O Jornalismo Contemporâneo No Brasil: As Mídias Digitais Como Elo Entre A Crise e A Busca de Uma Nova Identidade
O Jornalismo Contemporâneo No Brasil: As Mídias Digitais Como Elo Entre A Crise e A Busca de Uma Nova Identidade
O Jornalismo Contemporâneo No Brasil: As Mídias Digitais Como Elo Entre A Crise e A Busca de Uma Nova Identidade
Resumo
Procuramos refletir sobre um dos períodos de maior turbulência e transformação ocor-
rido na história contemporânea da comunicação humana: os últimos dez anos, quando
ocorreu um embricamento singular entre a absorção da ruptura tecnológica nos pro-
cessos de comunicação através da introdução e consolidação das Novas Tecnologias
de Informação e Comunicação – as TIC; o estabelecimento de uma relação de proximi-
dade e inversão de papéis, ainda não experimentada, entre produtores e consumidores
de informações; e a configuração de um mercado que atribui valores de troca cada vez
mais inusitados para informações distribuídas em tempo real. Dez anos de extrema
volatilidade e incertezas para todos aqueles que de alguma maneira estão envolvidos
com a informação e os seus meios de distribuição. A palavra recorrente deste período
tem sido “crise”.
As empresas informativas, especialmente as brasileiras, têm percorrido este período
turbulento contabilizando perdas financeiras e qualitativas, desvios estratégicos e
retrocessos em suas atividades centrais, distanciamento das tradicionais fontes de
receitas – os anunciantes – para meios mais dinâmicos. Mas será uma crise o que
estamos vivenciando? Não estaremos a meio de um processo mais amplo, uma nova
etapa de evolução histórica, onde a sociedade contemporânea revisa valores e re-atri-
bui importância aos diferentes atores do tecido social? É nossa opinião que estamos,
em verdade, vivenciando um período de reconfiguração da identidade do Jornalismo
e de seus modelos de negócio.
*
Professora titular do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de
São Paulo ([email protected] ou [email protected])
Let’s start with the fact that editors and reporters are constantly caught between the
increasing consumer demand for more immediate information and the news industry’s abi-
lity to provide it. While there are fewer newspapers, there is a proliferation of real and
pseudo news programs on television – each competing for attention. This creates a high
premium for coming out first with “the big story.” The news media frequently loses its way
when it attempts to compete in a marketplace with an almost unlimited number of options.
The focus on ratings – or readers or dollars – can become so intense that it is easy to forget
that reporting and editing are serious tasks with profound social and political ramifications.
Too often, we respond to the competitive pressures by making less of ourselves – by offering
our readers the perception of vitality in exchange for hard reporting and thoughtful analysis.
(Sulzberger, 2004)
Transpondo esta realidade para o cenário brasileiro a partir do ano 2000, temos
um panorama pouco influenciado pela formação de grandes conglomerados multimí-
dia – apenas as Organizações Roberto Marinho/Rede Globo se aproximam deste perfil
– e bastante abalado pelos aspectos de tamanho e força econômica do mercado de
sustentação mediática. Dados a seguir apresentados podem ser os primeiros indícios
de que a crise vivenciada pela mídia brasileira possui muitos componentes autócto-
nes. Têm sido ocorrências específicas do mercado brasileiro: a demissão de jornalis-
tas, a aquisição de veículos de mídia por especuladores de mercado e a alteração da
legislação permitindo a entrada do capital estrangeiro. Além disso, a recomposição
de forças na economia com reflexos para o mercado anunciante, erros de avaliação
do ambiente-tarefa, estratégias equivocadas de entrada em mercados de novas mídias
também contribuíram para o cenário de crise.
