1ELE39A 20152102890 Monografia VICTOR

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

UM ESTUDO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA APLICADO EM


ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

VICTOR HUGO ALMEIDA BIZZO

RIO DE JANEIRO
JULHO / 2023
ENGENHARIA ELÉTRICA

UM ESTUDO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA APLICADO EM


ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

VICTOR HUGO ALMEIDA BIZZO

Monografia apresentada como requisito da


disciplina Monografia II do curso de
Engenharia Elétrica
Orientador: Prof. Dr. Edisio Alves de Aguiar
Junior

RIO DE JANEIRO
JULHO / 2023
FICHA CATALOGRÁFICA
SOBRENOME, Nome. Titulo. Rio de Janeiro, RJ: Universidade Veiga de
Almeida. Trabalho de conclusão do curso de Bacharelado em Engenharia
Elétrica. 2022 nº de páginas: XX p.
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
ENGENHARIA ELÉTRICA

VICTOR HUGO ALMEIDA BIZZO

UM ESTUDO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA APLICADO EM


ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Monografia II apresentada como


requisito final à conclusão do curso
de Engenharia Elétrica.

APROVADA EM: __/__/__

Grau conferido ao aluno: ________________________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________
PROF. Dr. EDISIO ALVES DE AGUIAR JUNIOR

ORIENTADOR

___________________________________________________
PROF. FRANCISCO JADSON MIRANDA VIANA

___________________________________________________
PROF. THIAGO DABOIT ROBERTO

___________________________________________________
PROF. BRUNO DE PINHO ALHO

ALUNO: VICTOR HUGO ALMEIDA BIZZO


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, à minha mãe, à minha


namorada, aos meus amigos, aos meus professores
e a todos que contribuíram para a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que iluminou meu caminho e me forneceu o


esclarecimento necessário para todo meu aprendizado.
Agradeço à minha mãe, contadora Selma de Jesus Almeida, por todo apoio,
emocionalmente e financeiramente, e incentivo, que me proporcionou a oportunidade
de estudar e expandir meus conhecimentos.
Agradeço à minha namorada, engenheira Juliana Assunção Franchini Paiva,
por ter sido compreensiva e ficado ao meu lado em todos os momentos difíceis
durante o curso. Agradeço por todas as vezes que se disponibilizou a estudar comigo
e me ensinar.
Agradeço ao meu grande amigo, engenheiro Paulo Felipe Goes Faria, por
sempre se disponibilizar a estudar comigo e me ajudar quanto às dúvidas aparecidas
ao longo do ciclo profissional durante a graduação.
Agradeço ao meu orientador, engenheiro Edisio Alves de Aguiar Junior, por
toda a disponibilidade e orientação durante este trabalho. Agradeço também por todo
o ensinamento passado em sala de aula.
Agradeço ao meu grande amigo, engenheiro José Jorge de Souza Rossi, que
tive a oportunidade de trabalhar ao seu lado e absorver muitos conhecimentos teóricos
e práticos, sempre disposto a ensinar e motivar todos ao seu redor.
RESUMO

Devido à importância na eficientização da energia elétrica em uma Estação de


Tratamento de Água, a correção do fator de potência dos equipamentos, em destaque,
os motores elétricos, se tornou essencial. Nos últimos anos, a preocupação com a
eficiência energética vem ocorrendo pelo aumento desnecessário de despesas com a
energia elétrica. A partir do momento que se há a conscientização, o investimento
para as devidas medidas precisam ser adotados. O objetivo desse trabalho consiste
na abordagem sobre o estudo da correção do fator de potência de equipamentos
industriais. E, dentre as possibilidades, este estudo irá se aprofundar na instalação de
banco de capacitores, o qual é o método de mais utilizado para este tipo de técnica.

Palavras Chaves: Banco de Capacitores. Fator de Potência. Indústria. Potência


Reativa.
ABSTRACT

Due to the importance in the efficiency of electric energy in a Water Treatment Station,
the correction of the power factor of the equipment, in particular, the electric motors,
has become essential. In recent years, the concern with energy efficiency has occurred
due to the unnecessary increase in expenses with electricity. From the moment that
there is awareness, the investment for the appropriate measures need to be adopted.
The objective of this work is to approach the study of power factor of industrial
equipment. And, among the possibilities, this study will delve into the installation of a
capacitor bank, which is the most used method for this type of technique.

Keywords: Demand Analysis. Capacitors bank. Power fator. Industry. Reactive


Power.
LISTA DE SIGLAS

A – Ampere
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ARC TG – arco tangente
AT – Alta Tensão
BC – Banco de Capacitores
BT – Baixa Tensão
C – Coulomb
CODI – Comitê de Distribuição de Energia Elétrica
COS – cosseno
cv – cavalos
DNAEE – Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
ETA – Estação de Tratamento de Água
F – Farad
FP – Fator de Potência
HFP – Hora Fora Ponta
Hz – Hertz
I – corrente elétrica
kV – quilo Volt
kVA – quilo Volt Ampere
kVAr – quilo Volt Ampere reativo
kVArh – quilo Volt Ampere reativo hora
kW – quilo Watt
kWh – quilo Watt hora
mm – milímetro
MT – Média Tensão
MWh – Mega Watt hora
QGF – Quadro Geral de Força
R – resistência
R$ – real brasileiro
RPM – Rotação Por Minuto
SEN – seno
V – Volt
W – Watt
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Triângulo retângulo de potência. ................................................................ 27


Figura 2: Variação da seção do condutor em função do FP. .................................... 31
Figura 3: Variação da potência do transformador em função do FP. ........................ 31
Figura 4: Triângulo das potências. ............................................................................ 36
Figura 5: Demonstração da compensação de reativo. .............................................. 37
Figura 6: Capacitores trifásicos de média tensão...................................................... 39
Figura 7: Capacitores monofásicos componentes de uma unidade trifásica de BT. . 39
Figura 8: Capacitores trifásicos de baixa tensão. ...................................................... 40
Figura 9: Diagrama elétrico de localização dos capacitores. .................................... 41
Figura 10: BC automático de baixa tensão. .............................................................. 44
Figura 11: Controlador de fator de potência. ............................................................. 45
Figura 12: Primeira parte da fatura de Outubro/2021. ............................................... 52
Figura 13: Segunda parte da fatura de Outubro/2021. .............................................. 53
Figura 14: Primeira parte da fatura de Novembro/2021. ........................................... 54
Figura 15: Segunda parte da fatura de Novembro/2021. .......................................... 55
Figura 16: Primeira parte da fatura de Janeiro/2022. ................................................ 56
Figura 17: Segunda parte da fatura de Janeiro/2022. ............................................... 57
Figura 18: Motor de uma ETA. .................................................................................. 58
Figura 19: Motor de uma ETA. .................................................................................. 58
Figura 20: Motor de uma ETA. .................................................................................. 59
Lista de Quadros e Tabelas

Tabela 1: Exemplos de equipamentos que compõe uma ETA e seus consumos de


energia. ..................................................................................................................... 47

Quadro 1: Exemplos de equipamentos que compõe uma ETA e suas respectivas


imagens. .................................................................................................................... 48
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 23
1.1 OBJETIVOS GERAIS ........................................................................................ 23
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 24
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ......................................................................... 24
1.4 DELIMITAÇÃO DO TEMA ................................................................................... 25
1.5 ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA ..................................................................... 25
1.6 METODOLOGIA DE PESQUISA........................................................................... 26
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ........................................................................... 27
2.1 DEFINIÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ................................................................. 27
2.2 CAUSAS DE UM BAIXO FATOR DE POTÊNCIA ...................................................... 29
2.2.1 Perdas na instalação .................................................................................. 29
2.2.2 Quedas de tensão ....................................................................................... 29
2.2.3 Subutilização da capacidade instalada .................................................... 30
2.3 LEGISLAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA .............................................................. 32
2.3.1 Faturamento ................................................................................................ 33
2.4 CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA ................................................................. 34
2.4.1 Correção por aumento da energia ativa ................................................... 35
2.4.2 Correção por máquina superexcitadas .................................................... 35
2.4.3 Correção por capacitores .......................................................................... 35
2.5 CARACTERÍSTICAS DOS CAPACITORES ............................................................. 37
2.5.1 Características gerais dos capacitores .................................................... 37
2.5.2 Tensão nominal .......................................................................................... 39
2.5.3 Localizações dos capacitores ................................................................... 41
2.5.3.1 Capacitores no lado da alta tensão ........................................................... 41
2.5.3.2 Capacitores no secundário do transformador .......................................... 42
2.5.3.3 Capacitores junto às grandes cargas indutivas ....................................... 42
2.5.3.4 Capacitores por grupo de carga ................................................................ 43
2.5.4 Banco de capacitores automáticos........................................................... 43
3 ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 47
3.1 EQUIPAMENTOS DE UMA ETA .......................................................................... 47
3.2 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES DA TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA ................. 51
3.3 LEVANTAMENTO DE DADOS TÉCNICOS SOBRE OS MOTORES ............................... 57
3.4 TÉCNICA ADOTADA PARA A CORREÇÃO DO FP .................................................. 59
4 APRESENTAÇÕES DE CÁLCULOS PARA CORREÇÃO DO FP .............. 61
4.1 CÁLCULOS ATRAVÉS DA ANÁLISE DA FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA .................. 61
4.2 CÁLCULOS ATRAVÉS DA ANÁLISE DOS DADOS TÉCNICOS DOS MOTORES ............. 67
4.3 COMPARATIVO DE GASTOS .............................................................................. 68
4.3.1 Despesas com multas de reativos ............................................................ 68
4.3.2 Valor do investimento ................................................................................ 70
4.3.3 Economia com a correção do fator de potência ...................................... 72
5 CONCLUSÃO............................................................................................... 73
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 75
23

