Disponível em << https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/
atribuicoes-ecompetencias-do-fisioterapeuta-na-atencao-basica/55919>> Acesso em 30
de janeiro de 2019.
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SALMORIA J.G.; CAMARGO W.A. Uma Aproximação dos Signos – Fisioterapia e Saúde
– aos Aspectos Humanos e Sociais. Rev. Saúde e Sociedade, v. 17, n. 1, p. 73-84, 2008.
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Influence of aerobic, force, and concurrent
training in predictive metabolic syndrome
anthropometric indicators, in obese
adolescents
'10.37885/221211355
ABSTRACT
Objective: The objective of this study was to evaluate the influence of aerobic, strength and
concurrent training on predictive or related anthropometric indicators for metabolic syndrome
in overweight and obese adolescents. Methods: For this, 80 adolescent members of the
Geração Saúde project of a city in the central-southern region of the state of Minas Gerais,
aged 16 to 19, were selected to carry out training protocols. Participants were divided into four
homogeneous groups (n = 20), being: aerobic training group (ATG), strength training group
(STG), concurrent training group (CTG) and a sedentary control group (SCG). The training
protocols were performed over four weekly sessions, each session lasting 60 minutes, for
a total of 12 weeks of practice, making a total of 48 training sessions, except for the SCG,
which was oriented to not perform any physical practice during the study. Results: After the
conclusion, it was possible to perceive that the strength training and concurrent protocols were
responsible for significantly lowering the waist circumference and fat percentage indicators,
respectively (p≤0.05). However, the aerobic training protocol did not influence the improve-
ment of any of the evaluated indicators. Conclusion: Concluded that none of the protocols
applied were capable of influencing the joint improvement of all the indicators studied in the
adolescents, but the strength and concurrent protocols in isolation were effective in control-
ling some important anthropometric variables, probably due to their higher load intensities.
In all stages of human life, we should encourage and put into practice actions aimed at
promoting health, directed at all groups of individuals and populations. However, it is impor-
tant that special attention be given to young individuals, especially in primary prevention, in
relation to diseases that manifest and are associated with weight-related diseases such as
diabetes and hypertension (PETRIBÚ, CABRAL & ARRUDA, 2009).
Overweight and obesity, mainly abdominal, are the main causes of chronic non-commu-
nicable diseases (CNCD), becoming a global public health problem, where the risks of heart
disease, stroke, and diabetes, associated with the increase of body weight (WHO, 2012),
have increased considerably.
Abdominal obesity (also known as central obesity) occurs due to the accumulation of
subcutaneous and visceral adipose tissue. This usually occurs in the growth stages (childhood
and adolescence), tending to continue and increase in adult life. This accumulation is often
associated with metabolic complications and cardiovascular diseases (LOBATO et al., 2013).
Obesity and its related anthropometric indicators such as body mass index (BMI), waist
circumference (WC), fat percentage (FP), waist-hip ratio (WHR) and total body mass (TBM),
have been used in the diagnosis of the nutritional status of children and adolescents due
to the increase in the prevalence of overweight and obesity in the country (ARAÚJO et al.,
2012) and abroad (WHO, 2016).
According to recent studies how to Araújo et al. (2012) and WHO (2016), this increase
in the prevalence of obesity is related to the increase in the early occurrence of metabolic
syndrome (MS) in adolescents and is due to the fact that, in recent years, we are witnessing
an increase in food intake rich in fat, salt and sugars, poorer in vitamins and minerals, and
associated with chronic lack of physical activity due to the increasingly sedentary nature of
many forms of work, changing transport modes, and increasing urbanization.
On the other hand, regarding what may contribute to the control of obesity and its related
effects in adolescents, there is still no consensus on which physical activity would be the most
appropriate. However, we can highlight some types of training based on bio-energetic path-
ways, such as aerobic work, which consists of training intensity ranging from 65 % to 90 % of
maximum heart rate (HRmax) (BANZ et al., 2003), or resistance training (or force), which are
parameterized by the loads employed. However, concerning this activity and its efficiency for
this age group is still much discussed. According to the positioning of the National Strength
and Conditioning Association, of the American Orthopedic Society for Sports Medicine, and
the Academy of Pediatrics, adolescents can benefit from this type of activity if it is prescribed
and supervised with a sufficient regime (FLECK & KRAEMER, 2006).
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Still on this subject, authors such as Nelson et al. (2007), and Chodzko-Zajko et al.
(2009), recommend the performance of concurrent training as an effective way to control
weight gain. Accordingly, Stewart et al. (2005), admit that the execution of concurrent training
protocols by overweight adolescents, which can improve the anthropometric indicators, are
usually related to MS.
Thus, the objective of the present study was to evaluate the influence of aerobic, stren-
gth and concurrent training, on the anthropometric indicators indicated as predictor (WC) or
related risk factors (TBM, BMI, WHR and FP) respectively for metabolic syndrome in over-
weight or obese adolescents.
METHODS
This research, which took place in accordance with CNS Resolution 466/2012, was
approved by the CEP-CONEP system (CAAE Protocol: 50765915.5.0000.5143; Opinion
Number: 1.348.952), and was developed in a municipality in the central-south of the state of
Minas Gerais, with a population estimated at around 65 thousand in habitants.
The study, of an interventionist nature, had its outline over 5 consecutive months, which
were organized as follows (Figure 1):
Font: Autors.
The first screening of the participants took place over a period of 30 days, starting 2
months before the start of the study intervention activities, involving eight public schools,
with 539 students from 9th grade and 3 from high school, aged between 16 to 19 years. The
Informed Consent Term (ICT) was delivered, presented, and read to the parents of those
under the age of 18, and the Free and Informed Consent Term (FICT) to parents of minors
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and to those students over 18 years of age. Subsequently, the study volunteers then sub-
mitted the respective Terms duly signed by themselves or their legal guardians, in advance
of the start date of the study activities.
The adopted inclusion criteria were: 1) the age group (between 15 and 19 years); 2)
present BMI equal to or greater than 26 kg/m2; 3) be sedentary (do not practice regular
physical activities beyond the weekly physical education class); and 4) being motivated to
lose weight. As exclusion criteria, in addition to the non-inclusion criteria, the following were
adopted: 1) medical impediment to the practice of physical activities; 2) intellectual/cognitive
impairment making it impossible to understand the objectives and methods of the study; and 3)
unavailability of time or schedule for the complete implementation of the intervention protocols.
In order to facilitate the participation of the volunteers, the initial data collection for the
first screening was carried out in the schools themselves.
The second screening, also in the schools, began in the first month immediately after
the end of the first screening and lasted until the end of the second month. At this stage of the
study the anthropometric evaluations were performed to select the volunteers with required
BMI values. Those eligible were invited to participate in the study. In relation to underage
participants identified as being overweight/obese, their parents/guardians were contacted
for presentation of the evaluation results. They were also asked about the risks of childhood
obesity and about the importance of changing habits, such as adopting a balanced diet and
regular physical exercise. Everyone was advised on the low and controlled risk of the practice
of guided exercises.
At the end of this phase of the study, those who agreed to participate were then in-
cluded as subjects (n = 80), and were randomly distributed into 4 numerically equivalent
groups as follows: Aerobic Training Group (ATG, n = 20), Strength Training Group (STG, n
= 20), Concurrent Training Group (CTG, n = 20) and Sedentary Control Group (SCG, n =
20), the latter being composed of subjects who did not participate in the training protocols in
this phase of the study and were also instructed not to perform any physical practice during
the study period. The subjects from the three training groups were then referred to a local
gym, accredited to the Geração Saúde project to begin a physical training protocol guided by
Physical Education professionals, where they underwent 12 consecutive weeks of training.
At the end of the study the SCG subjects were offered the same training conditions and
orientation as those offered to the training groups, in order to offer the same possible benefits
expected with the physical training program of the study subjects.
For reasons of operational difficulty and follow-up, none of the groups were submitted
to nutritional control or monitoring, which may have influenced the final results of the study.
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However, guidelines for not altering current diet habits were given to all study subjects, as
well as their relatives.
For data uniformity and error minimization, and also due to the difficulty of performing
the test and retest in each of the phases of the study due to the high number of volunteers,
and later of subjects, data collection was always carried out by 4 researchers, in paired form
(in the pre, during and post intervention stages). These researchers were well acquainted
with and had great experience in the execution of the techniques.
Anthropometric assessments
In order to follow the phases of the study, the anthropometric evaluations were performed
at four times: before the beginning of the training protocols; at the end of the fourth week of
the training protocols; at the end of the eighth week of the training protocols; and at the end
of the intervention, immediately after the twelfth week of the training protocols. However for
the analysis of results, only the pre-training data and at the end of the 12 weeks of training
were used for the comparison.
In addition to BMI, the TBM, WC, WHR and FP were also evaluated.
The TBM was measured in kilograms (kg) using the Filizzola® Human weighing scale,
with a maximum capacity of 150 kg and a precision of 100 grams. Weighing was performed
with the individual barefoot and in an orthostatic and anatomical position, in the center of the
platform, and wearing swimwear (MOSER et al., 2011).
The height was measured in centimeters (cm), using a Sanny® brand compact ste-
nometer, with a measurement range of 0 to 210 cm and a precision of 0.1 cm. Height was
measured at the end of a maximal inspiration, following the same positioning and dressing
mentioned above, but with the feet together, with the posterior surfaces of the heel, pelvic and
scapular waist and occipital region in contact with the wall, and with the head in the Frankfurt
horizontal plane (CONDE & MONTEIRO, 2006).
BMI was calculated according to the Ketlet standard and expressed in mass distribution
values (kg)
per area (m2) of body surface, obtained by the following predictive equation: mass
(in kg) divided by the square of height (in m) (kg ÷ m2). To compare with normal values, the
cut-off points were used for classification according to the World Health Organization (WHO,
2000) references.
The WC was measured in centimeters with a flexible and inextensible Polar brand tape
measure, with a precision of 0.1 cm, applied immediately at the midpoint between the lower
edge of the last rib and the iliac crest, parallel to the ground, on the skin surface but without
compressing the subcutaneous tissue. The individual had to stand with their feet together,
abdomen relaxed, and arms extended and relaxed, parallel to the body (MOSER et al.,
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2011). In order to compare with normal values, WHO criteria (WHO, 2000), were adopted
according to the I Brazilian Guideline for Diagnosis and Treatment of Metabolic Syndrome
(I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, 2004), which
establishes as a cut-off point for increased cardiovascular risk a measure of abdominal cir-
cumference equal to or greater than 94 cm for men and 80 cm for women.
For WHR, the hip circumference (HC) was measured at the maximum extension of the
buttocks in centimeters with a flexible and inextensible tape measure, with a resolution of
0.1 cm, being superimposed on the skin but without compressing the subcutaneous tissue
(FERREIRA et al., 2006). The WHR was calculated from the division of WC by HC, in cen-
timeters (GHARAKHANLOU et al., 2012). For comparison with normal values, the cut-off
points proposed by Yusuf et al. (2005), were used, with values ≥ 1.0 for men and ≥ 0.80 for
women being considered cardiovascular risk indexes.
Finally, to measure the FP, a Sanny®Harpenden type skin fold caliper, with its stems
maintaining constant pressure of 10 g/mm2 was used. The fat percentage was calculated
using the Guedes protocol, specific for Brazilian populations, which uses in its equation the
sum of three distinct anatomical sites for adolescent males (triciptal, suprailiac and abdominal)
and females (subscapular, suprailiac and thigh) (GUEDES, 1985).
Prior to the accomplishment of the training protocols, tests were carried out to deter-
mine the desired intensities as well as to evaluate the familiarization of the subjects with the
ergometers to be used in the training sessions.
Aerobic Training Intensity Evaluation - The subjects submitted to the aerobic trai-
ning protocols were initially tested on an Inbrasport® model ATL® 10000 treadmill (Jones &
Doust, 1996) for users up to 180 kg, with 0 to 26 % inclination and velocity of up to 24km/h,
similar to those used in training sessions. The test was performed with the purpose of fin-
ding the closest individualized intensity to reach the target heart rate values of each subject
for the training (approx. 75 % of HRmax for the age) (JONES & DOUST, 1996); (TANAKA
& MONAHAN, 2001).
The tests started with a treadmill walk at a speed of 3 km/h for five minutes at a slope
of 1 %. Ateach minute thereafter the velocity was progressively increased by 0.5 km/h, with
the inclination maintained at 1 %, until the participants reached 75 % HRmax estimated for
their age, here called the target HR. The respective velocities at 1 % inclination, which are
determinant to reach the stabilized target HR of each subject, were used as reference for the
training protocol. After the end of the test, which lasted an average of 20 minutes, a period
of five minutes of deceleration was observed (BENTLEY, NEWELL & BISHOP, 2007).
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Strength Training Loads assessment- For the subjects practicing the strength protocol,
after a period of 1 week of adaptation to a series of exercises without loads, a target zone
of training intensity was determined. A maximum 1 repetition (1RM) load test was applied in
each exercise (ACSM, 2009); (WATTS et al., 2004). The strength training protocol included
ten exercises for the main muscle groups, nine of them performed with progressive external
overload (i) Bench Press ; ii) Lat Pullldown; iii) Leg Extension; iv) Leg Curl; v) Bar Curl; vi)
Lying Triceps Press; vii) Leg Press; viii) High Pull; ix) Calf Leg Press), and one of them wi-
thout external load (Abdominal) (CAYRES et al., 2014).
All training protocols used in the study lasted a period of 12 consecutive and uninter-
rupted weeks, following the same density pattern of 4 weekly sessions distributed in a 2x1x2
interval model (Monday, Tuesday, Thursday and Friday) distributed over a 60 minute period,
totaling 48 training sessions. Regarding the duration of the 60 minutes of the sessions, it
is important to point out that the initial 10 minutes were destined for warm up and the final
5 minutes for deceleration and calm, with small changes of these times only for SCG, with
each protocol having its specifications according to the related groups, as described below:
ATG: this group had an adaptation period of 1 week, maintaining intensity at 65 % of
HRmax. After this adaptation period the intensity of the load control was performed progressi-
vely, increasing the intensity of the effort to 70 % of the HRmax in the 2nd week, and to 75 %
HRmax (target frequency) in the 3rd week (making individual adjustments to the intensities
when necessary), maintaining this until the end of the training protocol (BENTLEY, NEWELL
& BISHOP, 2007).
STG: After adapting for one week to 70 % of the load relative to 1RM for each exercise,
the participants in this group performed four sets of ten repetitions with loads at the progres-
sive intensities of 75 % to 85 % of the load relative to 1RM, and interval between series of
2 minutes (VASCONCELLOS et al., 2013). For this, the ten pre-established exercises were
proportional, adequate and sequentially distributed to each session, following the guidelines
regarding session duration, effort intensity and weekly frequency (ACSM, 2009); (WATTS
et al., 2004). In this case, load control was performed by adding 5 % of 1RM every 4 weeks.
CTG: this group performed the training protocol as follows: initially the aerobic training
was performed with a duration of 30 minutes, being divided into five minutes of warm-up, 20
minutes of walking-running on the treadmill within the intensity of the target zone (in this case
corrected from 65 % to 75 % of HRmax) and the five final minutes of deceleration21. In this part
of the protocol, the load control followed the same parameters used in the ATG. Subsequently,
in the same session, the strength training was performed, undergoing a change for three sets
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of 10 repetitions with an interval of 1 minute and 30 seconds in the intensity of 70 % to 75 %
of the load relative to 1RM (FAIGENBAUM & WESTCOYY, 2009). Ten strength exercises
pre-established in this training protocol as well as the proportional, adequate and sequential
distribution of the exercise on different days were the same as those used in the strength
training protocol. In this case, training load control was performed by adjusting from 70 %
to 75 % of the load relative to 1RM, at the end of the 6 week training period, and remaining
until the end of the protocol.
In all 3 training groups, stretching exercises were performed at the beginning and relaxa-
tion at the end of the training, with the participants being instructed to ingest water and wear
appropriate clothes to practice physical exercises during the sessions (MONTEIRO et al., 2013).
At the end of the training period the previously described anthropometric indicators for
each subject were re-evaluated for the last time.
