Análise de Vibrações A Uma Banca de Potência: Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial
Análise de Vibrações A Uma Banca de Potência: Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial
Análise de Vibrações A Uma Banca de Potência: Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial
Trabalho Projeto
apresentado para a obtenção do grau de Mestre em
Engenharia e Gestão Industrial
Autor
Mário Filipe de Aragão Costa
Orientador
José Manuel Torres Farinha
Professor do Departamento de Engenharia Mecânica
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Em primeiro lugar quero agradecer ao Professor Doutor José Torres Farinha, meu orientador,
por me ter colocado este desafio, bem como pelo seu acompanhamento e orientação.
À colega e amiga Carla Gomes, pela força e motivação que me transmitiu. Estou certo que
não teria terminado esta etapa sem o apoio.
À minha família por todo o apoio que me deram ao longo de toda a minha vida e pelos valores
que me transmitiram que fizeram de mim o que sou hoje.
Finalmente, à pessoa mais importante da minha vida. O meu filho Santiago, com quem tive de
abdicar de alguns momentos, e a quem dedico em especial este trabalho. O seu sorriso é o que
me motiva e faz superar cada dificuldade.
O meu profundo e sentido agradecimento a todos os que me apoiaram nesta fase da minha
vida.
iii
iv
Resumo
Uma etapa fulcral para uma boa gestão dos ativos é a manutenção. A conotação associada à
atividade de manutenção foi, em tempos, negativa. As entidades consideravam que este
conjunto de ações representava apenas um custo desnecessário. Com o passar dos anos, as
empresas foram-se apercebendo da importância deste custo e como a redução do mesmo se
poderia tornar numa vantagem competitiva, debruçando-se sobre o estudo de várias técnicas
de monitorização de condição de equipamentos. Dentro destas encontra-se a Análise de
Vibrações.
Numa primeira fase, foram realizadas várias recolhas de medidas de vibração, análise do nível
global e do espectro de frequência. Para tal, recorreu-se a um acelerómetro piezoelétrico que
permitiu determinar o valor da aceleração e, consequentemente, informação acerca do tempo
de resposta e velocidade. Os dados foram tratados a partir de uma folha de cálculo fornecida
com o equipamento Vibration Analyzer VA-12. Para a análise dos gráficos, foi aplicada a
análise espectral de referência e a média quadrática.
No decorrer deste estudo foi possível verificar que a análise de vibrações permite diagnosticar
a existência de anomalias que causam uma perturbação no funcionamento de um determinado
equipamento. Contudo, sem a assinatura da máquina e sem recurso a outros equipamentos de
apoio à análise de vibração, como, por exemplo, a análise de fases, não foi possível chegar a
uma conclusão final inequívoca que caraterizasse a banca de potência com rigor.
v
vi
vii
Abstract
Maintenance is a key stage for a good asset. In the past, maintenance was mainly seen as
negative element and a cost item on the company’s budget. Over the years, the companies
started to give more importance to this cost and how its reduction could become a competitive
advantage. This has led to new techniques and maintenance strategies. Within these was the
Vibration Analysis.
In the context of condition-based Maintenance, the present thesis aims to describe the
vibration analysis technique and understand the benefits of vibration monitoring.
The adopted procedure had as objective of analysing the relation of the vibrations with the
diagnosis of the existence of failures on the engine test bench, that belongs to Coimbra
Institute of Engineering.
There was made several measurements on the test bench, it was made the analysis of the
overall vibration and associated vibration frequency spectrum. The acceleration, displacement
and velocity units were measured with a piezoelectric accelerometer. All the data were
processed on the Excel file that came with the Vibration Analyser VA-12. It was used the
quadratic mean and reference spectrum for the graphs analysis.
In the course of this study, it was possible to verify that vibration analysis allows to diagnose
the existence of anomalies that cause disturbances in the normal function of the equipment.
However, without the signing vibration of the machine and without the support from other
vibration devices/techniques, such as the phase analysis, it wasn’t possible to reach a final
conclusion that characterized the bench test.
viii
ix
Índice
Agradecimentos .............................................................................................................................iii
Resumo ............................................................................................................................................ v
Abstract ........................................................................................................................................viii
1. Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1 Contexto e motivação ................................................................................................. 1
1.2 Objetivos do Trabalho ................................................................................................ 1
1.3 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 1
3. Vibrações ............................................................................................................................. 11
3.1 Teoria da Vibração ................................................................................................... 12
3.1.1 Movimento Periódico ...................................................................................... 12
3.2 Grandezas físicas da vibração................................................................................... 15
3.3 Parâmetros da vibração e a sua escolha .................................................................... 17
3.4 Frequências Naturais ................................................................................................ 19
3.5 Ressonância .............................................................................................................. 20
x
4.6.1 Transdutores de deslocamento ........................................................................ 34
4.6.2 Transdutores de velocidade ............................................................................. 34
4.6.3 Transdutores de aceleração – Acelerómetros .................................................. 35
4.7 Diagnóstico de falhas................................................................................................ 37
4.7.1 Desequilíbrio ................................................................................................... 37
4.7.2 Desalinhamento ............................................................................................... 38
4.7.3 Veio empenado ......................................................................................................... 41
4.7.4 Defeitos nos rolamentos ........................................................................................... 42
4.7.5 Folgas Mecânicas ..................................................................................................... 45
6. Conclusões ........................................................................................................................... 79
6.1 Considerações finais ................................................................................................. 79
6.2 Trabalhos Futuros ..................................................................................................... 79
7. Bibliografia.......................................................................................................................... 81