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a preocupação dos engenheiros eletricistas vêm sendo voltada


para a questão da eficiência energética, e ao falar de eficiência energética está se
falando também do fator de potência (FP). Toda instalação que possui equipamentos
de natureza indutiva, nota-se que há um atraso na corrente em relação à tensão, isso
porquê esses equipamentos consomem energia reativa, kVAr, para então poderem
produzir energia ativa, kW. Alguns exemplos desses equipamentos elétricos são:
motores, transformadores e fornos a arco.
Ao falarmos de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) para abastecer
uma população logo estamos nos referindo à grandes motores de alta potência
responsáveis pelo transporte da água. Como vimos no parágrafo anterior, esses
motores serão um grande causador do baixo fator de potência da unidade, pois são
eles as maiores cargas da instalação.
Devemos tomar ciência de que as concessionárias de energia elétrica
estabelecem um índice de 0,92 para o fator de potência para consumidores de Média
Tensão (MT) e Alta Tensão (AT), tanto em questões de FP indutivo quanto capacitivo
de acordo com o horário a ser medido. Como os motores de uma ETA são de cargas
elevadas, percebemos que estamos lidando com um consumidor de MT, mais
precisamente, neste estudo, se trata de um consumidor do grupo A4.
Com isso em mente, esse trabalho demonstrará através de um estudo de caso
como pode ser feita a correção do FP. Utilizaremos como solução do problema banco
de capacitores (BC) automáticos e será apresentado os cálculos passo a passo para
fins didáticos.

1.1 Objetivos Gerais

Esta monografia tem como objetivo geral explorar de forma teórica, com
apresentações na prática, os principais conceitos relacionados ao fator de potência
de equipamentos elétricos industriais e apresentar possíveis soluções para resolução
do problema.
O conhecimento aqui descrito se baseia em uma experiência adquirida durante
o estágio e pesquisas. O conteúdo que aqui será apresentado, trata-se de um estudo
24

teórico bibliográfico e patentário onde mostra a necessidade da correção do fator de


potência para alcançar uma melhor eficiência energética.
Ao final, será apresentado um comparativo sobre os gastos mensais que a
ETA vem tendo, o investimento que precisará fazer e a economia que irá gerar para a
empresa.

1.2 Objetivos Específicos

• Realizar estudo teórico sobre fator de potência;


• Caracterizar as cargas de uma estação de tratamento de água;
• Calcular a correção do fator de potência empregando banco de
capacitores;
• Comparativo entre gastos mensais, investimento e economia para a
empresa.

1.3 Justificativa e Relevância

A escolha do tema justifica-se dada a importância da correção do fator de


potência nas instalações elétricas através de seu custo/benefício. Apesar de se tratar
de um alto investimento, ele é recuperado em um prazo consideravelmente curto. Pois
através desse investimento na correção do FP, economiza-se na fatura de energia
elétrica, evitando as altas multas cobradas pelas concessionárias por estar com um
índice de FP abaixo do permitido. Também é possível perceber uma economia na
instalação elétrica nos condutores, transformadores, dispositivo de proteção, etc. Pois
com um baixo FP esses elementos estariam superdimensionados para aquela carga.
Portanto, esse estudo é importante para a compreensão de todas as
possibilidades de realizar de forma adequada o ajuste dos reativos e atender às
exigências da concessionária de energia elétrica.
25

1.4 Delimitação do Tema

Este trabalho tem por finalidade se limitar a consumidores que são


abastecidos de energia elétrica pelas concessionárias em uma frequência de 60 Hz.
Também se limita a cargas lineares, mais especificamente em motores elétricos
assíncronos aplicados em Estações de Tratamento de Água e banco de capacitores.
Onde o regime de operação desses motores é diariamente de forma ininterrupta.
A análise ocorrerá tanto através das informações técnicas dos motores
quanto dos próprios valores medidos e informados pela concessionária de energia
elétrica do local em questão, sendo da modalidade tarifária A4 horosazonal azul.
Além de demonstrar como é feito os cálculos para saber se o fator de potência está
dentro do exigido pela concessionária ou não.

1.5 Organização da Monografia

Esta obra está delimitada em 5 seções da seguinte forma:

● Na seção 1 é apresentada a proposta desta monografia;


● Na seção 2 é conceituado o referencial teórico, se aprofundando nas
principais grandezas da eletricidade e demonstrando seus conceitos
básicos, para melhor compreensão do porquê os consumidores de
média e alta tensão devem controlar o fator de potência;
● Na seção 3 é apresentado o estudo de caso, onde é feito o
levantamento de dados necessários para a realização do estudo e
apresentada a escolha da técnica para a correção do índice de fator de
potência;
● Na seção 4 é demonstrado os cálculos para obtenção do valor de
fornecimento de energia reativa capacitiva do banco de capacitores
necessários para a aplicação e apresentado um comparativo de gastos;
● Na seção 5 é feita uma análise técnica do estudo em questão e realizada a
conclusão final sobre o projeto elaborado.
26

1.6 Metodologia de Pesquisa

Para a elaboração e parecer desta obra foi determinado como método


conhecimentos prévios adquiridos durante estágio, pesquisas na internet e leitura de
textos, livros e publicações sobre o assunto, tendo como finalidade a análise
aprofundada do tema, oferecendo fundamento teórico, conceituando e trazendo
aplicações para o tema proposto.
Para isso foi pesquisado as técnicas conhecidas de correção de fator de
potência existentes e utilizadas na área. E, ao longo desse estudo, será demonstrada
a aplicação da correção do fator de potência em uma Estação de Tratamento de Água
e o que é necessário para realizá-la.
27

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 Definição do fator de potência

Podemos definir como potência ativa a potência pela qual é responsável por
exercer o trabalho, seja ele através de movimento, calor, luz, etc. Já a potência reativa
é responsável pela criação e permanência do campo eletromagnético das cargas
indutivas. Matematicamente, em um circuito trifásico, podemos representa-las como:

𝑃 = √3 𝑉 𝐼 cos 𝜑 (1)

𝑄 = √3 𝑉 𝐼 sen 𝜑 (2)

P - potência ativa (em kW);


Q - potência reativa (em kVAr);
V – tensão entre fases (em V);
I – corrente de linha (em A);
𝜑 - ângulo de defasagem entre a corrente e a tensão;

A partir de duas potências conhecidas, também podemos calcular a terceira


relacionando-as através da equação:

𝑆 2 = 𝑃2 + 𝑄 2 (3)

S - potência aparente ou potência total da carga (em kVA);

Figura 1: Triângulo retângulo de potência.

Fonte: CODI (2004).


28

Também é possível definir a potência aparente de um circuito trifásico através


da equação:
𝑆 = √3 𝑉 𝐼 (4)

Logo, o fator de potência se dá através da relação entre as potências ativa e


aparente. Como ambas grandezas são representadas pela mesma unidade de
potência, o fator de potência é um índice adimensional, além de sua variação se
manter entre 0 (zero) e 1 (um), ou em escala de porcentagem de 0 (zero) à 100%
(cem por cento).