As with the training groups, the subjects of the SCG were also evaluated for their an-
thropometric indicators, at the same time as the ATG, STG and CTG participants. However,
the SCG participants, as mentioned above, did not undergo any physical activity intervention
protocol and were instructed to continue their normal routines, not participating in regular
physical activities apart from the mandatory weekly school physical education class. At the
end of the study training protocol, participants in the SCG group had the opportunity to par-
ticipate in an equal 12 weeks of targeted physical training.
Statistical analysis
The experiment was conducted in a completely randomized design (CRD), when the
experimental conditions were homogeneous for measuring the TBM, WC, WHR and FP va-
riables. In the absence of similar experimental conditions, the randomized block design
(RBD) was used. Due to gender influencing the variables mass and BMI, being a source
of heterogeneity, the experiment was conducted in a randomized block design to measure
these variables.
After the Lilliefors test to verify the normality of the data, first the paired Student’s
t-test was performed in order to compare the means of all pre and post-treatment response
variables. In a second step, in order to verify if there was statistical difference between the
groups, the non-parametric Kruskal Wallis and Friedman tests were used to analyze the stu-
dies conducted in CRD and RBD, respectively. For multiple comparison of the levels of the
groupsthe Student’s t-test was performed, based on the sum of the treatments. In all tests,
5 % significance was adopted (R CORE TEAM, 2016).
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The Kruskal Wallis test was not performed to compare the groups only for the WHR
variable, since in no group was there a difference between the pre and post treatment values
according to the paired t-test.
RESULTS
When assessing the groups initially it is possible to observe homogeneity among the
anthropometric variables. Below are the results of comparisons before and after the appli-
cation of the training protocols, for all variables tested.
Table 1 shows results for the TBM, BMI and WHR variables.
Regarding TBM, the results indicate that there was no difference between the four groups
evaluated (p = 0.187), showing that none of the protocols used were effective in significantly
influencing the paired changes of this variable.
When comparing the results obtained in relation to the BMI in the pre and post training
phase, it is also not possible to find a significant difference between the training protocols
(ATG, STG, CTG) as well as for the SCG (p = 0.391).
The same happens with respect to WHR in which the results presented in Table 1 do
not allow us to observe any difference between the groups.
Table 1. Mean ± standard deviation of anthropometric responses to training (pre vs. post-test).
TBM (kg) Pre 91.63 ± 12.22 93.36 ± 14.91 91.23 ± 12.28 91.46 ± 12.85
BMI (%) Pre 33.19 ± 3.57 32.73 ± 3.56 32.69 ± 4.25 32.68 ± 3.33
WHR (cm) Pre 0.854 ± 0.08 0.898 ± 0.05 0.850 ± 0.01 0.860 ± 0.08
Regarding FP, when analyzing the results, a significant difference can be observed for
CTG between the pre and post training phases (p = 0.013), which can be seen in Graphic 1.
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Graphic 1. Values of mean ± standard deviation of fat percentage responses to training (pre vs. post-test).
A significant reduction can also be observed in relation to WC, but in this case for STG,
which is presented in Graphic 2.
Graphic 2. Values of mean ± standard deviation of waist circumference responses to training (pre vs. post-test).
Legend: Δ% ATG = - 1.31; STG = - 2.37; CTG = 2.00; SCG = - 1.78. * Sig-
nificant difference compared to pre-training (p ≤ 0.05).
DISCUSSION
According to the results obtained, it was noted that the TBM variable was not influenced
by any of the training protocols, that is, none of the protocols tested in the study were able to
reduce the subject’s body mass. In the study by Martins (2007), who also evaluated overweight
adolescents where they performed three concurrent training sessions per week, no significant
differences were also observed regarding body mass. In this case, the methodology of the
study which differs from the current, employed 16 weeks of concurrent training protocol, but
also no form of diet control was adopted. Thus, supported by the present results, the authors
wanted to corroborate the results found by the aforementioned author, and we suggest that
even with longer periods of intervention, concurrent training in isolation, demonstrates not to
be able to promote significant changes in TBM.
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These results, at least in relation to STG and CTG can be partly explained by the fact
that in these two training models, there is a strong possibility of an increase in lean muscle
mass, especially when practiced by adolescents, differently to what is observed in aerobic
training protocols. This condition in turn, neutralizes possible losses in TBM caused by the
decrease in body fat also caused by training, a hypothesis that was also raised in the study
by (Martins, 2007), but does not explain the results found for ATG, which in this case was
limited by the duration of the study and/or even the intensity of the aerobic load applied to
the training, which may have been insufficient to promote changes in body fat.
However, to maintain TBM due to the possible compensation of loss and gain of body
fat and lean mass, respectively, hypothesized for the strength and concurrent training, would
promote changes in the percentage of fat in both groups, a result found only for the STG.
On the other hand, Antunes et al. (2013), when conducting a study with obese ado-
lescents, also without control or nutritional intervention, in which they were divided between
strength training and aerobic training, obtained significant differences in the reduction of the
weight variable in both protocols between the pre to post-training phases when compared
to the control group, which differs from the findings of the current study. However, their me-
thodology differs from the current study, with an increase in volume and intensity, in which
three training sessions were performed on non-consecutive days for 20 weeks, with 15 to 20
repetitions for each exercise series versus 12 weeks of 10 repetitions by series in the current
study. In addition to varying intensities of aerobic training, it also differs from the current, noting
that in the present study it was 65-75 % of HRmax versus 70-85 % in the cited study. In their
case, the authors attributed weight loss to significantly higher intensities and volumes for the
two protocols, which probably matched the potential for weight loss in adolescents, but did
not specify whether or not there was a reduction in fat percentage.
Souza et al. (2012), compared which type of training (aerobic, strength and concurrent)
would be most effective in the loss of body mass of young men, during a 16 week period
with three training sessions per week on alternate days, without changes in diet habits. They
observed that in none of the training sessions was it possible to obtain significant changes
in mass loss, similar to the results of the present study, although with subjects of different
ages and only males.
According to Monteiro et al. (2013), a concurrent training protocol with adolescents aged
between 12 and 15 years and with a duration of 16 weeks of training, obtained a significant
reduction in BMI, which differs from the current study where which did not observe significant
changes in this anthropometric condition. A possible explanation for this difference in outcome
is perhaps due to the fact that in the cited study the number of weeks of the practical protocol
was longer in relation to our study.
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In a practical protocol with a duration of one year of aerobic work with 30 obese adoles-
cents, De Melo (2011), noticed in their results that there was a significant reduction of BMI
in 80 % of the participants of the group that performed this aerobic protocol, however, in that
study the group underwent a nutritional intervention during the long period of training, which
differs from the present study due to the fact that it did not have nutritional intervention and
different practice durability.
In a study also conducted with overweight adolescents in the United States, Davis
(2012), tested a strength training protocol failing to evidence significant changes in BMI when
the group did not have nutritional monitoring, a result that corroborates the findings found
in the present study. Moreover, in analyzing the results obtained on the variable WHR, the
author points out that in none of the training protocols tested, was it possible to perceive any
significant reduction for this variable, also agreeing with the results presented here.
On the other hand, the present study differs from that found by Barbosa Júnior et al.
(2013), who, when applying protocols of strength and aerobic training during a period of 12
weeks for their adolescent volunteers, obtained significant differences when comparing the
pre and post training phases. However, in their case, the authors report that they used a
restrictive nutritional control after the 12 weeks of training, which probably explains the dif-
ference of the results in relation to the present study.
Carvalho et al. (2013), in submitting their groups of adolescents to 12 weeks of aerobic,
strength and concurrent training, at a frequency of three sessions a week on alternate days,
did not obtain significant differences for the WHR variable between the pre to post-training,
which corroborates the results obtained in this study. Although the results were similar and
both did not adopt any form of nutritional intervention, the methodology of both studies dif-
fers in some points, since the intensity ranged from 40 to 60 % of the HRmax versus 70 to
85 % HRmax in the current study, the strength training consisted of six exercises versus ten
exercises in the current, and the concurrent training was performed in two periods, where
aerobic training was performed in the morning period and strength training in the afternoon
period. In the current study the practical protocols occurred in the same training session. This
indicates that even at higher intensities the protocols tested here do not promote adjustments
to the extent that they differ from those with significantly lower intensities.
The same occurred in the study Martins (2007), where after 16 weeks of concurrent
training applied in adolescents, no significant changes were obtained in relation to the WHR
variable. With the FP variable also investigated in this study, it was possible to obtain signi-
ficant differences when comparing the pre-workout to the post-workout for the practitioners
who performed the concurrent training protocol, but the same did not occur in the group that
performed the aerobic training and in the group that practiced strength training. These results
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are similar to those observed in the present study, emphasizing the greater efficiency of the
concurrent training in reducing body fat, an extremely important and desired effect for the
treatment of adolescents presenting predictive indicators for metabolic syndrome.
Monteiro et al. (2013), obtained results similar to the current study for the FP variable,
when subjecting obese adolescents aged 12 to 15 years to 20 weeks of concurrent training
with three sessions per week with a duration of 60 minutes each, being 50 % of the session
time for aerobic training and 50 % for strength training. The intensity of aerobic training ran-
ged from 70 to 85 % of HRmax, with a total of 12 exercises performed in strength training.
However, although the results are similar, the methodology of both studies differs.
In another study conducted by Monteiro et al. (2015), when applying concurrent training
in a group of obese male and female adolescents aged 12 to 17 years for 16 weeks, it was
possible to significantly lower FP only in the male subjects when comparing the pre to the
post-workout, which differs from their previous findings as well as from the present study,
since in these findings the decrease in fat percentage occurred for both genders. In the ci-
ted case, we can consider that the concurrent training seems to exert more intense effects
in male adolescents, which can be observed when analyzing samples stratified by gender,
which was not the case in the present study, which may have presented minor changes in
the CTG since it involves both male and female adolescents.
When subjecting a group of obese adolescents between 12 and 15 years of age to
20 weeks of concurrent training three times a week with a duration of 60 minutes, Antunes
et al. (2013), also obtained significant results on the FP variable when comparing the pre-
and post-training phases, which corroborates with the current results obtained, since in the
present study, no type nutritional intervention was tested.
Differently from what occurred in the study conducted by Chaudhary, Kang e Sandhu
(2010), obese young women were submitted to aerobic training and strength training, divided
into two different groups, for a six week duration, where it was possible to lower FP in both
training groups, when compared to the control group. Therefore, the differences in results
may have occurred due to the fact that there was diet control in both groups in the cited stu-
dy, besides the fact that they were adult women, which showed to be more sensitive than
adolescents in the changes of this variable when submitted to physical training.
One possible explanation for this is the fact that in pre-adolescence, eutrophic girls
increase their fat reserves by up to 20 %, a fact that is considered as a preparation for the
phase of marked growth and development (ACCIOLY, SAUNDERS & LACERDA, 2010).
According to the authors, this condition only seems to normalize when they reach adul-
thood. In this case, pre adolescents and obese adolescents may find it even more difficult
to reduce their fat masses during puberty, even when they undergo physical training without
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nutritional monitoring. This supports the interpretation of the results observed by Monteiro
et al. (2015), as in the present study, where we believe that the delta of the FP difference
found between the pre and post phases for the CTG group was minimized by the results
presented by the girls.
Finally, when analyzing the results for the anthropometric variable WC, it was noted that
the strength training protocol was the only one able to promote changes (decrease) in this
indicator. This result resembles that found by Miranda et al. (2014), where after the appli-
cation of the strength training protocol in overweight adolescents, significant changes were
observed in the WC variable when compared to the control group. However, in relation to
aerobic training, the results of the present study differ from the findings of Leite et al. (2009),
and Schiavoni et al. (2014), who, when subjecting obese adolescents aged 11 to 15 years,
with and without Metabolic Syndrome, to a protocol of 12-week aerobic training, observed
a significant decrease in WC in adolescents. However, in the two cited studies, there was
diet control throughout the study, which can explain the differences obtained in the results of
the two studies when they were compared with the current study, in which aerobic training
without diet control was not able to significantly reduce WC.
On the theme of WC, it is worth mentioning the studies of Albuquerque Filho (2014) and
De Lima et al. (2015), who investigated the interference of concurrent training for 16 weeks on
the WC of overweight and obese adolescents, aged between 12 and 16 years, when compared
to the untrained control group, presented a significant reduction for this MS indicator. This
result also differs from those found in the current study, where when comparing the results
of the concurrent training group to the control group, there were no significant differences.
The divergences in the findings may also have occurred because in the two studies cited
Albuquerque Filho (2014) and De Lima et al. (2015), there was nutritional control throughout
the practice of the protocols to the detriment of the current study.
CONCLUSION
From the results obtained, it was concluded that none of the training protocols (aerobic,
strength and concurrent), in isolation and without nutritional monitoring, were able to simul-
taneously influence all the predictive or MS related anthropometric indicators studied here.
None of them were able to promote any change in the anthropometric variables BMI,
WHR and TBM, being insufficient for reversion of these variables when practiced in isolation
without nutritional monitoring, by obese and overweight adolescents.
However, concurrent training was responsible for a significant reduction in FP, as was
strength training able to reduce WC, two important anthropometric indicators related to MS,
even without nutritional intervention, which did not occur among the other groups. In turn,
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the protocol of aerobic training in isolation was not effective in promoting changes in any of
the indicators studied here.
Study limitations
This study had some limitations to obtain more satisfactory results, such as: nutritional
follow-up by a professional in the area, together with the training protocols; monitoring of daily
activities, which may have influenced the physical training protocols employed; because it
was a group of teenagers, there was no routine of periodicity of training schedules, that is,
each training session was carried out at different times by the same participant, ideally, the
practice at the same times, due to the disposition of the study participant.
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13
Linfoma mediastinal em gato – relato de
caso
'10.37885/221211167
RESUMO
O linfoma é uma neoplasia de caráter hematopoiético, maligno, que tem origem através
da proliferação de células linfoides e pode acometer felinos de qualquer idade, sexo ou
raça. A etiologia do linfoma é multifatorial. Um grande fator contribuinte para este índice
é a infeção pelo vírus da leucemia felina (FeLV) e pelo vírus da imunodeficiência felina
(FIV). Os sinais clínicos da forma mediastinal são efusão torácicas, dispneia e linfadenome-
galia. O diagnóstico é realizado com base no histórico, sinais clínicos, exame físico, exame
de imagem e exames laboratoriais. O tratamento proposto é a quimioterapia sistêmica com-
binada, sendo seu principal objetivo induzir a remissão da massa tumoral. O prognóstico do
linfoma mediastinal para felinos é desfavorável. O objetivo do trabalho foi relatar o caso de
um felino, SRD, de 3 anos de idade, macho, FeLV positivo, que apresentava dispneia com
respiração paradoxal, apatia e anorexia. Após a realização de exames de imagem, exames
hematológicos e citologia, definiu-se o diagnóstico de linfoma mediastinal. No presente relato
todo protocolo de tratamento foi instituído, o paciente recebeu alta, mas retornou com piora
e então optou-se pela realização procedimento de eutanásia.
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para prolongar e manter a remissão, além dos protocolos de emergência ou resgate, que
têm como objetivo induzir nova remissão (RIBEIRO et. al., 2017).
O objetivo deste trabalho de conclusão de curso, foi realizar uma revisão bibliográfica
sobre o linfoma mediastinal em felinos, e descrever um relato de caso sobre um paciente
felino com a neoplasia citada.
REVISÃO DE LITERATURA
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Figura 1. Esquema ilustrativo de corte transversal da cavidade pleural na altura do mediastino cranial, evidenciando a
cavidade pleural direita e esquerda, região do mediastino e timo.
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Figura 2. Esquema representando o corte longitudinal do tórax do gato, destacando o linfocentro torácico dorsal, ventral
e mediastinal.
Linfoma
O linfoma é uma neoplasia de caráter hematopoiético, maligno, que tem origem através
da proliferação de células linfoides, principalmente em linfonodos e órgãos viscerais sólidos e
um tipo de tumor comum em cães e gatos (ETTINGER et. al. 2022). Os linfomas podem ser
caracterizados pela sua distribuição anatômica no corpo, pela distribuição histológica dentro
dos órgãos hemolinfáticos, pela morfologia das células, imunofenotipos, citopenias e, quando
conhecido, seu comportamento biológico e características moleculares (VALLI et al. 2017).
