Gabriela Muller Larocca
Gabriela Muller Larocca
Gabriela Muller Larocca
CURITIBA
2013
GABRIELA MÜLLER LAROCCA
CURITIBA
2013
À minha bisavó, Fany, que sempre cuidou de mim e me deixou as melhores
memórias que tenho.
Alfred Hitchcock
RESUMO
Imagem 1: 00:00:39.........................................................................................................41
Imagem 2: 00:00:39.........................................................................................................41
Imagem 3: 00:02:31.........................................................................................................46
Imagem 4: 00:10:20.........................................................................................................47
Imagem 5: 00:05:32.........................................................................................................48
Imagem 6: 00:08:38.........................................................................................................49
Imagem 7: 00:10:14.........................................................................................................50
Imagem 8: 00:18:52.........................................................................................................51
Imagem 9: 00:33:09.........................................................................................................52
Imagem 10: 00:36:52.......................................................................................................52
Imagem 11: 00:39:03.......................................................................................................53
Imagem 12: 00:39:18.......................................................................................................53
Imagem 13: 00:39:44.......................................................................................................54
Imagem 14: 00:41:07.......................................................................................................55
Imagem 15: 00:43:09.......................................................................................................56
Imagem 16: 00:43:50.......................................................................................................56
Imagem 17: 00:48:21.......................................................................................................57
Imagem 18: 00:54:52.......................................................................................................58
Imagem 19: 00:55:01.......................................................................................................58
Imagem 20: 00:57:08.......................................................................................................59
Imagem 21: 00:59:44.......................................................................................................60
Imagem 22: 1:10:58.........................................................................................................61
Imagem 23: 1:11:02.........................................................................................................62
Imagem 24: 1:18:52.........................................................................................................64
Imagem 25: 1:20:56.........................................................................................................65
Imagem 26: 1:21:01.........................................................................................................65
Imagem 27: 1:21:09.........................................................................................................66
Imagem 28: 1:21:15.........................................................................................................66
Imagem 29: Anexo 1.......................................................................................................77
Imagem 30: Anexo 2.......................................................................................................77
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10
4.1 O FILME...................................................................................................................40
4.2 AS CRÍTICAS..........................................................................................................42
5. CONCLUSÃO............................................................................................................69
6. FONTE.......................................................................................................................72
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................73
8. ANEXOS.....................................................................................................................77
10
1. INTRODUÇÃO
1
ROJAS, José Luis de. La Documentación. In: La etnohistoria de América: lós indígenas, protagonistas
de sua historia. Buenos Aires: Editorial SB, 2008. P. 53.
11
2
BARCINSKI, André; FINOTTI, Ivan. Maldito: a vida e o cinema de José Mojica Marins, o Zé do
Caixão. São Paulo: Editora 34, 1998. P.117.
3
BERNARDET, Jean-Claude. O que é Cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006.
4
Ibid. P. 37
5
AUMONT, Jacques (Et al). A Estética do Filme. Campinas: Papirus, 1995.
15
6
AUMONT, Jacques (Et al). A Estética do Filme. Campinas: Papirus, 1995. P. 135
7
Ibid. P. 152
16
8
XAVIER, Ismail (Org). A Experiência do cinema. São Paulo: Graal, 2008.
9
XAVIER, Ismail (Org). O Cinema no Século. Rio de Janeiro: Imago, 1996. P. 12
10
WOLLEN, Peter. Cinema e Política In: XAVIER, Ismail (Org). O Cinema no Século. Rio de Janeiro:
Imago, 1996. Pp. 71 – 72
11
Ibid. P. 85
17
12
BERNARDET, Jean-Claude. O que é Cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006. P. 75
13
Ibid PP. 67 – 68.
18
14
CARROLL, Noël. Filosofia do Horror ou Paradoxos do Coração. Campinas: Papirus, 1999.
15
Ibid. P. 27.
16
WOOD, Robin. The American Nightmare: Essays on the Horror Film. Toronto: Festival Of Festivals,
1979.
20
17
CARROLL, Noël Filosofia do Horror ou Paradoxos do Coração. Campinas: Papirus, 1999. P. 277.
18
Ibid. P. 290.
21
19
DOUGLAS, Ann. The dream of the wise child: Freud’s family romance revisited in contemporary
narratives of horror. Cambridge Prospects: An Annual of American Cultural Studies, 1984. P. 293.
20
KAWIN, Bruce. Children of the Light. In: Film Genre Reader III. Austin, Texas: University of Texas
Press, 2003.
22
sua intenção é justamente mostrar algo que estamos confortavelmente ignorando. Suas
mensagens e imagens desagradáveis não têm por objetivo nos destruir ou incomodar,
mas sim mostrar algo que é preciso ser visto.
