Analise Da Fonte de Financiamento A Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas888-1

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA

DIVISÃO DE ECONOMIA, GESTÃO E TURISMO

CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA

ANÁLISE DA FONTE DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO DE MICRO


PEQUENAS E MEDIAS EMPRESAS EM MOÇAMBIQUE – CASO DE ESTUDO:
CIDADE DE CHIMOIO

Autora: Guilhermina Rafael Sitoe

Supervisor: dr. Cardoso Cardoso Esboi (MSc.)

Matsinho, Julho de 2016


ANÁLISE DA FONTE DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO DE MICRO
PEQUENAS E MEDIAS EMPRESAS EM MOÇAMBIQUE – CASO DE ESTUDO:
CIDADE DE CHIMOIO

Guilhermina Rafael Sitoe

E-mail: [email protected]

Contacto: (+258) 82 74 91 518/ 84 72 22 534

Trabalho de Licenciatura
apresentado ao Instituto Superior
Politécnico de Manica, como
requisito parcial para o grau de
Licenciatura em Contabilidade e
Auditoria.

Matsinho, Julho de 2016


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, em especial ao meu ente querido Pai Rafael Fabião Sitoe que já se encontra
no outro mundo que Deus lhe tenha em sua glória. Minha mãe Guilhermina, meus irmãos
Bomjardin, Eugénio, Joceline e Kika, e por fim ao meu namorado Gentil Luís Jamal.

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AGRADECIMENTOS

Impossível agradecer todos que contribuíram para realização deste relatório individualmente
durante o período de pesquisa. De facto, este não teria sido produzido sem ajuda dos outros.
Desejaria em dirigir meu especial agradecimento Primeiramente a Deus, a pessoas e
organizações que contribuíram directa e indirectamente nesta meta. Dr. Cardoso Esboi, meu
assistente e supervisor que teve um grande impulso na estruturação desta pesquisa.

De igual modo, agradeço aos professores do curso, que para além de transmitirem conhecimento
deram um calor amigo durante o período de trabalho.

Muito obrigado pelo moral suportado durante muito tempo deste percurso. As amadas colegas e
amigas do Instituto Superior Politécnico de Manica, que fazem parte da minha lista de
agradecimentos. Os vossos comentários ajudaram a concentrar-me a tomar conta das ideias
principais no meu relatório.

Finalmente, agradecer a minha Mãe, aos meus irmãos e Namorado pela ajuda quando mesmo
precisasse e pela coragem em aceitar este desafio de estar sempre fora do meu convívio durante
momentos não agradáveis deste curso e da vida.

O meu muito Obrigado.

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DECLARAÇÃO

Eu, Guilhermina Rafael Sitoe, declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e
nunca foi apresentado a nenhuma instituição para obtenção de qualquer grau académico.

Todas obras de outros actores, utilizadas neste trabalho foram devidamente citadas e listadas na
página de referência bibliográfica

Matsinho, Junho de 2016

Assinatura

_________________________________

(Guilhermina Rafael Sitoe)

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RESUMO

É patente que as empresas encontram certas dificuldades ao buscarem recursos para


investimentos ou empréstimos em instituições financeiras, sejam elas públicas ou privadas. Estas
dificuldades ganham dimensão, sobretudo para o segmento das micro e pequenas empresas, não
obstante a importância que assumem dentro da economia do país. Dentre as principais causas
apontadas pelos empresários para o encerramento das actividades, encontram-se questões
relacionadas ao alto custo de transacção dos empréstimos e às dificuldades relativas ao acesso ao
Sistema Financeiro Nacional. O estudo análise de Fontes de Financiamento a longo Prazo das
Pequenas Medias Empresas em Moçambique, que o objectivo é conhecer e analisar as formas de
financiamento e produtos mais utilizados pelas pequenas e médias empresas da Cidade de
Chimoio. Pretende-se ainda perceber a aceitabilidade e a propensão para utilização de formas de
financiamento alternativas e compreender quais as dificuldades das empresas no acesso ao
crédito. O método utilizado é quantitativo e exploratório, um inquérito foi enviado a 100
empresas do distrito da Cidade de Chimoio, acerca das diferentes formas de financiamento das
organizações. Os resultados permitem concluir que o auto-financiamento é a principal fonte de
financiamento das pequenas e médias empresas, seguindo-se o crédito bancário. O financiamento
pela emissão de acções e obrigações é residual. Os resultados apresentam três factores
preponderantes quando as empresas têm necessidade de financiar-se: o crescimento da empresa,
o custo do empréstimo e os aspectos burocráticos. Apesar de tratar-se de um estudo exploratório,
os três factores encontrados são um contributo para o estudo sobre o financiamento de pequenas
e médias empresas, merecendo atenção por parte de investidores, gestores e detentores de capital.

Palavras-chave: Financiamento, pequenas e médias empresas, formas alternativas de


financiamento

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LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

CMPC Custo Médio de Capital


IPEME Instituto para Promoção e das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique
ISGB Instituto Superior de Gestão Bancária
PL Património Líquido
PME Pequenas e Médias Empresas

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

TABELAS

Tabela 1: Classificação das PMEs...................................................................................................7


Tabela 2: Principais Características das Pequenas e Médias Empresas..........................................8
Tabela 3: Relação entre Custo Total e as Vendas entre Economias de Escala, Concorrência
Imperfeita e Oligopólio..................................................................................................................12
Tabela 4: Principais Actividades das PMEs..................................................................................40
Tabela 5: Principais Fontes de Financiamento Utilizada pelas Empresas.....................................41
Tabela 6: Número de Entidades Bancárias com que Trabalham...................................................42
Tabela 7: Produtos de Crédito Bancário mais Utilizado pelas Empresas......................................43
Tabela 8: Relevância das Garantias para a Obtenção dos Financiamentos...................................43
Tabela 9: Formas de Financiamento Alternativas já Utilizadas pela Empresa..............................44
Tabela 10: Formas de Financiamento Alternativas que a Empresa Pondera Utilizar nos Próximos
Dois Anos......................................................................................................................................46

GRÁFICOS

Gráfico 1: Classificação das empresas quanto ao Porte................................................................41


Gráfico 2: Dificuldades de acesso ao financiamento.....................................................................44
Grafico 3: Formas de financiamento já utilizadas pela empresa...................................................45

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ÍNDICE

Titulo Pagina

DEDICATÓRIA...............................................................................................................................i
AGRADECIMENTOS....................................................................................................................ii
DECLARAÇÃO.............................................................................................................................iii
RESUMO........................................................................................................................................iv
LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS...........................................................................v
LISTA DE TABELAS E FIGURAS..............................................................................................vi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
1.1. Contextualização...............................................................................................................1
1.2. Problema de Estudo..........................................................................................................2
1.4. Objectivos de Estudo........................................................................................................3
1.4.1. Objectivo Geral..........................................................................................................3
1.4.2. Objectivos específicos...............................................................................................4
1.5. Delimitação de Estudo......................................................................................................4
1.6. Estrutura de Trabalho........................................................................................................4
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................6
2.1. Micro, Pequenas e Médias Empresas................................................................................6
2.1.1. Conceito de Empresa.................................................................................................6
2.1.3. Caracterização das PMEs em Moçambique..............................................................7
2.1.4. Características Gerências das Pequenas e Médias Empresas....................................8
2.2. Financiamento.................................................................................................................14
2.2.1. Tipos de Financiamentos.........................................................................................15
2.2.2. A Hierarquia das Escolhas no Financiamento.........................................................19
2.2.3. O Financiamento como Factor Determinante do Crescimento das PME................23
2.2.4. Problemática de financiamento das PME’s.............................................................24
2.2.5. Métodos de avaliação da decisão de Financiamento...............................................25
2.2.6. Teorias Financeiras..................................................................................................28
CAPITULO III: METODOLOGIA...............................................................................................31
3.1. Área de Estudo................................................................................................................32

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3.2. Classificação da Pesquisa................................................................................................32


3.2.1. Quanto ao Objectivo................................................................................................32
3.2.2. Quanto aos Procedimentos......................................................................................33
3.2.3. Quanto à Abordagem do Problema..........................................................................35
3.4. Colecta de dados.............................................................................................................37
3.5. Apresentação e Análise de dados....................................................................................38
3.6. Limitações.......................................................................................................................39
CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................40
4.1. Resultados e Discussão...................................................................................................40
4.1.1. Principais Actividades das PMEs............................................................................40
CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO...............................................................48
5.1. Conclusão........................................................................................................................48
5.2. Recomendações...............................................................................................................49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................51
ANEXOS.......................................................................................................................................54

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Em períodos turbulentos pautados pela crise económica mundial, exige-se de cada país soberano
medidas de suporte e de estímulo ao crescimento das suas economias. Nesse contexto,
Moçambique se apresentou com destaque nos últimos anos, à medida que as principais
economias mundiais criavam medidas contraccionistas para evitar a falência de empresas
fundamentais à manutenção de empregos, enquanto Moçambique suportava os impactos da
retracção global, atraindo ao país investidores avessos ao risco europeu e americano. (ARRIGHI,
2008).

Um dos principais factores de estímulo foram os investimentos, tanto pelo sector privado, quanto
pelo sector público. Em parte, esses foram induzidos pela nova dinâmica de oferta e demanda de
recursos, cujo foco transferiu-se para os países emergentes e suas expressivas massas
populacionais com potencial de consumo. Por outro lado, estão os investimentos estratégicos que
visam a solução de gargalos estruturais no longo prazo, mas que também são fortes incentivos à
geração de empregos e renda no curto prazo. (SANTOS, 1999).

O Governo Moçambicano adoptou inúmeras medidas para atrair cada vez mais investidores
estrangeiros e para promover a aplicação de recursos pelas próprias empresas nacionais, no
entanto, um dos principais entraves têm sido financiamento, concentradas basicamente pelos
recursos próprios. Este foi o motivo base de interesse da decisão deste tema.

O trabalho faz uma análise sobre a influência da fonte de financiamento ao longo prazo, no que
diz respeito aos créditos cedidos pelas instituições bancários, instituições financeira de
desenvolvimento e fundos proveniente do Estado, de modo aferir a sensibilidade das PME’s em
relação a este tipo de investimento concedidos a longo prazo e as influencias tendo em conta as
variações das taxas de juro das instituições financeiras. No processo de análise sobre a fonte de
financiamento a longo prazo das PME’s, vai permitir fazer uma avaliação do ambiente de
negócios das PME’s, de modo a perceber da existência de obstáculos ou não, que influencia nas
actividades económicas das PME’s.

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1.2. Problema de Estudo

Num mercado altamente competitivo todas as empresas precisam de uma constante actualização
da sua estrutura organizacional bem como estratégias para responder a exigências dos
consumidores com risco de perder a sua quota de mercado a favor dos concorrentes. Para a
satisfação destes objectivos as empresas precisam de recurso financeiro que podem ser próprios
ou de terceiros dai a estrutura de capital. Uma decisão eficaz quanto a estrutura de capital podem
reduzir o custo de capital e aumentando assim o valor actual liquido dos projectos aceitáveis, e
com isso, aumento do valor da empresa.

A maior dificuldade dos gestores das empresas é a escolha da fonte de financiamento eficaz que
não careta custo elevado para estrutura de capital. O custo do capital de terceiro é inferior ao das
demais fontes de financiamento. Os credores exigem retornos relativamentes menores porque
assumem menor risco comparativamente ao demais fornecedores de capital de longo prazo.

Em Moçambique, com relação ao porte de organizações, as Médias e Pequenas Empresas


(PME’s), assim definidas aquelas empresas com o número de colaboradores não superior a 99 e a
sua facturação anual não seja superior a 29.900 nos termos do Decreto nº 44/2011 de 21 de
Setembro, encontram certas dificuldades. Outro factor que prejudica é o acesso a linhas de
crédito menos onerosas é o falta de informação dessas por parte das empresas, que acabam
endividando-se em empréstimos que não são adequados a sua realidade. Isso pode ocorrer
quando a empresa utiliza o crédito rotativo, que se caracteriza como empréstimo de curto prazo
e, geralmente, possui altas taxas de juros, para financiar o giro de suas operações.

Diante desta situação o estudo vai sustentar a seguinte questão de partida: Quais são as
dificuldades que as PMEs enfrentam para obtenção de financiamento de longo prazo?

1.3. Justificativa do Estudo

É patente que as empresas encontram certas dificuldades ao buscarem recursos para


investimentos de longo prazo das suas actividades. Estas dificuldades ganham dimensão,
sobretudo para o segmento das micros e pequenas empresas, as PME’s.

