Apostila Manejo de Nutrientes
Apostila Manejo de Nutrientes
Apostila Manejo de Nutrientes
EM SOLUÇÃO NUTRITIVA(1)
1. INTRODUÇÃO
orgânico, de uma fase líquida, representada pela solução do solo, e de uma fase
muito grande.
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(1) As observações contidas nesta Apostila têm por objetivo primordial servir como material
didático para os estudantes das disciplinas CSO-111 Fertilidade do Solo e Nutrição de
Plantas e DCS-503 Nutrição Mineral de Plantas.
soluções nutritivas, nas quais pode-se ter cada nutriente, dentro de certos limites,
com centração bastante variável. Assim, tem-se um controle mais preciso das
função da solubilidade, alguns sais não permitem o preparo da solução com essa
escuro e em lugar fresco. Para os micronutrientes, faz-se uma solução com todos
eles (coquetel), excetuando-se o ferro, que é suprido, na maioria das vezes, na forma
NTA. As soluções com ferro quelado devem ser armazenadas em frascos envoltos
micronutrientes no coquetel, bem como do ferro no quelado, deve ser 1000 vezes
2
solução estoque e diluir para 1 litro, seja obtida a concentração desejada, expressa
em mM (ver item 10). No caso de ensaios com alumínio, deve-se evitar o preparo da
solução estoque contendo alumínio (AlCl3, Al2(SO4)3, etc.) em concentrações
Uma vez preparada a solução nutritiva é necessário ajustar o pH, pois esse
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levado a cada vaso com solução nutritiva torna a correção bastante rápida e precisa.
3
do potenciômetro portátil, tem-se que retirar uma alíquota da solução, levar ao
abaixo:
- pH da solução = 4,8
- Volume da alíquota = 50 mL
colocado no vaso:
X = 20 mL NaOH
Normalmente, são necessárias duas ou mais tentativas, o que constitui uma séria
desvantagem.
nutritivas com alumínio. Na presença desse elemento o pH deve ser mantido bem
baixo, ou melhor, deve estar em torno de 4,2 e, nunca acima de 4,6. Ademais,
considerando a possibilidade de precipitação de Al(OH) 3 e a incerteza da completa
alumínio.
4
4. AREJAMENTO DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS
A incidência de luz nas raízes deve ser evitada para impedir o desenvolvimento
de algas, sendo mais comum a do gênero Chlorella. Essas algas, que tornam as
Assim sendo, deve-se usar vasos opacos ou torná-los opacos. Pinta-se o vaso
de preto para torná-lo opaco e depois de branco para evitar aquecimento, ou, então,
usa-se direto tinta aluminizada (de preferência externa). Pode-se também revestir o
do meio ambiente.
7. TAMANHO DO VASO
5
a) Concentração da solução - quanto mais baixa for a concentração
troca pré-fixado;
maior.
início em vasos grandes, tem-se grande gasto de solução nutritiva e de espaço físico.
- Tratar com uma mistura de HCl 6N + ácido oxálico 1% (colocar até cobrir toda
6
- Lavar com água desmineralizada e depois com uma solução de NaH 2PO4
20 mM;
período de troca.
6 mg P -------- X
X = 2 g de matéria seca
Resta saber quanto de matéria seca é produzida em média por dia, para
X = 5 dias
7
Fazendo-se o cálculo desse tipo para todos os macronutrientes determina-se o
tempo.
alumínio, nos quais o fósforo apresenta-se com concentração inicial em torno de 0,1
NUTRITIVAS
normalmente, apresentam concentração 1M, o que quer dizer que para o preparo de
1 litro de solução, se gasta 1 mol do sal. Assim, para preparar 1 litro de solução 1M
de KNO3, MgSO4.7H2O e KH2PO4, gasta-se respectivamente, 101,1 g, 246,5 g e
136 g. Para o preparo de qualquer volume de solução a uma dada molaridade, basta
m
C =
M
PM . V
8
onde: CM = concentração molar
molecular.
