Analise de Sistemas de Geração de Energia Eolica TCC
Analise de Sistemas de Geração de Energia Eolica TCC
Analise de Sistemas de Geração de Energia Eolica TCC
Campina Grande
Julho 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
Aluno
João Viniccius Gomes Alves
Orientador
Professor Washington Luiz Araújo Neves, Ph. D.
Campina Grande
Julho 2012
ii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer inicialmente a DEUS por estar ao meu lado nos momentos mais
difíceis dessa longa caminhada que é a vida, sempre me dando forças, apoio e sabedoria para
seguir em frente, lutando com a cabeça erguida as batalhas da vida.
À minha MÃE e ao meu PAI não tenho nem como transmitir em palavras todo o apoio
que me deram e todo o esforço que sempre despenderam para me proporcionar condições para
enfrentar as dificuldades durante essa longa jornada, sendo responsáveis pela minha educação
e formação de caráter e de ser humano.
À minha AVÓ, infelizmente, só posso agradecer em orações, nesse momento de
alegria que ela sempre sonhou e desejou estar presente.
Agradeço a toda minha família, que estão e estiveram presentes ao meu lado nas
vitórias ou nas derrotas, fisicamente ou em orações, me apoiando.
Agradeço à equipe da Coordenação de Graduação em Engenharia Elétrica,
especialmente a Adail e Tchai por serem pessoas maravilhosas e que estão dispostos a ajudar
da melhor maneira sem economizar esforços.
Um agradecimento especial ao Professor Edmar pela orientação e companheirismo
durante o período em que trabalhamos juntos.
Agradeço ao Professor Washington pela paciência sempre dedicada e pelos bons
serviços prestados na orientação e encaminhamento deste graduando até o nível profissional.
Aos amigos mais próximos, um sincero agradecimento pelas risadas, noites mal
dormidas e companhia ao longo destes cinco anos de estudos, de aprendizado e de
amadurecimento.
Além destes, não poderia me esquecer de todas as pessoas que participaram deste
tempo de alegrias e crescimento em Campina Grande: D. Zizi, D. Dida, as pessoas da
Catedral de Campina Grande – especial agradecimento ao Fabrício por ter me dado a
oportunidade de seguir esse caminho -, o pessoal do LAD, do LEMA e, por fim, Bruna.
iv
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance,
ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos. ''
Charles Chaplin
v
RESUMO
A energia eólica ganha a cada ano maior repercussão mundial como fonte de energia
renovável e limpa, apresentando grande aceitação social. O rápido desenvolvimento da
tecnologia deste tipo de fonte e da sua integração ao sistema elétrico traz consigo grandes
implicações, se tornando um importante polo gerador de empregos: por exemplo, para
cientistas que pesquisam e ensinam os aspectos deste tipo de energia e engenheiros eletricistas
nas universidades; para profissionais do ramo elétrico que necessitam compreender a
complexidade dos efeitos benéficos e maléficos que a energia eólica acarreta ao sistema
elétrico de potência; para fabricantes de aerogeradores; para desenvolvedores de projetos de
energia eólica, os quais também necessitam do entendimento global de modo a desenvolver
projetos eficazes, modernos e econômicos de geração de energia eólica. Este tipo de energia
envolve várias disciplinas e áreas de conhecimento distintas como aerodinâmica, dinâmica
estrutural e mecânica além da engenharia elétrica. Desse modo, devido ao fato do autor estar
atuando na área e em função do conhecimento adquirido e da importância do tema, este
relatório de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) visa à exposição dos principais conceitos
e ideias, de maneira didática, para aqueles que desejam ingressar nesta seara e / ou aprofundar
ainda mais os conhecimentos já existentes acerca do tema.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Capacidade instalada mundial entre 1996 e 2011 (GWEC, 2012) .......................................................14
Figura 2. Espectro de velocidades do vento (ACKERMANN, 2005).................................................................24
Figura 3. Condições ilustrativas de vento para pá em rotação (ACKERMANN, 2005) ......................................27
Figura 4. Curvas (a) Para um ângulo de pitch fixo; (b) Para várias velocidades de vento. (ACKERMANN,
2005)...............................................................................................................................................................29
Figura 5. Curva de Potência de uma turbina eólica de 1500 kW (ACKERMANN, 2005)...................................30
Figura 6. Curvas ilustrativas de potência mecânica de turbinas eólicas à velocidade fixa e variável para várias
velocidades de vento (4 – 16 m/s). (ACKERMANN, 2005) ..............................................................................37
Figura 7. Gerador de Indução conectado diretamente à rede (ACKERMANN, 2005) ........................................39
Figura 8. Gerador de Indução com controle de escorregamento (ACKERMANN, 2005) ...................................40
Figura 9. Gerador de Indução Duplamente Alimentado (ACKERMANN, 2005) ...............................................41
Figura 10. Gerador de Indução conectado à rede via conversor (ACKERMANN, 2005)....................................41
Figura 11. Estrutura do conversor de frequência back-to-back (MOHAN; UNDELAND, ROBBINS; 2009)......45