𝑃 (5)
𝐹𝑝 = cos 𝜑 =
𝑆

𝐹𝑝 - fator de potência de carga;

É de suma relevância manter o controle do FP, tanto visando o ponto de vista


eletro-energético quanto para a apresentação desse fator para medição da
concessionária. Esse segundo ainda tendo uma importância maior, pois ocorrerá em
ônus nas faturas de energia elétrica caso o FP esteja fora do estabelecido (SILVA,
2009).
De acordo com Bianchi, Inácio e Souza, Teófilo M. (2016) as soluções
apresentadas evitam:

• Sobretaxa na conta de energia elétrica por operar com baixo fator de


potência;
• Redução da capacidade do sistema elétrico;
• Flutuações de tensão, que podem provocar a queima de
equipamentos;
• Aumento das perdas elétricas nas linhas de distribuição por efeito
joule;
• Danos em equipamentos causados pelas sobretensões;
• Aumento de desgaste nos dispositivos de proteção e de manobras;
• Aumento do investimento em condutores e equipamentos elétricos
sujeitos à limitação térmica de corrente;
• Instabilidades no sistema.
29

2.2 Causas de um baixo fator de potência

Alguns dos motivos pelo qual uma instalação pode estar com um baixo fator
de potência são decorrentes de:

• Motores de indução trabalhando a vazio durante um longo período de


operação.
• Motores superdimensionados em relação às máquinas a eles
acopladas.
• Transformadores em operação a vazio ou em carga leve.
• Grande número de reatores de baixo fator de potência suprindo
lâmpadas de descarga (lâmpadas fluorescentes, vapor de mercúrio,
vapor de sódio etc).
• Fornos a arco.
• Fornos de indução eletromagnética.
• Máquinas de solda a transformados.
• Equipamentos eletrônicos.
• Grande número de motores de pequena potência em operação
durante um longo tempo.
(MAMEDE, Instalações Elétricas Industriais, 2017)

Dentre as possíveis consequências de um baixo fator de potência, podemos


destacar as perdas na instalação, quedas de tensão e subutilização da capacidade
instalada.

2.2.1 Perdas na instalação

De acordo com o manual realizado pela empresa WEG (2022), as perdas de


uma instalação elétrica são decorrentes do calor e proporcionais ao quadrado da
corrente total 𝐼 2 𝑅. Com o aumento da energia reativa, essa corrente cresce
exponencialmente, estabelecendo-se assim uma relação entre o incremento das
perdas e o baixo fator de potência. Logo, gerando um aumento nos condutores e
equipamentos.

2.2.2 Quedas de tensão

Também podemos citar o manual realizado pela empresa WEG (2022) quanto
às suas observações sobre quedas de tensão. A energia reativa é diretamente
proporcional à corrente e inversamente proporcional a tensão. Logo, quanto mais
energia reativa houver, menor será a tensão no circuito, podendo gerar assim
30

interrupções e sobrecarga em determinados elementos de rede. Essa queda de


tensão ainda pode ser causadora de problemas como diminuição da intensidade
luminosa e aumento de corrente nos motores. Valendo alertar que esse risco é
agravado durante os períodos onde a rede elétrica é fortemente solicitada.

2.2.3 Subutilização da capacidade instalada

Quando falamos dos condutores sabemos que são eles os responsáveis pelo
transporte da energia elétrica. Cada condutor de uma determinada área de seção reta
tem a capacidade de transportar uma quantidade limitada de corrente. Nota-se que,
com uma certa quantia de energia reativa trafegando pelo circuito isso gera um certo
aumento de corrente elétrica. Logo, um condutor dimensionado para atender a uma
carga necessitará suportar a corrente suficiente para o transporte da potência ativa
exigida pela carga, além da corrente que será gerada pela potência reativa.
Então percebe-se que, a instalação onde há energia reativa em excesso, seria
suficiente para compor os equipamentos já conectados e manter uma folga na rede
elétrica. Ou seja, com a correção da energia reativa, a instalação teria sua capacidade
aumentada sem a necessidade de investimentos extras. Agora, com a diminuição da
energia reativa, há “espaço” nos condutores para um maior transporte de energia
ativa, colocando assim mais equipamentos em serviço.
Como um exemplo de demonstração visual, na figura abaixo é representada
o quanto a energia reativa subutiliza os condutores do circuito. Uma instalação com
um FP 0,6 os condutores precisariam ter mais que o dobro da seção quando
comparado com um FP 0,9.
31

Figura 2: Variação da seção do condutor em função do FP.

Fonte: WEG (2022).

Além dos condutores, outro equipamento subutilizado também seria o


transformador, já que o transformador é responsável pelo fornecimento de potência
aparente. Então, para uma mesma quantidade de potência ativa, quanto maior for a
potência reativa, maior será a potência aparente. Consequentemente o transformador
necessitará de uma maior capacidade.

Figura 3: Variação da potência do transformador em função do FP.

Fonte: WEG (2022).

Além dos transformadores e condutores, também podemos lembrar dos


dispositivos de proteção, sistemas de comando e controle dos equipamentos do
circuito. Os mesmos também precisarão ser superdimensionados por consequência
de um excesso de energia reativa.
32

2.3 Legislação do fator de potência

Anteriormente no Decreto 479 de 20 de março de 1992, o mesmo estabeleceu


a obrigatoriedade de se manter o fator de potência o mais próximo possível da
unidade, ou seja, 1. Essa obrigatoriedade tanto se aplica a concessionárias de energia
elétrica quanto aos consumidores por ela abastecidos. Além disso, foi recomendado
que o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) estabelecesse
um limite de referência para o fator de potência indutivo e capacitivo, substituindo o
limite de 0,85 do decreto 62.724 de 17 de maio de 1968 e a nova redação dada pelo
decreto 75.887 de 20 de junho de 1975.
Atualmente, com a Resolução 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) de 09 de setembro de 2010, a qual foi alterada pela Resolução 569, também
da ANEEL, de 23 de julho de 2013, mantém de forma obrigatória a cobrança do FP,
quando fora do limite estabelecido, para unidades consumidoras do grupo A. Já as do
grupo B ficam isentas da cobrança de reativos pelo baixo FP.
De acordo com a Resolução 1000 da ANEEL de 7 de dezembro de 2021, os
grupos de consumidores são definidos como:
XXIII - grupo A: grupamento composto de unidades consumidoras com
conexão em tensão maior ou igual a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema
subterrâneo de distribuição em tensão menor que 2,3 kV, e subdividido nos
seguintes subgrupos:
a) subgrupo A1: tensão de conexão maior ou igual a 230 kV;
b) subgrupo A2: tensão de conexão maior ou igual a 88 kV e menor ou igual
a 138 kV;
c) subgrupo A3: tensão de conexão igual a 69 kV;
d) subgrupo A3a: tensão de conexão maior ou igual a 30 kV e menor ou igual
a 44 kV;
e) subgrupo A4: tensão de conexão maior ou igual a 2,3 kV e menor ou igual
a 25 kV;
f) subgrupo AS: tensão de conexão menor que 2,3 kV, a partir de sistema
subterrâneo de distribuição;
XXIV - grupo B: grupamento composto de unidades consumidoras com
conexão em tensão menor que 2,3 kV e subdividido nos seguintes subgrupos:
a) subgrupo B1: residencial;
b) subgrupo B2: rural;
c) subgrupo B3: demais classes;
d) subgrupo B4: Iluminação Pública;

Sendo assim, de acordo com o Artigo 95 da Resolução 414 da ANEEL (2010)


o FP de referência foi fixado em 0,92, gerando uma cobrança da energia reativa
excedente ao estabelecido.
33

Em 1996, também foi adotada a medida de redução do período avaliativo do


FP, passando a ser horário ao invés de ser mensal para consumidores com medição
horosazonal.
Sobre a multa na cobrança do reativo ela é descrita no inciso 1 (um) do
primeiro parágrafo do artigo 96 da Resolução 414 da ANEEL (2010), “o período de 6
(seis) horas consecutivas, compreendido, a critério da distribuidora, entre 23h 30min
e 6h 30min, apenas os fatores de potência ‘𝑓𝑡 ’ inferiores a 0,92 capacitivo, verificados
em cada intervalo de 1 (uma) hora ‘T’”. Ainda no mesmo parágrafo mas no inciso 2
(dois) também é dito, “o período diário complementar ao definido no inciso 1, apenas
os fatores de potência ‘𝑓𝑡 ’ inferiores a 0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de
1 (uma) hora ‘T’”.
Em relação à qual o período de 6h que será cobrado o excedente de reativo
capacitivo a ANEEL diz no seu segundo parágrafo do artigo 96 da Resolução 414
(2010) “o período de 6 (seis) horas, definido no inciso 1 do § 1º, deve ser informado
pela distribuidora aos respectivos consumidores com antecedência mínima de 1 (um)
ciclo completo de faturamento”.

2.3.1 Faturamento

A equação utilizada para se chegar ao valor cobrado de reativos pelas


concessionárias de energia elétrica de acordo com a Resolução 414 da ANEEL (2010)
é apresentada abaixo.

