Lajes Maciças em Concreto Armado
Lajes Maciças em Concreto Armado
Lajes Maciças em Concreto Armado
Dimensionamento de lajes maciças em concreto armado, com definição das cargas e esforços, verificação de flechas e desenvolvimento do
equilíbrio de esforços, além de detalhamento e apresentação da armadura e espessura de concreto no projeto da laje.
PROPÓSITO
Elaborar o modelo de pré-dimensionamento, definindo as cargas e os esforços atuantes no elemento estrutural, bem como verificar as
flechas e realizar o dimensionamento das lajes maciças em concreto armado, é fundamental para o correto detalhamento do projeto da laje
que será enviado para posterior execução.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, certifique-se de que tem acesso a uma calculadora científica e a papel e caneta para resolver os
exercícios. Além disso, baixe a tabela adimensional para o dimensionamento de armadura longitudinal para aço CA 50 e concreto até C50,
pois ela será necessária para acompanhar os cálculos apresentados no módulo 4.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o
Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais
escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
MÓDULO 1
O primeiro passo para obter um projeto executivo de lajes maciças em concreto armado consiste em determinar as dimensões no pré-
dimensionamento e as cargas e os esforços que atuarão na laje durante o processo construtivo e, depois, ao longo de sua vida útil. Antes
disso, porém, é preciso realizar algumas determinações e definições para a laje maciça. É o que você verá a seguir.
Antes de iniciar o dimensionamento de elementos estruturais em concreto armado, o engenheiro precisa buscar informações sobre o local
onde a edificação estará inserida a fim de determinar a classe de agressividade ambiental (CAA) do meio e consequentemente obter a
classe do concreto a ser utilizada no projeto e o cobrimento nominal das armaduras.
ESSAS INFORMAÇÕES PODEM SER RETIRADAS DE TABELAS FORNECIDAS
PELA ABNT NBR 6118:2014.
Classe de agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito Risco de deterioração da
Agressividade
ambiental de projeto estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
Marinha
Industrial
Industrial
Muito
IV Elevado
forte
Respingos de maré
Tabela 1. CAA.
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: ABNT NBR 6118:2014, p. 17.
A classificação geral industrial muito forte se refere a ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes e indústrias químicas.
Definida a CAA da edificação, seguimos para a etapa de determinação da classe do concreto (C), que pode ser obtida na tabela 2. A relação
água-cimento será de grande importância para o engenheiro responsável pela dosagem do concreto. Já o engenheiro estrutural deverá estar
atento à C que precisa ser adotada no projeto estrutural.
A tabela 2 apresenta valores para concreto armado (CA) e concreto protendido (CP) apenas para efeito de comparação, já que estudaremos
apenas o CA.
O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir os requisitos estabelecidos na ABNT NBR 12655.
O tipo CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado; o CP, a componentes e elementos estruturais de
concreto protendido.
ATENÇÃO
Outra informação de grande importância para o engenheiro estrutural é o cobrimento nominal que será adotado no projeto. Esse cobrimento
garante a proteção da armadura pelo concreto. Ele aparece na tabela 3, apenas para concreto armado, com uma variação
Δc
de 10mm.
Viga/pilar 25 30 40 50
Classe de agressividade ambiental
Tipo de estrutura Componente ou elemento I II III IV
Tabela 3. Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para ∆c = 10mm para concreto armado.
Os cobrimentos nominais (
Cnon
) e mínimos estão sempre referidos à superfície da armadura externa; em geral, à face externa do estribo (armadura referente às tensões de
cisalhamento).
Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, revestimentos finais secos tipo carpete e
madeira ou argamassa de revestimento e acabamento, como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e
outros, as exigências da tabela 3 podem ser substituídas por:
cnon ≥ ∅barra
Sendo o
∅barra
referente ao diâmetro da armadura longitudinal e respeitado um cobrimento nominal maior ou igual a 15mm.
Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto,
canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da
classe de agressividade IV.
No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura precisa ter cobrimento nominal maior ou
igual a 45mm.
Primeiramente, é preciso montar o projeto de formas do pavimento, ou seja, definir o posicionamento dos pilares e das vigas da estrutura,
para então determinar as lajes. A imagem adiante apresenta uma planta de formas do primeiro pavimento de uma residência unifamiliar
(casa). Vale lembrar que, como visto anteriormente, os elementos estruturais devem ser posicionados considerando o projeto arquitetônico e
os demais projetos complementares.
É a partir do projeto de forma que determinaremos os vãos das lajes. Os vãos teórico e de cálculo são medidos pelas distâncias entre os
centros dos apoios. Nas lajes em balanço, o comprimento teórico é o comprimento da extremidade livre até o centro do apoio (a laje L1 da
imagem a seguir apresenta um lado em balanço, isto é, sem apoio de vigas).
Entretanto, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, não é necessário adotar valores maiores que:
Em lajes contínuas – o vão livre acrescido de 60% da espessura da laje no painel considerado.
Quando os apoios das lajes puderem ser considerados suficientemente rígidos quanto à translação vertical, o vão efetivo (
lef
) a ser utilizado para as lajes pode ser calculado, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, por:
lef = l0 + a1 + a2
Em que
l0
a1
t1 /2
0, 3 ⋅ h
;e
a2
t2 /2
0, 3 ⋅ h
.
Planta de formas de uma edificação unifamiliar do primeiro pavimento (com medidas em centímetros).
As lajes maciças são definidas como a região entre quatro ou três vigas. A borda da laje sem viga será considerada uma borda livre, conceito
que será visto mais à frente. A imagem (a) adiante ilustra uma laje entre três vigas, e a imagem (b), uma laje entre quatro vigas, ambas
retiradas da planta de formas da imagem anterior. Ainda pode haver aquelas com duas e até três bordas livres – é o caso da laje em
balanço.
(a) Laje entre três vigas e (b) laje entre quatro vigas.
Na classificação quanto à armação, a laje pode ser armada em duas direções (em cruz) ou em uma direção. Para classificar a laje, é preciso
comparar a razão entre o menor (
lx
) e o maior vão (
ly
). Se
ly /lx ≤ 2
A imagem a seguir ilustra a diferença entre lajes armadas em uma e em duas direções. Naquelas armadas em duas direções, as duas áreas
de armaduras (
Asx
Asy
Já as lajes armadas em uma direção, na realidade, também têm armaduras nas duas direções, sendo a armadura principal (
Asx
), na direção do menor vão, calculada para resistir ao momento fletor nessa direção, que é obtido desprezando a existência da outra direção.
Asy
Outro conceito importante é a determinação dos bordos da laje, que podem ser livres, simplesmente apoiados ou engastados. A
representação dessas vinculações pode ser vista a seguir.
SAIBA MAIS
A borda livre é caracterizada pela ausência de apoio e por apresentar deslocamentos verticais e rotação. Nas bordas engastadas, tanto os
deslocamentos quanto as rotações são impedidas. Nas bordas simplesmente apoiadas, são impedidos apenas os deslocamentos verticais.
Lajes que apresentam continuidade são engastadas, sendo o engastamento promovido pela laje adjacente.
A borda da laje será considerada engastada caso a laje vizinha tenha rigidez suficiente para impedir a rotação da borda comum às duas
lajes. Caso isso não ocorra ou se ela não tiver ligação com outra laje, a borda será considerada simplesmente apoiada. Para lajes em
balanço com três bordas livres, a quarta borda deverá ser obrigatoriamente engastada, como mostra a imagem adiante:
Uma diferença significativa entre as espessuras de duas lajes adjacentes pode limitar a consideração de borda engastada somente para a
laje com menor espessura, admitindo-se simplesmente apoiada a laje com maior espessura.