Figura 12. Diagrama Unifilar simplificado típico de usinas eólicas ...................................................................57
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Capacidade operacional eólica no mundo (WPM, 2012; GWEC, 2008) .............................................18
Tabela 2. Modelos de turbinas eólicas no mercado do Brasil ............................................................................46
Tabela 3. Interferências dos aerogeradores no sistema elétrico e causas (CUSTÓDIO, 2009) ............................53
Tabela 4. Requisitos Técnicos para conexão ao sistema de potência (BRASIL, 2012) .......................................59
viii
LISTA DE SIGLAS
A
ABRACE – Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e
Consumidores Livres
AC – Alternate Current
ANAREDE – Análise de Redes Elétricas
ANNEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ATP – Alternative Transient Program
AWEA – American Wind Energy Association
B
BIG - Banco de Informação de Geração
C
CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
D
DC – Direct Current
DEWI – DeutschesWindenergieInstitut
DFIG – Doubly Fed Induction Generator
DTHT - Distorção de Tensão Harmônica Total
E
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
EWEA – European Wind Energy Association
F
FDP – Função Densidade de Probabilidade
G
GB – Gear Box
GE – General Electric
ix
I
IEC – International Eletrotechnical Commission
IGBT – Insulated Gate Bipolar Transistor
M
MME – Ministério de Minas e Energia
O
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico
P
PCH – Pequenas Centrais Hidrelétricas
PMSG – Permanent Magnet Synchronous Generator
PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
PURPA - Public Utility Regulatory Policies Act
PWM – Pulse-Width Modulation
pu – Por unidade
R
RMS - Root Mean Square
S
SCIG – Squirrel Cage Induction Generator
SIN – Sistema Elétrico Interligado Nacional
W
WPM – Wind Power Monthly
WRIG – Wound Rotor Induction Generator
WRSG – Wound Rotor Synchronous Generator
x
LISTAS DE SÍMBOLOS
Potência
xi
Símbolos Gregos
xii
SUMÁRIO
1. Introdução
A força dos ventos é utilizada há pelo menos 3000 anos. Desde o início do século 20,
ela é usada para fornecimento de energia mecânica aos moinhos de vento, tendo como
objetivos o bombeamento de água e a moagem de grãos. Com o advento da industrialização, o
uso desta fonte de energia aleatória foi substituído por combustíveis fósseis, uma fonte de
energia mais confiável (ACKERMANN, 2005).
No início dos anos 1970, com o primeiro boom do preço do petróleo, o interesse na
força dos ventos ressurgiu. Desta vez, contudo, o foco principal residia no seu uso para
fornecimento de energia elétrica no lugar da energia mecânica. Desse modo, tornou-se
possível fornecer energia de maneira confiável e consistente com o auxílio e apoio de diversas
tecnologias, como a eletrônica de potência (ACKERMANN, 2005).
As primeiras turbinas para geração de energia elétrica a partir da força dos ventos, as
quais compõem os aerogeradores, já haviam sido desenvolvidas no início do século 20. Tal
tecnologia foi melhorada lentamente até o início dos anos 1970. Ao final dos anos 90, a
energia eólica ressurgiu como uma das mais importantes fontes de energia limpa. Durante
toda esta década, a capacidade mundial instalada dobrava a cada três anos, como pode ser
visto na Figura 1 (GWEC, 2012).
Os primeiros moinhos de vento que se tem registro foram de eixo vertical. Esses
moinhos de vento podem ser descritos como simples dispositivos de arrasto. Eles eram usados
no Afeganistão para moagem de grãos desde o século 7 antes de Cristo (a.C.)
(ACKERMANN, 2005).
Os primeiros registros acerca de moinhos de vento de eixo horizontal foram achados em
documentos históricos da Pérsia, Tibete e China há aproximadamente 1000 anos a.C. Esse
tipo de moinho de vento possuía eixo horizontal e pás que revolviam no eixo vertical. Da
Pérsia e do Oriente Médio, o moinho de vento de eixo horizontal se disseminou pelos países
do mediterrâneo e Europa Central. O primeiro moinho de eixo horizontal surgiu na Inglaterra
em torno de 1150, na França em 1180, na Alemanha em 1222 e na Dinamarca em 1259. Esse
desenvolvimento rápido foi devido principalmente à ação das Cruzadas, levando consigo o
conhecimento dos moinhos de vento da Pérsia para vários países da Europa (ACKERMANN,
2005).
Na Europa, o desempenho dos moinhos de vento foi constantemente melhorado entre os
séculos 12 e 19. Ao final do século 19, o típico moinho de vento europeu tinha rotor de 25
metros de diâmetro, alcançando 30 metros de altura. Moinhos de vento foram usados não
apenas para moagem de grãos como também para bombeamento de água para drenagem de
lagos e pântanos. Em 1800, em torno de 20.000 modernos moinhos de vento europeus
estavam em operação apenas na França e na Holanda, onde 90% da energia usada na indústria
eram baseadas em energia eólica. A industrialização levou a um declínio gradual de moinhos
de vento, mas em 1904 a força dos ventos ainda fornecia 11 % da energia da indústria
holandesa e a Alemanha possuía mais de 18.000 unidades instaladas (ACKERMANN, 2005).
Quando do início do desaparecimento dos moinhos de vento na Europa, eles foram
introduzidos pelos colonos na América do Norte. Pequenos moinhos de vento para
bombeamento de água tornaram-se muito populares. A popularidade dos moinhos de vento
16
nos Estados Unidos atingiu seu ápice entre 1920 e 1930, com aproximadamente 600.000
unidades instaladas (ACKERMANN, 2005).
