Apostila de Introdução Ao Estudo Do Direito Cintia

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Apostila de Introdução ao Estudo

do Direito
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Publicado por Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas


há 3 anos
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APOSTILA DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO


DIREITO
Professora: Cláudia Mara de Almeida Rabelo
Viegas[1]

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO:


Disciplina que fornece ao estudante as noções fundamentais
para a compreensão do fenômeno jurídico. Estuda conceitos
gerais úteis a todos os ramos do direito.

1. O Mundo da Natureza e o Mundo da Cultura:


Podemos considerar a realidade sob duas formas
distintas, quais sejam: o Mundo da Natureza e o Mundo
da Cultura.
Mundo da Natureza - É tudo aquilo que nos foi dado. Existe
independente da atividade humana. Trata-se de realidade
natural. Aqui existem as leis físico-matemáticas que são
regidas pelo princípio da causalidade, ou seja, são leis
cegas aos valores. São meramente indicativas. Ex: a Terra é um
planeta. Princípio da causalidade: na natureza nada ocorre por
acaso. Cada fenômeno tem sua explicação em uma causa
determinante. Esse princípio corresponde ao nexo existente
entre a causa e o efeito de um fenômeno. A gravidade nos
explica que se a caneta cair da mesa será atraída para o chão
Mundo da Cultura - É tudo aquilo que vem sendo
construído pelo homem ao longo da história. Trata-se de
realidade humano-cultural-histórica. É aqui que se situa o
DIREITO.
O homem produz as leis culturais, que são normas imperativas
– “dever ser”. Ex: O homem deve ser honesto. O pai e a mãe
devem alimentar seus filhos. O devedor deve pagar o credor.
Não se deve matar ninguém. O homem planeja e constrói seu
mundo de acordo com seus ideais. Tem liberdade criadora.
Humaniza a natureza.

1. O que é Direito:
Conceito 01: “Conjunto de normas/leis estabelecidas por um
poder soberano, que disciplinam a vida social de um povo”
(Dicionário Aurélio)
Kelsen – pensador brilhante - autor da Teoria Pura do Direito
– considerava que direito seria um conjunto de normas – era
chamado de positivista porque acreditava que direito era posto
– positivado – transcrito em normas escritas.

Conceito 02: “O Direito é processo de adaptação social,


que consiste em se estabelecerem regras de conduta,
cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a
incidência da regra jurídica possa interessar”. (Pontes de
Miranda)
O Direito está em função da vida social.
“Onde há homem, há sociedade; onde há sociedade, há
direito; Logo, onde há homem, há direito”.
Os cenários de lutas, as alegrias, os sofrimentos do homem ao
longo da história nos mostram que o direito é necessário, pois
onde há aglomeração de pessoas, há relacionamento humano,
que automaticamente, gera amizade, amor, colaboração, mas,
por outro lado, traz a discórdia, intolerância e inimizade, o
natural aparecimento de conflitos sociais vão demandar
soluções que o direito irá cuidar.

Mútua Dependência entre o Direito e a Sociedade


Fato Social e Direito - Direito e sociedade são entidades
congênitas e que se pressupõem. O Direito não tem existência
em si próprio. Ele existe na sociedade.

1. Qual é a finalidade do Direito?


“O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a
de favorecer o amplo relacionamento entre as
pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do
progresso da sociedade” (Paulo Nader)“O Direito propõe-
se a promover os alicerces da convivência pacífica e
promissora. Essa é a finalidade do conjunto de normas
jurídicas impostas pela sociedade a si mesma, através do
Estado, para manter a ordem e coordenar os interesses
individuais e coletivos” (João Batista Nunes Coelho)
Finalidade básica – COEXISTÊNCIA PACÍFICA

Enfim, o direito é um instrumento de pacificação social, que


visa  favorecer o amplo relacionamento entre as
pessoas e os grupos sociais,  a fim de manter a ordem
e coordenar os interesses individuais e coletivos
1. Acepções da palavra direito:
2. Direito como justo: designa o que é certo e errado.
3. Ciência do Direito: também chamada de
dogmática jurídica estuda o Direito Positivo de
determinado país. Interpreta e sistematiza as normas
jurídicas.
4. Direito positivo/natural:
CONCEITOS:
DIREITO NATURAL: ou jusnaturalismo é uma teoria
que postula a existência de um direito cujo conteúdo é
estabelecido pela natureza e, portanto, é válido em
qualquer lugar.
O Direito Natural não é escrito, não é criado pela
sociedade e nem é formulado pelo Estado. É
um Direito espontâneo que se origina da própria
natureza social do homem, revelado pela conjugação
da experiência e razão. Princípios de caráter universal e
imutáveis. Ex: direito à vida e à liberdade.
São diversas as origens do direito natural:
 Para os helenistas, o direito natural corresponderia à
natureza cósmica. Ex: perfeição, ordem e equilíbrio do
universo;
 Para os Teólogos medievais, vinha de Deus;
 Para os racionalistas, o Direito Natural é produto da razão
humana;
 Atualmente, a corrente majoritária afirma ser o direito
natural baseado na natureza humana. Todo ser é dotado
de uma natureza e um fim, ou seja, a natureza do ser (suas
propriedades) define o fim a que este tende. Para se chagar
a esse fim devemos respeitar algumas normas, que compõe
o Direito Natural.
Direito natural é aquele que se compõe de princípios
inerentes à própria essência humanas, servem de
fundamento ao Direito Positivo: "o bem deve ser feito", "não
lesar a outrem", "dar a cada um o que é seu", "respeitar a
personalidade do próximo", "as leis da natureza", etc..
Portanto, revela ao legislador os princípios fundamentais de
proteção ao homem. É constituído por um conjunto de
princípios, com caráter universal, eterno e imutável e
pertencem a todos os tempos, não são elaborados pelos
homens e emanam de uma vontade superior porque pertencem
à própria natureza humana: "o direito de reproduzir" "o direito
de constituir família" "direito à vida e à liberdade"... Direito
Natural é o direito legítimo, que tem raízes, que brota da
própria vida, no seio do povo.
O adjetivo natural, aplicado a um conjunto de normas, já
evidencia o sentido da expressão, qual seja, o de preceitos de
convivência criados pela própria Natureza e que, portanto,
precederiam a lei escrita ou direito positivo, normas postas,
impostas pelo Estado (jus positum).

O direito natural é a ideia abstrata do Direito; o ordenamento


ideal, correspondente a uma justiça superior e anterior – trata-
se de um sistema de normas que independe do direito positivo,
ou seja, independe das variações do ordenamento da vida
social que se originam no Estado. O direito natural deriva da
natureza de algo, de sua essência. Sua fonte pode ser a
natureza, a vontade de Deus ou a racionalidade dos seres
humanos.

O direito natural é o pressuposto do que é correto, do que é


justo, e parte do princípio de que existe um direito comum a
todos os homens e que o mesmo é universal. Suas principais
características, além da universalidade, são imutabilidade e o
seu conhecimento através da própria razão do homem.
Anteriormente, o direito natural tinha o papel de regular o
convívio social dos homens, que não necessitavam de leis
escritas. Era uma visão objetiva.

Com o surgimento do direito positivo, através do Estado, sua


função passa a ser uma espécie de contrapeso às atividades
legitiferante do Estado, fornecendo subsídios para a
reivindicação de direitos pelos cidadãos, passando a ter um
caráter subjetivo.

DIREITO POSITIVO: conjunto de normas jurídicas escritas


e não escritas, vigentes em um determinado território e,
também internacionalmente, na relação entre os Estados. Não
obstante tenha surgido nos primórdios da civilização
ocidental, o direito positivo se consolida como esquema
de segurança jurídica a partir do século XIX.
O direito positivo é conjunto de princípios e regras que regem a
vida social do povo. É institucionalizado pelo Estado, são
normas jurídicas de determinado país. Ex: Código
Penal, Código Civil, etc.
O Positivismo Jurídico:
Na transição da idade média para a moderna, de meados do
século XVIII ao início do século XIX, a sociedade reclamava
limites ao poder concentrado e ilimitado do soberano.
Buscavam-se barreiras aos arbítrios dos reis absolutistas.

Em resposta, os movimentos constitucionalistas modernos,


sobretudo, por meio da Constituição francesa de 1791 e
da Constituição dos Estados Unidos de 1787, trouxeram
consigo um mito no sistema jurídico: a lei. Esse instrumento
conformador da liberdade dos cidadãos passa a ser
considerado o único a legitimar a limitação dos seus direitos.
Somente a lei válida poderia impor obrigações aos cidadãos.
No positivismo, a lei tem destaque total. A sociedade
necessitava afastar a abertura do sistema jurídico aos valores
jusnaturais, vez que muitas atrocidades eram legitimadas em
nome do Direito Natural. Buscava-se segurança jurídica e
objetividade do sistema, e o Direito positivo cumpriu bem esse
papel.

Essa mudança, decorrente também da estruturação do Estado


moderno, ocorreu sobre três pilares. O primeiro refere-se à
posição da norma positiva no sistema. Como dito, a lei passa a
ganhar mais relevância jurídica que os postulados
principiológicos, a ponto de afastar os princípios não
positivados do ordenamento, ou no mínimo retirar-lhes a força
normativa. As normas de conduta passam a ser
adstritas à lei e, com isso, os códigos são
transportados para o centro do direito.
O segundo pilar se relaciona com a abstratividade da norma,
desconhecida em épocas pretéritas, que se baseavam nos casos
concretos.

O terceiro é quanto à forma de aplicação das leis, não se


permitia soluções criadas a posteriori da conduta, ou seja, os
efeitos decorrentes da aplicação da norma são conhecidos
anteriormente a sua concreção, o que atendia a uma
necessidade de proteção dos indivíduos em face dos
desmandos dos soberanos absolutistas.
É nesse contexto que surge o positivismo jurídico
contrapondo-se ao jusnaturalismo, no final do século XIX. O
Direito passa a ser produção da vontade humana a partir de
sua criação pelo Estado através da lei.

O direito pós Revolução Francesa é um direito criado


por força de decisões estatais (a lei e a sentença de modo
direto; o contrato de modo indireto). Ele torna-se positivo,
portanto.
A principal característica do direito positivado é que
ele se liberta de parâmetros imutáveis ou Iongamente
duradouros, de premissas materialmente invariáveis
e, por assim dizer, institucionaliza a mudança e a
adaptação mediante procedimentos complexos e
altamente móveis.
Hans Kelsen (1994) coroa o positivismo iniciado por Comte
com sua Teoria Pura, estabelecendo o positivismo jurídico ou
juspositivismo (LACERDA, 2009). Para ele, o direito deveria
ser considerado como tal, independente de outras ciências ou
da moral. As fontes do Direito “têm que ser buscadas apenas
no próprio Direito, excluindo-se as fontes extrajurídicas”. O
estudo do Direito deveria ser desprovido de valores, já que a
moral seria extrínseca ao direito.