Uma borda da laje pode ficar com uma parte engastada e a outra apoiada, como demonstra a imagem a seguir. Um critério aproximado,
possível para esse caso, é dado por:
ly1 ≤ ly /3
ly /3 ≤ ly1 ≤ 2 ⋅ ly /3
– calculam-se os esforços para as duas situações (borda totalmente apoiada e borda totalmente engastada) e adotam-se os maiores
valores no dimensionamento;
ly1 > 2 ⋅ ly /3
RESUMINDO
Em resumo, as lajes sem continuidade, diretamente apoiadas sobre as vigas ou alvenaria, são supostas simplesmente apoiadas sobre os
apoios. As lajes rebaixadas devem ser consideradas simplesmente apoiadas nos quatro lados. Balanços são supostos obrigatoriamente
engastados. Quando há continuidade de uma laje sobre um apoio, a menor laje é sempre considerada engastada. Uma laje pode estar
engastada em outra, mesmo não havendo continuidade em toda a extensão do apoio comum, desde que, pelo menos em
2/3
Nas situações em que não é claro o modo como o bordo de uma laje se vincula na vizinha, recomenda-se verificar as duas possibilidades
(engastada e simplesmente apoiada) e dimensioná-la com os maiores esforços obtidos em cada situação (momentos negativos para borda
engastada e positivos para bordas simplesmente apoiadas).
A partir desses conceitos, daremos sequência ao pré-dimensionamento e ao cálculo dos esforços em lajes maciças em concreto armado.
O pré-dimensionamento da laje consiste na determinação de sua espessura (altura). A ABNT NBR 6118:2014 não informa a altura inicial a
ser adotada, porém estipula os valores mínimos que podem ser empregados:
8cm para lajes de piso não em balanço;
10cm para lajes em balanço;
10cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30kN;
12cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30kN;
16cm para lajes lisas e 14cm para lajes-cogumelo, fora do capitel.
∅
h = d + + cnon
2
, o diâmetro da barra.
Altura da viga.
Conforme dito anteriormente, como na ABNT NBR 6118:2014 não há recomendação sobre a altura inicial a ser adotada, será utilizada como
base a recomendação da ABNT NBR 6118:1980, na qual as condições de deformações limites para vigas em “T” estariam atendidas quando
o valor da altura útil obedecer à condição:
lx
d ≥
Ψ2 ⋅ Ψ3
Em que
Ψ2
Ψ3
são coeficientes que dependem da vinculação e do tipo de aço, respectivamente. Os casos de vinculação para as lajes isoladas serão
apresentados na imagem a seguir:
Imagem A: Situações de vinculação das lajes isoladas.
A imagem adiante expõe situações de vinculação de lajes isoladas: (a) com uma borda livre e (b) com duas bordas livres, sendo
la
lb
Imagem B: Situações de vinculação de lajes isoladas: (a) com uma borda livre e (b) com duas bordas livres.
Os valores para
Ψ2
Ψ2
Ψ2
das tabelas são para lajes armadas em cruz, ou seja, armadas em duas direções. Esses valores variam em função da vinculação e do
é dado por:
la
λ =
lb
1,00 1,50 1,70 1,70 1,80 1,90 1,90 2,00 2,00 2,20
1,05 1,48 1,67 1,69 1,78 1,87 1,89 1,97 1,99 2,18
1,10 1,46 1,64 1,67 1,76 1,83 1,88 1,94 1,97 2,15
1,15 1,44 1,61 1,66 1,74 1,80 1,87 1,91 1,96 2,13
1,20 1,42 1,58 1,64 1,72 1,76 1,86 1,88 1,94 2,10
1,25 1,40 1,55 1,63 1,70 1,73 1,85 1,85 1,93 2,08
1,30 1,38 1,52 1,61 1,68 1,69 1,84 1,82 1,91 2,05
1,35 1,36 1,49 1,60 1,66 1,66 1,83 1,79 1,90 2,03
1,40 1,34 1,46 1,58 1,64 1,62 1,82 1,76 1,88 2,00
1,45 1,32 1,4 1,57 1,62 1,59 1,81 1,73 1,87 1,98
1,50 1,30 1,40 1,55 1,60 1,55 1,80 1,70 1,85 1,95
1,55 1,28 1,37 1,54 1,58 1,52 1,79 1,67 1,84 1,93
λ Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9
1,60 1,26 1,34 1,52 1,56 1,48 1,78 1,64 1,82 1,90
1,65 1,24 1,31 1,51 1,54 1,45 1,77 1,61 1,81 1,88
1,70 1,22 1,28 1,49 1,52 1,41 1,76 1,58 1,79 1,85
1,75 1,20 1,25 1,48 1,50 1,38 1,75 1,55 1,78 1,83
1,80 1,18 1,22 1,46 1,48 1,34 1,74 1,52 1,76 1,80
1,85 1,16 1,19 1,45 1,46 1,31 1,73 1,49 1,75 1,78
1,90 1,14 1,16 1,43 1,44 1,27 1,72 1,46 1,73 1,75
1,95 1,12 1,13 1,42 1,42 1,24 1,71 1,43 1,72 1,73
2,00 1,10 1,10 1,40 1,40 1,20 1,70 1,40 170& 1,70
Tabela 4. Valores de
Ψ2
Casos
λ
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
1,00 1,00 1,70 1,10 1,70 1,30 1,40 0,50 0,60 0,60 0,70
1,10 1,00 1,70 1,09 1,70 1,30 1,39 0,48 0,59 0,59 0,68
1,20 1,00 1,70 1,08 1,70 1,30 1,38 0,46 0,58 0,58 0,66
1,30 1,00 1,70 1,07 1,70 1,30 1,37 0,44 0,57 0,57 0,64
1,40 1,00 1,70 1,06 1,70 1,30 1,36 0,42 0,56 0,56 0,62
1,50 1,00 1,70 1,05 1,70 1,30 1,35 0,40 0,55 0,55 0,60
1,60 1,00 1,70 1,04 1,70 1,30 1,34 0,38 0,54 0,54 0,58
1,70 1,00 1,70 1,03 1,70 1,30 1,33 0,6& 0,53 0,53 0,56
1,80 1,00 1,70 1,02 1,70 1,30 1,32 0,34 0,52 0,52 0,54
1,90 1,00 1,70 1,01 1,70 1,30 1,31 0,32 0,51 0,51 0,52
2,00 1,00 1,70 1,00 1,70 1,30 1,30 0,30 0,50 0,50 0,50
> 2,00 1,00 1,70 1,00 1,70 1,30 1,20 - 0,50 - 0,50
Tabela 5. Valores de
Ψ2
Ψ2
Contínua 1,2
Em balanço 0,5
Tabela 6. Valores de Ψ2 utilizados no pré-dimensionamento da altura das lajes armadas em uma direção.
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: ABNT NBR 6118:1980, p. 23.
Os valores de
Ψ3
, coeficiente que varia com o tipo de aço utilizado para armação das lajes maciças, são dados na tabela 7.
Tipo de Aço Ψ3
CA25 35
CA32 33
CA40 30
CA50 25
CA60 20
Tabela 7. Valores de
Ψ3
VOCÊ SABIA
Com a identificação do tipo do aço e da classe de agressividade do concreto, conseguimos determinar o cobrimento nominal da laje, a
vinculação desse cobrimento com ela e a geometria da laje. Com essas informações, é possível realizar o seu pré-dimensionamento
calculando a altura da laje.
DETERMINAÇÃO DAS CARGAS E DOS ESFORÇOS EM LAJES ISOLADAS
As cargas que são aplicadas na laje, em sua grande maioria, são ações normais ao seu plano. Separamos essas cargas em: ações
provenientes do peso da própria laje e do seu revestimento e ações acidentais de utilização da laje.
Ppr
Ppr = γc ⋅ h
Em que
γc
O peso próprio dos revestimentos é calculado de forma análoga ao peso próprio da laje. Lembre-se de que devem ser considerados os
seguintes aspectos: os revestimentos com argamassa sobre e sob (se for o caso) da laje; o revestimento do piso; e se vai ser colocado
algum forro preso na parte de baixo da laje.