xi
Lista de figuras
Figura 2.2 – Técnicas Manutenção condicionada para tipo de anomalia. Fonte: ISO
17359:2002 ......................................................................................................................... 7
Figura 3.1 Movimento periódico de um rolamento numa chumaceira. (Mobley, 2002) ......... 12
Figura 4.6 – Analisador SKF Microlog GX-CMXA 75. Fonte: (SKF, 2018).......................... 28
Figura 4.7 – Medição de fase através de uma marca no veio. Fonte: (Fernandez, 2017) ........ 29
Figura 4.8 – Fissura na pista exterior do rolamento. Fonte: (Tyagi & Panigrahi, 2017) ......... 30
Figura 4.9 – Forma de onde com amplitude modulada típica de um rolamento defeituoso
(Fernandez, 2017) ............................................................................................................. 31
Figura 4.11 – Procedimento de análise de envelope (Slavic, Brkovic, & Boltezar, 2011) ...... 33
xii
Figura 4.16 - Espetro típico de desalinhamento paralelo. Fonte: (Berry, 2002) ...................... 40
Figura 4.17 - Espetro típico de desalinhamento do rolamento com o veio. Fonte: (Berry,
2002) ................................................................................................................................. 41
Figura 4.18 - Espetro típico de um empeno no veio. Fonte: (Berry, 2002) .............................. 42
Figura 4.23 – Folgas entre o rolamento e o veio. Fonte: (Girdhar & Scheffer, 2004) ............. 46
Figura 4.24 – Folgas entre a máquina e a estrutura. Fonte: (Girdhar & Scheffer, 2004) ......... 47
Figura 4.25 – Folgas estruturais. Fonte: (Girdhar & Scheffer, 2004) ...................................... 47
Figura 5.9 – Limites Envelope de Aceleração (gE). Fonte: (SKF Reliability Systems,
2004) ................................................................................................................................. 61
xiii
Figura 5.18 – Ponto 4H+ .......................................................................................................... 69
xiv
Lista de tabelas
Tabela 5.14 – Ponto 3 e 4: Filtro 5kHz a 10kHz Amplitude gE pico a pico ............................ 74
Tabela 5.17 - Ponto 5 e 6: Filtro 5kHz a 10kHz Amplitude gE pico a pico ............................. 78
xv
Abreviaturas e Símbolos
B Diâmetro da esfera
Fmáx Frequência máxima
Fn Frequência natural
k Rigidez da mola
m Massa
N Número de esferas ou rolos
P Diâmetro primitivo
Vetor de deslocamento
̇ Vetor de velocidade
̈ Vetir de aceleração
Ângulo de contato
BPF Frequência de falha na esfera
BPFI Frequência de falha na pista interna
BPFO Frequência de falha na pista externa
CPM Ciclos por minuto
CSI Computational Systems Incorporated
CV Cavalo vapor
FFT Transformada rápida de Fourier (do inglês fast Fourier transform)
FTF Fundamental train frequency
GCL Linha física do rotor (geometric centerline)
ISEC Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
LMA Laboratório Máquina Alternativas
LOR Linhas de Resolução (Lines of Resolution)
MPC Manutenção Preventiva Condicionada
RMS Valor eficaz (Root Mean Square)
RPM Rotações por minuto
PIA Eixo principal de inércia (principle inertia axis)
SEE Spectral Emission Energy
SPM Shock Pulse Method
xvi
xvii
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
1. Introdução
Hoje em dia, a competição no mundo empresarial e industrial é cada vez mais feroz.
As empresas são constantemente postas à prova no que diz respeito ao preço e qualidade dos
seus serviços e/ou produtos. Desta forma, torna-se importante que estas possuam uma boa
capacidade de gestão.
A manutenção é uma tarefa chave na boa gestão empresarial, uma vez que pode
influenciar nos custos de fabrico, na qualidade do produto, na flexibilidade e rapidez de
resposta a encomendas. Para além disso, a manutenção garante também a fiabilidade e
segurança dos equipamentos, melhora a qualidade, aumenta a produtividade, aumenta a
segurança dos operadores e reduz os custos de produção evitando desperdícios. Deste modo,
torna-se cada vez mais importante implementar nas empresas uma política de manutenção
eficaz.
O objetivo principal deste projeto passa por avaliar, através da análise de vibrações, o
comportamento de uma banca de potência existente no Laboratório de Máquinas Alternativas
(LMA), no ISEC. Paralelamente, pretende-se também testar a máquina de recolha de dados.
1
Introdução
2
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
2. Enquadramento Teórico
3
Enquadramento Teórico
Este tipo de manutenção, também conhecido como manutenção até à falha, foi em
tempos o mais utilizado. Era caracterizado pelos custos elevados devido aos tempos de
inatividade não programada, máquinas estragadas e gastos com horas extra.
De uma maneira resumida, o departamento de manutenção é gerido pelas avarias das
máquinas, não existindo grande conhecimento sobre o estado atual do parque de máquinas da
empresa. Neste caso, torna-se bastante difícil planificar as necessidades de manutenção e
prever o estado geral de disponibilidade do sistema.
Nos dias de hoje, este tipo de manutenção já não tem grande presença, contudo
existem algumas situações em que ainda se aplica, como é o caso de empresas que possuem
várias máquinas iguais. Assim que se dê a avaria, está programada a entrada de um
equipamento igual e desta forma a produção não é afetada.
4
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Conhecida a curva aplicada a uma determinada máquina, pode-se tirar partido do uso
da manutenção preventiva. Dentro deste tipo de manutenção incluem-se atividades como
trocas de óleo, filtros, limpeza e inspeção periódica.
5
Enquadramento Teórico
Atualmente existe uma grande variedade de métodos que avaliam as condições dos
equipamentos e que permitem determinar o tempo indicado de intervalo entre cada
manutenção. Os dados recolhidos possibilitam que se efetue uma avaliação da degradação do
desempenho de um sistema desde que este foi colocado sobre análise. Além disso, no caso de
algum equipamento ter sofrido alguma intervenção, como por exemplo, a substituição de
algum componente por um novo ou a sua reconstrução, permite que se perceba a qualidade do
novo equipamento. As técnicas de manutenção condicionada incluem:
Análise de vibrações;
A análise de vibrações de sistemas e equipamentos é uma das técnicas mais usadas na
manutenção condicionada. Esta permite determinar a condição do equipamento rotativo e a
estabilidade estrutural num sistema.
Análise de óleos
A análise do óleo de lubrificação é realizada para determinar a condição de desgaste
mecânico de um equipamento e se o óleo se encontra contaminado ou não (NASA, 2008).
Com o passar do tempo, as caraterísticas dos óleos tendem a degradar-se. Sempre que
se detetar mudanças drásticas nas suas caraterística, significa que é necessário fazer algo no
sentido de o regenerar ou substituir. Assim sendo, deve existir um plano periódico de recolha
de amostras.
Termografia;
De acordo com o autor (Rocha & Póvoas, 2007), “a termografia infravermelha é vista
como uma técnica rápida, não invasiva, sem contato, que permite o registo das variações
dinâmicas em tempo real. Pode ser aplicada a grandes distâncias e permite analisar e
inspecionar grandes áreas em curtos espaços de tempo”. Os resultados obtidos com esta
técnica são de fácil e de rápida análise.
As inspeções por termografia são identificadas como medições e análises quantitativas
ou qualitativas. A primeira tem como objetivo obter a temperatura do objeto com precisão. A
inspeção qualitativa foca-se em diferenças relativas, pontos quentes ou frios, e desvios dos
valores normais ou gamas de temperaturas expetáveis.