Exemplos:
Solução 1 M KNO3 : 1 M K e 1 M N
anteriores tem-se:
mM Ca e 2 mM N-NO3-.
9
Solução 0,5 M K2SO4 - diluir 1 mL/1 litro - Solução 0,5 mM K 2SO4: 1 mM K e 0,5 mM
S.
(estoque), a concentração de cada um deles deve ser 1000 vezes maior que a
coquetel
Pergunta-se: Quanto de H3BO3 deve ser pesado para o preparo da solução estoque
em ppm. Uma vez que ppm = mg/L, pode-se transformar mM em ppm e vice-versa,
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Contudo, é preciso salientar que ppm não é maneira de expressar a
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N 14,00 Cu 63,54
P 30,97 Mn 54,94
K 39,10 Zn 65,30
Ca 40,08 Mo 95,95
Mg 24,32 Cl 35,45
S 32,06 Al 26,98
Fe 55,85 Na 22,99
B 10,82 10,82
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11
A) Solução de Fe-EDTA:
(a) Dissolver 33,3 g de Na2-EDTA em cerca de 500 mL de água morna(±
(b) Dissolver 24,9 g FeSO 4.7H2O (ou 17,8 g FeCl 2.4H2O) em cerca de
geladeira;
H2MoO4.H2O.
12
(b) Ao pipetar-se 1 mL da solução estoque e diluir para 1 litro, obter-se-á a
e Mo = 0,01.
11. LITERATURA
FAQUIN, V.; VALE, F.R. & FURTINI NETO, A.E. Cultivo de plantas em ambiente
1997 (Apostila).
HOAGLAND, D.R. & ARNON, D.I. The Water-Culture Method for GrowingPlants
NOVAIS, R.F.; NEVES, J.C.L. & BARROS, N.F. Ensaio em ambiente controlado. In:
13
I. CULTIVO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA
- Macronutrientes
NH4H2PO4; KH2PO4; KNO3; Ca(NO3)2.4H2O; MgSO4.7H2O; K2SO4; Ca(H2PO4)2.H2O; CaSO4.2H2O;
Mg(NO3)2.6H2O; NH4NO3; (NH4)2SO4; H3PO4.
- Micronutrientes
H3BO3; MnCl2.4H2O; MnSO4.H2O; ZnSO 4.7H2O; ZnCl2; CuCl2; CuSO4.5H2O; FeCl2.4H2O;
FeSO4.7H2O; H2MoO 4.H2O
- Alumínio
AlCl3.6H2O; Al2(SO4)3
Professores Titulares do DCS/UFLA
(1)
14
B) Pesos atômicos
N = 14; P = 31; K = 39; Ca = 40; Mg = 24,3; S = 32;
B = 10,8; Cl = 35,5; Cu = 63,5; Fe = 55,8; Mn = 54,9;
Mo = 95,94; O = 16; Zn = 65,4; Al = 27; Cd = 112,4.
Obs.: Quando pertinente, no cálculo do Peso Molecular da fonte, incluir a água de hidratação.
C) Fórmulas auxiliares
Obs: Ressalta-se que as unidades “ppm” e “meq” não são mais usadas em publicações, sendo que na
área de Solos e Nutrição de Plantas, as unidades utilizadas são do Sistema Internacional. Por exemplo:
ppm deve ser substituído por mg/kg (meio sólido) e mg/L ou dm3 (meio líquido), e meq/100 cm3 por cmolc/L
ou dm3. Nesses casos, os valores numéricos são idênticos. Nessa nota, os termos ppm e meq ainda serão
utilizados, pois são unidades usadas em muitas literaturas clássicas mais antigas sobre o assunto.
D) Cálculos
1. Completar a Tabela 1, dando a concentração da solução final para os macronutrientes em mM
e ppm (mg/L) e micronutrientes em M e ppm (mg/L), considerando as concentrações e
quantidades das soluções estoque pipetada (mL do estoque/L da solução final).
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TABELA 1 - Composição da solução nutritiva.