Em seguida, deve-se considerar a utilização de cada pavimento e de cada laje da edificação para, assim, determinar a carga acidental que
atuará na estrutura por meio das informações fornecidas pela ABNT NBR 6120:2019.
A casa será construída na região litorânea do Rio de Janeiro. No projeto arquitetônico, consta que será utilizado piso do tipo granito em todos
os cômodos e que todas as paredes e as estruturas serão revestidas com argamassa e pintura.
Observe o esquema de revestimentos que será adotado nas lajes para o cálculo do peso próprio: espessura da argamassa de contrapiso (
hcp
htl
hpg
) igual a 2,0cm. A alvenaria de vedação será realizada com blocos cerâmicos vazados com 11,5cm de espessura e um revestimento de 2cm
por face.
Apoio em
V1
V2
Planta de forma do exemplo de aplicação prática (dimensões em centímetros).
Esquema considerado pelo engenheiro para o cálculo do peso próprio dos revestimentos nas lajes.
I. Para determinar a classe do concreto e o cobrimento nominal, primeiramente é necessário determinar a classe de agressividade à qual a
edificação está submetida (tabela 1 reproduzida a seguir). Como a edificação ficará em região litorânea, ela é classificada como CAA III –
Marinha, com grande risco de deterioração da estrutura. Contudo, como são ambientes internos e a estrutura será revestida com argamassa
e pintada, a ABNT NBR 6118:2014 permite utilizar a classe de agressividade um grau acima, ou seja, para a situação do exemplo será
adotada a CAA II – Moderada, com risco pequeno de deterioração da estrutura.
Classe de agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito Risco de deterioração da
Agressividade
ambiental de projeto estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
Marinha
Industrial
Industrial
Muito
IV Elevado
forte
Respingos de maré
Estabelecida a CAA da edificação, definiremos a classe do concreto e o cobrimento nominal utilizando as tabelas 2 e 3 (também
reproduzidas a seguir).
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: ABNT NBR 6118:2014, p. 18.
Laje 20 25 35 45
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: ABNT NBR 6118:2014, p. 20.
Desse modo, no projeto, será considerado concreto com resistência à compressão de 25MPa e cobrimento nominal da laje de 2,5cm.
II. Antes da determinação da vinculação, calcularemos o comprimento dos vãos de cada uma das lajes, considerando até o eixo dos apoios.
Sendo assim:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A laje L1 apresenta borda livre na extremidade frontal, bordas simplesmente apoiadas na lateral e engastadas nas lajes L2, L3 e L4. Ou seja,
a L1 será do caso 12, com
lb
igual a 10,30m e
la
A laje L2 será simplesmente apoiada nas vigas de extremidade nas lajes 1 e 3. A L2 não será engastada na L1 devido à diferença de rigidez
entre as lajes, pois o comprimento da L2 na direção do engastamento na L1 é muito superior:
6, 34m ≫ 2, 07m
3, 34
= 72% < 80%
4, 64
2, 07
= 32, 6%
6, 34
A L4 será apoiada em todos os seus apoios de vigas externas e em suas continuidades com outras lajes. A diferença entre o comprimento
dos vãos da L3 e da L4 é menor que 70%; por isso, L4 não será engastada nessa laje. O cálculo está demonstrado a seguir:
3, 34
= 56, 2%
5, 94
lx
d ≥
Ψ2 . Ψ3
∅
h = d + + cnon
2
Como o aço utilizado será o CA50 em todas as lajes, pela tabela 7 (reproduzida a seguir) temos que
Ψ3
Tipo de aço Ψ3
CA25 35
CA32 33
CA40 30
CA50 25
CA60 20
Ψ2
será obtido pelas tabelas 4 e 5 (reproduzidas a seguir). Para tanto, será necessário calcular o
L1:
ly 10, 30
λ = = ∼ 5
lx 2, 07
Ψ2 = 0, 50
207
d ≥ = 16, 56cm
0, 5.25
1
h1 = 16, 56 + + 2, 5 = 19, 56cm
2
L2:
ly 6, 34
λ = = ∼ 1, 35 → Ψ2 = 1, 60
lx 4, 64
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
1,00 1,50 1,70 1,70 1,80 1,90 1,90 2,00 2,00 2,20
1,05 1,48 1,67 1,69 1,78 1,87 1,89 1,97 1,99 2,18
1,10 1,46 1,64 1,67 1,76 1,83 1,88 1,94 1,97 2,15
1,15 1,44 1,61 1,66 1,74 1,80 1,87 1,91 1,96 2,13
1,00 1,50 1,70 1,70 1,80 1,90 1,90 2,00 2,00 2,20
1,05 1,48 1,67 1,69 1,78 1,87 1,89 1,97 1,99 2,18
1,10 1,46 1,64 1,67 1,76 1,83 1,88 1,94 1,97 2,15
1,15 1,44 1,61 1,66 1,74 1,80 1,87 1,91 1,96 2,13
1,20 1,42 1,58 1,64 1,72 1,76 1,86 1,88 1,94 2,10
1,25 1,40 1,55 1,63 1,70 1,73 1,85 1,85 1,93 2,08
1,30 1,38 1,52 1,61 1,68 1,69 1,84 1,82 1,91 2,05
1,35 1,36 1,49 1,60 1,66 1,66 1,83 1,79 1,90 2,03
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 339.
464
d ≥ = 13, 65cm
1, 36.25
1
h2 = 13, 65 + + 2, 5 = 16, 65cm
2
ly 6, 34
λ = = ∼ 1, 90 → Ψ2 = 1, 72
lx 3, 34
1,85 1,16 1,19 1,45 1,46 1,31 1,73 1,49 1,75 1,78
1,90 1,14 1,16 1,43 1,44 1,27 1,72 1,46 1,73 1,75
1,95 1,12 1,13 1,42 1,42 1,24 1,71 1,43 1,72 1,73
2,00 1,10 1,10 1,40 1,40 1,20 1,70 1,40 1,70 1,70
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 339.
334
d ≥ = 7, 77cm
1, 72.25
1
h3 = 7, 77 + + 2, 5 = 10, 77cm
2
L4:
ly 6, 34
λ = = ∼ 1, 07 → Ψ2 = 1, 47
lx 5, 94
1,00 1,50 1,70 1,70 1,80 1,90 1,90 2,00 2,00 2,20
1,05 1,48 1,67 1,69 1,78 1,87 1,89 1,97 1,99 2,18
1,10 1,46 1,64 1,67 1,76 1,83 1,88 1,94 1,97 2,15
1,15 1,44 1,61 1,66 1,74 1,80 1,87 1,91 1,96 2,13
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 339.
594
d ≥ = 16, 16cm
1, 47.25
1
h4 = 16, 16 + + 2, 5 = 19, 16cm
2
Como L1 é engastada nas demais lajes, L2, L3 e L4 não podem ter altura menor do que ela. Caso o engenheiro calculista queira diminuir a
espessura das lajes, ele deverá diminuir os vãos, inserindo uma quantidade maior de vigas no projeto de formas.
IV. Para o cálculo das ações atuantes em cada laje isolada, serão utilizados os seguintes pesos específicos:
3
γc = 25, 0kN/m
(ABNT NBR 6118:2014, p. 9).