Para Kendall Phillips21 os filmes de horror, talvez mais do que qualquer outro
gênero, parecem exercer grande impacto na vida das pessoas, sendo que alguns se
tornam causa ou critério de medo de uma geração inteira, principalmente por conseguir
capturar ansiedades e temores culturais de forma que os medos coletivos pareçam
projetados na tela do cinema. Para o autor, poucos filmes atingem tal objetivo e os que
conseguem, se tornam reconhecíveis e redefinem a noção do que é um filme de horror,
como é o caso do O Massacre da Serra Elétrica (1974). Tornam-se “momentos
culturais”, atingindo certo nível de imortalidade, alcançando mais do que apenas os fãs
do estilo, mas sendo também conhecidos por pessoas que não gostam e até condenam o
gênero, já que até mesmo uma reação negativa ou condenação são evidências de
impacto cultural. Fica importante salientar, segundo Philips, que estes filmes não
fizeram a cultura estadunidense ir para uma direção ou outra, mas sim se conectaram a
movimentos e direções culturais já existentes. Um filme de horror influente não cria
necessariamente determinado padrão de ansiedade ou medo, mas seus elementos
ressoam, ou seja, se conectam de maneira simpática, a tendências da cultura em geral. O
autor aponta que o horror pode balancear ressonância com violação, o que chama de
“violação ressonante”, combinação de familiaridade com choque. Ao atrair nossas
ansiedades coletivas, projetando-as mesmo que indiretamente na tela, os filmes de
horror se mostram vitalmente interessados na cultura política de seus dias e sua violação
sistemática de nossas expectativas narrativas praticamente nos força a pensar em um
ponto de vista diferente sobre nossas ansiedades. Ao ressonar, explícita ou
implicitamente, com sentimentos e angústias, o horror dá um espaço para sua reflexão
em um processo dinâmico em que projetamos nossos medos coletivos na tela e esses
medos são projetados de volta para nós. Phillips afirma que a história do filme de horror
está essencialmente ligada à história da ansiedade no século XX, sendo que por meio da
retrospectiva e da distância crítica é possível examinar a complexa relação entre filme e
cultura, medo ficcional e ansiedade cultural, familiaridade e choque. São justamente
suas relações com determinados momentos culturais que tem potencializado suas
21
PHILLIPS, Kendall R. Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport, USA: Praeger,
2005
23
recepções, ou seja, certos filmes de horror podem ser considerados como medidores de
um humor nacional e também como um importante espaço cultural onde os cidadãos
podem se engajar num escape e examinar tendências, assim como fazer escolhas de
como interpretá-las e de como reagir.
É importante considerar que o filme de horror, assim como qualquer outro, não
aparece como um produto pronto, mas sim como um processo de produção. O
significado não aparece sozinho no filme, sendo o resultado de um empreendimento
coletivo entre produtores, diretores, exibidores e aqueles que o recebem. Depende em
grande parte de uma evocação da participação do espectador, de um convencimento de
que as ameaças projetadas têm um grau de realidade, já que a película existe dentro do
contexto de sua própria produção e como parte de determinado ambiente. Em muitos
casos, o espectador investiga também as consequências para si mesmo, ao perceber que
é tão vulnerável quanto a vítima do filme ou de como facilmente o mundo de aparências
“normais” pode ser destruído pela invasão de uma nova e dura realidade.
O atual ciclo de horror, teoricamente iniciado ao fim da década de 1960 e
início de 1970, com sua explosão de popularidade nos Estados Unidos, sugere correntes
de perturbação que não eram sempre visíveis na superfície da vida nacional. 22 De
acordo com Robin Wood, desde a década de 1960 tem predominado no filme de horror
cinco temas recorrentes: o monstro como humano psicótico ou esquizofrênico; a
vingança da natureza; satanismo, possessão diabólica ou anticristo; a criança terrível e o
canibalismo, todos sendo produtos da instituição familiar.23 Logo, a real importância do
gênero e de seu significado surge em um período de extrema crise cultural e
desintegração da ideologia dominante, oferecendo uma possibilidade de mudança e
reconstrução a partir de um novo viés.
Nesse sentido, tal gênero cinematográfico sugere que, na grande maioria das
vezes, o horror não é algo de outro mundo, mas sim algo causado pela própria
sociedade, sendo uma parte inerente de todos nós. Pode servir então como uma crítica às
justificativas ideológicas que a sociedade contemporânea baseada em contradições, usa
para se sustentar, mostrando assim seus inevitáveis problemas. De tal forma, é possível
22
DICKSTEIN, Morris. The Aesthetics of Fright. In: GRANT, Barry K; SHARRETT, Christopher
(Orgs). Planks of Reason: Essays on the Horror Film. EUA: Scarecrow Press, Inc, 2004.
23
WOOD, Robin. An Introduction to the American Horror Film. In: GRANT, Barry K; SHARRETT,
Christopher (Orgs). Planks of Reason: Essays on the Horror Film. EUA: Scarecrow Press, Inc, 2004.
24
24
PHILLIPS, Kendall R. Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport, USA:
Praeger, 2005. P. 198 (Tradução nossa)
25
OLIVEIRA, Dennison de. O Cinema como fonte para a História. Disponível em:
http://www.poshistoria.ufpr.br/fonteshist/Dennison.pdf
25
26
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes. Os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra,
2010.
27
Ibid. P. 29
26
28
qual se dirige. É importante compreendê-lo como construção, ou seja, não se trata de
uma realidade literal, mas de uma metáfora que cria uma representação do passado ou
do presente de quando foi produzido.