Este método consegue detetar defeitos térmicos ou mecânicos em diversos
equipamentos, como é o caso dos geradores, transformadores, caldeiras, acoplamentos
desalinhados, entre outros.
Análise de parâmetros processuais;
6
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
7
Enquadramento Teórico
A carta foi mais tarde aperfeiçoada pelo IRD Mechanalysis, U.S. Navy, Blake e
outros. Blake desenvolveu uma carta que continha gráficos com deslocamento, velocidade e
aceleração versus frequência, com graus de severidade espaçados de 10 dB e fatores de
serviço para várias máquinas. Durante este período, os instrumentos de análise eram bastante
limitados, o que fazia com que o tempo despendido com recolha e tratamento de dados fosse
muito alto. Eram utilizados instrumentos eletrónicos e osciloscópios que obtinham os níveis
de vibração, medidos geralmente em amplitudes de deslocamento ou velocidade e registados
manualmente pelos técnicos (Boon & De Bauw, 2012).
Até meados dos anos 60, os níveis de vibração, que permitiam identificar a condição
da máquina, eram recolhidos de uma forma não sistemática. Mas foi por volta desta altura,
que Don Bently e Don Wilhelem desenvolveram o primeiro equipamento que permitia uma
monitorização permanente da máquina.
8
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Nos finais dos anos 70, os instrumentos de análise começaram a ser substituídos por
analisadores de transformadas de Fourier (FFT). Estes instrumentos eram baseados no
algoritmo de Tukey e Cooley, em 1965 (Brandt, 2011). Passaram a ser muito mais pequenos e
leves, e passou a ser possível obter áudio e processamento de imagem em tempo real.
No início de 1980, foram desenvolvidos analisadores de alta frequência que
comunicavam com o computador. Além de permitirem altos níveis de eficiência e eficácia,
possibilitavam que todos os dados e espectros gerados pelos conversores FFT fossem
guardados em computador. Desta forma, os técnicos de manutenção passaram a despender
menos tempo com o armazenamento e transcrição de resultados, passando a focar-se no
tratamento e interpretação dos resultados obtidos.
9
Enquadramento Teórico
10
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
3. Vibrações
11
Vibrações
(3.1)
O máximo valor do deslocamento é X0, que também pode ser designado por
amplitude. O período, T, é usualmente medido em segundos, e o seu inverso é a frequência de
vibração, f, medida em ciclos por segundo (cps) ou Hertz (Hz).
12
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
(3.2)
(3.3)
̇ (3.4)
̈ (3.5)
2
Esta função é também uma harmónica com amplitude X0.
Na maioria das máquinas existe uma série de fontes de vibração, logo, a maioria as
curvas das vibrações que se obtêm em função do tempo são não harmónicas. Apesar de todos
os movimentos harmónicos serem periódicos, nem todos os movimentos periódicos são
harmónicos. Na figura que se segue, Figura 3.2, é possível observar a suposição de duas ondas
que possuem diferentes frequências. As curvas a tracejados representam o movimento
harmónico.
13
Vibrações
(3.7)
A vibração total é a soma das duas linhas a tracejado, e está representada através de
uma linha contínua vermelha. A equação que se segue representa a vibração total:
(3.8)
Qualquer função periódica pode ser representada como uma série de funções que têm
frequências de , 2 , 3 , etc.:
(
3.9)
A equação anterior é conhecida por série de Fourier, que é uma função do tempo ou
f(t).
14
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Como grandezas físicas da vibração pode-se destacar: (i) a frequência, (ii) a amplitude
e (iii) a fase (Orn, 2014).
Frequência
A frequência é o número de ciclos que um evento ocorre em período de tempo,
geralmente identificada por “ciclos por segundo” ou Hertz (Hz). Trata-se de um parâmetro de
extrema importância na análise de vibrações, uma vez que facilita a deteção de fontes de
vibração.
Amplitude
A amplitude da vibração, diz respeito à intensidade que ocorre um determinado
evento. Esta grandeza permite conhecer severidade dos eventos que estão a ocorrer.
Na Figura 3.4 são apresentadas as quatro maneiras possíveis de expressar o nível de
amplitude: (i) Pico a Pico, (ii) Pico, (iii) RMS (raiz média quadrática) e (iv) valor médio.
15
Vibrações
(3.10)
A medição do valor médio retificado representa 63,7% do valor de pico de uma onda
sinusoidal e é exato apenas quando a onda medida é uma sinusoide pura.
Fase
A fase da vibração indica qual a interação cinética entre os esforços atuantes e a reação
física da máquina ou componente. É um parâmetro que auxilia a determinar como os
diferentes componentes de uma máquina se estão a mover em relação uns aos outros.
16
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
17
Vibrações
18
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
√ (3.11)
Onde:
Fn = frequência natural (Hz);
m= massa (kg);
k= constante da mola, ou rigidez.
Com base na equação (3.11), pode afirmar-se que com o aumento da rigidez, maior
será a frequência natural, e se a massa aumentar, a frequência natural diminui. Se ao sistema
se incluir o amortecimento, como têm todos os sistemas físicos, a frequência natural será mais
baixa e dependerá da quantidade de amortecimento.
Um grande número de sistemas massa-mola-amortecedor formam um sistema
mecânico a que se chama de “graus de liberdade”, e a energia de vibração que se aplica à
máquina, vai distribuir-se entre os graus de liberdade que dependem das suas frequências
naturais e do seu amortecimento, assim como da frequência da fonte de energia. Por este
motivo, a vibração não se distribui de forma uniforme na máquina.
No caso de uma máquina acoplada a um motor elétrico, uma fonte de energia de
vibração é o desequilíbrio residual do rotor do motor, possível de medir nos mancais do
motor. No entanto, se a máquina tiver um grau de liberdade com uma frequência natural
próxima da rotação do motor, o seu nível de vibração poderá ser muito mais alto, mesmo
estando a uma grande distância do motor. Este é um fator importante na altura em que se faz a
avaliação da vibração de um equipamento. A localização do nível de vibração máximo não
pode estar próxima da fonte de vibração.
19
Vibrações
3.5 Ressonância
A ressonância é um estado de operação em que uma frequência de excitação se
encontra próxima de uma frequência natural da estrutura da máquina (Glen, 1997). Para
determinar se uma máquina tem ressonâncias relevantes, podem ser realizados testes com o
objetivo de as detetar:
O teste de impacto: efetua-se este teste através do uso de um martelo de
impacto, que aplica uma força proporcional à sua massa e velocidade de impacto, e que é
medida através de um transdutor de força interno. Se existir ressonância, a vibração da
máquina irá ocorrer à frequência natural.
