Almeida Mam TCC Rcla
Almeida Mam TCC Rcla
Almeida Mam TCC Rcla
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Câmpus de Rio Claro
Rio Claro - SP
2022
Almeida, Mayla Aparecida Marques de
A447e Ensino de física e o uso de mangás como recurso didático /
Mayla Aparecida Marques de Almeida. -- Rio Claro, 2022
56 p. : il., tabs.
Comissão Examinadora
Antes de mais nada, agradeço à Alice e Erasmo, por todo amor e apoio
incondicional em toda minha jornada até aqui. Palavras não são suficientes para
expressar minha gratidão e meu carinho por eles.
Agradeço aos amigos que me acompanharam nessa trajetória: Alexandre,
Amanda, Camilla, Débora, Fernanda, Jessyca, João Paulo, Lariele, Leonardo M,
Leonardo R, Lucas, Matheus, Nathalia, Sofia e Stephanie. Por todos nossos
momentos juntos, pela companhia e pela amizade.
Agradeço também à Aline, por me ajudar a manter a sanidade durante os
momentos mais difíceis e por estar do meu lado nesse período complicado.
Sou imensamente grata à minha orientadora, Maria Antônia Ramos de
Azevedo, pelo apoio, compreensão, ajuda e atenção em todo o processo. Este
trabalho só é possível graças a você.
Por último, agradeço aos professores que tive ao longo do curso e a banca por
se disponibilizar a participar e avaliar minha apresentação.
RESUMO
O ensino de Física é tão antigo quanto a própria Física. É possível que tenha
seu início em meados do século XIX, quando surgiram os primeiros livros didáticos
(MATTOS & GASPAR, 2002), contudo não é certo que esses textos continham
fundamentação teórico-pedagógica, visto que isso só ocorreria um século mais tarde.
De acordo com Gaspar (2004), uma das primeiras importantes iniciativas que efetivou
o ensino de Física foi com o projeto PSSC (Physical Science Study Committee), criado
em 1956 nos EUA, composto por um texto básico que sintetizava a filosofia da
proposta: “nele a física é apresentada não como um simples conjunto de fatos, mas
basicamente como um processo em evolução, por meio do qual os homens procuram
compreender a natureza do mundo físico”. (PSSC, 1963, apud Gaspar, 2004).
No Brasil, a mais importante iniciativa foi o Projeto de Ensino de Física (PEF),
do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) em convênio com o MEC
(Ministério da Educação). Constituía-se de um texto básico, dividido em quatro
conjuntos de fascículos − Mecânica 1, Mecânica 2, Eletricidade e Eletromagnetismo
− acompanhados de material experimental simples e de guias do professor. Embora
tenham sido bem elaborados, os guias evidenciam a função orientadora, e não
essencial, do professor: o aluno aprenderia melhor sozinho, recorrendo ao próprio
texto (GASPAR, 2004).
Em um âmbito global, tal ensino mostra uma prática de aula baseada em
método puramente expositivo, onde o professor cumpre grande parte do conteúdo
enfatizando o uso de fórmulas matemáticas e resoluções repetitivas de exercícios
padrão, que visam mais conhecimentos de cálculo do que a compreensão do
fenômeno em si (TESTONI, 2004, p.30), tendo, muitas vezes, uma metodologia rígida.
Por se tratar de uma inserção didática recente, o professor encontra
dificuldades em orientar e estimular seus alunos a adquirirem interesse pela matéria;
existem vários métodos alternativos para ensinar o conteúdo, mas não existe uma
fórmula universal para seguir, isto é, uma maneira eficaz globalmente para o ensino
de Física. É com enorme dificuldade que o professor competente consegue
apresentar os conceitos, leis e fórmulas de forma articulada e em harmonia com seus
alunos.
Como sustenta Moreira (2018), outro empecilho é o fato de os professores, em
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geral, não fazerem parte da pesquisa em ensino de Física; não existe suporte das
instituições de ensino básico para que os professores também sejam pesquisadores.
Não obstante, essa exclusão acaba sendo responsável pelo raso ensino ocorrido nas
escolas. Outra armadilha é o método da testagem, pois estimula que o aluno decore,
o que faz com que o aluno esqueça do assunto após ser aprovado na disciplina.
Ademais, a formação do professor de Física é fraca: são expostos a um ensino
tradicionalista, com aulas expositivas e listas de problemas, têm pouca Física na
graduação, quase nada de Física moderna e contemporânea. (MOREIRA, 2018) A
Física Clássica continua como a raiz do ensino, acompanhada da Cinemática. A partir
de então, começa a haver rejeição da parte dos estudantes.