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A escolha desse tema deve se à necessidade de investimentos constantes, que pressupõe a


existência de fontes de financiamento, para as empresas estarem a todo o momento investindo
em modernização, actualização e desenvolvimento de novos produtos e processos. Assim, a
empresa supera as expectativas de investidores e clientes e o seu crescimento vem em
consequência disso.

Para a sociedade e público em geral este estudo vai despertar as dificuldades que as PMEs
enfrentam no acesso ao financiamento de longo prazo para realizarem as suas actividades. Bem
como as abordagem sobre o ponto de situação do financiamento, os procedimentos utilizados
pelas instituições de desenvolvimento financeiro em Moçambique na concessão de
financiamento as PMEs e as possíveis alternativas de soluções.

As PMEs constituem uma força motriz no desenvolvimento económico de qualquer país. O


estudo constitui um instrumento muito importante para as PMEs em Moçambique que encaram
enormes dificuldades no acesso as linhas de créditos de longo prazo para financiarem as suas
actividades e responderem as exigências de demanda do mercado que se caracteriza pela elevada
concorrência e ameaça de produtos substitutos.

Dada a importância das PMEs na economia moçambicana, este estudo constitui não só como
instrumento de consulta para futuras pesquisas da sociedade académica, como também um ponto
de partida para qualquer que quiser pesquisar todo assunto de financiamento de PMEs. Dado que
nem tudo que se refere a esta área pode caber neste trabalho.

1.4. Objectivos de Estudo

O presente trabalho tem como objecto de estudo as fontes de financiamento de longo prazo das
PMEs e pretendo sustentar os seguintes objectivos:

1.4.1. Objectivo Geral

Analisar as fontes de financiamento de longo prazo para Pequenas e Medias empresas em


Moçambique.

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1.4.2. Objectivos específicos


 Identificar as fontes de financiamento de longo prazo utilizadas pelas PMEs em
Moçambique;
 Apurar as principais dificuldades das PMEs em Moçambique no acesso ao crédito para
ampliar as suas estruturas de capital;
 Sugerir soluções alternativas flexíveis para o financiamento a longo prazo as PME’s.

1.5. Delimitação de Estudo

O presente trabalho limita-se a estudar as fontes de financiamento (Variável dependente) de


longo prazo no contexto das PME’s Moçambicanas (Variável independente), Caso da Cidade de
Chimoio, entre os anos 2013 a 2016 e o seu contributo no desenvolvimento económico e
consequentemente o papel na competitividade e estabilidade no mercado. Entre vários
elementos, o estudo pretende identificar as principais fontes de financiamento, as dificuldades
que as PMEs encaram para aceder o financiamento. O estudo pode recorrer a outros elementos
como suporte para sustentar o objecto de estudo.

1.6. Estrutura de Trabalho

O presente trabalho estrutura-se em cinco (5) Capítulos distribuídos da seguinte forma:

 Capítulo 1: Introdução – Neste capítulo é feita uma breve apresentação do tema, o


problema de pesquisa, a justificativa da escolha do tema e os objectivos do trabalho.

 Capítulo 2: Revisão da Literatura – Este capítulo faz uma retrospectiva em termos de


conceptualização das Pequenas e Medias Empresas assim como as principais
características. São abordadas neste capítulo as formas de financiamento as e estão
também expostos os principais conceitos sobre os financiamentos.

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 Capitulo 3: Metodologia – São arrolados todos os procedimentos usados para a realização


da pesquisa, o mesmo apresenta o desenho da pesquisa com os seguintes elementos:
definição da população alvo, critério de amostragem, tipo de pesquisa, método de colecta
de dados e apresentação dos resultados.

 Capitulo 4: Apresentação e Discussão dos Resultados – Neste capítulo são feita as


confrontações entre a revisão da literatura e os resultados obtidos durante a pesquisa na
empresa estudada, trazendo aqueles que foram os resultados obtidos.

 Capitulo 5: Conclusão e Recomendações – são apresentadas as conclusões extraídas após


a realização da Pesquisa e são dadas as Respectivas Recomendações.

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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA


2.1. Micro, Pequenas e Médias Empresas

2.1.1. Conceito de Empresa

Sob o ponto de vista económico, a empresa é considerada como uma combinação de factores
produtivos, elementos pessoais e reais, voltados para um resultado económico, encadeada pela
acção organizadora do empresário, ou seja, toda organização económica destinada à produção ou
venda de mercadorias ou serviços, tendo, como objectivo, o lucro. (BRUSCATO, 2005)

Restou claro, dessa forma, que “a noção jurídica de empresa está imensamente ligada à questão
económica”, não sendo possível divorciá-las, conforme escreve Tomazette (2012), Por tratar-se
de um conceito originalmente económico, alguns autores pretendiam negar importância a tal
conceito, outros pretendiam criar um conceito jurídico completamente diverso. Todavia, os
resultados de tais tentativas se mostraram insatisfatórios, tendo prevalecido a ideia de que o
conceito jurídico de empresa se assenta nesse conceito económico, pois o fenómeno é o mesmo
económico, sociológico, religioso ou político, apenas formulado de acordo com a visão e a
linguagem da ciência jurídica.

2.1.2. Tipos de empresas

Portanto, relativamente as empresas em termos de dimensão, existem pequenas e médias e


grandes empresas que, normalmente varia com o tamanho do país, com o grau do
desenvolvimento, entre outros. Todavia a nossa abordagem será feita relativamente às PME’s.

O conceito das PMEs tem sido muito discutido e não existe um consenso entre os autores.
Segundo Silva (1993) “a pequena empresa é a que emprega menos de 5 trabalhadores, e a média
empresa a que tem entre 5 e 400 trabalhadores”. No entanto, a (Carta Europeia das Pequenas
Empresas, 2000) considera que “As pequenas empresas empregam entre 10 e 49 pessoas e as
Médias empregam menos de 250 pessoas”.

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Entretanto, existe outros critérios para classificação das PMEs, como por exemplo, volume de
negócio e a independência. De acordo com o (Regulamento da Comunidade Europeia nº.
70/2001) “ Quando a classificação é feita com base no volume de negócio são consideradas as
Pequenas Empresas aquelas que tem um volume de negócio inferior a 7 milhões de euros ou um
balanço anual que não ultrapassem 5 milhões de euro. E as Médias Empresas o volume de
negócio deve ser inferior a 40 milhões de euros ou o seu balanço anual inferior a 27 milhões de
euros”.

Nos Estados Unidos as Pequenas e Médias Empresas não são definidas, somente pela receita ou
pelo número de funcionários, muito menos pelo tempo de funcionamento, mas por sua função na
economia. (LEEBAERT, 2006)

2.1.3. Caracterização das PMEs em Moçambique

Em Moçambique as PMEs são consideradas elementos fundamentais no plano de sustentação


económica e no desenvolvimento regional, uma vez que têm uma enorme capacidade de gerar
riqueza e criar emprego. O Estatuto Geral das Micro, Pequenas e Médias Empresas (Decreto n.º
44/2011, de 21 de Setembro) define o que é uma Pequena e Média Empresa (PME) em
Moçambique.

Tabela 1: Classificação das PMEs

Categoria da Empresa N° de Trabalhadores Volume de Negócios Anual


(Meticais)
Micro 1a4 Até 1.200.000
Pequena 5 a 49 1.200.000 a 14.700.000
Média 50 a 99 14.700.000 a 29.900.000
Fonte: Decreto nº 44/2011 de 21 de Setembro

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Observa-se que dois critérios são fundamentais: volume de negócios e número de trabalhadores.
Além disso, uma PME não pode ter mais de 25% de participações detidas por uma grande
empresa ou pelo Estado. O critério de volume de Negócio é determinante.

O Instituto para promoção e das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique (IPEME) tem
como objectivo incentivar a implantação, consolidação e desenvolvimento das Micro, Pequenas
e Medias Empresas em Moçambique.

Para a prossecução do seu objectivo, o IPEME tem as seguintes atribuições:

a) Fomentar a criação, desenvolvimento e modernização das Pequenas e Médias Empresas;


b) Estimular a implementação de micro, pequenas e médias unidades industriais de
processamento de produtos nacionais;
c) Enquadrar a actividade de promoção de equipamento de processamento apropriado para a
zona rural dentro das estratégias sectoriais orientadas para o desenvolvimento rural;
d) Criar a capacidade de gestão empresarial das Pequenas e Médias Empresas;
e) Facilitar a assistência técnica e coordenação de acções de formação para os
intervenientes;
f) Promover e criar incubadoras empresariais;

2.1.4. Características Gerências das Pequenas e Médias Empresas

As PME’s possuem, no geral, características comuns próprias que as distinguem das grandes
empresas. Essas características compreendem desde a forma de relacionamento com o cliente até
a sua forma organizacional, caracterizando, assim, um padrão “homogéneo”. Esse padrão foi
identificado por Torrès e Julien (2005) como sendo uma espécie de “paradigma orientador da
pesquisa em pequenas empresas” e posteriormente denominado de “tese da especificidade
gerencial”. Essa concepção pode ser útil para contrapor pequena e grande empresa e,
consequentemente, seu papel no sistema económico. A tabela a seguir apresenta as principais
características, consideradas homogéneas, dos pequenos empreendimentos.

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Tabela 2: Principais Características das Pequenas e Médias Empresas

Características
Estrutura organizacional simples
Limitação de recursos humanos
Ausência de burocracia interna
Baixo grau de diversificação produtiva
Limitação de recursos financeiros
Produção para mercados locais ou especializados
Proximidade do mercado e do cliente
Rapidez de resposta
Flexibilidade e adaptabilidade à mudanças do entorno
Fonte: Fundação COTEC, Estudios [199-], 60.

Para Leone (1999), as pequenas empresas apresentam três tipos de especificidades:


organizacionais, decisionais e individuais. As especificidades organizacionais compreendem a
gestão e a organização da empresa, em geral com estruturas simples e centralizadas na figura do
proprietário define o processo decisório e a gestão. As especificidades decisionais dizem respeito
ao processo da tomada de decisão, que não é marcado somente pela racionalidade económica,
mas também pela racionalidade política e familiar, além de ter como base a experiência, o
julgamento ou a intuição do proprietário-dirigente. As especificidades individuais dizem respeito
ao facto da pessoa física tender a se confundir com a pessoa jurídica. Dessa forma, para entender
o funcionamento da empresa é necessário analisar as atitudes, competências, motivações e
comportamento do proprietário-dirigente.

Em suma, a “tese da especificidade gerencial” tenta agrupar as PMEs como se fossem um único
bloco, com as mesmas características, problemas e necessidades. Entretanto, não é possível
identificar os micro e pequenos empreendimentos como um bloco homogéneo, apesar de
características gerências semelhantes. Ao analisar outras características, que não gerências, é
possível encontrar, na realidade, uma forte heterogeneidade, com diferenças no número e
qualidade da mão-de-obra, nos produtos e processos e na forma de inserção na estrutura
produtiva.

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As PME’s estão presentes nos diversos os sectores da economia, desde empresas com tecnologia
simples de trabalho intensivo, até empresas de tecnologia de ponta, fabricante de softwares. De
acordo com Torrès e Julian (2005), “a tese de especificidade gerencial, ao pretender uma
homogeneidade das empresas que integram o segmento das pequenas empresas, é contraditória
com a profunda heterogeneidade que marca o segmento”, apesar de apresentarem algumas
características gerais em comum, definidas por Steindl (1990) como “desvantagens inerentes ao
pequeno capital”, que é o objecto de análise do próximo item.

2.1.5. Dificuldades de Sobrevivência das PME’s

Steindl (1990) tem como uma das bases de sua análise a crítica à abordagem de Marshall quanto
ao processo de crescimento das empresas. Segundo autor, as empresas crescem até um tamanho
limite (tamanho “óptimo”) e a partir daí perderiam fôlego e dariam espaço a novas entrantes.
Steindl, por outro lado, defende a tese de que dificilmente as pequenas empresas se tornariam
grandes. As grandes empresas têm vantagens, tais como economias de escala e acesso ao
financiamento, inatingíveis para as pequenas, que dispõem de pouco capital próprio.

A coexistência de pequenas e grandes empresas seria explicada por factores como a atitude de
“jogador” do pequeno empresário, o desemprego, as imperfeições de mercado derivadas de
factores irracionais. Além disso, o crescimento do grande capital às custas do pequeno ocorre de
forma gradual, firmando um processo lento para que as pequenas empresas percam espaço.

Dentre os factores que influenciam o tamanho da empresa, as economias de escala ocupam papel
central e mesmo que, por ventura, as vantagens advindas do aumento do tamanho da planta
fossem reduzidas ao longo do tempo, outras vantagens seriam exclusivas às grandes empresas.
Em sua abordagem, Marshall (1890) distingue economias de escala entre internas e externas, as
primeiras são relativas ao tamanho da empresa, enquanto as segundas a um grupo de empresas.

