Elementos Essenciais Do Negocio J
Elementos Essenciais Do Negocio J
Elementos Essenciais Do Negocio J
Introdução ......................................................................................................................... 4
1. Objectivos.................................................................................................................. 5
Conclusão ....................................................................................................................... 20
Legislação ....................................................................................................................... 21
Manuais .......................................................................................................................... 21
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Introdução
Assim, o conceito de fato jurídico lato sensu é o acontecimento, natural ou humano, que
é apto a adquirir, resguardar, modificar ou extinguir relações jurídicas. Este é o conceito
tradicionalista. A doutrina mais moderna, entretanto, percebe que há fatos que são
relevantes ao ordenamento jurídico, mas que podem jamais produzir quaisquer efeitos.
É o caso de um testamento: havendo revogação ou falecimento do beneficiário antes do
doador, ele pode jamais produzir efeitos. Por isso, a doutrina moderna entende que a
produção de efeitos não é o aspecto mais importante ao conceito, mas sim a
potencialidade de produção de efeitos. Por isso, para esta corrente, fato jurídico em
sentido amplo é aquele acontecimento capaz de adquirir, modificar, resguardar ou
extinguir situações jurídicas concretas, tendo potencialidade de produzir tais efeitos.
O fato jurídico lato sensu pode derivar de um acontecimento natural (fato natural) ou da
vontade humana (fato voluntário ou ato jurídico lato sensu).
Os fatos voluntários, por sua vez, podem ser lícitos ou ilícitos. Os actos ilícitos
constituem o principal campo de estudo da Responsabilidade Civil.
Finalmente, os atos lícitos podem constituir-se ato jurídico stricto sensu ou negócio
jurídico.
1. Objectivos
O presente trabalho discorre sobre os aspectos gerais dos negócios jurídicos, abordando
seus elementos, algumas de suas principais classificações e as teorias a respeito da
interpretação dos negócios jurídicos.
Negócio jurídico;
Elementos do negócio jurídico;
Interpretação do negócio jurídico.
De acordo com Santoro Passarelli, (pág. 272) explica que “O negócio jurídico é um acto
de uma vontade autorizada pelo ordenamento jurídico para perseguir um fim próprio.
Mais especificamente o negócio jurídico é um ato de autonomia privada, encaminhada a
um fim que o da declaração conduz à solução diversa no trato dos problemas dos vícios
do consentimento e determina orientação diferente na interpretação dos negócios
jurídicos.
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Teoria que, em nossa visão, prevalece na actual codificação. Razão por que Miguel Reale explica que
um dos princípios ordenadores da actual codificação é a socialidade, a qual deve ser compreendida como
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Ainda realça (Miguel Realle), A teoria da declaração, por sua vez, transpassa os
aspectos da subjectividade relativos à vontade individual, pois entende que o negócio é
acto comunicativo e social resultante de uma vontade declarada, logo, é uma estrutura
normativa objectivamente colocada; uma declaração preceptiva que ganha relevância
jurídica.
Após as análises dada acima preferimos alocar as seguintes noções do negócio jurídico.
Após as divergências o grupo preferiu destacar a seguinte noção, negócio jurídico e todo
facto jurídico que consiste em uma declaração de vontade a qual o ordenamento jurídico
atribuirá os efeitos designados como desejados, desde que sejam respeitados os
pressupostos da existência, os requisitos de validade e os factores de eficácia (impostos
pelas normas jurídica).
Como alude Orlando Gomes, “é através dos negócios jurídicos que os particulares auto-
regulam seus interesses, estatuindo as regras a que voluntariamente quiseram subordinar
o próprio comportamento”3.
uma forma de tentar “superar o manifesto carácter individualista”. Novo código civil brasileiro: estudo
comparativo com o código de 1916. São Paulo: revista dos Tribunais, (2002, pág. 13).
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Artigo 217.º do código civil
Declaração expressa e declaração tácita
1. A declaração negocial pode ser expressa ou tácita: é expressa, quando feita por palavras, escrito ou
qualquer outro meio directo de manifestação da vontade, e tácita, quando se deduz de factos que, com
toda a probabilidade, a revelam.