Kelsen considerava que direito seria um conjunto de


normas – acreditava que direito era posto – positivado –
transcrito em normas escritas.
Argumenta Kelsen que, se se está diante de um determinado
Direito Positivo, sendo moral ou imoral deve ser cumprido. É
certo que se prefere o Direito moral ao imoral, porém, há de se
reconhecer que ambos são vinculativos da conduta.

O fundamento de validade de todo o sistema se baseia na


norma fundamental, que se mostra como o fato produtor de
normas, não se confundindo com a Constituição, que é o
conteúdo estático desta norma. Afere-se a validade apenas
formal da norma.
No positivismo, os princípios tem aspecto interpretativo
supletivo, apresentando caráter integrador.

Então, o direito positivo é o direito posto pelo Estado,


dotado de validade, apenas por obedecer a condições
formais de sua formação. Frise-se que este direito não
necessita respeitar um mínimo moral para ser definido e aceito
como tal, pois a natureza do direito, para ser garantida em sua
construção, não requer nada além do valor jurídico.
Para Kelsen, então, o direito e a moral se
separam. Assim, é válida a ordem jurídica ainda que
contrarie os alicerces morais. Validade e justiça de uma
norma jurídica são juízos de valor diversos, portanto (uma
norma pode ser válida e justa; válida e injusta; inválida e justa;
inválida e injusta).
1. Direito objetivo/subjetivo:
 Direito Objetivo: é o direito norma de organização
social – conjunto de normas jurídicas de determinado
país. A partir do conhecimento do direito objetivo que se
deduz o direito subjetivo.
 Direito Subjetivo: é aquele que a pessoa possui em
razão do direito objetivo. É a possibilidade de agir e exigir
algo, previsto no direito objetivo.
Classificação de direitos subjetivos:
1 – Espécies:
Direito subjetivo propriamente dito: direito a uma
prestação.
Direito Potestativo: aquele exercido pelo titular per si, não
depende da aceitação da outra parte.
Na lição de Chiovenda, o direito potestativo é aquele ao qual
não corresponde nenhuma obrigação, na medida em que os
efeitos que produz não dependem de qualquer ato do seu
destinatário, que fica apenas sujeito ao efeito jurídico
produzido (estado de sujeição).

O Dever Jurídico Subjetivo: dever e obrigação –


corresponde ao sentido oposto de direito subjetivo. É a
situação onde a pessoa é obrigada a dar fazer ou não fazer algo
em benefício de outrem por determinação do direito objetivo.
OBS: a partir do conhecimento do direito objetivo que se deduz
o direito subjetivo.

O direito objetivo garante o exercício do direito subjetivo, que


gera o dever jurídico.

ONDE HÁ DIREITO, FATALMENTE, HÁ DEVER.


e) Instrumentos de controle social: buscam o bem
comum e a paz social.
A Moral, a Religião, as Regras de Etiqueta e o Direito são
processos normativos que visam controlar a sociedade.
Contudo, o último é o que melhor cumpre esse papel em razão
de sua força coercitiva.

 Direito – normas jurídicas - tem sanção – coação – força


– Ex: prisão
 Moral – normas morais – sugerem condutas.
 Religião – normas religiosas - preceitos religiosos–
sugerem condutas.
 Regras de Etiqueta – normas de trato social - moda,
convenções, etiqueta– sugerem condutas.
f) Direito Comparado: consiste no estudo do Direito
positivo de outros países para estudo de comparação.
FONTES DO DIREITO
A expressão “Fontes do Direito” possui sentido de: origem,
nascente, motivação, causa das várias manifestações do
Direito.

Segundo Miguel Reale “por fonte do direito designamos os


processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas
se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com
vigência e eficácia no contexto de uma estrutura
normativa”. (p. 140)
A doutrina jurídica não se apresenta uniforme quanto ao
estudo das fontes do Direito.

Fonte = origem Fontes do Direito = de onde provém o


direito.
Principais sistemas jurídicos vigentes no mundo:
Pertencem à família romano-germânica os direitos de toda a
América Latina, de toda a Europa continental, de quase toda a
Ásia (exceto partes do Oriente Médio) e de cerca de metade da
África.

 Civil Law é a estrutura jurídica oficialmente adotada no


Brasil. O que basicamente significa que a principal
fonte do Direito adotada aqui é a Lei. A lei seria a
mais importante fonte formal. Em diversos países de
tradição romano-germânica, o direito é organizado em
códigos, cujos exemplos principais são os códigos civis
francês e alemão (Code Civil e Bürgerliches Gesetzbuch,
respectivamente). É portanto típico deste sistema o caráter
escrito do direito. Outra característica dos direitos de
tradição romano-germânica é a generalidade das normas
jurídicas, que são aplicadas pelos juízes aos casos
concretos.
 Common Law - No sistema do Common Law, adotado
pela Inglaterra e Estados Unidos, a forma mais comum
de expressão do direito é a dos precedentes
judiciais. Direito se baseia mais na Jurisprudência que
no texto da lei. Infere-se normas gerais a partir de decisões
judiciais proferidas a respeito de casos individuais
Uma simples diferença é que lá o Direito se baseia mais na
Jurisprudência que no texto da lei. Jurisprudência, caso esteja
em dúvida, trata-se do conjunto de interpretações das normas
do direito proferidas pelo Poder Judiciário.

Exemplo: Se lá nos EUA dois homens desejam realizar uma


adoção, eles procuram outros casos em que outros
homossexuais tenham conseguido adoções e defendem suas
ideias em cima disso. Mas a parte contrária pode alegar
exatamente casos opostos, o que gera todo um trabalho de
interpretação, argumentação e a palavra final fica com o Juiz.

É bom lembrar que nos países de Common Law também existe


a lei, mas o caso é analisado principalmente de acordo com
outros semelhantes.
1) FONTES MATERIAIS OU SUBSTANCIAIS: são
constituídas pelos fatores determinantes do surgimento da
norma jurídica, tais como: o clima, a religião, a economia, a
política, os avanços tecnológicos e científicos, etc.
É o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos ou dos
fatos econômicos que condicionam o aparecimento e as
transformações das regras de direito. São dados, elementos,
biológicos, psicológicos, racionais, ideais e históricos, que
contribuem para a formação do direito. São FATOS SOCIAIS.

O direito provém de fatos sociais, de problemas que


emergem na sociedade e que são condicionados pelos
chamados fatores do Direito. Ex: o Estatuto do Idoso foi
uma norma que teve como base a valorização do
idoso, pois a população está cada vez mais idosa e necessita de
cuidados especiais.
2) FONTES FORMAIS: os meios de expressão do Direito,
são as formas pelas quais as normas jurídicas se
exteriorizam, tornam-se conhecidas.
Criam o Direito, isto é, introduzem no ordenamento novas
normas jurídicas. Dividem-se em:

2.1) estatais: são produzidas pelo poder público e


correspondem à lei e à jurisprudência.
2.2) não estatais: decorrem diretamente da sociedade ou de
seus grupos e segmentos, sendo representadas pelo costume,
doutrina e os negócios jurídicos.
Para que um processo jurídico constitua fonte formal é
necessário que tenha o poder de criar o Direito. Esse poder de
criar é chamado de competência.

Em que consiste o ato de criação do Direito? Criar o


Direito significa introduzir no ordenamento jurídico novas
normas jurídicas.
O elenco das fontes formais varia de acordo com os sistemas
jurídicos e também em razão das diferentes fases históricas.

2.1) FONTES FORMAIS ESTATAIS:


a) Leis: normas jurídicas escritas provenientes do Estado. O
Brasil faz parte dos sistemas romano-germânico, que adota a
estrutura jurídica Civil Law.
Lei – sistema Civil Law – fonte direta e mais
importante – sistema romano-germânico
Lei – sistema Common Law – fonte indireta – sistema
anglo-saxão
b) Tratados internacionais: são acordos resultantes da
convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de direito
internacional, formalizada num texto escrito, com o objetivo de
produzir efeitos jurídicos no plano internacional.
Os tratados internacionais, em regra, tem status de lei
ordinária, contudo, com o advento da EC 45/04, o tratado
internacional que trata de direitos humanos, “que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais” (Art. 5º
CR/88 - 3º da CR/88).
Em outras palavras, o tratado é um meio pelo qual sujeitos de
direito internacional – principalmente os Estados nacionais e
as organizações internacionais – estipulam direitos e
obrigações entre si.

c) jurisprudência: é o conjunto de decisões proferidas pelo


Poder Judiciário sobre determinada matéria jurídica.
Obs: O substantivo jurisprudência  é um coletivo. Desse
modo, não há que se entender que um acórdão ou uma
sentença seja jurisprudência; fazem parte da jurisprudência.
Cuida-se do direito vivo; fenômeno absolutamente dinâmico,
assim como a sociedade, em que os vários institutos jurídicos
trazem respostas diversas nos vários períodos da história.
Assim, por exemplo, a jurisprudência sobre matéria de posse
ou propriedade do início do século XX é totalmente diversa dos
julgados do início do século XX.

No sistema do Common Law, os precedentes, o case study,


têm função primária como fonte do Direito. Ali, portanto, os
exemplos dos julgados exercem função muito mais relevante.
Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de a
jurisprudência exercer enorme influência sobre o
legislador. Sendo um retrato vivo das necessidades sociais, o
legislador absorve as decisões para converter em lei a
orientação jurisprudencial. Muito das inovações constantes
do Código Civil de 2002 representa consolidação legal daquilo
que a jurisprudência decidira no século passado. "Em muitas
matérias, portanto, a jurisprudência antecipa-se ao
legislador, chegando mesmo a abalar conceitos tradicionais".
A repetição contínua e constante de julgados em determinada
direção é fonte importante do Direito. Ex: união e casamento
homoafetivo

A Jurisprudência Vincula os Tribunais?


Nos Estados de Direito codificado, a jurisprudência apenas
informa, possui autoridade científica. Os juízes de instância
superior não têm o dever de acompanhar a orientação
hermenêutica dos Tribunais superiores. A interpretação do
Direito há de ser um procedimento intelectual do próprio
julgador. Ao decidir, o juiz deve aplicar forma de acordo com a
sua convicção.