As economias internas ou de escala, isto é, a redução do custo unitário com o aumento da escala
de produção, são ressaltados por Marshall e outros autores (Steindl, 1990). Ao reconhecer a
importância das economias de escala em diversas empresas, Marshall analisa se a sua existência
levaria a uma vantagem cumulativa das empresas em crescimento, resultando em concentração

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 10


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da produção e no estabelecimento de um monopólio. Para a questão, Marshall oferece duas


respostas: a primeira implica o estabelecimento de uma lei sociológica postulada por ele, qual
seja, a “involução das habilidades empresariais”, na qual o autor sugere que as empresas não
podem crescer indefinidamente porque as aptidões e energia do empresário estão sujeitas a
involuir; enquanto a segunda refere-se à dificuldade de se ampliar o mercado da empresa.

Labini possui uma visão mais optimista das pequenas empresas, reconhecendo a existência delas:

“É verdade que as firmas menores são, na realidade, satélites e dependentes das


grandes empresas; e assim sendo, não podem desenvolver sem o crescimento
das maiores. Mas também, é verdade que existam pequenas e médias que não
podem ser consideradas satélites ou dependentes” (LABINI, 1986 apud
MELCHERT, 2007).

Ele segue dizendo que as pequenas empresas possuem vantagens sobre as grandes quando se
trata de pressão sindical, uma vez que a atuação dos sindicatos é, em sua maioria, focada para as
grandes empresas. (LABINI, 1986 apud MELCHERT, 2007) Como nas empresas menores a
pressão é menor, inclusive na salarial, elas levam vantagem em alguns ramos, principalmente
onde o valor agregado por unidade é maior que nas empresas de pequeno porte.

Para Labini, o que alavanca o crescimento econômico é o progresso tecnológico, e que as


empresas menores teriam chances nesse tipo de mercado:

“(...) Sendo verdadeira a proposição segundo a qual o progresso técnico


condiciona a evolução económica e, sendo também verdade que, nos países
desenvolvidos, estão ocorrendo mudanças que favorecem as empresas menores,
é possível que a pesquisa tecnológica nesses países possa ser redireccionada das
economias de escala para as necessidades produtivas de unidades menores.
Certas inovações técnicas no ramo electrónico têm apontado nessa direcção. Os
países relativamente atrasados poderiam se aproveitar dessa oportunidade,
incluindo esforços para promover desenvolvimentos tecnológicos originais”
(LABINI, 1986, p.19, apud MELCHERT, 2007, p.39).

As imperfeições do mercado tornam mais difíceis os aumentos de produção da empresa


contrapondo-se, dessa forma, às economias de escala. A dificuldade em expandir o mercado
pode se expressar das seguintes formas: preços mais baixos para as empresas maiores; maiores
custos unitários de comercialização; custo maior de produção graças a subutilização da
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capacidade instalada; custos adicionais determinados pela produção de várias linhas numa
mesma planta. Um caso típico de imperfeição no mercado é o da força de trabalho.

Constitui uma regra quase geral de que os trabalhadores de empresas menores são menos
organizados e, por isso, podem ser contratados a preços mais baixos. Dessa forma, a imperfeição
no mercado de trabalho constitui uma importante vantagem para as empresas pequenas. Outra
forma de imperfeição de mercado, assinalada por Steindl (1990) como imperfeição irracional é o
valor que as pessoas dão aos produtos diferenciados, ou seja, a diferença entre produção em
grande escala e produção em pequena escala equivale à diferença entre produto padronizado e
com custo menor e produto diferenciado ou individualizado com maior preço de venda.

Se uma empresa domina parcela substancial do mercado de um produto, ela terá condições de
aumentar o preço sem sofrer bruscos impactos nas vendas, propiciando a vantagem da
exploração “monopolista” do mercado. Por outro lado, a vantagem do aumento dos preços
favorece, também, as empresas menores do ramo, afinal estas ajustarão seus preços de acordo
com a movimentação dos preços da empresa monopolista.

O efeito combinado das economias de escala, da concorrência imperfeita e do oligopólio são


identificados na relação entre o custo total e as vendas, conforme simplificado pela Tabela 3. As
economias de escala tendem a reduzir os custos em relação às vendas, enquanto o poder de
oligopólio tende a aumentar os preços, portanto, o valor das vendas em relação aos custos. Por
outro lado, a imperfeição do mercado tende a reduzir os preços e aumentar os custos das
empresas maiores em relação às menores. A margem líquida cresce com o aumento do tamanho
da empresa, na medida em que os efeitos das imperfeições de mercado forem sobrepujados pelos
efeitos dos outros dois factores.

Tabela 3: Relação entre Custo Total e as Vendas entre Economias de Escala, Concorrência
Imperfeita e Oligopólio

Economias de Escala Poder de Oligopólios Imperfeições de


Mercado

Redução dos custos Aumento de preços: Redução dos preços:


valor das vendas em aumento os custos das

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em relação as vendas relação ao custo empresas maiores em


relação as menores
Fonte: Elaboração própria, a partir de Pequeno e Grande Capital, Josef Steindl (1990)

Steindl (1990) ainda identifica o custo do crédito como outro factor que favorece o grande
capital. O custo do crédito, no qual o crédito de longo prazo só esta aberto às pequenas empresas
a custos proibitivos, fazendo com que elas recorram predominantemente ao crédito de curto-
prazo, geralmente a taxas maiores e sem tempo para maturação de investimentos, criando uma
barreira para o desenvolvimento e crescimento do pequeno capital.

Porém, qualquer que seja o peso relativo dos vários factores, as economias de escala ainda
constituem o factor fundamental para confirmar a posição do grande capital. As economias de
escala são fundamentais pois através delas, as empresas conseguem crescer até o tamanho no
qual se tornam aptas a exercer o poder de monopólio. Além disso, as condições financeiras da
pequena empresa e o alto custo de seu financiamento são influenciados, de acordo com Steindl
(1990), pelas economias de escala do processo de produção ou distribuição. Segundo o autor,
devido ao tamanho do capital dessas empresas, a limitação técnica e as desvantagens por ela
trazidas, obrigam às pequenas empresas a recorrerem aos empréstimos de curto prazo contraídos
em situações desfavoráveis. Por mais que o poder de monopólio e as condições financeiras
possam contribuir para o grande capital, essas vantagens, em última instância, sempre estão
vinculadas às condições técnicas.

Apesar de muitas influências adversas as pequenas empresas mostram que têm grande
capacidade de sobrevivência. Tal fato torna-se surpreendente tendo em vista a baixa
lucratividade e as constantes falências deste tipo de capital. Steindl (1990) faz um esforço para
compreender o porquê de estas empresas sobreviverem apesar das adversidades encontradas.

O primeiro e principal motivo apontado pelo autor é o de que as pequenas empresas só podem
perder espaço na medida em que as empresas maiores crescem. Para que isso ocorra às empresas
maiores precisam acumular capital, fato que ocorre paulatinamente. O processo de crescimento
do grande capital às custas do pequeno configura, portanto, um processo gradual e que leva
tempo para se concretizar.

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A concorrência imperfeita é outro factor que o autor traz à tona para justificar a sobrevivência
das pequenas empresas. A imperfeição pode ser dividida entre factores racionais, como por
exemplo os custos de transporte, de difícil eliminação. Pode também estar associada à
preferência do consumidor por um produto exclusivo, ou seja, pode haver uma diferenciação do
produto da qual os consumidores atribuam algum significado, consideradas como imperfeições
irracionais. Estas são descritas por Steindl (1990) como as mais importantes. Elas representam
um custo considerável para a sociedade e não lhes oferece qualquer vantagem.

A imperfeição do mercado de trabalho também é citada pelo autor, e este assume que esta
imperfeição é ainda mais importante que a imperfeição de produtos. Grande parte das pequenas
empresas situa-se em ramos cuja mão-de-obra é barata e desorganizada, na qual a pressão sobre

Em suma, o autor chega à conclusão de que a sobrevivência das pequenas empresas depende de
factores sem muito prestígio como: exploração monopsonística do trabalho, imperfeição dos
mercados devido reacções irracionais dos consumidores, desemprego e a propensão ao risco dos
pequenos empresários que movem a elevada rotatividade dos pequenos empreendimentos. Em
outros casos, a presença destes empreendimentos, só é permitida pelas grandes empresas e isso
leva à falsa noção de independência. Trata-se da desintegração vertical de certos processos
produtivos que podem ser desenvolvidos em pequena escala. Estes pequenos produtores são
numerosos e parceiros menores da grande empresa que contrata seus serviços, tornando-se fracos
do ponto de vista económico e deixando sua independência à mercê dos grandes
empreendedores.

2.2. Financiamento

Segundo o Dicionário de Economia e Ciências Sociais (1998, pag 170) “o financiamento é a


acção de fornecer o dinheiro necessário á realização de uma operação económica”.

Financiamento é uma operação financeira em que a parte financiadora, em geral uma instituição
financeira, fornece recursos para outra parte que esta sendo financiado, de modo que esta possa
executar algum investimento especifico previamente acordado. Ao contrário do empréstimo, os

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recursos do financiamento precisam necessariamente ser investidos do modo acordado em


contrato (FINEP, 2000).

O financiamento, então, pode cobrar ou não cobrar juros sobre o valor financiado de acordo com
o valor e o tempo de pagamento, ou mesmo não realizar a cobrança do valor financiado em caso
de financiamentos não reembolsáveis. Empresas podem realizar financiamentos para angariar
recursos para novos equipamentos ou realizar uma expansão a pessoas físicas podem realizar
financiamento para comprar imóveis, automóveis, entre outros bens de grande valor (ROCHA,
2008).

O financiamento interno é considerado como resultado de um auto-financiamento da empresa


através de uma gestão operacional e financeira mais eficiente na retenção dos lucros obtidos ao
longo do período de vida da empresa. Este auto-financiamento é designado por Capital Próprio.
Em uma fase inicial de criação da empresa e no contexto da presente investigação, o
financiamento interno, é designado como Fundos Próprios, de origem do próprio empresário,
podendo ser também obtido junto de familiares e amigos do empresário (COSTA E RIBEIRO,
1998).

Segundo Vieira (2001) as fontes de financiamento utilizáveis para a aquisição de bens de


equipamento são alternativamente:

 O uso de capitais próprios;


 O uso de capitais alheios;
 O leasing.

2.2.1. Tipos de Financiamentos

Rocha (2008) a Decisão de financiamento baseia-se essencialmente em identificar as


possibilidades de financiamento que permitam á empresa aumentar o seu valor em todos os
aspectos, isto é criando valor para empresa e para os accionistas.
Muitas vezes, o dinheiro gerado pelas vendas não é suficiente para cobrir as necessidades de
capital – investimento em instalações e equipamentos, constituição de inventário, pagamentos a

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fornecedores, etc. Como à medida que o negócio cresce, essas necessidades de capital tendem a
aumentar, a empresa tem que garantir outras opções de financiamento. Porém, mais do que
definir quanto precisa, o empresário tem que definir quais as fontes de financiamento adequadas.
Genericamente existem dois tipos de fontes de financiamento ao dispor do empresário: internas e
externas Myers (1984):
Entre as internas destacamos o auto financiamento através da retenção dos lucros obtidos, da
gestão mais eficiente dos activos (fixos e circulantes) ou do controlo mais rigoroso dos custos.

Entre as externas há a distinguir o financiamento através de capitais alheios (créditos de


fornecedores, empréstimos bancários, linhas de crédito, leasing e factoring) e através de capitais
próprios (aumento de capital, capital de risco e recurso ao mercado de capitais).
As fontes de financiamento sejam elas internas ou externas, podem ainda ser classificadas quanto
a sua maturidade, como fontes de financiamentos, a curto médio e longo prazo.

 Financiamento a curto prazo


a) Crédito de Fornecedores
Rocha (2008) as Fonte de financiamento com benefícios para a gestão de tesouraria a curto prazo
são contudo fundamental, relacionar os prazos médios de pagamentos e os prazos médios de
recebimentos, de modo a estabelecer uma situação de tesouraria sem dificuldades imediatas.

b) Créditos Bancário
É a operação pela qual uma instituição bancária coloca á disposição de um cliente determinado
montante e este se compromete a reembolsar a instituição na data fixada antecipadamente,
acrescido dos juros previamente combinados. O crédito bancário poderá tomar a forma de
crédito, caso em que a instituição bancária coloca fundos a disposição de empresas e particulares
(ex: desconto de letras e livranças, crédito por antecipação de subsídios e abertura de crédito
através de uma conta corrente ou de um empréstimo. Podemos ainda considerar o overdraft1 e o
hot money2). Quanto ao crédito bancário indirecto, a instituição desembolsa fundos caso o

1
São financiamentos bancários de curto prazo que as empresas podem recorrer para financiar a sua actividade
corrente.
2
São movimentações de grandes quantidades de dinheiro num período de tempo muito curto e com taxas de juro
muito altas.

