Daniel Lucas - Sindrome Apneia Obstrutiva Sono
Daniel Lucas - Sindrome Apneia Obstrutiva Sono
Daniel Lucas - Sindrome Apneia Obstrutiva Sono
Daniel Lucas
Outubro 2022
Seminário de integração em Fisiologia Clínica
Índice
1. Introdução……………………………………………………………………………...3
2. Síndrome da apneia obstrutiva do sono …………………………………………….....4
3. Fatores predisponentes ……………………………………………………………..…5
4. Eventos fisiopatológicos envolvidos num episódio de apneia obstrutiva……………..6
5. Tratamentos……………………………………………………………………….…...8
5.1. Tratamento através de medidas comportamentais………………………….…8
5.2. Pressão aérea positiva contínua………………………………………………10
5.3. Dispositivos Orais……………………………………………………....…….11
5.4. Cirurgia………………………………………………………………...……..12
5.5. Tratamento Farmacológico……………………………………………...…....13
5.6. Estimulação do nervo hipoglosso……………………………………….....…13
6. Conclusão………………………………………………………………………..…...15
7. Referências bibliográficas…………………………………………………………....16
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1. Introdução
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3. Fatores predisponentes
Os principais fatores capazes de desencadear a SAOS são a obesidade, ser do sexo masculino
e ter idade avançada. O grau de obesidade está diretamente relacionado com a prevalência de
apneias obstrutivas. Nos indivíduos com sobrepeso a prevalência da SAOS chega a 30% a
40% e piora quando os indivíduos possuem um índice de massa corporal acima de 40
chegando a alcançar mais de 90%.
A obesidade aumenta a colapsibilidade faríngea tanto pelo efeito mecânico dos tecidos moles
do pescoço sobre a faringe e da redução do volume pulmonar que acontece nesses pacientes
quanto pela deterioração do controle neuromuscular.
A prevalência de obesidade entre os portadores de SAOS também é alta. Diversos
mecanismos ligados à privação de sono e à descontinuidade do metabolismo parecem agravar
o estado de obesidade dos pacientes com SAOS, por meio da resistência à leptina e do
aumento dos níveis de grelina, o que provoca o aumento do apetite e da ingestão calórica, e
por intermédio da resistência à insulina, levando ao diabetes. Com o aumento progressivo da
obesidade, a AOS pode contribuir para a instalação, nesses pacientes, de hipoventilação
alveolar, mesmo diurna, desenvolvimento de hipertensão vascular pulmonar e insuficiência
respiratória aguda.
A distribuição central da gordura predispõe pessoas do sexo masculino ao desenvolvimento
de SAOS, enquanto a adiposidade periférica e a ausência da hormona testosterona,
possivelmente, protegem as mulheres contra as apneias obstrutivas. Já o envelhecimento
contribui para o aumento da prevalência da SAOS porque aumenta progressivamente a
complacência das vias aéreas superiores, com consequente aumento da predisposição ao
colapso.
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Ocorre, portanto, toda uma sequência de interações nas atividades simpática e parassimpática
e de quimiorreceptores em resposta às condições de dessaturação de oxigênio, ausência de
insuflação pulmonar e grandes pressões negativas intratorácicas que resultam num
comportamento caótico da frequência cardíaca.
Um evento de apneia obstrutiva termina quando existe reabertura da faringe em resposta ao
esforço muscular respiratório. Os estímulos centrais são ativados pela ação da hipóxia e da
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acidose sobre os quimiorreceptores, assim como a atividade reflexa dos músculos à pressão
negativa das vias aéreas e estes associam-se a uma variedade de alterações transitórias como:
a) despertar súbito;
b) hiperventilação com reoxigenação;
c) elevação súbita da pressão arterial sistémica;
d) elevação da frequência cardíaca com consequente aumento da
demanda de oxigénio pelo músculo cardíaco.