Um extenso levantamento realizado pela jornalista Elvira Lobato e publicado na
Folha de S. Paulo a 15 de Fevereiro de 2004 dava conta de números assustadores
no final de 2002, (altura considerada pelos empresários do setor como “o fundo do
poço”): dívida acumulada de R$ 10 bilhões; 17 mil empregos cortados em dois anos;
prejuízo acumulado de R$ 7 bilhões em 2002 (cinco bilhões da Globopar, controla-
dora da Rede Globo); entre 2000 e 2002, a circulação de revistas caiu de 17,1 milhões
para 16,2 milhões de exemplares/ ano, enquanto a de jornais caiu de 7,9 milhões de
exemplares/dia para sete milhões; o bolo publicitário – dividido entre todas as empre-
sas de mídia – diminuiu de 9,8 bilhões de reais em 2000 para 9,6 bilhões de reais
em 2002 (em valores sem correção). Um início de recuperação ocorreu no segundo
semestre de 2003: a receita de Janeiro a Setembro cresceu 7,9%, em relação ao mesmo
período do ano anterior (Projeto Inter-Meios), recuperação que permaneceu ascen-
dente em 2004.
As causas deste cenário apontadas pelos publishers brasileiros ocorreram a partir
da segunda metade dos anos 90: a aposta no crescimento da economia e na estabili-
dade do câmbio; o endividamento em dólar para diversificar os negócios e aumentar
a capacidade de produção; os jornais, especialmente, investiram na informatização
das redações e na compra de impressoras novas para aumentar a tiragem e ter edições
coloridas. Foram gastos entre seiscentos e setecentos milhões de dólares na compra de
rotativas e no aumento do parque gráfico, a partir de 1995.
Ainda segundo os publishers foram feitos investimentos em setores correlatos ao
negócio principal como TV por assinatura, telefonia e internet, mas com um erro de
avaliação estratégica: o setor imaginava que haveria uma rápida convergência entre a
Estudos Culturais. Também não podemos nos esquecer de que falamos de empresas
informativas, cujo capital intelectual fundador ancora-se na competência de análise e
interpretação de fatos e acontecimentos da realidade para o seu público. Ou seja, fun-
damentam-se nos valores, preceitos e nas práxis do Jornalismo. De alguma forma, toda
a empresa informativa exerce a práxis jornalística em seus diferentes gêneros e concep-
ções. Mas isto não significa que estaremos analisando ou avaliando a performance do
Jornalismo per si. Faremos, sim, a discussão do papel da empresa informativa numa
sociedade em transformação, exigindo dela uma reação de reposicionamento de seus
processos operacionais e do enfoque fundador de seu capital intelectual.
A atividade analítico-reflexiva em torno da empresa informativa deve ser realizada
levando-se em conta a integração e a correlação de quatro subsistemas internos, a
saber: a estrutura de valores, procedimentos e linguagens adotados pela empresa ao
gerar suas informações, decorrentes da práxis jornalística; as estratégias e as estruturas
gerenciais dos recursos da empresa informativa, e aquela vinculada à adoção de ino-
vações e tecnologias de sustentação da atividade; a construção e a ação interativa da
identidade da empresa informativa na sociedade em que se insere.
Tais análises vêm embasadas sob um corpus de discussões teórico-conceituais acerca
da sociedade da informação – espaço social de ocorrência das ações; e da compreensão
da complexidade, considerada por diferentes pensadores como a pedra-de-toque para
a compreensão da atuação em informação.