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beneficiário de crédito não assuma os compromissos, (ex: garantias bancárias, avais ou aceites
bancários), (COSTA E RIBEIRO, 1998).

As linhas de crédito são uma forma de empréstimo bancário flexível, orientado para o curto
prazo, em que a instituição credora confere à empresa o direito de, dentro de um plafond
previamente acordado, retirar fundos consoante as suas necessidades de tesouraria. As linhas de
crédito são especialmente indicadas para fazer face a insuficiências temporárias e são 2
financiamentos bancários de curto prazo, que as empresas podem recorrer para financiar a sua
actividade corrente. São 3 as movimentações de grandes quantidades de dinheiro num período de
tempo muito curto e com taxas de juro muito altas previsíveis de tesouraria (frequentes, por
exemplo, em negócios sazonais) ou para prevenir o aparecimento de rupturas inesperadas.

c) Crédito documentário
Instrumento de crédito que uma instituição de crédito através da ordem de uma empresa, se
responsabiliza por colocar um determinado montante à disposição de um vendedor
(beneficiário), normalmente por intermédio de uma instituição bancária correspondente.
d) O factoring
Consiste num sistema aperfeiçoado de cobranças de vendas a prazo. Trata-se de uma actividade
que assegura o seu financiamento corrente através da tomada de créditos sobre terceiros,
substituindo assim o crédito de tesouraria. Através da cessão financeira, o intermediário
financeiro (a factor) adquire os créditos a curto prazo que os fornecedores (os aderentes)
concedem aos seus clientes (os devedores) e que advém da venda de produtos ou da prestação de
serviços. O factoring poderá ainda incluir tarefas complementares, tais como estudos do risco de
crédito ou apoio jurídico, comercial e contabilístico à boa gestão dos créditos transaccionados.

 Financiamento a Médio e Longo Prazo

O financiamento a médio/longo prazo destina-se a apoiar as aquisições de equipamentos e a


construção de infra-estrutura de acordo com (NABAIS, 2005).

Paralelamente, existem também diversas formas de financiamento a médio e longo prazo.

Através de capitais próprios, neste caso destaca-se:

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 Auto financiamento – meios de financiamento obtidos e retidos na empresa que deverão


permitir o reembolso de dívidas de médio e longo prazo, assegurar a manutenção da
actividade produtiva da empresa (amortizações, provisões e reservas de investimentos) e
garantir o seu crescimento (resultado liquido retidos para pagamento de dividas).

 Cessões de Activo – forma de financiamento segundo a qual a empresa procede á


alienação dos activos considerados não indispensáveis ao regular funcionamento da sua
actividade.

 Reforço de Capitais Próprios – através de operações diversas de reforço da estrutura do


capital, as empresas poderá aumentar os meios financeiros á sua disposição. Nesta forma
de financiamento incluem-se os aumentos de capital, as prestações suplementares de
capital, a criação de reservas de reavaliação, a diminuição da distribuição de resultados
ou a emissão de títulos de participação
a) Aumento de capital – é a forma de financiamento que pode ser feita através da
entrada de novos sócios, incorporação de reservas e transferências de dívidas em
capital. Se o valor de subscrição for superior ao valor nominal, constitui-se uma
reserva – prémio de emissão.

b) Prestações suplementares de capital – referem-se a entrada de dinheiro que vão


reforçar o capital social, e podem contribuir para redução do risco financeiro
estrutural da empresa. Não originam quaisquer custos explícitos (vencimento de
juros), mas naturalmente originam custos implícitos idênticos aos dos capitais
próprios.

c) Criação de reserva de reavaliação – trata-se de ajustamentos monetários para fazer


face a desvalorização da moeda e á taxa de inflação. Reserva essa faz parte do capital
próprio, pois, em termos de fluxos de tesouraria a criação de uma reserva de
reavaliação não se traduz na entrada de fundos nas empresas, pelo que em termos
financeiros não se trata de uma fonte de financiamento.

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d) Títulos de participação – são títulos de créditos representativos de empréstimos


contraídos por empresas públicas e sociedades anónimas pertencentes
maioritariamente ao estado. É uma situação intermédia entre as obrigações e as
acções.

2.2.2. A Hierarquia das Escolhas no Financiamento

Segundo Brealey & Myers (1998), relativamente à teoria da hierarquia das escolhas no
financiamento, as empresas preferem o auto financiamento. Contudo adaptam os seus objectivos
para os rácios de distribuição de dividendos, às oportunidades de investimento, tentando
simultaneamente evitar modificações súbitas nos dividendos.

Os autores supracitados apontam ainda para o facto de que quando os fundos gerados
internamente são superiores às necessidades de investimento, a empresa ou amortiza a dívida ou
investe em valores mobiliários negociáveis. E quando são inferiores, a empresa começa por sacar
do seu saldo de tesouraria ou então por vender a sua carteira de valores mobiliários.

Uma outra forma, em que se resume a hierarquia das escolhas de financiamento, indicada pelos
autores supracitados, significa que se for necessário recorrer a financiamento exterior, as
empresas começam por emitir os valores mobiliários mais seguros. Ou seja, começam pela
dívida, depois emitem eventualmente títulos híbridos, como obrigações convertíveis, e a seguir,
como ultimo recurso, emitem acções através de aumentos de capital.

A hierarquia das escolhas explica, de acordo com Brealey & Myers (1998), a razão pela qual as
empresas mais lucrativas geralmente pedem menos dinheiro emprestado, por não ter como
objectivo rácios de endividamento baixos, mas por não precisarem de recursos do exterior. As
empresas menos lucrativas emitem dívida porque não dispõem de fundos internos suficientes
para financiar o seu plano de investimento e porque o financiamento por dívida está em primeiro
lugar na hierarquia das escolhas do financiamento externo.

O ISGB – Instituto Superior de Gestão Bancária (2002), enfatiza que a necessidade de obter
capital alheio a médio e longo prazo pode ser resolvida de duas formas alternativas:

 Através do recurso a um empréstimo bancário;

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 Recorrendo directamente ao mercado financeiro, através da emissão de um empréstimo


obrigacionista.

A problemática do financiamento das empresas ganhou grande destaque na investigação


financeira a partir dos finais da década de 50 com a publicação de Modigliani e Miller que
defenderam a irrelevância da estrutura de capitais, e das decisões de financiamento, na
determinação do valor das empresas.

Esse primeiro trabalho de Modigliani e Miller, de 1958, considerou as suposições de um


mercado perfeito, em que, de entre outras características, não há impostos nem custos de
transacção e todos os participantes do mercado têm acesso às mesmas informações a custo zero.
“Num mundo baseado em mercado perfeito todos, empresas e pessoas, podem tomar emprestado
e emprestar com base numa única taxa de juros livre de risco definida pelo conjunto de
participantes do mercado”. Supondo mercado perfeito, Modigliani e Miller desenvolveram um
modelo teórico sobre estrutura de capital em que se conclui que a política da estrutura de capital
de uma empresa é irrelevante, uma vez que tanto faz a empresa trabalhar com ou sem dívidas, o
seu valor se mantém inalterado.

Em seu segundo trabalho, de 1963, Modigliani e Miller relaxaram a suposição de inexistência de


impostos no mercado, considerando especificamente o imposto de renda incidente sobre o lucro
das empresas.

Diante desse quadro, os autores concluíram que as empresas deveriam trabalhar com 100% de
capital de terceiros (ou algo próximo disso), dada a economia fiscal que é gerada pelo facto de se
utilizar dívidas, uma vez que os juros, que remuneram o capital de terceiros, é dedutível para fins
de imposto de renda. Embora seja absurda a conclusão de uso de quase 100% de dívidas na
estrutura de capital, a ideia das economias fiscais geradas pelo uso de dívidas representou uma
importante contribuição para o estudo dos determinantes da estrutura de capital das empresas.

A polémica gerada com a publicação deste artigo, despertou na comunidade científica o interesse
pela investigação da estrutura de capitais. A estrutura de capital, que tanta discussão tem
motivado desde o trabalho original de MM em 1958, tem assumido diferentes definições por
vários autores. Para Brealey e Myers (1998), “( ...) é a composição da carteira dos diferentes
títulos emitidos pela empresa(...)”.

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Menezes (1987), atribui o mesmo significado à “estrutura financeira” ou “estrutura de


financiamento”, que define como a análise do nível e da composição dos capitais permanentes.
Peyrard (1992), tem um entendimento diferente - concebe a estrutura de capitais como o
financiamento de médio e longo prazo e a estrutura financeira como correspondente á
composição de todo o passivo.

Nestes termos, a questão da estrutura de capital tem a ver com a procura da mais conveniente
estruturação das parcelas do capital próprio e do capital alheio de médio e longo prazo que
permite maximizar o valor da empresa, tendo em vista uma certa rendibilidade e um determinado
risco.

Tendo em conta o elemento característico principal das diferentes perspectivas, é possível


agrupá-las em três linhas de investigação:

 A corrente que justifica a estrutura de financiamento pela procura do equilíbrio óptimo


entre o capital alheio e o capital próprio e estuda as contingências que determinam os
custos e benefícios de cada fonte. São exemplos desta corrente os trabalhos de Modigliani
e Miller (1963); Jensen e Meckling (1976) et al.
 A corrente da selecção hierárquica, para a qual a estrutura de financiamento obedece a
uma ordem de preferências dos gestores. Constituem exemplos desta corrente os estudos
de Donaldson (1961); Myers e Majluf (1984) et al.
 A corrente que fundamenta o posicionamento estratégico da empresa a escolha dos
recursos financeiros a utilizar. Com destaque para os trabalhos de Bowenet al. (1982);
Bradleyet al (1984).

A primeira abordagem (teoria do trade-off) defende a existência de um nível óptimo de


endividamento que as empresas precisam de atingir e manter para maximizarem o seu valor. O
aspecto central desta teoria é a confrontação entre os custos e os benefícios do endividamento.

Os custos, que são determinados pelo, excesso de dívida e que se reflecte no aumento dos custos
de falência (KRAUS E LITZENBERGER, 1973), no nível de endividamento que incrementa os
custos de agência provocados pelos conflitos entre os gestores e os accionistas e destes com os
financiadores (JENSEN e MECKLING, 1976) e, os benefícios, gerados pela dedução dos juros
no cálculo do imposto sobre o rendimento a pagar (MODIGLIANI e MILLER, 1963).

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Esta abordagem defende que as empresas ao definirem à priori um determinado objectivo para a
estrutura de capitais, orientam as decisões de financiamento para o cumprimento desse objectivo.
Esse objectivo constitui o nível óptimo de endividamento e, portanto, o ponto em que o valor da
empresa é maximizado.

Segundo esta teoria, com base na sua estrutura de ponto óptimo de alavancagem, determina que
as empresas buscariam este ponto de equilíbrio alvo emitindo ou recomprando dívida e/ou
capital e revertendo sempre a um ponto determinado, criando assim uma estrutura quase
“estática”. Naturalmente, esse ponto de equilíbrio alvo variaria de empresa para empresa sob o
efeito dos diferentes factores de influência da estrutura de capital, tais como: porte da empresa,
tipo do activo (volatilidade do sector económico), rentabilidade, ritmo de crescimento, os
impostos, dentre outros.

A partir do estudo de Modigliani e Miller (1958) e Modigliani e Miller (1963), foram


introduzidos vários factores, como o efeito de vários tipos de benefícios e de custos sobre a
estrutura de capitais. Factores esses actuando em direcções opostas. O primeiro factor são as
economias fiscais já citadas, que induz as empresas a trabalharem com bastante dívida, enquanto
o outro factor são os custos de falência esperados. Tais custos decorrem da perspectiva de uma
empresa se tornar inadimplente e ir à falência, na medida em que ela se torna excessivamente
endividada.

Baixos níveis de endividamento não sugerem nenhum risco de falência para as empresas, mas à
medida que elas se tornam muito endividadas, tal risco tende a aumentar significativamente de
tal forma que os investidores tratam de descontar do valor de mercado da empresa uma parcela
que corresponde a esses chamados custos de falência esperados.

Os custos de falência são dois tipos: custos directos e custos indirectos. Entende-se por custos
directos os gastos incorridos pela empresa quando efectivamente ela entra num processo de
falência. Tais gastos são incursos junto aos tribunais, advogados, etc. Os custos indirectos, por
sua vez, estão relacionados ao enfraquecimento racional de uma empresa que entra num processo
operacional decadente, na medida em que os seus clientes, fornecedores, credores e empregados
passam a evitar transaccionar com a empresa, diante da grande incerteza quanto à capacidade de
sobrevivência da mesma.

