Direito Financeiro: Controle Da Atividade Financeira
Direito Financeiro: Controle Da Atividade Financeira
Direito Financeiro: Controle Da Atividade Financeira
DIREITO FINANCEIRO
Por Angelus Maia
Sumário
1 - INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................3
2 - MODALIDADES DE FISCALIZAÇÃO............................................................................................................3
3 - TRIBUNAL DE CONTAS..............................................................................................................................6
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA............................................................................................................................13
DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO................................................................................................13
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ATUALIZADO EM 16/11/20221
CONTROLE DA ATIVIDADE FINANCEIRA
1 - INTRODUÇÃO
O legislador constituinte originário separou formalmente dois temas do direito financeiro
que deveriam estar aglutinados, quais sejam: a fiscalização da execução orçamentária (arts. 70 e
seguintes da CRFB/88 – Capítulo do Poder Legislativo) e a elaboração do orçamento (arts. 163 e
seguintes da CRFB/88 – Capítulo das Finanças Públicas).
Essa separação formal deflagra algumas discussões/controvérsias. Em verdade, quando se
está a falar da fiscalização da execução orçamentária, fala-se na última fase do controle. A noção de
“controle” é muito mais ampla que a de fiscalização, que consiste na sua última fase.
Neste ponto, fica muito bem delineada a ideia de freios e contrapesos:
A iniciativa do projeto de lei orçamentária fica a cargo do Executivo;
Quando o Poder Legislativo transmuta o projeto em lei, temos o início do controle;
Aprovada a lei, o Executivo passará à execução da despesa, de acordo com a
autorização legal;
Por fim, o Legislativo entra em cena novamente, verificando se o Executivo cumpriu
aquilo que está previsto no orçamento. Isso ocorre por intermédio do Tribunal de
Contas.
Obs.: não é correto dizer que o Tribunal de Contas realiza a fiscalização da execução orçamentária.
Na realidade, quem se incumbe disso é o Poder Legislativo, que é auxiliado pelo Tribunal de Contas.
2 - MODALIDADES DE FISCALIZAÇÃO
As modalidades de fiscalização estão previstas no art. 70 da CRFB/88. Não estamos a falar
aqui dos tipos de controle, mas sim das suas modalidades: fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial.
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tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais,
mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.
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Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
As modalidades previstas no art. 70 da CF se misturam, de forma quase que pleonástica,
para que nada fique sem controle da fiscalização.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que
serão integrados por sete Conselheiros.
CRFB/88. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios
de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará
ao Tribunal [de Contas] pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar
dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação
[veja que não é o Tribunal de Contas que propõe a sustação da despesa, mas a própria Comissão].
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Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e
aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum.
§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos
nesta Constituição e exercer o ACOMPANHAMENTO E A FISCALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, sem prejuízo
da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.
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Ressalta-se, ainda, que foi alterado o caput do art. 59 da LRF, para acrescentar a observância das normas de
padronização metodológica editadas pelo conselho de gestão fiscal:
“Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle
interno de cada Poder e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Complementar,
consideradas as normas de padronização metodológica editadas pelo conselho de que trata o art. 67, com
ênfase no que se refere a:
...................................................................................................................................” (NR)
3 - TRIBUNAL DE CONTAS
Possui natureza de órgão constitucional autônomo (autonomia administrativa, financeira,
etc), logo, não é um órgão subordinado ao Legislativo.
É órgão de auxílio do Legislativo.
É inconstitucional lei estadual que prevê recurso hierárquico de decisão do TCE à
Assembleia Legislativa.
A fiscalização financeiro-orçamentário é um controle externo.
O controle externo é feito pelo legislativo, com auxílio do TCU.
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O art. 70, parágrafo único, da CF, diz a quem cabe a prestação de contas, de modo que o
que determina a obrigatoriedade da prestação de contas é a natureza do recurso e não da
pessoa.
o O dever de prestação de contas é tão importante que sua inobservância pode
ensejar uma intervenção federal.