Não cabe na proposta desta comunicação o aprofundamento desse corpus, mas
gostaríamos de pontuar os mais destacados:
• A sociedade da informação e o determinismo tecnológico: A crise quase sempre
acaba vinculada ao advento da internet e à transformação social e cultural decorren-
tes. Atribuir tamanha importância a uma nova tecnologia sem correlacioná-la ao seu
“technological momentum” pode fragilizar a reflexão. Huges, apud Roe Smith (1994:
101-103) evidenciam que as interações entre os sistemas tecnológicos e a sociedade
não são simétricas ao longo do tempo, sendo dele dependentes;
• Empresas jornalísticas ou empresas informativas? Tal caracterização, antes de
tudo, traz desdobramentos, incluindo a compreensão do fenômeno da informação e
sua correlação a outros fenômenos: os dados, o conhecimento, a ação, as idéias, as
noções, a diferença; e a relação informação-comunicação ao longo da história ociden-
tal moderna. Nas visões de Cohn (2000) e Burke (2004), tal relação refere-se a dar
forma a um conjunto relativamente desorganizado de temas da comunicação: conhe-
cimento, notícias, literatura, entretenimento, todos intercambiáveis entre diferentes
mídias e respectivos elementos, a exemplo do papel, tinta, celulóide, pinturas, rádio,
televisão e computadores. E à medida que as TIC se entranham nos processos pro-
dutivos, econômicos e sociais, a informação vai se configurando como central em
nossas vidas: “[...] enquanto isso, em cada uma das idades eram levantadas questões
semelhantes sobre a relação entre a ‘propriedade’ da mídia e seu ‘conteúdo’, entre o
‘conteúdo’ e a ‘estrutura’ e entre a ‘estrutura’ e a tecnologia, principalmente a tecnolo-
gia nova. Todos esses temas estão ligados pelo ‘controle’. A necessidade de informação
em cada idade foi associada com a necessidade de controlar o presente e o futuro por
motivos sociais, políticos e econômicos”. (Burke, 2004: 267).
• O conceito de empresa informativa: A escola espanhola, representada por Soria
(2004), Nieto e Iglesias (1993), Vilches (2003), Sánchez-Tabernero (2004), entre
outros, vem buscando refinar o caráter da empresa informativa como aquela cujo
objeto não é simplesmente a notícia, mas produtos de comunicação em geral, que são
gerados e materializados através de um processo que combina criatividade e sistemati-
zação operacional às atividades gerenciais e comerciais, objetivando o estabelecimento
de relações duradouras com seus públicos. Na era da informação a empresa informa-
tiva ultrapassa o intrínseco valor de uso da informação e lhe atribui valor de troca
numa relação estabelecida entre publisher, usuário e utilização.
• A presença da complexidade na empresa informativa: Sanchez-Tabernero (sem
data) recorre à teoria do caos para traduzir este cenário, afirmando que nos sistemas
complexos e bastante articulados, pequenos impulsos ou acontecimentos podem gerar
efeitos multiplicadores. Neste processo, as mudanças muito bruscas ou inesperadas
não são conseqüência da imprevisibilidade, são muito mais o reflexo da confluência de
inúmeros fatores. Para ele “a indústria da comunicação pertence a este entorno de sis-
temas complexos, com equilíbrios delicados como o fio da navalha e se sustentam em
engrenagens muito articuladas. Portanto, a estratégia das empresas não deve basear-se
em predições sobre o futuro, mas devem adaptar-se ao cenário provável de possibilida-
des, capaz de responder com rapidez às inevitáveis surpresas do futuro”.
Quanta experiência terá esse jornalista? Qual será o seu salário? Quanto tempo de sua
vida será dedicado a assistir a boas peças de teatro, a bons filmes; que bons livros o
ajudarão a ampliar o horizonte dos fatos, para que seja um bom mediador a serviço
do interesse público?” (Martins Costa, 2004).
Temos em xeque a função social do jornalismo numa “democracia informacional”,
a fragmentação noticiosa e a perda do papel de produção de significados atribuída ao
jornalista. São aspectos que alteram profundamente o jornalismo. São aspectos que,
colocados em paralelo, ou em convivência com a crise empresarial, quase colocam o
segmento na UTI.
Os jornalistas Bill Kovach e Tom Rosenstiel partem da afirmação de que a principal
finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam
para serem livres e se autogovernar. Ocorre que na era digital “a informação é tão
livre que a noção de jornalismo como uma entidade homogênea pode até parecer
meio exótica. Sem dúvida a idéia da imprensa como um guardião – decidindo que
informação o público deve saber e qual não – não mais define bem o papel do jorna-
lismo. Se o The New York Times decide não publicar alguma matéria, pelo menos um
dos inúmeros sites da internet o fará. [...] o novo jornalista não decide mais o que o
público deve saber. Ele ajuda o público a pôr as coisas em ordem. [...] eles necessitam
da habilidade para olhar as coisas sob múltiplos pontos de vista e chegar ao fundo...”