Visto que, a SAOS é um distúrbio que se estabelece a longo prazo, a repetição dos eventos
obstrutivos inúmeras vezes durante a noite, por vários anos, resulta num agravamento das
alterações ligadas à predisposição ao colapso das vias aéreas, que tendem a agravar e
perpetuar as apneias, bem como as repercussões fisiopatológicas da síndrome. Esta síndrome
apresenta efeitos patológicos crónicos como a geração de radicais e libertação de endotelina
que é um potente vasoconstritor cuja ação se estende além do tempo de sono muito devido aos
períodos de hipóxia.
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5. Tratamentos
- Cessação Tabágica - O tabaco pode provocar edema e disfunção das vias áreas
superiores, o que aumenta a resistência ao fluxo de ar, contribuindo para o
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A terapêutica com CPAP é o gold standard no tratamento da SAOS demonstrando uma grande
eficácia na redução dos eventos noturnos para menos de 5 eventos por hora, em quase todos
os pacientes e na diminuição da morbilidade e da mortalidade associada à patologia. A sua
eficácia depende de um uso regular, sendo determinante a adesão do paciente. Não é uma
terapêutica fácil na maioria dos casos e, por isso, tanto o médico como o paciente devem
trabalhar em conjunto no sentido de tornarem este tratamento bem sucedido. Este tipo de
terapêutica utiliza um dispositivo que permite a manutenção da patência das vias aéreas
superiores, através da aplicação de pressão positiva, que permanece constante ao longo de
todo o ciclo respiratório, tanto na inspiração como na expiração, e que é aplicada
normalmente através de uma interface nasal ou facial. A pressão ótima fornecida deve ser a
pressão mínima requerida para resolver os eventos respiratórios, tais como as apneias,
hipopneias, ressonar e despertares, em todas as fases do sono e em todas as posições. Este tipo
de modalidade terapêutica é indicado nos casos de SAOS moderada a grave e nos casos de
SAOS ligeira sintomática e/ou com doença cardiovascular associada. Se for bem aplicada
pode ser capaz de resolver todos os distúrbios respiratórios do sono em todos os graus de
gravidade da doença.
Contudo, existem subgrupos de pacientes com SAOS que continuam a apresentar sintomas
residuais de sonolência diurna apesar de uma correta adesão ao tratamento. Relativamente à
eficácia do CPAP no que respeita à função neurocognitiva, ao humor e à qualidade de vida, os
resultados ainda são um pouco variáveis e inconsistentes. Existem ainda algumas
complicações como diminuição do retorno venoso, aumento do esforço muscular abdominal e
sensação de ansiedade em indivíduos suscetíveis. Podem verificar-se alterações cutâneas
relacionadas com o contacto com a interface, dor sinusal, secura oral e nasal e cáries
dentárias.
Apesar de o CPAP ser o tratamento de escolha na SAOS, nem todos os pacientes o toleram e
desta forma houve a necessidade de desenvolver métodos alternativos de fornecimento de
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Pode também fazer-se uso de dispositivos orais, estes têm sido amplamente estudados e
aplicados na prática clínica nas últimas décadas e a sua eficácia no tratamento dos sintomas
da SAOS ligeira a moderada é comparável ao CPAP, variando entre 30 e 80%, dependendo
dos critérios de seleção, da definição de sucesso e dos aparelhos usados e podendo ser afetada
pela gravidade da SAOS, pelo grau de protrusão e pelo índice de massa corporal. São
aparelhos usados durante o sono que alteram a configuração das vias aéreas superiores,
alargando a faringe e aumentando a tensão dos tecidos moles, melhorando o tónus muscular e
consequentemente reduzindo a propensão para o colapso das vias aéreas superiores.
Existem diferentes tipos de dispositivos orais, desde os aparelhos de avanço mandibular, aos
elevadores do palato e aos retentores da língua. O dispositivo de avanço mandibular é
avaliado em vários estudos e é o dispositivo oral mais utilizado na prática clínica no
tratamento da SAOS, os retentores da língua têm sido estudados em menor extensão.