A classificação do linfoma é baseada de acordo com a região anatômica afetada,
podendo apresentar cinco tipos diferentes: alimentar, mediastinal, multicêntrico, cutâneo e
extranodal (JERICO, et al., 2019).
Linfoma mediastinal
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O linfoma em felinos pode estar associado a leucemia viral felina (FeLV) e imunode-
ficiência viral felina (FIV) devido ao potencial oncogênico dessas retroviroses responsável
por infecções, e por disfunções imunológicas em gatos domésticos (OLIVEIRA et. al., 2020;
CALAZANS, DALECK & DE NARD, 2016).
Etiologia
A etiologia do linfoma é multifatorial, uma vez que vários fatores podem exercer influên-
cia no desenvolvimento desta neoplasia. Um grande fator contribuinte para este índice é a
infeção pelo vírus da leucemia felina (FeLV), que promove uma transformação neoplásica
dos linfócitos (COSTA et. al., 2017). A formação de neoplasias relacionadas a FeLV ocorre
a inserção do material genético do retrovírus no genoma do hospedeiro em regiões próximas
a oncogenes celular, dessa forma, altera o crescimento celular e leva a mutações genéticas
somáticas, predispondo a clonagem de células anômalas onde há integração do genoma
viral (AZEVEDO et.al., 2022)
Sinais Clínicos
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Diagnóstico
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A análise histopatológica é importante para realizar a classificação e imunofenotipagem
do tumor, porém fatores como custo e risco da coleta diminuem a solicitação desse exame
(JARK et al. 2022). A imunofenotipagem é necessária para se chegar a um diagnóstico con-
clusivo, porque vários tipos de linfoma são morfologicamente indistinguíveis, mas são feno-
tipicamente heterogêneas. Como o linfoma linfocítico pequeno, linfoma linfoblástico, linfoma
da zona marginal versus linfoma da zona T ou linfoma difuso de grandes células B versus
linfoma T periférico (VALLI et al., 2016).
Essa técnica tem sido aplicada em vários linfomas felinos, e foi utilizada em estudo que
relataram a sua utilidade diagnóstica (FELISBERTO et al., 2016). Consiste na avaliação dos
anticorpos para proteínas específicas aplicados ao tecido lesionado, geralmente seguido
por um anticorpo secundário de uma espécie diferente do paciente ou do anticorpo primá-
rio. Os anticorpos secundários são conjugados a enzimas que catalisam uma mudança de
cor quando o substrato é adicionado. Este método permite aos patologistas identificarem
células individuais que expressam a proteína de interesse e colocar essas células no con-
texto da arquitetura do tecido (AVERY et al., 2013).
Diagnóstico Diferencial
Estadiamento oncológico
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Quadro 1. Sistema de estadiamento clínico para linfoma em gatos, estabelecendo estádio de evolução da doença pela
observação do tumor, linfonodo sentinela e possibilidade de metástase.
Tratamento
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fármacos combina a lomustina, vincristina, prednisolona e doxorrubicina (quadro 2) (DALECK
& DE NARDI, 2017; SILVA, 2022; SGARIONI, 2019).
Quadro 2. Posologia dos protocolos OP, COP, CHOP e LOPH utilizados como agentes antineoplásicos no tratamento de
pacientes felinos com linfoma mediastínico.
Estudo realizado por Silva et al. (2020), compara dois protocolos quimioterápicos anti-
neoplásicos (COP e clorambucila + prednisolona - CP), utilizados em um felino FeLV positi-
vo, com alterações físicas compatíveis com quadro de linfoma. O protocolo CP apresentou
excelente respostas nos linfomas de células pequenas em outras localizações anatômicas,
além de ter baixo custo e fácil administração (SILVA et al., 2020).
Prognóstico
RELATO DE CASO
Um felino, sem raça definida, macho, castrado, com 3 anos e 11 meses de idade, pe-
sando 3 Kg, positivo para Leucemia Viral Felina (FeLV), foi encaminhado para atendimento
clínico, apresentando sinais clínicos como dispneia com respiração paradoxal, apatia e ano-
rexia. Ao exame físico foi observado apatia, desidratação, mucosas hipocoradas, aumento
de linfonodos submandibulares e pré-escapular e hipofoneia na ausculta cardiopulmonar,
sugestiva de efusão torácica.
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Para estabilizar o paciente foi realizado tranquilização para controle da respiração
com butorfanol (0,2 mg/kg), iniciado oxigenoterapia e realização de toracocentese de alí-
vio. Logo após o procedimento, foi realizado exames de radiografia torácica. Nesse foi
verificando alargamento do mediastino em porção cranial podendo indicar lesão expansiva,
presença de líquido em espaço mediastinal lateral sugestivo de efusão pleural, os campos
pulmonares colapsados, possivelmente devido aos processos infecciosos/inflamatórios e/
ou neoplasias (figura 3).
O líquido da drenagem torácica foi encaminhado para análise, tendo como resultado
acentuada presença de linfócitos pequenos e alguns apresentando atipia, sugerindo um
transudato modificado sugestivo de linfoma.
Figura 3. Radiografia torácica do paciente felino, SRD, diagnosticado com linfoma mediastinal. (A) Posição laterolateral
esquerda evidenciado pela seta fina vermelha a presença de efusão pleural. (B) Posição laterolateral direita destacado
pela estral amarela o colapso nos campos pulmonares. (C) Posição ventro-dorsal identificado pela seta grossa verde o
alargamento do mediastino cranial.
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Figura 4. Ultrassonografia abdominal de um Felino, SRD, portador de linfoma mediastinal.
(A) Linfonodo ilíaco reativo evidenciado pela seta rosa medindo 2,21cm x 1,30cm. (B) Linfonodo mesentérico com aumento
de ecogenicidade identificado pela seta laranja, medindo 3,91cm x 1,53cm; (C) Presença de líquido livre de alta celularidade
destacado pela estrela verde.
Fonte: arquivos do autor (2022).
Quadro 3. Monitoramento hematológicos do paciente felino. SRD, diagnosticado com linfoma mediastínico.
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e médico veterinário optaram por iniciar o protocolo terapêutico quimioterápico CP, no qual
o paciente reagiu bem no início. Após 20 dias do início do tratamento, o animal apresentou
piora no quadro clínico geral, intensificando as alterações respiratórias e inapetência. Dessa
forma foi instituído, o procedimento de eutanásia.
DISCUSSÃO
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como os que foram descritos anteriormente, visto que a quimioterapia é a melhor opção de
tratamento e permite remissão completa e duradoura destas neoplasias. Optou-se pelo pro-
tocolo CP devido ao baixo custo, tempo de tratamento, resposta celular rápida e raramente
apresentar efeitos colaterais. A literatura relata que este protocolo permite uma melhor
recuperação do paciente e menor índice de vômito. O protocolo CP obedece a intervalos
de administração que proporciona morte celular tumoral e permite recuperação de células
normas, reduzindo efeitos colaterais (SILVA et al, 2020).
O tempo de sobrevida dos pacientes com linfoma de mediastino varia em torno de 30
dias a 1 ano, com base na data de diagnóstico até o óbito (SIMON et al, 2008). O paciente
não respondeu de forma positiva ao protocolo CP, apresentado piora clínica e por escolha
em conjunto com o tutor e o médico veterinário responsável optou-se pela eutanásia, 20
dias após instituir o tratamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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14
Prevalência de dor musculoesquelética
em estudantes de Odontologia: revisão de
literatura
'10.37885/221211543
RESUMO
A ergonomia é uma ciência que visa modificar o processo de trabalho para adequar
a atividade do serviço às características, às habilidades e às limitações de pessoas, com
vistas à sua atuação eficiente, confortável e segura (LOMBARDI et al. 2012; GOPINADH
et al. 2013). A ergonomia aplicada à Odontologia tem como finalidade desenvolver um am-
biente ergonomicamente planejado, com equipamentos racionalmente distribuídos, para
diminuir o estresse físico e cognitivo, prevenir as doenças relacionadas ao exercício profis-
sional, buscando um aumento de produtividade, melhoria na qualidade do serviço prestado
e diminuição da fadiga na equipe de trabalho (GRARBIN et al. 2009; KUMAR et al. 2012;
PRESOTO et al. 2012).
Sendo a cavidade oral uma região com acesso restrito e visibilidade limitada, os ci-
rurgiões-dentistas (CD) e estudantes de Odontologia se veem forçados a assumir posições
posturais repetitivas, muitas vezes inadequadas sob o ponto de vista ergonômico, que podem
levar a condições insalubres de trabalho, tornando-os vulneráveis a riscos ocupacionais
(GUPTA, 2011), tais como os distúrbios musculoesqueléticos. Estes são definidos como
lesões do sistema musculoesquelético que podem ocorrer após traumatismos repetitivos
ou únicos e que afetam negativamente o cotidiano do indivíduo (FELEMBAN et al. 2021).
A dor musculoesquelética (DME) é o principal sintoma desses distúrbios, que também
podem se manifestar através de rigidez muscular, amplitude de movimento restrita e diminui-
ção da força muscular (KAPITÁN et al. 2021). É atribuída a vários fatores de risco, incluindo
a postura estática prolongada, movimentos repetitivos, iluminação de baixa qualidade, mau
posicionamento, predisposição genética, estresse mental, condicionamento físico e idade
(RABIEI et al. 2012).
Na Odontologia, entre os fatores que levam ao aumento dos riscos de aparecimento
de DME estão: maus hábitos de trabalho, repetitivos e de longo prazo (HODAČOVÁ et al.
2022), posições estáticas desajeitadas do pescoço e das costas, movimentos musculares
repetidos dos membros superiores e punhos, distensões musculares, contrações muscula-
res isométricas, atuação em campo de trabalho pequeno e uso de dispositivos vibratórios
(ABOALSHAMAT, 2020).
Ademais, DME pode levar a uma menor produtividade no trabalho, prejudicar a quali-
dade e a eficiência dos atendimentos, reduzir a expectativa e qualidade de vida e contribuir
para a incapacidade ocupacional, que é um importante problema de saúde para indivíduos
e sistemas de saúde em todo o mundo (MOOSA e BHAYAT, 2022). A literatura aponta que
as áreas do corpo mais frequentemente acometidas pelos dentistas são a região lombar, o
pescoço, os ombros, as mãos e os punhos (HASHIM et al. 2021).
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A prevalência de DME entre cirurgiões dentistas é alta, variando de 47% a 93% em
diferentes pesquisas8. No entanto, a DME pode aparecer precocemente e os problemas
iniciarem ainda durante a graduação em Odontologia10, podendo a prevalência variar de
39% a 93% em estudantes universitários (KAPITÁN et al. 2021).
A ergonomia é, pois, fundamental para evitar o aparecimento de DME, entre os estudan-
tes, pois a falta de treinamento com relação às normas ergonômicas, aliada à inexistência de
supervisão por parte dos docentes, são fatores que podem contribuir para o desenvolvimen-
to de vícios posturais, que propiciam o surgimento de lesões (MOOSA e BHAYAT, 2022).
Estudos conduzidos com estudantes demonstram o pouco conhecimento dos discentes
sobre o tema, bem como serem frequentes posturas inadequadas durante a realização de
atendimento odontológico (PIETROBON e REGIS FILHO, 2010: GARBIN et al. 2011).
Diante do exposto, e visando-se contribuir com o debate sobre a temática, realizou-
-se esta revisão integrativa da literatura com o objetivo de descrever a prevalência de dor
musculoesquelética entre estudantes de Odontologia, com ênfase em suas características
e fatores associados.
MÉTODO
Desenho do estudo
Questões norteadoras
Coleta de dados
Os estudos foram selecionados por meio de busca eletrônica nas bases de dados:
IBECS (acesso via BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS, acesso via BVS), MEDLINE (acesso via BVS e PubMed), e SciELO.
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Estratégias de busca nas bases de dados
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Figura 1. Diagrama de fluxo para seleção de artigos.
RESULTADOS
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Quadro 2. Descrição dos artigos selecionados na revisão integrativa.
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Aboalshamat (2020) investigou os níveis de consciência sobre ergonomia e a preva-
lência de dor musculoesquelética entre estudantes de Odontologia. Os dados foram obtidos
por meio de questionário com questões demográficas, questões sobre o nível de consciência
da ergonomia e o questionário nórdico sobre dor em diversas regiões do corpo. Um total de
322 participantes responderam ao questionário. Com relação à prevalência de dor muscu-
loesquelética, 81,33% dos participantes relataram ter apresentado dor ou desconforto em
uma ou mais partes do corpo nos últimos 12 meses. As regiões mais afetadas foram: parte
superior das costas (48,19%), coluna lombar (43,98%) e pescoço (36,45%).
Kuć e Żendzian-Piotrowska (2020) investigaram as necessidades de tratamento fisio-
terapêutico cervical, hábitos ergonômicos diários e necessidade de atividade física entre
estudantes de Odontologia. Neste estudo, 112 alunos responderam a um questionário sobre
possíveis tratamentos fisioterapêuticos, atividades físicas e associação entre o fator de risco
e a deficiência cervical, bem como a dor crônica. O motivo mais comum para frequentar a
reabilitação no grupo estudado foram relacionados à dor na coluna cervical (7,14%), coluna
lombar (3,57%), coluna torácica (1,79%) e uma combinação das três (8,92%).
Hashim et al. (2021) investigaram a prevalência e a natureza da dor musculoesquelética
relacionada ao trabalho e exploraram seus fatores associados entre estudantes de graduação
em Odontologia. O questionário aplicado foi composto por questões relacionadas a dados
sociodemográficos, fatores de risco e ocorrência de dor no pescoço, ombros e região lom-
bar, na última semana e nos últimos doze meses. Os questionários foram preenchidos por
202 estudantes de odontologia. A prevalência da dor musculoesquelética relacionada ao
trabalho em pelo menos um local do corpo foi de 68,3% nos últimos 12 meses. A dor lombar
foi a mais comum, com prevalência de 61,4% no ano anterior. A prevalência de cervicalgia
e dor no ombro foram de 52,5% e 44,1%, respectivamente.
Felemban et al. (2021) avaliaram a prevalência e os preditores de dor musculoesque-
lética em estudantes de Odontologia. Um questionário foi usado para coletar dados socio-
demográficos, identificar a gravidade da dor e avaliar as ações relacionadas ao trabalho que
podem influenciar a dor musculoesquelética. Participaram do estudo 377 estudantes, tendo
a maioria deles (91,2%) apresentado dor ou desconforto musculoesquelético em uma ou
mais partes do corpo nos últimos 12 meses. A dor no pescoço nos últimos 12 meses foi a
mais comum, relatada por 69,2% dos participantes, seguida de dor no ombro (67,1%) e dor
lombar (65%). A maioria dos entrevistados relatou dobrar o pescoço ao realizar movimentos
repetitivos, durante o trabalho por períodos prolongados (82%), e apenas 25% relataram
realizar exercícios de alongamento entre as consultas.
Kapitán et al. (2021) analisaram o desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléti-
cos entre 73s estudantes de Odontologia, durante os cinco anos do curso. Os participantes
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preencheram o mesmo questionário no início (primeiro ano), no meio (terceiro ano) e no final
(quinto ano) do curso, o qual era composto por perguntas sobre dados pessoais, possíveis
fatores de risco e proteção e intensidade da dor em diferentes regiões do corpo. A prevalência
de dor nos últimos 12 meses foi maior no pescoço, acometendo 46,6% dos estudantes no
primeiro ano do curso, 52,1% no terceiro, e 61,6% no quinto. O segundo local mais atingido
foi a região lombar, com 42,5%, 47,8%, e 49,3% no primeiro, terceiro e quinto ano respectiva-
mente. Em terceiro lugar ficou a parte superior das costas, sendo referida no primeiro ano por
23,3% estudantes, no terceiro ano por 32,9%, e no quinto ano por 47,9% dos participantes.
Sezer et al. (2022) investigaram a frequência e a distribuição anatômica dos sintomas
musculoesqueléticos relacionados ao trabalho. Os questionários englobavam questões sobre
dados sociodemográficos e avaliação de sintomas musculoesqueléticos. 105 alunos parti-
ciparam da pesquisa. A região do corpo mais dolorosa nos últimos 12 meses foi o pescoço
(66,7%), seguido da lombar (64,8%) e parte superior das costas (60%). Nos últimos 12 meses,
a incapacidade para o trabalho devido à dor foi mais observada na região lombar (19%).