Em 1891, Dane Poul LaCour foi o primeiro a construir uma turbina eólica para geração
de eletricidade (ACKERMANN, 2005). Engenheiros dinamarqueses melhoraram a tecnologia
durante a primeira e a segunda Guerra Mundial e usaram esta tecnologia para suprir a
escassez de energia. As turbinas eólicas da companhia dinamarquesa F. L. Smith construídas
em 1941 e 1942 podem ser consideradas precursoras dos modernos aerogeradores. As
turbinas Smith foram as primeiras a usar modernos aerofólios, baseados nos conhecimentos
avançados em aerodinâmica à época. Em paralelo, a American Palmer Putnam construiu uma
gigante turbina eólica para a companhia americana Morgan Smith Co. com rotor de 53 m de
diâmetro. Não apenas o tamanho era um diferencial deste projeto como também a filosofia
utilizada. A filosofia dinamarquesa era baseada em rotor com vento a montante a partir de
regulação por estol, operando com baixa velocidade. O design Putnam por sua vez partia do
princípio com rotor de vento a jusante com regulação por pitch variável (ACKERMANN,
2005).
A partir da segunda Guerra Mundial, apesar de sucessos de outras filosofias e
concepções de turbinas eólicas como as de Jull e Hütter (ACKERMANN, 2005), o interesse
em geração de eletricidade a partir de turbinas eólicas em larga escala declinou. Com as crises
de petróleo no início dos anos 70, o interesse na utilização da força dos ventos para geração
retornou à ordem do dia. Como resultado, apoio e incentivo financeiro para pesquisa e
desenvolvimento de novas turbinas eólicas foram disponibilizados, especialmente na
Alemanha, Estados Unidos e Suécia. Contudo, tais protótipos não obtiveram muito sucesso
devido a problemas técnicos, como no controle por pitch, por exemplo.
Porém, devido aos esquemas de financiamento dos governos em alguns países, o
desenvolvimento na área de energia eólica obteve grande sucesso. Como exemplo, cita-se o
Public Utility Regulatory Policies Act (PURPA), aprovado pelo congresso americano em
1978. Tal ação tinha como objetivo aumentar a eficiência energética doméstica e ao mesmo
tempo diminuir a dependência no país do petróleo estrangeiro. PURPA, em conjunto com
benefícios de financiamento para sistemas a energia renovável, levou ao primeiro grande
boom da energia eólica na história.
17
Ao final dos anos 1980, o apoio financeiro para a energia eólica diminui nos Estados
Unidos. Em compensação, atingiu seu ápice primeiramente na Europa e depois na Índia. O
programa de apoio financeiro europeu era baseado essencialmente em tarifas fixadas de
investimento e compra para energias complementares. Já o programa indiano por sua vez
baseou-se na dedução de tarifas para investimentos em energia eólica. Tais programas
resultaram no avanço rápido das fazendas eólicas especialmente na Alemanha e também na
Índia (ACKERMANN, 2005).
Com relação à China, a partir de 2004, quando houve uma conferência acerca da energia
eólica no país, o governo chinês mostrou-se interessado e aberto ao tema, criando uma lei para
este tipo de energia no mesmo ano. Devido à peculiaridade do país, a vontade política foi o
principal incentivo para esta fonte de energia, resultando em estudos de mercado e tecnologia
eólica, aprimoramento de licenças ambientais, incentivos ao parque industrial e a fabricantes e
formação de joint-ventures, o que possibilitou desenvolvimento rápido deste tipo de energia
(RENERGY nº 9, 2012). Desse modo, apenas no segundo semestre de 2011, a matriz
energética chinesa foi adicionada por mais de 10 GW eólicos (GWEC, 2012).
Com relação ao Brasil, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica (Proinfa), de 2004, foi instituído com o objetivo de aumentar a participação da
energia elétrica produzida por empreendimentos concebidos com base em fontes eólicas,
biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) no Sistema Elétrico Interligado Nacional
(SIN). O Proinfa é um programa que impulsionou estas fontes, em especial a eólica (BRASIL,
2012). O maior mérito do programa foi fornecer a segurança jurídica para aplicação de
recursos nesta fonte de energia, culminando com a capacidade instalada atualmente (Julho de
2012) de 1.638.232 kW ou 1,38% da energia comercial em operação no país (BRASIL, 2012).
Vale ressaltar que grande parte deste montante é resultado do programa.
Para tanto, foi estabelecido que o valor pago pela energia adquirida, além dos custos
administrativos, financeiros e encargos tributários incorridos pela Eletrobras na comutação
desses empreendimentos, fosse rateado entre todas as classes de consumidores finais
atendidas pelo SIN, com exceção dos consumidores classificados na Subclasse Residencial
Baixa Renda (BRASIL, 2012).
A energia eólica teve seu maior desenvolvimento nos anos 1990, em termos de
crescimento anual em capacidade instalada por fonte tecnológica. O crescimento da energia
eólica, entretanto, não foi equivalente em todo mundo, como pode ser visto na Tabela 1
(WPM, 2012; GWEC, 2008). Ao final do ano de 2003, em torno de 74% de toda capacidade
instalada mundial estava na Europa, enquanto que 18% na América do Norte e 8 % na Ásia e
no Pacífico.
Contudo, tal desenvolvimento equiparou-se ao longo da década seguinte, com especial
destaque à China e ao Brasil, conforme pode ser visto na mesma tabela ao final do ano de
2011.