𝑓𝑅 (6)
𝐸𝑅𝐸 = 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 ( − 1) 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝑓𝑀

𝑓𝑅 (7)
𝐷𝑅𝐸 = ( 𝑃𝐴𝑀 𝑥 − 𝑃𝐴𝐹) 𝑥 𝑉𝑅𝐷𝑅𝐸
𝑓𝑀

𝐸𝑅𝐸 – excedente de reativo em relação ao FP = 0,92 durante o período de


faturamento (em reais);
𝐸𝐸𝐴𝑀 – consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento
(em MWh);
𝑓𝑅 – fator de potência estipulado como referência (ou seja, 0,92);
34

𝑓𝑇 – fator de potência médio do consumidor calculado durante o período de


faturamento;

𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 – tarifa de energia “TE” (𝑒𝑚 𝑅$⁄𝑀𝑊ℎ);

𝐷𝑅𝐸 – cobrança da demanda de potência reativa excedente durante o período


de faturamento (em R$);
𝑃𝐴𝑀 – demanda de potência ativa medida durante o período de faturamento
(em kW);
PAF – demanda de potência ativa faturável durante o período de faturamento
(em kW);
𝑉𝑅𝐷𝑅𝐸 – tarifa de demanda de potência ativa para o posto tarifário fora de

ponta (𝑒𝑚 𝑅$⁄𝑘𝑊 );

Podemos calcular o fator de potência de acordo com a equação abaixo


apresentada pelo catálogo da WEG (2022).

𝐸𝑟 (8)
𝐹𝑃 = cos ( 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 )
𝐸𝑎

𝐹𝑃 – fator de potência;
𝐸𝑟 – energia reativa (em kVAr);
𝐸𝑎 – energia ativa (em kW);

2.4 Correção de fator de potência

Para dar início à correção do FP é importante se atentar às características de


carga da instalação. Se caso a instalação for composta por, pelo menos, 80% de
cargas lineares, é possível a correção do FP levando-se em conta apenas os valores
das mesmas. Se caso a instalação for composta por mais de 20% de cargas não
lineares, é essencial que seja considerado nos cálculos de correção os efeitos dos
harmônicos (MAMEDE, 2017).
35

Uma solução que pode, eventualmente, corrigir o excesso de reativo é adotar


medidas como: desligar motores em vazio, redimensionar equipamentos
superdimensionados, redistribuir cargas pelos diversos circuitos, etc (CODI, 2004).
Outras soluções bastante conhecidas são:
• Aumento do consumo de energia ativa;
• Utilização de máquinas síncronas superexcitadas;
• Utilização de capacitores.

2.4.1 Correção por aumento da energia ativa

Como é estipulado o FP em 0,92, logo o consumidor tem o direito de manter


uma energia reativa de até 0,426 kVArh para cada kWh consumido (SILVA, 2009).
Então, caso o consumidor acrescente equipamentos de alto fator de potência, a
energia ativa consumida irá aumentar enquanto a energia reativa irá se manter ou ter
uma pequena variação. Podemos perceber então que ao aumentarmos o consumo de
energia ativa, haverá o direito de um maior consumo de energia reativa, elevando
assim o FP. Porém é uma técnica de correção de alto custo.

2.4.2 Correção por máquina superexcitadas

Essa técnica é dada pelo modo desses motores terem a característica de


injetar maior volume de energia reativa do que seu próprio consumo (COTRIM, 2009).
Esses motores possuem mais de uma vantagem, podendo além de realizar a
correção do FP também serem acopladas a alguma carga da própria produção, como
um exemplo de meio de substituição a um motor de indução. Porém essa solução é
pouco difundida devido às dificuldades operacionais e seu alto custo (MAMEDE,
2017).

2.4.3 Correção por capacitores

Nesta técnica, a escolha do(s) capacitor(es), deve-se levar em consideração


a quantidade de potência reativa que se há necessidade de injetar, compensando
assim o consumo da potência reativa pela carga. Quanto à convenção de sinais
adotada para a potência reativa, será positivo quando esta potência estiver sendo
36

consumida pela carga e negativo quando esta potência estiver sendo injetada pelos
capacitores (COTRIM, 2009).
De acordo com Mamede (2017), podemos expressar a potência reativa
necessária para ser fornecida pelo(s) capacitor(es) para corrigir o FP atual para o FP
desejado conforme a equação abaixo:

𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) (9)

𝑄𝑐 – potência reativa capacitiva (em kVAr);


𝑃𝑡 – potência ativa (em kW);
𝜃1 – ângulo do fator de potência original (em graus);
𝜃2 – ângulo do fator de potência desejado (em graus);

Observando novamente o triângulo das potências na figura 4 abaixo, é


possível identificar a variação do ângulo do fator de potência indo de 𝜓1 (ângulo do
FP original) para 𝜓2 (ângulo do FP corrigido) quando é acrescentada uma potência
reativa capacitiva 𝑃𝑐 fazendo com que a potência reativa indutiva 𝑃𝑟𝑒1 passe para 𝑃𝑟𝑒2.

Figura 4: Triângulo das potências.

Fonte: MAMEDE (2017).

Segundo Mamede (2017), “esta é a solução mais empregada na correção do


fator de potência de instalações industriais, comerciais e dos sistemas de distribuição
e de potência”.
37

Nessa solução, frequentemente, utilizamos o banco de capacitores dividido


em frações, pois assim é possível ajustar a quantidade de reativo a ser injetado.
Utilizando-se assim manobras para evitar um FP capacitivo inferior à 0,92 nos
momentos em que são medidos os reativos capacitivos, e manobras para evitar um
FP indutivo inferior à 0,92 nos momentos em que são medidos os reativos indutivos
(MAMEDE, 2017).

Figura 5: Demonstração da compensação de reativo.

Fonte: CODI (2004).

2.5 Características dos capacitores

A técnica escolhida como solução para a correção do FP foi a técnica do


banco de capacitores, por se tratar de ser a solução mais empregada na correção do
FP de instalações industriais, segundo Mamede (2017). Então será apresentada
algumas características específicas desta técnica.

2.5.1 Características gerais dos capacitores

De acordo com Mamede (2017), o campo elétrico do capacitor suporta uma


determinada carga elétrica, e é através dessa carga que o capacitor é avaliado. A
equação a seguir nos mostra o cálculo para determinação do capacitor.
38

𝑄= 𝐶𝑥𝑉 (10)

Q – quantidade de carga elétrica (em C);


C – capacidade do capacitor (em F);
V – tensão aplicada (em V);

De acordo com Mamede (2017), do mesmo modo que a ligação de


componentes de uma malha podem ser ligados tanto em série quanto em paralelo, os
capacitores não seriam diferente. A equação apresentada abaixo é referente à ligação
em série de um grupo de capacitores.

1 1 1 1 1 (11)
= + + + ,… ,+
𝐶𝑒 𝐶1 𝐶2 𝐶3 𝐶𝑛

𝐶𝑒 – capacidade equivalente do conjunto (em F);


𝐶1 , 𝐶2 , 𝐶3 , … , 𝐶𝑛 – capacidade individual de cada capacitor (em F);

Já a ligação em paralelo entre os capacitores, assim como descreve o


Mamede (2017), irá resultar na adição da capacidade dos mesmos, como podemos
ver na equação abaixo.

𝐶𝑒 = 𝐶1 + 𝐶2 + 𝐶3 + , … , + 𝐶𝑛 (12)

Ao analisar as equações 11 e 12, é possível verificar que, ao realizar a


instalação dos capacitores em série, a capacidade equivalente do conjunto será
inferior à capacitância do menor capacitor. Já no caso de estarem em paralelo, a
capacidade equivalente do conjunto será a soma da capacitância de todos os
capacitores.
Segue abaixo, como demonstração, na figura 6, imagem de capacitores de
média tensão, e, na figura 7, capacitores de baixa tensão, os quais são utilizados em
BC.
39

Figura 6: Capacitores trifásicos de média tensão.

Fonte: MAMEDE (2017).

Figura 7: Capacitores monofásicos componentes de uma unidade trifásica de BT.

Fonte: MAMEDE (2017).

2.5.2 Tensão nominal

De acordo com Mamede (2017), a fabricação dos capacitores podem ser


feitas tanto entre fases, para unidades trifásicas, como entre fase e neutro, para
unidades monofásicas.
40

É possível definir os capacitores como sendo capacitores de baixa tensão e


capacitores de tensão primária. Ao se tratar de indústrias de pequeno e médio porte,
são comumente aplicados os capacitores de baixa tensão, os quais compreendem
tensões entre 220 Volts (V), 380 V, 440 V e 480 V, independentemente de que sejam
unidades monofásicas ou trifásicas. Os capacitores de tensão primárias tem sua
fabricação para tensões pré estabelecidas entre 2,3 kV até 13,8 kV, acima destes
valores, os mesmos só serão fabricados sob encomenda (MAMEDE, 2001).
A figura 8 abaixo compreende os valores disponíveis comercialmente, de
fabricação Inducon, para capacitores de baixa tensão.

