Medotologia AHP
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Medotologia AHP
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção
TCC-EP-76-2012
Maringá - Paraná
Brasil
Universidade Estadual de Maringá
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção
TCC-EP-76-2012
Maringá - Paraná
2012
AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus pais, que me concederam todo o apoio, força e amor para que fosse
possível conquistar meus objetivos.
À Deus, por me "enviar" para Maringá e sempre me rodear de pessoas incríveis, que de
alguma forma me forneceram aprendizados.
À todos meus amigos, por terem feito esses cinco anos da faculdade os melhores da minha
vida. Principalmente à Patricia e ao Renato, pela amizade verdadeira e confiança.
À República Fogo na Tia Ana, por me proporcionar momentos hilários, que se tornaram
memórias inesquecíveis.
À minha orientadora Camila, pelos "puxões de orelhas" e orientações, o que tornou possível a
realização deste trabalho.
À minha irmã Emily, que sempre esteve ao meu lado e que aturou todo o meu estresse nas
semanas de entrega deste trabalho.
RESUMO
A competividade do mercado esta cada dia mais acirrada, onde as empresas não podem
cometer erros. Por isso, os problemas envolvendo tomadas de decisões devem analisadas
detalhadamente e os métodos multicritério vem ganhando importância no mundo empresarial.
No presente trabalho foram identificados problemas da Engenharia de Produção em que
foram utilizados métodos multicritérios como auxiliadores nas tomadas de decisões.
Primeiramente, foi realizado uma pesquisa bibliográfica dos métodos multicritérios
existentes. Depois foram selecionados e filtrados artigos jà publicados, em simpósios e
revistas, envolvendo problemas de multicritério. Com esses estudos de casos, foram
realizadas análises relacionando-os com os anos de publicações, as fontes de pesquisa, a
ferramenta utilizada, o método multicritério usado e com a área da Engenharia de Produção
aplicada.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................................................vi
LISTA DE QUADROS.........................................................................................................................................vii
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................................................................ix
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 1
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................ 2
1.2 DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................................... 2
1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................... 2
1.3.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................................................. 2
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................................................... 3
1.4 METODOLOGIA ..................................................................................................................................... 3
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................................................. 4
2. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................................................ 6
2.1 ATORES NO PROCESSO DECISÓRIO ................................................................................................................. 9
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS MULTICRITÉRIO ......................................................................................... 10
2.3 TIPOS DE TEORIAS ........................................................................................................................................ 11
3. MÉTODOS E A SUA METODOLOGIA ...................................................................................................... 12
3.1 MÉTODO AHP .............................................................................................................................................. 12
3.1.1 REPRESENTAÇÃO DA HIERARQUIA .................................................................................................. 13
3.1.3 MÉTODO DO AUTOVALOR ............................................................................................................... 15
3.1.4 AGREGAÇÃO DAS PRIORIDADES ....................................................................................................... 17
3.2 MÉTODO TOPSIS ......................................................................................................................................... 17
3.3 MÉTODO ELECTRE ..................................................................................................................................... 21
3.4 MÉTODO MACBETH ...................................................................................................................................... 26
4. APLICAÇÃO DOS MÉTODOS MULTICRITÉRIO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ................ 31
4.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 32
4.1.1 APLICAÇÕES EM ENGENHARIA DE OPERAÇÕES E PROCESSOS DA PRODUÇÃO ................................. 40
4.1.2 APLICAÇÕES EM LOGÍSTICA ............................................................................................................ 41
4.1.3 APLICAÇÕES EM ENGENHARIA DO PRODUTO ................................................................................... 42
4.1.4 APLICAÇÕES EM ENGENHARIA ORGANIZACIONAL .......................................................................... 43
4.1.5 ENGENHARIA DO TRABALHO ........................................................................................................... 45
4.1.6 ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE ............................................................................................. 46
4.2 FERRAMENTAS ............................................................................................................................................. 46
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................... 48
5.1 CONTRIBUIÇÕES ........................................................................................................................................... 48
5.2 LIMITAÇÕES ................................................................................................................................................. 48
5.3 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................................................. 48
6. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 50
vi
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELA
OKP One-Kind-Of-Product
PO Pesquisa Operacional
1. INTRODUÇÃO
A todo o momento, não somente as empresas, mas como todos os indivíduos se deparam com
tomadas de decisões, sejam elas simples, como por exemplo, na escolha do supermercado ou
ainda complexas, na quais as empresas muitas vezes enfrentam. Um exemplo disso, seria na
escolha de um fornecedor para uma determinada matéria-prima.