Solução estoque mL/L mM/M(1) ppm
- NH4NO3 M (80,0 g/L) 2,0 N-NH 4
+
N-NO3-
- Fe-EDTA(3) 1,0 Fe
(1) mM - para macronutrientes; M - para micronutrientes;
(2) Solução “a” (micronutrientes) - dissolver separadamente, misturar e completar a 1 litro: 2,86 g H 3BO3;
1,81 g MnCl2.4H2O; 0,22 g ZnSO4.7H2O; 0,08 g CuSO4.5H2O; 0,02 g H2MoO4.H2O;
(3) Fe-EDTA - foi preparado usando-se 24,9 g FeSO4.7H2O/litro (ver VALE e FAQUIN, 1997, p.13-14).
(a) Qual a quantidade de cada fonte deve ser pesada para a preparação de 1 litro de solução
estoque (separadamente), que permitisse pipetagens inteiras (1 mL, 2 mL, 3 mL/L, etc.) na
(b) Qual o volume em mL/L, deveria ser pipetado de cada solução estoque assim
preparada, para obter-se as concentrações de B e Zn correspondentes a cada nível
estabelecido nos tratamentos?
(c) E por vaso? (Considerar vasos de 3 litros).
16
(d) Como a fonte de Zn apresenta S na fórmula (ZnSO 4.7H2O), qual a concentração (em
ppm) deste nutriente em cada nível de Zn estabelecido nos tratamentos?
(e) Se o laboratório possui apenas ZnCl2 como fonte de Zn, responda a questão (a) usando
esta fonte.
(f) Qual a concentração (ppm) de cloro em cada nível de Zn?
3. Para o preparo de uma solução nutritiva num ensaio envolvendo a presença do metal pesado cádmio
(Cd), tem-se a recomendação de 16,466 g de Cd(NO 3)2.4H2O para preparar-se 1 litro de solução
estoque. Pede-se:
(a) Quantos mL/L desta solução estoque deve-se pipetar para ter na solução final
de cultivo 12 ppm (mg/L)de Cd?
(b) Supondo-se que se dispõe no laboratório apenas CdCl 2, quanto deste sal deverá ser
pesado para preparar a solução estoque com a mesma concentração de cádmio?
(c) Pipetando-se 1 mL da solução estoque do ítem (b) por litro de solução final,
(d) Quantos mL/L da solução estoque do item (b) deve-se pipetar para ter na
4. Deseja-se fazer um ensaio envolvendo a cinética de absorção de fósforo, com este nutriente na
concentração inicial de 10 M. Supondo-se que se dispõe de Ca(H2PO4)2.H2O, como deverá ser feito
o preparo da solução estoque e o preparo da solução de absorção, em vasos com capacidade de 1,6
litros, visando-se obter o menor erro de pipetagem? (pipetagem inteira - 1 mL, 2 mL .../vaso de 1,6
litros).
5. Calcular o período de troca (estimativa em dias) da solução nutritiva de um experimento com girassol,
considerando-se apenas o consumo dos macronutrientes N, P e K, conhecendo-se:
6. Calcular o volume de HCl 0,5 N necessário para ajustar o pH da solução nutritiva abaixo:
17
. Volume da solução a corrigir = 60 litros.
. Amostra tomada = 200 mL de solução
. pH inicial da amostra = 6,9.
7. Numa dada visita de assistência técnica a uma empresa agrícola, você notou que o feijoeiro, em início
de emissão dos botões florais, estava com pequeno desenvolvimento, supostamente deficiente em N e
P. Na prática, já é comum você recomendar adubação foliar para o feijoeiro com 3% de Uréia, 6% de
MAP e 0,5% de ZnSO 4, aplicando-se 400 L da solução/ha. O agricultor lhe informou que possui uma
fórmula na propriedade sendo 14-35-9 (N, P 2O5, K2O), cujas fontes foram a uréia (45% de N), MAP
(50% de P2O5 e 10% de N) e KCl (60% de K2O). Assim, sem fazer nenhum cálculo você recomendou
ao agricultor uma adubação foliar com a citada fórmula, usando-se 50 kg da fórmula/400 L x ha.