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A segunda abordagem (teoria da pecking-order), que foi desenvolvida por Myers (1984) e Myers
e Majluf (1984) e defende que as empresas não procuram uma estrutura óptima de capitais,
muito embora considere que as decisões de financiamento não são irrelevantes para o valor das
empresas.

Segundo os autores desta corrente, devido à existência de assimetrias de informação entre os


gestores e os financiadores de capitais externos, que limitam o recurso a este tipo de fontes de
financiamento, as empresas tendem a adoptar uma ordem de preferência na escolha das fontes de
financiamento. Segundo estes, os gestores preferem financiar as empresas com fundo gerados
internamente e, na ausência ou ineficiência destes, preferem a emissão de dívida a aumentos de
capital.

Esta abordagem, embora de maior sustentação empírica, não reflecte na totalidade as práticas de
financiamento utilizadas pelas empresas, o que conduziu a que Myers (1984) preconizasse que o
processo de financiamento das empresas assenta numa “peckingorder modificada” que incorpora
os contributos revelados pela abordagem do ponto óptimo de endividamento.

Por último, as teorias modernas sobre os determinantes do processo de financiamento, também


recorreram a factores de natureza não financeira para explicarem a estrutura de capitais das
empresas. Surge assim a “teoria do posicionamento estratégico” que defende o processo de
financiamento como determinante da estrutura de capitais, é influenciada pela estratégia
empresarial.

2.2.3. O Financiamento como Factor Determinante do Crescimento das PME

Mata (2003) citado por Oliveira e Fortunato (2006) afirma que o crescimento da empresa
depende do investimento realizado e do acesso ao capital. O acesso ao financiamento,
principalmente na fase de vida inicial da PME é imprescindível para que tenha possibilidade de
explorar potenciais oportunidades de crescimento e inovação. Porém as PME são caracterizadas
por dificuldades e restrições financeiras, tendo custos de financiamento mais elevados
relativamente à grandes empresas.

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Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

Segundo Oliveira e Fortunato (2006) a dinâmica do crescimento das empresas é justificada pela
literatura, muitas vezes pela restrição ao financiamento que elas enfrentam. As dificuldades
encontradas no acesso ao financiamento, e o tipo de financiamento utilizado afectam a criação e
o futuro da empresa.

Para desencadear o crescimento, as empresas necessitam de efectuar investimentos, porém as


PME ao realizarem investimentos correm o risco de não poder cumprir as obrigações de
reembolso do financiamento, e um posterior risco de falência da empresa. Sendo o risco de
falência, confirmado mesmo em factos empíricos, como um dos factores mais importantes para a
determinação de investimentos em empreendimentos.

Segundo Kirchesch (2004) os constrangimentos financeiros são apresentados na literatura como


sendo a diferença negativa entre despesas do financiamento externo e interno, ou como sendo o
risco que as empresas enfrentam com as limitações do financiamento externo, nomeadamente o
empréstimo bancário.

2.2.4. Problemática de financiamento das PME’s

O financiamento de qualquer empreendimento constitui sempre grande constrangimento para o


empreendedor, devidas as exigências que os processos relativos a créditos financeiros requerem
para a garantia do reembolso. Além disso, o crédito envolve riscos avultados, implicando para
isso o cumprimento de um conjunto de procedimentos que é necessário ter junto das instituições
financeiras.

Relativamente as PME’s o problema de financiamento se põe da mesma forma, ou com maior


profundidade, visto que não existe uma cultura de empreendedorismo forte. Muitas vezes o
empresário não se encontra munido de todas as informações necessárias para o recurso ao
crédito. Portanto, os problemas e constrangimentos que as nossas PME’s enfrentam uns são de
ordem estrutural e tem a ver com a dimensão do país e com o seu nível de desenvolvimento,
outros são específicos às empresas, que por sua vez começam com a própria criação da empresa
e são geralmente facilmente previsíveis. (SEMEDO, 2002).

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As preocupações com o financiamento das PME’s não são apenas dos empreendedores, mas
também das próprias instituições financeiras, não é por acaso que praticamente existe um
consenso a volta das dificuldades de financiamento em que destacamos:

 Insuficiência de capitais próprios;


 Dispersão/desvios de recurso;
 Não separação do património da empresa/sócio gerente;
 Organização e gestão;
 Qualidade e fiabilidade das informações contabilísticas e financeiras

As PME’s têm de adoptar uma estrutura de gestão eficiente para poderem ultrapassar esses
constrangimentos, e terem acesso ao financiamento para seus negócios.

Contudo muitos são os obstáculos por que passam, as PME’s, não do nível estrutural mas
também, das elevadas taxas de juros, praticadas no mercado, receio dos bancos em ceder aos
seus pedidos de crédito, burocracia dos processos e entre outros.

2.2.5. Métodos de avaliação da decisão de Financiamento

Para Menezes (1988), a avaliação das decisões de financiamento podem ser realizadas com base
nos seguintes métodos: Custo do capital, o custo actual das fontes de financiamento, e o valor
actual líquido da decisão de financiamento.

A) A Teoria do Custo do Capital

Os proprietários ou terceiros ao investir ou aplicar recursos em uma determinada entidade,


exigem um retorno mínimo a título de remuneração do seu capital. A taxa de captação dos
recursos entregues à administração da empresa, levada em conta o princípio contabilístico da
entidade, denota o Custo do Capital que representa a taxa de financiamento da entidade.

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Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

Conforme Atkinsonet. al.(2000), o custo do capital pode ser representado pela taxa de juros que
as empresas usam para calcular, descontando ou compondo, o valor do dinheiro no tempo. Assim
os recursos aplicados na entidade, sob a forma de investimento dos proprietários, recursos
captados no mercado financeiro sob a forma de investimento em títulos emitidos pela empresa ou
obtidos sob a forma de empréstimos, permitem-nos calcular o custo médio de obtenção do
capital necessário às operações da entidade através da média do percentual de cada fonte desses
recursos.

O capital total para uma empresa é o valor de seu património líquido mais o custo pelo fato de
possuir dívida (obrigações ou passivo). O Custo do capital de uma empresa é factor de
fundamental importância para uma variedade de decisões a serem tomadas, alguma delas são
relacionadas por Easley e Maureen (2004), no Paper Information and the Cost of Capital, The
Journal of Finance n° 4, de 2004, por meio do qual demonstram que as diferenças na
composição de informações entre públicas e privadas afectam o custo do capital, bem como que
a taxa de obtenção de capitais para projectos de investimentos influenciam a estrutura de capital
da empresa.

O custo do capital tem efeito sobre as operações da empresa que, subsequentemente, afecta a sua
lucratividade, e é obtido considerando todas as fontes dos recursos postos à disposição da
empresa, de acordo com a participação percentual do capital próprio e de terceiros.

O Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC é obtido pelo custo de cada fonte de capital
ponderado por sua respectiva participação na estrutura de financiamento da empresa.
𝑘𝑖=𝑘𝑑×(1−𝐼𝑈𝑅)

Davis e Pointon (1996) exemplificam a forma de cálculo: vamos calcular o valor do CMPC da
empresa, financiada pelo Património Líquido (PL) de 600.000.000 CVE e dívidas de
400.000.000 CVE. Portanto, há 60% de capital próprio e 40% de capital de terceiros. Se a
remuneração requerida pelos accionistas for de 20% e o custo da dívida for de 10%, Logo, o
𝐶𝑀𝑃𝐶=(20%×0,6)+(10%×0,4)=16%.

𝑀𝑃𝐶=(20%×0,6)+(10%×0,4)=16%.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 26


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

B) Custo das Dívidas

Segundo Assaf Neto (2003), o custo de capital de terceiros – Ki – “é definido de acordo com os
passivos onerosos identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela empresa”. Em
termos gerais, o Ki é determinado através das seguintes variáveis:

 O nível corrente das taxas de juros: à medida que o nível das taxas de juros aumenta o
custo da dívida para a empresa, em tese, também crescerá.
 O risco de inadimplência da empresa: à medida que o risco de inadimplência da empresa
aumenta o custo de tomar dinheiro emprestado, em tese, também crescerá.
 Os benefícios fiscais associados aos empréstimos (dívida): como os juros são dedutíveis
do imposto de renda, o custo da dívida após tributação é uma função da carga fiscal. O
benefício fiscal decorrente do pagamento de juros torna mais baixo o custo da dívida após
tributação em relação ao custo antes do pagamento dos impostos.

Dessa forma, a expressão de cálculo que representa o custo da dívida (após incidência de
impostos) apresenta-se: 𝑘𝑖=𝑘𝑑×(1−𝐼𝑈𝑅)

Onde:

𝑘𝑖= custo da dívida após IUR;

𝑘𝑑= custo da dívida antes do IUR;

𝐼𝑈𝑅= Imposto Único sobre o Rendimento.

Damodaran (1997), por sua vez, destaca o que o custo da dívida não é a taxa de cupão das
obrigações que a empresa tem a pagar, nem é a taxa à qual a empresa conseguiu tomar dinheiro
no passado. Embora essas possam ajudar a determinar o custo dos juros que a empresa terá que
pagar no ano em questão, não determinam o custo da dívida após o pagamento de impostos.
Dessa forma, uma empresa que contabilizou uma dívida contraída quando as taxas de juros
estavam baixas não pode alegar que tem um baixo custo de dívida se o nível geral das taxas de
juros ou seu risco de inadimplência aumentou nesse período.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 27


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2.2.6. Teorias Financeiras

Na perspectiva de Vilabella e Silvosa (1997) a estrutura de capital da empresa é determinada


pelos recursos utilizados pela mesma, pela origem dos recursos e da forma como é aplicada. Para
Couto e Ferreira (2009) a estrutura de capital da empresa está relacionada com a forma como a
empresa utiliza o capital próprio ou alheio para financiar os seus activos. A decisão do
financiamento a ser utilizada pela empresa pode ser feita de acordo com as teorias Financeiras
existentes, ou seja a forma de financiamento pode ser sustentada por uma base teórica a que
chamamos Teorias Financeiras.

Por outro lado, Gitman (2010), diz que a estrutura de capital é uma das áreas mais complexas de
tomada de decisões financeiras, por causa da sua interacção com outras variáveis de decisão
financeiras. Decisões equivocadas de estrutura de capital podem resultar um custo de capital
elevado, reduzindo assim valor presente líquido (VPL) dos projectos e fazendo com que um
número maior seja rejeitado. Decisões eficazes quanto a estrutura de capital podem reduzir o
custo de capital e aumentando assim o VPL dos projectos aceitáveis, e com isso, aumento do
valor da empresa.

As proposições da estrutura de capital apresentada por de Modigliani e Miller (1958), com a


publicação do seu primeiro artigo sobre custo de capital, finanças corporativas e teoria de
investimentos, são consideradas a base das Teoria Financeiras. Modigliani & Miller, (M & M),
demonstraram algebricamente que, admitindo mercados perfeitos, a estrutura de capital escolhida
por uma empresa não afecta o seu valor. Pesquisadores incluindo M & M examinaram o efeito
da premissa menos restritiva sobre a relação da estrutura de capital e valor da empresa. O
resultado é uma estrutura de capital óptima teórica que se baseia nos benefícios e nos custos de
financiamento com capital de terceiro.

O principal benefício do financiamento com capital de terceiro é benefício fiscal que permite
deduzir os pagamentos de juros do lucro tributável. O custo do financiamento com capital de
terceiro resulta:

1. Maior probabilidade de falência causadas por obrigações da dívida;


2. Da restrição da liberdade da acção da empresa pelo custo agency de credores

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3. Dos custos associados ao facto de que os gestores financeiros têm mais


informações sobre a perspectiva da empresa do que seus investidores

2.2.6.1. Benefícios Fiscais

Permite que as empresas deduzam os pagamentos de juros de seu lucro tributável reduz a parcela
do seu lucro paga ao imposto de renda e deixa, portanto, maior valor disponível aos titulares de
obrigações e acções (PIRES, 2006).

2.2.6.2. Probabilidade de Falência

A chance de uma empresa quebrar por se ver incapaz de honrar pontualmente suas obrigações
depende muito de seu nível de risco, tanto económico quanto financeiro.

Risco económico é definido como uma empresa não ser capaz de cobrir seus custos operacionais.
Quanto maior for alavanca operacional, maior será o risco económico. Aliado a alavanca
operacional, outros dois factores podem afectar o risco económico são estabilidade das receitas e
de custos. A estabilidade de receita reflecte a variabilidade relativa das receitas de vendas da
empresa. Aquelas com níveis razoavelmente estáveis de demanda e de produtos com preços
estáveis apresentam receitas estáveis que resultam de baixo nível de risco económico. A
estabilidade de custos reflecte a previsibilidade relativa de insumos como mão-de-obra e matéria-
prima. Quanto mais previsíveis e estáveis os preços dos insumos, menor o risco económico (SÀ,
2001).