De acordo com Bana, Costa e Vansnick1 (apud Bertoloto, 2009), a tomada de decisão é uma
atividade intrisensecamente complexa e potencialmente das mais controversas, em que deve-
se naturalmente de escolher não apenas entre alternativas de ação, mas também entre pontos
de vista e formas de avaliar essas ações, e por fim, de considerar toda a multiplicidade de
fatores direta e indiretamente relacionados com a decisão a tomar.
Gomes, Gomes e Almeida (2009) afirmam que os métodos de Apoio Multicritério procuram
esclarecer o processo de decisão, tentando incorporar os julgamentos de valores dos agentes,
na intenção de acompanhar a maneira como desenvolvem as preferências, e entendendo o
processo como aprendizagem.
Existem muitos métodos multicritérios, e muitas vezes não se sabe em qual caso utiliza-las.
Logo, este trabalho analisa os detalhadamente, de modo que possa identificar as ferramentas
necessárias e quais problemas, do contexto de Engenharia de Produção que podem ser
solucionados por tais métodos.
1
BANA e COSTA, C.A e VANSNICK, J.C. "MACBETH - an interactive path towards the construction of
cardinal value functions." Int. Trans. in Oper. Res., 1, pp. 489-500 (1994a)
2
1.1 Justificativa
A escolha de uma alternativa, não deve ser realizada a partir do atendimento de um único
critério. Portanto, a vantagem dos métodos multicritérios é a capacidade de poder quantificar
e avaliar tais critérios.
Deste modo, torna-se necessário um estudo mais profundo sobre os métodos multicritérios,
com a finalidade apresentar com clareza as suas metodologias e em quais os tipos de
problemas eles podem ser aplicados.
O presente trabalho analisa detalhadamente livros e artigos já publicados. Tais artigos são em
sua maioria, com base em pesquisas descritivas, nas quais foram realizados estudos de casos
em diferentes tipos de problemas.
1.3 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo analisar a aplicação dos métodos multicritérios de apoio a
tomada de decisão em áreas da Engenharia de Produção.
1.4 Metodologia
Segundo Gil (p. 41, 2002), pode-se definir pesquisa como procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos.
A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao
problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem
que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.
"A teoria da decisão não é uma teoria descritiva ou explicativa, já que não faz parte
de seus objetivos descrever ou explicar como e/ou por que as pessoas (instituições)
agem de determinada forma ou tomam certas decisões. Pelo contrário, trata-se de
uma teoria ora prescritiva ora normativa, no sentido de pretender ajudar as pessoas a
tomarem decisões melhores, em face de suas preferências
básicas"(GOMES,GOMES,ALMEIDA, p.21 ,2009).
A pesquisa desse projeto é de natureza exploratória. Segundo Seltiz (apud GIL,2002) estas
pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como
objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento
é, portanto, bastante flexivel, de modo que possibilite a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao fato estudado. Neste caso, essa pesquisa envolve: levantamento
bibliográficoe análise de exemplos que estimulem a compreensão.
4
A seguinte trabalho também se caracteriza por ser de análise qualitativa, na qual segundo
Neves (1996), não busca enumerar ou medir eventos e, geralmente, não emprega instrumental
estatístico para análise dos dados; seu foco de interesse é amplo e parte de uma perspectiva
diferenciada da adotada pelos métodos quantitativos. Ainda segundo Neves (1996), nas
pesquisas qualitativas, é frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segunda
a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir, daí situe sua interpretação dos
fenômenos estudados.