Tabela 1. Capacidade operacional eólica no mundo (WPM, 2012; GWEC, 2008)
turbinas eólicas usadas variam de alguns watts a 50 kW. Para vilas ou sistemas de
eletrificação rural até 300 kW, turbinas eólicas são usadas em combinação com gerador a
diesel e por vezes com sistema de baterias.
A energia eólica pode ser considerada ‘amiga’ do meio ambiente. Contudo, apesar de
ela não emitir nenhuma poluição de forma direta, a produção de lâminas, nacele, torre, entre
outros equipamentos, e a exploração dos materiais e o transporte dos equipamentos acarreta o
consumo de recursos naturais (ACKERMANN, 2005). Isso significa que as emissões são
produzidas à medida que esses recursos são baseados em combustíveis fosseis. Tais emissões
são consideradas de natureza indireta.
Além disso, o ruído, sombreamento e o impacto visual dos aerogeradores são
importantes considerações à aceitação pública da energia eólica, especialmente para
aerogeradores localizados próximos a áreas populosas. O ruído causado é reduzido por meio
do avanço tecnológico, por exemplo, com o uso de rotor a velocidade variável ou velocidade
20
de rotação reduzida. O impacto visual, assim como o ruído, também pode ser mitigado com a
apropriada localização dos aerogeradores no local de implantação do parque (CUSTÓDIO,
2009).
Os sistemas de conversão de energia eólica podem ser divididos entre os que dependem
do arrasto e da sustentação aerodinâmica. As primeiras turbinas de eixo verticais usadas na
Pérsia usavam o princípio do arrasto, porém estas possuíam baixo coeficiente de potência
(ACKERMANN, 2005). Ademais, a velocidade das pás não pode ser maior do que a
velocidade do vento, o que limita sua eficiência (CUSTÓDIO, 2009).
As modernas turbinas eólicas baseiam-se principalmente na sustentação aerodinâmica.
Dispositivos de elevação usam lâminas para interação com o vento incidente. A força
resultante destas ao interceptar o fluxo de ar consiste não apenas de uma componente de
arrasto na direção do fluxo, mas também da componente da força perpendicular ao arrasto: as
forças de elevação. Esta força é múltipla da força de arrasto, sendo, portanto, importante na
extração da potência pelo rotor. Por definição, ela é perpendicular à direção do fluxo de ar que
intercepta as pás do rotor, e pela ação do rotor, ela provoca o torque necessário (CUSTÓDIO,
2009).
Turbinas eólicas que usam sustentação aerodinâmica podem também ser divididas, de
acordo com a orientação de seu eixo, em turbinas de eixo vertical e eixo horizontal. Turbinas
de eixo vertical, conhecida como Darrieus, em homenagem ao engenheiro aeronáutico francês
Georges Jean Marie Darrieus que as inventou na década de 1920, usam aerofólios verticais,
um pouco curvados e simétricos. As turbinas Darrieus apresentam a vantagem de operarem
independentemente da direção do vento e também que a caixa multiplicadora e o gerador
podem ser colocados ao nível do solo. Contudo, ela apresentada desvantagens como as altas
flutuações em cada revolução, a não capacidade de auto-partida, além das opções limitadas
para regulação de velocidade para ventos mais rápidos. Elas foram desenvolvidas e tiveram a
produção iniciada na década de 1970 até o final dos anos 1980. As maiores turbinas deste tipo
foram instaladas no Canadá. Entretanto, desde o final da década de 1980, a pesquisa e o
desenvolvimento deste tipo de turbina eólica foram praticamente encerrados (ACKERMANN,
2005).
21
2.2.1. O vento
2.2.2. A Física
A potência de uma massa de ar que flui com velocidade v através de uma área A pode
ser calculada como (CUSTÓDIO, 2009):
Em que
Em que
Logo, mesmo se a extração de potência sem perdas fosse possível, apenas 59% da
potência do vento poderia ser utilizada pela turbina eólica. Para comparação, modernas
turbinas eólicas com três pás possuem um ótimo na faixa de 0.52 – 0.55 quando medido no
hub da turbina.
Do ponto de vista físico, a potência, , que pode ser extraída do vento dependerá da
velocidade de rotação da turbina, da velocidade do vento e do ângulo de pá ou de pitch, .
Além disso, e também são funções destas variáveis.
Em que
Em que
Deve ser observado que o ângulo de incidência deve ser definido na ponta das pás e
que o ângulo local será variável de acordo com o comprimento da pá, do hub (r = 0) até a
ponta da pá (r = R) e, portanto, o valor local de dependerá da posição ao longo do
comprimento da pá.
Em modernas turbinas eólicas, é possível ajustar o ângulo de pitch da pá inteira por
meio de um servo mecanismo. Se a pá é virada, o ângulo de ataque α entre a pá e o vento
relativo mudará adequadamente. Mais uma vez, torna-se claro de uma perspectiva física
que as forças do vento relativo na pá - e, portanto, a extração de energia - dependerão do
ângulo de ataque α entre as pás do rotor e a velocidade relativa do vento visto das pás em
movimento.
Logo, tem-se que pode ser expresso como função de e :
é função de potência altamente não linear de e . Deve ser notado que uma grande
vantagem da abordagem incluindo , é que estas quantidades são normalizadas e
podem ser comparadas, independentemente do tamanho da turbina.