Arranque e rotação livre: a máquina é ligada e desligada, enquanto que os
dados de vibração e rotação (através de um tacómetro, por exemplo) são gravados. A forma
de onda indicará um máximo quando a rotação iguala a frequência natural.
Teste de velocidade variável: numa máquina em que a velocidade pode variar,
é feita a variação de velocidade, ao mesmo tempo que os dados de vibração são guardados,
bem como a velocidade de rotação. Os resultados serão interpretados da mesma maneira que o
teste anterior.
20
Análise de Vibrações a uma Banca de Potência
4. Processamento do sinal
Neste capítulo são expostos e descritos alguns métodos de medição das vibrações e
são apresentados alguns equipamentos e tipos de transdutores utilizados na recolha de dados.
Por fim, serão apontados alguns tipos de falhas e como se manifestam no espetro de
frequências.
Geralmente, este tipo de gráficos mostra um curto intervalo de tempo, sendo que
habitual é ajustar o eixo do tempo para que compreenda 5 a 7 rotações do veio. Este tipo de
gráfico demonstra-se pouco efetivo para rotinas de análise de vibração, visto que requer
algum tempo para tratamento dos dados. É bastante usual utilizar-se os gráficos em domínio
do tempo quando se pretende comparar o gráfico da máquina em análise com uma máquina
semelhante que possua um defeito similar.
Todas as máquinas produzem sinais como resultado das suas ações, seja através do seu
movimento físico ou movimento de rotação. Na grande maioria estes sinais são recebidos
como correntes elétricas alternadas, compreendendo uma mistura de diferentes magnitudes,
frequências e relações de fase. Estes sinais, em tempo, são relevantes no diagnóstico da
condição de um equipamento, contudo como mencionado no ponto 4.1 estes são bastante
complexos e raramente conseguem fornecer alguma informação sem que primeiro se
decomponha todas as componentes em frequência.
22
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Este tipo de gráficos elimina a tarefa de isolar cada componente que faz parte da curva
de vibração em tempo. Através do processo de Transformadas Rápidas de Fourier, a curva em
tempo é convertida numa série de componentes de frequências (ver figura 4.2).
23
Processamento do sinal
(4.1)
Deve-se ter em conta que uma maior resolução, apesar de trazer resultados mais
exatos, faz com que o cálculo FFT demore mais tempo, atrasando desta forma a recolha das
medições.
24
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Uma das técnicas bastante utilizadas para indústria é o valor RMS (Almeida, Vicente,
& Padovese, 2002) O valor de RMS permite que a deteção de vibrações anómalas na maioria
dos casos. De modo a possibilitar a contabilização de valores negativos de velocidade é
indispensável a utilização do valor médio quadrático, como sugere a equação que se segue
(Lebold, McClintic, Campbell, Byington, & Maynard, 2000):
√ ∑ (4.2)
(4.3)
25
Processamento do sinal
Na análise de vibrações, a diferença de fases entre duas ondas é bastante utilizada para
diagnosticar defeitos em diferentes máquinas.
Estroboscópio
26
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
4.4.1.1 Estroboscópio
Para se obter a leitura de fase, deve começar por ser feita uma marca de referência no
veio. Na parte fixa, como a tampa da chumaceira, devem ser marcados vários pontos como
que uma escala angular, com marcas de 0º a 360º. A numeração deve ser feita na direção da
rotação do veio.
Na altura que se for efetuar as medições, a lâmpada estroboscópica deve ser apontada
para a marca feita no veio, sincronizando o estroboscópio para 1X rpm. É importante que a
lâmpada permaneça na mesma posição, podendo ser fixada com o auxílio de um tripé.
A luz intermitente da lâmpada fará com que a marca apareça no veio como que
estacionária. Ao sincronizar a lâmpada, esta vai estar a comunicar ao analisador a que
frequência irá medir a fase, sendo que até aqui, a lâmpada estroboscópica está a ser acionada
por um trigger interno, ou mesmo através do analisador. É necessário ativar um switch no
analisador ou na lâmpada que vai alterar a forma como o estroboscópio está a ser ativado
(triggered).
Assim que o switch é ativado, a lâmpada deixa de usar o trigger interno e passa a
utilizar a sinusoide da vibração detetada. Desta forma, sempre que um pico no sinal é detetado
27
Processamento do sinal
pelo analisador, será passada a informação ao estroboscópio que este deve emitir um flash à
frequência da vibração. A posição angular a que a marca aparece “congelada” deve ser
registada.
De seguida, o sensor de vibração deve ser fixado numa outra posição. O estroboscópio
será novamente acionado pela 1X. A marca de referência irá ser vista na mesma ou em outra
posição angular. A diferença de fases entre as duas posições onde foram colocados os
sensores será dada pela diferença da posição angular da marca observada e o estroboscópio.
A análise de fase através de analisadores multicanal (com pelo menos dois canais)
consiste em realizar pelo menos duas leituras de vibração com dois sensores em simultâneo e
comparar as suas formas de onda. Esta comparação vai indicar a fase de uma das medições
em relação à outra. Colocando um sensor num ponto da máquina e outro sensor em posições
sequenciais de interesse, é possível obter as leituras de fase relativamente ao sensor que está
fixo. Na figura abaixo, é possível visualizar um analisador multicanal (Figura 4.6).
Figura 4.6 – Analisador SKF Microlog GX-CMXA 75. Fonte: (SKF, 2018)
28
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Na imagem que se segue (Figura 4.7) é possível entender como é realizada a medição
da fase e como interpretá-la.
Figura 4.7 – Medição de fase através de uma marca no veio. Fonte: (Fernandez,
2017)
(4.4)
Esta técnica de análise de vibrações é muito usada na deteção de falhas nos rolamentos
e caixas de velocidades (engrenagens). É um método que se centraliza na zona de altas
frequências do espetro. Através de um filtro high-pass (permite altas frequências e bloqueia as
baixas), o analisador amplia os dados de alta frequência. O analisador tenta captar alguns
29
Processamento do sinal
picos que de outra forma seriam perdidos no ruído de fundo de um espetro de banda estreito.
Segundo (Howieson, 2003), este ruído de fundo é por vezes chamado de carpet – em
português relva, que não são mais do que pequenas amplitudes em toda a faixa do espetro.