Hodačová et al. (2022) avaliaram o desenvolvimento, prevalência e intensidade das
queixas musculoesqueléticas mais comuns entre estudantes de Odontologia durante todo
o período de seus estudos. O questionário incluiu questões sobre seus dados pessoais,
distúrbios musculoesqueléticos gerais, fatores associados e a intensidade da dor em 10
áreas corporais. Os locais que os alunos do último ano relataram ter sofrido maior intensi-
dade de dor (moderada e severa) foram: pescoço (20,5%), lombar (11%) e parte superior
das costas (8,2%).
Moosa e Bhayat (2022) avaliaram as deficiências existentes na formação em ergonomia
das escolas de Odontologia. O nível de conhecimento ergonômico dos estudantes foi ava-
liado, utilizando-se um questionário sobre dados demográficos, conhecimento ergonômico,
prevalência e locais de dor musculoesquelética. Houve um total de 106 respondentes. A po-
sição problemática mais comum foi inclinar o pescoço para frente (99%), ademais, 82%
relataram não conseguir manter as costas retas. A maioria dos alunos (72%) percebeu que
a dor musculoesquelética estava relacionada à má postura. Os locais mais acometidos por
dor musculoesquelética foram as costas (75%), pescoço (51%) e ombros (51%).
DISCUSSÃO
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região do corpo (AGHAHI et al. 2018; ABOALSHAMAT, 2020; FELEMBAN et al. 2021;
HASHIM et al, 2021).
O método mais utilizado nos estudos para avaliar a dor e desconforto foi o Questionário
Nórdico Musculoesquelético (ABOALSHAMAT, 2020; FELEMBAN et al. 2021; HASHIM
et al. 2021; KAPITÁN et al. 2021; HODAČOVÁ et al. 2022; SEZER et al. 2022). Formulado
em 1987, este questionário é usado para coletar dados, como dor e estado de incapacida-
de durante os últimos 12 meses e 7 dias, em nove regiões do corpo mais prováveis de se
desenvolver distúrbios musculoesqueléticos, a saber: pescoço, ombros, cotovelos, punhos
e mãos, parte superior das costas, parte inferior das costas, quadris, joelhos e tornozelos e
pés (KUORINKA et al. 1987).
Entre os locais avaliados, os mais comuns para o desenvolvimento de DME foram
a parte inferior das costas, parte superior das costas, pescoço e ombros. O pescoço foi o
local mais acometido pela dor em cinco dos estudos analisados com prevalência variando
entre 7,14% e 77,1% (ALYAHYA et al. 2018; ABOALSHAMAT, 2020; KUĆ e ŻENDZIAN-
PIOTROWSKA, 2020; HASHIM et al. 2021; HODAČOVÁ et al. 2022. A prevalência de dor
no pescoço nos estudos pode estar associada aos movimentos repetitivos realizados com
o pescoço flexionado. Tendo em vista que o trabalho odontológico geralmente requer uma
inclinação da cabeça para frente em torno de 15° a 20°, é evidente que isso resulta em so-
brecarga dos músculos do pescoço e articulações da coluna cervical. Essa posição causa
a tensão dos músculos extensores do pescoço, pois eles devem manter a cabeça contra a
gravidade. A inclinação da cabeça causa tensão muscular, que além de levar à cervicalgia,
também pode afetar a curva da lordose cervical, que a longo prazo pode causar incapaci-
dade funcional, dor ou protrusão discal mais grave (DE CARVALHO et al. 2009; KHAN e
YEE-CHEW, 2013; ŠUSTOVÁ et al. 2015).
A parte inferior e parte superior das costas também apresentaram percentagens altas,
variando de 3,57% a 81% e 1,79%% a 71,7%, respectivamente (ABOALSHAMAT, 2020;
FELEMBAN et al. 2021; HASHIM et al. 2021; KAPITÁN et al. 2021). Os principais motivos
que levam aos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho na região lombar in-
cluem: posição incorreta ao sentar-se, flexão para a frente no trabalho e falta de inclinação
do quadril na posição sentada. A fraqueza dos músculos estabilizadores da coluna lombar
devido à postura sentada longa e incorreta também tem influência nos distúrbios dolorosos
(GANDOLFI et al. 2021).
O design não ergonômico de cadeiras odontológicas também se configurou como um
fator de influência, pois manter o suporte adequado da região lombar é muito importante
para preservar a curva lombar e, consequentemente, a atividade muscular. Desse modo,
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a pressão dos discos vertebrais e as dores nas costas e nas pernas serão diminuídas
(BOTTA et al. 2028).
O alto nível de dor na parte superior das costas ocorre devido à manutenção de uma
carga estática por um longo período, aumentando a tensão sobre a coluna durante o atendi-
mento odontológico. Isso indica que há suporte inadequado quando os alunos se apoiam no
banco odontológico e que os princípios ergonômicos são subestimados (LIETZ et al. 2020).
Os ombros também foram muito acometidos, com prevalência de 44,1% a 67,1% entre
os estudos7-8,10-13,17-19. A dor nos ombros pode ser causada por movimentos repetitivos
realizados com os braços elevados ou abduzidos. Outro fator de risco é o trabalho prolonga-
do com os braços elevados em contração estática isométrica (KHAN e YEE-CHEW, 2013).
Os estudos apresentados nesta revisão mostraram que os estudantes possuem hábitos
posturais inadequados durante o atendimento. Nos estudos que avaliaram a postura nos
atendimentos, a posição problemática mais comum foi a inclinação do pescoço, com percen-
tuais variando entre 82% e 99%. Ademais, 82% dos acadêmicos relataram não conseguir
manter as costas retas (FELEMBAN et al. 2021; MOOSA e BHAYAT, 2022).
Para além da presente revisão integrativa, outros estudos demonstraram que a maioria
dos alunos de graduação e pós-graduação inclinavam o pescoço para frente, não mantinham
a cabeça a uma distância adequada da boca do paciente, sobrecarregavam os antebraços
e não conseguiam manter as costas retas durante os atendimentos clínicos (GARBIN et al.
2011; GARCIA et al. 2017; CERVERA‐ESPER et al. 2018). A alta prevalência desses hábi-
tos posturais explicam por que os locais mais comuns para o desenvolvimento de DME são
ombros, coluna cervical, partes superior e inferior das costas.
Para evitar posturas estáticas que comprimem os vasos sanguíneos e reduzem a
oxigenação é necessário a aplicação dos princípios ergonômicos durante os atendimen-
tos ao paciente, afinal, o objetivo primordial da ergonomia é a prevenção dos distúrbios
musculoesqueléticos relacionados ao trabalho e dos sintomas associados que agravam
esses distúrbios (LADERAS e FELSENFELD, 2002; DANTAS e DE LIMA, 2015). Em um
estudo conduzido por Alyahya e colaboradores (2018) 59,6% dos estudantes afirmaram
não conseguir aplicar a ergonomia corretamente durante os atendimentos, aumentando a
probabilidade de desenvolver algum distúrbio musculoesquelético. Estudos mostram que a
capacidade de trabalho e a produtividade dos profissionais da Odontologia aumentam com
a prática de posturas corretas, contribuindo, assim, para o exercício da profissão sem dor,
e, consequentemente, para um atendimento odontológico de qualidade para os pacientes
(SZYMANSKA, 2002; PANDIS et al. 2007).
Nos estudos analisados nesta revisão, a percentagem de estudantes que realizaram
exercícios de alongamento entre as consultas variou de 5% a 25% (AGHAHI et al. 2018;
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FELEMBAN et al. 2021). Sentar-se constantemente e sem pausas predispõe o operador ao
desconforto musculoesquelético, afetando sua percepção sobre o trabalho odontológico, que
passa a considerá-lo um trabalho desafiador e exaustivo. Como bem enfatiza a literatura,
interrupções ou micro pausas no trabalho para a realização de alongamentos são conside-
radas práticas essenciais para reduzir ou variar a carga musculoesquelética (SZYMANSKA,
2002; KIERKLO et al. 2011).
Uma alternativa para a prevenção e redução dos sintomas dos distúrbios musculoes-
queléticos é a prática de exercício regular, principalmente na modalidade aeróbicas e o
alongamento. Para indivíduos com dor lombar crônica, a estabilização da coluna lombar e
exercícios de caminhada podem ser recomendados. Eles não apenas aliviam, mas também
previnem a dor crônica nas costas, aumentando a resistência muscular (KUMAR et al. 2014;
SUH et al. 2019).
CONCLUSÃO
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Relação comunicativa entre o profissional
de saúde e o paciente surdo
'10.37885/221211597
RESUMO
Objetivo: Objetivou-se neste estudo identificar quais são as barreiras comunicativas enfren-
tadas entre usuários surdos e profissionais de saúde. Métodos: Trata-se de uma revisão
integrativa da literatura cuja busca foi realizada nas bases de dados Banco de Dados em
Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System (MEDLINE), via Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS), no mês de novembro de 2022. Resultados: Foi possível encontrar uma
amostra de 557 artigos, que, após a aplicação dos critérios de inclusão e a exclusão dos
artigos repetidos e dos que não abordavam as barreiras comunicativas entre a população
surda e os profissionais da saúde, sofreu modificação, e, no final, contou com 17 estudos
selecionados. Conclusão: A presente revisão integrativa demonstrou que diversas são as
barreiras comunicativas apresentadas em estudos realizados nas unidades básicas de saúde
do nosso país e que estas além de dificultarem os atendimentos dos pacientes surdos, por
vezes fazem com que os mesmos deixem de procurar assistência de saúde.
A Deficiência Auditiva (DA) é definida pelo Ministério da Saúde como perda total ou
parcial da capacidade de ouvir, podendo esta se manifestar em diferentes graus, reduzindo a
sensibilidade e a discriminação auditiva. A surdez é uma deficiência invisível, principalmente
em relação à acessibilidade, pois não requer mudanças físicas, como por exemplo, no caso
de pessoas com mobilidade reduzida. Contudo, a surdez requer a implementação de ações
relacionadas à capacitação dos profissionais de saúde para o uso, tradução ou interpretação
da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a sensibilização da população.
Ademais, a surdez pode trazer prejuízos para a comunicação e, em muitos casos,
produzir uma barreira entre profissionais de saúde e pacientes surdos. Essa situação con-
tribui para a baixa adesão do surdo aos serviços de saúde e também para diagnósticos
inadequados, interferindo assim, na qualidade de vida dessa população. Salienta-se, que
ter um profissional para acolher é o principal facilitador ao acesso e deve ser foco de ações
para melhorar a atenção à saúde das pessoas com DA. Faz-se necessário promover acesso
universal, com adequação de serviços, remoção de barreiras à comunicação e estímulo ao
acolhimento do usuário (CONDESSA, et al., 2020).
É válido ressaltar, que em busca de suprir as demandas da comunidade surda, a Lei
nº 10.436, de 24 de abril de 2002 foi sancionada. Essa lei regulamenta a garantia, por parte
do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, de formas ins-
titucionalizadas de apoiar o uso e difusão da LIBRAS como meio de comunicação objetiva
e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil (NEPOMUCENO, et al.,2022).
Outrossim, a comunicação é uma condição indispensável na vida dos seres humanos,
por permitir o convívio em sociedade. Na enfermagem, constitui uma ferramenta básica
para a realização do cuidado, uma vez que possibilita o relacionamento interpessoal en-
tre o paciente e a equipe de saúde, segundo Marquete, V.F; Costa, M.A.R; Teston, E.F.
(2018). O profissional de enfermagem tem o direito e o dever de realizar cursos de comuni-
cação e expressão de LIBRAS, a fim de proporcionar um melhor atendimento às pessoas
com deficiência auditiva. Apesar disso, observa-se ainda um déficit na formação desses
profissionais, no que tange o conhecimento sobre a LIBRAS aplicada à saúde, uma vez que
o decreto 5.626/2005 estabelece a LIBRAS como componente curricular obrigatório apenas
nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia.
Contudo, apesar da Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência
desde 2006 assegurar os direitos dos usuários de saúde surdos, esta comunidade ainda
representa uma importante parcela da população brasileira que enfrenta inúmeras barreiras
na acessibilidade à saúde, de acordo com Pereira et al. (2020). Estima-se que 9,7 milhões de
brasileiros apresentam algum tipo de deficiência, sendo 22,1% com caráter severo – isto é,
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indivíduos que não ouvem ou com baixa audição, ainda que usem aparelhos auditivos. As fa-
lhas de comunicação aumentam as chances de diagnósticos equivocados, erros de preen-
chimento de prontuário por problemas de compreensão na anamnese, constrangimentos,
não adesão ao tratamento, sofrimento e insatisfação do usuário.
Entretanto, tendo em vista essa realidade e considerando que o pilar para a atenção
em saúde (desde a anamnese até o momento das orientações) é a boa comunicação entre
o profissional e o usuário, é de se esperar que, no momento em que isso se torna falho, são
grandes as possibilidades de equívocos de diagnósticos e, consequentemente, de proble-
mas em sua solução, como afirma Soares et. al. (2018). A equipe de enfermagem ainda
está, na sua maioria, despreparada para atender a população com necessidades especiais,
o que interfere diretamente na qualidade do cuidado prestado e contribui para a resistência
apresentada por esses indivíduos quanto à procura dos serviços de saúde e adesão ao
tratamento correto.
Portanto, nesse cenário, ao buscar atendimento em saúde, os principais obstáculos
enfrentados por surdos envolvem a falta de conhecimento da língua de sinais, por parte dos
profissionais, e a falta de intérpretes nas unidades. É notório que tais dificuldades prejudicam
o acesso desses sujeitos aos serviços de saúde. No Reino Unido, um estudo revelou que o
nível de insatisfação em relação à comunicação estabelecida com os médicos e a equipe de
saúde da atenção primária é maior entre pacientes surdos do que entre ouvintes (Santos,
A.S; Portes, A.J.F., 2019).
Em suma, as barreiras comunicacionais geram sentimentos negativos e afastam o
sujeito das unidades de saúde, o medo de não ser compreendido faz com que este busque
atendimento apenas em caso de adoecimento. Por fim, é fundamental que o profissional
invista em estratégias que facilitem a compreensão e o acolhimento do sujeito através de
uma comunicação efetiva.
Mediante o exposto, o objetivo deste trabalho foi identificar quais são as barreiras co-
municativas enfrentadas entre usuários surdos e profissionais de saúde.
MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura cuja busca foi realizada nas bases
de dados Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System
(MEDLINE), via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no mês de novembro de 2022.
A revisão integrativa da literatura é um método que permite síntese de conhecimento
por meio de processo sistemático e rigoroso. Para o desenvolvimento desta revisão, foram
adotadas seis etapas: (1) Seleção da questão orientadora da revisão; (2) Busca e seleção
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dos estudos primários; (3) Extração de dados dos estudos primários; (4) Avaliação crítica
dos estudos; (5) Síntese dos resultados da revisão e (6) Apresentação da revisão (MENDES;
SILVEIRA; GALVÃO, 2019).
Inicialmente realizou-se a seleção dos artigos por meio de uma busca avançada com os
três descritores padronizados e disponíveis nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).
Para a realização do rastreio, os descritores foram utilizados conforme estão apresentados
a seguir: Barreira de comunicação (and) Surdez; Surdez (and) Acesso a serviço de saúde;
Barreira de comunicação (and) Acesso a serviço de saúde.
A análise dos dados seguiu critérios de inclusão baseados no tema proposto pela atual
pesquisa, sendo: (1) estudos realizados entre os anos de 2017 e 2022; (2) publicações
disponíveis em formato de artigos completos (originais); (3) estudos publicados no idioma
português, inglês e espanhol. Foram excluídos os artigos repetidos e estudos que tratavam
da comunidade surda sem referência a barreira comunicativa enfrentada entre os surdos e
profissionais de saúde.
Na investigação inicial, foram encontrados 557 estudos por meio de uma busca avan-
çada com os descritores citados. Após aplicação dos critérios de inclusão, totalizou-se 158
publicações. Finalizando assim a primeira etapa, nos quais estavam distribuídos nas se-
guintes bases de dados: BDENF (11); LILACS (30); MEDLINE (117).