No Brasil, a jurisprudência se resume em fonte informativa e


ilustrativa. A lei e as condições sociais de sua promulgação
envelhecem, perdem a atualidade, distanciam-se dos fatos
originários; cabe aos tribunais dar novos matizes, novos
caminhos na aplicação da lei.

É papel da jurisprudência atualizar o entendimento da


lei, abrir horizontes, dando-lhe uma interpretação
atual que atenda às necessidades do momento dos
fatos. A feição da jurisprudência é dinâmica.
Sendo assim, os julgados não exercem força
vinculativa, exceto a situação das súmulas
vinculantes.
Embora não caiba aos tribunais ditar normas, operou-se
paulatinamente no país um deslocamento da visão judicial,
com a expedição de súmulas de jurisprudência dos tribunais,
em especial do precursor que foi o Supremo Tribunal Federal.
SÚMULA: é um enunciado que resume uma tendência
de julgamento sobre determinada matéria, decidida
contínua e reiteradamente pelo tribunal. Essas súmulas,
mormente as dos tribunais federais superiores, convertem-se
em verdadeiras fontes formais de Direito.
Contudo, não se trata de norma impositiva e não deve o
operador do Direito curvar-se à súmula, se entender
que é hora de mudar. Nem mesmo os membros do tribunal
que expediu a súmula estão a ela vinculados, embora seja
ampla a importância desse instituto.
As súmulas vinculantes têm por principal escopo
efetivamente diminuir os acúmulos de processos nos
tribunais, permitindo que questões idênticas sigam a
mesma orientação judicial, dada por referida
vinculação, por todos os juízes e tribunais.
Súmula Vinculante: é o enunciado da decisão
reiterada do Supremo Tribunal Federal , que possui
efeito de vincular todos os órgãos do Poder Judiciário
e da Administração Pública direta e indireta federal,
estadual e municipal. A súmula vinculante está prevista
no artigo 103-A da Constituição Federal deve ser
aprovada por 2/3 dos membros do STF.
Muito se critica a súmula vinculante, pois é entendida como
um engessamento do Judiciário, além do que, nem sempre
estarão no mesmo sentido todos os julgados que se entendem
idênticos e repetitivos.

Se, por um lado, a súmula vinculante permite o julgamento


rápido e simultâneo de centenas de processos, por outro, corre-
se o risco de se petrificar o poder interpretativo da
jurisprudência, principalmente dos juízes de primeiro grau,
primeiros receptores das modificações sociais.

A função do juiz não é dar o Direito, não é criar o Direito, mas


sim interpretá-lo. Essas interpretações podem trazer benefícios
para a compreensão do ordenamento jurídico, sendo, portanto,
fonte do Direito.

Obs: Jurisprudência: sistema civil Law - Fonte


indireta e intelectual – Brasil
sistema common law - Fonte direta e principal
2.2) FONTES FORMAIS NÃO ESTATAIS:
1. Costume jurídico: é a prática social reiterada e
uniforme com a convicção de obrigatoriedade
jurídica.
Fonte subsidiária (secundária), pois visa suprir as
lacunas da lei.
Para que o costume se converta em fonte do Direito, dois
requisitos são enunciados como imprescindíveis:
 objetivo ou material: o corpus: prática constante e
reiterada.
 subjetivo ou imaterial: o animus, a consciência
coletiva de obrigatoriedade da prática.
O costume obriga quando há um sentimento geral de
obrigatoriedade. Uma das principais barreiras ao costume é
justamente a dificuldade de se identificar a prática reiterada,
dependendo do caso concreto, o que traria incerteza e
insegurança.

Em que pese a prevalência da lei no nosso sistema, o costume


continua desempenhando papel importante, principalmente
porque a lei não tem condições de predeterminar todas as
condutas e todos os fenômenos.

Não se pode negar que o costume possui a grande vantagem de


assimilar perfeitamente as necessidades sociais, algo que nem
sempre o legislador logra conseguir. O costume tem sua razão
de ser justamente em sua espontaneidade brotada da
sociedade, o que não ocorre comumente na lei.

Para ser aceito exige-se que o costume tenha amplitude, isto é,


que seja geral e largamente disseminado no meio social. Não é
necessário, porém, que a sociedade como um todo tenha dele
consciência. O costume pode ser setorizado. Seu maior campo
de atuação é, sem dúvida, o direito comercial (empresarial),
com suas práticas, quase todas elas de origem costumeira.

Enfim, para ser considerado costume é fundamental que


ocorra uma prática constante e repetitiva, durante prazo
longo de tempo. O costume leva tempo e instala-se quase
imperceptivelmente no seio da sociedade.
ESPÉCIES DE COSTUMES:
Os costumes podem ser:
 secundum legem: O costume segundo a lei, já foi
transformado em lei e, portanto, deixou de ser costume
propriamente dito. Para alguns, não existe essa categoria,
pois se lei existe, costume não há. Segundo outros essa
modalidade se caracterizaria pelo fato de a própria lei
remeter sua interpretação ou compreensão aos costumes.
Ex: art 13 do C/C – Salvo por exigência médica, é defeso o
ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes.
 praeter legem: além da lei. É exatamente aquele
descrito no art. 4a da LINDB, que serve para
preencher as lacunas da lei: "Quando a lei for omissa,
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito." Trata-se de
um dos recursos de que se serve o juiz quando a lei for
omissa. A maioria dos sistemas de direito escrito tem nos
costumes sua principal fonte subsidiária. Ex: cachorro
 contra legem: contra a lei,  se opõe à lei. Denomina-se
costume ab-rogatório, pois coloca a lei à margem. Ex: a
prática do adultério
O art. 337 do Código de Processo Civil determina que a parte
que alegar direito costumeiro deverá provar o teor e a vigência,
se assim for determinado pelo juiz. Essa instabilidade é, de
fato, como vimos, o maior obstáculo para o costume imperar
em nosso sistema.

1. Doutrina: é o estudo realizado pelos cientistas


do direito. Chamada de fonte intelectual ou
indireta, pois suas orientações hermenêuticas não
são obrigatórias.
DIVISÃO GERAL DO DIREITO POSITIVO
Direito Positivo: é o conjunto de normas jurídicas vigentes
em determinado lugar, em determinada época.
Divisão do direito positivo:
a) Direito Público e Direito Privado: é a divisão mais
importante. Se a norma tutelar o interesse do Estado e de seu
funcionamento, o Direito é público; Contudo, se a norma
regular as relações jurídicas entre os particulares, o direito é
privado.
Ramos do Direito Público
Constitucional; Administrativo; Tributário; Econômico
Interno; Previdenciário; Processual; Penal; Eleitoral; Militar;
Internacional Público Externo

Ramos do Direito Privado


Civil; Empresarial; Trabalhista; Internacional Privado.

1) VERTENTES DO DIREITO PÚBLICO


1.1) DIREITO PÚBLICO INTERNO
1.1.1) Direito Constitucional
Engloba as normas jurídicas pertinentes à organização política
do Estado nos seus elementos fundamentais, definindo o
regime político e a forma de Estado, colocando cada órgão
substancial, para fazer o que lhe é devido em relação ao
cidadão, mediante o reconhecimento e garantia de direitos
fundamentais dos indivíduos.

O conjunto dessas normas está presente na Carta Magna do


Estado, a constituição. Nesta, apresentam-se dois tipos de
normas: as que determinam como outras serão feitas,
indicando os limites e os processos de sua elaboração, e as que
repercutem imediatamente sobre o comportamento; estas
últimas são constitucionais, não por sua matéria (que é dizer
como devem ser feitas as normas gerais), mas pela sua forma,
porque estão submetidas a certas formalidades de elaboração e
de alteração.
O direito constitucional é a esfera da ordenação estatal que está
intimamente relacionada com todas as demais, por coordená-
las, traçando-lhes o contorno periférico.

1.1.2 - Direito Administrativo


É o ramo do direito público interno que se concentra no estudo
da Administração Pública e da atividade de seus integrantes.
Sistematiza os interesses do Estado, ou seja, tudo o que se
relaciona à Administração Púbica e à relação entre ela e os
administrados e seus servidores é regrado e estudado pelo
Direito Administrativo.

1.1.3 - Direito tributário


Disciplina a receita e a despesa pública. Para realizar os
serviços públicos, o Estado necessita de recursos financeiros,
que são obtidos mediante cobrança de impostos, contribuições,
taxas, bem como por sua atividade empresarial. O movimento
de arrecadação do dinheiro público e seu emprego em obras e
despesas gerais constituem o objeto do Direito Tributário.

1.1.4 - Direito Penal


É o ramo do Direito que disciplina as condutas humanas que
podem por em risco a coexistência dos indivíduos na
sociedade. O Direito Penal vai regular essas condutas com base
na proteção dos princípios relacionados à vida, intimidade,
propriedade, liberdade, enfim, princípios que devem ser
respeitados no convívio social.

Dessa forma, o Direito Penal vai descrever as condutas


consideradas crimes (condutas mais graves) e contravenções
(condutas menos grave) e as respectivas penas cominadas. Vale
dizer que o Estado é o responsável pelo direito de punir, e o faz
mediante critérios pré-estabelecidos, com o intuito de
desestimular os indivíduos a transgredirem as normas, e,
também, de readaptar o indivíduo ao convívio social.

1.1.5 Direito processual


Para definir o objeto de estudo desse ramo do Direito,
primeiramente, é importante dizer que é o Estado que detém o
poder de aplicar o Direito, estabelecendo a ordem, aplicando as
penalidades, e solucionando os conflitos entre as partes, por
meio de um processo judicial. Dessa forma, o ramo em questão
visa disciplinar de que forma isso vai se dar, estabelecendo
princípios e regras a serem previamente obedecidas, tanto pelo
Estado, quanto pelas partes na disputa judicial. Assim a função
do Direito processual é organizar a forma de como o Estado vai
prestar esse poder/dever de julgar, e como as partes devem
agir no enlace judicial.

Há subdivisões de Direito Processual: Civil, Penal, Trabalho,


Tributário, etc.

1.1.6. Direito Eleitoral


É o ramo autônomo do Direito Público encarregado de
regulamentar os direitos políticos dos cidadãos e o processo
eleitoral. Conjunto sistematizado de normas destina-se a
assegurar a organização e o exercício de direitos políticos,
principalmente os que envolvem votar e ser votado
(Art. 1º do Código Eleitoral - Lei nº 4.737/65). Em outras
palavras, o Direito Eleitoral dedica-se ao estudo das normas e
procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento
do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a
precisa equação entre a vontade do povo e a atividade
governamental.
1.1.7. Direito Militar
É o conjunto de normas jurídicas destinadas a assegurar a
realização dos fins das instituições militares, cujo principal é a
defesa armada da Pátria. As penais surgem com o Direito Penal
Militar.