Para turbinas com controle estol, as pás possuem uma posição angular fixa no hub, o
que significa que o ângulo de pá é constante ( ). Logo, com ângulo de pitch fixo, a
relação entre o coeficiente de potência e o coeficiente de ponta de pá, fornece
uma curva semelhante à apresentada na Figura 4 (a).
Assumindo a velocidade de vento constante, o coeficiente de ponta de pá variará
proporcionalmente com a velocidade de rotação da turbina eólica. Assim, se a curva é
conhecida para uma turbina eólica específica com raio de rotor da turbina R, é fácil construir a
curva de com a velocidade de rotação para qualquer velocidade de vento, v. Essas curvas
serão de forma idêntica para as diferentes velocidades, porém serão diferentes com relação ao
‘alongamento’ destas, como pode ser visto na Figura 4 (b). Ademais, o ponto operacional
ótimo da turbina eólica numa dada velocidade de vento é determinado pela velocidade do
rotor para . A velocidade ótima de rotação da turbina será obtida após reescrever a
Equação 2.5 como:
29
A velocidade ótima do rotor numa dada velocidade pode ser também obtida da Figura 4
(b). Percebe-se que a velocidade de rotação ótima para uma velocidade de vento específica
depende do raio da turbina, o qual aumenta com a potência nominal da turbina, no caso 2
MW. Logo, quanto maior a potência nominal da turbina, menor a velocidade de rotação
ótima.
(a)
(b)
Figura 4. Curvas (a) Para um ângulo de pitch fixo; (b) Para várias velocidades de vento.
(ACKERMANN, 2005)
30
Como apresentado na Equação 2.1, a potência disponível no vento varia com o cubo da
velocidade do vento. Assim, um aumento de 10% na velocidade do vento, resulta um
incremento de 30% na energia disponível.
A curva de potência de uma turbina eólica segue essa relação entre a velocidade de
partida (cut-in), i.e., velocidade na qual a turbina eólica começa a operar, e a velocidade
nominal. Na Figura 5, apresenta-se a curva de potência típica de uma turbina eólica com
potência nominal de 1500 kW, com controle pitch. Tipicamente, a velocidade de cut-in está
na faixa entre 3 a 6 m/s, dependendo do fabricante.
Como apresentado na seção 2.2.1, a produção de energia eólica de uma planta está
relacionada com a velocidade do vento. Como a velocidade do vento é variável, esta produção
de energia também varia. Entretanto, há duas exceções. Se a velocidade do vento estiver
32
Para o cálculo da energia produzida por uma turbina eólica é necessário relacionar a
curva de potência da turbina com a função da densidade de probabilidade de frequência do
vento resultante em seu rotor.
Em energia eólica, a função utilizada para descrever a probabilidade de ocorrência do
vento é a função de Weibull. A partir da curva de Weibull, pode-se determinar a frequência
esperada de um determinado intervalo de velocidade de vento. Multiplicando a frequência
esperada pelo número total de horas do período analisado, obtém-se o número de horas que o
vento sopra com aquela velocidade aproximada durante o período. Ao multiplicar-se o
número de horas de ocorrência daquela velocidade de vento pela potência associada a ela na
curva de potência da turbina eólica utilizada, sabe-se a quantidade de energia que aquela
33
Em que
Por fim, há uma perda devido à variabilidade do vento. Como o vento não possui
velocidade nominal (velocidade que corresponde à geração de potência nominal pela turbina)
durante todo o período de tempo, a produção bruta de energia é igual à produção nominal de
energia (energia gerada considerando todos os aerogeradores operando sempre na potência
nominal) subtraída da perda devido à variabilidade do vento.
Em que
34
Turbinas com maior número de lâminas possuem uma baixa relação de velocidade de
ponta, mas um alto torque de partida. Por outro lado, turbinas com apenas duas ou três
lâminas possuem uma alta relação de velocidade de ponta com baixo torque de partida. Essas
turbinas podem requerer a partida auxiliada caso a velocidade do vento atinja a faixa de
operação. Uma alta relação de velocidade de ponta, contudo, permite o uso de uma menor e,
portanto, mais leve caixa multiplicadora a fim de obter a alta velocidade necessária no eixo do
gerador de potência.
35
3. Aerogeradores
potência elétrica na rede. Para o caso de redes fracas, as flutuações de potência podem
também levar a flutuações de tensão, o que resulta em perdas nas linhas.
Figura 6. Curvas ilustrativas de potência mecânica de turbinas eólicas à velocidade fixa e variável para
várias velocidades de vento (4 – 16 m/s). (ACKERMANN, 2005)
Todos os aerogeradores são concebidos com algum tipo de controle de potência. Há três
diferentes maneiras de controlar as forças aerodinâmicas no rotor da turbina e assim limitar a
potência em ventos fortes de modo a evitar danos à turbina eólica.
O método de controle mais simples, robusto e barato é o controle por estol (controle
passivo), em que as lâminas são colocadas no hub num ângulo fixo, atuando de forma passiva.
38
usada para adaptar a baixa velocidade da turbina a mais alta do gerador, este depende da
filosofia utilizada pelo fabricante. No entanto, aerogeradores sem multiplicadores são
considerados mais desenvolvidos tecnologicamente.
Por fim, há o gerador de indução conectado por meio de uma conversora de frequência.