Tal conhecimento torna-se matemático, perdendo seu significado quando
inserimos toda uma leva de equações que acabam, por conseguinte, ganhando um
sentido mecânico de artifício em vez do real sentido físico. Estudantes do ensino
médio, em entrevistas, acabaram por destacar o óbvio: as fórmulas em excesso
acabam prejudicando o ensinamento da Física. Todavia, estamos caminhando para
uma transformação no método de ensino do conteúdo. Apenas decorar fórmulas não
é mais a única ferramenta eficaz para o aprendizado do que se pretende passar.
Muitos estudantes respondem melhor quando as equações estão inseridas num
contexto ao qual eles estão familiarizados. Ou seja, é muito importante relacionar os
conteúdos estudados com situações do cotidiano em que os alunos podem colocar
em prática.
Nesse ínterim, pedimos um trabalho árduo dos professores que ensinam a
matéria, além disso, os ambientes escolares se comprovam como um verdadeiro
empecilho na hora da evolução — as escolas estão muito apegadas a seus antigos
modos. Isso provoca o desânimo e a falta de esperança nos profissionais que desejam
inovar a metodologia no intuito de conseguirem melhor absorção do conhecimento por
parte de seus estudantes. Torna-se até contraproducente para a instituição de ensino,
visto que alunos mais estimulados tendem a tirar notas mais altas e melhorar a
reputação do ensino nela inserido.
De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares do Ensino Médio
(PCN+), a Física deve promover “[...] a construção das abstrações, indispensáveis ao
pensamento científico e à vida” (BRASIL, 2002, p. 62). Para que o processo de
conhecimento faça sentido para os jovens alunos, é fundamental que exista constante
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diálogo entre educador e educando, abordando objetos e fenômenos que façam parte
do universo experiencial dos alunos, ou meios de informação disponíveis em suas
realidades (BRASIL, 2002, p. 82). Os formalismos matemáticos são, de fato,
essenciais, contudo devem ser desenvolvidos como síntese dos conhecimentos
previamente abordados.
Além disso, os PCN+ discutem as competências indicadas na base comum
nacional para o Ensino Médio e, ao mesmo tempo, aponta que os currículos devem
ser organizados de maneira a buscar a interdisciplinaridade e a contextualização do
conhecimento. (BRASIL, 1999)
A aprendizagem requer rotina; ninguém aprende de forma mágica. Também é
preciso de uma metodologia que se adeque aos objetivos e ao conteúdo que se deseja
ensinar. Cabe ao educando planejar e encaminhar, dirigir o processo contínuo de
ações que possibilita aos estudantes, especialmente os com maiores dificuldades,
construírem e aprenderem. O professor deve auxiliar e estimular os alunos a construir
uma relação corresponsável com o objeto de aprendizagem. O processo de ensinar é
construído coletivamente.
Um docente não transfere seus conhecimentos aos alunos, mas sim abre
novas possibilidades para a construção própria e do indivíduo, como evidenciado por
Freire (2004, p. 21); ou seja, o educador não deve apenas explicar a matéria, como
também dar exemplos práticos, estar disposto a ouvir críticas e dúvidas e envolver os
alunos em sua aula. Se um aluno apenas decora, através da repetição, os conceitos
expostos em sala de aula pelo professor, mas não os compreende, não se apropria
deles, não houve, de fato, a aprendizagem; mesmo que a intenção de ensinar tenha
sido sincera, o objetivo (de ensinar) não foi efetivado.
Freire também denota que o educador deve ter curiosidade para se aprofundar
em diversos assuntos, de forma que eduque não só outras pessoas, como também a
si mesmo. Seu papel deve ser estimular a criatividade e a curiosidade dos educandos,
deixando-os livres e confortáveis para questionar e refletir. É preciso, também, ser
humilde, saber lidar com as diferenças, não agir com mesquinhez e estar aberto à
afetividade.
Tendo isso em mente, é necessário que o professor consiga adaptar sua aula
de maneira que os alunos não se sintam intimidados pela quantidade de leis e
fórmulas físicas: inserir objetos e exemplos cotidianos, utilizar recursos de fácil acesso
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aos educandos, considerando sua classe social. O docente deverá ser capaz de sanar
as dúvidas de cada indivíduo, buscando formas alternativas possíveis de resolver
suas respectivas dificuldades, sem medo de inovar.
Entretanto, não é possível antever todos os desafios que o professor vai enfrentar em
sua prática pedagógica, mas é necessário que na sua formação inicial e continuada
ele possa vir a se deparar com situações que lhe possibilitem aprender sobre a
docência para que de fato tenha competência para ensinar.
