MC 4,1-20 PDF

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Elias Samuel Elias


UDMAZ

I. Análise da parábola do semeador em Mc 4,1-9

A palavra semeador aparece somente uma vez na parábola v.3, enquanto que a
palavra semente tem 4 referencias ligadas ao verbo grego pipto em português traduz-se
por cair. A parábola se concentra mais na semente do que no semeador. O semeador só
sai uma vez para semear. No vv 1-2 vemos uma vez mais a multidão junto de Jesus,
todavia, ele prefere distanciar1-se dela. A multidão encontra-se em terra e Jesus está
sobre o mar. Esta última noção é muito importante para compreender o poder de Jesus
sobre as forças do mal representada sobre o mar. Este encontro tem como objetivo o
ensino que será dado em parábolas ou seja em linguagem de simples compreensão ao
auditor. A atenção vai para o facto de Jesus estar no mar, no entanto, não conta uma
parábola com a imagem do mar mas da terra ou seja do cotexto agrícola. Percebe-se que
os auditores são ensinados sobre algo do seu contexto, isto é a terra.

Escutai : o semeador saiu v.3, o verbo akousa escutar dá início a parábola, isto é,
trata-se duma parábola sobre a escuta dos ensinamentos de Jesus. Outrossim, o verbo
akousa focaliza a importância da parábola que se deve prestar atenção por que é difícil
perceber o seu ensinamento. O que o semeador semeia não é dito, todavia sabemos que
trata-se da palavra dado que o semeador é o próprio Jesus que frequentemente sai para
anunciar a boa nova. O semeador pode ser todo pregador que no contexto do evangelho
de Marcos seriam os discípulos de Jesus. Enquanto semeava, uma parte da semente cai
v. 4. A ideia é clara a semente não é lançada como um agricultor faz naturalmente, ela
cai em qualquer lugar sem ser a escolha do semeador. A palavra é dirigida a todos sem
distinções, o que importa é a escuta, mas ela é possível mediante algumas condições que
ilustramos a seguir.

Ilustração da parábola

Níveis do abandono da escuta da palavra :

1- Beira do caminho: vieram logo as aves (representa o ladrão ou inimigo). Comeram-nas >
egoísmo

2- Terreno pedregoso: o problema não é o sol mas a falta de raiz> aqui o abandono não é súbito
riqueza (terreno pedregoso cheio de riqueza) podem atrapalhar

3- Espinhos > abandono mais lento diversão e distrações

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Este Distanciamento pode ser pedagógico como por exemplo entre o professor e o aluno. Não se trata
do distanciamento social como no caso da covid-19 que visa a proteção contra o vírus. Também pode
ser um distanciamento que demonstra que Jesus tem autoridade e poder sobre as coisas.
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Níveis da escuta da palavra :

Terra boa

1. Cresce 2. Viceja 3. Dá fruto

<Trinta

<Sessenta

<Cem

O número cem quer dizer milagre, que só depende de Deus. A escuta da palavra
implica a perseverança que é mais do que a paciência. De facto, a primeira tem haver
com a fidelidade face os desafios pessoais, do mundo e do inimigo. O fruto da escuta da
palavra é o milagre de Deus na vida dos fies. A parábola termina com a expressão
«Quem tem ouvidos para ouvir, oiça» formando assim uma inclusão com o Escutai do v
3. Alias a escuta é grande tema da parábola.

II. Leitura contextual da parábola

A primeira semente v. 4 caiu à beira do caminho e não brotou por que o caminho
é lugar por onde passam as pessoas que pisam por isso não cresceu, para além de ser
comido pelas aves. Estar a beira do caminho significa ser exposto ao perigo como na
parábola do bem samaritano (cf Lc 10,29-37). O egoísmo é a preocupação em comer
rapidamente como fizera as aves. Ademais, Adão cai nesta situação. A parábola visa os
frutos que a semente deve produzir, assim sendo, neste primeiro caso não há fruto. A
aplicação concreta desta situação encontra-se na nossa produtividade em todos aspetos
da vida. A semente pode ser compreendida como capacidades, dom, carisma, talento,
oportunidades, tesouro, etc. Ela cai à beira do caminho, isto pode demonstrar que é
preciso proteger e capitalizar o que temos de melhor. Seremos ingratos quando sabendo
que temos capacidades ou dom, não produzimos fruto. Dar fruto é fazer o melhor nas
condições que não são melhores para fazer o melhor ainda. Não dar fruto é fazer o
possível e não fazer o melhor de si, porque quem faz o possível foca-se nos limites que
o terreno apresenta.

A semente que caiu em terreno pedregoso não pode ter raiz v. 5. Precisamos ter
base ou fundamento na nossa vida, ninguém pode avançar sem ter raiz, sem estar
solidificado num fundamento. A escuta da Palavra é o fundamento do cristão, quem não
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escuta corre risco de não entender2 e como consequência não terá fundamento na sua
vida. A escuta deve gerar o entendimento, de facto, muitas pessoas não entendem
porque não se escuta a si mesmo nem aos outros e nem a Deus. Não se pode entender os
outros se não temos a capacidade de nos escutarmos para poder escutar os outros e a
Deus. Toda experiência deve partir de nós para se refletir aos outros. O fruto vem da
profundida e não da superficialidade.