Após leitura e análise integral dos estudos, 25 publicações tratavam sobre a barreira
comunicativa enfrentada entre os surdos e profissionais de saúde. Porém, 8 estavam repeti-
dos, encontrando-se indexados em mais de uma base. Dessa forma, dos 25 artigos, restaram
17 estudos que definiram a amostra final desta revisão, os quais foram organizados em uma
tabela descrita nos resultados.
A construção da amostra de dados analisada, a partir das estratégias de busca des-
critas acima, está disposta no formato de organograma na Figura 1.
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Figura 1. Organograma sintetizando as estratégias de busca utilizadas, que resultaram na amostra de dados final.
RESULTADOS
Com a pesquisa dos descritores nas bases de dados mencionadas, foi possível en-
contrar uma amostra de 557 artigos, que, após a aplicação dos critérios de inclusão e a
exclusão dos artigos repetidos e dos que não abordavam as barreiras comunicativas entre
a população surda e os profissionais da saúde, sofreu modificação, e, no final, contou com
17 estudos selecionados.
Dos 17 artigos científicos, 47,05% (n=8) foram encontrados na base LILACS, 29,41%
(n=5) encontrados na base BDENF e 23,52% (n=4) encontrados na base Medline. Ademais,
em relação ao ano de publicação dos artigos, foram selecionados estudos dos últimos 6
anos (2017 a 2022). Nota-se que o ano de 2020 se sobressaiu, apresentando 5 artigos dos
17 selecionados, enquanto as outras publicações ficaram bem distribuídas nos demais pe-
ríodos, excetuando-se o ano de 2022, no qual só teve 1 artigo selecionado.
Em relação aos periódicos, a distribuição das publicações foi: dois artigos na Revista
CEFAC e na Revista Baiana de Enfermagem, e apenas um artigo das demais revistas citadas:
Revista Brasileira de Epidemiologia, Saúde em Redes, Revista Brasileira em Promoção da
Saúde, Revista Brasileira de Educação Médica, Clinical Medicine, Journal of the American
Association of Nurse Practitioners, Scandinavian Journal of Caring Sciences, Gaceta
Sanitaria, Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, Revista Eletrônica de Comunicação
Informação & Inovação em Saúde, Revista Enfermagem Atual In Derme, Fundamental Care
Online e Revista Latino-Americana de Enfermagem. A tabela 1 mostra as especificações
de cada um dos estudos.
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Tabela 1. Artigos coletados nas bases de dados LILACS, BDENF e Medline sobre as dificuldades relacionadas à comunicação
entre pacientes surdos e profissionais de saúde.
BASE DE
TÍTULO DO ARTIGO AUTORES PERIÓDICO E ANO
DADOS
Barreiras e facilitadores à comunicação no atendi- Condessa, A.M; Giordani, Rev. Bras.
LILACS mento de pessoas com deficiência sensorial na aten- J.M.A; Neves, M; Hugo, F.N; Epidemiologia, 2020.
ção primária à saúde: estudo multinível. Hilgert, J.B.
Barreiras arquitetônicas e de comunicação no acesso Santos, M.L.M; Fernandes, J.M; Epidemiol. Serv. Saúde,
à atenção básica em saúde no Brasil: uma análise Vicente, D.P; Simionatto, J; San- 2020.
LILACS
a partir do primeiro Censo Nacional das Unidades ches, V.S; Souza, A.S;
Básicas de Saúde, 2012. Christofoletti, G; Merey, L.F.
Assistência à gestante surda: barreiras de comunica- Ferreira, D.R; Alves, F.A.P; Silva, Saúde em Redes, 2019.
LILACS ção encontradas pela equipe de saúde. E.M.A;
Linhares, F.M.P; Araújo, G.K.N.
A perspectiva do paciente surdo acerca do atendi- Rezende, R.F; Guerra, L.B; Car- Rev. CEFAC, 2021.
LILACS
mento à saúde. valho, S.A,S.
Comunicação e acessibilidade: percepções de pesso- Vieira, C.M; Caniato, D.G; Yone- Rev. Eletron. Comun. Inf.
LILACS as com deficiência auditiva sobre seu atendimento motu, B.P.R. Inov. Saúde, 2017.
nos serviços de saúde.
Atenção à saúde e surdez: desafios para implantação Nóbrega, J.D; Munguba, M.C; Revista Brasileira em
LILACS da rede de cuidados à pessoa com deficiência. Pontes, R.J.S. Promoção da Saúde,
2017.
“Meu Sonho É Ser Compreendido”: Uma Análise da Pereira, A.A.C; Passarin, N.P; Revista Brasileira de
LILACS Interação Médico-Paciente Surdo durante Assistência Nishida, F.S; Garcez, V.F. Educação Médica, 2020.
à Saúde.
Satisfação do usuário surdo com o atendimento à Rezende, R.F; Guerra, L.B; Car- Rev. CEFAC.
LILACS
saúde. valho, S.A.S. 2020.
Assistência de enfermagem a uma paciente surda Nepomuceno, S.R; Paiva, J.S; Rev. Enferm. Atual In
BDENF hospitalizada: relato reflexivo de uma experiência. Lima, H.F; Bezerra, B.H; Noguei- Derme, 2022.
ra, V.T.F; Rouberte, E.S.C.
Como eu falo com você? A comunicação do enfer- Soares, I.P; Lima, E.M.M; San- Rev. Baiana Enferm.,
BDENF
meiro com o usuário surdo. tos, A.C.M; Ferreira, C.B. 2018.
Comunicação com deficientes auditivos na ótica de Marquete, V.F; Costa, M.A.R; Rev. Baiana Enferm.,
BDENF
profissionais de saúde. Teston, E.F. 2018.
Acolher e escutar o silêncio: o cuidado de enferma- Costa, A.A; Vogt, S.E; Ruas, Fundam. Care. Online,
BDENF gem sob a ótica da mulher surda durante a gestação, E.F.G; 2018.
parto e puerpério. Holzmann, A.P.F; Silva, P.L.N.
Percepções de sujeitos surdos sobre a comunicação Santos, A.S; Portes, A.J.F. Rev. Latino-Am. Enfer-
BDENF
na Atenção Básica à Saúde. magem, 2019.
Exploring communication difficulties with deaf pa- Abou-Abdallah, M; Lamyman, Clinical Medicine, 2021.
Medline
tients. A.
Nurse practitioner perceptions of barriers and faci- Pendergrass, K.M; Nemeth, L; Journal of the American
litators in providing health care for deaf American Newman, S.D; Jenkins, C.M; Association of Nurse
Medline
Sign Language users: A qualitative socio-ecological Jones, E.G. Practitioners, 2017.
approach.
Communication difficulties experienced by deaf male Sirch, L; Salvador, L; Palese, A. Scandinavian Journal of
Medline patients during their in-hospital stay: findings from a Caring Sciences, 2017.
qualitative descriptive study.
Accesibilidad de las mujeres sordas al sistema público Luengo-Rubalcaba, S; Abad- Gaceta Sanitaria, 2020.
Medline
sanitario del País Vasco. -García, R; Tíscar-González, V.
Com referência à metodologia utilizada, 47,06% (n=8) dos estudos são de abordagem
qualitativa, 41,18% (n=7) são de abordagem quantitativa e 11,76% (n=2) são de abordagem
mista (quanti-qualitativa). Em relação às temáticas dos estudos selecionados, a tabela 2 apre-
senta os 17 artigos e suas respectivas considerações, além das abordagens empregadas.
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Tabela 2. Artigos selecionados e suas respectivas temáticas exploradas.
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DISCUSSÃO
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presença de um intérprete durante o atendimento deixou o paciente surdo mais satisfeito
com a assistência ofertada pelo profissional. Vale ressaltar ainda, que este intérprete foi
contratado pelo próprio usuário, visto que nas unidades não se faz presente esse tipo de
profissional. A pesquisa de Marquete, V.F; Costa, M.A.R; Teston, E.F. (2018), também
apresenta o intérprete como um facilitador da assistência, entretanto eles ressaltam que
a presença deste durante as consultas, não proporciona um vínculo e uma comunicação
integral e direta entre o paciente e o profissional de saúde.
Além de não proporcionar uma inclusão direta entre profissional e usuário, a presen-
ça de terceiros, como o intérprete e o próprio familiar, podem ser vistos como barreiras
de comunicação, pois por vezes o paciente surdo pode se sentir constrangido em relatar
suas demandas pessoais e sentir que sua privacidade está sendo violada. Em Rezende,
R.F; Guerra, L.B; Carvalho, S.A,S.(2021), Pereira et al. (2020) e Vieira, C.M; Caniato, D.G;
Yonemotu, B.P.R. (2017) foi visto que, ter algum acompanhante durante as consultas pode
fragilizar a relação profissional/paciente, pois o usuário não consegue expor suas intimidades
e particularidades, pelo fato de sentir-se envergonhado e constrangido.
Dessa forma, Rubalcaba, García e Gonzáles (2020) reafirmam sobre o sentimento de
descriminação e limitação da sua própria autonomia no acesso ao sistema de saúde, pois os
profissionais costumam ignorá-los como comunicadores válidos quando há outro interlocutor
que se comunica oralmente. Assim, os profissionais não os abordam mesmo quando se trata
de sua própria saúde gerando um desconforto e sentimentos profundos de invisibilidade,
fazendo com que se sintam inválidos como pessoas. Assim contribuem para não receberem
a mesma assistência com qualidade que seria prestada a uma pessoa ouvinte que interfere
na tomada de decisões, restringindo seu direito à autonomia.
Apesar das barreiras de comunicação apresentadas acima, os estudos demonstraram
que tanto profissionais como pacientes surdos buscam estratégias que possam facilitar a
comunicação durante as consultas, dentre as quais pode-se citar a utilização de gestos,
mímicas, leitura labial e escrita. Embora esses facilitadores possam, por vezes, contribuir
para viabilizar a assistência, pesquisas demonstram que podem ocorrer falhas no atendi-
mento. Em Ferreira, D.R; Alves, F.A.P; Silva, E.M.A; Linhares, F.M.P; (2019) os pacientes
relatam que por vezes não conseguem realizar a leitura labial ou não se fazem entendidos
por meio de mímica e gestos. Além disso, a utilização da escrita não se faz eficaz pois muitos
usuários não são alfabetizados.
Outra barreira facilmente encontrada e vivenciada pela a equipe de enfermagem é
não saber quando estará diante um paciente surdo na unidade de saúde, o que dificulta o
processo de cuidado com qualidade. Se a equipe estivesse ciente de quando um usuário
surdo precisaria e fosse até a unidade, poderia solicitar antecipadamente a presença de
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um intérprete no dia para que pudesse colaborar com a assistência ao mesmo. Mas como
o processo fisiológico e patológico de saúde-doença se estende para além do controle hu-
mano, não será previsível quando este necessitará dos cuidados da equipe.
Em pesquisas realizadas nas Unidades Básicas de Saúde do Brasil ficou evidente
que “a maioria dessas instituições não apresentam os facilitadores necessários à comuni-
cação para garantir acessibilidade às pessoas com deficiência sensorial” (Condessa, et al.,
2020.). Diante desses dados, é notório que haja planejamento e promoção de ações que
possibilitem a implantação de facilitadores e uma adequação na prestação de serviços para
os pacientes surdos.
Abdallah e Lamyman (2022) reiteram a importância de promover a inclusão de pes-
soas surdas em todos os âmbitos da saúde. Devem ser aprimoradas as políticas públicas
de saúde, a pesquisa e que a educação seja mais acessível, a fim de alcançar resultados
positivos para o engajamento dos pacientes surdos. Ao fazer isso, podemos ver melhorias
na qualidade de vida dos mesmos, principalmente ao que tange na situação socioeconômica
daqueles que têm perda auditiva e uma maior representação da comunidade surda na práti-
ca clínica e na educação em saúde colaborando para o desenvolvimento técnico-científico.
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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mulher surda durante a gestação, parto e puerpério. Fundam. Care. Online, jan./mar.
10(1): 123-129, 2018. Disponível em: <DOI: 10.9789/2175-5361>. Acesso em: 29 nov. 2022.
MARQUETE, V.F; COSTA, M.A.R; TESTON, E.F. Comunicação com deficientes auditivos
na ótica de profissionais de saúde. Rev. Baiana Enferm. 32:e24055, 2018. Disponível em:
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NÓBREGA, J.D; MUNGUBA, M.C; PONTES, R.J.S. Atenção à saúde e surdez: de-
safios para implantação da rede de cuidados à pessoa com deficiência. Revista Bra-
sileira em Promoção da Saúde, 30(3): 1-10, jul/set., 2017. Disponível em: <doi:
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REZENDE, R.F; GUERRA, L.B; CARVALHO, S.A.S. Satisfação do usuário surdo como
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204
REZENDE, R.F. et al. A perspectiva do paciente surdo acerca do atendimento à saú-
de. Rev. CEFAC, 23(2):e06202021, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-
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SOARES, I.P. et al. Como eu falo com você? A comunicação do enfermeiro com o usu-
ário surdo. Rev. Baiana Enferm. 32:e25978, 2018. Disponível em: <DOI 10.18471/rbe.
v32.25978>. Acesso em: 29 nov. 2022.
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Relato de caso de árvore de jatobá (família
fabaceae; Hymenaea courbaril L., 1753)
Morta no centro da cidade de Uberaba, MG
Afonso Pelli
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM
'10.37885/230111697
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de apresentar um relato de caso de indivíduo arbóreo que morreu
no Campus I da UFTM e tentar identificar possível causa da morte. A História de Vida de
qualquer organismo envolve atributos (nascer, crescer, atingir a maturidade sexual, passar
por episódio (s) reprodutivo (s), senescência e morte programada), que se adequam às con-
dições de seus ambientes. O intuito é maximizar a sobrevivência, reprodução e contribuição
genética para a próxima geração. Como resultado das observações, os autores concluem
que não se pode afirmar que a árvore em pauta foi morta por anelamento, uso de herbicidas
ou outros métodos usuais. As recomendações cabíveis no presente caso seria arquivar o
processo, pois não foram encontradas evidências de negligência, imperícia, imprudência ou
mesmo crime ambiental. Este problema poderia ter sido evitado se um profissional da área,
tivesse orientado a escolha de qual espécie plantar no referido local.
Figura 1. Diferentes tipos de curva de sobrevivência, para diferentes categorias taxonômicas, evidenciando que muitas
vezes os organismos morrem antes de experimentar ao menos um episódio reprodutivo (lx – supervivência e x – idade).
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taxa de mortalidade inicial. Ou seja, muitos indivíduos nascem, sem, no entanto, atingirem
o período reprodutivo. Sabemos que na natureza um indivíduo deixa apenas um indivíduo
que irá chegar à maturidade, e este irá deixar apenas um descendente. Caso uma fêmea
deixasse mais de uma fêmea ou descendente (média de 1,1 descendentes/genitor, p.ex.) não
teria espaço no planeta Terra para os descendentes do único genitor original. Caso o mesmo
organismo deixasse 0,9 descendentes/genitor, em pouco tempo está população seria extinta.
DETALHAMENTO DO CASO
No estudo de caso atual, o indivíduo em pauta é uma árvore. Como existia a suspeita
de que a árvore poderia ter sido morta, e não morrido por causas naturais, um processo
administrativo foi aberto. Dessa forma em meados de 2019, a Disciplina de Ecologia &
Evolução do Instituto de Ciências Biológicas e Naturais foi notificada através do Processo
Administrativo interno da UFTM nº 23085.030016/2019-78. São vários fatores relacionados
ao evento da morte de uma árvore no Campus I da UFTM, em um ambiente drasticamente
modificado e antropizado. Desta forma são tecidas algumas considerações.
Existem basicamente três possibilidades para matar uma árvore. A primeira seria o
corte do tronco e posterior destoca de raiz. Outra possibilidade seria o anelamento. Para que
a árvore morra é necessário retirar um anel ao redor de toda a extensão do tronco, comple-
tando a circunferência. Esta técnica é conhecida como anel de Malpighi. Este nome se deve
ao biólogo italiano Marcello Malpighi (1628-1694), que concebeu experimento elegante e
simples em 1675 (Figura 2).
Figura 2. Anel de Malpighi, retirando todas as camadas da casca da árvore, levando a árvore a morte após alguns meses.