Nessa direção, Freire (2004) contribui efetivamente para os saberes docentes
ao destrinchar na obra “Pedagogia da Autonomia” conhecimentos, habilidades e
atitudes fundantes para desenvolver uma prática educativa que potencialize e
possibilite o ensino de qualidade. Para o autor, educar não é um processo individual,
mas sim o resultado de uma interação social entre professores e alunos. O professor
freiriano é responsável pela mediação entre os saberes fornecidos pela sociedade e
a forma que estes serão inseridos na vivência dos estudantes, de forma que sua
aprendizagem seja promovida.
Ao educar-se, o indivíduo freiriano se livra das correntes sociais criadas pela
ignorância, que o impediam de compreender seu papel dentro da sociedade, e torna-
se autônomo, buscando soluções para as questões que encontrará ao longo de sua
vida. O professor, de acordo com Freire, deve dominar não só os saberes específicos
(das disciplinas) e didáticos (da pedagogia), mas também os saberes experienciais e
vivenciais, adquiridos tanto de sua experiência profissional como também de sua
vivência social ao longo de sua trajetória.
Entender que o ensino não depende apenas do professor e a aprendizagem
não é exclusiva do aluno é um grande passo para uma boa docência. Além disso, se
comprometer com os frutos da prática docente e visar a melhoria na qualidade de vida
dos educandos, está auxiliando-os a desenvolver o senso crítico, estar aberto a
aceitar o novo e ser livre de preconceitos são parte dos saberes necessários
apontados por Freire.
Recentemente, estudos sobre os saberes docentes têm ganhado bastante
destaque e se tornado cada vez mais conhecidos. Autores como Freire, Gauthier,
Pimenta, Nóvoa, Saviani e Tardif fazem parte desse acervo. Os estudos feitos
mostram a importância do aperfeiçoamento do conhecimento de práticas pedagógicas
para que o docente desenvolva melhor prática em sala de aula. Além disso, os autores
discutem a importância desse aperfeiçoamento, o qual impactará na vida acadêmica
do aluno desde a infância.
A classificação dos eixos e das categorias referentes aos saberes docentes foi
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(capacidade)
● Saber-ser
(atitudes)
Assim, os mangás podem ser usados não apenas para compreender, mas também
para exemplificar o tema.
Os maiores pontos a favor são a popularidade entre os jovens, a facilidade de
acesso ao material, a variedade temática e a abordagem informal, com vocabulário
leve e simples. (Braga e Spadetti, 2011)
Freire (1999, apud Linsingen, 2007) apontou como objetivo final do ensino
estimular os estudantes a sempre interrogar. Por isso, como ressaltado por Linsingen
(2007), a função das ilustrações dos mangás é ilustrativa (representando, de forma
gráfica, determinado fenômeno), explicativa (é necessário contextualizar para ser
possível a compreensão da história), motivadora (obriga o estudante a pesquisar
melhor o termo para poder acompanhar a história) e instigadora (faz com que o leitor
pense sobre o assunto). “Enquanto lê e se diverte, o estudante estimula sua
capacidade de análise, síntese, classificação, valoração, memória, entre outras
atividades mentais. A característica cognitiva mais marcante, sem dúvida, é a
imaginação.” (Linsingen, 2007)
As histórias em quadrinhos (popularmente chamadas de HQs) ganharam
espaço nos livros didáticos e em vestibulares, como o Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM), sendo em formato de charge ou breve tirinha. Além disso, também
foram incluídas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Nos livros didáticos de
Física, muitas vezes as HQs abordam de forma cômica situações do cotidiano,
explorando a ludicidade. Sendo um instrumento de caráter cotidiano, de cunho
popular e fácil interpretação, elas são uma estratégia em potencial para o ensino de
Física (TESTONI; ABIB, 2005, p.1). No livro Introdução Ilustrada à Física (GONICK;
HUFFMAN, 1996), tem-se um livro de Física inteiramente ilustrado na forma de
Histórias em Quadrinhos.
Semelhante ao mangá “Cells At Work” (Shimizu, 2015), em março 2017 uma
nova série de mangás teve início, escrita por Riichiro Inagaki e ilustrada por Boichi:
“Dr. Stone” (Inagaki, 2017), onde o protagonista, Senku Ishigami, acorda em um novo
mundo após passar séculos petrificado. Isto faz com que ele tenha de recriar
invenções necessárias para a sobrevivência nesse novo mundo. “Dr. Stone” possui
temas que podem ser utilizados como recurso didático para as Ciências da Natureza
(Química, Física e Biologia). Além disso, traz a interlocução entre as disciplinas. Neste
trabalho, serão apresentados apenas os conteúdos de Física.