Neste caso, há necessidade de prover energia reativa para excitação do gerador, sendo feito
por auto-excitação usando-se capacitores adequadamente dimensionados. Tais capacitores
devem ser conectados antes do retificador, uma vez que a conversora de frequência faz
isolamento galvânico entre o gerador e o sistema, não permitindo a absorção de energia
reativa externa, seja do sistema elétrico ou de capacitores. Este arranjo é usado em
aerogeradores à velocidade variável, já que a tensão produzida pelo gerador, numa frequência
relacionada com a rotação da turbina, está isolada da tensão / frequência da rede, por meio da
conversora (ACKERMANN, 2005). Tal configuração é apresentada na Figura 10. A linha
tracejada ao longo da caixa multiplicadora indica que ela pode ou não existir nesta
configuração.
Figura 10. Gerador de Indução conectado à rede via conversor (ACKERMANN, 2005)
frequência gerada. Este fato é uma desvantagem deste tipo de máquina, tornando-a pobre
tecnicamente, o que exige que somente seja utilizada, em máquinas de grande porte, quando
conectada a redes elétricas robustas que arrastem o gerador à frequência da rede
(CUSTÓDIO, 2009).
Para aerogeradores de velocidade variável, os geradores síncronos são utilizados em
conjunto com conversores de frequência que fazem a conexão do gerador com a rede elétrica.
As configurações adotadas comercialmente, como as descritas abaixo, utilizam controle por
pitch.
A conexão ao sistema elétrico é feita por meio de conversora de frequência eletrônica,
formada pelo conjunto retificador/inversor. Esta configuração é apresentada na Figura 10. A
tensão produzida pelo gerador síncrono é retificada e a corrente resultante é invertida, com o
controle de frequência de saída sendo feito eletronicamente por meio do disparo dos tiristores
da ponte inversora. Como a frequência produzida pelo gerador depende de sua rotação, esta
será variável em função da variação da rotação da turbina. Contudo, por meio da conversora,
a frequência da energia elétrica fornecida pelo aerogerador será constante e sincronizada com
o sistema elétrico (ACKERMANN, 2005).
Para a configuração descrita na Figura 10, o gerador síncrono pode ser excitado
eletricamente, Wound Rotor Synchronous Generator (WRSG), ou por meio de ímãs
permanentes, Permanent Magnet Synchronous Generator (PMSG).
Uma máquina síncrona convencional possui os enrolamentos de campo do estator
alimentados por corrente contínua levada até eles por meio de anéis deslizantes e escovas ou
por meio de um gerador interno acoplado diretamente ao eixo da máquina, a excitatriz. Com
relação às máquinas síncronas a ímãs permanentes, não há enrolamentos de campo, que são
substituídos por ímãs permanentes de material magnético adequado. Ademais, não possuem
igualmente escovas ou fonte de tensão contínua (FITZGERALD; KINSGLEY; UMANS,
2006). Logo, a topologia de aerogerador com este tipo de máquina possui como vantagens:
redução das perdas de excitação, menor custo de manutenção (sem escovas) e menor peso.
Por outro lado, as desvantagens são: custo dos ímãs permanentes, excitação não controlada e,
portanto, não é possível controlar o fator de potência da máquina.
3.4.1. Soft-starter
Componente elétrico simples e barato, ele é usado em turbinas eólicas à velocidade fixa
durante a conexão destas à rede, como pode ser visto nas Figuras 4 e 5. A função do soft-
starter é reduzir a corrente in-rush, desse modo limitando as perturbações à rede. Sem ele, a
corrente in-rush pode chegar a até 7-8 vezes a corrente nominal, causando sérias perturbações
à tensão da rede.
44
fase da rede de modo a obter o controle completo da corrente da rede. A presença de uma
indutância boost reduz a demanda na entrada do filtro de correntes harmônicas e oferece
proteção ao conversor contra condições anormais da rede (ACKERMANN, 2005).
Figura 11. Estrutura do conversor de frequência back-to-back (MOHAN; UNDELAND, ROBBINS; 2009)
4. Qualidade da Energia
A potência reativa de uma turbina eólica é especificada numa tabela de valores médios a
cada 10 minutos como função da potência de saída média em 0.10%,..., 90 % da potência
nominal. Além disso, a potência reativa para deve ser especificada
(ACKERMANN, 2005).
Turbinas eólicas com gerador de indução conectadas diretamente à rede consomem
potência reativa em função da potência ativa de saída. O consumo é tipicamente compensado
por banco de capacitores que são conectados em etapas.
Turbinas eólicas que lançam mão de conversores de frequência são comumente capazes
de controlar a potência reativa a zero. Além disso, podem também possivelmente fornecer ou
consumir potência reativa de acordo com as necessidades, sendo tal tarefa limitada pelo
tamanho do conversor.
4.1.5. Flickers
lâmpadas, daí a origem deste nome. Elas podem ser medidas usando um flickerômetro como
descrito na IEC 61000-4-15 (IEC, 1997).
Logo, define-se coeficiente flicker como uma medida normalizada da máxima emissão
de flicker (99%) de uma turbina eólica durante operação contínua (ACKERMANN, 2005):
Em que
O fator de passo flicker é uma medida normalizada da emissão de flicker para uma única
operação de chaveamento de uma turbina eólica (ACKERMANN, 2005):
Em que
O fator de passo flicker deve ser especificado para valores de ângulo de fase da
impedância da rede (30°, 50°, 70° e 85°) e para tipos específicos de operações de
chaveamento (ACKERMANN, 2005).