2. REVISÃO DA LITERATURA
A tomada de decisões de uma empresa são, em sua maioria, complexas. Isso ocorre pois
envolve dados imprecisos e/ou incompletos, múltiplos critérios, e vários agentes de decisão
(Gomes e Moreira2 apud Vilas Boas, 2007). Destacando-se como principal característica, a
necessidade de atender vários requisitos ao mesmo tempo. Segundo Milan Zeleny3 (apud
Gomes, Gomes e Almeida, 2009), a tomada de decisão é um esforço para tentar problema(s)
de objetivos conflitantes, cuja presença impede a existência de uma solução ótima e conduz à
procura do "melhor compromisso". Outra complexidade implica na impossibilidade de prever
os impactos, pois para Miettinen e Peka4 (apud Merçon, 2010) todos estão inseridos em um
meio ambiente mutável, e sujeito a condições que o decisor não pode controlar, e com
incertezas, imprecisão e/ou ambiguidades.
Um processo de tomada de decisão pode conceber-se como a eleição por parte de um centro
decisor (um indivíduo ou um grupo de indivíduos) da melhor alternativa entre as possíveis. O
problema analítico está em definir o melhor e o possível em um processo de decisão
(ROMERO5 apud GOMES, GOMES, ALMEIDA, 2009).
Para Hammond, Keeney e Raiffa6 (apud Gomes, Gomes e Almeida, 2009), os objetivos
ajudam a determinar quais informações devem ser obtidas, permitem justificar decisões
perante os outros, estabelecem a importância de escolha, e permitem estabelecer o tempo e o
esforço necessário para cumprir uma tarefa.
2
GOMES, L. F. A. M., MOREIRA, A. M. M.,Da Informação à Tomada de Decisão: Agregando Valor Através
dos Métodos Multicritério. COMDEX SUCESU - RIO’ 98, Riocentro, Rio de Janeiro, RJ, 1998.
3
ZELENY,M. Multiple Criteria Decision Making. McGraw Hill, New York, 1982.
4
MIETTINEN, Kaisa; SALMINEN, Peka. Decision-aid for discrete multiple criteria decision making problems
with imprecise data. European Journal of Operational Research; 119, p. 50-60, 1999.
5
ROMERO, C. Teoria de la decisión multicritério: Conceptos, técnicas y aplicaciones, Madrid,
AlianzaEditorial, S.A. 1993.
6
HAMMOND, J. S.; KEENEY, R. L.; RAIFFA, H. Decisões inteligentes. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
7
Essas informações obtidas podem atender a duas finalidades estratégicas: para conhecimento
dos ambientes internos e externos (MORESI7 apud MORITZ e PEREIRA, 2006).
No processo decisório, tem sido utilizado com sucesso, a Pesquisa Operacional como
ferramenta de escolhas gerenciais, fato que ganhou grande impulso a partir da Segunda
Guerra Mundial, dando suporte aos militares na resolução de problemas de estratégia,
logística e tática como afirmam Hillier e Lieberman (1988).
O sucesso e credibilidade ganhos durante a guerra foram tão grandes que, terminando o
conflito, esses grupos de cientistas e a sua nova metodologia de abordagem dos problemas se
trasferiram para as empresas que, com o "boom" econômico que se seguiu, se viram também
confrontadas com problemas de decisão de grande complexidade. Em alguns países, em que
prevaleceu a preocupação com os fundamentos teóricos, a Pesquisa Operacional se
desenvolveu sob o nome de Ciência da Gestão ou Ciência da Decisão e em outros, em que
predominou a ênfase nas aplicações, com o nome de Engenharia Industrial ou Engenharia de
Produção (SOBRAPO, 2012)
Na década de 70, começam a surgir os primeiros métodos voltados para problemas discretos
de decisão, no ambiene multicritério ou multiobjetivo, ou seja, métodos que utilizam uma
7
MORESI, E. A. D. Delineando o valor do sistema de informação de uma organização. Revista Ciência da
Informação. São Paulo, v 29, n 1, p. 14-24, 2000.
8
As abordagens multicritérios funcionam como uma base para discussão, principalmente nos
casos onde há conflitos entre os decisores, ou ainda, quando a percepção do problema pelos
vários autores envolvidos ainda não está totalmente consolidada (NORONHA8 apud VILAS
BOAS, 2007).