Muitas obras fílmicas abordam importantes questões históricas do passado dos
Estados Unidos da América, surgindo assim uma forma de interpretação da história
americana contemporânea que se utiliza de ferramentas e estruturas narrativas
diferentes. Sendo assim, em uma análise do audiovisual como fonte válida para o
conhecimento histórico, mostra-se indispensável entendê-lo inserido em um discurso
mais amplo, contextualizando-o com a sociedade e período em que foi idealizado,
roteirizado e produzido, assim como suas necessidades políticas, econômicas e
culturais. Quanto ao seu conteúdo externo deve-se observar o período cronológico de
produção da obra, suas diferentes versões, alterações realizadas posteriormente,
profissionais envolvidos na produção do filme e da forma como foi divulgado. Além da
consideração a elementos internos e técnicos às filmagens - enquadramentos, exclusões,
dramatização e influência de agentes como os produtores e os diretores - a
problematização da recepção por parte do público e de uma crítica especializada
manifestada principalmente pela imprensa escrita é de fundamental importância para se
compreender o contexto de quando o audiovisual foi lançado, além de seu impacto e
repercussão. Ou seja, devemos analisá-lo simultaneamente como texto e mercadoria,
intertexto e linha de produto, levando em conta os projetos ideológicos com os quais
dialoga e trava contato, além de sua singularidade dentro de determinado contexto ou
época.
O audiovisual é sempre mais do que apenas uma coleção de fatos, reunindo em
si drama, interpretação e uma construção do passado ou do presente em imagens e sons.
O diferencial da história que emana da tela é justamente sua capacidade de comunicar
algo não apenas de maneira literal e realista. Isso já vem se refletindo no campo
acadêmico, quando os historiadores Hayden White e Frank Ankersmith há muito tempo
argumentaram e defenderam o poder da dimensão metafórica na historiografia. Logo,
não podemos analisar o audiovisual como um espelho fiel do que está sendo retratado,
mas sim como uma construção que possui regras de interação com o passado e com o
presente e que, muitas vezes, possui por objetivo tecer comentários, intervenções,
28
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes. Os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
P. 54
27
29
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1995.
30
KORNIS, Mônica Almeida. Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
28
31
CAPELATO, Maria Helena; MORETTIN, Eduardo; NAPOLITANO, Marcos; SALIBA, Elias Thomé
(Orgs). História e Cinema – Dimensões Históricas do Audiovisual. São Paulo: Alameda, 2011. 2ª
edição.
32
NAPOLITANO, Marcos. A escrita fílmica da história e a monumentalização do passado: uma análise
comparada de Amistad e Danton. In: CAPELATO, Maria Helena; MORETTIN, Eduardo;
NAPOLITANO, Marcos; SALIBA, Elias Thomé (Orgs). História e Cinema – Dimensões Históricas do
Audiovisual. São Paulo: Alameda, 2011. 2ª edição.
33
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes. Os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
P. 238
29
34
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História dos
Estados Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990
30
35
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História dos Estados
Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990
36
Idem.
31
O conflito acabou com a derrota francesa e na independência do país, que passou a ser
dividido em Vietnã do Norte, comandado por Ho Chi Minh e com orientação comunista
pró-URSS, e Vietnã do Sul, uma ditadura anticomunista de Ngo Dinh Diem que contava
com ajuda econômica e militar dos EUA. No Sul formaram-se grupos denominados
Vietcongs, opositores ao regime de Diem, com orientação comunista e que contaram
com o apoio de Ho Chi Minh ao organizar a Frente de Libertação Nacional. Sendo
assim, lançam uma luta armada para libertar o Sul e anexá-lo ao regime comunista.
Podemos afirmar então que a Guerra do Vietnã colocou em jogo a unidade do Estado
Vietnamita e a natureza do seu regime político e econômico. Para os Estados Unidos tal
conflito caracterizava uma disputa do futuro geopolítico da Ásia e da configuração geral
da influência soviética no continente.
O presidente John F. Kennedy, tendo em vista tais preocupações, aumentou a
presença militar norte-americana no conflito, com a intensificação da guerra no Sul,
enviando aviões em missões de reconhecimento e apoio às tropas de Diem. O Vietnã do
Sul foi visto como um aliado regional do Ocidente na estratégia de contenção do
expansionismo soviético. A primeira fase do conflito desenrola-se até 1963, quando se
encerram os governos de Diem no Vietnã do Sul e Kennedy nos EUA. Nesse momento
existia a convicção de que o Norte poderia ser coagido a negociar, por meio de uma
disposição norte-americana em sustentar seu apoio ao Sul. A administração de Lyndon
Johnson sustentou essa afirmação até 1964, quando os EUA entraram oficialmente na
guerra enviando tropas regulares com a resolução de “americanizar” o conflito contra o
“comunismo internacional” na Indochina. Muitos estudiosos apontam o Incidente do
Golfo de Tonquim como pretexto norte-americano para engajamento direto, quando um
destróier de espionagem foi atacado enquanto estava nas águas do Norte.