O direito militar, portanto, é bastante abrangente em suas


ramificações, sendo possível distinguir o direito penal militar,
o direito processual penal militar, o direito administrativo
militar, o direito disciplinar militar, o direito previdenciário
militar, além de outros que guardam pertinência com o
emprego de Forças Armadas na solução de conflitos armados,
destacando-se, nesse ponto, o direito internacional dos
conflitos armados, também conhecido como direito
internacional humanitário.

1.2. DIREITO PÚBLICO EXTERNO


1.2.1. Direito Internacional Público
É o ramo do Direito voltado a disciplinar as relações entre os
vários Estados, possuindo princípios e diretrizes, que visam
uma interação pacífica entre os Estados, tanto na esfera
política, econômica, social e cultural. Vale dizer que são criados
organismos internacionais, tais como a ONU (Organização das
Nações Unidas) e a OMC (Organização Mundial do Comércio),
para auxiliar na descoberta de interesses comuns, e de que
forma interação dos Estados vai se dar. Os instrumentos dos
acordos entre os Estados são denominados tratados.

2. RAMOS DO DIREITO PRIVADO:


2.1. Direito civil
Pertence ao Direito Privado por excelência, pois visa regular as
relações dos indivíduos, estabelecendo direitos e impondo
obrigações. O Direito Civil atua em toda a vida do indivíduo,
pois disciplina todos os campos de interesses individuais.
O Código Civil, ou seja, reunião de todas as leis de Direito Civil,
é estruturado em duas grandes partes: geral, que contém
normas de caráter abrangente, que servem a qualquer área do
Direito Civil e parte especial, que trata dos assuntos
específicos. Na parte Geral encontram-se os livros que contém
os temas relativos às pessoas, aos bens e aos fatos jurídicos. Já
a parte especial os livros são: obrigações, Direito de Empresa,
Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões e
um livro complementar das disposições finais e transitórias.
Assim verifica-se que o Direito Civil abrange todas as área do
relacionamento humano, que serão objeto de estudo durante
todo o Curso de Direito.
2.2. Direito do trabalho
É um ramo que se destina a disciplinar as relações de trabalho,
estabelecendo princípios e regras, de forma a evitar a
exploração pelo do trabalho, e conceder direitos e obrigações
recíprocos tanto aos que prestam os serviços, quanto para
àqueles cujo o serviço se destina.

Há discussão entre os juristas se o Direito do Trabalho seria


um ramo do Direito Público ou Privado. Por muito tempo,
vários autores entenderam se tratar de um ramo do Direito
Público, pois apesar de suas normas disciplinarem relações
privadas, a vontade das partes ficaria limitada às regras pré-
estabelecidas pelo Estado. Contudo com o passar do tempo
entenderam se tratar de ramo do Direito Privado, pois
predomina o interesse particular, em detrimento da natureza
das regras públicas. Há autores que atentam, ainda, para uma
classificação mista, pois o Direito do Trabalho teria uma esfera
pública, e outra privada.

2.3. Direito empresarial ou comercial


O direito comercial origina-se de um direito estatutário
particular e consuetudinário, visto que não veio de uma obra
dos jurisconsultos nem dos legisladores, mas do trabalho dos
comerciantes, que o criaram com seus usos, estabelecendo seus
estatutos ou regulamentos, pelos quais disciplinavam a
concorrência, asseguravam mercados aos comerciantes para as
suas ofertas, evitavam fraudes e garantiam a boa qualidade das
mercadorias. O direito comercial constitui-se de normas que
gerem a atividade empresarial.

2.4. Direito Internacional Privado


Destina-se à regular a situação do estrangeiro no território
nacional, pois como o estrangeiro está em local diferente do
seu país de origem, haveria um conflito de leis a serem
aplicadas no caso concreto: usa-se a lei estrangeira, ou do local
onde o indivíduo se encontra? Assim, a base do Direito
Internacional Privado seria regular essas relações e estabelecer
diretrizes e normas, dirigidas às autoridades para a resolução
inerente a esses conflitos.

DIREITOS COLETIVOS
Direitos coletivos “lato sensu” têm como espécies:
 Direitos difusos;

 Direitos coletivos “strictu sensu”;


 Direitos individuais homogêneos.
CONCEITOS LEGAIS
(Art. 81, parágrafo único da Lei nº. 8078/90):
I - Direitos difusos são os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato.
II - Direitos coletivos são os transindividuais, de natureza
indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica base.
III - Direitos individuais homogêneos são aqueles
interesses ou direitos individuais que têm origem comum
Os Direitos difusos são todos aqueles direitos que não
podem ser atribuídos a um grupo específico de
pessoas, pois dizem respeito a toda a sociedade.
Traduzindo em miúdos, a transindividualidade significa se
tratar de um direito que ultrapassa a individualidade, indo
além de cada indivíduo singularmente considerado. A natureza
indivisível significa que não pode ser dividido. Esse direito tem
titulares, mas indeterminados, ou seja, não podem ser
individualizados, no caso concreto.

Por fim, essas pessoas devem estar ligadas por circunstâncias


de fato (situação de fato); Ex: pessoas que residem numa área
que será inundada por uma hidrelétrica; habitar nas margens
de um rio onde são lançados produtos poluentes; os direitos
ligados à área do meio ambiente têm reflexo sobre toda a
população, pois se ocorrer qualquer dano ou mesmo um
benefício ao meio ambiente, este afetará, direta ou
indiretamente, a qualidade de vida de toda a população.

Outro exemplo de direito difuso: veiculação, num canal de


televisão de grande alcance, de uma publicidade enganosa.
Todos aquelas pessoas indeterminadas que viram a
publicidade foram atingidos por ela. É um interesse indivisível,
cujos titulares são ligados por uma circunstância fática.

São difusos os direitos à segurança, ao consumidor, direitos


ligados à preservação do patrimônio sócio cultural, artístico,
estético, histórico, turístico, paisagístico, por infração à ordem
econômica etc.

Sendo assim, pode-se afirmar que a titularidade dos direitos


difusos é indeterminável. Não podem eles ser identificados,
sequer, a um grupo, categoria ou classe de pessoas, pertencem
a todos os indivíduos, indistintamente.
Frise-se que a segurança é o direito fundamental,
predominantemente difuso, que os cidadãos e a sociedade
possuem de sentir-se aceitavelmente protegidos, em
decorrência das políticas públicas de segurança pública
operadas pelo Estado. Importante destacar que não se está a
falar em segurança individual de cada cidadão (uti singuli),
mas sim em segurança pública (uti universi).
A teor do art. 144, I a V, da Constituição, a segurança pública é
dever do Estado, e direito e responsabilidade de todos, sendo
exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos órgãos
nele referidos, cabendo destacar a polícia federal, estruturada
pela União, e as polícias militares, estruturadas pelos Estados-
membros (inclusive o Distrito Federal). A polícia federal
destina-se, dentre outras atribuições, a prevenir e reprimir o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e
o descaminho (art. 144, § 1º, inciso II) e exercer as funções de
polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras (art. 144, § 1º,
inciso III), por onde passa igualmente o tráfico de drogas, e,
junto com ele, a violência. Às polícias militares, cabe a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública.
Como o direito difuso à segurança goza de proteção legal
(arts. 129, III, CF e 81, I, CDC), é patente que podem ser objeto
de ação civil pública, nos termos do art. 1º, IV, da Lei 7.347/85.
Esta rege as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados "a qualquer outro interesse difuso ou
coletivo".
Desse modo, se o Estado não adotar medidas concretas para
assegurar a inviolabilidade do direito à segurança da sociedade
poderá ser demandado para esse fim, sendo "admissíveis
todas as espécies de ações capazes de proporcionar sua
adequada e efetiva tutela" (art. 83 CDC).
Já os direitos coletivos também têm titularidade
indeterminável, todavia, os titulares são identificáveis,
pois tais direitos estão identificados a um grupo,
categoria ou classe de pessoas. Só serão beneficiados os
indivíduos pertencentes ao grupo, categoria ou classe, sendo
que o resultado da demanda atinge a todos de modo uniforme.
Eventual benefício ao patrimônio do indivíduo será reflexo.
Ex: direito dos advogados de não recolher o COFINS; STJ
decidiu pela proibição de cobrança unilateral do serviço de
“proteção adicional” aos proprietários de cartão de crédito.
Neste caso, os liames entre as pessoas são jurídicos.
O direito individual homogêneo é individualizado na sua
essência, porque será incorporado diretamente ao patrimônio
do indivíduo, sendo coletivo apenas quanto à forma de tutela.
Por economia processual é utilizada uma única demanda para
beneficiar inúmeras pessoas. Cada indivíduo será beneficiado
pela sentença de uma forma específica, incorporando ao seu
patrimônio um determinado valor, pois é conveniente para
sociedade que a defesa deles se processe nos moldes coletivos.
Ex: São direitos individuais que, no caso do sindicato, são
defendidos de forma coletiva, conforme autorizado pelo
dispositivo constitucional (artigo 8, III, da CF/88). Admite-se,
portanto, a substituição processual de forma ampla, limitada a
direitos homogêneos.
Outro exemplo é dos compradores de veículos produzidos com
o mesmo defeito de série. Sem dúvida, há uma relação jurídica
comum subjacente entre os consumidores, mas o que os liga no
prejuízo sofrido não é a relação jurídica em si (como ocorre
quando se trata de interesses coletivos), mas sim é antes o fato
de que compraram carros do mesmo lote produzido com o
defeito em série (interesses individuais homogêneos)".

LEGITIMIDADE PARA A DEFESA DE DIREITOS E


INTERESSES COLETIVOS
1. Legitimados para propor Ação Civil Pública –
é a principal ação coletiva
Pelo art. 5 da Lei da Ação Civil Pública 7.347/85:
 MP;

 Defensoria Pública
 Administração Pública direta e indireta – pessoas de
direito público e privado;
 Associações, com pelo menos 01 ano de existência e
possuem finalidade institucional para defender interesse
coletivo “lato sensu”. O requisito da pré-constituição da
associação de 01 ano poderá ser dispensado pelo juiz,
quando houver interesse social relevante. (art. 5º, § 4º da
Lei 7347/85)
PRINCÍPIOS JURÍDICOS
Atualmente, vive-se no chamado Estado Principiológico. Trata-
se da efetividade de elementos chamados fundamentais, os
princípios jurídicos.

