Roteiro de HA

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- Nós viemos apresentar um trabalho, que consiste em, a partir da minissérie


brasileira Sankofa relacionar os impactos da escravidão de povos africanos no
continente americano, com a construição da subjetividade do indivíduo, nesse caso
em específico dos afro-brasaileiros
.
- No que toca a minissérie, ela vai se dividir entre o resgate de memórias da
escravatura, a exposição da riqueza e diversidade cultural do Continente Africano,
então os episódios se dividem sempre entre países da África e o Brasil. Bom, nesse
sentido, o projeto encabeçado por duas figuras fundamentais,

(slide 2)
- O primeiro, é o César Fraga, ele é fotógrafo, pesquisador, se formou em Design pela
UERJ, já contribuiu com grandes veículos de comunicação como National
Geographic, História Viva, entre outros. Se dedica mesmo em difundir a cultura
através da fotografia, e quando se vai para um local tão culturalmente rico, como é o
caso do Continente Africano, a presença de um fotógrafo é fundamental

(slide 3)
- O segundo protagonista do projeto é o Professor Maurício Barros, ele é doutor em
História pela universidade de São Paulo, mas trabalhada no Inst. de Artes da UERJ,
então assim, a contribuição histórica e cultural dele é fundamental, para além do
âmbito docente, ele dedica-se à pesquisas relacionadas à Diáspora Africana e as
relações etnico-culturais ,
-
- Então acredito que para a proposta do projeto não poderia ter sido conduzido
por duas pessoas melhores
- Ainda acho importante salientar a contribuição de outros nomes como a
Professora Mônica Lima (UFRJ), Paulo de Jesus (UFRB), Muniz Sodré (que
é um jornalista, professor e sociólogo brasileiro)

(slide 4 - mapa)
- Aqui vemos um mapa dos países que vão ser visitados pelo César e pelo Maurício
Cabo verde, Guiné-Bissau, Senegal, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Angola,
Moçambique [apontar no mapa]

(slide 5 - subjetividade afro brasileira, slide 6 - comércio transatlântico de pessoas


escravizadas, slide 7 - projeto Sankofa » Liliana)

(slide 8 - Cabo Verde)


- O primeiro lugar que eles visitaram no continente Africano foi Cabo Verde, Foi a
primeira sociedade dos trópicos multiracial; fundada por africanos, europeu, pelo que
é possível dizer que Cabo Verde teve uma sociedade miscigenadamente construída.
Essa mistura entre povos obviamente se dava com a opressão de um pelo outro,
então quando esses negros oriundos de Cabo Verde chegavam ao Brasil, havia o
movimento de catecismo que suprimia a cosmogonia pessoal desses povos, estes
em resposta numa espécie de Sincretismo, criaram um paralelismo, uma
associação por assim dizer entre seus orixás e alguns Santos Católicos para
manterem viva sua própria religião mesmo sob o julgo do colonizador.
- O Cais do Valongo, foi o maior porto de recebimento de pessoas
escravizadas da América Latina,
● O Rio de Janeiro foi a maior cidade afro-atlântica do mundo. Esse
porto chegou a receber cerca de 1 milhão de pessoas escravizadas.
● Em torno do Cais do Valongo, formou-se uma espécie de mercado,
uma região com as infraestruturas necessárias para o recebimento
dos que eram vistos como mercadoria
● Entre essas infraestruturas, duas de fato foram bem chocantes de
conhecer,
○ Hospital do Lazarento, que cuidava das enfermidades dos que
chegavam, já que eles precisavam estar em condições de
comércio e de trabalho,
○ Cemitério dos Pretos Novos, onde eles enterravam os que não
resistiam à viagem em condições extremamente desumanas.
Era um cemitério quase à céu aberto.
● Já no âmbito da subjetividade afro-brasileira, a série mostra um
movimento de ressignificação do pelourinho por parte de grupos
afoxés, que atribuem ao pelourinho um novo significado, este se torna
um símbolo da força e da resistência dos povos que mesmo perante
uma situação tão adversa, foram capazes de criar uma sociabilidade,
e aqui ressalto que muito bem estruturada. É uma tentativa dos
afro-descendentes brasileiros de lerem a sua história não como se
fossem resumidos aos acontecimentos que subjugaram os seus
ancestrais, mas dando à eles a agencialidade de recuperarem a sua
própria história e serem os protagonistas da sua própria narrativa.
(Senegal)
- Nesse episódio é explicado uma coisa extremamente importante, infelizmente, o
conceito de escravidão foi visto em práticamente todas as sociedades humanas,
porque conflitos geram guerra e guerra gera perdedores que em sua maioria se
tornaram escravos, mas a justificativa para a escravidão é algo que se transformou
ao longo do tempo, a religião, a língua, várias questões relacionadas à diferença
eram usadas como justificativas para escravizar povos, vale aqui até mencionar os
povos eslavos, já que a prórpria palavra “escravo” e mesmo em inglês “slave” são
oriundas da preferência que os povos “dominantes” tinham por esse grupo étnico.
Foi na idade moderna, quando a narrativa cristã perdia sua força pro iluminismo e
pra pensamentos mais racionalistas que “honrar outro Deus” já não é suficiente para
validar a escravidão, então busca-se na pele negra, a justificativa da inferioridade
“natural” dos povos africanos, e é por isso que vemos grandes pensadores como
Hegel com falas extremamente chocantes relacionadas ao “estado de natureza”
“estado selvagem” dos povos africanos.
- Correlacionando com o Brasil, vale destacar que os que partiram da região do
Senegal, chegaram sobretudo na Região do Maranhão, principalmente em São Luíz
a capital, mesmo sob o jugo da escravidão, esses povos vão manter efervescente a
sua cultura, a ponto de hoje serem o maior quilombo urbano da América Latina
- Um outro ponto que vale ressaltar, ligado à problemática da escravidão na
construição do “ser” descendente de escravos brasileiros, é como a negação da
história africana afetou a ausência de enraizamento histórico desses indivíduos.
Tanto à nível econômico, quanto a nível social, o Brasil foi formado por pessoas
vindas da África, e elas deixaram o seu legado à esses brasileiros, que antes da
popularização desse movimento de Sankofa que hoje é difundido e debatido, mas
que durante muito tempo se sentem desconectados, não eram 100% brasileiros, não
eram 100% europeus, não eram 100% africanos, mas a fatia maior que vinha da
África, era vista como ruim e pejorativa e sem valor, isso foi extremamente
prejudicial para a subjetividade dos indivíduos mas também para seu
posicionamento social como um todo. E hoje, o que é preciso é difundir o
conhecimento, é essencialmente esse movimento de ressignificação, a tomada da
narrativa.
- Porém a visita ao Senegal, evidência de uma forma muito bonita, a pluralidade da
cosmovisão africana, assim que eles chegam em Dakar se deparam com o
Monumento da Renascença Africana, que é além de muito simbólico gigante,
genuinamente deve ser uma experiência de outro mundo estar perante essa obra,
- Aqui (slides 12,13,14 e 15) alguns lugares que eles visitaram, o Bairro da Liberdade
em São Luís do Maranhão