#Fundamentação: O art. 73, § 1º, da CF/88 não estabelece que os membros do Ministério Público
ou os auditores devem ter mais de 10 anos no cargo para poderem ser nomeados para a função de
membro do Tribunal de Contas. O que o § 1º do art. 73 da CF/88 prevê é que, para ser nomeado
membro do Tribunal de Contas, a pessoa deve ter mais de 10 anos de exercício de função ou de
efetiva atividade profissional que exija notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
financeiros ou de administração pública.
Desse modo, a pessoa pode ter apenas 7 anos, por exemplo, no cargo de Procurador de Contas,
mas se ela tiver outros 3 anos de atividade profissional na qual se exija notórios conhecimentos
jurídicos, ela terá preenchido o requisito constitucional.
STJ. 2ª Turma. RMS 35.403-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/3/2016 (Info 584).
II - Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
Aqui, o TCU tem o condão de decidir a respeito.
Apesar de ter o poder de julgar, não é órgão jurisdicional.
É possível ocorrer revisão judicial das decisões do tribunal de contas, no entanto, quanto ao
seu mérito alguns defendem que pode se a decisão extrapolar a proporcionalidade, outros
dizem que não pode (revisar o mérito).
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;
Ato de admissão tem que ser apreciado pelo TCU, mas se for cargo em comissão não
precisa;
O “bem como” refere-se à regra, que deve ser apreciada as concessões de aposentadoria,
pensões e reforma, de acordo com a regra;
O “ressalvadas” abre uma nova exceção, desta vez dentro da regra das aposentadorias.
Ou seja, temos: regra-exceção-regra-exceção.
Súmula Vinculante nº 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se
o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação
de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
o Há ampla defesa e contraditório no TCU, exceto quando da apreciação da legalidade
de ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
o Isso é ato administrativo complexo, que depende da manifestação de dois órgãos
(TCU na sequência), de modo que o indivíduo pode sustentar suas razões no órgão
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IV - Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
TRIBUNAL DE CONTAS
Auditoria do TCU e desnecessidade de participação do servidor indiretamente afetado
Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do Poder Legislativo, os
servidores indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal não possuem direito de serem
ouvidos no processo fiscalizatório.
Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal.
A atuação do TCU ficaria inviabilizada se, nas auditorias realizadas, fosse necessário intimar, para
integrar o processo administrativo de controle, qualquer um que pudesse ser alcançado, embora
de forma indireta, pela decisão da Corte.
STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
Refere-se a ato e contrato.
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
Compete ao TCU sustar, se não atendido o prazo assinado no inc. IX, a execução do ATO
apenas.
A sustação de contrato caberá ao Congresso Nacional, consoante o §1º do art. 73.
Se o Congresso Nacional não sustar no prazo de 90 dias, o Tribunal decidirá a respeito.
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
Quebra do Sigilo Bancário: tanto o TCU como as demais Cortes de Contas, em razão da simetria,
não tem competência para decretar a quebra do sigilo bancário, mesmo diante das atividades que
desempenham.
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Controle de Constitucionalidade: embora editada sob a égide de outra Constituição (1963), ainda
é vigente a Súmula 347 do STF, representando um controle de constitucionalidade posterior ou
repressivo não jurisdicional.
Súmula 347 STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
O Min. Gilmar Mendes já esposou entendimento da necessidade de rediscussão dessa
súmula.
*(atualizado em 16/11/2022)
Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
• Aprovada em 13/12/1963.
• Existe divergência se essa súmula está superada.
• Manifestaram-se expressamente pela superação da súmula: Ministros Alexandre de Moraes e
Gilmar Mendes.
• Manifestaram-se expressamente pela manutenção da súmula: Ministros Roberto Barroso e Edson
Fachin.
• A Min. Rosa Weber afirmou que o Tribunal de Constas pode “pelo voto da maioria absoluta de
seus membros, afaste a aplicação concreta de dispositivo legal reputado inconstitucional, quando
em jogo matéria pacificada nesta Suprema Corte”.
STF. 1ª Turma. MS 24379/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780)
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- Fusão de: Apontamentos do Dizer o Direito + Manual de Direito Financeiro (Harrison Leite) +
Direito Constitucional Esquematizado (Pedro Lenza) + Apostilas João Lordelo.
DIPLOMA DISPOSITIVOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Artigos 70-75 CF