Figura 8: Capacitores trifásicos de baixa tensão.

Fonte: MAMEDE (2001).


41

2.5.3 Localizações dos capacitores

De acordo com Mamede (2017):

Deve-se atentar para o fato de que os capacitores somente corrigem o FP no


trecho compreendido entre a fonte geradora e seu ponto de instalação. Além
disso, os efeitos sentidos pelo sistema com a presença de um banco de
capacitores se limitam à elevação de tensão, como consequência da redução
da queda de tensão no trecho a montante do seu ponto de instalação.
(MAMEDE, 2017, p. 447).

Figura 9: Diagrama elétrico de localização dos capacitores.

Fonte: Newton C. Braga, 2021.

2.5.3.1 Capacitores no lado da alta tensão

Ligação indicada conforme figura 9, representada pelo capacitor instalado na


parte da alta tensão, ou seja, antes do transformador.
Este tipo de instalação tem como benefício apenas a correção do fator de
potência da unidade, deixando de contribuir para outros pontos importantes como, por
exemplo, na liberação de carga do transformador ou dos circuitos secundários e
também tendo um custo final mais elevado, em especial em subestações abrigadas,
quando comparado a um banco equivalente instalado no sistema secundário
(MAMEDE, 2017).
42

2.5.3.2 Capacitores no secundário do transformador

Ligação indicada conforme figura 9, representada pelo capacitor C1.


Esta ligação é instalada comumente no barramento do Quadro Geral de Força
(QGF). Uma de suas vantagens é ter um menor custo final e por isso vem sendo a
mais utilizada. Além disso, também podemos citar como vantagens a liberação de
potência do transformador de força e a possibilidade de instalar no interior da
subestação, onde normalmente é instalado o QGF (MAMEDE, 2017).
De acordo com CODI (2004), também há vantagens quanto a possibilidade
de se fazer um controle automático da compensação de reativos, facilidade na
supervisão, melhoria geral do nível de tensão, instalações adicionais suplementares
relativamente simples e melhor utilização dos capacitores instalados. Enquanto que
sua desvantagem seria de não haver alívio sensível dos alimentadores de cada
equipamento.

2.5.3.3 Capacitores junto às grandes cargas indutivas

Ligação indicada conforme figura 9, representada pelos capacitores C2, C3 e


C4.
Ao realizar a instalação desses capacitores junto a essas cargas, isso faz com
que haja uma limitação na circulação de energia reativa ficando exclusiva para estes
equipamentos. Logo, haverá liberação de parte da capacidade do sistema elétrico e
da própria instalação (CODI, 2004).
Algumas das vantagens são:
• Reduz as perdas energéticas em toda a instalação;
• Diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos
compensados;
• Melhora os níveis de tensão de toda a instalação;
• Pode-se utilizar um sistema único de acionamento para a carga e o
capacitor, economizando-se em equipamentos de manobra;
Gera reativos somente onde é necessário; (CODI, 2004, p. 6).

Algumas desvantagens são:


• Muitos capacitores de pequena potência têm custo maior que
capacitores concentrados de potência maior;
• Pouca utilização dos capacitores, no caso do equipamento
compensado não ser de uso constante;
• Para motores, deve-se compensar no máximo 90% da energia
reativa necessária. (CODI, 2004, p. 6).
43

2.5.3.4 Capacitores por grupo de carga

Ligação indicada conforme figura 9, representada pelos capacitores C5 e C6.


Neste tipo de instalação seu objetivo é corrigir pequenos equipamentos,
inferiores à 10 cv, ou algum setor específico da unidade. A instalação é feita no quadro
de distribuição de alimentação de cada equipamento (NEWTON C. BRAGA, 2021).

2.5.4 Banco de capacitores automáticos

Este tipo de aplicação tem sua grande relevância quando o consumo de


energia reativa não é constante, variando ao longo do dia. Ou seja, permitindo um
fornecimento de energia reativa conforme o consumo necessitado no momento
(MAMEDE, 2017).
Há algumas recomendações quanto à utilização de BC automáticos:
a) A potência máxima capacitiva recomendada a ser chaveada, por
estágio do controlador, deve ser de 15 kVAr para bancos trifásicos de 220
V e de 25 kVAr para bancos de 380/440 V.
b) Dimensionar um capacitor com a potência igual à metade da potência
máxima a ser manobrada para permitir o ajuste fino do fator de potência.
c) Utilizar controladores de fator de potência que realizem a varredura
das unidades chaveadas permitindo a melhor combinação de inserção
(MAMEDE, 2017, p. 502).

De acordo com Mamede (2017), o objetivo principal quanto à limitação da


potência capacitiva chaveada é a redução da corrente de surto ocorrida durante a
energização de cada célula capacitiva ou grupos de células capacitivas. Esses surtos
podem ultrapassar cerca de 100 vezes a corrente nominal do capacitor. Como
consequências desse surto, podemos citar como exemplos a queima de fusíveis,
danos nos contatos dos contactores, etc. Sobre esses contactores, os quais são
responsáveis por executar a manobra dos capacitores, precisam ter categoria AC6b
e serem fabricados com dispositivos antissurto já incorporados, como também com
resistor pré-carga ou bobina de surto.
Para encontrarmos a corrente que passa através do contactor, e vai para o
capacitor, podemos utilizar a expressão a seguir:
44

𝑃𝑐𝑎𝑝 (13)
𝐼𝑛𝑐 =
√3 𝑥 𝑉𝑓𝑓

𝐼𝑛𝑐 – Corrente nominal do capacitor (em A);


𝑃𝑐𝑎𝑝 – Potência nominal do capacitor (em kVAr);
𝑉𝑓𝑓 – Tensão de linha (em kV);

Através da corrente nominal do capacitor encontrada, é possível dimensionar


o fusível, com características gL/gG, correto para a devida proteção através da
equação abaixo onde a corrente é corrigida para 165% da corrente nominal do
capacitor (WEG, 2022).
𝐼𝑛𝑓 = 𝐼𝑛𝑐 𝑥 1,65 (14)

𝐼𝑛𝑓 – Corrente calculada do fusível (em A);

Abaixo, nas figuras 10 e 11, podemos ver, respectivamente, as imagens de


um banco de capacitores automático de baixa tensão e um controlador de fator de
potência.

Figura 10: BC automático de baixa tensão.

Fonte: MAMEDE (2017).


45

Figura 11: Controlador de fator de potência.

Fonte: MAMEDE (2017).


46
47

3 ESTUDO DE CASO

3.1 Equipamentos de uma ETA

A Estação de Tratamento de Água é composta por diversos equipamentos


elétricos, como, por exemplo, deionizador, ultrapurificador, espectrofotometro,
turbidímetro, balança, incubadora bacteriológica, incubadora para DBO, estufa, mufla,
entre outros. Porém é de conhecimento que, as ETAs, são compostas de grandes
motores, estes, responsáveis pelo transporte da água.
Logo, grande parte da energia elétrica consumida será através desses
equipamentos, caracterizando a ETA como uma unidade de cargas indutivas.
Como a ETA é responsável pelo abastecimento de água de uma ou mais
cidades, ela é uma consumidora de energia elétrica 24 horas por dia nos 7 dias da
semana, funcionando durante os finais de semana e também feriados.
De acordo com a tabela 1 apresentada abaixo, podemos ver alguns dos
equipamentos que compõe uma ETA e seus consumos de energia elétrica. Logo em
seguida são apresentadas figuras ilustrativas referentes aos equipamentos listados.

Tabela 1: Exemplos de equipamentos que compõe uma ETA e seus consumos de


energia.

Equipamentos Potência (W)


Deionizador 120
Ultrapurificador 120
Espectrofotometro 500
Turbidímetro 55
Balança 5,6
Microscópio 30
Freezer Vertical 403
Geladeira 500
Incubadora Bacteriológica 1000
Banho-Maria 750
Estufa 5500
Incubadora Para Dbo 1000
Mufla 4000
Bloco Concentrador 400
Fonte: própria (2023).
48

Quadro 1: Exemplos de equipamentos que compõe uma ETA e suas respectivas


imagens.