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Como a casca é grossa e composta por várias camadas, recomenda-se que sejam
feitos dois anelamentos, sendo um logo acima do outro, paralelos e equidistantes em 10
cm. O anelamento interrompe o floema e provoca o acúmulo de substâncias acima do corte,
que não mais passam para a parte inferior. Algumas semanas depois da operação, pode-se
notar um inchaço na região imediatamente acima do corte (RAVEN et al. 2011).
O corte ao longo da circunferência do tronco deve ter profundidade suficiente para
interromper a passagem da seiva elaborada.
Outra estratégia para matar árvores seria com o uso de herbicidas, que podem ser apli-
cados de diversas formas. Os herbicidas mais comuns e eficazes são os à base de glifosato
(Roundup, Killzall, Volagro) ou de triclopir (Garlon, Bush B Gon, Termifin).
Ainda existe outra possibilidade pouco eficaz, que seria o uso de água fervente nas
raízes da planta. Esta metodologia não é usual, é cara e demanda grande esforço, assim
como o emprego de grandes quantidades de óleo queimado. Prática também pouco eficaz
e usual, sendo que a última deixa evidência marcante.
A Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como Instituição, se preocupa com suas
obrigações legais e, não poderia ser diferente, já que as Instituições Federais de Ensino
Superior do país são as responsáveis pela produção e divulgação do conhecimento, sempre
alicerçado na ética e respeito. A sustentabilidade ambiental, econômica e social é meta da
UFTM. Questões relacionadas a supressão de árvores na UFTM já foram abordadas de
maneira coerente e ética no passado.
No ano de 2009, após algumas fortes chuvas na cidade de Uberaba, um servidor preo-
cupado com a segurança patrimonial e com a vida de transeuntes, encaminhou Memorando
136 de 2009 da Disciplina de Ecologia & Evolução, de 27 de outubro de 2009, ao Ilmo. Sr.,
Prof. Dr. Virmondes Rodrigues Junior, então Reitor Pro-tempore da UFTM, com o assunto:
projeto paisagístico do Campus I. No memorando relatava a preocupação com o assun-
to. O Magnífico Reitor Virmondes R. Junior solicitou um projeto. Na época foi recomendada
poda controlada de todas as árvores do Campus I e sugerido que um projeto paisagístico
fosse apresentado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Uberaba, incluindo a supres-
são de árvores e plantio de novas mudas de porte compatível com o ambiente.
O Memorando 05 de 2010 da Disciplina de Ecologia & Evolução, de 23 de fevereiro
de 2010, encaminhado ao Ilmo. Sr., Prof. Dr. Virmondes Rodrigues Junior, na época Reitor
Pro-tempore da UFTM, com o assunto “projeto paisagístico do Campus I” apresentava a
proposta, que foi aprovada. Desta forma foi encaminhado Ofício 20 de 2010 da Disciplina
de Ecologia & Evolução, de 25 de março de 2010, ao Ilmo. Sr., Dr. José Sidney da Silva,
Diretor do Depto de Recursos Ambientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de
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Uberaba. O assunto era projeto paisagístico e revitalização de parte do jardim do Campus I da
UFTM, na Praça Manoel Terra, 330.
O Processo administrativo 1/6409/2010 foi gerado em 26 de março de 2010, às 16:53:54,
com código de barras 010064092010, da Prefeitura Municipal de Uberaba/MG.
Concluindo pode-se dizer que se a UFTM, por algum motivo, desejasse o corte da
árvore em pauta, teria solicitado permissão à prefeitura. E jamais iria realizar qualquer tipo
de procedimento ilegal.
O objetivo do presente artigo é apresentar um relato de caso de indivíduo arbóreo que
morreu no Campus I da UFTM e tentar identificar possível causa da morte.
Metodologia
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 3. Visão geral da árvore, que segundo o Departamento de Controle Ambiental da Prefeitura Municipal de Uberaba,
Secretaria de Meio Ambiente, teria sofrido anelamento
Figura 4. Visão de possível anel de Malpighi que, segundo o Departamento de Controle Ambiental da Prefeitura Municipal
de Uberaba, teria sido realizado na árvore.
Figura 5. Visão de possível anel de Malpighi que, segundo o Departamento de Controle Ambiental da Prefeitura Municipal
de Uberaba, teria sido realizado na árvore (observar a retirada da vegetação que cobria a parte afetada da árvore).
Figura 6. Visão posterior da árvore, na altura de possível anel de Malpighi que, segundo o Departamento de Controle
Ambiental da Prefeitura Municipal de Uberaba, teria sido realizado na árvore (observar que a casca da árvore se encontra
intacta.
Figura 7. Restos de pequenos fragmentos no pé da árvore, compatível com a ocorrência de cupim ou serra-pau, que
podem causar danos semelhantes à árvores.
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Como pode-se observar pelas fotos, não foi realizado anelamento completo na árvore,
logo essa técnica, frequentemente utilizada para matar árvores deve ser descartada. Outra
evidência que deve ser considerada é que algumas semanas depois do anelamento, ob-
serva-se inchaço na região imediatamente acima do corte. O que também não foi constata-
do. De fato, a árvore está machucada, mas não existem meios de afirmar há quanto tempo
ela foi danificada, pois, a cicatrização está completa, sem sinais de seiva. Quando a árvore
foi machucada há pouco tempo, a seiva escorre, solidifica e forma cristais, como o famoso
âmbar. No presente caso não existem sinais de cristais de seiva, logo o machucado deve
ser antigo e, com o passar do tempo foi sendo naturalmente eliminado. Em alguns casos, a
árvore é machucada ainda plântula, e carrega a cicatriz por toda a vida.
A Figura 3, fotos A, B e C, evidenciam trepadeiras saudáveis e enraizadas no pé da
árvore (algumas foram retiradas para visualizar possível anelamento – que não foi consta-
tado). Sendo que várias cobriam a parte danificada da planta. Daí conclui-se que não foi
utilizado herbicida, pois caso contrário essa planta também estaria morta. Tampouco foi
utilizada água fervente ou óleo queimado. A água fervente mataria a outra planta e o óleo
queimado deixaria evidências claras.
A Figura 07 apresenta resíduos no pé da árvore que são compatíveis com resíduos
produzidos por insetos das Ordens Coleoptera ou Isoptera. Isoptera é uma Ordem de insetos
eussociais, conhecidos por cupins ou térmitas. Com cerca de 2.800 espécies catalogadas
no mundo (320 no Brasil), são notórios pelos prejuízos econômicos que causam como pra-
gas de madeira e de outros materiais celulósicos, ou ainda como pragas agrícolas, apesar
de apenas cerca de 10% das espécies conhecidas de cupim possuir estas características.
Em número de espécies, a Ordem Isoptera deve ser considerada intermediária entre
os insetos; já em termos de biomassa e abundância, os cupins apresentam enorme signifi-
cância e quase podem ser comparados às formigas, minhocas, mamíferos herbívoros das
savanas africanas ou até mesmo com seres humanos, e estão entre os mais abundantes
invertebrados de solo de ecossistemas tropicais. Esta grande abundância dos cupins nos
ecossistemas, aliada à existência de diferentes simbiontes, confere, a estes insetos, a possi-
bilidade de desempenhar papéis como o de “super decompositores” e auxiliares no balanço
carbono-nitrogênio.
É bem provável que a ocorrência desses insetos tenha colaborado, em maior ou menor
grau, para a morte da árvore.
CONCLUSÕES
Não existe evidência que possa ser utilizada para dizer que a árvore em pauta foi morta
por anelamento, uso de herbicidas ou outros métodos usuais.
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Ela realmente estava danificada, mas não se pode afirmar que a morte foi causada
pelos danos nem tampouco há quanto tempo o dano foi realizado. É provável que o dano
tenha sido causado por pessoas que usam a casca da árvore para uso medicamentoso,
através da medicina tradicional, mas sem intenção de matar a árvore. Além disso, a possível
retirada de parte da casca não é suficiente para matar a árvore.
Como a árvore é de grande porte, é provável que a morte tenha sido natural. O am-
biente não é adequado, existe elevada impermeabilidade do solo. A árvore estava no centro
da cidade em um canteiro bem pequeno.
Este problema poderia ter sido evitado se um profissional da área, como um biólogo
p. ex., tivesse orientado a escolha de qual espécie plantar naquele local.
Na Figura 8 observa-se um exemplar da espécie Paubrasilia echinata Lam. plantado
em situação semelhante. Vale ressaltar que a área de distribuição original da espécie é de
floresta ombrófila densa da Mata Atlântica, a partir do extremo nordeste do Brasil até o Rio
de Janeiro, ou seja, nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A árvore, típica de ambiente úmido e som-
breado pode alcançar 15 metros, com copa frondosa e ampla. Está localizada em terreno
com desnível de 1,5 a dois metros do nível da rua, o que condiciona solo mais seco no
inverno. Provavelmente a UFTM irá passar pelo mesmo problema em alguns anos, já que
é previsível a morte deste indivíduo.
Figura 8. Visão geral de um exemplar de Pau-Brasil plantado próximo a árvore que morreu, em condições similares a
outra. Pode-se observar desnível com a rua que passa por trás da árvore.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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a arborização urbana no local. Também é sugerida o transplante da árvore de Pau-Brasil
enquanto ainda está jovem, visando evitar possíveis problemas correlatos no futuro.
Também se recomenda a contratação imediata de um biólogo, através de concur-
so público, para participar e cuidar das questões relacionadas ao meio ambiente, dentro
do âmbito da UFTM.
REFERÊNCIAS
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usadas pelos índios Tapebas do Ceará. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 15,
n.2, p. 169-177, 2005.
OLIVEIRA, F.G.S.; LIMA-SARAIVA, S.R.G.; MELO, B.C.A.; SILVA, R.A.; SANTOS, M.A.B.;
FÉLIX, W.P.; ALMEIDA, J.R.G.S. Phytochemical screening, Sun Protection Factor (SPF)
and sugar analysis of jatobá fruits (Hymenaea martiana Hayne): A native medicinal plant
from the San Francisco Valley. Food Science and Technology, v.39, n.2, 2019. http://
dx.doi.org/10.1590/fst.18718.
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PIOA, I. D. S. L.; LAVOR, A.L.; DAMASCENOA, C.M.D.; MENEZES, P. M. N.; SILVA,
F.S.; MAIA, G. L. A. Traditional knowledge and uses of medicinal plants by the inhabitants
of the islands of the São Francisco river, Brazil and preliminary analysis of Rhaphiodon
echinus (Lamiaceae). Brazilian Journal of Biology, v. 79, n.1, p. 87-99, 2018. http://dx.doi.
org/10.1590/1519-6984.177447.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 7ª ed. Editora Guana-
bara Koogan S.A. Rio de Janeiro. 2011, 906 p.
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Sabores e afetos: uma experiência de
protagonismo e construção de identidades
na cozinha
'10.37885/221211507
RESUMO
A alimentação é um fazer essencial para a vida, por muito tempo essa prática vem se mo-
dificando e se tornando cada vez mais complexa. O espaço da cozinha se tornou um lugar
que possibilita encontros, identificação, pertencimento e expressões culturais, além de con-
tribuir para a promoção da autonomia e independência dos indivíduos. A partir da primeira
infância se inicia o contato com os alimentos, sendo esta uma interação que estimula a
exploração de diferentes aromas, texturas e sabores que serão ofertados de acordo com a
cultura de cada família e influenciam no desenvolvimento e aquisição de habilidades. Tal
experiência para muitas pessoas é algo comum, no entanto para a pessoa com deficiência
ela pode ser incompleta visto as barreiras que podem impedi-los de realizar suas escolhas.
Com isto posto, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Sorocaba/SP,
desenvolve atividades que proporcionam a vivência da pessoa com deficiência no ambien-
te da cozinha através de oficinas do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos,
serviço tipificado na Tipificação de Serviços Socioassistenciais. As atividades facilitaram a
construção do livro de receitas adaptado, construído coletivamente e a partir das potências
desenvolvidas dentro da oficina Cozinha Experimental, todo o processo incitou a construção
de autonomia, o sentimento de pertencimento e identificação das potencialidades de cada
usário a partir da aproximação de cada história, conforme previsto na Política Nacional de
Assistência Social. Este relato de experiência propõe compartilhar o trabalhado desenvolvido
pelo serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, descorre sobre as metodologias
utilizadas para elaborar uma linguagem adaptada e identificar as potenciais individuais de
cada usuário para a construção do livro, bem como os resultados alcançados que impactam
diretamente a qualidade de vida desses sujeitos.
1 Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2021. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de- imprensa/ha-no�
-
-mundo-quase-240-milhoes-de-criancas-com-deficiencia-revela-analise-do-unicef> Acesso em junho, 2022.
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A execução do serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, visa garantir o
direito de pleno desenvolvimento dessas pessoas, de forma que elas atravessem todas as
fases do ciclo de suas vidas com equidade de oportunidades, autonomia e qualidade de vida.
Uma das estratégias do atendimento desenvolvido no serviço foi a oficina “Cozinha
Experimental: Sabores e Afetos”, que prevê atividades voltadas para garantia da segurança
alimentar dos usuários e suas famílias, formado de ações contínuas, vinculadas à atividade
“Lançando Sementes” também desenvolvida na instituição. Tem a finalidade de promover às
famílias o acesso à produção de uma alimentação saudável que incida sobre os índices de
adoecimento pela má qualidade da alimentação e/ou escassez de valores nutricionais nos
alimentos consumidos, em consonância com a Política Nacional de Segurança Alimentar.
Para as famílias em situação de empobrecimento ou cuja renda não é suficiente para
garantir a variedade de alimentos ideal, as atividades da Cozinha Experimental trazem estra-
tégias para aproveitamento de tudo que normalmente é descartado, transformando em fonte
de alimentação saudável e de valores nutricionais aliados no enfrentamento à insegurança
alimentar. As atividades desenvolvidas se fundamentam na Política Nacional de Assistência
Social (2004), que prevê a elaboração de serviços voltados à garantia dos mínimos sociais,
contribuindo com a inclusão e equidade dos usuários, assegurando ações que garantam a
convivência familiar e comunitária.
Assim, o presente trabalho prevê relatar uma das atividades desenvolvidas na oficina,
a elaboração do livro “Misturando as Gostosuras do Comilão”, produzido e editado pelos
usuários do Centro de Convivência, com recursos de linguagem adaptados a pessoas com
deficiência intelectual e que materializou o objetivo das atividades desenvolvidas na oficina
de desenvolver as potencialidades da pessoa com deficiência, a sensibilidade, o espírito de
colaboração e iniciativa, a motivação e a aquisição de repertório com valores de cooperação
e solidariedade em uma culinária afetiva.
A comida está presente na vida de qualquer ser vivo como principal fonte de proteínas,
carboidratos, lipídeos, vitaminas e minerais; que químicamente se transformam em energia
e outros componentes necessários para manutenção do corpo e sua existência.
No entanto com a evolução da humanidade a comida deixou de ser apenas um ato
necessário à sobrevivência, e através da modificação do cultivo e preparo dos alimentos
houve a descoberta de diferentes técnicas de culinária o que a partir de então passaram a
guardar tradições, representar culturas, firmar identidades e unir grupos diversos de pessoas,
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tornando um fazer que antes era apenas fundamental para sobrevivência em um espaço de
outras possibilidades.
O desenvolvimento de um indivíduo se dá através das experiências vividas, as trocas
de saberes e o praticar dessas ações. Ainda na primeira infância, instintivamente, a criança
explora o ambiente ao seu redor em busca de estímulos que vão complementar e aprimo-
rar o seu desenvolvimento e a aquisição de habilidades, neste período as experiências são
fundamentais para o seu aprendizado. A alimentação exerce um papel primordial neste pe-
ríodo, pois proporciona o contato com diferentes texturas, aromas, sabores, o que a partir do
processamento sensorial o indivíduo armazena a memória baseada na experiência, além de
promover a construção da autonomia e independência e ser um dos primeiros contatos da
criança com a cultura de sua família. Como cita Azevedo, S. e Ortale, F. (2019), a cozinha
evidencia uma identificação cultural e a escolha de um alimento, muitas vezes, carrega o
sentimento de pertencimento de uma comunidade.