2. O carácter formal da declaração não impede que ela seja emitida tacitamente, desde que a forma tenha
sido observada quanto aos factos de que a declaração se deduz.
3
Gomes, Orlando. (2001). Introdução ao direito civil. (18a. Ed.) Rio de Janeiro: Forense, pág. 264.
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A semelhança entre ato jurídico stricto sensu e negócio jurídico é que ambos resultam
da vontade humana. A principal diferença entre os institutos está nos efeitos: os efeitos
do ato jurídico stricto sensu são ex lege (resultam da lei), ao passo que os efeitos do
negócio jurídico são ex voluntate (resultam da vontade). Pode-se também afirmar que,
no ato jurídico stricto sensu, há liberdade de iniciativa, enquanto no negócio jurídico há
liberdade de iniciativa e de regulamentação. Como exemplos de ato jurídico stricto
sensu, temos a fixação do domicílio voluntário, o reconhecimento voluntário de
paternidade e a aceitação e renúncia à herança. Por outro lado, os contractos (mesmo os
típicos), o testamento e a promessa de recompensa são exemplos de negócio jurídico.
Essenciais;
Naturais ou acidentais.
Os elementos essenciais gerais de validade são: agente capaz; objecto lícito, possível,
determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei (artigo 104 do
Código Civil); ausência de defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coacção, estado de
perigo, lesão e fraude contra credores); ausência dos casos de nulidade do negócio
(artigos 166 e 167 do Código Civil) e legitimação.
Pereira acredita que não há diferença entre o objecto ilícito e o objecto juridicamente
impossível, já que as expressões são sinónimas. Porém, a doutrina majoritária enxerga
diferenças entre os termos, com fundamento na redacção do art. 883 do Código Civil.
Além disso, o legislador distingue a condição juridicamente impossível (art. 123, I, do
Código Civil) da condição ilícita (art. 123, II, do Código Civil).
A consequência prática dessa distinção é que o negócio celebrado com objecto ilícito
gera efeitos jurídicos vinculados à ilicitude. Por exemplo: se um sujeito contrata outrem
para prática de homicídio, o contrato celebrado gerará efeitos jurídicos, tais como a
responsabilidade penal. Mas, o negócio celebrado com objecto juridicamente impossível
não gera consequências jurídicas em decorrência de vedação legal. Por exemplo: o
contrato envolvendo herança de pessoa viva (art. 426 do Código Civil). Dessa forma,
pode-se afirmar que o objecto ilícito é uma ofensa mais grave ao ordenamento do que o
objecto juridicamente impossível. Na ilicitude, há consequências jurídicas indesejáveis.
Na impossibilidade jurídica, o ordenamento ignora o negócio.
Para que um negócio seja válido, deve-se ainda observar a forma prescrita ou não defesa
em lei. A forma do negócio é meio pelo qual se exterioriza a vontade. Em Moçambique,
ela é presumidamente livre (artigos 219.º, a 223, do Código Civil)4.
Artigo 238.º Negócios formais, 1. Nos negócios formais não pode a declaração valer
com um sentido que não tenha um mínimo de correspondência no texto do respectivo
documento, ainda que imperfeitamente expresso. 2. Esse sentido pode, todavia, valer, se
corresponder à vontade real das partes e as razões determinantes da forma do negócio se
não opuserem a essa validade.
Para que um negócio seja válido, deve-se ainda observar a forma prescrita ou não defesa
em lei. A forma do negócio é meio pelo qual se exterioriza a vontade. No Brasil, ela é
presumidamente livre (artigos 104, III, e 107, do Código Civil).
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Artigo 219.º
Liberdade de forma
A validade da declaração negocial não depende da observância de forma especial, salvo quando a lei a
exigir.
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A forma pode ser ad solenitatem – forma é solenidade essencial à prática do ato, como
no caso do art. 108 do Código Civil – ou ad probationem tantum – forma é exigida
apenas como instrumento probatório, como no exemplo do art. 227 do Código Civil.
Há, por fim, a legitimação, que não se confunde com impedimento, pois a legitimação é
episódica, pontual, casuística.