Conhecedor dos cuidados com o uso da uréia em aplicações foliares, chegando ao seu escritório, você
preocupou-se em calcular a percentagem de uréia presente na recomendação. Pede-se: A sua
recomendação foi segura ou você corre o risco de perder o emprego? (Demonstre os cálculos).
N P2O5 K2O Mg
S B Zn R$/kg
% ppm
20 5 20 0,6 0,9 200 600
Informações importantes:
Pede-se:
1. Por que será que o cálcio não faz parte da composição da fórmula comercial?
2. Se o agricultor fez calagem adequada, você acha necessário incluir o Mg na nova formulação com
os adubos simples?
3. Quais as possíveis conseqüências nutricionais você espera no cafeeiro, com a aplicação do Mg
nas doses recomendadas na fórmula?
4. Quantos gramas / cova de cada adubo simples escolhido você deve usar em cada uma das
aplicações mensais, para fornecer as mesmas doses dos nutrientes da fórmula?
5. E no total das aplicações / cova?
6. E por hectare?
7. Qual será a economia por hectare em relação à fórmula?
Obs: Na escolha dos adubos simples, além do preço, você deve observar o uso do menor
número de fontes possível na composição da nova formulação.
19
II. HIDROPONIA
Os aspectos básicos vistos para o cultivo de plantas em solução nutritiva, aplicam-se ao cultivo
hidropônico de plantas. Os itens I-Solução Nutritiva e II-Hidroponia, são separados apenas por razões
didáticas, dando-se ao primeiro um sentido voltado à pesquisa e ao segundo uma idéia de
empreendimento comercial de cultivo de plantas em larga escala em solução nutritiva.
Hidroponia (hydro=água e ponos=trabalho), indica o cultivo de plantas em ausência de solo. O
"cultivo hidropônico" refere-se ao cultivo usando apenas o meio líquido, também denominado de NFT
(Nutrient Film Technique).
Principais vantagens: maior produtividade; melhor uso da água e dos nutrientes; produtos de
melhor qualidade; menor uso de defensivos agrícolas; o solo é preservado. Algumas desvantagens: custo
inicial elevado; requer um bom conhecimento técnico, principalmente no manejo da solução nutritiva; falta
de energia elétrica; se a água se contaminar, todo o sistema é afetado.
O objetivo deste ítem é apresentar algumas informações a respeito das soluções nutritivas
utilizadas em cultivo hidropônico, fontes dos nutrientes e cálculos de suas composições. Maiores detalhes
e outras informações, podem ser obtidas nas literaturas citadas no final (CASTELLANE, P.D. & ARAÚJO,
J.A.C., 1994; FAQUIN et al., 1996; FURLANI, P.R., 1998; FURLANI et al., 1999; RESCH, 1997; EPAMIG,
1999).
A) Soluções nutritivas
Diversas são as formulações propostas na literatura para o cultivo hidropônico de plantas, e deve-
se escolher aquela mais apropriada para a espécie que se deseja cultivar. Para pesquisa, deve-se usar
fontes p.a.; para o cultivo comercial, utilizar adubos e reagentes também comerciais. Na Tabela 4 são
apresentadas sugestões de soluções para algumas culturas.
Tabela 4. Sugestões de soluções nutritivas para algumas hortaliças cultivadas no sistema NFT; valores em
g/1000 L.
20
Fosfato de Potássio1 272 170 204 245 170 272 204
Cloreto de Potássio 141 - - - - - -
Sulfato de Magnésio 216 246 370 418 246 246 246
Nitrato de Magnésio2 228 50 20 - - - -
Fe-EDTA 3
500 500 700 800 500 500 500
Sulfato de Manganês 4,23 1,70 2,54 4,23 2,54 1,70 1,70
Bórax 1,90 2,40 2,40 1,90 1,90 2,85 1,90
Sulfato de Zinco 1,15 1,15 1,45 1,15 1,15 1,15 1,15
Sulfato de Cobre 0,12 0,12 0,19 0,12 0,12 0,19 0,12
Molibdato de Sódio 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12
35% de K2O e 53% de P 2O5; 27% de N e 10% de MgO, líquido (1 kg = 770 mL); 3Considerar o preparo
1
do Fe-EDTA apresentado por VALE & FAQUIN (1997); nesse caso, os valores da tabela são em
mL/1000L.