O que caiu nos espinhos foram sufocados por isso não deu fruto. Os espinhos
crescem ao mesmo tempo com a semente e lhe cria problema de produção do fruto. Os
espinhos podem ser eliminados quanto antes porque podem crescer mais do que a
semente. Jesus é o fruto do ventre de Maria, do sim dela veio o fruto. Maria soube
escutar para entender, por isso deu fruto. Qual é o nosso fruto que vem do nosso sim? O
sufoco nas nossas vidas é consequência de algo que vem há muito crescendo ou
ganhado espaço em nós. Uma vez mais a falta de atenção na escuta da palavra pode dar
espaço a coisas que sufocam a verdade que dela nascem em nós os frutos abundantes.

III. Notas

1. A semente é uma em cada lugar que cai. Só a terceira semente podia dar fruto as
duas primeiras não podiam por causa do terreno, por isso o narrador não dá a hipótese
de dar o fruto. A terceira tinha hipótese mas não deu fruto porque foi sufocada pelos
muitos espinhos. Podemos ser pessoas certas nos lugares errados por esta razão não
damos fruto. Porém podemos vencer ou ter frutos no num lugar difícil como fê-lo Jesus
no deserto.

2. A semente que cai em boa terra dá fruto, ou seja deu o fruto que produziu trinta,
sessenta e cem frutos.

3. O fruto é um só que se multiplica. Por exemplo a caridade pode ser o fruto que
produz muitas obras como a generosidade, compaixão, ajuda, doação, etc. A palavra
tem como fruto a fé que multiplicando-se dá a esperança, alegria, a paz, a comunhão,
a oração, etc.

4. A boa terra é o coração disposto a escutar para entender, as três terras precedentes
não permitem a escuta por isso não entendem. Há nas três terras obstáculos que
impede a escuta ou entendimento como por exemplo a escuta de outras palavras que
não são a Palavra que dá fruto.

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Os alunos que não escutam não podem entender, os maus resultados (frutos) não são resultado da
falta de inteligências mais da falta de compreensão e explicação da matéria por isso não podem ter bons
resultados.
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IV. A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus v.11

No centro de toda a leitura da parábola e sua explicação Mc 4,1-20, está uma


expressão enigmática que merece uma atenção. «A vós3 é dado conhecer o mistério do
Reino de Deus» Sabemos que o mistério não é dado a conhecer mas é revelado. A
revelação é diferente do conhecimento, este último não pode compreender a dimensão
do mistério que não é algo escondido ou difícil de perceber. Segundo a parábola todo
mistério significa todo o projeto de Deus que se revela paulatinamente. Deus não
esconde nada revela progressivamente. Portanto é mistério todo o projeto de Deus que
está no seu designo que se concretiza aos poucos, o que é complicado não é mistério. O
mistério do Reino de Deus significa o projeto do Reino de Deus que se deve construir
progressivamente onde os discípulos fazem parte.

«Aos que estão de fora tudo se lhes propõe em parábolas, para que ao olhar,
olhem e não vejam, 12ao ouvir oiçam e não compreendam, não vão eles converter-se e
ser perdoados» vv.11-12. Está passagem fala dos que estão fora que não sabem que
existe o mistério do Reino de Deus. A estes lhes é proposto falar do Reino de Deus em
parábolas, porque esta forma de distinção quase injusta? As parábolas em si são uma
linguagem de recurso que ajudam a compreender as realidades explicadas, todavia os de
foram não compreendem. A razão é simples, trata-se de incapacitar a compreensão para
dar a oportunidade a explicação. Em verdade o evangelista provoca a incompreensão do
leitor para ter acesso a explicação. O v. 12 é uma citação de Is 6,10 que reforça a ideia
da conversão para aceder ao conhecimento do mistério.

Os vv. 13-20 são a explicação escatológica da vitoria da Palavra de Deus sobre as


dificuldades, ou seja em outra palavra, Jesus explica que mesmo com as dificuldades a
palavra de Deus vai vencer em ultimo lugar. Contudo, está explicação pode não ser de
Jesus, como sabemos os evangelhos foram escritos depois de Jesus. Razão pela qual a
comunidade nascente precisava explicar certas coisas que escapavam. Segundo a
comunidade nascente está explicação da parábola focaliza-se mais nas coisas que
podem tornar estéril a palavra. No nosso ponto de vista devemos nos focar nos três
exemplo negativos para aprender a conhecer os obstáculos, por que se aprende com os
erros.

3
Os doze e os discípulos que provavelmente estava na barca com ele. A multidão não entra na barca
isto significa que a barca mais do que nunca simboliza a igreja onde Jesus e os discípulos.

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