3
γgra = 28, 5kN/m
3
γarg = 19, 0kN/m
gP pl = γc ⋅ hlaje
2
gP pl = 25 ⋅ 0, 2kN /m
2
gP pl = 5, 0kN /m
gP pr = 19 ⋅ 0, 03 + 28, 5 ⋅ 0, 02 + 19 ⋅ 0, 025
2
gP pr = 1, 62kN/m
Já a ação permanente devido ao peso próprio da alvenaria (valor obtido diretamente da ABNT NBR 6120:2019, p. 11) é a seguinte:
2
galv = 1, 7kN /m
glaje
glaje = 5, 0 + 1, 62 + 1, 7
2
glaje = 8, 32kN/m
A ação variável devido à utilização da laje, obtida na ABNT NBR 6118:2019 (p. 20 e p. 17, respectivamente), é dada por:
2
qlaje2,3,4 = 1, 5kN /m
Varanda (L1)
2
qlaje1 = 2, 5kN /m
As cargas determinadas acima são cargas características; para serem utilizadas no dimensionamento da laje, elas precisam ser
multiplicadas pelo fator de majoração.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Flecha (
) é a deformação transversal de uma barra reta ou placa quando submetida a carregamentos perpendiculares ao seu eixo. Veja a seguir:
Representação em viga de carregamento da laje; (b) Estrutura deformada.
A flecha total
(ftotal ,∞ )
(fimediata )
, que é a parcela da flecha que ocorre quando a estrutura está em carga. Essa flecha pode ser calculada pela equação da flecha elástica
(felá stica )
(fdiferida )
A flecha limite (
flimite
) é determinada pela ABNT NBR 6118:2014 e limita a flecha máxima para evitar o efeito visual desagradável de deformação da estrutura.
Sendo assim, a norma exige que:
ftotal ,∞ ≤ flimite
Nos itens a seguir, apresentaremos o roteiro de cálculo para a verificação da flecha e um exemplo de aplicação.
O primeiro cálculo a ser realizado para a verificação de flechas em lajes maciças refere-se à determinação do carregamento atuante no ELS-
Def, que considera a combinação de carga quase permanente (
pqp
Sendo
Fd,ser
Fgi,k
Fqj,k
ψ2
Após determinar o valor do carregamento quase permanente pela equação acima, calcula-se o valor da flecha elástica. Nesse cálculo, o
efeito da fissuração do concreto não é considerado. Utiliza-se a seguinte equação:
4
pqp ⋅ lx α
felá stica = ⋅
3
E ⋅ h 100
Sendo
α
o coeficiente que depende de
O módulo de elasticidade utilizado nas verificações dos estados limites de serviço, situação das verificações das flechas, é o módulo de
elasticidade secante (
Ecs
1,00 4,67 3,20 3,20 2,42 2,21 2,21 1,81 1,81 1,46
1,05 5,17 3,61 3,42 2,67 2,55 2,31 2,04 1,92 1,60
1,10 5,64 4,04 3,63 2,91 2,92 2,41 2,27 2,04 1,74
1,15 6,09 4,47 3,92 3,12 3,29 2,48 2,49 2,14 1,87
1,20 6,52 4,91 4,02 3,34 3,67 2,56 2,72 2,24 1,98
1,25 6,95 5,34 4,18 3,55 4,07 2,63 2,95 2,33 2,10
1,30 7,36 5,77 4,35 3,73 4,48 2,69 3,16 2,42 2,20
1,35 7,76 6,21 4,50 3,92 4,92 2,72 3,36 2,48 2,30
1,40 8,14 6,62 4,65 4,08 5,31 2,75 3,56 2,56 2,37
1,45 8,51 7,02 4,78 4,23 5,73 2,80 3,73 2,62 2,45
1,50 8,87 7,41 4,92 4,38 6,14 2,84 3,91 2,68 2,51
1,55 9,22 7,81 5,00 4,53 6,54 2,86 4,07 2,53 2,57
λ Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9
1,60 9,54 8,17 5,09 4,65 6,93 2,87 4,22 2,87 2,63
1,65 9,86 8,52 5,13 4,77 7,33 2,87 4,37 2,78 2,68
1,70 10,15 8,87 5,17 4,88 7,70 2,88 4,51 2,79 2,72
1,75 10,43 9,19 5,26 4,97 8,06 2,88 4,63 2,81 2,76
1,80 10,71 9,52 5,36 5,07 8,43 2,89 4,75 2,83 2,80
1,85 10,96 9,82 5,43 5,16 8,77 2,89 4,87 2,85 2,83
1,90 11,21 10,11 5,50 5,23 9,08 2,90 4,98 2,87 2,85
1,95 11,44 10,39 5,58 5,31 9,41 2,90 5,08 2,89 2,88
2,00 11,68 10,68 5,66 5,39 9,72 2,91 5,19 2,91 2,91
Tabela 8. Coeficientes α para o cálculo de flechas elásticas em lajes retangulares submetidas a carregamento uniformemente distribuído.
Tabela: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 332.
Ic
fimediata = felá stica ⋅
Ie
Em que
Ic
Ie
VOCÊ SABIA
Segundo a ABNT NBR 6118:2014, os efeitos de fissuração e deformação lenta devem ser obrigatoriamente considerados no cálculo da
flecha. A deformação lenta é obtida por meio da flecha diferida que leva em conta os efeitos da fluência.
fdiferida = αf ⋅ fimediata
Sendo:
ξ(t) − ξ (t0 )
αf =
′
1 + 50. ρ
Em que:
t 0,32
ξ(t) = 0, 68 ⋅ (0, 996 ) ⋅ t
t0
é a idade do concreto ao entrar em carga (meses), momento em que se retira o escoramento do elemento concretado – geralmente aos 28
dias, ou seja, um mês. Já
é o tempo (em meses) para calcular a flecha. Estudos mostram que, a partir de 70 meses, não há mais variação significativa da fluência. Por
sua vez,
′
ρ
ξ(t)
Meses 1 3 6 12 ≥70
Tabela 9. Valores de
ξ(t)
.
Tabela: Larissa Camporez Araújo.
Após o cálculo da flecha total pela soma entre a flecha imediata e a diferida, compara-se esse valor com a flecha limite estabelecida pela
ABNT NBR 6118:2014. A flecha limite é calculada pela equação:
lx
flimite =
250
l
flimite =
125
A partir do projeto arquitetônico e dos demais projetos complementares do pavimento térreo de uma edificação, um engenheiro estrutural
obteve o projeto de formas em que também está indicada a utilização de cada laje. No projeto estrutural, será adotado o aço CA50
previamente com 10mm de diâmetro para as armações das lajes. Deverá ser considerada carga de alvenaria em todas as lajes, exceto na
L1. A casa será construída na região litorânea do Rio de Janeiro. No projeto arquitetônico, consta que será utilizado piso do tipo granito em
todos os cômodos e que todas as paredes e as estruturas serão revestidas com argamassa e pintura.
A imagem adiante apresenta o esquema de revestimentos que será adotado nas lajes para o cálculo do peso próprio: espessura da
argamassa de contrapiso (
hcp
htl
hpg
) igual a 2,0cm. A alvenaria de vedação será realizada com blocos cerâmicos vazados com 11,5cm de espessura e revestimento de 2cm por
face.
Com base nessas informações e no resumo dos cálculos já realizados, verifique as lajes da edificação quanto às flechas.
Esquema considerado pelo engenheiro para o cálculo do peso próprio dos revestimentos nas lajes.