A pós-modernidade concretiza a era da normatização dos


princípios, isto é, princípios e regras são normas jurídicas. De
fato, os princípios são as fontes basilares para qualquer ramo
do direito. Leciona o eminente Celso Antônio a definição de
princípios:
[...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce
dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes
normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para
sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a
lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe
confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. (Bandeira de
Melo, 2005, p.902)

Os princípios e as regras são normas porque ambos


dizem o que deve ser. Contudo, há alguns critérios
utilizados pelos estudiosos, a fim de distingui-los. Um desses
critérios é o da generalidade: os princípios são normas de um
grau de generalidade alto e as regras, de nível relativamente
baixo de generalidade.
Canotilho sugere os seguintes critérios para diferenciar
princípios e regras:

a) O grau de abstração: os princípios são normas com um


grau de abstração relativamente elevado; de modo diverso,
as regras possuem uma abstração relativamente reduzida.
b) Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto:
os princípios, por serem vagos e indeterminados, carecem de
mediações concretizadoras (do legislador? do juiz?),
enquanto as regras são susceptíveis de aplicação direta.
c) Caráter de fundamentalidade no sistema de fontes de
direito: os princípios são normas de natureza ou com um
papel fundamental no ordenamento jurídico devido à sua
posição hierárquica no sistema das fontes (ex: princípios
constitucionais) ou à sua importância estruturante dentro do
sistema jurídico (ex: princípio do Estado de Direito).
d) Proximidade da ideia de direito` : os princípios são
´Standards` juridicamente vinculantes radicados nas
exigências de ´justiça` (DWORKIN) ou na ideia de direito`
(LARENZ); as regras podem ser normas vinculantes com um
conteúdo meramente formal.
e) Natureza normogenética: os princípios são fundamento de
regras, isto é, são normas que estão na base ou constituem a
ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma
função normogenética fundamentante (Apud ESPÍNDOLA,
1999, p. 65).
Como se observa, os princípios são normas que ordenam que
algo seja realizado na maior medida possível, dentro das
possibilidades jurídicas e reais existentes. Enquanto que as
regras jurídicas são normas jurídicas que só podem ser
cumpridas ou não. São determinações.

Pode-se afirmar que os princípios assumem o papel de


condutor dos valores a serem concretizados e estes valores
expressam conceitos abstratos, gerais, transsubjetivos e
comuns a todos os homens. A transposição dos valores para o
mundo do dever ser (direito) se dá por meio dos princípios,
normas igualmente abstratas, que respeitam a dimensão
axiológica do ordenamento jurídico, vinculada ao ideal de
justiça aspirado por determinada sociedade.

Os princípios são normas jurídicas tradutoras dos valores


abstratos que qualificam juridicamente a própria realidade,
indicando qual o caminho os operadores do direito devem
seguir em busca de otimização e concretização os valores de
todo o ordenamento jurídico.

Os princípios, em suma, assumem a roupagem de


diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de
parte dele). Seu espectro de incidência é muito mais
amplo que o das regras. Entre eles pode haver colisão,
não conflito. Quando colidem, não se excluem. Como
mandados de otimização que são (Alexy), sempre
podem ter incidência em casos concretos (às vezes,
concomitantemente dois ou mais deles).
De qualquer modo, parece certo que cada um deles
possui sua força, seu peso e sua relevância. Há
hierarquia axiológica entre eles, que deve ser apurada
e valorada concretamente. Os princípios da
privacidade e da intimidade, da preservação da
integridade física etc. são relevantes, mas em algumas
situações probatórias eles sucumbem diante do
princípio da segurança ou da persecução penal
(possibilitando ao juiz determinar a realização de uma
prova, mesmo contra a vontade do réu. Por exemplo,
quando o agente está portando droga no estômago).
COLISÃO DE PRINCÍPIOS: as regras (normalmente)
disciplinam uma situação determinada; quando ocorre essa
situação, a norma tem incidência; quando não ocorre, não tem
incidência. Para as regras vale a lógica do tudo ou nada
(Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em conflito;
ao caso concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação
da outra). O conflito entre regras deve ser resolvido pelos
meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei
geral (princípio da especialidade), a lei posterior afasta a
anterior (princípio da posterioridade), a norma superior
prepondera sobre a norma inferior (princípio da hierarquia).
Muitas vezes, é um princípio que entra em ação para resolver o
conflito entre duas regras. Por exemplo: o art. 2º, 2º da
Lei 9.613/1998 (lei de lavagem de capitais), que dispensa a
aplicação do art. 366 do CPP (que manda suspender o processo
quando o réu é citado por edital), conflita com o art. 4º, 3º, da
mesma lei, que manda aplicar o referido art. 366. Esse conflito
se resolve (em favor do art. 4º, 3º) pela aplicação do princípio
da ampla defesa (aplica-se a norma mais favorável à defesa).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS:
A Constituição é a lei fundamental e suprema do Brasil. E os
princípios constitucionais são o que protegem os atributos
fundamentais da ordem jurídica.
São estes os principais princípios constitucionais:

a) Princípio da Supremacia da Constituição: por


este princípio, nenhum ato jurídico pode permanecer valendo
em ação contrária à Constituição Federal.
b) Princípio da legalidade: “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de
lei”. Diz respeito à obediência às leis. Divide-se em duas
vertentes: no âmbito público: seria fazer apenas aquilo que a
lei permite. Já no âmbito privado, todo particular pode fazer
tudo aquilo que não é proibido.
c) Princípio da igualdade ou isonomia: Trata-se de um
princípio jurídico disposto nas Constituições de vários países
que afirma que "todos são iguais perante a lei",
independentemente da riqueza ou prestígio destes. O princípio
informa a todos os ramos do direito. Seria tratar desigualmente
os desiguais, na medida da sua desigualdade.
d) Princípio da ampla defesa: É o princípio que garante a
defesa no âmbito mais abrangente possível. É a garantia de que
a defesa é o mais legítimo dos direitos do homem. Contém
duas regras básicas: a possibilidade de se defender e a de
recorrer. A ampla defesa abrange a autodefesa ou a defesa
técnica (o defensor deve estar devidamente habilitado); e a
defesa efetiva (a garantia e a efetividade de participação da
defesa em todos os momentos do processo). É princípio básico
da ampla defesa que não pode haver cerceamento infundado,
ou seja, se houver falta de defesa ou se a ação do defensor se
mostrar ineficiente, o processo poderá ser anulado. Caso o juiz
perceba que a defesa vem sendo deficiente, ele deve intimar o
réu a constituir outro defensor ou nomear um, se o acusado
não puder constituí-lo.
e) Princípio do contraditório: O princípio do contraditório
e ampla defesa esta expresso na Constituição Federal, no
artigo 5º inciso LV. Vejamos: art. 5º, CR/88:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Esse é o princípio que garante a justiça o contraste entre as


partes, a chance de provar a verdade e praticar o real exercício
do direito. O juiz deve dispor esses meios às partes e participar
da preparação do julgamento a ser feito, exercendo ele próprio
o contraditório. Ex: o contraditório pode ser obstado quando o
réu não é citado ou intimado de algum ato processual praticado
pela outra parte.
f) Principio da Dignidade da Pessoa Humana: A
dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o
conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde
o direito à vida.
g) Princípio da Proporcionalidade: tem a ver com a
adequação, exigibilidade e proporcionalidade. A
proporcionalidade serve como parâmetro de controle da
constitucionalidade das regras restritivas de direitos
fundamentais. Também atua na solução dos conflitos entre os
princípios da constituição. A adequação exige medidas
interventivas. O meio escolhido se presta para alcançar o fim
estabelecido, assim, mostrando-se adequado.
PRINCÍPIOS ÉTICOS E MORAIS: Os princípios morais
como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, fazer o
bem, etc., determinam o sentido moral de cada indivíduo. São
valores universais que regem a conduta humana e as relações
saudáveis e harmoniosas.
A moral orienta o comportamento do homem diante das
normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo
social. Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a
julgar o comportamento moral de cada indivíduo no seu meio.
No entanto, ambas buscam o bem-estar social.

DEONTOLOGIA: é uma filosofia que faz parte da filosofia


moral contemporânea e sua origem significa, em
grego, ciência do dever e da obrigação. É uma teoria sobre
as escolhas dos indivíduos, quais são moralmente necessárias e
serve para nortear o que realmente deve ser feito. O termo foi
criado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, no ano de 1834,
para falar sobre o ramo da ética em que o objeto de estudo são
os fundamentos do dever e das normas, deontologia é também
conhecida como" Teoria do Dever ".
Immanuel Kant também deu sua contribuição para a
deontologia, uma vez que a dividiu em dois conceitos: razão
prática e liberdade. Para Kant, agir por dever é a maneira de
dar à ação o seu valor moral; e por sua vez, a perfeição moral
só pode ser atingida por uma livre vontade.

A deontologia também pode ser o conjunto de princípios e


regras de conduta ou deveres de uma determinada profissão,
ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria
para regular o exercício da profissão, de acordo com o Código
de Ética de sua categoria. Para os profissionais, são normas
estabelecidas não pela moral e sim para a correção de suas
intenções, ações, direitos, deveres e princípios. O primeiro
Código de Deontologia foi feito na área da medicina, nos
Estados Unidos.

A deontologia da Policial Militar é constituída pelos valores e


deveres éticos, traduzidos em normas de conduta, que se
impõem para que o exercício da profissão policial-militar atinja
plenamente os ideais de realização do bem comum, mediante a
preservação da ordem pública.

NORMA JURÍDICA:
 Conceito de Norma Jurídica: fórmulas de agir,
determinações que fixam as pautas do comportamento
interindividual. Padrões de conduta social impostos pelo
Estado. Refere-se à substância própria do Direito objetivo.
Norma é comando ou regra de conduta. Expressa a
vontade do Estado por intermédio do legislador. Esta
vontade é materializada na lei.
 Principais Características da norma:
bilateralidade, abstração, generalidade,
imperatividade, heteronomia.
a) generalidade: obriga a todos em igual situação jurídica;
b) abstratividade: abarca situações abstratas;
c) bilateralidade: onde há dever, há direito;
d) imperatividade: obrigatória;
e) coercibilidade: uso da força do Estado sobre aqueles que
descumprem a norma jurídica. É indispensável ainda que o
conteúdo de lei expresse o bem comum.
f) heteronomia: imposta pelo Estado.
 Classificação das Normas Jurídicas:
1. Quanto à esfera do Poder Público:
As normas jurídicas podem ser federais, estaduais e
municipais.