Figura 4.8 – Fissura na pista exterior do rolamento. Fonte: (Tyagi & Panigrahi,
2017)
Sempre que uma esfera passar sobre a fissura vai gerar um impacto. Os impactos são
muito pequenos em comparação com a vibração de funcionamento subjacente, contudo são
vários por cada rotação do veio. Dependendo da geometria interna do rolamento e do número
de elementos podem existir aproximadamente 6 a 10 impactos numa única rotação do eixo.
Os impactos causam excitação de ressonâncias estruturais no rolamento e no alojamento.
Caso o BPFO (outer race failing frequency – Defeito no anel externo) do rolamento for 6.3,
ou por outras palavras que 6.3 esferas passam sobre o defeito por rotação do veio, quer dizer
que são gerados 6.3 impactos por rotação. Se o veio estiver a rodar a 1.000 rpm o que pode
ser visto é um pico aos 105Hz (6.300 cpm) no gráfico FFT. Este pico pode ser visível num
FFT normal, contudo como é de pequena amplitude e está localizado na gama de baixas
frequências, pode ser difícil detetar a sua localização. Por este motivo é que se faz uso da
técnica de envelope.
Para além do pico aos 105Hz, há algo mais acontecer. Cada impacto gerado pela
passagem de uma esfera pelo defeito, vai excitar frequências de ressonância (alta frequência)
da estrutura do equipamento onde o rolamento está montado. Este fenómeno pode ser
comparado com o tocar de um sino com um martelo próprio. A cada toque, o que se vai ouvir
são dois tipos de som. Um é da frequência do martelo e o outro é o som do sino. O som do
30
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
toque é a ressonância do sino, que é basicamente uma vibração de alta frequência e pode ser
comparado à ressonância dos elementos do rolamento.
31
Processamento do sinal
A vibração medida pelo sensor passa primeiro por um filtro analógico para isolar o
impulso excitado pelo defeito do rolamento. O sinal filtrado passa posteriormente por um
retificador para inverter a metade negativa do sinal para o lado positivo. O sinal retificado
segue por um detetor envelope para identificar o envelope do sinal. Aplicando o FFT ao sinal
envelope vai surgir a frequência e amplitude, que são unicamente associada ao defeito do
rolamento.
Os dados digitais são, posteriormente, passados por um filtro band-pass para isolar a
resposta da ressonância excitada pelo defeito. Segue-se o algoritmo de deteção de envelope
para detetar o envelope dos dados filtrados. No domínio digital, este processo pode ser
alcançado pela transformada de Hilbert, que está relacionada com o FFT. Na figura 4.9 é
possível verificar todo o processo da técnica de envelope.
32
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
4.6 Transdutores
33
Processamento do sinal
Os dados são normalmente obtidos de pico a pico em mm. Este equipamento deve ser
montado firmemente na estrutura.
A maior desvantagem deste tipo de transdutor é o custo. Assumindo que cada máquina
tem em média 10 pontos de medição, este tipo de solução torna-se cara. O que as empresas
optam muitas vezes por fazer é decidir os pontos estratégicos onde colocar as pontas de
deslocamento e medir os outros pontos com um aparelho comum.
34
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Quando o acelerómetro é sujeito a uma aceleração, a massa exerce por inércia uma
força no cristal, sendo que, a diferença de potencial que surge aos terminais do cristal é
proporcional á aceleração obtida, sendo esta a aceleração absoluta do movimento. Os
equipamentos mais recentes permitem através deste sensor não só medir a aceleração, mas
também velocidade e deslocamento.
35
Processamento do sinal
A frequência natural destes dispositivos pode ser superior a 5 kHz, de modo que ele
podem ser utilizados para medições de vibração e de choque.
1. Sensibilidade (Sensitivity)
3. Resolução (Resolution)
4. Linearidade (linearity)
5. Desvio do zero e desvio da escala total (zero drift and full-scale drift)
36
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
4.7.1 Desequilíbrio
Este tipo de anomalia é um dos mais comuns nas máquinas rotativas. Quando os
componentes de uma máquina rotativa giram em torno de um eixo de rotação que não
coincide com o eixo principal de inércia, dá-se o desequilíbrio. Este tipo de anomalia também
se pode definir por uma distribuição desigual de uma massa em torno de um eixo de rotação.
Existem três tipos de desequilíbrio que podem ser encontrados nas máquinas, contudo,
para que se possa entender cada um deles deve-se ter em conta a seguinte terminologia.
Eixo de rotação que é definido como o eixo sobre o qual o rotor deve rodar se
não for condicionado pelos seus rolamentos. Também conhecido como o principle inertia axis
(PIA), ou em português eixo principal de inércia.
Eixo do centro geométrico que se define como a linha física do rotor (GCL
geometric centerline).
Se as duas linhas acima forem coincidentes, então o rotor estará num estado de
equilíbrio. Caso exista diferença entre estas duas, então o rotor estará em desequilíbrio. Neste
caso poderá encontrar-se num dos seguintes casos:
Desequilíbrio dinâmico (os dois eixos não são paralelos nem se intersetam no
centro).
Num gráfico tipo FFT, o que pode ser visto quando se está perante um desequilíbrio
será algo como mostra a Figura 4.14.
37
Processamento do sinal
Para qualquer um dos possíveis casos de desequilíbrio, o espectro FFT vai mostrar
uma frequência de vibração em 1X. A amplitude da vibração à frequência 1X vai variar
proporcionalmente ao quadrado da velocidade de rotação.
4.7.2 Desalinhamento
É possível que uma máquina esteja alinhada na direção horizontal, mas que
tenha um desalinhamento no eixo vertical, o que vai provocar maior vibração neste sentido.
38
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Contudo nem todos os casos são iguais, podendo a máquina apresentar um desalinhamento no
eixo horizontal e ter maior amplitude de vibração na vertical.
Ainda que o desalinhamento seja a principal causa da vibração axial, existem outras
fontes que podem gerar a vibração axial, tais como:
Eixos empenados
Eixos em ressonância
Existem três tipos de desalinhamento: (i) angular, (ii) paralela e (iii) combinada. Existe
ainda o desalinhamento de rolamentos no seu eixo.
Como mostra a figura abaixo (Figura 4.15), quando se está perante um desalinhamento
angular os eixos da máquina condutora e da máquina conduzida intercetam-se ou encontram-
se a um determinado ângulo, induzindo forças de flexão no eixo.