Stewart9 (apud Gomes, Gomes e Almeida, 2009) define o Apoio à Multicritério à Decisão,
através de seus vários métodos, é o meio por excelência pelo qual tal simbiose se materializa.
Segundo Schmidt10 (apud Vilas Boas, 2007), estas abordagens foram desenvolvidas para
problemas que incluem aspectos qualitativos e/ou quantitativos, tendo como base o princípio
de que a experiência e o conhecimento das pessoas é pelo menos tão valioso quanto os dados
utilizados para a tomada de decisão. Nota-se, por conseguinte, que a análise multicritérios
leva em conta a subjetividade dos atores (ROY apud VILAS BOAS, 2007).
Segundo Fernandes11 (apud Wernke, 2001), uma outra característica relevante é que os
Métodos Multicritérios de Apoio à Decisão permitem avaliar critérios que não podem ser
transformados em valores financeiros. Sua aplicação é apropriada para comparar alternativas
8
NORONHA, S. M. D.. Um modelo multicritérios para apoiar a decisão da escolha do combustível para
alimentação de caldeiras usadas na indústria têxtil. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Florianópolis: UFSC, 1998.
9
STEWART, T. A scenario-based framework for multicriteria decision analysis in water resources planning.
Water Resources Research, v.31, n.11, p.2835-2843,1995.
10
SCHMIDT, Ângela Maria Atherino. Processo de apoio à tomada de decisão – Abordagens: AHP e
MACBETH. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Florianópolis: UFSC, 1995.
11
FERNANDES, Carlos Henrique. Priorização de projetos hidrelétricos sob a ótica social – um estudo de caso
utilizando análise custo/benefício e uma metodologia multicritério de apoio à decisão – “MACBETH”.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Florianópolis: UFSC, 1996.
9
de projetos, políticas e cursos de ação e também analisar projetos específicos, ações mais
eficazes e as que devem ser modificadas.
Habitualmente os termos decisor e analista são vistos como sinônimos, pois, seja um
indíviduo ou um grupo de decisores, muitas vezes, realizam ambas as funções.
Mesmo no caso de decisão individual existe a situação onde há a influência de vários outros
atores no processo decisório. Estes atores não exercem o poder sobre a decisão em questão,
mas de alguma forma podem influenciar no processo (ALMEIDA, 2011).
Segundo Freeman12 (apud Gonçalves et al 2011), steakholders são indivíduos ou grupos que
podem influenciar ou serem influenciadas por ações, decisões, políticas, práticas ou objetivos
da organização. A idéia central da abordagem de stakeholders é que o sucesso das
organizações depende da forma como gerenciam as relações com os grupos (clientes,
fornecedores, comunidades, investidores e outros) que podem afetar a realização dos
objetivos.
Encontra-se abaixo a definição dos atores no processo decisório, segundo Almeida (2011):
12
FREEMAN, R. E. Strategic management: a steakholder approach. Boston: Pittman, 1984.
10
Existem vários métodos que podem auxiliar nos problemas de múltiplos objetivos. Na
literatura, há varias formas de classificação. Segundo Roy13 (apud Mota e Almeida, 2007), os
métodos podem ser divididos em três grandes abordagens, relativamente aos princípios de
modelagem de preferências:
13
ROY, B. Multicriteria Methodology for Decision Aiding. Netherlands: Kluwer Academic Plublishers,1996.
11
Nesta seção são descritas as três perspectivas das teorias, utilizadas nos métodos
multicritérios. Segundo Almeida (2011), são elas:
14
GARTNER, I. R. Avaliação ambiental de projetos em bancos de desenvolvimento nacionais e multilaterais:
evidências e propostas. Brasília: Editora Universa, 2001.
15
BOUYSSOU, D. Dicision mul t im'terie ou aide multicriteriâ Bulletin du Groupe de Travail Europien 'ítide
Mul l im'tm'e à la Dicision", series 2, n. 2, Pn'ntemps93, 1993.