Fonte: CASTELLANE & ARAÚJO (1994).
Na Tabela 5, aparecem as principais fontes dos nutrientes (sais puros ou fertilizantes) e suas
composições, mais comumente utilizadas no preparo das soluções, o que facilita os cálculos.
21
TABELA 5. Sais e fertilizantes usados no preparo de soluções nutritivas.
Sal puro ou Nutriente Concentração
Fertilizante fornecido (%)
*Nitrato de Potássio K 36
N-NO3- 13
*Nitrato de Cálcio Ca 17
N-NO3- 12
Nitrato de Magnésio Mg 9,5
N-NO3- 11
Sulfato de Amônio N-NH4+ 21
S 24
* Monoamôniofosfato (MAP) N-NH4+ 11
P 21
Diamôniofosfato (DAP) N-NH4+ 18
P 20
Nitrato de Amônio N-NH4+ 16,5
N-NO3- 16,5
* Fosfato Monobásico de Potássio K 29
P 23
* Cloreto de Potássio K 52
Cl 47
Sulfato de Potássio K 41
S 17
*Sulfato de Magnésio Mg 10
S 13
Cloreto de Cálcio Ca 22
Cl 38
* Sulfato Ferroso1 Fe 20
S 11
EDTA-dissódico1 complexante para ferro
* Ácido Bórico B 17
Bórax B 11
* Sulfato de Cobre Cu 24
S 12
*Sulfato de Manganês Mn 25
S 21
Cloreto de Manganês Mn 27
Cl 35
* Sulfato de Zinco Zn 22
S 11
Cloreto de Zinco Zn 45
Cl 52
* Molibdato de Sódio Mo 39
Molibdato de Amônio Mo 54
Trióxido de Molibdênio Mo 66
1
No preparo do Fe-EDTA, considerar as recomendações apresentadas por VALE & FAQUIN (1997),
p.13.
22
O pH da solução nutritiva também deve ser ajustado de acordo com a exigência da planta. De
maneira geral, o pH adequado para a maioria das espécies está entre 6 e 6,5. O volume de água
evapotranspirado pelo sistema deve ser reposto ao depósito diariamente.
Com o cultivo, tanto o pH quanto a concentração dos nutrientes na solução sofrem alterações,
portanto, devem ser monitorados. O monitoramento do pH deve ser freqüente (às vezes diário) e para
ajustá-lo usa-se ácidos (HCl, H2SO4) para abaixá-lo e bases (KOH, NaOH) para elevá-lo. O monitoramento
da concentração dos nutrientes na solução, pode ser feito, preferencialmente, pela análise dos nutrientes ou
pela medida da condutividade elétrica (C.E.). Na prática, devido a facilidade, a condutividade elétrica tem
sido utilizada para a avaliação da necessidade de reposição de nutrientes na solução nutritiva. A C.E. é uma
medida semi-quantitativa, uma vez que avalia apenas a quantidade de sais na solução. Não avalia a
concentração individual dos nutrientes, o que pode trazer problemas de balanceamento dos mesmos. A
C.E. é expressa pelas unidades microSiemens (S/cm) ou miliSiemens (mS/cm). De maneira geral, a C.E.
da solução para a maioria das espécies deve estar entre 2 a 3 mS/cm, podendo algumas exigir valores
menores ou maiores. Exemplos: morangueiro e alface - 1,5 a 2,0 mS/cm; tomateiro - até 4,0 mS/cm.
Através da condutividade elétrica (C.E.) podemos estimar a concentração de sais e a pressão
osmótica (P.O.) da solução:
- ppm de sais = 640 . C.E. (mS/cm)
- meq de sais/L = 12,5 . C.E. (mS/cm)
- P.O. (atm) = 0,28 a 0,36 . C.E. (mS/cm), em função da temperatura.
