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LUSO-BRASILEIRAS
Maria Eugenia Carvalho de la Roca – UERJ-FFP
Introdução
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Esta pesquisa foi desenvolvida tendo como parâmetro duas realidades educacionais
diferenciadas: Brasil e Portugal. Vale salientar uma diferenciação de nomenclatura, própria de cada um
destes países. Em Portugal, os profissionais que trabalham com Educação Infantil são chamados de
Educadores de Infância, enquanto no Brasil são chamados de Professores de Educação Infantil. Esta
observação é importante, já que ao longo do texto estes dois termos serão citados de forma indistinta.
da reflexão sobre o testemunho de educadoras que, ao se permitirem participar da
investigação, conseguimos detectar suas preocupações quanto ao futuro da educação
infantil no mundo atual, assim como registramos suas propostas para o aprimoramento
dessa profissão. Não foi o foco, desta pesquisa, estudar os currículos geradores da
formação destes profissionais, mas analisar, a partir de suas próprias narrativas, as
trajetórias pessoais e avaliar como elas interpretam a sua formação e ação profissional.
Por outro lado, estes avanços tecnológicos: internet e meios virtuais têm
produzido grandes impactos na transmissão e construção do conhecimento, afetando
diretamente a função tradicional da escola como instituição responsável pela difusão e
criação de saberes. Esses avanços acabam por influenciar o status do professor,
colocando em xeque seu papel tradicional de transmissor de conhecimentos,
propiciando numerosas indagações sobre sua função e sua própria identidade
profissional.
2
Diversos autores denunciam as múltiplas consequências das mudanças educacionais (NÓVOA,
1992; SARMENTO, 2001; LIBÂNEO, 2002) resultantes das transformações tecnológicas, que levam a
repensar a instituição escolar e o papel do professor.
3
Schön é um importante teórico que alavanca a concepção de um docente reflexivo (SCHÖN,
D., 1990).
e a escola contemporâneas. Ela necessita se reposicionar perante essas importantes
mudanças sociais e ocupar outro lugar diante do novo panorama. Diante dessas
exigências da contemporaneidade que demandam uma transformação da instituição
escolar, correlativamente surgem outros desafios para o profissional da educação. Se à
escola cabe adotar novas funções e estratégias, o professor também precisa assumir
novas atitudes face aos novos rumos atuais das instituições educativas. Libâneo (2002)
frisa que, após o auge das tecnologias de informação, da possibilidade do uso de
instrumentos e meios de comunicação e informação, no âmbito escolar, o papel do
professor poderia considerar-se, aparentemente, obsoleto, dispensável.
4
Vilella sustenta que a professoralidade não é uma identidade, não é algo fixo ou algo que se é,
mas algo que advém, algo que se constrói nas práticas, nas trocas, nos encontros docentes (2002, p.32).
afetos que nascem no intercâmbio intersubjetivo. A sua formação não surge de um
exercício individualista, de atitudes isoladas, mas nasce a partir da troca, no seio de
experiências partilhadas, isto é, o docente se forma com os outros e na companhia deles.
Ao afirmar que o curso normal “abriu o seu leque como profissional”, uma
professora brasileira reafirma com convicção que a formação para ser professora, de
fato, foi fundamental para o seu desempenho profissional: “lá eu tive realmente uma
formação para ser professora”. Ela destaca ainda que o curso normal daquela época,
não apenas promovia uma formação teórica, mas principalmente prática, no qual se
aprendia a “fazer tudo”. Esta professora enfatizou a sua experiência de formação no
curso normal, considerando-a decisiva para seu futuro profissional na docência. Esta
constatação não é unânime, uma vez que outra professora revelou: “[…] três anos do
curso normal foi teoria. […] depois peguei turma e a realidade era muito diferente [...]
as pessoas aprendem mais na prática...mas foi uma experiência muito grande”.
Novamente encontramos críticas aos cursos de formação, muitos questionam que o
aspecto teórico está afastado do dia-a-dia na educação infantil.
Considerações Finais
Nas vozes das professoras foram sendo tecidos os fios de diversos discursos,
através dos quais, elas traziam as experiências, pessoais, singulares, únicas. Elas
também aludiam a questões sociais, institucionais e políticas, com que se defrontaram
ao longo de suas trajetórias de formação nos contextos de estágio e prática educativa.
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 4ª.ed. São Paulo: Cortez,
2005.
KRAMER, S. Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a educação
infantil. 12ª ed. São Paulo: Ática, 2002.