39
Processamento do sinal
Este tipo de desalinhamento carateriza-se pela elevada vibração axial sobretudo a 1X,
2X e 3X. Quando a amplitude a 2X ou 3X excede 30% a 50% da amplitude a 1X na direção
axial, costuma diagnosticar-se como desalinhamento angular. A melhor maneira de detetar
este tipo de desalinhamento é através da análise de fases, como se pode verificar na figura
anterior. Se de um lado os rolamentos movem-se num sentido e do outro lado movem-se no
sentido oposto, é bastante provável que se esteja perante um desalinhamento angular
Muitas vezes os rolamentos não estão devidamente montados, o que pode dar origem a
um desalinhamento do rolamento em relação ao veio. Este tipo de problema vai gerar
vibrações axiais.
Como se pode observar na figura abaixo (Figura 4.17) ao medir a fase na direção
axial, em cada um dos quatro pontos, desfasados de 90º entre si, vai ver-se uma diferença de
fase de 180º do ponto mais alto para o mais baixo e/ou de um lado para lado, no mesmo
rolamento.
40
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Neste caso, um alinhamento do veio não vai resolver a situação, sendo assim
necessário substituir o rolamento.
É considerada uma situação de empeno quando no veio o seu eixo apresenta uma
curvatura. Os sintomas de um eixo empenado são similares ao do desequilíbrio e do
desalinhamento, uma vez que vão gerar uma componente de vibração na direção axial e radial
a cada rotação.
41
Processamento do sinal
Os rolamentos são elementos mecânicos que possuem, de forma geral, uma forma
cilíndrica e são compostos por vários subelementos. Estes têm como principal função
minimizar a atrito entre as peças móveis da máquina e suportar uma carga.
( ) (4.5)
( ) (4.6)
( ) (4.7)
[ ( ) ] (4.8)
42
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Onde:
Antes de se apresentar cada uma destas fases, deve ter-se em conta que na análise de
vibrações de rolamentos, como os defeitos surgem muitas das vezes em altas frequências e
com baixas amplitudes, as cartas de severidade ISO são pouco uteis para detetar danos nas
etapas iniciais e intermédias. Para analisar os defeitos nos rolamentos deve dar-se maior
atenção aos espectros FFT. De acordo com MRA Instrumentação1, os defeitos nos rolamentos
são divididos em quatro zonas:
1
MRA Instrumentação – Conceitos Básicos de Medição de Vibrações.
43
Processamento do sinal
altas frequências - entre 20-60kHZ (120-360 kcpm). A Figura 4.19 mostra o espetro típico de
um rolamento na zona A.
Etapa 2 – Nesta etapa, as pistas dos rolamentos começam a apresentar falhas. Sempre
que uma esfera passa nesta falha vai gerar uma frequência, normalmente entre 30-120 kcpm,
dependendo do rolamento. Numa fase final deste estágio é começa a verificar-se frequências
de bandas laterais em redor das frequências naturais dos componentes do rolamento. A Figura
4.20 ilustra a zona B de um rolamento com defeito.
44
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
mostra a Figura 4.21. Quanto maior for o número de harmónicos, maior será a condição de
degradação do componente. Normalmente é aconselhável que se efetue a substituição do
rolamento quando este se encontra nesta etapa.
45
Processamento do sinal
O problema de folgas entre componentes mecânicos pode dar-se em três casos, descritos nas
seções seguintes.
Figura 4.23 – Folgas entre o rolamento e o veio. Fonte: (Girdhar & Scheffer,
2004)
Neste tipo de problemas, as medições de fase são pouco úteis e podem variar bastante
de uma medição para a outra. De salientar que, como este tipo de folgas é altamente
direcional, as medições podem ser bastantes diferentes quando retiradas de pontos diferentes
em torno da chumaceira. Uma diferença de 30º, de uma posição para a outra, pode apresentar
grandes diferenças nas leituras.
46
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Figura 4.24 – Folgas entre a máquina e a estrutura. Fonte: (Girdhar & Scheffer,
2004)
Este problema está associado a folgas estruturais ou fragilidade nos pés da máquina,
base ou fundação. Também pode ser consequência dos parafusos com um pouco de folga ou
degradação do betão. Neste caso, a análise de fase pode apresentar uma mudança de fase de
aproximadamente 180º entre as medições verticais no pé da máquina, placa de base e na
própria base.
47
Caso de estudo
5. Caso de estudo
Este caso de estudo tem como objetivo efetuar a medição e análise de vibrações a uma
banca de potência do ISEC e demonstrar as vantagens deste tipo de análise. Esta banca surgiu
da necessidade de se instalar um sistema de controlo de instrumentação no Laboratório de
Máquinas Alternativa (LMA), com o objetivo de se melhorar os diversos testes a MCI (Alves,
Fernandes, & Mateus, 2013).
Sabe-se de antemão que esta banca de ensaios nunca foi sujeita a qualquer tipo de
análise de vibrações e que não existem registos de manutenções. De referir que na análise
efetuada, o freio mecânico nunca foi objeto de estudo, porque se encontrava com alguns
problemas técnicos, e para que não prejudicasse as leituras optou-se por não se colocar em
funcionamento durante as medições. Desta forma, é importante salientar que todos os ensaios
foram efetuados sem carga.
Para a maioria dos ensaios foi utilizada a velocidade de ralenti do motor, cerca de 750
rpm.
Um freio mecânico,
Um eixo cardã,
Nas figuras seguintes (Figura 5.1, Figura 5.2 e Figura 5.3), são apresentados cada um
dos elementos pertencentes à banca de potência.
48
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
49
Caso de estudo
Nº de cilindros 4 em linha
Cilindrada 1.149 cc
Número válvulas 8
50
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
As caraterísticas dos rolamentos que estão alojados na chumaceira do veio, que faz a
ligação entre o cardã e o freio mecânico, encontram-se na Tabela 5.2. Na Figura 5.4 encontra-
se um esboço do rolamento 6211-Z2 com as várias dimensões.
d 55 mm
D 100 mm
B 21 mm
d1 ~ 69,06 mm
D2 ~ 89,4 mm
N 10
Massa 0,62 kg
Com base nos dados da tabela anterior (Tabela 5.2), referentes aos rolamentos, e nas
equações enunciadas no ponto 4.7.4, é possível determinar matematicamente as quatro
frequências geradas por defeitos nos rolamentos.
BPFI = 74,023 Hz
BPFO = 50,977 Hz
BSF = 5,098 Hz
FTF = 32,749 Hz
Estes valores de frequências são válidos apenas para a velocidade de rotação utilizada
nos diversos ensaios (aproximadamente 750 rpm – 12,5 Hz).
