Revista Raízes #13 - Janeiro 1995
Revista Raízes #13 - Janeiro 1995
Revista Raízes #13 - Janeiro 1995
-O dia de Zumbi em Conceição dos Caetanos - Oziélia Costa e Alex Ratts( Páginas 4 e 5)
“(...) Seguindo o costume local, que já conta dez anos, participamos da festa do dia 20 de
novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, que por lá se chama “a festa de Zumbi”, “o
dia do Zumbi”, ou “a noite do Zumbi” (pág 04)
“O sentido da festa do Zumbi é porque nós somos uma comunidade negra e aí quando
soubemos da história do Zumbi, aí, a gente começou a se organizar, fazer reuniões, pra que
a gente pudesse descobrir como começou a história dos nosso antepassados, como o
paizinho Caetano José da Costa, que foi um home muito corajoso, muito forte, tanto no
espírito… como no corpo, E… ele trabalhou corretamente, grato, para que a comunidade
pudesse arrumar um meio pra comprar essa localidade. (...) E então a gente se sentiu
orgulhosa com essa comunidade. Aí começou a comemorar o Zumbi, que foi um negro que
guerreou pela libertação dos escravos (Bibil- 20.11.94)” (Pág 04)
“Aqui tem vindo muita gente, muito reporte, fazer entrevista, mas antes da gente conhecer a
história dos antepassados do nossos avô, todo reporte que vinha a gente fazia entrevista
com eles, conversava, mas depois que a gente pegou a conhecer a realidade, a gente
recuou. Recuou desses reporte. Agora, o pessoal que vem através da Consciência Negra,
que quer saber da história pra ganhar dinheiro, eles não tão recebendo nada aqui mais não.
Porque desde que eles… a última vez que viero fazer entrevista aqui, os reporte trouxeram
uma corrente… O pessoal não sabia de nada. Amarraram os pés do pessoal pra mostrar
como era que tinha sido a escravidão, não. Abastava nós saber que negro era escravizado
pela pele, pelo cabelo, pelo andado, pela fala, pelos beiços” (Bibil- 20.11.94)” (pág 05)
“Quem não convive com a comunidade negra, permanece naquilo que é típico ou exótico”
(pg 5)
300 anos Zumbi dos Palmares ainda vive - Hilário Ferreira (pág 6)
“O quilombo era um local onde os escravizados que se recusavam a viver em uma situação
de negação à sua e existência, refugiavam-se e , juntamente com outros irmãos, faziam
valer a liberdade de serem o que eram. Hoje, nós que vivemos e participamos dos
Quilombos contemporâneos(metáfora das organizações negras) desejamos realizar o
sonho de Zumbi e ver renascer Palmares.” (pág 06)
““Os políticos abriram esse terreno que era fechado, para fazer suas campanhas, mas só
aparecem no período das eleições”, se queixa D.Dora. “As mães e os pais dão graças a
Deus quando os filhos crescem para trazerem algo para dentro de casa”, continua.”(pág 7)
“Mazé, filha de D. Dora diz que não gostou da reportagem porque nela, eles são mostrados
como “bicho-do mato” e não aceitou a sugestão dos moradores de se “arrumarem” para
serem filmados” ( pág 7)
“Mazé não viu finalidade na reportagem e diz que os moradores “não querem ser
associados ao tempo da escravidão, pois esse tempo já passou” “ (pág 7)