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4 METODOLOGIA
Para determinar quais mangás seriam utilizados neste projeto, foi realizada
uma busca sobre quais mangás retratam os conceitos físicos. Depois, foram
selecionados os títulos com mais abundância de conteúdos e relevância para a
ementa do ensino médio. O quadro abaixo apresenta a relação das obras e
concepções encontradas:
“Fire Force” (Ohkubo, 2015) Os personagens possuem poder de fogo e explicam tudo com
ciência: tem muita combustão espontânea e manipulação de
chamas.
No quadro acima, vemos que muitos títulos não possuem riqueza nos assuntos
familiares aos alunos do ensino médio. Por exemplo, “Steins;Gate” (Sarachi, 2009) e
“Rascal Does Not Dream of Bunny Girl Senpai” (Kamoshida, 2014) trazem temáticas
da Física Quântica e Relatividade, que apenas serão estudadas profundamente no
ensino superior. Desta forma, os títulos de mangás os quais divergem dos conteúdos
do ensino médio não oferecem um acervo significativo para a análise, sendo difícil
estabelecer a correlação entre o conteúdo físico visto em sala de aula com o da
literatura.
Além dos títulos citados no quadro acima, foi encontrada uma coletânea de
histórias no estilo de mangás pela editora Novatec. Nela, estão presentes não só
conceitos de Física, mas também Cálculo, Biologia e Química, e são apresentados
por meio de discussões dos personagens, sobre as disciplinas vistas em sala de aula.
Na imagem abaixo, podemos ver um exemplo de como as histórias se apresentam:
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de energia, atrito
Dinâmica e leis de newton (força, movimento, atrito) Volume 19, capítulo 173
Quanto mais polias mais o peso é dividido entre elas, então a força para levantar o
tronco é minimizada.
O conceito apareceu como solução para uma situação problema, e a
explicação foi fornecida pelo protagonista para a outra personagem, que se
encontrava presa sob um tronco. Apenas o conceito foi utilizado, sem a menção da
fórmula
Esse tema foi abordado em uma conversa com outro personagem, para
tentarem entender o fenômeno da petrificação que ocorreu no início da história. Desta
vez, utilizaram equações.
qual rota devem seguir. Para isto, considera-se a trajetória: ao olhar no planisfério,
parece que certa rota é a maior, mas, ao verificar no globo, é possível perceber que
na verdade é a menor rota.
O conceito apareceu porque os personagens discutiam a rota mais estratégica
para a viagem, e não foram utilizadas equações.
mangá “Dr.
Stone”
giroscópico, princípio que explica por que objetos que giram em velocidade alta não
pendem para os lados, não perdendo rotação. Podemos relacionar com a habilidade
EM13CNT204, pois esta visa elaborar explicações a respeito do movimento de
objetos na Terra e no Universo, com base na análise da interação gravitacional.
intensidade da energia gasta por ele enquanto estava petrificado. Para isso, ele não
apresenta a fórmula utilizada em seu raciocínio, apenas descreve como os conceitos
estão relacionados entre si e como foi possível chegar à tal conclusão. De forma
análoga, no capítulo 135, o mesmo personagem procura encontrar o módulo da
velocidade da luz de petrificação; embora explique passo a passo de seu raciocínio,
mais uma vez, não aparece a equação que ele está resolvendo.
Outra maneira em que as fórmulas podem aparecer acontece no capítulo 14: a
famosa relação da equivalência massa-energia, ou energia da massa de repouso,
desenvolvida por Einstein, conhecida como E = mc², é mencionada pelo protagonista,
sendo a única formula a aparecer descrita por extenso. Além disso, ainda aparece
estampada na roupa do mesmo, como um símbolo cultural, para identificar que o
personagem gosta de Física.
Destas expressões discutidas, apenas a equivalência massa-energia é muito
avançada para o conteúdo de física abordado no ensino médio. Os cálculos para
determinação tanto da energia quanto da velocidade da luz são estudados durante o
ensino médio, sendo o segundo um dos tópicos iniciais visto pelos estudantes.
Em função disso, é nítido percebermos que com o uso destes capítulos alguns
conceitos tornam-se mais acessíveis, pois foi estabelecida uma relação com o
cotidiano, mesmo que fictício.