12
O método no qual nos estamos referindo é o Processo Analítico Hierárquico (AHP). A sua
origem data de 1971, quando o Dr. Thomas L. Saaty trabalhava no Departamento de Defesa
dos Estados Unidos. Foi desenvolvido em 1972, num estudo para o Fundação Nacional de
Ciência dos Estados Unidos (NSF sigla em inglês) sobre o racionamento de energia para
indústrias (durante o mesmo ano Dr. Saaty também criou a escala que relaciona as opiniões
aos números). Chegou à sua maturidade aplicativa com o Estudo dos Transportes do Sudão
em 1973 e houve um grande enriquecimento teórico entre 1974 e 1978 (JORDÃO e
PEREIRA, 2006).
Segundo Colin (2007), o AHP é um método apropriado para tratar problemas com uma
definição ou formulação menos clara. Já não existe mais a função-objetivo e as restrições,
mas sim um objetivo a ser alcançado, com a seleção de vários critérios que permitem o
atingimento do objetivo. Muitos dos pontos negativos levantados pelos críticos dos métodos
de Análise Quantitativa e Pesquisa Operacional são de certa forma tratados pelo AHP.
O AHP usa uma abordagem hierárquica para estabelecer os critérios e para identifcar as
alternativas. O AHP usa um procedimento de comparação par a par para comparar as
alternativas para critério Isto é efetuado por meio de avaliações numa escala semântica de
cinco níveis, apresentada de forma explícita tendo nove níveis no total, pois se há hesitação
do decisor, valores intermediários são considerados entre os cinco níveis. Os critérios são
também comparados entre si. O método utiliza a escalas de razão para todas as avaliações. O
método introduz a possibilidade de avaliar inconssistências no julgamento de valor pelo
decisor (ALMEIDA, 2011).
Para justificar o modo do método AHP, descrito acima, Saaty16 (apud Colin, 2007) comenta
que o ser humano tem dificuldades em examinar várias idéias ao mesmo tempo, ainda que
sejam poucas. Portanto, tal método procura ajudar nesse sentido, fazendo com que no
processo de solução de um problema complexo pensar em apenas um ou dois problemas
menores ao mesmo tempo.
16
SAATY, Thomas L. The Seven Pillars of the Analytic Hierarchy Process. In: Köksalan, Murat; Zionts,
Stanley. Multiple Criteria Decision Making in the New Millennium.EUA: Springer, 2001.
13
Método do autovalor: uso do método do autovalor para estimar os pesos relativos dos
elementos de decisão em um dado nível e avaliar a consistência das prefências
estabelecidas nas comparações de pares;
Para o método AHP, é necessário o mapeamento dos critérios que serão avaliados
posteriormente. Com isso, poderá ser mensurado o impacto de cada solução no problema.
Para elaborar a forma de uma hierarquia, Saaty (apud Silva, 2007) fornece sugestões úteis: (1)
Identificar o problema geral; (2) identificar os sub-objetivos do objetivo geral; (3) identificar
os critérios que devem ser satisfeitos; (4) identificar os subcritérios abaixo de cada critério.
Vale ressaltar que critérios e subcritérios podem ser especificados em termos de faixas de
valores de parâmetros ou em termos de intensidades como alta, média, baixa; (5) identificar
os atores envolvidos; (6) identificar os objetivos dos atores; (7) identificar as políticas dos
atores; (8) identificar opções e resultados; (9) para decisões sim-não, tomar o resultado mais
preferível e comparar os benefícios e custos de tomar decisão com os de não se tomar a
decisão; (10) realizar uma análise de custo-benefício usando valores marginais. Como
lidamos com hierarquia de dominância, deve-se perguntar qual alternativa gera o melhor
benefício, que alternativa é mais custosa e, para riscos, qual alternativa é mais arriscada.
14
A escala recomendada por Saaty (Silva, 2007), mostrada no Quadro 1, vai de 1 a 9, com 1
significando a indiferença de importância de um critério em relação ao outro, e 9 significando
a extrema importância de um critério sobre outro, com estágios intermediários de importância
15
Experiência e julgamento
3 Moderadamente mais importante favorecem ligeiramente um
elemento.
Experiência e julgamento
5 Fortemente mais importante favorecem fortemente um
elemento.
Para esta etapa será utilizada a teoria apresentada por Colin (2007), em que as matrizes de
comparações são manipuladas para obtenção das prioridades relativas de cada um dos
critérios. As prioridades deverão ser números entre 0 e 1, e sua soma deve ser 1.