A segunda fase compreende-se entre 1964 e 1968, caracterizada pelo auge do
envolvimento norte-americano. Em fevereiro de 1965 um ataque a quartéis dos EUA em
Pleiku tornou-se motivação para ataques sistemáticos ao Norte, com a denominada
Operação Trovão Rolante, atingindo zonas militares e de infraestrutura, forças inimigas
na Zona Desmilitarizada e depósitos de petróleo. Em 1968 mais de meio milhão de
soldados norte-americanos estavam envolvidos na busca de guerrilheiros, nas chamadas
missões de “busca e destruição” e esforços de “pacificação”, baseando-se no conceito
de guerra ofensiva. Contudo, paralelamente ocorriam episódios marcados pela
carnificina, como o Massacre de My Lai em março de 1968, quando camponeses
33
desarmados foram massacrados com tiros à queima roupa por uma unidade de soldados
da infantaria norte-americana. Estima-se que entre os anos 1965 e 1972 o conflito teve a
campanha mais intensa de bombardeamento aplicada, em uma tentativa de enfraquecer
o moral e as chances do Vietnã do Norte. Se a investida norte-americana começou com
um “programa de pacificação”, objetivando ganhar apoio da população local - com
propagandas e assistência social - terminou com uma política de destruição de aldeias e
remoção forçada de camponeses ao enfrentar resistências internas.
Durante esse tempo nota-se um desabamento moral das tropas e da opinião
pública nos Estados Unidos gerando uma repercussão negativa no país que se nomeava
centro da civilização e do mundo livre. Diversos setores da sociedade, como a imprensa,
o movimento estudantil, senadores e segmentos do clero começaram a verbalizar o
aumento geral da intensidade de críticas à guerra. Grandes manifestações inflamavam
oposição ao conflito, seja por razões morais, políticas ou até mesmo pelas instabilidades
geradas por ele, o que resultou em uma ampla desobediência entre os próprios militares
e até mesmo o envolvimento de veteranos nas manifestações. Por volta de 1968 haviam
sido despejadas pelo Vietnã uma tonelagem de bombas maior do que a lançada sobre a
Europa e Ásia durante a Segunda Guerra Mundial.40 Entre as táticas de destruição
utilizadas somavam-se o uso de Napalm, bombas de fragmentação, relocalização
forçada de aldeias e destruição química de culturas e florestas. Os Estados Unidos
insistiam que a vitória comunista no Vietnã acarretaria sua expansão por toda a
Indochina e Sudeste Asiático, além do colapso na defesa mundial contra tal ideologia e
tipo de governo. Tratava-se de uma ameaça ao poderio norte-americano, tendo em vista
que o Oriente já encontrava duas grandes potências comunistas, a URSS e a China.
A terceira e última fase recobre ao período de 1969 a 1973. Marcada pelo
governo de Richard Nixon, mais de meio milhão de soldados retornaram para casa,
fruto de um novo realismo norte-americano em diplomacia. O novo presidente, em sua
campanha eleitoral, ergueu a bandeira da “paz com honra”. Os anos seguintes
caracterizaram-se pela combinação da redução gradual das tropas americanas no Vietnã
do Sul com os mais pesados bombardeios aéreos contra o Vietnã do Norte. A política
americana nesse período era o oposto da do começo da guerra, ou seja, marcada pela
40
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História dos
Estados Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
34
41
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Editora
Contexto, 2007.
35
42
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Editora
Contexto, 2007. P. 238
43
LASCH, Christopher. The Culture of Narcissism: American Life in an Age of Diminishing
Expectations. EUA: W.W Norton & Company, 1979.
44
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História dos Estados
Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. PP 422 – 423.
45
PUCCI JR, Renato Luiz. Cinema Pós-Moderno. In: MASCARELLO, Fernando (Org). História do
Cinema Mundial. São Paulo: Papirus, 2008. PP. 361 – 378.
36
46
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: J. Olympio, 2004.
47
HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São
Paulo: Edições Loyola, 2011.
48
JAMESON, Frederic. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática,
1997.
49
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria e ficção. Rio de Janeiro: Imago,
1991.
37
verdades universais, sendo que um de seus alvos mais comuns para discussão eram as
relações entre grupos sociais que se colocam no centro da sociedade e aqueles postos
em suas margens.
No campo econômico, em 1973, o aumento súbito do preço do petróleo deu
margem a uma crise, com inflação e reestruturação industrial. Tal evento transparece
que o país dependia seriamente de reservas de energia estrangeiras e incertas, de rápido
esgotamento e caras, abalando as certezas econômicas do período pós-guerra. Entre
1973 e 1981 a renda dos trabalhadores diminuiu 2% e o poder aquisitivo em geral
baixou ao nível em que se encontrava em 1961.50 Iniciava-se assim um período marcado
pela inflação sem controles, estagnação econômica e taxas declinantes de produtividade.
Os preços de alimentos, combustíveis, aluguéis e transporte duplicaram entre os anos de
1967 e 1978, sendo que entre 1973 e 1978 o preço dos automóveis subiu em 72% e de
novas casas em 67%. 51
O governo de Richard Nixon (1969 – 1974) também trouxe mudanças, com a
introdução de um novo termo: estagflação, descrevendo de tal forma a combinação de
custo de vida em rápida ascensão com a recessão. O conservantismo tradicional do
presidente levou a um choque com programas sociais liberais de seus antecessores
democratas, principalmente por sua defesa do livre mercado. A filosofia política que
guiava o novo governo era de reforço de posições e consolidação, não inovação e
reforma. Seu primeiro mandato foi marcado por uma política que priorizava assuntos
externos, prometendo uma “geração inteira de paz” através de negociações e não de
confrontos. Procurava assim normalizar as relações com a República Popular da China e
URRS, colocando em prática uma política do realismo e não da ideologia. 52 Um grande
exemplo disso foi que em 1972, em uma segunda reunião de cúpula televisada para o
mundo, Nixon se tornou o primeiro presidente desde Franklin Roosevelt (1933 – 1945)
a pisar em solo soviético. Criava-se um entusiasmo popular pelas gestões de paz no
exterior, além de fatos favoráveis que internamente traziam esperanças renovadas, como
uma curta recuperação econômica que criava novos empregos e estabilizava
temporariamente os preços.