Os aparelhos de avanço mandibular colocam a mandíbula numa posição mais anterior durante
o sono, através da sua fixação às arcadas dentárias superior e inferior, e desta forma
aumentam a pressão de encerramento das vias aéreas superiores, reduzindo o seu colapso.
Esta protrusão da mandíbula pode ser fixa ou ajustável, mas os melhores resultados são
conseguidos com aparelhos que possam ajustar a protusão mandibular. Para além de alterarem
a estrutura das vias aéreas superiores, os aparelhos de avanço mandibular também têm a
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5.4. Cirurgia
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- Tonsilectomia e adenoidectomia;
- Implantes no palato mole;
- Cirurgia Multinível;
- Traqueostomia;
- Cirurgia Bariátrica;
O tratamento farmacológico pode ser uma opção terapêutica alternativa válida na SAOS, nas
situações em que os doentes não toleram o tratamento CPAP ou quando não apresentam
sintomas graves suficientes para justificar o seu uso. Contudo, são necessários mais estudos
para comprovar o real papel deste tipo de tratamento na SAOS, dado que os resultados que
existem até à data são um pouco controversos.
Os mecanismos pelos quais os fármacos supostamente melhoram os sintomas incluem:
- Aumento do tónus das vias aéreas superiores;
- Aumento da condução ventilatória;
- Redução nas forças de tensão superficial das vias aéreas superiores,
diminuindo a sua resistência.
Outros fármacos que podem ser usados no tratamento da SAOS atuam no sentido de:
- Diminuir ou modificar os fatores de risco para a SAOS (congestão nasal,
redução dos níveis de estrogénios e progesterona);
- Tratar doenças metabólicas predisponentes subjacentes como doenças da
tiroide e obesidade;
O nervo hipoglosso é considerado um nervo motor da língua, uma vez que enerva os
músculos da língua. Para além das inúmeras deformidades anatómicas que podem estar na
base da SAOS, o papel dos mecanismos neuromusculares é muito importante, uma vez que as
apneias ocorrem durante o sono, quando a atividade muscular diminui. Sabe-se que, na
transição do estado de vigília para o sono, ocorre uma progressiva diminuição do nível de
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atividade elétrica dos músculos dilatadores das vias aéreas superiores e como consequência
verifica-se um estreitamento ao nível da faringe, um aumento da resistência das vias aéreas e
um colapso nos pacientes com SAOS. Desta forma, é extremamente importante manter uma
correta atividade dos músculos dilatadores das vias aéreas superiores, especialmente do
músculo genioglosso, e é possível fazer-se tanto uma estimulação direta intramuscular como
uma estimulação do nervo genioglosso que vai resultar numa ativação do músculo
genioglosso e numa melhoria previsível do funcionamento das vias aéreas e da gravidade da
doença.
Os dispositivos implantados são bem tolerados pelos doentes, resultando numa boa adesão
para uso regular, sugerindo a possibilidade de uma clara vantagem quando comparada com o
CPAP em alguns doentes. É provável que a estimulação do nervo hipoglosso, através de um
sistema implantável, seja útil como uma nova modalidade terapêutica para a SAOS, dentro de
poucos anos, mas falta ainda definir quais os doentes que mais beneficiarão com este tipo de
tratamento.
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6. Conclusão
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8. Referências bibliográficas
Sánchez AI, Martínez P, Miró E, et al. CPAP and behavioral therapies in patients with
obstructive sleep apnea: Effects on daytime sleepiness, mood, and cognitive function.
Sleep Medicine Reviews 13 (2009);
Veasey S. Center for Sleep & Respiratory Neurobiology & Department of Medicine,
University of Pennsylvania School of Medicine, Philadelphia, PA, USA. Treatment of
obstructive sleep apnoea. Indian J Med Res 131 (2010)
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