(Kovach, 2001).
Preocupações semelhantes passam por editores de importantes jornais europeus,
apenas com um olhar que reflete as características do continente: o papel dominante
da comunicação normativa e a importância das diferenças, permitindo perceber o
quanto o desafio das comunicações na era atual não é de ordem técnica, já que não é
a conexão de todos os lares europeus que irá quebrar as culturas individuais dos seus
estados-nações.
O fato de a atividade jornalística estar atrelada a um negócio não a deslegitima
nem a desqualifica; mas, em contrapartida, obriga-a à observância de algumas pre-
missas essenciais. A principal delas é que estamos falando de um negócio sim, mas
de um negócio que constitui uma atividade econômica ao mesmo tempo privada e
pública. Sua natureza empresarial convive com a condição de supridora de informa-
ções necessárias e muitas vezes decisivas nos processos de participação da cidadania
nos controles públicos.
todos os males. Existe uma crise de gestão nas empresas informativas em decorrência
dessa iminente mudança de papel, mas também não podemos dizer que apenas os
aspectos corporativos, econômicos e financeiros tenham gerado a transformação da
relação da mídia com seus públicos.
No caso do Brasil, verificamos muitas semelhanças com o cenário norte-americano
com relação aos aspectos sociais, mas também apontamos para uma visão limitada
de nossas empresas informativas, acabando por gerar uma crise de gestão autóctone,
acrescentando mais especificidades a um cenário já complexo.
Neste ponto, seria válido perguntar se existem saídas para este momento? As
empresas informativas não deixarão de se constituírem em negócios, a sociedade da
informação não tem volta e a própria sociedade vem redefinindo por conta própria o
que espera do jornalismo e dos jornalistas. Assim, gostaríamos de indicar algumas ver-
tentes conceituais que podem em médio e longo prazo sustentar uma nova identidade
para a produção de informações numa sociedade da informação.
Definir identidade deve ser um dos pontos de partida. Castells refere-se objeti-
vamente à identidade como “a construção social de significados por parte de atores
sociais, sejam eles indivíduos ou corporações” (Castells, 2003: 67). Poderíamos dizer
que a empresa informativa, historicamente, construiu sua identidade a partir da gera-
ção contínua de informações e, a partir de sua manifestação opinativa, na construção
de conhecimentos. Sua produção formal ainda está identificada com as universidades,
centros de pesquisa e grupos de inovação das corporações. Mesmo com as tecnolo-
gias de informação e comunicação, a sociedade preserva esta identidade à academia
(em sentido amplo). Para o autor, o verdadeiro problema está no papel de geração da
informação: “na internet a informação vem das pessoas, pessoas gerando e trocando
suas informações através da rede. É a infinita capacidade coletiva de a sociedade pro-
duzir suas próprias informações, distribuir, recombinar, utilizar para especificidades
que transforma a prática social, através da transformação da amplitude da mente
humana” (Castells, 2003: 139).
Assim, temos que a empresa informativa está vivenciando uma espécie de invasão
em seu espectro de identidade, tendo que compartilhá-la com quem sempre esteve
posicionado como identificado na interação, sem deixar o seu papel de contribuinte
importante na construção do conhecimento coletivo.
A respeito desta construção do conhecimento, espera-se da mídia muito mais do
que apenas acesso eficiente às idéias. De acordo com o professor Walter Bender, do
MediaLab, MIT: “para se ajustar aos desafios da mudança, tanto local quanto global-
mente, há uma necessidade de se expandir o escopo em vez de restringi-lo. Um aspecto
único da mídia eletrônica está sendo explorado: experimentações são possíveis porque
as representações digitais permitem revelar a estrutura interna do conteúdo. Negócios
bem sucedidos decorrem não apenas das representações do domínio do saber, mas
também do conhecimento localizado acerca das pessoas, culturas e normas locais.
Eles objetivam fazer os meios de expressão acessíveis sem diminuir a qualidade ou a
complexidade” (Bender apud Saad, 2003: 11).
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