Ressalta-se que a P.O. adequada está entre 0,5 e 1,0 atm.
B) Exercícios
(a) Utilizando os dados das Tabelas 4 e 5, preencher os espaços da Tabela 6, para duas culturas a sua
escolha, indicando as concentrações (mg/L=ppm) dos nutrientes para as culturas escolhidas.
TABELA 6 - Concentração dos nutrientes (mg/L ou g/m3 = ppm) em soluções nutritivas usadas para diversas
hortaliças em hidroponia.
Nutriente Tomate Pimentão Berinjela Pepino Melão Alface Morango
N-NO 3
-
N-NH4+
P
K
Ca
Mg
S
B
Cu
Mn
Mo
Zn
(b) Vamos admitir que sua cultura de tomate apresente deficiência de N. Então você resolveu aplicar mais 30
mg /L de N (= ppm) na forma de Nitrato de Amônio (NH4NO3) à solução. Pede-se:
(b1) quantos g/1000 L da fonte você vai utilizar?
(b2) Supondo-se que se dispõe apenas de nitrato de cálcio, quanto desse sal deve-se utilizar (g/1000 L),
para se aplicar 30 mg /L de N (=ppm)?
(b3) Quantos ppm (mg/L) de cálcio foi aplicado juntamente com o N?
Este item não tem como propósito discutir a importância e os objetivos dos ensaios em vasos com
solo, e sim dar alguns exemplos básicos como exercícios de cálculo. Não devemos jamais esquecer nos
experimentos de fertilidade e nutrição de plantas, da secular e a mais elementar lei da fertilidade do solo, a
chamada "lei do mínimo" (LIEBIG, 1862). Portanto, quando se tem como objetivo estudar algum fator da
fertilidade do solo ou da nutrição das plantas, os outros deverão estar em condições adequadas. E esta
condição é atingida pela chamada "adubação básica".
- Calagem
Quando esta não for o objetivo do trabalho, tem-se utilizado com sucesso, calcários dolomíticos
comerciais, calcinados e micropulverizados (Minercal, Agrical, etc.), que apresentam reação bastante rápida;
ou CaCO3/MgCO3 p.a., relação equivalente Ca:Mg de 4:1. Uma incubação com umidade adequada por 20
dias é suficiente para a reação.
- Adubação
24
Nos estudos de fertilidade, preferencialmente, as fontes dos nutrientes devem constituir-se de
reagentes p.a.. Muitas vezes, dependendo do objetivo do trabalho, adubos comerciais podem ser utilizados.
Neste caso, para melhor controle, deve-se analisar os adubos em questão.
As fontes p.a. para macro e micronutrientes, normal- mente, são aquelas citadas para solução
nutritiva (ver pág. 1).
- Doses
Calcário: A recomendação pode ser feita por qualquer método, mediante a análise química do solo,
transformando-se as doses/ha do campo para o peso ou volume do vaso. O método de saturação por bases
(SP) tem dado ótimos resultados (elevação do pH a 6,0 - 6,5).
Adubos: A recomendação de adubação usada para o campo não se aplica para experimentos
em vasos; normalmente, esta é de 5 ou mais vezes maior do que aquela do campo, dependendo do tipo de
solo e da planta, como mostraram ROSSI et al. (1994).
A experiência tem mostrado bons resultados para uma série de culturas, fornecendo-se os
nutrientes nas seguintes doses em mg/kg ou mg/dm3 (MALAVOLTA, 1980, p.220, e NOVAIS et al., 1991, p.
195; com pequenas modificações): N = 100-300; P = 200-300; K = 150-200; Ca = 200; Mg = 50; S = 40-
50; B = 0,5-0,8; Cu = 1,3-1,5; Fe = 2-5; Mn = 3-4; Mo = 0,10-0,15 e Zn = 4-5. Estas doses podem ser
modificadas em função dos objetivos do trabalho, fertilidade do solo, duração do experimento, tipo e textura
do solo. O Ca e o Mg são dispensáveis quando for realizada a calagem. O N e o K devem ser parcelados
em 2 a 5 vezes, sendo uma parte aplicada no plantio e as demais em cobertura durante o desenvolvimento
das plantas, evitando-se a salinidade e efeito fitotóxico.