EQUIPAMENTOS IMAGENS

Deionizador

Ultrapurificador

Espectrofetometro

Turbidímetro
49

Balança

Microscópio

Freezer Vertical

Geladeira
50

Incubadora Bacteriológica

Banho Maria

Estufa

Incubadora para DBO


51

Mufla

Bloco Concentrador

Fonte: comunicação pessoal (2023)1

3.2 Levantamento de informações da tarifa de energia elétrica

Foi feito um levantamento das informações da tarifa de energia elétrica na


unidade pois assim nos permitirá fazer a correção do fator de potência não apenas
dos motores mas da unidade inteira como um todo.
Para isso, foi adotada a prática de utilizar 3 faturas de energia dentro do
período de 1 ano, assim poderemos calcular uma média mensal e trabalhar em cima
disto. Se tratando de uma Estação de Tratamento de Água responsável por abastecer
um município, logo, seu funcionamento é ininterrupto durante 24 horas por dia e todos
os dias da semana, incluindo finais de semana e feriados. Com isso, a variação do
consumo de energia será pequena entre os meses do ano.
Foi adotada as faturas de Outubro/2021, Novembro/2021 e Janeiro/2022 para
fins de cálculo.

1
Imagens recebidas por e-mail através de um profissional de Química com atuação em Estação de
Tratamento de Água.
52

Figura 12: Primeira parte da fatura de Outubro/2021.

Fonte: pessoal (2022).


53

Figura 13: Segunda parte da fatura de Outubro/2021.

Fonte: pessoal (2022).


54

Figura 14: Primeira parte da fatura de Novembro/2021.

Fonte: pessoal (2022).


55

Figura 15: Segunda parte da fatura de Novembro/2021.

Fonte: pessoal (2022).


56

Figura 16: Primeira parte da fatura de Janeiro/2022.

Fonte: pessoal (2022).


57

Figura 17: Segunda parte da fatura de Janeiro/2022.

Fonte: pessoal (2022).

3.3 Levantamento de dados técnicos sobre os motores

Como podemos perceber através do consumo de energia ativa da fatura de


energia elétrica e da potência ativa dos motores, apresentadas abaixo, pelo menos,
70% da potência total é composta por cargas indutivas, ou seja, por motores elétricos.
Logo, esses equipamentos que terão a maior atenção pois são eles os responsáveis
pelo baixo fator de potência da unidade.
Dito isto, foi feito um levantamento das informações técnicas desses motores,
onde, as mesmas, serão usadas para descobrirmos o BC ideal.
58

Figura 18: Motor de uma ETA.

Fonte: pessoal (2022).

Figura 19: Motor de uma ETA.

Fonte: pessoal (2022).


59

Figura 20: Motor de uma ETA.

Fonte: pessoal (2022).

3.4 Técnica adotada para a correção do FP

Iremos adotar o cálculo em cima da fatura de energia elétrica, pois assim


haverá uma correção do FP em cima de toda a instalação. Porém, a título de
conhecimento, também iremos demostrar os cálculos para correção das principais
cargas indutivas individualmente, a fim comparativo e também de sanar qualquer
dúvida que possa haver.
O fator de potência da unidade será corrigido para 0,95, visando obter uma
boa margem de segurança.
Como mencionado anteriormente, a correção do fator de potência será feita
através do banco de capacitores. A localização escolhida foi alocá-los no secundário
do transformador se tratando de um local estratégico de ótimo custo benefício. Logo,
a instalação do BC será feita em paralelo e na tensão de 440 volts.
60
61

4 APRESENTAÇÕES DE CÁLCULOS PARA CORREÇÃO DO FP

4.1 Cálculos através da análise da fatura de energia elétrica

Informações necessárias para o cálculo:

Fatura de Outubro/2021:

Consumo Hora Fora de Ponta (HFP): 565.362 kWh


Tarifa Hora Fora de Ponta (HFP): R$ 0,37498
Consumo Hora Ponta: 57.877,68 kWh
Tarifa Hora Ponta: R$ 0,58403
Energia Reativa HFP: R$ 11.940,24
Energia Reativa Hora Ponta: R$ 1.616,39
Fator de Potência Hora Fora Ponta: 0,87
Fator de Potência Hora Ponta: 0,87

Fatura de Novembro/2021:

Consumo Hora Fora de Ponta (HFP): 573.048 kWh


Tarifa Hora Fora de Ponta (HFP): R$ 0,37626
Consumo Hora Ponta: 54.894 kWh
Tarifa Hora Ponta: R$ 0,58602
Energia Reativa HFP: R$ 12.315,36
Energia Reativa Hora Ponta: R$ 1.548,22
Fator de Potência Hora Fora Ponta: 0,87
Fator de Potência Hora Ponta: 0,87
62

Fatura de Janeiro/2022:

Consumo Hora Fora de Ponta (HFP): 535.626 kWh


Tarifa Hora Fora de Ponta (HFP): R$ 0,37638
Consumo Hora Ponta: 62.279,7 kWh
Tarifa Hora Ponta: R$ 0,58621
Energia Reativa HFP: R$ 11.562,44
Energia Reativa Hora Ponta: R$ 1.735,41
Fator de Potência Hora Fora Ponta: 0,87
Fator de Potência Hora Ponta: 0,87

Utilizando a equação 6, é possível encontrar o fator de potência e conferir com


a fatura, para fins comparativo ou caso a fatura de alguma concessionário não forneça
essa informação.

Outubro/2021:
Fator de Potência no Horário Fora Ponta:
𝑓𝑅
𝐸𝑅𝐸 = 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 ( − 1) 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝑓𝑀
𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝐸𝑅𝐸 = − 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝑓𝑀
𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 =
𝑓𝑀
𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝑓𝑀 =
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸

Substituindo pelos valores encontrados na fatura, teremos:

0,92 𝑥 565362 𝑥 0,37498


𝑓𝑀 =
11940,24 + 565362 𝑥 0,37498
𝑓𝑀 = 0,87

Logo, podemos conferir com o valor informado e darmos prosseguimento aos


nossos cálculos.
63

Utilizando a equação 9, será encontrado a potência reativa necessária para a


correção do fator de potência. Como mencionado anteriormente, o FP será corrigido
para 0,95.
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 )

𝑐𝑜𝑠 𝜃1 = 0,87

𝜃1 = cos −1 0,87
𝜃1 = 29,5413605°

𝑐𝑜𝑠 𝜃2 = 0,95
𝜃2 = cos −1 0,95

𝜃2 = 18,19487234°

𝑄𝑐 = 565362 (𝑡𝑔 29,5413605 − 𝑡𝑔 18,19487234)


𝑄𝑐 = 134,58 𝑘𝑉𝐴𝑟

Para o Horário Ponta teremos os seguintes resultados para o FP e para a


potência reativa necessária:

𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 0,92 𝑥 57877,68 𝑥 0,58403


𝑓𝑀 = = = 0,878
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 1616,39 + 57877,68 𝑥 0,58403
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 57877,68 (0,5451715619 − 0,3286841052) = 12,53 𝑘𝑉𝐴𝑟
𝜃1 = cos−1 0,878 = 28,59796222°

𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

Novembro/2021:
Fator de Potência e potência reativa necessária para o Horário Fora Ponta:

𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 0,92 𝑥 573048 𝑥 0,37626


𝑓𝑀 = = = 0,87
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 12315,36 + 573048 𝑥 0,37626
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 573048 (0,5667261166 − 0,3286841052) = 136,41 𝑘𝑉𝐴𝑟
𝜃1 = cos−1 0,87 = 29,5413605°

𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°


64

Fator de Potência e potência reativa necessária para o Horário Ponta:

𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 0,92 𝑥 54894 𝑥 0,58602


𝑓𝑀 = = = 0,878
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 1548,22 + 54894 𝑥 0,58602
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 54894 (0,5451715619 − 0,3286841052) = 11,88 𝑘𝑉𝐴𝑟

𝜃1 = cos−1 0,878 = 28,59796222°

𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

Janeiro/2022:
Fator de Potência e potência reativa necessária para o Horário Fora Ponta:

𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 0,92 𝑥 535626 𝑥 0,37638


𝑓𝑀 = = = 0,87
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 11562,44 + 535626 𝑥 0,37638
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 535626 (0,5667261166 − 0,3286841052) = 127,50 𝑘𝑉𝐴𝑟
𝜃1 = cos−1 0,87 = 29,5413605°

𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

Fator de Potência e potência reativa necessária para o Horário Ponta:

𝑓𝑅 𝑥 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 0,92 𝑥 62279,7 𝑥 0,58621


𝑓𝑀 = = = 0,878
𝐸𝑅𝐸 + 𝐸𝐸𝐴𝑀 𝑥 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸 1735,41 + 62279,7 𝑥 0,58621
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 62279,7 (0,5451715619 − 0,3286841052) = 13,48 𝑘𝑉𝐴𝑟

𝜃1 = cos−1 0,878 = 28,59796222°


𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

Com o cálculo referente ao consumo de potência reativa em cada um dos três


meses é possível encontrar a média para o horário de ponta e para o horário fora de
ponta.
Média da potência reativa no horário fora de ponta:

∑ 𝑄𝑐 134,58 + 136,41 + 127,50


𝑄𝑐 = = = 132,83 𝑘𝑉𝐴𝑟
3 3
65

Média da potência reativa no horário de ponta:

∑ 𝑄𝑐 12,53 + 11,88 + 13,48


𝑄𝑐 = = = 12,63 𝑘𝑉𝐴𝑟
3 3

Para determinar o banco de capacitores ideal para a correção do fator de


potência para 0,95, visto que, serão instalados em paralelo, através da equação 12 e
da figura 8, é possível determinar quais capacitores comercialmente disponíveis na
tensão de 440 volts serão necessários.