Serão considerados no projeto concreto com resistência à compressão de 25MPa e cobrimento nominal da laje de 2,5cm.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Valores de
Valores de
L1 L2 L3 L4
L1 L2 L3 L4
Cargas atuantes
glaje
) a ser considerada no projeto estrutural para as lajes 2,3 e 4:
glaje = gP pl + gP pr + galv
glaje = 5, 0 + 1, 62 + 1, 7
2
glaje = 8, 32kN /m
glaje
glaje = gP pl + gP pr
glaje = 5, 0 + 1, 62
2
glaje = 6, 62kN/m
qlaje
2
qlaje2,3,4 = 1, 5kN /m
Varanda (L1)
2
qlaje1 = 2, 5kN /m
L2, L3 E L4
2
pqp2,3,4 = 8, 32 + 0, 3.1, 5 = 8, 77kN /m
L1
2
pqp1 = 6, 62 + 0, 3.2, 5 = 7, 37kN /m
2
Ecs = 4760√25 = 23800MPa = 23800000kN. m
L1
Para a laje 1, calcula-se a flecha apenas na direção do balanço. O elemento é considerado como uma viga engastada com extremidade livre:
A equação para o cálculo da flecha (dada pela hiperestática e pela resistência dos materiais) é:
4 4
pqp ⋅ ly ⋅ lx 7, 37 ⋅ 10, 3 ⋅ (2, 07)
felastica 1 = = 2
= 0, 011m = 1, 1cm
8 ⋅ E ⋅ I 1.0,20
8 ⋅ 23800000 ⋅ ( )
12
L2, L3 E L4
4
pqp ⋅ lx α
felá stica = ⋅
3
E ⋅ h 100
α2 = 7, 76; α3 = 2, 90; α4 = 5, 36
1,00 4,67 3,20 3,20 2,42 2,21 2,21 1,81 1,81 1,46
1,05 5,17 3,61 3,42 2,67 2,55 2,31 2,04 1,92 1,60
1,10 5,64 4,04 3,63 2,91 2,92 2,41 2,27 2,04 1,74
1,15 6,09 4,47 3,92 3,12 3,29 2,48 2,49 2,14 1,87
λ Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9
1,20 6,52 4,91 4,02 3,34 3,67 2,56 2,72 2,24 1,98
1,25 6,95 5,34 4,18 3,55 4,07 2,63 2,95 2,33 2,10
1,30 7,36 5,77 4,35 3,73 4,48 2,69 3,16 2,42 2,20
1,35 7,76 6,21 4,50 3,92 4,92 2,72 3,36 2,48 2,30
1,40 8,14 6,62 4,65 4,08 5,31 2,75 3,56 2,56 2,37
1,45 8,51 7,02 4,78 4,23 5,73 2,80 3,73 2,62 2,45
1,50 8,87 7,41 4,92 4,38 6,14 2,84 3,91 2,68 2,51
1,55 9,22 7,81 5,00 4,53 6,54 2,86 4,07 2,53 2,57
1,60 9,54 8,17 5,09 4,65 6,93 2,87 4,22 2,87 2,63
1,65 9,86 8,52 5,13 4,77 7,33 2,87 4,37 2,78 2,68
1,70 10,15 8,87 5,17 4,88 7,70 2,88 4,51 2,79 2,72
1,75 10,43 9,19 5,26 4,97 8,06 2,88 4,63 2,81 2,76
1,80 10,71 9,52 5,36 5,07 8,43 2,89 4,75 2,83 2,80
1,85 10,96 9,82 5,43 5,16 8,77 2,89 4,87 2,85 2,83
1,90 11,21 10,11 5,50 5,23 9,08 2,90 4,98 2,87 2,85
1,95 11,44 10,39 5,58 5,31 9,41 2,90 5,08 2,89 2,88
2,00 11,68 10,68 5,66 5,39 9,72 2,91 5,19 2,91 2,91
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 332.
Logo:
4
8, 77 ⋅ (4, 64) 7, 76
felá stica 2 = ⋅ = 0, 0017m = 0, 17cm
3
23800000 ⋅ 0, 2 100
4
8, 77 ⋅ (3, 34) 2, 90
felá stica 3 = ⋅ = 0, 00017m = 0, 02cm
3
23800000 ⋅ 0, 2 100
4
8, 77 ⋅ (5, 94) 5, 36
felá stica 4 = ⋅ = 0, 0031m = 0, 31cm
3
23800000 ⋅ 0, 2 100
No cálculo da flecha diferida, consideramos que a retirada do escoramento da laje ocorrerá com 28 dias.
Meses 1 3 6 12 ≥70
2, 00 − 0, 68
αf = = 1, 32
1
fdiferida = αf ⋅ fimediata
Sendo assim:
fdiferida 1 = 1, 32.1, 1 = 1, 45cm
E, assim, temos:
ftotal ,∞1 = 1, 1 + 1, 45 = 2, 55cm
L1
207
flimite 1 = = 1, 66cm
125
L2, L3 E L4
464
flimite 2 = = 1, 86cm
250
334
flimite 3 = = 1, 34cm
250
594
flimite 4 = = 2, 38cm
250
LAJE 1
2, 55 ≤ 1, 66 → N ã o OK!
Como a flecha total foi maior que a flecha limite admitida, a laje 1 sofrerá deformação maior que a limitada pela norma. Várias soluções
podem ser apresentadas, desde processos construtivos até alterações no projeto.
No último caso, umas das soluções possíveis é alterar o projeto de formas, estendendo a V4 ou a V5 até a extremidade livre. Essa solução
dividirá a L1 em duas, diminuindo o maior vão da laje e consequentemente o carregamento. Com essas alterações, teremos uma redução da
flecha para as duas novas lajes.
LAJE 2
0, 4 ≤ 1, 86 → OK!
LAJE 3
0, 05 ≤ 1, 34 → OK!
LAJE 4
0, 7 ≤ 2, 38 → OK!
Nas lajes L2, L3 e L4, observa-se que as flechas foram bem menores que as limites, sendo possível, dessa maneira, diminuir a altura delas.
Vale lembrar que, para executar diminuição de altura, é necessário que a L1 também se comporte de forma desejável com a mesma
espessura das demais lajes. Partiremos do princípio de que a L1 foi dividida em duas lajes e que essas novas lajes estarão de acordo com a
nova espessura que será calculada.
Vamos igualar a maior das flechas das lajes (flecha da laje L4) com a flecha limite correspondente (em metros) e, com isso, teremos uma
nova altura. Como a flecha é imediata, deve ser multiplicada por 1,32 devido ao efeito da fluência. Assim, teremos:
4
8, 77 ⋅ (5, 94) 5, 36
felastica 4 = ⋅ ⋅ 1, 32 = 0, 0238
3
23800000 ⋅ h 100
77247, 33
3
h = → h = 11, 1cm
56644000
Adotaremos
h = 12cm
e, com isso:
d = 12 − 0, 5.1 − 2, 5 = 9cm
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Apesar das diferenças nas considerações, são utilizados nos dois métodos conceitos de ruptura da seção transversal no cálculo e
detalhamento da armadura, além dos conceitos de método elástico na verificação do comportamento da estrutura em serviço.
A equação diferencial fundamental de placas delgadas (lajes) submetidas a uma carga atuante em um ponto genérico da placa
p(x, y)
é dada por:
4 4 4
∂ w ∂ w ∂ w p
+ 2 ⋅ + = −
4 2 2 4
∂x ∂x ∂y ∂y D
sendo
o deslocamento vertical e
3
E ⋅ h
D =
2
12 ⋅ (1 − v )
Em que
é o coeficiente de Poisson.
SAIBA MAIS
Devido à complexidade presente nos cálculos, adotaremos aqui, entre as diversas formas possíveis para determinar os esforços e os
deslocamentos (diferenças finitas, elementos finitos, grelha equivalente ou utilização de séries), a metodologia de séries por meio da
utilização de tabelas. Tais tabelas permitem que os deslocamentos máximos (flechas) e os momentos fletores máximos sejam calculados de
forma mais fácil.
Nas próximas seções, você verá como são determinados os momentos fletores máximos das lajes e como é realizada a compatibilização
dos momentos e o dimensionamento das lajes.
E
y
′
m
lx
μx
μy
para o cálculo dos momentos positivos por unidade de comprimento nas direções
mx
my
, respectivamente) e os coeficientes
′
μx
′
μy
para o cálculo dos momentos negativos por unidade de comprimento nas direções
y
(
′
mx
′
my
, respectivamente).
2
p ⋅ lx
mx = μ x ⋅
100
2
p ⋅ lx
my = μ y ⋅
100
2
p ⋅ lx
′ ′
mx = μx ⋅
100
2
p. lx
′ ′
my = μy ⋅
100
ATENÇÃO
Da isostática e da hiperestática, o momento positivo ocorre no vão da viga em questão. Já o negativo se dá no engaste. Nos apoios
simplesmente apoiados, o momento é zero.