50
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Editora
Contexto, 2007.
51
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História dos Estados
Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. P. 436.
52
Ibid. P. 428
38
53
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História dos Estados
Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. P. 432
54
Ibid. P. 434
39
55
KARNAL, Leandro. Rupturas do Consenso: 1960 - 1970. In: História dos Estados Unidos: das
origens ao século XXI. São Paulo: Editora Contexto, 2007. P. 253
56
FERRO, Marc. Cinema e consciência da História nos Estados Unidos. In: Cinema e História. Rio de
Janeiro: Editora Paz e Terra. 1995. P. 197.
40
4.1 O FILME
O Massacre da Serra Elétrica, em inglês The Texas Chainsaw Massacre, é um
filme estadunidense do gênero de horror dirigido, escrito, produzido e roteirizado pelos
também norte-americanos Tobe Hooper e Kim Henkel. Com um orçamento de cerca de
$125 mil dólares, lucrou posteriormente algo entre 30 e 100 milhões - sendo impossível
determinar com exatidão – se tornando uma das produções mais rentáveis da história do
cinema mundial.58 Segundo o diretor e roteirista de filmes de horror Dan O’Bannon:
57
Tradução nossa de Who will survive and what will be left of them? Texto encontrado no pôster original
do filme de 1974. Ver anexo 1.
58
PHILLIPS, Kendall R. The Exorcist (1973) and The Texas Chainsaw Massacre (1974). In:
Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport, USA – Praeger, 2005. P. 102.
59
KONOW, David. Reel Terror: The Scary, Bloody, Gory, Hundred-Year History of Classic Horror
Films. Londres: St. Martin’s Griffin, 2012. P. 158. (Tradução nossa)
60
Termo que se refere ao estilo utilizado em algumas produções de documentários. Combina improviso
com o uso da câmera, buscando passar assim uma ideia de verdade e realidade.
41
de rádio, como A Guerra dos Mundos de Orson Welles em 1930.61 Além do mais, a
película foi filmada praticamente em sequência, contando com apenas um microfone,
poucas luzes e uma motosserra.62
(IMAGEM 1) 63
(IMAGEM 2) 64
61
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. P. 111.
62
KONOW, David. Reel Terror: The Scary, Bloody, Gory, Hundred-Year History of Classic Horror
Films. Londres: St. Martin’s Griffin, 2012. P. 164.
63
00:00:39
64
Idem.
42
O filme foi recusado pelas grandes empresas como, Fox, Warner Bros.,
Columbia e Universal, contando então com a distribuição da Bryanston Pictures que
decretou falência em 1976, sendo relançado somente em 1983 pela New Line. O longa
de 82 minutos estreou nos Estados Unidos em 11 de outubro de 1974 com uma censura
de 17 anos. Foi exibido no Festival de Cinema de Londres em 1975, na Quinzena de
Diretores de 1975 em Cannes, ganhando o Prêmio Especial do Júri de 1976 em Avoriaz,
além de prêmios nos Festivais de Trieste e da Antuérpia. Também faz parte da coleção
do Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA).
O filme recebeu o apelido de “E O Vento Levou” dos filmes de horror, sendo
proibido e censurado em muitos países como Brasil e Inglaterra. 65 No Brasil foi lançado
em VHS apenas em 1987 com uma tradução equivocada do título: não se trata de uma
serra elétrica e sim de uma motosserra movida a motor de combustão, sendo que
também deixa de lado o lugar, Texas, onde tudo supostamente aconteceu. Nesse aspecto
a delimitação do espaço é chave principal para se compreender o enredo e ambientação
do filme, já que características como aridez, clima faroeste e deserto são partes do
imaginário e da cultura norte-americana. A produção iniciou uma franquia que recebeu,
até agora, quatro continuações, um remake e um prólogo. 66
4.2 AS CRÍTICAS
A recepção do filme variou entre exaltação e absoluta aversão. Alguns relatos
afirmam que diversas pessoas saíram enojadas antes mesmo da projeção terminar.
Segundo Stefan Jaworzyn, nenhum dos envolvidos – atores ou técnicos – imaginava que
o filme teria o impacto que teve, nem que se transformaria em ícone de uma cultura,
afirmando que muitos acreditavam ser apenas mais um filme que recuperaria seu
investimento, lucraria e alcançaria um punhado de fãs do gênero. Entretanto, se
transformou em algo muito maior despertando curiosidade e criando diversas opiniões,
seja entre fãs do estilo cinematográfico ou não. O canal de televisão norte-americano E!
65
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. P. 105.