Os elementos essenciais específicos de validade são aqueles elementos que se impõem
para determinado negócio jurídico, mas não são exigidos genericamente. Exemplo
clássico da doutrina: a compra e venda têm como elementos essenciais específicos de
validade a coisa, o preço e o consenso (art. 482 do Código Civil).
424 do Código Civil), há uma mitigação dessa liberdade das partes para afastamento
dos elementos naturais.
Por fim, os elementos acidentais são a condição, o termo e o encargo, que serão objecto
de análise aprofundada em outra oportunidade.
Em regra, as partes podem modular os efeitos dos contratos, com base no princípio da
autonomia privada. Mas há limites para essa liberdade de modulação, já que uma vez
alterada a sua causa, a própria tipificação da espécie contratual fica comprometida.
Por fim, é mister que se diferencie motivo de causa. O motivo são as razões subjectivas
que levam alguém a praticar determinado negócio. Assim, se alguém vende um carro
para comprar um imóvel, o motivo do contrato de compra e venda do carro é a compra
de um imóvel. Em regra, o motivo não tem relevância jurídica, há algumas excepções
legais (artigos 137, 140 e 166, III, do Código Civil).
3.4. Sujeito
Para melhor entendimento o grupo preferiu salientar acerca dos sujeitos com o artigo
66.o e o artigo 67.o, ambos do código civil5.
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Artigo 66.º
Começo da personalidade
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3.5. Objecto
Não querendo abster-se do código civil, o grupo aludiu as noções previstas no código
civil, no seu artigo 202.º.6
Além disso, o objecto deve ser materialmente existente. O próprio ordenamento jurídico
apresenta algumas excepções: artigo 212.o (contracto aleatório) e artigo 211.o (compra e
venda de coisa futura) do Código Civil7.
Por fim, não se exige que a vontade seja livre, mas apenas que haja vontade. Na coacção
moral, há anulabilidade, porque há manifestação de vontade, apesar de viciada. Já na
coacção física, não há manifestação de vontade, acarretando a inexistência do negócio.
Os negócios jurídicos que podem ser tanto gratuitos como onerosos são chamados de
negócios bifrontes. Exemplos: mandato, depósito e mútuo.
Gonçalves entende que existe uma quarta espécie de negócio, além de gratuito, oneroso
e bifronte: os negócios neutros, que são aqueles desprovidos de atribuição patrimonial,
nos quais se estabelece a destinação de bens. Os exemplos seriam as cláusulas de
inalienabilidade, de impenhorabilidade e de incomunicabilidade, e a instituição do bem
da família voluntário. Esse entendimento é criticável porque esses exemplos não
configuram negócio jurídico, mas sim ato jurídico stricto sensu, já que os seus efeitos
decorrem da lei.
Há, ainda, os negócios conexos (ou coligados). Neles, há um nexo económico unitário
entre dois ou mais negócios jurídicos, ou seja, há uma relação de interdependência entre
negócios jurídicos. O exemplo mais usual na prática é aquele do sujeito que celebra um
contrato de mútuo com instituição financeira vinculada à concessionária de veículos e
um contrato de compra e venda do carro com a própria concessionária. Nesse caso, o
vício no contrato de compra e venda pode contaminar o contrato de mútuo (que em tese
não possui vício), de forma a possibilitar ao consumidor a realização do seu direito de
exigir a resolução do contrato, após o período de 30 dias previsto no Código de Defesa
do Consumidor.
A interpretação dos negócios jurídicos é usada nos casos em que há divergência entre a
vontade declarada e a vontade interna.
Contudo, essa teoria trazia uma grande insegurança jurídica. Então, como contrapartida,
surgiu a teoria da declaração, segundo a qual prevalece a vontade declarada.
O art. 112 do Código Civil aparentemente adoptou a teoria da vontade, mas uma análise
mais atenta mostra que a intenção do declarante deve ser analisada com base nas
declarações (“nelas consubstanciada”). Assim, a tendência da doutrina é preconizar que
o dispositivo segue a teoria da declaração.