2.2.6.3. Risco Financeiro

A estrutura de capital de uma empresa afecta directamente o seu risco financeiro, que é o de que
ela seja incapaz de honrar suas obrigações financeiras. A penalidade por esse não cumprimento é
a falência. Quanto mais financiamento de custos fixos a empresa tiver em sua estrutura de
capital, maior sua alavanca financeira e seu risco. O risco financeiro depende da decisão da
estrutura de capital tomada pela administração e essa decisão é afectada pelo risco económico
(ESPERANÇA E MATIAS, 2010).

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 29


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2.2.6.4. Custos de Agencia Imposto pelos


Credores

O gestor financeiro opera como agente dos accionistas que lhe conferem autoridade para
gerenciar a empresa. O problema de agency criado por essa relação estende-se ao relacionamento
não só entre gestores e accionistas, mas também entre accionistas e credores. Quando um credor
fornece fundos a uma empresa a taxa de juros cobrada baseia-se em sua avaliação de risco de
negócio. Assim a relação entre credor e tomador depende da expectativa do primeiro quanto a
comportamento subsequente da empresa (TOMÉ, 1999).

Após obter empréstimo a uma dada taxa, a empresa pode aumentar o seu risco ao investir em
projectos arriscados ou incorrer em mais dívidas. Se os investimentos arriscados derem certos, os
accionistas receberão todos os benefícios; se derem errados, os credores compartilharão os
custos.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 30


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CAPITULO III: METODOLOGIA

A metodologia é a explicação detalhada, austera e exacta de todo o acto desenvolvido no


desenvolvimento do trabalho académico. Detalha o tipo da pesquisa, o rumo seguido para tal
feito, o preceito para obter os dados a serem trabalhados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no
trabalho de pesquisa.

De acordo com Martins (2005), no que se refere à metodologia:

Corresponde ao estabelecimento das actividades práticas necessárias para a


aquisição de dados com os quais se desenvolverão os raciocínios que resultarão
em cada parte do trabalho final. Cada procedimento (ou grupo de
procedimentos) é planejado em função de cada um dos objectivos específicos
estabelecidos, ou seja, pensa-se a colecta de dados para cada problema expresso
na forma de objectivo específico, os quais concorrerão para a consecução do
objectivo geral.

Assim sendo, a metodologia está directamente ligada com o objectivo da pesquisa, é o modo
com o qual será conduzida a pesquisa, a forma de captação de dados e informações, de tal forma,
que a metodologia é a "espinha-dorsal" de uma pesquisa, a forma com qual será trabalhado todos
e quaisquer dados relevantes à pesquisa.

As tipologias de pesquisa metodológica que podem ser utilizados no desenvolver de um trabalho


académico voltado a Contabilidade são diversas, e varia de autor para autor. De acordo com
Santos (1999), podem-se segregar os procedimentos metodológicos segundo seus objectivos,
segundo os procedimentos de colecta e quanto à fonte de informação. Dentro de cada tipologia
metodológica (segundo objectivos, procedimentos de colecta e à fonte de informação), há
diversas divisões, dando origem a vários tipos de pesquisa. Desta forma é importante conceituar
cada tipologia de pesquisa, pois se necessita saber em qual delas a presente pesquisa se enquadra,
e isto, conforme exposto anteriormente, está directamente relacionado com o objectivo
estabelecido na pesquisa.

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3.1. Área de Estudo

A pesquisa foi realizada na Cidade de Chimoio. Chimoio é a capital da província moçambicana


de Manica. Tem o estatuto de cidade e administrativamente é um município com um governo
local eleito.

De acordo com o censo de 2007 a cidade de Chimoio tem uma população de 238.976 habitantes,
numa área de 174 km². E tem 3,800 Pequenas e medias empresas registadas na Cidade de
Chimoio (INE, 2014)

3.2. Classificação da Pesquisa


3.2.1. Quanto ao Objectivo

No tocante a tipologia de pesquisa quanto aos objectivos, este delineamento de pesquisa pode ser
subdividido em pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. De acordo com
Beuren (2003), a caracterização da pesquisa exploratória [...] ocorre quando há pouco
conhecimento sobre a temática a ser abordada. Por meio do estudo exploratório, busca-se
conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir questões
importantes para a condução da pesquisa.

Enfatiza Gil citado por Beuren (2003) que a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de
proporcionar uma visão geral acerca de determinado facto [...], esse tipo de pesquisa é realizado,
sobretudo, quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil formular hipóteses [...].
Sucintamente, a pesquisa exploratória tende tornar mais claro conceitos prévios sobre
determinado tema não observados de modo satisfatório anteriormente.

Assim sendo, colabora para a elucidação de questões sobre tal assunto. A pesquisa descritiva, por
sua vez, caracteriza-se como intermediária entre as pesquisas exploratória e explicativa, ou seja,
não é tão preliminar quanto a primeira e nem tão profunda como a segunda.

No ponto de vista de Gil (1999) sitado por Beuren (2003, p.81) [...] a pesquisa descritiva tem
como principal objectivo descrever características de determinada população ou fenómeno ou o
estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais significativas
está na utilização de técnicas padronizadas de colectas de dados. Destaca Andrade (2002) citado

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 32


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por Beuren (2003) a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os factos, registá-los, analisá-
los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenómenos do
mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.

Já a pesquisa explicativa, diferentemente dos outros dois tipos de pesquisa (exploratória e


descritiva), pende para o viés do método experimental, pois, além de descrever o facto, ela busca
a causa para tal facto acorrer. Na visão de Andrade (2002) a pesquisa explicativa é um tipo de
pesquisa mais complexa, pois, além de registar, analisar, classificar e interpretar os fenómenos
estudados, procura identificar seus factores determinantes. A pesquisa explicativa tem por
objectivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando a razão, o porquê das coisas e por
esse motivo está mais sujeita a erros.

Beuren (2003), explana: Num comparativo com as pesquisas exploratórias e descritivas, a


pesquisa explicativa integra estudos mais aprofundados pela necessidade de explicar os
determinantes na ocorrência dos fenómenos. Por esse motivo, as pesquisas explicativas não são
tão comuns quanto as exploratórias e descritivas na Contabilidade. Sintetizando, a ideia principal
da pesquisa exploratória é elucidar a razão e o porquê das coisas. Esse é o tipo de pesquisa que
mais aprofunda o conhecimento da realidade.

Diante do exposto deste tópico, a presente pesquisa enquadra-se, no tocante à tipologia de


pesquisa quanto ao objectivo, num primeiro momento na pesquisa descritiva, pois precisará
esclarecer determinadas características com base em assuntos já abordados, porém, no segundo
momento, terá um viés de pesquisa exploratória, pois o tema escolhido foi pouco explorado por
autores.

3.2.2. Quanto aos Procedimentos

Os procedimentos técnicos conforme Gil (2002), são o delineamento que se referem ao


panejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, que envolve tanto a diagramação quanto
a previsão de análise e interpretação de colecta de dados.
Nesse caso, o estudo classifica-se nos seguintes procedimentos técnicos:

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 Pesquisa Bibliográfica: “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material


publicado em livros, revistas, jornais, redes electrónicas, isto é, material acessível ao
público em geral” (Vergara, 2009).

A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados,


revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados actuais e relevantes relacionados
com o tema. O estudo de literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar
publicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações, podendo
orientar as indagações (Marconi e Lakatos, 2006).

Utiliza-se materiais já elaborados, como livros e artigos científicos, tendo como principal
vantagem à possibilidade da ampla cobertura de fenómenos (Gil, 2002).

 Levantamento: envolve a interrogação directa de pessoas cujo comportamento se deseja


conhecer acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa,
chegar as conclusões correspondentes aos dados colectados (Gil, 2002).

 Pesquisa Documental: quando elaboradas a partir de materiais que não receberam


tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais,
reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias e gravações, ou ainda
documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como:
relatórios de pesquisa, relatórios de empresas e tabelas estatísticas (Gil, 2002).

 Estudo de Caso: “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos, de


maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento” (Gil, 2002).

“É um estudo que analisa um ou poucos factos com profundidade. A maior utilidade do estudo
de caso é verificada nas pesquisas exploratórias e no início de pesquisas mais complexas” (Silva,
2003).

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3.2.3. Quanto à Abordagem do Problema

Concluindo as tipologias de pesquisas mais comummente aplicadas à Contabilidade, depara-se


com a tipologia de pesquisa quanto à fonte de informação, na qual se ramifica entre pesquisa
qualitativa e pesquisa quantitativa.

Para Richardson (1999):

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a


complexidade de determinado problema, analisar a interacção de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais.

Beuren (2003) complementa que na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas
em relação ao fenómeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar
características não observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade
deste último. O tipo de pesquisa qualitativa busca analisar factos e descobrir as causas de um
certo problema, o porquê daquele fato acontecer. O uso do método qualitativo é muito comum
em Contabilidade, pois, a Contabilidade é uma ciência social, portanto nem sempre sendo exacta,
apesar de lidar com números (BEUREN, 2003). Este uso é ocasionado porque a pesquisa
qualitativa importa-se com a busca do comportamento dos acontecimentos.

Em contrapeso a este tipo de abordagem, nota-se a abordagem quantitativa, que, segundo


Richardson (1999), "caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de
colecta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as
mais simples [...] às mais complexas". Dessa maneira, o método quantitativo busca precisão dos
resultados, evitando assim distorções acerca da análise e interpretação dos dados.

"A utilização dessa tipologia de pesquisa torna-se relevante à medida que se utiliza de
instrumentos estatísticos desde a colecta, até a análise e o tratamento dos dados" (BEUREN,
2003).

Neste enfoque, a presente pesquisa caracteriza-se por assumir uma tipologia mais quantitativa do
que qualitativa, pois emprega a quantificação nas modalidades de colecta de informações e no
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples às mais complexas.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 35


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

3.3. Procedimentos de Amostra e Amostragem

Segundo Gil (1999), para que haja fidedignidade e representatividade das características do
Universo em estudo, a determinação da amostra deve apresentar quatro factores: «… a extensão
do Universo, o nível de confiança estabelecido, erro máximo permitido e a percentagem com o
qual o fenómeno se verifica.»

A determinação da amostra, depende da extensão do universo em estudo, pelo que, os universos


de pesquisas são diferenciados em Universos Finitos e Infinitos, sendo o primeiro aquele que o
número de elementos não ultrapassa 100.000, e o segundo, são aqueles em que o número de
universo ultrapassa 100.000, pois acima deste número, qualquer tamanho que for o universo, será
sempre seleccionado o mesmo número de amostra. O nível de confiança de uma amostra, está
relacionada com a “curva normal, definida a partir dos desvios padrão á sua média”, segundo Gil
(1999) em que, pode-se assumir de um desvio padrão há três desvios padrão tanto á sua direita
como á sua esquerda, definindo assim a média correspondida ao seu total.

Geralmente, os resultados que se extraem não são exactos em relação ao universo em estudo,
apresentando sempre, um «erro de medição», que pode aumentar ou diminuir conforme o
número de amostras assumidos (Hill, 2000). Este erro de medição, é apresentado em forma de
percentagem, que pode variar entre 3% (mínimo) e 5% (máximo).

Também é de extrema importância a estimativa prévia da percentagem com que o fenómeno se


verifica para a determinação de uma amostra. Desta forma, o cálculo do tamanho de uma
amostra exige um procedimento muito rígido, diferenciando a fórmula para uma população finita
e infinita.

Sendo assim, assumiu-se a determinação da amostra para esta investigação, sobre uma população
alvo FINITA, de 3.800, onde a fórmula do cálculo das amostras foi a seguinte:

2
σ p.q. N
n= 2 2
l ( N−1 ) +σ p . q

Em que:

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 36


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

 n = Tamanho da Amostra
 σ = Nível de confiança escolhido, expresso em números de desvio padrão
 p = Percentagem com a qual o fenómeno se verifica
 q = Percentagem complementar (100-p)
 e = Erro máximo permitido
 N = Tamanho da população (números das PME’s na Cidade de Chimoio)

Neste estudo considerou-se os seguintes parâmetros para determinação da amostra:

 N= 3.800 (que corresponde o total de PME’s na Cidade de Chimoio);


 ℓ= 5% (nível de erro);
 σ= 3 (que equivale a um nível de confiança de 99%);
 p= 0.98
 q= 0.02 (1-0.98);

O que determinou uma amostra de 69 empresas a serem inquiridas. o que corresponde a uma
taxa de amostragem de 1.82%

A probabilidade de cada empresa pertencer ao universo deste estudo é conhecida (1 por 69) e
com uma probabilidade não nula. Deste modo, trata-se de uma amostragem probabilística. Uma
amostragem é considerada probabilística quando todos os elementos da população tiverem
probabilidade conhecida e diferente de zero (Mattar, 2004; Reis et al., 2008).