Em turbinas eólicas à velocidade variável, esperam-se fatores de passo flicker baixos,
enquanto que para turbinas eólicas à velocidade fixa, médios (controle por pitch) a altos
(controle por estol).
Em que
O fator de mudança de tensão deve ser especificado para valores de ângulo de fase da
impedância da rede (30°, 50°, 70° e 85°) e para tipos específicos de operações de
chaveamento (ACKERMANN, 2005).
Em turbinas eólicas à velocidade variável, esperam-se fatores de mudança de tensão
baixos, enquanto que para turbinas eólicas à velocidade fixa, médios (controle por pitch) a
altos (controle por estol).
4.1.9. Harmônicos
tais características estão, mas não se limitando, fator de potência, limites de distorção
harmônica e flickers.
Com relação aos flickers, estes podem ser causados por (CUSTÓDIO, 2009):
a) flutuações aerodinâmicas de potência, devido ao efeito da sombra da torre;
b) oscilações de potência da turbina provocadas por rajadas de vento;
c) variações de potência devido ao gradiente de vento;
d) variações de potência causadas por rápidas mudanças e turbulências do vento;
e) vibrações na turbina causadas por erros no controle dos ângulos de ataque, α,
resultando diferentes ângulos nas pás da turbina, ;
f) rápidas oscilações nas potências ativa e reativa provocadas por flutuações e
oscilações no sistema de controle.
Os fenômenos acima descritos representam variações no torque mecânico da turbina, o
que resulta em variação no torque eletromagnético do gerador e, em consequência, variações
na potência e tensão geradas.
O efeito de sombra da torre na pá é a perda de fluxo de vento quando da passagem da pá
da turbina em frente à torre, causada pela sombra aerodinâmica da torre da turbina. Em
turbinas com 3 pás, modelos predominantes em parques onshore, a frequência da flutuação de
potência da turbina e do aerogerador é três vezes a frequência de rotação da turbina
(CUSTÓDIO, 2009).
O gradiente de vento é a variação da velocidade do vento com a altitude, dentro da área
varrida pelo rotor da turbina eólica. Tal variação faz com que as pás, no seu giro ao redor do
eixo do rotor, sejam expostas a ventos de maior intensidade na parte superior de sua trajetória
e a ventos mais fracos na parte inferior (CUSTÓDIO, 2009).
A existência de flicker relacionada a ações de controle da turbina é proveniente do
movimento da turbina de modo a alinhá-la com o vento incidente. Porém, esta reorientação da
turbina não é rápida, devido à variação constante da direção do vento, à inércia da rotação da
turbina e à resistência do ar, fazendo com que, durante a reorientação, as pás da turbina
fiquem submetidas a ventos diferentes, o que resulta em oscilação de conjugado produzido.
De forma análoga, a atuação de controle sobre as pás das turbinas, de modo a regular a
potência gerada para velocidades de vento acima da nominal também provoca flicker
(CUSTÓDIO, 2009)
Com relação aos harmônicos de tensão, eles são causados pelos sistemas inversores
eletrônicos, unidades de controle dos tiristores e capacitores, sendo mensurados pela distorção
55
de tensão harmônica total (DTHT). Por sua vez, os harmônicos de corrente estão associados à
carga com característica de impedância não linear.
Quando da partida de um aerogerador, tem-se uma elevada relação entre a corrente de
partida e a corrente nominal. Ademais, observa-se também uma grande oscilação de corrente,
de alta frequência, que deforma ainda mais a forma de onda no terceiro período da onda de
tensão, resultado da energização dos capacitores de compensação do aerogerador. Porém, o
transitório da energização dos capacitores é praticamente eliminado pelo uso de relé estático,
responsável pela energização de capacitores quando o valor da tensão é zero (CUSTÓDIO,
2009).
Para a partida do parque eólico, os transitórios dos aerogeradores individuais podem se
somar. Contudo, dificilmente haverá coincidência nestas partidas, devido a pequenas
diferenças nas velocidades do vento em cada aerogerador. Ademais, deve-se assegurar que a
degradação causada pela absorção abrupta de energia reativa, feita pelos geradores, está
dentro dos limites regulamentados. Para os harmônicos de tensão durante este instante,
percebe-se que somente os de quinta, sétima, décima primeira e décima terceira ordem são
significativos (CUSTÓDIO, 2009).
Quando da parada de um aerogerador, observa-se uma lenta redução da velocidade da
turbina provocada pelo controle aerodinâmico de velocidade em função da alteração de pitch
das pás do rotor da turbina. A potência ativa tem redução acentuada devido à rápida
diminuição da potência do aerogerador em função desta mudança. Ademais, o desligamento
dos capacitores, quando da parada do aerogerador, provoca imediato aumento de energia
reativa pelo gerador, para posterior declínio.
Por fim, para comutação de geradores de diferentes potências, as características
observadas são as mesmas que apresentadas acima para a partida de um aerogerador,
percebendo os transitórios comuns da partida, porém sendo repetidos em instantes distintos.