2
Rolamento SKF 6211-Z. Fonte: SKF, disponível em: https://www.skf.com/pt/products/bearings-units-
housings/ball-bearings/deep-groove-ball-bearings/deep-groove-ball-bearings/index.html?designation=6211-Z
51
Caso de estudo
52
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Este equipamento não permite definir uma rota previamente onde, para cada ponto já
estejam pré-definidos quais os parâmetros, tipo de gráfico, resolução espectral, filtro passa
alta/baixas frequências, entre outros. A configuração deve ser feita para cada ponto à medida
que se está a fazer a recolha. Nas tabelas abaixo encontram-se as configurações para as
medições em velocidade e aceleração.
Pontos 1 e 2 Pontos 3 a 6
Pontos 1 e 2 Pontos 3 a 6
53
Caso de estudo
Pontos 1 e 2 Pontos 3 a 6
Pontos 1 e 2 Pontos 3 a 6
54
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
5.2.2 Calibração
Antes de se iniciar com as recolhas das medições foi feito um teste ao acelerómetro
com o objetivo de se entender se este estava ou não calibrado. O teste acabou por servir como
exemplo, pois o acelerómetro piezoelétrico PV-57I era novo.
Para este teste foi utilizado o Shaker da PCB. Na tabela que se segue (Tabela 5.7)
encontram-se alguns dados sobre o mesmo.
Construtor PCB
Frequência
159.2 Hz
operação
Os valores lidos foram ao encontro dos que estão apresentados na tabela acima, sendo
possível desta forma concluir que o acelerómetro está calibrado.
Na Figura 5.6 pode ver-se do lado esquerdo o analisador VA-12 que apresenta um
valor de aceleração de 9.80m/s2 (rms). Não é possível observar na mesma imagem o valor da
frequência, mas esta foi de 159.250 Hz. Do lado direito da imagem pode observar-se o shaker
utilizado para o ensaio.
55
Caso de estudo
56
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
57
Caso de estudo
Na altura que se determinou quais os pontos a analisar, foi também necessário atribuir
sentidos (positivos e negativos) às direções (horizontal, vertical e axial) da banca de ensaios.
As direções ficaram definidas da seguinte forma:
Localização
Direção Sentido Designação
do transdutor
H - 1H-
1 V - 1V-
A - 1A-
H - 2H-
2 V + 2V+
A + 2A+
H + 3H+
3
V - 3V-
Identificação
H + 4H+
dos pontos de medição
4 V - 4V-
A - 4A-
H + 5H+
5 V - 5V-
A + 5A+
H + 6H+
6 V - 6V-
A + 6A+
58
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Este aparelho não possui um software específico para análise de vibrações, existem
sim umas folhas de cálculo, a VA12.xls (para Excel 2003) e a VA12_2007 .xlsm (para Excel
2007, Excel 2010 e Excel 2013), que permitem abrir e processar os dados recolhidos pelo
analisador RION VA-12. Estas folhas de cálculo contêm várias macros que convertem os
ficheiros tipo .RVD no formato .xlsm. Não é necessário criar uma folha para cada medição,
desde que todos os ficheiros tipo .RVD estejam agrupados na mesma pasta, a folha de cálculo
permite que se abram várias medições na mesma folha.
Antes de se abrir qualquer ficheiro tipo .RVD, é importante ter em atenção o setup,
que se encontra na segunda aba da folha VA12.
Utilizar uma escala para o eixo Y fixa – pode ser definido um valor fixo de
amplitude para o eixo do Y. À frente deste campo tem a escala a seleccionar, que varia entre
0,001 e 50.000.
Gerar uma tabela com dados “VM” – será gerada uma única tabela que
contém todos os dados, de todas as leituras, feitas no modo “VM”.
Após definido o setup da folha e corrida a macro, será gerado um ficheiro Excel em
que na primeira aba terá toda a informação de cada medição.
59
Caso de estudo
Neste ponto, para além de serem apresentados todos resultados obtidos nas várias
leituras realizadas, é levada a cabo uma análise crítica dos mesmos, procurando de forma
clara apresentar quais as alterações e testes que se fizeram para tentar diminuir os níveis de
vibração
60
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
No caso desta banca, o diâmetro do veio onde estão os dois rolamentos SKF 6211-Z é
de 55mm e a velocidade de rotação é de 750 rpm. Confrontando a tabela com estes dados,
identificou-se que a zona aceitável tem um valor máximo de 2 gE, isto para uma gama de
frequências de 0 a 1.000 Hz, insatisfatório até 4 gE e a partir deste valor como inaceitável.
61
Caso de estudo
Segundo (Ftoutou & Chouchane, 2018) uma falha é geralmente detetada através da
comparação do sinal de vibração do motor delituoso com o sinal de referência ou sua
assinatura.
1H 1V 1A
2H 2V 2A
Na Figura 5.10, Figura 5.11, Figura 5.15, são apresentados os espetros de velocidade
das medições no ponto 1. Os espetros nas direções horizontal e vertical apresentam formas e
62
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Velocity
20
16
12
mm/s (rms)
0
0 40 80 120 160 200
Hz
Velocity
50
40
30
mm/s (rms)
20
10
0
0 40 80 120 160 200
Hz
63
Caso de estudo
Velocity
2,0
1,6
1,2
mm/s (rms)
0,8
0,4
0,0
0 40 80 120 160 200
Hz
No ponto 2, os espetros obtidos foram semelhantes aos do ponto 1, por esse motivo
optou-se por não se colocar a imagem de cada um deles. Como se pode constatar pela Figura
5.13 a diferença entre o ponto 1 e 2 está no valor da amplitude, não surgiram novas
frequências.
Velocity
20
16
12
mm/s (rms)
0
0 40 80 120 160 200
Hz
Comparando o ponto 1 com o ponto 2, percebe-se que existe maior vibração do lado
contrário ao acoplamento. Esta diferença levou a suspeitar dos apoios do motor, em especial o
que está mais próximo do ponto 1. De forma a tentar melhorar a rigidez da estrutura, foi feito
64
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
um reforço provisório, que fixa ao apoio existente à estrutura. Esta alteração pode ser vista na
Figura 5.14.
65
Caso de estudo
Velocity
10
6
mm/s (rms)
0
0 40 80 120 160 200
Hz
O aparecimento de bandas laterais, como se ver nos vários espetros acima, pode estar
associado ao nível de desgaste da máquina. Como não existe a assinatura da máquina, não sé
possível definir se o equipamento está ou não com um nível de desgaste elevado.
Ainda nos pontos 1 e 2, foram feitos alguns ensaios com uma velocidade de rotação na
ordem das 1350 rpm (22,5 Hz). Verificou-se uma diminuição do valor global da vibração nos
pontos 1H e 1V e nos restantes quatros pontos um aumento. A Tabela 5.11 mostra os valores
medidos nas duas situações.