A forma, segundo Betti (pág. 247), é o meio pelo qual o negócio jurídico se torna
reconhecível aos outros, por intermédio de uma declaração verbal ou por um
comportamento
Por outrora, diferindo da declaração, o comportamento puro e simples não pode contar
com a colaboração psíquica alheia, representando uma exigência a satisfazer numa
relação com os demais; não apela para a consciência ou para a vontade das pessoas em
cuja esfera deverão desenvolver-se os efeitos do negócio, (Betti, pág. 250).
Seja como declaração, seja como comportamento, por forma do negócio deve se
entender um meio que o torne socialmente reconhecível, e, a forma do acto obriga, em
regra, o agente, segundo o seu significado social objectivo.
Nos negócios declarativos, a parte é livre, até certo ponto, quanto à escolha das
palavras, e, por isso, tem o ónus de se expressar adequadamente, pois deve suportar o
risco de uma expressão inadequada, obscura ou ambígua. Em outras palavras, a intenção
de regular certos interesses só tem eficácia na medida em que as palavras empregadas
resultem no conteúdo essencial do negócio jurídico.
Emissão e expressão passam a ser uma só coisa e, uma vez acessadas pelo destinatário,
têm carácter irrevogável.
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Mais uma vez Betti critica o dogma da vontade: “Seria, porém, um erro explicar essa diferença,
recorrendo à ideia de que nos negócios que consistam num simples comportamento, a <<vontade>> se
encontra no estado puro, sem necessidade de uma forma”. Idem. p. 251.
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Por outro lado, tratando-se de declaração mediata, feita por meio escrito ou por outro
meio similar de comunicação (não-imediata), a expressão precede e adquire existência
com a formação da escrita e a emissão consiste no processo de dar ciência ao
destinatário do conteúdo da declaração, como ocorre com a postagem de uma carta
numa agência dos correios.
O comportamento, por sua vez, é sempre uma manifestação tácita e indirecta, mas, por
ele, socialmente se torna reconhecível a vontade do agente, assumindo a mesma função
de uma declaração direita.
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Aqui é preciso considerar que hoje os aplicativos de mensagens pela internet propiciam uma
comunicação em tempo real, de tal modo que a comunicação feita de forma intencional, vincula o agente
na medida em que chega ao seu destinatário.
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Não é a vontade interna que se deduz do comportamento e que torna possível estruturar
o negócio, mas o conjunto fático-circunstancial presente no comportamento que
estrutura o negócio jurídico de forma implícita e indirecta.
Quanto ao silêncio, Betti investiga em sua obra até que ponto a inércia consciente, na
presença de certas circunstâncias e situações por parte de quem tenha a concreta
possibilidade de agir, é suficiente para dar formação a um ato de autonomia privada e
revestir o significado de negócio jurídico10.
O autor enfatiza que não se pode considerar a existência de um negócio sem algum tipo
de manifestação.
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Artigo 218.º do Código Civil
O silêncio como meio declarativo
O silêncio vale como declaração negocial, quando esse valor lhe seja atribuído por lei, uso ou convenção.
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Conclusão
Referencias Bibliográficas
Legislação
Manuais
Amaral, Francisco. (2003). Direito civil, Introdução. (5. Ed.). Rio de Janeiro: Renovar.
Betti, Emílio. (1969). Teoria geral do negócio jurídico. Tomo I. Coimbra: Coimbra
Editora.
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Janeiro: Forense.
Gonçalves, Carlos Roberto. (2010). Direito civil brasileiro. Parte geral. (8a Ed.). São
Paulo: Saraiva, volume 1.
Miguel, Reale. (2002). Novo código civil brasileiro: estudo comparativo com o código
de 1916. São Paulo: revista dos Tribunais, pág. 13.
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Janeiro: Forense, volume I.
Rizzardo, Arnaldo. (1983). Da ineficácia dos actos jurídicos e da lesão no direito. Rio
de Janeiro: Forense.
Santoro, Passarelli Francesco. (1964). Doctrinas generales del derecho civil. Tradução
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pág. 139.
Tepedino, Gustavo. (2008). Comentários ao novo Código Civil. In: Teixeira, Sálvio de
Figueiredo. São Paulo: Forense, volume X.