Mas, para que a experiência seja completa é preciso considerar o contexto de vida, as
subjetividades e as características que compõem uma família, por exemplo, uma criança
com deficiência pode precisar de outros mecanismos ou auxílio para explorar o ambiente
da cozinha e assim descobrir suas potencialidades nesse espaço. No entanto, uma família
que não tem acesso a orientações específicas ou acompanhamento profissional, poderá
encontrar maiores dificuldades e não conseguir proporcionar essa vivência por completo,
podendo refletir negativamente em seu desenvolvimento.
Dentre as diversas experiências proporcionadas na culinária encontramos as trocas
culturais, que são primordiais para a construção de identidades. Essa troca pode acontecer
de diferentes formas, mas neste caso iremos discutir sobre a experiência do indivíduo com
o alimento e os impactos sociais em torno da comida.
Durante as atividades na oficina de Cozinha Experimental, no Centro de Convivência
e Fortalecimento de vínculos da APAE-Sorocaba, oferecidas para um público de adultos,
jovens e idosos com deficiência intelectual e múltiplas; foram observados que a maioria
dos usuários do serviço não tiveram o contato com o alimento em sua integridade durante
a infância, ou quando tiveram, existia sempre impedimentos que tornavam a experiência
incompleta, apresentando reflexos disso em sua vida adulta. Na presença de algo que
impeça a participação efetiva de uma atividade cotidiana, encontram-se rompimentos no
desenvolvimento de autonomia e independência, o que pode levar o indivíduo a grandes
impactos ao longo de todas as fases de sua vida.
A alimentação é algo que está presente em todo ciclo da vida e ela está ligada com
outras ações cotidianas, como na consolidação das relações, construção de identidade e
assim como as suas diferentes formas de fazer, o ato de cozinhar ganhou também espaço
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nas tradições de diferentes povos, reunindo pessoas e permitindo a construção de uma
memória afetiva completa vivenciada.
Compreendendo o impacto do alimento na nossa vida é possível construir outras dis-
cussões em torno disso, como o fato de que ao se alimentar um indivíduo precisaria realizar
escolhas e identificar aquilo que seu corpo aceita, o que é necessário para sua saúde e o que
está inserido no seu repertório e cultura, ação que pode ser traduzida como autonomia de
escolha, mas que quando se trata de algumas parcelas da sociedade se torna algo distante.
Para algumas pessoas com deficiência na sociedade, ainda é muito distante a pos-
sibilidade de escolha sobre aquilo que se vai consumir ou fazer no universo da culinária.
Pessoas com deficiência historicamente são segregadas das atividades coletivas da socie-
dade e o fato de sua presença não ser permitida no fazer e escolhas do ambiente da cozinha
traduz o quão hostil tem sido a sua participação nos espaços, afinal a cozinha é onde as
pessoas se reúnem, conversam, fazem suas escolhas, constroem memórias, firmam sua
identidade, constroem a independência financeira e estabelecem seu lugar naquela cultura
configurando tradições.
Segundo Azevedo e Ortale (2019, apud Heck e Belluzzo (1998, p. 90), a culinária
representa identidades que não se diluem com o contato multicultural. Ao contrário, ela
permanece como “marca de resistência à aculturação absoluta” e pode ser vista como um
código simbólico que organiza a produção econômica e as relações. Ou seja, a prática ali-
mentar revela o valor social, sinaliza a origem e os laços afetivos de quem a consome e traz
imbricadas memórias e costumes.
Para muitos é comum estar em contato com os alimentos e realizar a escolha sobre
aquilo que se vai consumir, no entanto para pessoas com deficiência essa realidade pode
ser outra, por exemplo se resumir apenas ao ato de se alimentar, sem obter controle sobre
a sua alimentação, muitas vezes por falta de acessibilidade, adaptações e até mesmo reco-
nhecimento das suas potencialidades por terceiros, familiares, amigos e sociedade em geral.
O início das atividades na cozinha experimental encontrou barreiras existentes justa-
mente pela falta de repertório e contato com o ambiente da cozinha, seus utensílios, equi-
pamentos, os próprios ingredientes e para além disso a autonomia de escolha. O espaço
da oficina se torna fundamental para proporcionar essa vivência na busca de ampliar o
repertório através do contato com os alimentos, compreendendo sua diversidade e a cultura
expressa através dele e além disso possibilitar que os usuários reconheçam e habilitem as
suas potencialidades.
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Assim, os primeiros passos da oficina tiveram como objetivo facilitar e promover o con-
tato com utensílios e suas formas de utilização, para garantir a segurança dos usuários neste
ambiente. Neste processo foi necessário estudar formas de adaptações e a construção de tec-
nologias assistivas, junto das Terapeutas Ocupacionais da instituição, que pudessem facilitar
as atividades na cozinha para alguns usuários. Deste modo, estas atividades promoveram o
ganho de autonomia e independência. A Lei Brasileira de Inclusão - LBI(Lei Nº 13.146, de 6
de julho de 2015), preconiza que esse serviço tenha como objetivo a garantia da segurança
de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da autonomia
e da convivência familiar e comunitária, para a promoção do acesso a direitos e da plena
participação social.
Escolher a própria comida requer proximidade com o alimento, ou seja, identificação e
sentimento de pertencimento, decisão essa que é fundamentada nas experiências vividas e
ofertadas pelo núcleo familiar, o que expressa também a sua identidade. Portanto, segundo
Azevedo e Ortale (2019 apud Montanari (2008, p. 15-16) comida é cultura quando produzida,
quando preparada e quando consumida, porque o homem escolhe a própria comida com
critérios ligados às dimensões econômicas, nutricionais e de valores.
Para desenvolver este contato com os alimentos, foi preciso compreender juntos o
caminho que o alimento percorre até chegar à mesa. Entender os recursos e mão de obra
que são necessários e assim possibilitar o debate político sobre segurança alimentar, quais
os impactos na sociedade e as lutas, ainda existentes, para que população tenha o acesso
à uma alimentação digna e completa.
O direito a uma alimentação completa é garantido na Constituição Brasileira (Brasil,
1988), e que infelizmente ainda é um privilégio para poucos. É então a partir da proximidade
com este ambiente, ingredientes e seus processos que os usuários passam a se identificar
e compreender a sua cultura através do alimento.
De acordo com Aliaga M. A.; Sandra M. C.; Trad L. A. B. (2020), a segurança alimentar
e nutricional vai além da disponibilidade de alimentos, e se configura como a segurança da
relação que o indivíduo e o coletivo têm com o alimento.
Entretanto, durante as oficinas, a partir da leitura de um livro de receitas convencional,
os participantes da atividade levantaram a discussão da falta de acessibilidade no ambiente
da cozinha em todos os seus contextos, identificando mais uma barreira que os afastava da
possibilidade de escolha e autonomia sobre sua alimentação.
Através de uma Assembléia com os usuários, foi decidido construir um livro de receitas
autorais, iniciado no segundo semestre de 2018, que pudesse ser acessível financeiramente
e ofertasse diferentes formatos de leitura. A elaboração do livro contou com a participação
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dos usuários do centro de convivência, que fizeram a construção de forma coletiva, reali-
zando testes das receitas e explorando as mais diversas formas de utilizar um ingrediente.
Para facilitar a leitura e tornar o conteúdo do livro mais acessível, todo o passo a passo
das receitas foram fotografados pelos usuários e separados por cor, facilitando o leitor a en-
contrar a página escolhida. É válido ressaltar que a edição do livro foi realizada em conjunto
com uma pessoa com deficiência intelectual e múltipla que trouxe para essa finalização um
olhar ampliado daquilo que poderia contemplar diferentes públicos.
Pertencer a um lugar é poder sentir-se parte, estar integrado e participar de forma
efetiva. Neste contexto, a pessoa com deficiência ainda encontra dificuldades, a partir do
fato de que o mundo não é acessível e a grande maioria das produções, estruturas arqui-
tetônicas, formas de comunicação e materiais não são pensados para contemplar uma
diversidade de pessoas.
A efetivação do livro de receitas “Misturando as Gostosuras do Comilão” é também um
ato de resistência frente uma sociedade capacitista. Cada página carrega uma identidade,
uma expressão artística daquilo que foi experienciado pela primeira vez de forma autônoma,
com liberdade, existência e protagonismo.
O processo foi concretizado através de um desejo dos usuários em realizar oficialmen-
te o lançamento do livro, produzindo exemplares para todos os familiares atendidos pela
APAE e também poder distribuir para a comunidade, com o objetivo de ampliar a discussão
sobre acessibilidade.
O processo de revisão, diagramação e impressão dos exemplares foi possível atra-
vés de uma emenda parlamentar que foi fundamental para produção, além de possibilitar
a discussão sobre acessibilidade e o quão necessário é estabelecer esse diálogo e incluir
pessoas com deficiência na construção desses e demais projetos.
A pandemia do COVID-19 trouxe contratempos para a realização do evento, sendo
preciso alterar a data e o local do lançamento. O evento foi então prorrogado para acontecer
junto ao Sarau da APAE - Sorocaba/SP em 2022, momento em que são reunidas diferentes
expressões artísticas e que é fundamentado em lutas e pautas sociais, este em específico
sobre o Setembro Verde, Mês de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
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É importante ressaltar que a acessibilidade para a participação efetiva da pessoa com
deficiência em muitos espaços ainda é um processo em construção, que necessita ser as-
sumido como responsabilidade, afinal entende-se que é um dever do Estado, comunidade
e família assegurar a pessoas com deficiência direitos inerentes a vida como um todo, con-
forme previsto na Lei Brasileira de Inclusão.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da pessoa com deficiência). Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em julho, 2022.
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Tempo de pena criminal: uma perspectiva
em saúde
'10.37885/221211551
RESUMO
O tempo de prisão está diretamente relacionado à uma ameaça à saúde aos privados de
liberdade. Sendo assim, esse estudo tem como objetivo correlacionar o tempo de pena cri-
minal com a situação de saúde de homens encarcerados. Estudo descritivo e exploratório,
realizado em uma penitenciária estadual localizada em Maringá-PR, Brasil. A população
total em estudo foi composta por 380 detentos. No presente estudo, foi observado que o
tempo de pena de uma forma geral não influencia nas condições de saúde dos detentos.
Com exceção do exame de urina, que demonstrou pequena associação com o tempo de
pena. A associação de tempo de pena com alteração de saúde é ainda escassa na literatura,
sendo necessário mais aprofundamento no assunto por outros pesquisadores. Em relação
aos exames de urina, estes apresentaram alteração significativa, muito provavelmente quanto
maior o tempo de pena, maior é a chance deste apresentar alterações e problemas urinários.
Concluiu-se que o tempo prisional influenciou apenas em alterações urinárias e que a partir
disso deve-se instituir inspeções às condições de higiene, qualidade da água e garantir a
prática de sexo seguro e conscientização de doenças sexualmente transmissíveis.
Estima-se que mais de 10,35 milhões de pessoas estejam detidas em instituições penais
em todo o mundo, quer como prisioneiros detidos antes do julgamento/preventivo ou conde-
nado e sentenciado (WALMS-LEY, 2016). Desde o ano 2000, o total mundial da população
carcerária cresceu quase 20%, o que é ligeiramente acima da estimativa do aumento de
18% na população em geral do mundo durante o mesmo período. Existem diferenças con-
sideráveis entre os continentes (WALMS-LEY, 2016). Nas Américas, a população prisional
aumentou 14%, nos EUA mais de 80%, nos países da América Central e sul-americanos
em 145% (WALMSLEY, 2016).
As condições de vida na maioria das prisões do mundo são insalubres, devido à su-
perpopulação, a violência, a falta de luz solar, ar fresco e água limpa, má alimentação e
a disseminação de infecção (WHO, 2003). As taxas de infecção, como tuberculose, HIV e
hepatite, são muito mais elevadas, em presos do que na população em geral (WHO, 2003;
GOIS, 2012). Alguns estudos concluíram que além das precárias condições de higiene,
a baixa qualidade da alimentação e o stress causado pela situação de confinamento, au-
mentam o risco de adoecimento dos presos (PINHEIRO, 2015; HARIGA, 2011). O tempo
de prisão também está diretamente relacionado à uma ameaça à saúde aos privados de
liberdade (GOIS, 2012), porém não há artigos na literatura que tenha feito um estudo que
relacione situação de saúde prisional com o tempo de pena total ou tempo já cumprido e a
ser cumprido de confinamento dos prisioneiros.
Nota-se, entretanto, que há uma lacuna na literatura sobre a relação entre estado de
saúde em prisioneiros de permanecer na prisão por um longo período de tempo, ou seja,
não se sabe se os prisioneiros com maior expectativa de permanecer na prisão possuem
melhor ou pior situação de saúde. Desta forma, esse estudo tem como objetivo correlacionar
o tempo de pena criminal com a situação de saúde de homens encarcerados da Penitenciária
Estadual de Maringá-PR.
MATERIAL E MÉTODOS
Local da Pesquisa
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salas de aula, salas de atendimento, cozinha, panificadora, lavanderia, consultório médico,
odontológico e área íntima. Parte da população carcerária ocupa-se em 13 canteiros de
trabalho nas áreas de manutenção (cozinha, lavanderia, faxina externa e interna, barbea-
ria, parlatório, horta, reciclagem de lixo, jardinagem, biblioteca, equipamentos eletrônicos,
alfabetização), cinco canteiros de trabalho conveniados (lixamento de jeans, digitação em
braile, produção de material didático em relevo, restauração de livros e gravação de livro
falado) e ainda a Unidade conta com trabalhos artesanais de bordado em ponto cruz, redes
e tarrafas, caçapas de mesa de bilhar e bichinhos de retalhos de tecidos (7).
Amostragem
A população total em estudo foi composta por 380 detentos da referida penitenciá-
ria. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: ter pena estabelecida no momento da coleta
de dados, aceitar em participar do estudo, ter realizado um ou mais exames laboratoriais
(glicemia, lipidograma, hemograma, leucograma, fezes e urina I). O critério de exclusão
determinado foi estar em prisão temporária aguardando julgamento não tendo estabelecido
um tempo total de prisão em regime fechado e não ter realizado pelo menos um dos exa-
mes laboratoriais citados acima. Desta forma, foram excluídos 161 detentos, restando 219
detentos para composição final da amostra.
Coleta de dados
Variáveis do estudo
A variável tempo de condenação foi computada como uma variável contínua e foi
dividida em três tempos diferentes: tempo total de pena, tempo já cumprido de pena até a
data da coleta dos exames laboratoriais, e tempo ainda restante, desde a data da coleta dos
exames, para término de pena.
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As variáveis bioquímicas de análise clínica foram classificadas como variáveis dico-
tômicas (alterado e não alterado), sendo a categorização considerada “alterado” ou “não
alterado”, utilizada para as análises estatísticas, foram as seguintes:
Glicemia: foi considerado o estado de jejum, pois todos os exames foram colhidos pela manhã e em jejum por todos os participantes, considerando
glicemia de jejum ≤100 mg/dl (não alterado) e >100mg/dl (alterado) (16).
Colesterol Total: foi considerado colesterol total <200mg/dl (não alterado) e >200mg/dl (alterado) (16).
HDL: foi considerado HDL >60mg/dl (não alterado) e <60mg/dl (alterado) (16).
LDL: foi considerado LDL <100mg/dl (não alterado) e >100mg/dl (alterado) (16).
Triglicérides: foi considerado triglicéride <150mg/dl (não alterado) e >150mg/dl (alterado) (16).
Exame de fezes: Para o presente estudo, foram realizados três exames de fezes parasitológicos avaliando a presença, ou não, de parasitas ou protozo-
ários. A positivação em pelo menos 1 dos 3 exames coletados foi considerada como alterada, sendo classificada normal (não alterado) quando as três
coletas obtiveram resultados negativos. Nos exames considerados alterados, foi observada a presença de um ou mais agentes como Endolimax nana,
Giardia lamblia, Entamoeba coli, Iodamoeba butschlii, Entamoeba histolytica, Strongyloides stercoralis, Hymenolepis nana e Enterobios vermiculares.