1. Quanto à hierarquia:
Sob este aspecto dividem-se em: constitucionais,
complementares, ordinárias, regulamentares e
individualizadas. As normas guardam entre si uma hierarquia,
uma ordem de subordinação entre as diversas categorias.
No primeiro plano alinham-se as normas
constitucionais, provenientes da Constituição e as emendas
constitucionais, que condicionam a validade de todas as
outras normas e têm o poder de revogá-las.
Assim, qualquer norma jurídica de categoria diversa, anterior
ou posterior à constitucional, não terá validade caso contrarie
as disposições desta.

Em segundo plano estão as – normas complementares:


na ordem jurídica brasileira há normas que se localizam
em leis complementares à Constituição e se situam
hierarquicamente entre as constitucionais e as ordinárias. A
aprovação de normas complementares se dá de acordo com o
art. 69 da CF, por maioria absoluta.
Em terceiro plano: as normas ordinárias, que se
localizam nas leis, medidas provisórias, leis delegadas.
Seguem-se as normas regulamentares, contidas
nos decretos.
Normas individualizadas, denominação e espécie sugeridas
por Merkel para a grande variedade dos atos
jurídicos: testamentos, sentenças judiciais;
contratos etc.
ESPÉCIES NORMATIVAS (art. 59 da CF)
Espécies normativas:
 Emendas à Constituição (art. 59, I da CF):
 Leis complementares (art. 59, II da CF).
 Leis ordinárias (art. 59, III da CF).
 Leis delegadas (art. 59, IV da CF).
 Medidas Provisórias (art. 59, V da CF).
 Decretos legislativos (art. 59, VI da CF).
 Resoluções (art. 59, VII da CF).
LEI COMPLEMENTAR
1. Conceito: É a espécie normativa utilizada nas matérias
expressamente previstas na Constituição Federal. As hipóteses
de regulamentação da Constituição por meio de lei
complementar foram taxativamente previstas
na Constituição Federal.
Quando o constituinte quer se referir a uma lei complementar,
traz no texto a expressão “lei complementar”. Ex: Lei
complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e
consolidação das leis (art. 59, parágrafo único da CF).
2. Procedimento: é o mesmo da lei ordinária, diferenciando-
se apenas quanto ao quórum para aprovação.
3. Quórum: As leis complementares serão aprovadas por
maioria absoluta de seus membros (art. 69 da CF). Maioria
absoluta refere-se aos membros integrantes da casa.
Se lei ordinária tratar de matéria reservada a lei
complementar, haverá uma inconstitucionalidade formal.
Entretanto, se uma lei complementar tratar de matéria
reservada a lei ordinária não haverá invalidade, sendo apenas
considerada como lei ordinária.

LEI ORDINÁRIA
1. Conceito: É a espécie normativa utilizada nas matérias em
que não cabe lei complementar, decreto legislativo e resolução.
Assim, o campo material das leis ordinárias é residual.
O texto constitucional se refere à lei ordinária apenas como lei,
sem a utilização do adjetivo “ordinária”, visto que este está
implícito. Mas quando quer diferenciá-la de outra espécie
normativa, normalmente traz a expressão “lei ordinária”. Ex:
“A iniciativa de leis complementares e ordinárias ...”
(art. 61 da CF). Pode ainda utilizar a expressão “lei especial”.
Ex: “esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento”
(art. 85, parágrafo único da CF).
Embora o constituinte apenas a mencione como lei, não
podemos nos esquecer de que o nome dessa espécie normativa
no próprio texto constitucional é lei ordinária (art. 59 da CF).
2. Procedimento: sistema bicameral.
3. Quórum: As leis ordinárias serão aprovadas por maioria
simples (relativa) de seus membros. Maioria relativa refere-se
ao número de presentes na sessão ou reunião.
LEI DELEGADA
1. Conceito: É a espécie normativa utilizada nas hipóteses de
transferência da competência do Poder Legislativo para o
Poder Executivo. Trata-se de uma exceção ao princípio da
indelegabilidade das atribuições. Delegação “externa corporis”.
2. Procedimento:
 Iniciativa solicitadora: O Presidente da República solicita a
delegação ao Congresso Nacional (iniciativa solicitadora),
delimitando o assunto sobre o qual pretende legislar.
 Se o Congresso Nacional aprovar (por maioria simples) a
solicitação delegará por meio de resolução (art. 68, §
2º da CF).
 A delegação tem prazo certo, isto é, termina com o
encerramento de uma legislatura. Entretanto, nada
impede que antes de encerrado o prazo fixado na
resolução, o Poder Legislativo desfaça a delegação.
 O Congresso Nacional pode apreciar a mesma matéria
objeto de delegação, pois quem delega não abdica, reserva
poderes para si. Como a lei ordinária e a lei delegada têm o
mesmo nível de eficácia, prevalecerá a que for promulgada
por último, revogando a anterior (princípio da
continuidade das leis).
 O Presidente promulgará e publicará a lei delegada.
3. Matérias vedadas à delegação (art. 68, § 1º da CF):
 Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional.

 Atos de competência privativa da Câmara dos deputados.


 Atos de competência privativa do Senado Federal.
 Matéria reservada à lei complementar.
 A legislação sobre:
 Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
carreira e garantia de seus membros (art. 68, §
1º, I da CF).
 Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais (art. 68, § 1º, II da CF).
 Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos
(art. 68, § 1º, III da CF).
4. Sustação: Se o Presidente da República exorbitar os
limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional poderá
sustar o ato normativo por meio de decreto legislativo. Trata-se
de um controle repressivo de constitucionalidade realizado
pelo Poder Legislativo (art. 49, V da CF).
É importante ressaltar que também pode ocorrer um controle
repressivo de constitucionalidade pelo Poder Judiciário e esse,
diferentemente da sustação, produz efeitos “ex tunc”.
MEDIDA PROVISÓRIA
1. Conceito: não possui natureza jurídica de lei, sendo apenas
dotada de força de lei. Embora seja um ato sob condição
(condição de ser um dia aprovado pelo Congresso Nacional), é
vigente e eficaz.
2. Pressupostos de admissibilidade:
A medida provisória tem como pressupostos de
admissibilidade a relevância e a urgência. “Em caso de
relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional” (art. 62 da CF).
Tendo em vista que toda matéria que deva ser tratada por meio
de lei é matéria relevante, na medida provisória a matéria deve
ser extraordinariamente relevante. Além de ser relevante, tem
que ser também urgente mais urgente que o procedimento
abreviado.

Em regra, os requisitos de relevância e urgência devem ser


analisados primeiramente pelo Presidente da República (juízo
discricionário) e posteriormente pelo Congresso Nacional.
Excepcionalmente, o Poder Judiciário poderá fazer um
controle de constitucionalidade dos pressupostos, quando
houver desvio de finalidade ou abuso do poder de legislar
(violação do princípio da razoabilidade).

3. Prazo de vigência: A MP vigorará por um prazo de 60


dias contados da publicação.
 Prorrogação: Se a medida provisória não for apreciada
em 60 dias, haverá uma prorrogação automática do prazo,
totalizando prazo máximo de 120 dias. Se após esse prazo,
não for convertida em lei, perderá a eficácia desde a sua
edição (efeitos retroativos).
 Regime de urgência: Se a medida provisória não for
apreciada em até 45 dias da sua publicação, entrará em
regime de urgência, fazendo com que todas as demais
deliberações da casa legislativa fiquem sobrestadas, até
que seja concluída a votação da medida provisória. Ela
bloqueia a pauta diária da casa em que esteja (art. 62, §
6º da CF).
Edição de Medida Provisória pelos Estados e
Municípios:
Segundo o Supremo Tribunal Federal, pode ser editada medida
provisória pelo Governador do Estado desde que exista
previsão na Constituição Estadual. Os únicos Estados que
colocaram essa previsão foram: Tocantins, Santa Catarina e
Acre.

Pelo principio da simetria, é possível a edição de medida


provisória municipal naqueles três Estados. Alguns autores
sustentam que ainda só seria possível se a Lei orgânica dos
Municipios daquele estado trouxesse a previsão. Outros dizem
que não pode em nenhuma circunstância, pois os conceitos de
relevância e urgência seriam incompatíveis com a limitação
territorial de eficácia de uma lei municipal.
DECRETO LEGISLATIVO
1. Conceito: Espécie normativa utilizada nas hipóteses de
competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 da CF).
As regras sobre seu procedimento não estão previstas
na Constituição Federal, mas sim no regimento interno.
RESOLUÇÃO
1. Conceito: Espécie normativa utilizada nas hipóteses de
competência privativa da Câmara, do Senado ou do Congresso
Nacional. (art. 51 e 52 da CF). As regras sobre seu
procedimento estão previstas no regimento interno.
VALIDADE E VIGÊNCIA DAS NORMAS JURÍDICAS
Formação da Lei:
Regime bicameral: é indispensável a aprovação do projeto
pelas duas Casas.

Processo Legislativo:
1. Conceito:
Processo legislativo é o conjunto de disposições que
disciplinam o procedimento a ser observado pelos órgãos
competentes na elaboração das espécies normativas
(art. 59 da CF).
A não obediência às disposições sobre o processo legislativo
constitucionalmente previsto acarretará inconstitucionalidade.

O processo legislativo é estabelecido pela Constituição


Federal e se desdobra nas seguintes etapas: apresentação de
projeto, exame das comissões, discussão e aprovação, revisão,
sanção, promulgação e publicação.
- apresentação de projeto: o art. 61 da Constituição
Federal de 1988;
- exame das comissões discussão e aprovação; Plenário.
- revisão: O projeto pode ser apresentado na Câmara ou no
Senado Federal. Iniciado na Câmara, o Senado funcionará
como Casa revisora e vice-versa, com a circunstância de que os
projetos encaminhados pelo Presidente da República, Supremo
Tribunal Federal e Tribunais Federais serão apreciados
primeiramente pela Câmara dos Deputados. Se a Casa revisora
aprová-lo, deverá ser encaminhado à Presidência da República
para sanção, promulgação e publicação; se o rejeitar, será
arquivado; se apresentar emenda devolverá à Casa de origem
para novo estudo. Não admitida a emenda, o projeto será
arquivado.
- Sanção: aquiescência, ou concordância do Chefe do
Executivo a um projeto de lei aprovado pelo Legislativo. É ato
da alçada exclusiva do Poder Executivo: do Presidente da
República, Governadores Estaduais e Prefeitos Municipais.
Na esfera federal, dispõe o Presidente do prazo de quinze
dias para sancionar ou vetar o projeto.
A sanção pode ser tácita ou expressa.