Para melhor visualização da consideração realizada em cada caso de vinculação de lajes, a figura a seguir ilustra a condição de vinculação
considerada em cada direção para o cálculo dos momentos por unidade de área.
μx
μy
,
′
μx
′
μy
Situações de vinculação das lajes isoladas com a representação com apoios em forma de vigas.
μx
μy
′
μx
′
μy
para o cálculo dos momentos máximos em lajes retangulares uniformemente carregadas (casos 1, 2 e 3).
Tabela: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 333.
Caso 4 Caso 5 Caso 6
λ
′ ′ ′ ′
μx μx μy μy μx μy μy μx μx μy
1,00 2,81 6,99 2,81 6,99 2,15 3,17 6,99 3,17 6,99 2,15
1,05 3,05 7,43 2,81 7,18 2,47 3,32 7,43 3,29 7,20 2,07
1,10 3,30 7,87 2,81 7,36 2,78 3,47 7,87 3,42 7,41 1,99
1,15 3,53 8,28 2,80 7,50 3,08 3,58 8,26 3,52 7,56 1,89
1,20 3,76 8,69 2,79 7,63 3,38 3,70 8,65 3,63 7,70 1,80
1,25 3,96 9,03 2,74 7,72 3,79 3,80 9,03 3,71 7,82 1,74
1,30 4,16 9,37 2,69 7,81 4,15 3,90 9,33 3,79 7,93 1,67
1,35 4,33 9,65 2,65 7,88 4,50 3,96 9,69 3,84 8,02 1,59
1,40 4,51 9,93 2,60 7,94 4,85 4,03 10,00 3,90 8,11 1,52
1,45 4,66 10,41 2,54 8,00 5,19 4,09 10,25 3,94 8,13 1,45
1,50 4,81 10,62 2,47 8,06 5,53 4,14 10,49 3,99 8,15 1,38
1,55 4,93 10,82 2,39 8,09 5,86 4,16 10,70 4,03 8,20 1,34
1,60 5,06 10,99 2,31 8,12 6,18 4,17 10,91 4,06 8,25 1,28
1,65 5,16 11,16 2,24 8,14 6,48 4,14 11,08 4,09 8,28 1,23
1,70 5,27 11,30 2,16 8,15 6,81 4,12 11,24 4,12 8,30 1,18
1,75 5,36 11,43 2,11 8,16 7,11 4,12 11,39 4,14 8,31 1,15
1,80 5,45 11,55 2,04 8,17 7,41 4,10 11,43 4,15 8,32 1,11
1,85 5,53 11,57 1,99 8,17 7,68 4,08 11,65 4,16 8,33 1,08
1,90 5,60 11,67 1,93 8,18 7,95 4,04 11,77 4,17 8,33 1,04
1,95 5,67 11,78 1,91 8,19 8,21 3,99 11,83 4,17 8,33 1,01
Caso 4 Caso 5 Caso 6
λ
′ ′ ′ ′
μx μx μy μy μx μy μy μx μx μy
2,00 5,74 11,89 1,88 8,20 8,47 3,92 11,88 4,18 8,33 0,97
∞ 7,06 12,50 1,95 8,20 12,58 4,13 11,88 4,18 8,33 0,97
μx
μy
′
μx
′
μy
para o cálculo dos momentos máximos em lajes retangulares uniformemente carregadas (casos 4, 5 e 6).
Tabela: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 334.
1,00 2,13 5,46 2,60 6,17 2,60 6,17 2,13 5,46 2,11 5,15 2,11 5,15
1,05 2,38 5,98 2,66 6,46 2,78 6,47 2,09 5,56 2,31 5,50 2,10 5,29
1,10 2,63 6,50 2,71 6,75 2,95 6,76 2,04 5,65 2,50 5,85 2,09 5,43
1,15 2,87 7,11 2,75 6,97 3,09 6,99 1,98 5,70 2,73 6,14 2,06 5,51
1,20 3,11 7,72 2,78 7,19 3,23 7,22 1,92 5,75 2,94 6,43 2,02 5,59
1,25 3,43 8,81 2,79 7,36 3,34 7,40 1,85 5,75 3,04 6,67 1,97 5,64
1,30 3,56 8,59 2,77 7,51 3,46 7,57 1,78 5,76 3,13 6,90 1,91 5,68
1,35 3,76 8,74 2,74 7,63 3,55 7,70 1,72 5,75 3,25 7,09 1,86 5,69
1,40 3,96 8,88 2,71 7,74 3,64 7,82 1,64 5,74 3,38 7,28 1,81 5,70
1,45 4,15 9,16 2,67 7,83 3,71 7,91 1,59 5,73 3,48 7,43 1,73 5,71
Caso 7 Caso 8 Caso 9
λ
′ ′ ′ ′ ′ ′
μx μx μy μy μx μx μy μy μx μx μy μy
1,50 4,32 9,44 2,63 7,91 3,78 8,00 1,53 5,72 3,58 7,57 1,66 5,72
1,55 4,48 9,68 2,60 7,98 3,84 8,07 1,47 5,69 3,66 7,68 1,60 5,72
1,60 4,63 9,91 2,55 8,02 3,89 8,14 1,42 5,66 3,73 7,79 1,54 5,72
1,65 4,78 10,13 2,50 8,03 3,94 8,20 1,37 5,62 3,80 7,88 1,47 5,72
1,70 4,92 10,34 2,45 8,10 3,98 8,25 1,32 5,58 3,86 7,97 1,40 5,72
1,75 5,04 10,53 2,39 8,13 4,01 8,30 1,27 5,56 3,91 8,05 1,36 5,72
1,80 5,17 10,71 2,32 8,17 4,04 8,34 1,20 5,54 3,95 8,12 1,32 5,72
1,85 5,26 10,88 2,27 8,16 4,07 8,38 1,17 5,55 3,98 8,18 1,26 5,72
1,90 5,36 11,04 2,22 8,14 4,10 8,42 1,14 5,56 4,01 8,24 1,21 5,72
1,95 5,45 11,20 2,14 8,13 4,11 8,45 1,11 5,60 4,04 8,29 1,19 5,72
2,00 5,55 11,35 2,07 8,12 4,13 8,47 1,08 5,64 4,07 8,33 1,16 5,72
∞ 7,07 12,50 2,05 8,12 4,18 8,33 1,09 5,64 4,19 8,33 1,17 5,72
μx
μy
′
μx
′
μy
para o cálculo dos momentos máximos em lajes retangulares uniformemente carregadas (casos 7, 8 e 9).
Tabela: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 335.
Para exemplificar a diferença nos momentos calculados, vamos voltar ao exemplo utilizado nos módulos anteriores e considerar o corte e a
estrutura apresentados na imagem a seguir.
Valores de
L2 L3 L4
L2 L3 L4
h = 12cm
gP pl = γc ⋅ hlaje
gP pl = γc ⋅ hlaje
2
gP pl = 3, 0kN/m
Logo:
2
glaje = 6, 32kN/m
2
qlaje = 1, 5kN/m
2
p = glaje + qlaje = 6, 32 + 1, 5 = 7, 82kN/m
Os valores de
μx
μy
′
μx
′
μy
Para as lajes 2 e 4, será utilizada a tabela 10, que tem um trecho reproduzido a seguir:
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 333.