132,83 = 12,63 + 𝑄𝑐2


𝑄𝑐2 = 120,2 𝑘𝑉𝐴𝑟

Visto que, a menor potência reativa precisa atingir 12,63 kVAr e a maior
potência reativa precisa atingir 132,83 kVAr, será preciso a complementação de
estágios de capacitores de até 120,2 kVAr para fornecer ou parar de fornecer potência
reativa dependendo do horário do dia, se estiver no horário de ponta ou horário fora
de ponta. De acordo com a figura 8, os capacitores comercialmente disponíveis tem
um fornecimento de potência reativa até 50 kVAr, além de ser recomendado
capacitores de até 25 kVAr por estágio quando instalados na tensão de 440 V. Então
será preciso 1 capacitor que forneçam uma potência reativa de 12,5 kVAr, 1 capacitor
que forneça uma potência reativa de 20 kVAr e 4 capacitores que forneçam uma
potência reativa de 25 kVAr cada, para suprir o necessário, além de ter uma melhor
flexibilidade nas manobras para o fornecimento de potência reativa, para eventuais
manutenções.
Portanto, os estágios do banco de capacitor necessário para corrigir o fator
de potência para 0,95 serão:
• 1° estágio com capacitor de 12,5 kVAr para atuar no horário de ponta;
• 2° estágio com capacitor de 20 kVAr para atuar no horário fora de
ponta;
• 3° estágio com capacitor de 25 kVAr para atuar no horário fora de
ponta;
• 4° estágio com capacitor de 25 kVAr para atuar no horário fora de
ponta;
66

• 5° estágio com capacitor de 25 kVAr para atuar no horário fora de


ponta.
• 6º estágio com capacitor de 25 kVAr para atuar no horário fora de
ponta.

Além do cálculo dos capacitores a serem utilizados para a correção do FP,


também é necessário a preocupação com riscos de curto-circuito. Utilizando a
equação 13 e a equação 14, é possível dimensionar o fusível essencial para proteção
do BC.
Cálculo para dimensionamento do fusível para o capacitor correspondente a
uma potência reativa de 12,5 kVAr:
12,5
𝐼𝑛𝑐 = = 16,40 𝐴
√3 𝑥 0,44
𝐼𝑛𝑓 = 16,40 𝑥 1,65 = 27,06 𝐴

Cálculo para dimensionamento do fusível para o capacitor correspondente a


uma potência reativa de 20 kVAr:
20
𝐼𝑛𝑐 = = 26,24 𝐴
√3 𝑥 0,44
𝐼𝑛𝑓 = 26,24 𝑥 1,65 = 43,30 𝐴

Cálculo para dimensionamento do fusível para cada capacitor correspondente


a uma potência reativa de 25 kVAr:
25
𝐼𝑛𝑐 = = 32,80 𝐴
√3 𝑥 0,44
𝐼𝑛𝑓 = 32,80 𝑥 1,65 = 54,13 𝐴

Sendo necessário um fusível com características gL/gG de 32 A para o estágio


de 12,5 kVAr, um fusível com características gL/gG de 50 A para o estágio de 20 kVAr
e 4 fusíveis com características gL/gG de 63 A, um para cada estágio de 25 kVAr.
Sendo, no total, 1 fusível de 32 A, 1 fusível de 50 A e 4 fusíveis de 63 A. Valores de
acordo com a figura 8.
67

4.2 Cálculos através da análise dos dados técnicos dos motores

Informações necessárias para o cálculo:

1º motor:

Potência nominal: 400 cv


RPM: 1770
Nº de fases: 3
Tensão: 460 V
Corrente: 442 A

2º motor:

Potência nominal: 400 cv


RPM: 1740
Nº de fases: 3
Tensão: 440 V
Corrente: 440 A

3º motor:

Potência nominal: 10 cv
RPM: 3525
Nº de fases: 3
Tensão: 440 V
Corrente: 12,5 A

De acordo com as informações fornecidas nas placas dos motores, podemos


encontrar o fator de potência de cada um através das equações 4, 5 e 9:
68

1° motor:
𝑆 = √3 𝑥 460 𝑥 442 = 352,16 𝑘𝑉𝐴
400 𝑥 0,736
𝐹𝑝 = cos 𝜑 = = 0,84
352,16
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 400 𝑥 736 (0,6459361889 − 0,3286841052) = 93,40 𝑘𝑉𝐴𝑟
𝜃1 = cos−1 0,84 = 32,85988038°

𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

2° motor:
𝑆 = √3 𝑥 440 𝑥 440 = 335,33 𝑘𝑉𝐴
400 𝑥 0,736
𝐹𝑝 = cos 𝜑 = = 0,88
335,33
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 400 𝑥 736 (0,5397428221 − 0,3286841052) = 62,14 𝑘𝑉𝐴𝑟

𝜃1 = cos−1 0,88 = 28,35763658°


𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

3° motor:
𝑆 = √3 𝑥 440 𝑥 12,5 = 9,5 𝑘𝑉𝐴
10 𝑥 0,736
𝐹𝑝 = cos 𝜑 = = 0,77
9,5
𝑄𝑐 = 𝑃𝑡 (𝑡𝑔 𝜃1 − 𝑡𝑔 𝜃2 ) = 10 𝑥 736 (0,8286284229 − 0,3286841052) = 3,68 𝑘𝑉𝐴𝑟
𝜃1 = cos−1 0,77 = 39,64611115°

𝜃2 = cos−1 0,95 = 18,19487234°

4.3 Comparativo de gastos

4.3.1 Despesas com multas de reativos

Multa dos reativos:

Outubro/2021:
Demanda Reativa Fora Ponta: R$ 2.867,90
Demanda Reativa Ponta: R$ 2.906,12
69

Consumo Reativo Excedente Fora de Ponta: R$ 11.940,24


Consumo Reativo Excedente na Ponta: R$ 1.616,39

Total de multas pagas por baixo fator de potência: R$ 19.330,65

Novembro/2021:
Demanda Reativa Fora Ponta: R$ 2.705,03
Demanda Reativa Ponta: R$ 2.724,22
Consumo Reativo Excedente Fora de Ponta: R$ 12.315,36
Consumo Reativo Excedente na Ponta: R$ 1.548,22

Total de multas pagas por baixo fator de potência: R$ 19.292,83

Janeiro/2022:
Demanda Reativa Fora Ponta: R$ 2.705,88
Demanda Reativa Ponta: R$ 2.859,41
Consumo Reativo Excedente Fora de Ponta: R$ 11.562,44
Consumo Reativo Excedente na Ponta: R$ 1.735,41

Total de multas pagas por baixo fator de potência: R$ 18.863,14

Média das multas mensais:

∑ Multas 19.330,65 + 19.292,83 + 18.863,14


𝑀é𝑑𝑖𝑎𝑚𝑢𝑙𝑡𝑎𝑠 = = = 𝑅$ 19.162,21
3 3
70

4.3.2 Valor do investimento

De acordo com a Engerey Painéis Elétricos (2023), um banco de capacitor


tem a expectativa média de vida útil de até 100.000 horas de funcionamento, sendo
esse tempo equivalente à 11 anos de vida útil.
Logo, é possível calcular uma estimativa de gastos que a empresa teria com
multas à concessionária referente aos seus reativos, caso não seja corrigido.

Multas ao longo de 11 anos: R$ 19.162,21 x 132 meses = R$ 2.529.411,72

Como foi calculado no capítulo 4.1, a empresa necessitará de um banco de


capacitor contendo 1 capacitor de 12,5 kVAr, no valor de R$ 366,99 2, 1 capacitor de
20 kVAr, no valor de R$ 708,393 e 4 capacitores de 25 kVAr, no valor de R$ 751,634
cada.
Além de também ser necessário um controlador para o banco de capacitores
com, no mínimo, 6 estágios de saída, no valor de R$ 3.285,005.