RP 1350 750
M
H 8,78 21,38
1 V 11,68 24,47
A 11,03 2,27
V 21,86 8,33
2
A 9,72 2,54
66
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
5.5.3 Chumaceira
As tabelas que se seguem, Tabela 5.12 e Tabela 5.13, mostram os valores de vibração
global nos pontos 3 e 4 da banca de potência.
3H 3V
4H 4V 4A
É possível verificar nas duas tabelas acima que os valores na direção horizontal são
superiores às da direção vertical. Segundo (Vuscan, 2011) as vibrações na direção radial
apresentam maior amplitude na direção horizontal do que na vertical. Tal facto deve-se às
67
Caso de estudo
vibrações na direção vertical que são reduzidas pela à rigidez neste plano, pela fixação e pelo
peso do sistema.
As figuras Figura 5.16, Figura 5.17, Figura 5.18, Figura 5.19. Figura 5.20 mostram os
espetros destes dois pontos.
Velocity
2,0
1,6
1,2
mm/s (rms)
0,8
0,4
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
Velocity
1,0
0,8
0,6
mm/s (rms)
0,4
0,2
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
68
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Velocity
5,0
4,0
3,0
mm/s (rms)
2,0
1,0
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
Velocity
1,0
0,8
0,6
mm/s (rms)
0,4
0,2
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
69
Caso de estudo
Velocity
2,0
1,6
1,2
mm/s (rms)
0,8
0,4
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
O que chamou atenção nos gráficos dos pontos 3 e 4 foi o fato de no ponto 3V, a 1X
aparecer com uma amplitude muito baixa em relação à 2X. Segundo (Girdhar & Scheffer,
2004) quando se está perante um veio empenado e a amplitude 2X é dominante então quer
dizer que o empeno se encontra perto da ponta.
De forma a tentar perceber o que se estava a passar nesta zona, foi desmontado o
acoplamento e feitas algumas medições com um comparador. Na Figura 5.21 é possível ver
uma imagem do veio.
70
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
A Figura 5.22 mostra a colocação e valores medidos com o comparador. Começou por
se medir numa posição axial em relação ao veio (lado esquerdo da figura), onde o valor
máximo lido foi de aproximadamente 0,065mm. Na posição perpendicular ao veio foi lido um
valor máximo de 0,03mm. Estes valores de deslocamento são muito semelhantes aos que
foram apresentados na Tabela 5.12.
71
Caso de estudo
No espetro do ponto 3H, Figura 5.16, são ainda visíveis folgas. Como é possível
observar harmónicas da velocidade de rotação no espetro em velocidade, pode-se apontar para
a estrutura, componentes soltos/partidos ou desapertados.
72
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Para as medições acima, foi utilizado o filtro 3 – 5 kHz a 10 kHz. É possível observar
que não existem sinais visíveis de picos, o que quer dizer que os elementos do rolamento
estão em bom estado.
73
Caso de estudo
Rolamento P3 Rolamento P4
H 2,123 0,4427
V 1,448 0,5162
A 0,2286
Nas tabelas seguintes, Tabela 5.15 e Tabela 5.16, encontram-se os valores globais de
vibração dos ponto 5 e 6 da banca de potência.
5H 5V 5A
74
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
6H 6V 6A
A primeira grande diferença que se nota destes dois pontos para os restantes é a
diminuição de todos os valores de vibração. Importa referir que o motor estava sem carga, ou
seja o freio não estava a funcionar.
Velocity
1,0
0,8
0,6
mm/s (rms)
0,4
0,2
0,0
0 200 400 600 800 1000
Hz
75
Caso de estudo
Velocity
2,0
1,6
1,2
mm/s (rms)
0,8
0,4
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
Velocity
1,0
0,8
0,6
mm/s (rms)
0,4
0,2
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
76
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
Velocity
1,0
0,8
0,6
mm/s (rms)
0,4
0,2
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
Um dos sintomas que estes pontos apresentaram foi a presença de folgas. De notar que
estes espetros acima já são os referentes às últimas medições. Nas primeiras medições
verificou-se que a estrutura tinha alguns dos parafusos, que fixam o freio mecânico à base,
mal apertados. É possível ver na Figura 5.31 o espetro obtido antes de se apertar os parafusos.
Os valores do O.A.v. eram de 1,865 mm/s (rms) e passaram para 0,7824 mm/s. Posto isto,
fizeram-se sentir algumas melhorias, mas mesmo assim o espetro em velocidade continuou a
apresentar indícios de folgas, isto porque se continuou a observar harmónicas da velocidade
de rotação e verificou-se a presença da 2X. O que pode estar a levar ao aparecimento desta
harmónica é, à semelhança do ponto 3 e 4, algum desequilíbrio ou empeno no veio. Só através
de uma análise de fases é que se poderia chegar a alguma conclusão.
Velocity
2,0
1,6
1,2
mm/s (rms)
0,8
0,4
0,0
0 100 200 300 400 500
Hz
77
Caso de estudo
Rolamento P5 Rolamento P6
H 0,6067 0,6529
V 0,3962 0,3522
A 0,3838 0,4682
Uma vez que não existe registo de quais são rolamentos que estão nestes dois pontos,
o aparecimento de algum pico de maior amplitude num espetro FFT iria dificultar a tarefa de
detetar qual o elemento que apresentava algum defeito, ao contrário dos rolamentos 3 e 4 em
que foi possível calcular a frequência BPFI, BPFO, BSF e FTF.
78
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
6. Conclusões
Neste trabalho foi efetuada análise de vibrações a uma banca de potência. A falta da
assinatura da máquina não permitiu comparar os valores de vibração obtidos com os
característicos desta. Assim, não foi possível chegar a uma conclusão sobre qual o nível de
desgaste global.
O motor, no geral, não apresenta um funcionamento fora do normal. Sabe-se que neste
tipo de máquinas os valores de vibração são por norma bastante altos. A ausência de uma
norma para motores de combustão interna de baixa potência, não permitiu entender se as
amplitudes excediam ou não os valores recomendados.
Apesar dos vários desafios e entraves, este trabalho permitiu ficar a entender o
funcionamento da análise de vibrações e da sua importância no mundo da manutenção.
79
Conclusões
80
Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
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Análise de Vibrações a uma Banca de Ensaios
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Anexos
Data: __ / __ / 20__
Máquina: ____________________________ Velocidade de rotação do veio: _____ RPM Pag. 1 / 2
Ponto Sentido Tipo gráfico Grandeza Escala X Escala X' Escala Y Escala Y' Nº da medição
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