Outra conclusão dos autores é a de que os saberes docentes devem ser mais
explorados, tendo em vista a escassez em artigos científicos abordando os saberes
docentes dos professores de Física. Tais saberes são essenciais, pois visam
contribuir para a construção da identidade docente e o fortalecimento da
profissionalidade.
De acordo com Tardif (2002), os saberes profissionais só fazem sentido
quando relacionados às situações de trabalho, pois são nestas que são construídos,
modelados e utilizados significativamente. Analogamente, não podemos estudar os
saberes profissionais sem associá-los às situações de ensino, tendo em vista que é
no exercício da função que os saberes são construídos e mobilizados.
Entretanto, a prática profissional não é um espaço simples onde ocorre a
aplicação dos conhecimentos gerados na universidade; idealmente, tal prática
engloba um processo de filtração, diluição e transformação, onde os saberes serão
modificados conforme o necessário. Cabe ao educador aprender, progressivamente,
a dominar o ambiente de trabalho. Desta maneira, a pesquisa universitária, em uma
situação ideal, deve ser apoiada nos conhecimentos do educador, para que seja
possível construir um repertório de conhecimentos para a formação dos professores.
Para a implementação dos mangás como recurso didático, é importante o
desenvolvimento dos saberes docentes experienciais, pois o educador deve refletir
sobre sua performance e modificá-la, a fim de romper paradigmas e promover
inovações educacionais. Além disso, durante o planejamento para a aplicação das
histórias em quadrinhos em sala de aula, o professor deve utilizar seus conhecimentos
teóricos para propiciar o aprendizado.
Tardif (2002) e Nóvoa (1982) categorizam os saberes docentes em
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes. O primeiro trata-se do saber em si, isto é, as
informações adquiridas da aprendizagem acumulada ao longo da vida acadêmica e
profissional. O segundo diz respeito à aplicação do conhecimento, o “saber fazer”, a
capacidade de utilizar os conhecimentos de forma prática. Por último, a atitude é o
que impulsiona a execução dos conhecimentos e das habilidades.
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Desta forma, separando os saberes despertos com a leitura dos capítulos dos
mangás escolhidos:
CONHECIMENTO:
● conhecimento da realidade sociocultural, isto é, a realidade dos estudantes
● conhecimento pedagógico de como vincular o mangá à atividade proposta
● conhecimento curricular, visando alinhar o uso do mangá às políticas
curriculares nacionais
● conhecimentos interdisciplinares, pois estabelece relações da física com outras
áreas
● conhecimentos relacionados à construção de recursos didáticos
HABILIDADE:
● habilidade de fazer um planejamento pedagógico, que traga o mangá como
recurso (considerando tempo necessário para as atividades, metodologia e
avaliação); ou seja, saber usar a ferramenta, correlacionando-a ao seu planejamento
● saber utilizar, avaliar, planejar o recurso
● habilidade de correlacionar os capítulos do mangá com a realidade do cotidiano
● possibilita a construção de perguntas inteligentes que instigue os estudantes a
pensar sobre os fenômenos estudados
● utilizar o mangá como uma ferramenta que potencializa a construção de outros
recursos didáticos pelos estudantes
ATITUDE:
● atitude de perceber que deve reconhecer os saberes dos estudantes e estar
em sintonia com a linguagem dos jovens
● visionar outras possibilidades de ensinar física utilizando diferentes recursos
● ter humildade de aprender com os estudantes acerca de seus conhecimentos
sobre os seus diferentes tipos de conhecimento
● protagonismo do professor de buscar sempre inovar nas atividades didático-
pedagógicas para o ensino de física
● desencadear o protagonismo estudantil para que os estudantes possam
construir conhecimento acerca do recurso e não apenas recebê-lo.
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6 CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
"Dr. Stone supera marca de 14 milhões de cópias". ANMTV, Anime, Mangá e TV,
2022. Disponível em: https://anmtv.com.br/dr-stone-supera-marca-de-14-milhoes-de-
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GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MOREIRA, Marco Antonio. Uma análise crítica do ensino de Física. Estud. av., São
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RODRIGUES, Inaiara Leite; BEZERRA, Isaiane Rocha; SOUSA, Maura Vieira dos
Santos; MACÊDO, Haroldo Reis Alves de. O estudo do eletromagnetismo utilizando
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https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/33/o-estudo-do-eletromagnetismo-
utilizando-o-ianime-dr-stonei-como-ferramenta-didatica
8 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
LUZ, Jefferson Romáryo Duarte et al. O uso de desenhos no estilo mangá como
ferramenta didático-pedagógica para o ensino de bioquímica. Pensando as
Licenciaturas, Natal, v. 3, p. 115-124, Fevereiro 2019.