56
A potência elétrica num parque eólico varia em função da velocidade do vento, que, por
sua vez, não é constante. As usinas eólicas podem, inclusive, não produzir energia elétrica
durante um período de calmaria, razão pela qual o regime de uso da usina eólica não pode ser
dependente da carga. Deve haver despacho apenas em função da velocidade do vento
(CUSTÓDIO, 2009).
O despacho de geração diário, na operação do SIN, deve ser feito com o uso
maximizado da energia eólica. Nesse sentido, a complementaridade entre o regime de vento e
as afluências das bacias brasileiras é uma vantagem a ser explorada, de modo a armazenar-se
energia na forma de água, além de captá-la para demais usos, acumulada nos reservatórios das
usinas hidrelétricas, que teriam seu despacho reduzido quando da maior geração eólica.
Essas características impõem à energia eólica um papel de complentaridade energética,
de fonte de energia secundária do sistema. Não é possível um sistema elétrico abastecido
apenas por essa fonte, com risco de incapacidade nos controles de geração e da operação do
sistema.
Sendo assim, a integração de altos níveis de penetração, mais de 30%, ao já grande
existente sistema de potência interligado pode requerer um redesenho cuidadoso do sistema
elétrico e da operação desde já existente, em funções essencialmente econômicas. Em muitos
sistemas de potência, o desafio reside não apenas na incorporação de altos níveis de
penetração, mas também como lidar com o aumento gradual da energia eólica (CUSTÓDIO,
2009).
O parque eólico é composto por um conjunto de aerogeradores conectados em paralelo,
denominados circuitos. Cada um destes circuitos é composto por no máximo 7 aerogeradores
conectados em série. A Figura 12 contém um diagrama unifilar, ilustrando um arranjo típico
de uma usina eólica.
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A geração da energia elétrica nos aerogeradores situa-se entre 400V e 700V, o que
exige a instalação de um transformador elevador na saída de cada aerogerador. Estes
transformadores de saída são conectados a um barramento de uma subestação dedicada ao
parque eólico. O papel desta subestação é interligar os aerogeradores do parque e conectá-lo
ao transformador de potência com função de elevar a tensão até o nível adequado para
conexão ao sistema elétrico ou rede de distribuição, a depender do ponto de conexão.
Quando da conexão dos aerogeradores ao sistema elétrico de potência, devem-se
observar os efeitos da injeção de potência, devido às características da produção e qualidade
da energia gerada. Alguns fenômenos importantes são (CUSTÓDIO, 2009):
a) colapso de tensão e problemas na qualidade da tensão;
b) perdas elétricas na rede;
c) regulação de tensão;
d) despacho de potência.
Os problemas acima mencionados são preocupantes se o sistema elétrico apresentar
potência de curto-circuito pequena. Isto porque poderão acontecer vários problemas de
recomposição da tensão após faltas na rede, já que a tensão no ponto de conexão é baixa pós-
falta. De modo a restaurar a produção de potência à baixa tensão, os geradores assíncronos
dos aerogeradores demandam um maior fluxo de potência reativa do sistema. Neste caso, a
recuperação da tensão poderá ser impossível, sofrendo o sistema elétrico de potência um
colapso. Para solucionar o problema da estabilidade de tensão, as medidas adotadas são
(CUSTÓDIO, 2009):
a) reforço no sistema elétrico: linhas de transmissão e cabos;
58
6. Considerações finais
7. Referências Bibliográficas
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Sons, 2005. 695 p.
[8] BRASIL. Operador Nacional do Sistema Elétrico. Procedimentos de Rede. Disponível em:
<http://www.ons.org.br/procedimentos/index.aspx>. Acesso em: 28 de maio 2012.
[9] CUSTÓDIO, Ronaldo. S. Energia Eólica para Produção de Energia Elétrica. Rio de
Janeiro: Eletrobras, 2009. 295 p.
[10] FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY Jr., Charles; UMANS, Stephen O. Máquinas Elétricas.
Bookman. 6 ed. 2006. 648 p.
[14] GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL. Global Wind 2008 Report. Disponível em:
<http://www.gwec.net/fileadmin/documents/Global%20Wind%202008%20Report.pdf>. Acesso em:
01 de maio 2012.
[15] GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL. Global Wind Statistics 2011. Disponível em:
<http://www.gwec.net/>. Acesso em: 01 de maio 2012.
[19] MOHAN, Ned; UNDELAND, Tore M.; ROBBINS, William P. Power Electronics:
Converters, Applications and Design. Oxford: Clarendon Press. 3 ed. 2002. 824 p.
[20] REVISTA RENERGY BRASIL. Fortaleza, n.7, 2011. Mensal. ISSN 2178-5732.
[21] REVISTA RENERGY BRASIL. Fortaleza, n.8 2011. Mensal. ISSN 2178-5732.
[22] REVISTA RENERGY BRASIL. Fortaleza, n.9 2012. Mensal. ISSN 2178-5732.
[25] SILVESTRIN, Carlos. Geração distribuída vai contribuir para a matriz energética.
ABRACE. Disponível em: <http://www.abrace.org.br/port/noticias/ler.asp?id=24285>. Acesso em 01
de maio 2012.
67
[26] SUZLON S97. Especificações Técnicas. Disponível em: < http://www.suzlon.com/>. Acesso
em: 27 de maio 2012.
[27] VESTAS V112. Especificações Técnicas. Disponível em: < http://www.vestas.com/>. Acesso
em: 27 de maio 2012.