A idéia fundamental, dessa parte considera que o analista soubesse os pesos relativos de cada
um dos critérios de uma matriz de n elementos, então a matriz de comparação dos pares
16
deveria ser quivalente a A, em que para o peso relativo do critério ί. Nesse caso, os pesos
relativos podem ser facilmente obtidos de qualquer uma das n linhas de A porque para
. Em álgebra linear n e w são chamados respectivamente de autovalor e
autovetor direito da matriz A.
O AHP considera que o analista que constrói a matriz da comparação entre os pares não
conhece w e portanto a matriz A contém inconsistência. É comum se estimar w da seguinte
forma, como mostra a equação (1) :
(1)
(2)
(3)
em que ICA é o índice de consistência aleatório. O ICA é obtido fazendo as comparações dos
pares de forma aleatória. Como regra prática geral, é considerado um valor
aceitável. Se recomenda-se que o analista reavalie suas comparações de pares na
matriz Â, pois elas estão muito inconsistentes.
17
Para matrizes de ordem n, os ICAs em função da ordem da matriz  são definidos de acordo
com a Tabela 1.
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Na quarta etapa, é realizada a agregação das prioridades relativas dos vários níveis obtidos na
seção anterior com o intuito de produzir um vetor de prioridades compostas que serve como
prioridades das alternativas de decisão na busca do principal objetivo do problema. Em
termos operacionais, são criadas outras matrizes de comparações para cada uma das
alternativas de decisão no nível com relação a todos os critérios do nível i.
Posteriormente, o tomador de decisões deve agregar as prioridades resultantes com as
prioridades encontradas no nível i de modo a obter a melhor decisão para o objetivo do
problema.
(4)
O método multicritério TOPSIS foi desenvolvido por Ching-Lai Hwang e Kwangsun Paul
Yoon em 1981. Este método auxilia na tomada de decisões por meio da comparação e
rankings. Este método, situa as alternativas em relação aos pontos de referência: situação
18
ideal, em inglês positive ideal solution (PIS) e ao distanciamento de uma situação ideal
negativa, em inglês negative ideal solution (NIS).
A aplicação do método é baseada em duas matrizes. A primeira é uma matriz de decisão com
as diversas alternativas e atributos ou critérios. Posteriormente os dados são normalizados,
determinando a construção de uma segunda matriz. Para minimizar a distância da solução
ideal e maximizar a distância para a solução ideal negativa, ou anti-ideal, utiliza-se a técnica
da distância Euclidiana, que busca a minimização da raiz quadrada da soma das distâncias ao
quadrado para as soluções ideais (VALLADARES, 2011).
Para tanto, são definidos os vetores dos melhores e dos piores valores alcançados em cada
critério na matriz de avaliação (distância ao ideal e ao anti-ideal, respectivamente). De posse
dos parâmetros w e p definidos, calcula-se a distância de cada alternativa à solução como
sendo a solução de compromisso (taxa de similaridade) (MENEZES, 2006).
É importante ressaltar a influência dos pesos atribuídos aos critérios no método TOPSIS.
Atribuir notas ao invés de utilizar as grandezas dos critérios reduz as diferenças, diminuindo a
predominância de um critério de grande valor quantitativo, mas não qualitativo. Isso conta a
favor da escolha do método TOPSIS (VALLADARES, 2011).
2º passo - Cálculo da matriz normalizada: a normalização pode ser realizada por vários
critérios, destacando-se a normalização linear e a por vetor. A normalização linear é um
procedimento simples, resultante da divisão da nota dada a um critério “x” qualquer pelo
máximo valor atribuído ao mesmo critério.