66
Respectivamente: O Massacre da Serra Elétrica II (The Texas Chainsaw Massacre II, 1986);
Leatherface – O Massacre da Serra Elétrica III (Leatherface: The Texas Chainsaw Massacre III, 1990), O
Massacre da Serra Elétrica – O Retorno (Texas Chainsaw Massacre: The Next Generation, 1994), O
Massacre da Serra Elétrica – A Lenda Continua (Texas Chainsaw 3D, 2013), O Massacre da Serra
Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 2003) e O Massacre da Serra Elétrica: o Início (The Texas
Chainsaw Massacre: The Beginning, 2006).
43
Entertainment Television afirmou que The Texas Chainsaw Massacre é o título de filme
mais reconhecível do mundo. 67
Segundo o ator Gunnar Hansen, que interpreta Leatherface, cada geração
redescobre o filme:
67
KONOW, David. Reel Terror: The Scary, Bloody, Gory, Hundred-Year History of Classic Horror
Films. Londres: St. Martin’s Griffin, 2012. P. 161.
68
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. P. 23
69
Ibid. P. 287
70
KING, Stephen. Dança Macabra. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
44
73
[...] um pedacinho vil de excremento, sem nada digno de nota.
71
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. P. 131
72
Ibid. P. 131
73
Ibid. P. 22
74
Ibid. P. 132
45
75
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. P. 133
76
Técnica de produção em que a narrativa parte de uma voz não identificada ou ausente da cena.
46
submetido a uma inspeção de perto revelaria não apenas inúmeros defeitos, mas
também uma debilidade em sua estrutura geral. 77
(IMAGEM 3) 78
Logo após os créditos iniciais a câmera foca em um tatu morto em uma estrada
secundária do Texas, onde o grupo de cinco jovens é apresentado. São eles: Sally e
Franklin Hardesty, Jerry (Allen Danziger), Kirk (William Vail) e Pam (Teri McMinn).
Em um primeiro momento nota-se que apenas os irmãos Hardesty têm seus
sobrenomes citados, sendo que os outros não são pensados como personagens, mas sim
como arquétipos destinados a morrer rapidamente. O filme trabalha claramente com o
estereótipo dos anos 1970, da geração hippie ou flower children, principalmente por
suas roupas e discursos, sendo um exemplo válido o começo do filme quando discutem
o abate de gado, caracterizando-o como banal e desnecessário. É possível afirmar que
os personagens mais complexos e bem desenvolvidos são definitivamente os anti-
heróis (IMAGEM 4). Segundo o roteirista Kim Henkel, o filme não é muito diferente
de uma lenda urbana, onde existe uma transgressão, ou seja, os mocinhos ultrapassam
certos limites, invadem determinado espaço e enfrentam as consequências.79 Ao fundo
a rádio continua enunciando notícias violentas, como um assassinato, desabamento de
um prédio e uma menção à Guerra do Vietnã. É possível apontar que o aspecto
77
SHARRETT, Christopher. The Idea of Apocalypse in The Texas Chainsaw Massacre. In: Planks of
Reason: Essays on the Horror Film. EUA – Scarecrow Press, Inc, 2004. P. 307
78
00:02:31
79
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. PP 63 – 64.
47
(IMAGEM 4) 80
80
00:10:20
81
00:05:40 até 00:06:03
82
Informações disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_de_Aquarius (acesso em 29 de novembro
de 2013)
83
SHARRETT, Christopher. The Idea of Apocalypse in The Texas Chainsaw Massacre. In: Planks of
Reason: Essays on the Horror Film. EUA – Scarecrow Press, Inc, 2004. P. 307
48
(IMAGEM 5) 85
84
PHILLIPS, Kendall R. Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport, USA –
Praeger, 2005. PP. 111 – 112.
85
00:05:32
86
00:08:10
49
(IMAGEM 6) 87
O grupo segue viagem e nisso acaba dando carona para um jovem, cujo nome
não nos é revelado e será denominado posteriormente - por críticos e fãs - como
Hitchhiker (caroneiro). Interpretado por Edwin Neal, ao falar sobre o abatedouro
afirma:
Meu irmão trabalha lá. Meu avô também. Minha família sempre
trabalhou com carnes. 88
Aquela pistola não é boa [...] de jeito nenhum. Com uma marreta é
melhor. Eles morrem melhor desse jeito [...] não... Desse novo jeito as
pessoas perdem seus empregos. 89
Ou seja, tanto dentro da tela quanto fora, a tradição estava dando lugar à
inovação e avanços tecnológicos. Logo, a consequência da eterna procura do
87
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00:10:47 até 00:10:54
50
capitalismo por maior produtividade acaba por deixar pessoas desempregadas, já que
suas habilidades se tornam obsoletas.