2
Link referente ao preço do capacitor de 12,5 kVAr <https://www.dimensional.com.br/capacitor-3f-12-5kvar-
440v-
weg/p?idsku=276571&gclid=Cj0KCQjw98ujBhCgARIsAD7QeAjmqzT7NHTMvjFvSONjTVcCS9PReVBrQ_a1jz6fb8i8
3LQnakwMo20aAgU9EALw_wcB>
3
Link referente ao preço do capacitor de 20 kVAr
<https://www.eletrofm.com.br/automacao/industrial/outros-produtos-weg/unidades-capacitivas/capacitor-
trifasico-200kvar-440v-ucwt20v49q26-
11917007/?utm_source=google_shopping&utm_medium=search&utm_campaign=comparadores&gclid=Cj0KC
Qjw98ujBhCgARIsAD7QeAjFcXyFXk-lj5o1J7C2-7d1JBrLGnTJyXLpuOjGKlRSKk35yRPAmXkaAtFcEALw_wcB>
4
Link referente ao preço dos capacitores de 25 kVAr
<https://www.eletrofm.com.br/automacao/industrial/outros-produtos-weg/unidades-capacitivas/capacitor-
trifasico-250kvar-440v-ucwt25v49s26-
11917021/?utm_source=google_shopping&utm_medium=search&utm_campaign=comparadores&gclid=Cj0KC
Qjw98ujBhCgARIsAD7QeAhjczG7MqJLzPdVYASJkk7zMbB0pFRZ-sfpfCSAhEAWi2LhNZIWrTkaAuVREALw_wcB>
5
Link referente ao preço do controlador <https://www.eletrofm.com.br/automacao/industrial/outros-
produtos-weg/controlador-fator-potencia/controlador-fator-de-potencia-logico-programavel-weg-auto-menu-
mono-12-estagios-
11335221/?utm_source=google_shopping&utm_medium=search&utm_campaign=comparadores&gclid=Cj0KC
Qjw98ujBhCgARIsAD7QeAhfFFuEpiRnJfJieOI8A7O_TIanuxUsGv4Q4oCarVZN_SwA__cFIc4aAlqwEALw_wcB>
71

Também se faz necessário a compra dos fusíveis de características gL/gG.


Sendo, 1 fusível de 32 A, no valor de R$ 32,996, 1 fusível de 50 A, no valor de R$
61,307 e 4 fusíveis de 63 A, no valor de R$ 61,308.
Por fim, será necessário o quadro de comando para a alocação dos
equipamentos, com dimensões de 1200 x 800 x 250 mm, no valor de R$ 1.279,009.

Investimento de capacitores:
1 x R$ 366,99
1 x R$ 708,39
4 x R$ 751,63
Total: R$ 4.081,90

Investimento do controlador:
1 x R$ 3.285,00
Total: R$ 3.285,00

Investimento de fusíveis:
1 x R$ 32,99
1 x R$ 61,30
4 x R$ 61,30
Total: R$ 339,49

6
Link referente ao preço do fusível de 32 A <https://www.dimensional.com.br/fusivel-nh-000-500vac-32a-
120ka-3na3812-
siemens/p?idsku=34009&gclid=Cj0KCQjw98ujBhCgARIsAD7QeAiZ2bQa2g4WXiTvVapGDO8xgjFa5qaoX7zqXQvis
KBYxS0A8MrJM4MaAqdNEALw_wcB>
7
Link referente ao preço do fusível de 50 A <https://www.anhangueraferramentas.com.br/produto/fusivel-nh-
000-gl-gg-retardado-50a-120ka-em-500vca-3na3820-siemens-
108859?gclid=Cj0KCQjw98ujBhCgARIsAD7QeAi228DfaNXANu1hftAf_hNbWMxSF3zgfY4AHnlqq_WYveTucfk3n9
8aAmTHEALw_wcB>
8
Link referente ao preço dos fusíveis de 63 A <https://www.anhangueraferramentas.com.br/produto/fusivel-
nh-000-gl-gg-retardado-63a-120ka-em-500vca-3na3822-siemens-
108860?gclid=Cj0KCQjw98ujBhCgARIsAD7QeAiADtf1S1oKH32f66G6tPJMyAvEKT1ynTMiuZlBUSdtOD7MSGFUqV
AaAiwzEALw_wcB>
9
Link referente ao preço do quadro de comando <https://www.dimensional.com.br/quadro-comando-
sobrepor-aco-carbono-bege-ral-7032-1200-mm-800-mm-250-mm-c-flange-
inferior/p?idsku=243512&gclid=Cj0KCQjw98ujBhCgARIsAD7QeAg0Q5ptv6fb3klFARbxJNI9T9dS_NEKVWUcnR9q
xy8jJmBMedF41WcaAoSHEALw_wcB>
72

Investimento do Quadro de Comando:


1 x R$ 1.279,00
Total: R$ 1.279,00

Valor total do investimento: R$ 8.985,39

4.3.3 Economia com a correção do fator de potência

Economia:
multas (R$ 2.529.411,72) - investimento (R$ 8.985,39) = R$ 2.520.426,33
73

5 CONCLUSÃO

Foi abordado neste trabalho a importância da correção do fator de potência e


seus principais benefícios, através do banco de capacitores. Além de resultar em uma
economia positiva para a empresa, essa é uma obrigação, definida por lei, da correção
do FP de todos os consumidores do grupo A.
Foi apresentado também que a correção do fator de potência vai além das
economias com a ausência de multas. Ela também contribui para reduzir os riscos de
quedas de tensão, evitar perdas na instalação e liberar capacidade nos condutores,
possibilitando um aumento da energia ativa da indústria, com novos equipamentos,
sem haver a necessidade de novas instalações elétricas.
Através deste estudo, pode-se perceber que, o banco de capacitores não é o
único método de correção do fator de potência, apesar de ser a técnica mais utilizada.
Também é possível fazer a correção através do aumento de energia ativa e máquinas
superexcitadas, por exemplo.
Foi demonstrado as várias maneiras diferentes de se instalar o banco de
capacitores dependendo da estratégia que melhor se adequa à empresa e suas
necessidades, porém apresentando com ótimo custo/benefício a instalação no
secundário do transformador, possibilitando assim a correção automática.
Por meio desta pesquisa, podemos perceber que, o investimento necessário,
através do banco de capacitores, pode ser considerado de baixo custo quando
comparado com todas as despesas de multas ao longo do tempo que a empresa viria
a ter.
Como último ponto, nesta pesquisa foi claramente demonstrada a importância
de um projeto adequado de correção do fator de potência e o quanto isso impacta no
dia a dia da indústria, proporcionando resultados positivos e satisfatórios. Ressaltando
que um projeto mal dimensionado pode resultar em ajustes inadequados do fator de
potência, levando a multas contínuas, seja por reativo indutivo ou por reativo
capacitivo, conforme determinado pela ANEEL.
74
75

REFERÊNCIAS

ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução normativa Nº 414,2010.


ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução normativa Nº 569,2013.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução normativa Nº 1000,2021.
BRASIL. Decreto Nº 479, 20 de março de 1992.

BRASIL. Decreto Nº 62.724, 17 de maio de 1968.

BRASIL. Decreto Nº 75.887, 20 de junho de 1975.

BIANCHI, INÁCIO E SOUZA, TEÓFILO M. Software para dimensionamento de


bancos de capacitores para correção do fator de potência. Disponível em:
<https://docplayer.com.br/2079136-Software-para-dimensionamento-de-bancos-de-
capacitores-para-correcao-do-fator-de-potencia.html> Acesso em: 20/11/2022.

CODI. COMITÊ DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. Manual de


orientações aos Consumidores: Energia Reativa Excedente. CODI, 2004.
COTRIM, ADEMARO A. M. B. Instalações Elétricas. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall,
2009.
CREDER, HÉLIO. Instalações Elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
ENGEREY. Banco de capacitores ou painéis de correção de fator de potência.
[S.l.: s.n.], [ca. 2023]. Disponível em: <https://www.engerey.com.br/catalogo-de-
produtos/banco-de-capacitores>. Acesso em: 28/05/2023.

INSTITUTO NEWTON C. BRAGA. Fator de potência: A necessidade da correção


(ART111). Disponível em:
<https://www.newtoncbraga.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id
=819:fato.> Acesso em: 17/11/2022.
MAMEDE FILHO, JOÃO. Instalações Elétricas Industriais. 6. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2001.
MAMEDE FILHO, JOÃO. Instalações Elétricas Industriais. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2017.
WEG. Manual para Correção do Fator de Potência. Disponível em:
<https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hea/h8b/WEG-correcao-do-fator-de-
potencia-958-manual-portugues-br.pdf> Acesso em: 20/11/2022.

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