Percepção dos PMEs sobre o financiamento a longo prazo em Moçambique: O caso da Cidade
de Chimoio Relativamente ao tipo de amostragem, acabou-se por optar pela amostragem
estratificada não proporcional e a selecção aleatória simples. No caso da amostragem
estratificada não proporcional, segundo Gil (2008), a extensão das amostras dos vários estratos
não é proporcional à extensão desses estratos em relação ao universo. Há situações em que este
procedimento é o mais adequado, particularmente naqueles em que se tem interesse na
comparação entre os vários estratos (Gil, 2008).

3.4. Colecta de dados

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 37


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

A metodologia adoptada consubstanciou-se na preparação de um inquérito dirigido às PME’s da


Cidade de Chimoio em Moçambique. O inquérito está segmentado em quatro grupos de
perguntas:

O primeiro grupo pretende caracterizar, de uma forma geral, a empresa (local da sede, data de
início de actividade, relação de quem responde para com a empresa, principal actividade da
empresa, tipo de sociedade, número de colaboradores, porte da empresa);

O segundo grupo é relativo às formas de financiamento tradicionais utilizadas pelas empresas,


nomeadamente o número de entidades bancárias com que trabalham, quais os produtos e
relevância atribuída aos produtos bancários, relevância das garantias exigidas, qual a percepção
sobre a existência de dificuldades de acesso ao financiamento e as principais dificuldades que
existem no acesso ao financiamento;

O terceiro grupo de questões está relacionado com a utilização de formas de financiamento


alternativas; por fim, existe um último grupo de questões de opinião sobre decisões e condições
de financiamento e como é classificada a envolvente empresarial no Pais.

O inquérito foi feito em 5 dias, população de 100 empresas da Cidade de Chimoio, do qual
resultaram pouco mais de 70 respostas, o que com uma taxa de cerca de 7% está dentro das
expectativas no meio empresarial moçambicano. Como o inquerito é dirigido apenas à PME,
foram excluídas três respostas devido a serem de grandes empresas.

3.5. Apresentação e Análise de dados

Para o tratamento da amostra foi utilizado o programa SPSS (Statistical Package for Social
Sciences). Na visão de Alexandre (2006), o aplicativo SPSS é “uma poderosa ferramenta
informática que permite realizar cálculos estatísticos complexos, e visualizar os seus resultados,
em poucos segundos”. Em alguns momentos, utilizou-se o Microsoft Excel 2007. A análise dos
resultados baseou-se nos seguintes procedimentos estatísticos:

 Técnicas de análise descritivas – produção de tabelas e gráficos (de frequências simples,


percentagem e cruzamento de variáveis). Determinou-se algumas medidas estatísticas tais
como média, desvio padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo;

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 38


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

 Testes estatísticos – aplicação de testes estatísticos, consoante a classificação de cada


variável considerada no estudo. Para os testes, inicialmente foi fixado um nível de
significância de 5%. A dimensão da amostra é superior a 30 (n>30), não colocando o
problema da normalidade das variáveis (Reis, et al. 2008, Pestana e Gageiro, 2008).
 Apesar disto, verificou-se a normalidade da variável idade no sentido de decidir sobre a
utilização do teste paramétrico ou não paramétrico. Sendo assim, foram utilizadas os
testes de Kolmogorov-Smirnov (K-S) com a correcção de Lilliefors e Shapiro-Wilk (S-
W), admitindo a existência da normalidade quando os valores de p>0,05 (Reis et al.,
2008). O teste não paramétrico de Qui-quadrado de Independência foi aplicado para
averiguar a relação existente entre variáveis não numéricas e o de Aderência para
comparar as frequências dos valores observados com as frequências dos valores
esperados, dos diferentes itens da percepção global sobre a qualidade. O teste paramétrico
T de Student e o não paramétrico Mann-Withney (M-W) aplicam-se para duas amostras
independentes e sempre que se pretenda comparar as médias de uma variável quantitativa
em dois grupos diferentes de sujeitos. Para comparar mais de duas amostras
independentes utilizou-se o teste paramétrico ANOVA e o não paramétrico Kruskal-
Wallis (K-W) (Reis et al., 2008; Pereira, 2008).
 Análise correlacional, para determinar o grau de associação entre as dimensões,  e entre
estas e a percepção global.

3.6. Limitações

Como em qualquer trabalho monográfico deparámos com algumas dificuldades, mais


concretamente, em termos de bibliografia específica e outros documentos para o tema em estudo.
Para além das dificuldades encontradas na recolha dos dados, outras limitações se nos
impuseram, como a pouca disponibilidade e colaboração de certos serviços competentes na
prestação de esclarecimentos e informações pertinentes, o que condicionou desfavoravelmente o
trabalho, mas restringindo conclusões á apenas a empresa estudada.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 39


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO


4.1. Resultados e Discussão
4.1.1. Principais Actividades das PMEs

A análise dos resultados iniciou-se com a realização de uma análise univariada às variáveis
objecto de estudo, com o objectivo de descrever seu comportamento.

Foi questionada a data de início de actividade da empresa, verificando-se que a mais antiga
iniciou a actividade em 1998; e a mais recente, em 2015. Em termos médios, as empresas têm
cerca de 10 anos de existência.

O principal sector de actividade das empresas que responderam ao inquérito é a Prestação de


Serviços, com 42% das respostas, seguindo-se o comércio com 40% e as indústrias com 21%,
como demostra a Tabela 4.

Tabela 4: Principais Actividades das PMEs

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Serviços 28 42.0 42.0 40.6

Comercio 27 40.0 40.0 79.7

Industria 14 21.0 21.0 100.0

Total 69 100.0 100.0

Fonte: Autora (2016)

As sociedades unipessoais são as empresas mais representativas do inquérito, com 52% das
respostas; seguem-se as sociedades por quotas, com 36,4%; e as sociedades anónimas com 10%.

De acordo com a definição de PME, participaram 13,1% de empresas com um a quatro


colaboradores; 54,2% com 5 a 49 colaboradores; e, por fim, 32,7%, com 50 a 99 colaboradores.

Como a definição de PME abrange outros critérios para além do número de colaboradores, foi
colocada a questão sobre o porte/estatuto da empresa. Responderam ao inquérito 11,2%
microempresas, 54,2% pequenas empresas e 34,6% médias empresas.
Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 40
Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

Gráfico 1: Classificação das empresas quanto ao Porte

Fonte: Inquérito por questionário

Pela Tabela 5, pode-se constatar que o auto-financiamento é a principal fonte de financiamento,


sendo utilizado por 91% das empresas, enquanto 62% utilizam o crédito bancário. De forma
residual, são utilizados fundos e empréstimos/subvenções do Estado, com 4.6%.

Tabela 5: Principais Fontes de Financiamento Utilizada pelas Empresas

Responses

N Percent Percent of Cases

Credito Bancário 42 62% 65.6%

Auto-financiamento 62 91% 96.9%

Empréstimos / Subvenções
5 4.6% 7.8%
do Estado

Total 109 100.0% 170.3%

Fonte: Inquérito por questionário

No presente estudo, as empresas preferem primeiro o auto-financiamento, seguida do recurso à


dívida e a opção pela emissão de acções e obrigações como forma de financiamento não é sequer
escolhida. Esses resultados evidenciam características típicas do modelo continental de

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 41


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

financiamento, em que existe uma preferência muito forte pelo auto-financiamento e pelo crédito
bancário e em que o papel da bolsa e dos mercados de capitais é reduzido.

Relativamente ao número de instituições bancárias com que transaccionam, as empresas que


trabalham com cinco bancos representam 10.1%; com quatro bancos, 1.4% das empresas; as que
trabalham com dois 36.2% e três bancos têm a percentagem de 17.4%; e, por fim, 24.6%
trabalham apenas com um banco.

Tabela 6: Número de Entidades Bancárias com que Trabalham

Cumulative
Frequency Percent Valid Percent Percent

1 17 24.6 27.4 27.4

2 25 36.2 40.3 67.7

3 12 17.4 19.4 87.1

4 1 1.4 1.6 88.7

5 7 10.1 11.3 100.0

Total 62 89.9 100.0

Total 69 100.0

Fonte: Autora (2016)

Refira-se que não é investigada a questão se as empresas que trabalham com mais bancos têm
mais dificuldades ou necessidades de financiamento em face daquelas que trabalham com menos
bancos, ou se a escolha de trabalhar com mais bancos relaciona-se com uma forma de obter
condições mais vantajosas e diferenciadoras.

O produto de crédito bancário (Tabela 7) mais utilizado pelas empresas é a conta corrente, com
28% das respostas, seguindo-se o leasing/renting e os empréstimos de médio e longo prazo
(superiores a um ano), com 20.3%. Com cerca de 9.7% de respostas, estão as garantias bancárias,
os empréstimos de curto prazo (inferior a um ano) e o desconto de letras. O factoring, e o
desconto de notas promissórias surgem com 13%, 3.4% das respostas, respectivamente.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 42


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Tabela 7: Produtos de Crédito Bancário mais Utilizado pelas Empresas

Responses

N Percent Percent of Cases

Conta corrente 58 28.0% 84.1%

Empréstimos de médio e longo 42 20.3% 60.9%

Leasing e/ou Renting 42 20.3% 60.9%

Garantias bancárias 20 9.7% 29.0%

Desconto de letras 11 5.3% 15.9%

Factoring 27 13.0% 39.1%

Desconto de notas promissórias 7 3.4% 10.1%

Total 207 100.0% 300.0%

Fonte: Autora (2016)

Para obtenção de financiamento bancário, as empresas atribuem maior relevância (Tabela 8) à


nota promissória subscrita pela empresa e à nota promissória com aval dos sócios como garantias
necessárias. No total, mais de 60% das empresas consideram essas garantias como relevantes ou
muito relevantes para a obtenção de financiamento bancário. Os covenants/cartas conforto são o
tipo de garantia pouco relevante e nada relevante. A garantia hipotecária e a garantia mútua
apresentam uma relevância intermédia entre as empresas não atribuem relevância a esses tipos de
garantia.

Tabela 8: Relevância das Garantias para a Obtenção dos Financiamentos

Cumulative
Frequency Percent Valid Percent Percent

Valid Nota promissória subscrita


pela empresa com aval 35 50.7 50.7 50.7
pessoal

Nota promissória subscrita 34 49.3 49.3 100.0


pela empresa

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 43


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

Total 69 100.0 100.0

Fonte: Autora (2016)

Relativamente à questão sobre se existem dificuldades no acesso ao financiamento bancário,


63% das empresas responderam que existem dificuldades; 34% responderam que não existem
dificuldades; e 3% não manifestaram opinião. No Gráfico 2, são avaliadas as principais
dificuldades no acesso ao financiamento bancário apontadas pelas empresas.

Gráfico 2: Dificuldades de acesso ao financiamento

Fonte: Autora (2016)

A forma de financiamento alternativa mais utilizada pela empresa é o financiamento com recurso
a Garantia Mútua, com 50.7% das respostas, e 36% das empresas não utilizaram nenhuma das
formas de financiamento alternativas sugeridas (Tabela 9). O papel comercial regista 15.9% de
respostas. As percentagens de respostas para os empréstimos obrigacionistas, sociedades de
capital de risco são 10%.

Tabela 9: Formas de Financiamento Alternativas já Utilizadas pela Empresa

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Perc

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 44


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

Valid Financiamento com


35 50.7 58.3 58.3
recurso a garantia mútua

Papel comercial 11 15.9 18.3 76.7

Sociedades de capital de
7 10.1 11.7 88.3
risco

Empréstimos
7 10.1 11.7 100.0
obrigacionistas

Total 60 87.0 100.0


Total 69 100.0

Fonte: Autora (2016)

Grafico 3: Formas de financiamento já utilizadas pela empresa

Esses resultados demonstram que não existe por parte das empresas o recurso e uma utilização
significativa de formas de financiamento alternativas e, por outro lado, é de salientar o
importante papel que os empréstimos com recurso a Garantia Mútua representam.