- Forma de aplicação
B - Exercícios
25
Suponha a condução de um experimento em vasos, em solo sob cerrado, com o objetivo de verificar
o efeito de doses de Zn em milho. Considerando o uso de vasos com capacidade de 3 kg de solo,
densidade do solo igual a 1,0 (g/cm3) e o resultado da análise química (0-20 cm) abaixo, responder as
questões a seguir:
(a) Calcular a dose em gramas de calcário dolomítico (PRNT = 110%), para um vaso com 5 kg de solo,
usando o método de saturação por bases.
(c) As doses de B e Cu na adubação básica correspondem a 0,5 e 1,5 ppm (mg/kg), respectivamente:
Considerando 50 vasos no experimento, preparar uma solução nutritiva com ambos os nutrientes,
para fornecer as doses recomendadas, aplicando-se 20 ml desta solução em 5 kg de solo (por vaso). Qual o
volume total de solução a ser preparado e as quantidades das fontes a serem dissolvidas neste volume?
Utilizar como fontes o H3BO3 e CuSO4.5H2O.
(d) Considerando que as doses de Zn a serem testadas correspondem a 0, 2, 4, 8 e 12 ppm Zn, como você
prepararia a solução nutritiva com ZnSO 4.7H2O, para aplicação de 5, 10, 20 e 30 ml da mesma por
vaso (5 kg solo), para obter os níveis de 2, 4, 8 e 12 ppm de Zn, respectivamente. (Considerar que os
50 vasos totais do experimento, correspondem aos 5 níveis de Zn com 10 repetições cada).
26
(e) As doses para a adubação básica de N, P e K são de 200, 200 e 150 ppm (mg/L), respectivamente. O N
parcelado em 4 vezes sendo 50 ppm no plantio e 3 coberturas de 50 ppm cada, aos 15, 30 e 45 dias
após a germinação. O K parcelado em 3 vezes sendo 50 ppm no plantio e 2 coberturas de 50 ppm
cada aos 15 e 30 dias juntamente com o N.
Dispõe-se como fontes p.a. o NH4NO3; KNO3; NH4H2PO4; (NH4)2SO4; KH2PO4; Ca(H2PO4)2.H2O;
K2SO4 e KCl. Pede-se:
e1) Quais as quantidades (g/vaso de 5 kg) de cada fonte seriam aplicadas, para atender a adubação
de plantio (N = 50; P = 200 e K = 50 ppm). Obs: Para esse exercício não há necessidade de se
usar todas as fontes citadas acima; evitar sempre que possível o uso de fontes com cloro.
e2) Qual a dose de Ca aplicada (em ppm e meq/100 cm 3=cmolc/dm3) juntamente com o fosfato de
cálcio na adubação de plantio?
e3) Considerando a relação equivalente de Ca:Mg ideal no solo é 4:1, quanto de MgSO 4.7H2O deverá
ser aplicado por vaso para manter esta relação na adubação básica de plantio? Qual a dose (ppm)
de S aplicada com esta fonte?
e4) Na primeira cobertura, aos 15 dias, deverá ser aplicado via solução nutritiva, 50 ppm de N; 50 ppm
de K e 30 ppm de S (fontes: NH4NO3, KNO3, (NH4)2SO4, e K2SO4). Preparar a solução nutritiva com
todos os sais, aplicando-se 20 ml da mesma por vaso. Assim procedendo, pede-se: Qual o volume
total de solução a ser preparado para todo o experimento (50 vasos) e as quantidades de cada
fonte a serem dissolvidas neste volume?
CASTELLANE, P.D. & ARAÚJO, J.A.C. Cultivo sem solo - hidroponia. Jaboticabal, UNESP/FUNEP, 1994.
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