(IMAGEM 7) 90
Ele então convida os jovens a jantarem em sua casa e a recusa do grupo acaba
por se tornar mais uma rejeição na história da família. Ao ter um ataque histérico na
traseira da van, ele começa a se cortar e tenta cortar o braço de Franklin, sendo então
expulso do veículo. Pam retorna a ler seu livro de Astrologia (IMAGEM 8) e comenta:
90
00:10:14
91
00:18:08 até 00:18:52
51
(IMAGEM 8) 92
Jerry: “Pode encher, por favor?” Dono do posto de gás: “Não tenho
gasolina”. Jerry: “Não tem gasolina?” Dono do posto de gás: “Meu
reservatório está vazio”. 93
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00:18:52
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(IMAGEM 9) 94
(IMAGEM 10) 95
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(IMAGEM 11) 96
(IMAGEM 12) 97
96
00:39:03
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54
(IMAGEM 13) 98
A casa em que a família Sawyer99 mora se mostra parodiada – assim como seus
habitantes – sendo um espelho degradado da casa perfeita, mobiliada com animais
mortos, restos de cadáveres humanos e alimentos em estado de putrefação. Ou seja, a
casa familiar tão presente no imaginário estadunidense e divulgada por meio de imagens
na televisão, cinema e propagandas, ainda existe no filme, porém mostra-se tão caótica
quanto à situação do país e da própria instituição familiar. Pam, assim como Kirk,
encontra Leatherface e é carregada pelo assassino até uma saleta transformada em um
pequeno abatedouro. Tal qual um animal, é pendurada em um gancho, enquanto o corpo
de seu companheiro permanece estendido na mesa (IMAGEM 14).
98
00:39:44
99
Uma paródia à palavra Saw, que em inglês significa serra, uma das ferramentas utilizadas pelos
assassinos.
55
Enquanto tudo isso acontece Franklin, Sally e Jerry aguardam seus amigos
retornarem e ao não terem nenhuma resposta Jerry resolve procurá-los. É justamente
quando os irmãos estão sozinhos que podemos identificar um pouco da personalidade
de Franklin e seu relacionamento com sua irmã (IMAGEM 15). A característica mais
enfatizada de Franklin é o fato de ser cadeirante. O personagem é presumidamente o
mais velho de seu clã, mas por sua paralisia é visto como uma figura de impotência
enfatizada ainda mais por sua covardia. Os outros adolescentes são, em geral,
descaracterizados, com exceção de Franklin que é marcado como um ser grotesco,
irritante e quase tão psicótico quanto Leatherface e sua família. De tal forma, encarna a
tendência de autodestruição que os Estados Unidos estavam vivenciando quando, por
exemplo, no começo do filme começa a cortar a própria mão dentro da van, procurando
provocar uma crise em si mesmo já que não existe uma clara resolução para a frustração
provocada pelo mundo exterior. A criação de um suposto mocinho paraplégico que iria
atrair simpatia do público não acontece, pois o enredo o transforma em um personagem
chato e choroso, fadado a uma eventual destruição. 101
O mais importante, porém, é que a relação com sua irmã não é boa, sendo que
na maior parte do filme ela se encontra irritada devido a sua deficiência, encarando-o
como um fardo. Mesmo os irmãos sendo unidos pela relação sanguínea, Franklin
permite inferir outro sinal de que a família ideal norte-americana está com problemas,
100
00:41:07
101
É interessante notar que o personagem não aparece no remake de 2003, O Massacre da Serra Elétrica
(The Texas Chainsaw Massacre, Marcus Nispel, 2003).
56
não possuindo mais aquela imagem perfeita e propagada durante as décadas de 1950 e
1960, marcada por companheirismo, união e dedicação mútua. Os irmãos se encaram
com raiva e desgosto, sendo que a distância entre ambos sugere alienação no coração
das relações familiares (IMAGEM 16). A associação com Leatherface, o grande
assassino do filme, permite apontar que a família, antes vista como fator que
impulsionava a sociedade, agora podia ser reduzida a um comportamento obsessivo e
autodestrutivo, sendo tal argumento explicitado na crueldade lunática da família
Sawyer.
102
00:43:09
57
Sally chega à casa onde seus amigos foram mortos pedindo por ajuda, sem
saber que esta é a residência da dos assassinos. Ainda perseguida por Leatherface, que
serra a porta da própria casa para entrar, a protagonista vai até o sótão onde encontra o
corpo em decomposição de uma mulher e o personagem Grandpa, ou seja, o Vovô
103
00:43:50
104
00:48:21
58
Fugindo de Leatherface Sally pula uma janela e sai correndo noite adentro,
alcançando o posto de gasolina visitado pelos jovens no começo do filme (IMAGEM
20). Chegando ao local é supostamente socorrida pelo mesmo homem que os atendeu
anteriormente, chamado pelos roteiristas de Gas Man ou Old Man. Interpretado por Jim
Siedow ele argumenta que não tem um telefone, logo teriam que ir para a delegacia de
105
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59
Gas Man volta com a caminhonete (IMAGEM 21) e nesse momento, junto
com Sally, o espectador percebe que ele de alguma maneira está inserido nos eventos
que ocorreram previamente. O personagem traz uma corda para amarrar Sally,
insistindo em um nível de cordialidade e cooperação:
Eu falei para você ficar longe do cemitério! Você foi quase pego. Eu
te disso! Disse para você nunca deixar seu irmão sozinho. 110
Gas Man e o Hitchhiker retornam para a casa carregando Sally e ao ver a porta
serrada por Leatherface momentos antes, o primeiro se enfurece, gritando para ambos:
109
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110
1:04:15 até 1:04:42
111
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61
Olhe o que seu irmão fez com a porta! Seu idiota, você arruinou a
porta! 112
Sendo assim, todos se reúnem ao redor da mesa (IMAGEM 22) e servem jantar
para Sally como se esta fosse uma convidada de honra da família (IMAGEM 23).