Sanção expressa: quando declara a concordância em tempo


oportuno
Sanção tácita: ocorre quando o Chefe do Poder Executivo
(Presidente Rep., Governador e Prefeito) não se manifesta no
prazo de 15 dias úteis.
Veto: é a rejeição pelo Chefe do Poder Executivo a um projeto
de lei.
Veto jurídico: inconstitucionalidade
Veto político: contrário ao interesse público
Na hipótese de veto, o Congresso Nacional - as duas Casas
reunidas - disporá de trinta dias para a sua apreciação. Para
que o veto seja rejeitado é necessário o voto da maioria
absoluta dos deputados e senadores, em escrutínio secreto.
Maioria absoluta: é a metade seguida de + 1 dos membros
de cada Casa do Poder Legislativo.
Maioria simples ou relativa: é a metade seguida de + 1 dos
membros dos parlamentares presentes na votação.
- Promulgação: declaração formal da existência da lei pelo
Chefe do Executivo.
Prazo: 48 horas – Caso o Presidente não promulgue o
Presidente do Senado Federal o fará no mesmo prazo, depois o
Vice-presidente do SF

- Publicação: A publicação é indispensável para que a lei


entre em vigor e deverá ser feita por órgão oficial. O início de
vigência pode dar-se com a publicação ou decorrida a vacatio
legis, que é o tempo que medeia entre a publicação e o início de
vigência.
- Vacatio legis: que é o tempo que medeia entre a publicação
e o início de vigência.
VIGÊNCIA DA NORMA
Art. 1º da LINDB: Salvo disposição contrária, a lei começa a
vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.
IMPORTANTE:
Vacatio legis: tempo (interstício temporal) que
intermedeia a publicação e a vigência, ou seja,
intervalo entre a publicação e a vigência de uma lei.
Lei Brasileira: 45 dias
Lei Estrangeira: 3 meses
Para que a norma possa ter vigência de fato se faz necessário
passar por seis etapas: iniciativa, discussão, deliberação,
sanção, promulgação e publicação.

A publicação é indispensável para que a lei entre em vigor e


deverá ser feita por órgão oficial. O início de vigência pode dar-
se com a publicação ou decorrida a vacatio legis, que é o tempo
que medeia entre a publicação e o início de vigência.
Portanto, com a promulgação (declaração de existência da Lei),
a lei passa a existir, mas o início de sua vigência é condicionado
pela chamada vacatio legis. Pelo sistema brasileiro, a lei entra
em vigor em todo o País quarenta e cinco dias após a sua
publicação. Esse prazo é apenas uma regra geral, aplicada
quando a lei é silente.
Contudo, conforme a natureza da lei, o legislador pode optar
por um interregno diferente ou até suprimi-lo. Quando a
aplicação da lei brasileira for admitida no estrangeiro,
a vacatio legis será de três meses.
IMPORTANTE:
Vigência: a norma começa a existir com
obrigatoriedade. A vigência é o tempo em que a lei
existe, é válida e produz efeitos. O Código Civil de
1916 não é mais vigente, mas está em vigor. Trata-se
do instituto da ultratividade normativa.
Vigor: consiste na força vinculante da norma jurídica
– a norma gera direitos e deveres. Vigor é a qualidade
da lei em produzir efeitos jurídicos, ainda que a lei
tenha sido revogada.
Art. 2o DA LINDB: Não se destinando à vigência
temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.
IMPORTANTE: As leis podem ser:
Lei Temporária: existem por prazo pré-estabelecido
Lei de vigência indeterminada: não possuem prazo
pré-estabelecido de vigência. Vigerão até que outra lei
a revogue
TÉRMINO DA VIGÊNCIA DA NORMA JURIDICA:
A perda de vigência pode ocorrer nas seguintes hipóteses:

a) revogação por outra lei;

b) decurso do tempo;

c) desuso

IMPORTANTE:
Revogação Total: Ab-rogação
Revogação Parcial: Derrogação
A revogação da lei pode ser expressa ou tácita.
Revogação expressa: ocorre quando a lei nova determina
especificamente a revogação da lei anterior.
Já a revogação tácita se opera sob duas formas:
1. quando a lei nova dispõe de maneira diferente sobre
assunto contido em lei anterior, estabelecendo-se
assim um conflito entre as duas ordenações. Este
critério de revogação decorre do axioma lex posterior
derogat priorem (a lei posterior revoga a anterior);
2. quando a lei nova disciplina inteiramente os
assuntos abordados em lei anterior. É princípio de
hermenêutica, porém, que a lei geral não revoga a de
caráter especial. Quando uma lei revogadora perde a
sua vigência, a lei anterior, por ela revogada, não
recupera a sua validade. Esse fenômeno de retorno à
vigência, tecnicamente designado por repristinação,
é condenado do ponto de vista teórico e por nosso
sistema.
IMPORTANTE:
Repristinação: Restauração de uma norma revogada
pela revogação da norma revogadora. Quando uma lei
revogadora perde a sua vigência, a lei anterior, por ela
revogada recupera a sua validade.
A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência, salvo se a lei nova revogadora
assim dispuser expressamente.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o
declare (Revogação expressa), quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior (revogações tácitas –
Incompatibilidade e nova lei que trata por completo
do assunto da anterior).
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a
par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

IMPORTANTE:
Lei geral não revoga lei especial
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
IMPORTANTE:
Repristinação Só ocorre no Direito Brasileiro, se a lei
revogadora expressamente assim dispuser.
Portanto, em regra no Direito Brasileiro não há
respristinação, salvo quando expresso em lei.
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a
conhece.

Princípio da Publicidade
A vigência da norma surge com a sua publicação no Diário
Oficial, em tese, todos tomariam conhecimento neste
momento.

O texto estabelece um princípio segundo o qual as pessoas têm


a obrigação de conhecer as leis, pois ninguém poderá usar o
desconhecimento da lei como desculpa. Por sinal, é um
princípio geral do Direito, ou seja, seria aplicado mesmo que
não fosse explícito. Para o art. 21 do Código Penal, o
desconhecimento da lei é inescusável.
Esse princípio é necessário para proibir que uma pessoa
apresente a própria ignorância como razão de não cumprir a
norma jurídica, o que retiraria a força de eficácia da lei e
comprometeria o ordenamento jurídico.

Irretroatividade da Lei - No momento em que a lei penetra


no mundo jurídico, para reger a vida social, deve atingir apenas
os atos praticados na constância de sua vigência. O princípio da
irretroatividade da lei consiste na impossibilidade de um novo
Direito atuar sobre fatos passados e julgar velhos
acontecimentos.
Só há retroatividade benéfica em caso de lei penal.
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS:
Interpretar é fixar o verdadeiro sentido e o alcance de
uma norma jurídica.
Interpretar a lei é atribuir-lhe um significado, determinar o seu
sentido a fim de se entender a sua correta aplicação a um caso
concreto.
A interpretação jurídica, que ocorre sempre que a norma
jurídica objeto do estudo não for suficientemente clara, deve
buscar sempre o sentido pretendido pela própria lei (mens
legis) e não o sentido pretendido pelo legislador (mens
legislatoris). É que, após editada uma lei, a opinião do
legislador já não tem importância, pois a norma ganha vida
própria, submetendo o próprio legislador, que também estará
obrigado a cumpri-la.
Destarte, quando a norma jurídica é clara na sua essência, de
fácil compreensão e entendimento, não há necessidade de
interpretação: in claris cessat interpretatio.
Temos três elementos que integram o conceito de
interpretação:
a) Revelar o seu sentido: isso não significa somente
conhecer o significado das palavras, mas, sobretudo descobrir
a finalidade da norma jurídica.
Com outras palavras, interpretar é compreender. As
normas jurídicas são parte do universo cultural e a
cultura, como vimos, não se explica, se compreende
em função do sentido que os objetos culturais
encerram. E compreender é justamente conhecer o sentido,
entender os fenômenos em razão dos fins para os quais foram
produzidos.
Por exemplo, a lei que concede férias anuais ao trabalhador
tem o significado de proteger e de beneficiar sua saúde física e
mental.

b) Fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de


incidência, é conhecer sobre que fatos sociais e em que
circunstâncias a norma jurídica tem aplicação.
Por exemplo, as normas trabalhistas contidas na Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) se aplicam apenas aos
trabalhadores assalariados, isto é, que participam em uma
relação de emprego; e as normas contidas no Estatuto dos
Funcionários Públicos da União têm o seu campo de incidência
limitado a estes funcionários.
c) Norma jurídica: falamos em norma jurídica como gênero,
uma vez que não são apenas as leis ou normas jurídicas legais
que precisam ser interpretadas, embora sejam elas o objeto
principal da interpretação. Assim, todas as normas jurídicas
podem ser objeto de interpretação: as legais, as jurisdicionais
(sentenças judiciais), as costumeiras e os negócios jurídicos.
Por fim, para fixar o sentido e o alcance da norma, o intérprete
deve observar algumas regras de interpretação, como observa
Rizzatto Nunes, no seu Manual de introdução ao estudo
do direito:
Interpretação Gramatical:" É através das palavras da
norma jurídica, nas suas funções sintática e semântica, que o
intérprete mantém o primeiro contato com o texto posto "(p.
262).
Interpretação Lógica:"A interpretação lógica leva em
consideração os instrumentos fornecidos pela lógica para o ato
de intelecção, que, naturalmente, estão presentes no trabalho
interpretativo"(p. 265).
Interpretação Sistemática:"cabe ao intérprete levar em
conta a norma jurídica inserida no contexto maior de
ordenamento jurídico. O intérprete, em função disso, deve dar
atenção à estrutura do sistema, isto é, aos comandos
hierárquicos, à coerência das combinações entre as normas e à
unidade enquanto conjunto normativo global"."A interpretação
sistemática leva em conta, também, a estrutura do sistema
jurídico: a hierarquia, a coesão e a unidade"(p. 269).
Interpretação Teleológica: “ quando considera os fins aos
quais a norma jurídica se dirige”.
Interpretação Histórica:" é a que se preocupa em investigar
os antecedentes da norma "(p. 272)
Interpretação quanto a seus efeitos:
Declarativa ou especificadora:"aquela em que o intérprete
se limita a ‘declarar’ o sentido da norma jurídica interpretada,
sem amplia-la nem restringi-la. (...). A declarativa, que pode
ser chamada também de especificadora, seria o resultado
normal e rotineiro do trabalho do intérprete na fixação do
sentido e alcance da norma jurídica"(p. 273).
Restritiva:"é a que restringe o sentido e alcance apresentado
pela expressão literal da norma jurídica. (...). O resultado,
ainda que conhecido como restritivo, de fato, fixa o sentido e o
alcance da norma jurídica, nos limites exatos em que ela já
deveria estar"(p. 274).
Extensiva:" amplia o sentido e o alcance apresentado pelo
que dispõe literalmente o texto da norma jurídica "(p. 274).
As regras de interpretação da lei são as seguintes:
Quanto à origem ou fonte de que emana, a
interpretação pode ser:
 Autêntica: quando emana do próprio poder que fez o ato
cujo sentido e alcance ela declara.
Assim, p. ex., o Regulamento pode esclarecer o sentido
da lei e completá-lo, mas não tem o valor de
interpretação autêntica a oferecida por aquele, ou por
qualquer outro ato ministerial como uma portaria,
uma vez que não decorrem do mesmo poder.
 Judicial: é a resultante das decisões prolatadas pela
Justiça. Aquela realizada pelos juízes ao sentenciar,
encontrando-se presente nas Sentenças, nos Acórdãos e
nas Súmulas dos Tribunais.
 Administrativa: aquela cuja fonte elaboradora é a
própria Administração Pública, através de seus órgãos e
mediante pareceres, despachos, decisões,
circulares, portarias etc.
 Doutrinária: aquela realizada cientificamente pelos
doutrinadores e juristas em suas obras.
Quanto à sua natureza, a interpretação pode ser:
Interpretação literal ou gramatical: exame do significado
e alcance de cada uma das palavras da norma jurídica; ela se
baseia na análise das palavras da lei, para determinar o seu
verdadeiro sentido;
Interpretação lógica ou racional: serve-se da
reconstrução da mens legislatoris (intenção do
legislador) para saber a razão da lei (ratio legis);
Interpretação sistemática ou orgânica: analisa as leis de
acordo com o Direito na sua totalidade (sistema jurídico),
confrontando-as com outras normas, com princípios e com
valores prestigiados pelo Estado;
Interpretação histórica: procura reconstruir e revelar o
estado de espírito dos autores da lei, os motivos que os levaram
a fazê-la, a análise cuidadosa do projeto, com a sua exposição
de motivos, mensagens do órgão executivo, atas e informações,
debates, etc. A interpretação histórica verifica a relação da lei
com o momento da sua edição (occasio legis – ocasião da lei);
Interpretação teleológica (ou finalidade): procura saber
o fim social da lei, ou seja, a finalidade que o legislador teve em
vista na elaboração da lei. É a mais incentivada no Direito
Brasileiro, conforme o artigo 5º da Lei de Introdução
LINDB:"na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a
que ela se dirige e às exigências do bem comum";
Quanto a seus efeitos ou resultados, a interpretação
pode ser:
Interpretação restritiva: quando o intérprete restringe o
sentido da norma ou limita sua incidência, concluindo que o
legislador escreveu mais do que realmente pretendia dizer.
Por exemplo, a lei diz “descendente”, quando na realidade
queria dizer “filho”.

O CC/02 ordena que os negócios jurídicos benéficos e


maléficos sejam interpretados restritivamente.

Interpretação extensiva: quando o intérprete conclui que o


alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos.
Nesse caso, diz-se que o legislador escreveu menos do que
queria dizer, e o intérprete, alargando o campo de incidência
da norma, aplicá-la-á a determinadas situações não previstas
expressamente em sua letra, mas que nela se encontram,
virtualmente, incluídas. É o resultado do trabalho criador do
interprete. É a revelação de algo implícito.
BOA-FÉ OBJETIVA: significa que todos devem agir
com honestidade e probidade.
MEIOS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Integração é um processo de preenchimento de lacunas,
existentes na lei. A lacuna se caracteriza não só quando a lei é
completamente omissa em relação ao caso, mas igualmente
quando o legislador deixa o assunto a critério do julgador.
Normalmente essas lacunas surgem em razão do desencontro
cronológico entre o avanço social e a correspondente criação de
novas regras disciplinadoras. O intervalo de tempo que
permanece entre os dois momentos gera espaços vazios na lei.
Outras vezes, aparecem em virtude do excesso de
abstratividade da norma jurídica.
A analogia não pode ser aplicada no Direito Penal e fiscal

Analogia pode ser:


Analogia legal: a relação de semelhança toma por base uma
lei
Analogia iuris: a relação de semelhança toma por base um
caso concreto julgado pelo Judiciário.
Equidade: é a justiça do caso particular ou abrandamento dos
rigores da lei. O juiz, utilizando-se do seu senso comum, fará
análise do caso concreto e decidirá de acordo com o que ele
acha justo, mas nunca contrário à lei.
É forma de manifestação de justiça que tem o condão de
atenuar, amenizar, dignificar a regra jurídica. Como lembram
Stolze Gagliano e Pamplona Filho (2002:25), a equidade, na
concepção aristotélica, é a " justiça do caso concreto ".
A regra jurídica é geral e, em determinadas situações, pode não
atender aos ideais de justiça no caso concreto. O conceito de
equidade interliga-se ao conceito do próprio Direito, uma vez
que enquanto o Direito regula a sociedade com normas gerais
do justo e do equitativo, a equidade procura adaptar essas
normas a um caso concreto.

O trabalho de aplicação do Direito por equidade é de


precipuamente aparar as arestas na aplicação da lei dura e
crua, para que uma injustiça não seja cometida. A equidade é
um trabalho de abrandamento da norma jurídica no caso
concreto. A equidade flexibiliza a aplicação da lei.

Em síntese, a equidade se traduz na busca constante e


permanente do julgador da melhor interpretação legal e da
melhor decisão para o caso concreto. Trata-se, como se vê, de
um raciocínio que procura a adequação da norma ao caso
concreto.

DIREITO E JUSTIÇA
A justiça é o polêmico tema do Direito e, ao mesmo tempo,
permanente desafio aos filósofos do Direito, que pretendem
conceituá-la, e ao próprio legislador que, movido por interesse
de ordem prática, pretende consagrá-la nos textos legislativos.

Com base nas concepções de Platão e de Aristóteles, uma


definição formal de Justiça foi feita por Ulpiano: é a vontade
constante e perpétua da dar a cada um o seu direito.
A máxima é antiga, mas plenamente atual. O conteúdo que
será atribuído a cada um é que varia de acordo com o tempo e o
espaço. A ideia de justiça não é pertinente apenas ao Direito. A
Moral, a Religião e algumas Regras de Trato Social preocupam-
se também com as ações justas.

A Importância da Justiça para o Direito


A ideia de justiça faz parte da essência do Direito. Para que a
ordem jurídica seja legítima, é indispensável que seja a
expressão da justiça. A justiça se torna viva no Direito quando
deixa de ser apenas ideia e se incorpora às leis. Ao estabelecer
em leis os critérios da justiça, o legislador deverá basear-se em
uma fonte irradiadora de princípios.

Daí poderia concluir que hoje, na chamada pós-modernidade,


estamos na era de acreditar que o direito natural vem
manifestado nos princípios que permeiam toda a Constituição
Brasileira.
CLASSIFICAÇÃO DA JUSTIÇA
Justiça Distributiva: Estado - repartição dos bens e dos
encargos aos membros da sociedade – critério igualdade
proporcional ao grau de necessidade da pessoa.
Justiça Comutativa: Particulares – critério da igualdade
quantitativa – correspondência entre o quinhão de quem
recebe com o de quem dá.
Justiça Distributiva - Esta espécie apresenta
o Estado como agente, a quem compete a repartição dos
bens e dos encargos aos membros da sociedade. Ao
ministrar ensino gratuito, prestar assistência médico-
hospitalar, efetuar doação à entidade cultural ou beneficente, o
Estado desenvolve a justiça distributiva.
Orienta-se de acordo com a igualdade proporcional,
aplicada aos diferentes graus de necessidade.
A justiça penal inclui-se nesta espécie, pois o Estado participa
da relação jurídica e impõe penalidades aos autores de delitos.

Justiça Comutativa - a forma de justiça que preside às


relações de troca entre os particulares. O critério que adota é o
da igualdade quantitativa, para que haja correspondência
entre o quinhão que uma parte dá e o que recebe.
Abrange as relações de coordenação e o seu âmbito é o do
Direito Privado. Manifesta-se principalmente nos contratos de
compra e venda, em que o comprador paga o preço equivalente
ao objeto recebido.

Justiça Geral – ou legal. Geralmente imposta por lei.


Consiste na contribuição dos membros da comunidade para o
bem comum. Os indivíduos colaboram na medida de suas
possibilidades, pagando impostos, prestando o serviço militar
etc. Ex: CPMF – imposto, a princípio criado para saúde.
Justiça Social – binômio: capacidade/necessidade. A
finalidade da justiça social consiste na proteção aos mais
pobres e aos desamparados, mediante a adoção de critérios que
favoreçam uma repartição mais equilibrada das riquezas. EX:
IPTU diferenciado para determinados bairros; IPVA de carros.
Em contrapartida: bolsa família, escola, gás, pré-natal.
A justiça social observa os princípios da igualdade
proporcional e considera a necessidade de uns e a
capacidade de contribuição de outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA DE MELO, Celso Antônio Curso de Direito
Administrativo, 18. ed. São Paulo. Malheiros, 2005, p. 530-
902.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do
direito. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios
Constitucionais. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1999, p. 65
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio, Introdução ao estudo do
direito, 4 ed., São Paulo: Atlas, 2003.
NADER, Paulo, Introdução ao estudo do direito, 24 ed. atual.
Rio de Janeiro: Forense, 2004.

1. Pós-doutoranda em Direito pela Universidade


Federal da Bahia. Doutora e Mestre em Direito
Privado pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais. Coordenadora do Curso de Direito da
Uniesp – Faculdade de Belo Horizonte. Professora da
Puc Minas, da Uniesp, Polícia Militar. Servidora do
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região.
Especialista em Direito Processual Civil pela
Universidade Gama Filho. Especialista em Educação
à distância pela PUC Minas. Especialista em Direito
Público – Ciências Criminais pelo Complexo
Educacional Damásio de Jesus. Bacharel em
Administração de Empresas e Direito pela
Universidade FUMEC. E-mail:
[email protected]. ↑

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