Hemograma Completo: foi dividido em hemograma e leucograma. Foi considerado hemograma normal (não alterado), quando todos os seguintes
achados laboratoriais estavam dentro dos valores de referência - eritrócitos 4,50 - 6,10 milhões/mm³; hematócrito 40,0 - 54,0 %; hemoglobina 12,8
- 17,8 g/dl; VCM 82,0 - 96,0 fL; HCM 26,0 - 34,0 pg; CHCM 32,0 - 36,0 g/dl; RDW 11,0 - 15,0. E foi considerado hemograma não normal (alterado)
quando pelo menos um dos exames divergiu dos valores de referência. Foi considerado leucograma normal (não alterado), quando todos os seguintes
achados laboratoriais estavam dentro dos valores de referência - leucócitos 4.000 - 11.000/mm³; bastonetes 00 - 04%; bastonetes 00 - 440/mm³;
segmentados 40 - 65%; segmentados 1600 -7150/mm³; eosinófilos 01 - 05%; eosinófilos 40 - 550/mm³; basófilos 00 - 110/mm³; basófilos 00 - 01%;
linfócitos 25 - 45%; linfócitos 1.000 - 4.950/mm³; monócitos 02 - 10%; monócitos 80 - 1.100/mm³; plaquetas 150.000 - 450.000/ mm³. Foi considerado
leucograma não normal (alterado), quando pelo menos um dos exames divergiu dos valores de referência (9).
Parcial de Urina I: foi considerado parcial de urina I normal (não alterado), quando todos os seguintes achados laboratoriais estavam dentro dos
valores de referência - densidade 1.015 a 1030; pH 5 a 7; células até 10.000/mL; hemácias até 5.000/mL; leucócitos até 10.000/mL; cor amarelo
citrino; aspecto límpido; proteína negativa; glicose negativo; corpos cetônicos negativo; urobilinogênio negativo; bilirrubina negativo; nitritos nega-
tivo; hemoglobina negativo; bactérias ausentes; filamentos de muco raros. Foi considerado parcial de urina I alterado, quando pelo menos um dos
seguintes achados laboratoriais divergiu dos valores de referência - densidade 1.015 a 1030; pH 5 a 7; células até 10.000/mL; hemácias até 5.000/
mL; leucócitos até 10.000/mL; cor diferente de amarelo citrino; aspecto turvo; proteína positiva ou com traços positivos; glicose positiva; corpos
cetônicos positivos; urobilinogênio positivo; bilirrubina positiva; nitritos positivo; hemoglobina positiva ou com traços positivos; bactérias raras,
escassas, moderadas ou abundantes; filamentos de muco escasso, moderado ou abundante (9).
Os dados foram tabulados com dupla entrada em planilhas do Microsoft Excel® 2010,
e posteriormente analisados no ambiente estatístico SPSS 9.0 para Windows. A análise
estatística consistiu em análise descritiva e utilizou-se o teste de Qui-Quadrado para amos-
tras independentes para verificar a correlação entre alteração de exames laboratoriais com
o tempo de pena do detento. Adotou-se nível de significância de 5% para todos os testes.
O desenvolvimento do estudo ocorreu em conformidade com a Resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde e seu projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com seres humanos da instituição signatária (CAAE: 18565213.9.0000.5220). Todos os
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias.
RESULTADOS
A idade média da população de detentos inclusos no presente estudo foi de 36,78 anos
(DP=10,11) e a média de tempo de pena foi de 21,61 anos (DP=13,03). A amostra se carac-
terizou como população predominantemente de cor/raça branca (52,1%), católica (66,6%),
de baixa escolaridade (50% não completaram o ensino fundamental), e, provenientes de
setor de comércio (53,2%) e de produção de bens de serviço industrial (26,8%) em relação
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à ocupação profissional antes do encarceramento. Em relação à ocupação constatou-se que
62,1% não trabalham durante o encarceramento e 37,9% trabalham.
Com relação aos exames laboratoriais 6,9% dos indivíduos tiveram o exame de gli-
cose sérica alterada, 16,2% o colesterol total apresentou-se alterado, 95,8% obtiveram o
colesterol HDL alterado e 51,9% o colesterol LDL alterado. Além disso 19,4% apresentaram
alteração no exame de triglicérides, 40% apresentaram alteração de leucograma, enquanto
que em 38% dos indivíduos as amostras de fezes estavam alteradas e 60,5% apresentaram
alterações significantes no teste de Urina I
Ao comparar o tempo total de pena dos prisioneiros com exames laboratoriais alterados
e não alterados, observou-se que não houve associação estatisticamente significativa entre
o tempo total de pena com alterações laboratoriais de glicose, CT, HDL, LDL, TGL, fezes,
hemograma e leucograma. Entretanto, o exame de urina demonstrou associação estatisti-
camente significativa (p<0,05), em relação ao tempo total de pena (tabela 2).
Ao comparar o tempo de pena já cumprido pelos prisioneiros até a coleta de dados
com exames laboratoriais alterados e não alterados, observou-se que não houve associação
estatisticamente significativa entre o tempo de pena já cumprido com alterações laboratoriais
de glicose, CT, HDL, LDL, TGL, fezes, hemograma e leucograma e urina (tabela 3).
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Tabela 2. Comparação entre o tempo total de pena e os resultados laboratoriais.
Não Alterada
Variáve is Alterada X (DP) p-valor
X (DP)
21,65
Glicose 21,23 (9,55) 0,905
(13,35)
21,68
CT 21,29 (10,06) 0,871
(13,63)
25,69
HDL 21,44 (13,27) 0,342
(7,50)
21,53
LDL 21,70 (12,49) 0,924
(13,79)
22,34
TGL 18,65 (8,96) 0,101
(13,84)
22,28
Fezes 25,26 (14,03) 0,209
(13,39)
22,58
Hemograma 19,91 (10,76) 0,159
(14,20)
21,95
Leucograma 21,20 (12,32) 0,684
(13,71)
23,78
Urina 19,94 (10,64) 0,04
(16,02)
Não Alterada
Variáveis Alterada X (DP) p-valor
X (DP)
6,19
Glicose 4,92 (4,88) 0,384
(5,35)
6,16
CT 5,67 (4,25) 0,62
(5,51)
7,26
HDL 6,03 (5,35) 0,501
(4,67)
5,58
LDL 6,55 (5,44) 0,183
(5,17)
6,26
TGL 5,35 (4,38) 0,324
(5,52)
6,08
Fezes 6,83 (5,14) 0,437
(5,76)
6,29
Hemograma 5,97 (4,97) 0,685
(5,54)
6,18
Leucograma 6,17 (4,82) 0,988
(5,68)
6,26
Urina 6,04 (5,46) 0,778
(5,36)
Tabela 4. Comparação entre o tempo de pena restante a ser cumprido e os resultados laboratoriais.
Não Alterada
Variáveis Alterada X (DP) p-valor
X (DP)
Glicose 16,30 (8,62) 15,45 (11,56) 0,78
CL 15,62 (9,08) 15,49 (11,78) 0,953
HDL 15,39 (11,52) 18,44 (6,84) 0,431
LDL 15,13 (10,49) 15,92 (12,28) 0,608
TGL 13,29 (7,76) 16,05 (12,04) 0,159
Fezes 18,38 (12,58) 16,17 (11,23) 0,28
Hemograma 13,94 (9,91) 16,26 (12,07) 0,158
Leucograma 15,03 (11,08) 15,73 (11,63) 0,664
Urina 13,87 (8,98) 17,49 (13,94) 0,025
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Por fim, ao comparar o tempo de pena restante a ser cumprido dos prisioneiros com
exames laboratoriais alterados e não alterados, também não houve associação estatistica-
mente significante do tempo de pena restante a ser cumprido com os exames de glicose,
CT, HDL, LDL, TGL, fezes, hemograma e leucograma. Apenas a variável do exame de urina
apresentou associação estatisticamente significativa (p<0,05) para o tempo de pena restante
a ser cumprido (tabela 4).
DISCUSSÃO
No presente estudo, foi observado que o tempo de pena total, tempo de pena já cum-
prido e tempo de pena a ser cumprido de uma forma geral não influencia/interfere nas con-
dições de saúde dos detentos na Penitenciária Estadual de Maringá - PR. Com exceção do
exame de urina, que demonstrou associação estatisticamente significativa para o tempo de
pena total e tempo de pena a ser cumprido.
Atualmente, sabe-se que há uma maior probabilidade de difusão de doenças contagio-
sas e sexualmente transmissíveis pela falta de saneamento básico e de estrutura que um
sistema de encarceramento pode vir apresentar (NOGUEIRA, 2009), porém nada se afirma
em relação ao tempo de pena, se tem ou não relação com melhora ou piora na condição
de saúde de forma geral.
Segundo Nogueira e Abrahão (NOGUEIRA, 2009), a baixa qualidade de alimentação
aumenta o risco de adoecimento dos prisioneiros. De fato, o presente estudo verificou que
95,8% dos homens em privação de liberdade apresentaram alteração de HDL e 51,9%
apresentaram LDL alterados. Isso significa que possivelmente há uma relação com a má
qualidade da alimentação ou a privação de certos tipos de alimentos como: gorduras mono
e poliinsaturadas, presentes em óleos, oleaginosas e peixes, que são consideradas gordu-
ras saudáveis, que ajudam a reduzir o LDL e a aumentar o HDL (GARCIA, 2001 e XAVIER,
2013). Além disso, o sedentarismo também contribui para a diminuição do HDL e o aumento
do LDL (XAVIER, 2013). Nota-se que pelo próprio fator ambiental e estrutural, os prisioneiros
não realizam atividade física rotineiramente. Desta forma, ainda que o tempo de pena total, já
cumprido e a ser cumprido não tenha influenciado estatisticamente na alteração dos exames
de HDL e LDL, pode-se considerar que a privação de certos tipos de alimentos acrescido
ao sedentarismo, podem talvez ser os responsáveis pelo aumento do LDL e da diminuição
do HDL da população em estudo.
Em relação aos exames de urina, estes apresentaram alteração significativa em relação
ao tempo total de pena e a expectativa de maior tempo do detento de permanecer na peni-
tenciária, isto é, muito provavelmente quanto maior o tempo de pena, maior é a chance deste
apresentar alterações e problemas urinários que serão detectados nos exames laboratoriais
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de parcial de urina I. Segundo vários autores Braoios, et al (2009), Assis (2007), Dotti (2003)
e Bitencourt (2004), as condições precárias de higiene, baixa ingestão de líquidos e atividades
sexuais (com ou sem consentimento) estão presentes na maioria das penitenciária brasilei-
ras. A ITU (infecção do trato urinário) no homem adulto saudável é rara, entretanto, tem-se
evidenciado na literatura que na faixa etária de 20 a 50 anos podem ocorrer as prostatites
agudas, que estão altamente associadas ao homossexualismo e relação com uma parceira
infectada (BRUCKER, 1990; ENGEL, 1988; KAYE, 1991 e LENZ, 1994). Logo, as causas de
alterações urinárias no presente estudo, possivelmente estão relacionadas a esses fatores,
atrelados à falta de estrutura e acesso à higiene.
Segundo o relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito, 2009/BRASIL) ao lado
da hiperlotação das penitenciárias, realidade bem comum no sistema penitenciário brasileiro,
outros problemas como a falta de acesso a água em quantidades minimamente razoáveis
– seja para higiene, seja para consumo, são fatores que veem à contribuir com problemas
de saúde como por exemplo a ITU, que foi destacada no presente estudo.
Além disso, não se pode desconsiderar por total a não associação encontrada na pe-
nitenciária em estudo do tempo de pena com a condição de saúde da pessoa em privação
de liberdade, pois é sabido que em muitas penitenciárias as celas muito provavelmente
estejam contaminadas por esgoto corrente e que nelas haja lixo em caráter permanente,
inclusive fezes e urina mantidas em garrafas de refrigerantes nos cantos das celas, já que
não há instalações sanitárias suficientes (BARCELLOS, 2010). No ano de 2009 a CPI repor-
tou vários casos em que vasos sanitários, sem descarga, servem, a mais de 70 presos em
uma mesma cela, e nos quais água para limpeza é jogada apenas uma vez dia. O resultado
é a grosseira falta de condições de higiene e odor insuportável, além de insetos variados.
Com relação aos outros exames laboratoriais (glicemia, HDL, LDL, CT, TGL e Fezes),
estes não sofreram influência dos tempos de pena total, cumprido e a ser cumprido, e que
talvez possam ser explicados pelo simples fato de que o sistema prisional de Maringá realiza
certo controle na saúde dos detentos quanto às condições gerais de saúde ou pelo fato da
amostra ter sido comprometida, uma vez que houve elevado número de recusas dos parti-
cipantes em realizar certos tipos de exames.
Estudo anterior refere que a pena prisional é acompanhada por uma redução na ex-
pectativa de vida e interferência na condição de saúde dos detentos e, portanto, têm uma
relação direta com o tempo de permanência na prisão (PATTERSON, 2013). Entretanto para
a realidade do referido centro de detenção isso não foi observado.
O estudo realizado mostrou limitações importantes em relação ao número elevado de
recusas dos detentos em realizar certos tipos de exames laboratoriais como os exames de
HIV, sífilis, hepatites, gonorreia e tuberculose, sendo estes, temas amplamente discutidos na
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literatura atual em se tratando de estudos em penitenciárias. Além disso, nesse estudo não
foi avaliado o estado biopsicossocial dos detentos, apenas o estado físico/orgânico através
de exames laboratoriais/bioquímicos.
Ainda sobre as limitações do estudo, a associação de tempo de pena com alteração de
saúde de pessoas em com privação de liberdade é ainda escassa na literatura, dificultando a
interface com estudos semelhantes, especialmente em se tratando de população carcerária.
CONCLUSÃO
Essa associação de tempo de pena com alteração de saúde é ainda escassa na li-
teratura, sendo necessário mais aprofundamento no assunto por outros pesquisadores e
maior controle das variáveis de confusão para dizer se esta associação pode ou não ser
verdadeira. Sendo assim, não se pode afirmar com certeza que o indivíduo que permane-
ceu ou permanecerá no sistema prisional não possui nenhuma chance maior ou menor de
apresentar melhor ou pior condição de saúde ou apresentar mais ou menos fatores de risco
para determinadas doenças.
Concluiu-se que o tempo prisional influenciou apenas em alterações urinárias e que
a partir disso devem-se instituir inspeções às condições de higiene, qualidade da água e
garantir a prática de sexo seguro e conscientização de doenças sexualmente transmissíveis.
Reconhecem-se as necessidades de saúde dos homens privados de liberdade, a partir
da necessidade de garantir a integridade física e moral dos detentos que estão comprome-
tidas pela vida nas prisões. Os apenados possuem problemas e necessidades de saúde
diferenciadas da população em geral, que precisam de resolubilidade, e que frente ao fato
que a vida na prisão têm o seu processo saúde-doença deteriorado pela simples situação
de adentrar no sistema prisional.
Agradecimentos
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REFERÊNCIAS
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BRUCKER, P.C. Urinary tract infections. Prim Care, Philadelphia, v.17, p.825-832, Dec.
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ENGEL, J.D.; SCHAEFFER, A.J. Evaluation of and antimicrobial therapy for recurrent
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Research, World Prison Brief, 2016.
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SOBRE OS ORGANIZADORES
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ÍNDICE REMISSIVO
A F
Adequação Ambiental: 208 Fármacos: 115, 118
Aprendizagem: 53 I
Assistência Social: 219, 220, 221, 227 Inclusão Social: 219
Atenção Primária à Saúde: 22, 126, 129, 140 Infecção: 104, 238
B L
Baixo Peso ao Nascimento: 53 Leite: 155
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ÍNDICE REMISSIVO
Risco ao Desenvolvimento: 53
Rotulagem: 45
S
Saúde: 18, 22, 25, 26, 27, 41, 46, 54, 63, 64, 65,
68, 71, 73, 75, 76, 77, 84, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92,
96, 97, 98, 99, 100, 124, 126, 127, 128, 129, 130,
133, 134, 135, 137, 138, 139, 140, 142, 145, 156,
157, 182, 183, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201,
204, 205, 206, 220, 227, 232, 238
Saúde Pública: 76
SUS: 15, 25, 77, 86, 87, 88, 89, 91, 92, 93, 94, 95,
99, 100, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 135, 136,
137, 138, 139
T
Taxa de Sobrevida: 18
U
UBS: 85, 86, 88, 90, 91, 98, 130
V
Vacinação: 76
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