Logo:
Para a L2:
μx = 6, 93
2 2
p ⋅ lx 7, 82 ⋅ 4, 64
mx = μ x ⋅ = 6, 93 ⋅ = 11, 67kN ⋅ m/m
100 100
Para a L4:
μx = 4, 95
2 2
p ⋅ lx 7, 82 ⋅ 5, 94
mx = μ x ⋅ = 4, 95 ⋅ = 13, 66kN ⋅ m/m
100 100
Para a laje 3, será utilizada a tabela 11, que tem um trecho reproduzido adiante:
1,80 5,45 11,55 2,04 8,17 7,41 4,10 11,43 4,15 8,32 1,11
1,85 5,53 11,57 1,99 8,17 7,68 4,08 11,65 4,16 8,33 1,08
1,90 5,60 11,67 1,93 8,18 7,95 4,04 11,77 4,17 8,33 1,04
1,95 5,67 11,78 1,91 8,19 8,21 3,99 11,83 4,17 8,33 1,01
2,00 5,74 11,89 1,88 8,20 8,47 3,92 11,88 4,18 8,33 0,97
∞ 5,74 11,89 1,88 8,20 8,47 3,92 11,88 4,18 8,33 0,97
∞ 7,06 12,50 1,95 8,20 12,58 4,13 11,88 4,18 8,33 0,97
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014, p. 334.
Para a L3:
μx = 4, 17
2 2
p ⋅ lx 7, 82 ⋅ 3, 34
mx = μ x ⋅ = 4, 17 ⋅ = 3, 64kN ⋅ m/m
100 100
′
μx = 8, 33
2 2
p. lx 7, 82 ⋅ 3, 34
′ ′
mx = μx ⋅ = 8, 33. = 7, 27kN ⋅ m/m
100 100
De forma esquemática, o diagrama de momentos fletores para os valores calculados acima está ilustrado a seguir.
Devido à divergência de valores dos momentos no apoio das vigas V4 e V5, será necessária a realização da compatibilização dos
momentos. Na compatibilização dos momentos negativos, o critério usual consiste em adotar o maior valor entre a média dos dois momentos
e 80% do maior. Esse critério apresenta razoável aproximação quando os dois momentos são da mesma ordem de grandeza.
0 + 7, 27
= 3, 64kN ⋅ m/m
2
Dessa forma, será adotado sobre a V4 o momento negativo de 5,82kN.m/m. Em decorrência da compatibilização dos momentos negativos,
os momentos positivos na mesma direção devem ser analisados.
Caso contrário, se houver acréscimo no valor do momento positivo, a correção deverá ser feita somando-se ao valor desse momento fletor a
média das variações ocorridas nos momentos fletores negativos sobre os respectivos apoios, como no caso da laje L3.
7, 27 − 5, 82
3, 64 + = 4, 37kN ⋅ m/m
2
Com a compatibilização dos momentos, o diagrama ficará conforme ilustra a imagem adiante. É com esses valores de momento que será
realizado o dimensionamento na próxima seção.
O cálculo da armadura longitudinal das lajes nas direções x e y é feito como nas vigas. Em lajes, deve-se lembrar que a largura da seção é
tomada como uma faixa unitária (usualmente equivalente a um metro); por isso, a armadura encontrada deve ser distribuída ao longo da
largura.
Já no dimensionamento quanto à armadura de cisalhamento, o comportamento das lajes em relação ao esforço cortante difere
substancialmente do apresentado pelas vigas. As lajes costumam apresentar resistência a esse esforço, fazendo com que apenas o
concreto seja capaz de resistir a ele.
VOCÊ SABIA
A ABNT NBR 6118:2014 faz algumas recomendações quanto à não utilização da armadura transversal para resistir aos esforços de tração
devido à força cortante. Para prescindir dessa armadura, é necessário que os requisitos de ancoragem sejam satisfeitos e que a força
solicitante de cálculo (Vsd) seja menor ou igual à resistência de projeto ao cisalhamento (VRd1).
Em que:
fctk fctm fctm
τRd = 0, 25 ⋅ fctd = 0, 25 ⋅ = 0, 25 ⋅ 0, 7 ⋅ = 0, 175 ⋅
γc γc γc
κ = 1
κ = (1, 6 − d) ≥ 1
com
E:
As1
ρ1 = ≤ 0, 02
b. d
Em que
As1
d − lb,nec
lb,nec
A verificação da compressão diagonal do concreto (bielas comprimidas) em elementos sem armadura cisalhante é feita comparando-se a
força cortante solicitante de cálculo (
Vsd
VRd2
Em que:
αv1 = (0, 7 − fck /200) ≤ 0, 5; fck em MPa
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
Veremos como são definidos os espaçamentos das barras, as armaduras longitudinais máximas e mínimas, as armaduras principal e
secundária de flexão, o espaçamento e o diâmetro máximo das armaduras, as quantidades e os comprimentos mínimos de armaduras em
bordas livres e aberturas, a armadura de tração sobre apoios e a armadura nos cantos de lajes retangulares, oferecendo ainda um exemplo
de cálculo e apresentação em projeto.
2
As [cm /m]
, determina-se o espaçamento (
2
Asϕ (cm )
. Logo, a quantidade (
As
n =
Asϕ
), elas têm outros mecanismos resistentes; por isso, os valores mínimos das armaduras positivas são reduzidos em relação aos elementos
lineares (como as vigas).
ARMADURAS MÍNIMAS
Elas têm por finalidade melhorar o desempenho e a ductilidade à flexão e à punção, além de controlar a fissuração. Devem ser constituídas
por barras com alta aderência
(ηb ≥ 1, 5)
ρs ≥ ρmin
ρs ≥ 0, 67 ⋅ ρmin
ρs ≥ ρmin
Em que
ρs
As
ρs =
b ⋅ h
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Se
As
será igual a um metro. Por ora, utilizaremos a tabela da norma referente à taxa de armadura em função da classe do concreto para seções
retangulares (adaptada na tabela 13). Para utilizar os valores dessa tabela, é necessário que tenham sido adotados no dimensionamento
aço CA50,
γc = 1, 4
γs = 1, 15
Valores de
ρmim
Forma da seção
[%]
Tabela 13. Taxas mínimas de armaduras de flexão em vigas em função da classe do concreto.
Tabela: Larissa Camporez Araújo. Adaptada de: ABNT NBR 6118:2014, p. 130.
ARMADURAS MÁXIMAS
A soma das armaduras de tração e compressão (
As
′
As
) não deve ser superior a 4% da área de concreto da seção. Ela precisa ser calculada fora da região de emendas.
Em lajes armadas em uma direção, de acordo com a figura a seguir, a armadura de distribuição (
Asy
20% ⋅ Asx
2
0, 9cm /m
;
Laje armada em uma direção.
ρs ≥ 0, 5 ⋅ ρs,min
O espaçamento máximo (
smax
) entre barras da armadura principal de flexão na região dos maiores momentos fletores tem de respeitar simultaneamente os dois limites:
20cm
smax ≤ {
2 ⋅ h
∅max
) deve ser:
h
∅max ≤
8
Em bordas livres e junto às aberturas das lajes, as armaduras interrompidas devem respeitar a quantidade, os comprimentos mínimos e o
detalhamento estabelecidos pela norma, como ilustra a imagem a seguir.
Em relação à armadura sobre os apoios, a recomendação da norma não foi mantida nas versões da NBR 6118 após 2003, porém, julgou-se
adequado manter o que prescrevia a NBR 6118:1980, na qual, quando não se determinar o diagrama exato dos momentos negativos em
lajes retangulares de edifícios com carga distribuída e
q ≤ g
, as barras da armadura principal sobre os apoios deverão estender-se conforme o diagrama de momentos fletores (já compatibilizado) de
base igual ao valor indicado:
Nos dois lados de um apoio de laje contínua: 0,25 do maior dos vãos menores das lajes contínuas.
A ABNT NBR 6118:2014 determina que, nas lajes maciças em que seja dispensada a armadura transversal, e quando não houver avaliação
explícita dos acréscimos das armaduras decorrentes da presença de momentos volventes nas lajes, toda a armadura positiva deverá ser
levada até os paios, não sendo permitido o escalonamento dessa armadura. Ela deve ser prolongada, no mínimo, 4cm além do eixo teórico
do apoio.
Para mostrar um exemplo de aplicação do detalhamento das armações das lajes, vamos considerar a planta da forma ilustrada adiante com
as lajes 1, 2 e 3. A altura de todas elas é de 12cm, enquanto a vinculação adotada e os vãos teóricos estão representados na imagem.