112
1:05:10 até 1:06:19
113
É interessante apontar que esta cena também não foi incluída no remake homônimo de 2003.
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63
gosta de matar e que se trata de uma necessidade e precisam disso para sobreviver,
como se estivessem tratando animais:
É apenas uma coisa que você precisa fazer, não significa que precisa
gostar. 118
118
1:12:58
119
1:15:40
120
PHILLIPS, Kendall R. Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport, USA:
Praeger, 2005. P. 109
64
121
1:18:52
65
ironicamente uma de transporte de gado - o que indica que possivelmente estava à beira
da loucura (IMAGEM 27). O final mostra-se, então, emblemático, terminando com uma
longa cena onde Leatherface empina sua motosserra no ar (IMAGEM 28). Ou seja, os
“bandidos” não morrem, nem são punidos e mesmo com a protagonista escapando não
existe saída, vitória ou final feliz.
122
1:20:56
123
1:21:01
66
124
1:21:09
125
1:21:15
67
126
Ver anexo 2.
127
MERRITT, Naomi. Cannibalistic Capitalism and other American Delicacies: A Bataillean Taste of
The Texas Chainsaw Massacre. Film-Philosophy: 2010 (14); p. 208 – 209.
68
128
SHARRETT, Christopher. Planks of Reason: Essays on the Horror Film. EUA: Scarecrow Press,
Inc, 2004. P. 302
129
JAWORZYN, Stefan. O Massacre da Serra Elétrica [Arquivos Sangrentos]. Rio de Janeiro:
DarkSide Books, 2013. P. 131
69
5. CONCLUSÃO
130
NEWMAN, Kim. Nightmare Movies: Horror on Screen Since the 1960’s. New York: Bloomsbury,
2011. 2ª edição. PP 379 – 380.
131
Ibid. P. 407.
70
132
NEWMAN, Kim. Nightmare Movies: Horror on Screen Since the 1960’s. New York: Bloomsbury,
2011. 2ª edição. P. 582.
133
PHILLIPS, Kendall R. Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport, USA:
Praeger, 2005. P. 198.
71
134
KONOW, David. Reel Terror: The Scary, Bloody, Gory, Hundred-Year History of Classic Horror
Films. Londres: St. Martin’s Griffin, 2012. P. 530.
72
6. FONTE
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São
Paulo: Editora Contexto, 2007.
KAYSER, Wolfgang. O Grotesco. São Paulo: Perspectiva, 2009.
KAWIN, Bruce. Children of the Light. In: Film Genre Reader III. Texas: University
of Texas Press, 2003.
KING, Stephen. Dança Macabra. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
KONOW, David. Reel Terror: The Scary, Bloody, Gory, Hundred-Year History of
Classic Horror Films. Londres: St. Martin’s Griffin, 2012.
KORNIS, Mônica Almeida. Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2008.
LASCH, Christopher. The Culture of Narcissism: American Life in an Age of
Diminishing Expectations. EUA: W.W Norton & Company, 1979.
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: J. Olympio,
2004.
MAGNOLI, Demétrio (Org.) História das Guerras. São Paulo: Editora Contexto,
2006.
MASCARELLO, Fernando (Org). História do Cinema Mundial. Campinas: Papirus,
2008.
MARRIOTT, James; NEWMAN, Kim. Horror! 333 Films to Scare You to Death.
Londres: Carlton Books, 2010. 2ª edição.
MAY, Henry; MCMILLEN Neil R.; SELLERS, Charles. Uma reavaliação da História
dos Estados Unidos: de colônia a potência imperial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
MELEIRO, Alessandra (Org). Cinema no Mundo: indústria, política e mercado:
Estados Unidos. São Paulo: Escrituras Editora, 2007.
MERRITT, Naomi. Cannibalistic Capitalism and other American Delicacies: A
Bataillean Taste of The Texas Chainsaw Massacre. Film-Philosophy: 2010 (14). PP.
202-231. Disponível em: <http://www.film-philosophy.com/index.php/f-
p/article/view/190/178>.
MULVEY, Laura. Visual Pleasure and Narrative Cinema. In: Film Theory and
Criticism: Introductory Readings. New York: Oxford UP, 1999. PP. 833-844.
MUNHOZ, Divanir Eulália Naréssi; STANCKI, Rodolfo. Paradoxos do Coração:
percepções e representações do cinema de horror por um grupo de consumidores.
75
SITES:
http://www.imdb.com/title/tt0072271/ acesso em 23 de novembro de 2013.
http://bocadoinferno.com.br/ acesso em 23 de novembro de 2013.
76
8. ANEXOS
135
Imagem retirada de: http://en.wikipedia.org/wiki/File:TheTexasChainSawMassacre-poster.jpg (acesso
em 29 de novembro de 2013)
136
Imagens retiradas de:
http://www.worldsofimagination.co.uk/film%20Texas%20Chainsaw%20Massacre.htm e
http://blogs.laweekly.com/informer/2012/09/leatherface_actor_andrew_bryni.php (acesso em 29 de
novembro de 2013).