Na Tabela 10, apresentam-se os resultados da questão de quais as formas alternativas que a


empresa pondera utilizar nos próximos dois anos: 43% das empresas refere que não irão utilizar
nenhuma das formas de financiamento alternativas sugeridas. O financiamento com recurso a
Garantia Mútua obteve 37.7% das respostas; utilização de papel comercial, 11.6% de respostas.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 45


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As restantes respostas foram relativamente baixas: sociedades de capital de risco, empréstimos


obrigacionistas. Conclui-se que, em grande medida, não se dá maior atenção à utilização de
formas de financiamento alternativas no momento da escolha do tipo de financiamento a utilizar
nos próximos anos, apesar das actuais dificuldades que existem no financiamento tradicional,
nomeadamente, ao nível bancário.

Tabela 10: Formas de Financiamento Alternativas que a Empresa Pondera Utilizar nos
Próximos Dois Anos

Valid Cumulative
Frequency Percent Percent Percent

Valid Financiamento com


recurso a garantia 26 37.7 76.5 76.5
mútua

Papel comercial 8 11.6 23.5 100.0

Total 34 49.3 100.0


Total 69 100.0

Fonte: Autora (2016)

O aumento do endividamento das empresas é considerado pela maioria delas como relevante ou
muito relevante em face do aumento do risco tanto para accionistas como para os detentores da
dívida. Esse resultado reflecte a abordagem da teoria de Durand (1952), segundo a qual o
aumento do endividamento provoca o aumento do risco para os accionistas e para os detentores
da dívida, sendo exigido um prémio maior para seus investimentos. Em situações extremas, fica
implícito o risco de falência resultante de um endividamento excessivo. Daskalakis e Psillak
(2009) consideram que o sistema jurídico desempenha papel fundamental na disponibilidade de
financiamento externo de uma empresa, com especial relevância nas PMEs.

Foi também averiguado se as empresas têm em atenção questões de fiscalidade no momento de


escolher suas estruturas de capital e formas de financiamento: 50% das empresas consideram
aquela questão relevante; e 11,21%, muito relevante. Esse resultado contradiz o estudo de Pettit e
Singer (1985), que considera as questões fiscais de pouca importância para as PME’s, porque
essas empresas são menos susceptíveis de gerar elevados lucros e, portanto, são menos propensas

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 46


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ao uso do benefício fiscal da dívida. A maturidade dos activos versus a maturidade do passivo é
uma das questões fundamentais do equilíbrio financeiro.

Relativamente ao ambiente exterior, os resultados mostram que as empresas consideram como


muito relevante ou relevante o clima macroeconómico do país na influência do endividamento
das empresas de curto e de longo prazo (82,24% das respostas). Michaelas, Chittenden e
Poutziouris (1999) consideram que em períodos de recessão económica as empresas recorrem
mais ao endividamento de curto prazo para responder a problemas momentâneos de tesouraria.
Durante esses períodos de abrandamento económico, os grandes investimentos tendem a ser
adiados.

Quando a economia começa a crescer e as empresas aumentam os lucros, liquidam os


financiamentos de curto prazo e começam a implementar os grandes investimentos que haviam
sido adiados, aumentando, assim, o endividamento de longo prazo. Analisando mais
detalhadamente como as empresas caracterizam algumas variáveis macroeconómicas da
envolvente empresarial em Moçambique, destaca-se o funcionamento da Justiça, caracterizado
como muito mau por 39,3% das empresas e como mau por 43,9%.

De acordo com Daskalakis e Psillak (2009), o sistema jurídico desempenha papel fundamental na
disponibilidade de financiamento externo de uma empresa, com especial relevância nas PMEs. A
burocracia é outro dos factores macroeconómicos das empresas como tendo muito mau
funcionamento ou mau funcionamento, enquanto a concorrência/regulação teve 41% de
respostas como mau funcionamento e 32% estão indecisos.

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CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

5.1. Conclusão

O presente trabalho foi realizado como requisito parcial para o grau de Licenciatura em
Contabilidade e Auditoria no Instituto Superior Politécnico de Manica. Durante a elaboração
deste trabalho, Moçambique esteve sob crise financeira, consequência da elevada dívida pública
e das dificuldades de financiamento do país nos mercados financeiros. A crise que afectou
algumas instituições bancárias provocou a diminuição do nível de concessão de crédito à
economia e o aumento dos custos de financiamento.

Os resultados do inquérito apontam para a aplicabilidade da teoria de Durand (1952; 1959),


segundo a qual um aumento do endividamento das empresas é considerado pela maioria delas
como relevante ou muito relevante em face do aumento do risco tanto para accionistas quanto
para os detentores da dívida. O estudo não permitiu uma conclusão clara sobre se as PMEs das
Cidade de Chimoio consideram o papel do sistema jurídico fundamental na disponibilidade de
financiamento externo, conforme concluiu Daskalakis e Psillak (2009).

As empresas têm em conta os benefícios fiscais na escolha de suas estruturas de capitais e formas
de financiamento, resultado que contradiz o estudo de Pettit e Singer (1985), que consideram as
PMEs menos susceptíveis de gerar elevados lucros e, portanto, menos propensas ao uso do
benefício fiscal da dívida.

A maioria das empresas considera que o mais recente Plano de Conta, recentemente aplicado em
Moçambique, permite obter informação mais credível e homogénea, o que poderá melhorar não
só a qualidade da informação contabilística produzida, apurando o relacionamento que mantém
com os bancos (Baas & Schrooten, 2006), como também as condições de acesso ao crédito
bancário (Hall, Hutchinson & Michaelas, 2004). A generalidade das PMEs que responderam ao
inquérito procura financiar seus investimentos com dívida, cuja maturidade seja similar à dos
activos que ela irá financiar, resultado em acordo com o estudo de Graham e Harvey (2001).

O questionário permitiu concluir que é o auto-financiamento a principal fonte de financiamento,


sendo utilizado por 91% das empresas; segue-se o crédito bancário, utilizado por 62% das

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 48


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empresas. Os financiamentos por emissão de acções e obrigações não tiveram respostas,


características típicas do modelo continental de financiamento, em que existe uma preferência
muito forte pelo auto-financiamento e pelo crédito bancário e em que o papel da bolsa e dos
mercados de capitais é reduzido.

A expressiva maioria das empresas tem dificuldades no acesso ao crédito bancário; os custos do
empréstimo, ou seja, as comissões e as despesas cobradas e as taxas de juro praticadas, são o
factor que mais contribui para tal situação. Esse resultado poderia significar que as empresas
estariam mais propensas à utilização de formas de financiamento alternativas, situação que não
veio a verificar-se.

De acordo com os resultados do inquérito, 36% das empresas não utilizaram nenhuma das
formas de financiamento alternativas sugeridas e 43% também não ponderam vir a utilizar
nenhuma delas nos próximos dois anos. Esses dados são reveladores de alguma rigidez que
existe na utilização de formas de financiamento tradicionais, apesar das dificuldades admitidas
em seu acesso.

Conclui-se que a utilização de fontes de financiamento diversificadas e alternativas é um


processo demorado, tendo em conta que as formas de financiamento tradicionais estão bastante
enraizadas na génese das PME’s e na mentalidade de seus dirigentes. O agravamento e as
limitações das condições de financiamento tradicionais poderiam ser uma forma indirecta de
incentivar a utilização de formas de financiamento alternativas, mas até ao momento não se
verifica essa tendência, pois o acesso ao mercado de capitais parece estar ainda dedicado às
grandes empresas.

5.2. Recomendações

Na verdade todo e qualquer trabalho de pesquisa requerem uma mais-valia individualizada por
parte dos pesquisadores. Com isso as sugestões propostas para futuras investigações surgem do
processo de investigação realizado e das limitações detalhadas.

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 49


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

A primeira sugestão é a de que outros investigadores apliquem os instrumentos de medida


sugeridos nesta investigação numa amostra de maiores dimensões e que se realizem entrevistas a
gestores, que permitam fazer uma avaliação qualitativa às empresas.

Uma outra sugestão para investigações futuras envolveria um estudo mais alargado que
permitisse comparar as principais diferenças em Moçambique noutros países, na perspectiva de
perceber se existe uma influência directa da cultura empresarial do país onde as empresas estão
instaladas.

Neste sentido, investigar ainda, sobre as razões que justificam um nível de investimento tão
escasso e a razão pela qual, em Moçambique (contrariamente à generalidade dos outros países),
as PME's enfrentam problemas em financiar os seus projectos de investimentos, sabendo que no
geral estes representam cerca de 86% das empresas existentes em Moçambique, para além de
promover o crescimento económico e de gerar empregos.

Há ainda muitas questões a explorar no que respeita a inovação empresarial. Neste sentido,
acrescenta-se mais algumas pistas que poderão ser desenvolvidas em estudos futuros,
nomeadamente, tipos de benefícios fiscais á disposição das PME's Moçambicanas. Sendo assim
creio que o Governo deveria apostar fortemente na promoção de condições de incentivos á
criação e crescimento das actividades das pequenas e médias empresas, na formação do
empreendedorismo jovem e na mobilização de financiamento as PME's.

Ainda é de frisar que devido à insuficiência de conhecimento contabilísticos/financeiros e de


recursos financeiros, os gestores/administradores das pequenas e médias empresas
Moçambicanas deverá ser alertado para os benefícios da utilização da informação financeira.
Pois, segundo vários estudos a causa principal da falência das pequenas e médias empresas tem a
sua origem na deficiente utilização da informação financeira. É necessário que os registos
contabilísticos sejam efectuados em tempo útil e oportuno, de modo a sustentarem o processo da
tomada de decisão.

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Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

ANEXOS

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 54


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Inquérito

O engajamento das Pequenas e Medias Empresas na Analise das Fontes de Financiamento

Este questionário tem a finalidade de estudar e analisar os Financiamentos a Longo Prazo nas Pequenas e
Medias Empresas Moçambicanas, com o objectivo de permitir a elaboração do trabalho de fim de curso
ministrado pelo ISPM. Neste sentido, é imprescindível que as suas respostas sejam sinceras. A
confidencialidade das suas respostas será integralmente respeitada.

I. GRUPO: CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA

I.1. Qual é a localização da sede da Empresa? (Província)____________________________

I.2. Quando iniciou as suas actividades? (Ano )___________________

I.3. Qual é a principal Actividade da Empresa?

Industria  Comercio  Serviços 


I.4. Qual é o tipo de Sociedade?

Quotas  Unipessoais  Anónimas 


I.5. Quantos Colaboradores tem a Empresa?

1-4  5-49  50-99

I.6. Como se classifica a empresa quanto ao Porte?

Micro Pequena Media

Trabalho de Licenciatura – Guilhermina Rafael Sitoe Pag. 55


Analise da Fonte de Financiamento a Longo Prazo de Pequenas e Medias Empresas

II. GRUPO: FORMAS DE FINANCIAMENTO

II.1. Já solicitou algum tipo de financiamento?

Sim  Não 
II.2. Qual é a fonte de financiamento utilizada pela empresa?

Credito Bancário  Emissão de acções 


Auto-financiamento  Empréstimos / Subvenções do Estado 
Emissão de obrigações 
II.3. Qual é o número de Entidades Bancárias com que trabalham?_____

II.4. Quais os produtos e relevância atribuída aos produtos bancários?

Conta corrente  Garantias bancárias 


Empréstimos de médio e longo  Empréstimos de curto prazo 
Leasing e/ou Renting  Desconto de letras 
Financiamentos/Oper.com o estrangeiro  Factoring 
Descoberto bancário  Desconto de notas promissórias 

II.5. Qual é a relevância das Garantias para a Obtenção dos Financiamentos?

Nota pr subscrita pela empresa c/aval pessoal  Nota promissória subscrita pela empresa 
Garantia mútua  Garantia hipotecária 
Penhor de valores  Covenants / Cartas conforto 

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II.6. Dificuldades no Acesso ao Financiamento Bancário

Taxa de juro  Comissões e despesas 


Garantias exigidas  Montante aprovado 
Tempo de resposta  Outro 
II.7. Qual a percepção sobre a existência de dificuldades de acesso ao financiamento e as
principais dificuldades que existem no acesso ao financiamento?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
________________________________________________________________.

III. GRUPO: UTILIZAÇÃO DE FORMAS DE FINANCIAMENTO ALTERNATIVAS

III.1. Formas de Financiamento Alternativas já Utilizadas pela Empresa

Financiamento c/ recurso a garantia mútua  Papel comercial 


Sociedades de capital de risco  Empréstimos obrigacionistas 
Nenhuma das anteriores 
III.2. Formas de Financiamento Alternativas que a Empresa Pondera Utilizar nos Próximos
Dois Anos

Financiamento Alt já Utilizadas pela Emp  Fin. com recurso a garantia mútua 
Papel comercial  Sociedades de capital de risco 
Empréstimos obrigacionistas  Outro 

IV. GRUPO: OPINIÃO SOBRE DECISÕES E CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO E


COMO É CLASSIFICADA A ENVOLVENTE EMPRESARIAL

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_____________________________________________________________________________________
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