Os momentos calculados para cada laje estão apresentados na tabela a seguir. A carga (
) solicitante em todas as lajes é de 5,56kN.m/m. Nesse projeto, será utilizado o concreto da classe C20 e o aço CA50, com cobrimento
nominal de 2,5cm. As vigas apresentam largura igual a 12cm.
Armadura positiva
mx = 9, 05kN ⋅ m/m
dmin
) será:
Md 1, 4 ⋅ 9, 05
dmin = 2, 0 ⋅ √ = 2, 0 ⋅ √ = 0, 060m = 6cm
b ⋅ fcd 1, 0 ⋅ (20000/1, 4)
Vale lembrar que a base da laje é considerada igual a 1m; por isso, os cálculos são realizados por metro de laje. Eis a altura útil adotada
para a armadura positiva:
d = h − 1, 5 ⋅ ϕ − cnon = 12 − 1, 5 ⋅ 1 − 2, 5 = 8cm
Como
Armadura negativa
dmin
) será:
Md 1, 4 ⋅ 17, 15
dmin = 2, 0 ⋅ √ = 2, 0 ⋅ √ = 0, 082m = 8, 2cm
b ⋅ fcd 1, 0 ⋅ (20000/1, 4)
d = h − 0, 5 ⋅ ϕ − cnon = 12 − 0, 5 ⋅ 1 − 2, 5 = 9cm
Como
Para o cálculo das armaduras positivas de lajes, existem duas alturas úteis, uma para cada direção. Recomenda-se que seja utilizada a
menor altura útil, ou seja, da borda comprimida até o centro das barras da camada superior, conforme ilustra a imagem adiante. Assim, no
cálculo de todas as armaduras, será empregada altura útil igual a 8cm; no caso das armaduras negativas, adotando um valor menor,
estamos a favor da segurança.
Em lajes, consideramos a largura da base igual a 1,0m. Como a altura útil é maior que a útil mínima, o aço trabalhará com sua capacidade
total, ou seja:
Os cálculos para o dimensionamento da laje têm por base as tabelas descritas na Introdução, no item “preparação”.
Md 1, 4 ⋅ m
KM D = = = 0, 0153 ⋅ m
2 2
b ⋅ d ⋅ fcd 1 ⋅ 0, 08 ⋅ 20000/1, 4
Md 1, 4 ⋅ m m
As = = = 0, 4025 ⋅
KZ ⋅ d ⋅ fyk KZ ⋅ 0, 08 ⋅ 50/1, 15 KZ
Considere
o valor do momento fletor de cálculo independentemente da direção e do sinal. Substituindo os valores, chegamos aos resultados
apresentados na tabela a seguir:
Laje L1 L2 L3
Mom. mx my
mx
′
my
′
mx my
mx
′
my
′
mx my
mx
′
kN.m/m 5,62 5,62 14,0 14,0 4,28 2,20 9,45 7,17 9,05 2,06 17,15
KMD 0,086 0,086 0,214 0,214 0,065 0,034 0,145 0,110 0,137 0,032 0,263
KZ 0,9472 0,9472 0,852 0,852 0,960 0,976 0,906 0,931 0,909 0,976 0,807
m/KZ 5,933 5,933 16,43 16,43 4,457 2,254 10,44 7,706 9,853 2,111 21,269
As 2,388 2,388 6,613 6,613 1,794 0,907 4,204 3,102 3,966 0,85 8,561
Detalhamento da armadura
Diâmetros utilizados:
∅ = 6, 3mm
∅ = 10mm
0, 15 0, 15
2
As,min = ⋅ b ⋅ h = ⋅ 100 ⋅ 12 = 1, 8cm /m
100 100
Considerando barras de
∅ = 6, 3mm
As∅ 0, 32
s = = = 0, 18m = 18cm
As 1, 8
Considerando barras de
∅ = 10, 0mm
:
As∅ 0, 8
s = = = 0, 44m = 44cm
As 1, 8
Para as armaduras positivas e negativas, serão adotados, de acordo com a norma, um espaçamento de:
s ≤ 20cm
A tabela a seguir apresenta as barras adotadas para cada situação, os espaçamentos calculados e os espaçamentos finais adotados.
Laje L1 L2 L3
Mom.
′ ′
mx my mx
′
my mx my mx
′
my mx my mx
′
kN.m/m 5,62 5,62 14,0 14,0 4,28 2,20 9,45 7,17 9,05 2,06 17,15
As 2,388 2,388 6,613 6,613 1,794 0,907 4,204 3,102 3,966 0,85 8,561
As,1∅ 0,32 0,32 0,80 0,80 0,32 0,32 0,80 0,80 0,80 0,32 0,80
s(m) 0,134 0,134 0,121 0,121 0,178 0,335 0,19 0,258 0,202 0,376 0,093
As dimensões das lajes, em planta, estão relacionadas aos eixos das vigas.
Armadura positiva
∅ = 10mm
Todas as lajes serão consideradas isoladas. Já a armadura, para todas as situações de vinculação, se estenderá no interior da
laje a uma distância de
0, 25 ⋅ lx
Para
lb
lb
e da classe do concreto
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
Serão adotados, em todas as extremidades da armadura negativa, ganchos retos calculados de forma simplificada:
lg = h − cnon = 12 − 2, 5 = 7, 5cm
l = 0, 25 ⋅ lx + lb + lg
ADOTA-SE:
0, 25 ⋅ 600 + 44 + 7 = 201cm
0, 25 ⋅ 400 + 44 + 7 = 151cm
ADOTA-SE:
0, 25 ⋅ 600 + 44 + 7 = 201cm
0, 25 ⋅ 500 + 44 + 7 = 176cm
ADOTA-SE:
0, 25 ⋅ 600 + 44 + 7 = 201cm
0, 25 ⋅ 500 + 44 + 7 = 176cm
Como L3 possui uma borda que faz interface com L1 e L2 e as armaduras de ambas possuem bitolas e espaçamentos iguais, serão
adotadas as mesmas barras em toda a interface, com o comprimento da maior, ou seja, 377cm (N6).
Quantidade (N) de barras para cada situação
A quantidade de barras é calculada dividindo-se a distância de eixo a eixo em uma direção pelo espaçamento (s) adotado. Por
exemplo, o número de barras da armadura negativa entre as lajes L1-L2 será:
600
N = = 48 barras
12, 5
Esta imagem ilustra o detalhamento das armaduras positivas e negativas (tracejadas) do exemplo proposto.
Detalhamento parte 2
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao dar aqui os primeiros passos para a elaboração das plantas do seu projeto em concreto armado, você agora é capaz de dimensionar e
detalhar o projeto de uma laje. Esse trabalho vai indicar ao engenheiro de execução como deve ser construída a laje que você dimensionou.
Os engenheiros calculistas trabalham cotidianamente com os conceitos que você estudou: identificação das informações do projeto, dados a
serem adotados, pré-dimensionamento, dimensionamento de estruturas, áreas de armaduras máximas e mínimas, cálculo de espaçamentos,
detalhamento e projeto final. Você pode ver, portanto, como os assuntos tratados aqui estarão presentes no seu dia a dia de engenheiro
calculista.
PODCAST
Confira o conteúdo preparado especialmente para enriquecer o seu conhecimento.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
1980.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro:
ABNT, 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8953: Concreto para fins estruturais. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. de. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a ABNT
NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar, 2014.
HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
EXPLORE+
Para saber mais sobre análise numérica de lajes maciças e lajes nervuradas, procure na internet e leia o artigo Análise numérica
comparativa entre lajes maciças e nervuradas com diferentes tipos de materiais de enchimento, de André F. de O. Lopes,
Giuliana F. F. Bono, Gustavo Bono.
CONTEUDISTA
Larissa Camporez Araújo