(Guiné Bissau)
- O foco da viagem à Guiné-Bissau, era conhecer essencialmente o forte do Cacheu
que era um dos portos de embarque e desembarque de pessoas escravizadas, essa
região era rodeada por vários rios, e quando a demanda por pessoas escravizadas
começou a aumentar, esses rios facilitam a entrada dos Europeus no interior do
continente para a captura de mais pessoas, nesse contexto, visitando uma dessas
aldeias mais interioranas, eles encontram correntes no topo das árvores, e um dos
moradores disse essa frase que nós achamos muito significativa pra esse
movimento de tomada de narrativa [ler slide]

(slide 20 - Gana)
- De mais relevante para a temática de subjetividade afro-brasileira, em Gana
podemos destacar o Bairro Tambon, muitos dos que conseguiram retornar ao
Continente Africano, foram para a Nigéria, mas ouviram falar de melhores condições
de trabalho em Gana. Mas chegando lá, eles não conseguiam se comunicar pela
divergência linguística, então acabavam por responder “Tá bom” pra tudo, acabaram
ficando conhecidos como povos Tambon e formaram um bairro de “retornados do
Brasil”. Nesse episódio também é realçado as principais commodities que eram
produzidas no Brasil através do comércio de escravos [ler slide]
- Como nós somos futuros internacionalistas, nós achamos que seria relevante
destacar o fato de que eles passaram pela cidade de Kofi Annan,
- [slide 23] Essa é a fortaleza do Forte da Mina, que recebia escravos Ãcas (principal
grupo étnico de Gana)
- No Brasil, há o destaque para o Jongo, conhecido como o pai do samba por assim
dizer, é baseado no movimento da Umbigada, mas sem que haja contacto físico,
assim como em outros pilares da cultura africana, há a forte importância ritualística
do tambor, que é quase um convite, uma conexão com o divino.

(slide 25 - Togo)
- Parte da relação com o continente Africano vem sobretudo do que a conexão
religiosa foi capaz de manter como tradição, o que mostra que a importância da
cosmogonia, da religião por assim dizer como fator de coesão num cenário em que
nada era coeso. No Togo, eles viram mercados de fetiches, palavra que recebeu um
cunho muito pejorativo pelo ocidente europeu, já que tudo que era ligado ao Voodoo
e a Magia Negra recebeu esse caráter negativo, sendo que essencialmente o
Voodoo é uma prática que serve para pregar amor,
- No nordeste Brasileiro, a religião do Candomblé, acabou por se dividir em
duas vertentes
● Candomblé Etu, ligado diretamente dos pertencentes do grupo Nagô, onde
encontravam-se os Iorubás
● Candomblé Jejé está mais ligado à mitologia Fom, onde há mais
predominância de elementos ligados ao Voodoo
- Tal mostra a pluralidade da religiosidade africana, que para além da expressões
espirituais já mencionadas, como a cosmogonia iorubá, a translability cristã ou até
mesmo muçulmana, dentro da veia das cosmogonias, uma série de expressões são
criadas e difundidas.
- Nesse sentido, perante a colonização como projeto de “reeducação” a manutenção
dos terreiros vem como um profundo símbolo de resistência

(conclusão)
- Quando é referido o Horizonte Simbólico tudo que era importante e sagrado caiu por
terra e perdeu totalmente o seu valor perante o tanto o projeto de colonização,
quanto perante ao movimento de escravidão. Essa quebra, esse desenraizamento
afetou imensamente a construção do “ser descendentes de escravos” no Brasil,
você vinha de alguém que não tinha valor em si próprio e de alguém cujo a
humanidade foi por muito tempo negada, e é possível ver na desigualdade social, na
marginalização de pessoas negras, na violência policial tão parcial o quanto a
herança dessa negação de humanidade perdura. A sankofa, como recuperação
histórica mas com um forte pilar cultural é a forma de recuperar esse horizonte
simbólico e criar uma nova subjetividade afro-brasileira, uma forma de se enxergar
perante ser social com maior propriedade, agencialidade, e capacidade de exigir
uma postura externa que por tanto tempo foi negado.

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