A normalização por vetor é realizada pela divisão de cada critério “x” por um modelo, que
neste caso é a raiz quadrada da soma dos quadrados referente a todas as alternativas, obtendo-
se o valor normalizado “y” para cada critério por meio da equação 5) abaixo:
(5)
(6)
4º passo – Identificação da PIS e da NIS: cálculo da solução ideal positiva (S+) e da soluçã
ideal negativa (S-). Os melhores e piores valores são selecionados de cada critério para
identificação da PIS e da NIS. Utilizam-se as seguintes equações:
20
(7)
5º passo - Cálculo das distâncias entre a situação ideal positiva e cada alternativa (∆+) e
situação ideal negativa e cada alternativa (∆-): para cada alternativa uma medida de separação
é calculada em relação às situações positivas e situações negativas. As distâncias euclidianas
entre cada alternativa e a respectiva solução ideal positiva (Di+) e solução ideal negativa (Di-)
que podem ser calculadas da seguinte forma:
(8)
6º passo - Cálculo da similaridade para a posição ideal positiva: Calcular a posição relativa à
solução ideal (Ai) e a definição da hierarquização das alternativas. Utiliza-se a seguinte
equação:
(9)
21
Todas as alternativas são comparadas com a solução ideal positiva e com a solução ideal
negativa. Se uma das alternativas apresenta “Ai = 1”, portanto, essa alternativa é a solução
ideal, em contrapartida, se “Ai = 0”, essa alternativa será a solução ideal negativa. Quanto
maior o valor da aproximação relativa “Ai”, mais próxima da solução ideal é a alternativa, e,
por conseguinte mais afastada da solução ideal negativa. O ranking final é baseado em uma
decisão métrica de proximidade que seja uma função de ambas as medidas de separação.
O método ELECTRE foi proposto inicialmente por Benayoun, Roy e Sussman, em 1966. É de
origem francesa e significa Elimination Et Choix Traduisant la Réalité, que quer dizer
eliminação e escolha traduzindo a realidade (OLSON17 apud MORAIS, 2006).
O método Electre (eliminação e escolha expressando a realidade), tem como intuito obter um
conjunto de N alternativas, que sobre-classificam as que não entram no subconjunto N. O
procedimento é continuado até se obter um pequeno subconjunto, representado por
alternativas de melhor compromisso com o problema (Vincke18 apud Alencar, 2003). O
método ELECTRE se propõe a reduzir o tamanho do conjunto de alternativas, explorando o
conceito de dominância. É utilizado um índice de concordância C(a,b) para medir a vantagem
relativa de cada alternativa sobre todas as outras. De forma similar, é definido um índice de
discordância D(a,b), que mede a relativa desvantagem (ROY e VINCKE apud ALENCAR,
2003).
As seguintes versões ELECTRE são aplicadas por Roy (apud Alencar, 2003), cada uma
aplicável a um caso diferente:
22
ELECTRE II: adequado para problemáticas de ordenação (P. γ) resulta numa ordenação das
alternativas não dominadas;
ELECTRE III: aplicável aos casos onde a família de pseudo-critério se verifica, sendo
indicado para problemáticas de ordenação ( P.γ);
ELECTRE IV: é igualmente aplicável nos casos onde a família de pseudo-critério se verifica.
Sua característica principal consiste na não utilização de ponderação associada à importância
relativa dos critérios, sendo indicado para problemáticas de ordenação ( P.γ);
ELECTRE IS: indicado para problemáticas de escolha (P.α) e para família de estrutura de
pseudo-critério;
ELECTRE TRI: aplicável aos casos da família de pseudo-critério, sendo indicado para
problemáticas de classificação (P.β).
Por existirem muitos métodos ELECTRE, irá ser focado neste trabalho, o ELECTRE TRI, por
ser um dos mais utilizados, se não, o mais utilizado. Abaixo, segue a sua metodologia
segundo Yu19 e Mousseau20 (apud COSTA, SOARES e OLIVEIRA, 2004).
17
OLSON, D. L. Decision Aids for Election Problems. Springer, 1996.
18
VINCKE, P. Multicriteria decision-aid. Bruxelles: John Wiley and Sons, 1992.
19
YU, W. ELECTRE TRI. Aspects méthodologiques et guide d'utilisation, Document du LAMSADE, No. 74,
Université Paris-Dauphine, 1992.
20
Mousseau, V., R. Slowinski, P. Zielniewicz (1999), A User-oriented Implementation of the ELECTRE-TRI
Method Integrating Preference Elicitation Support, Computers & Operations Research, 27, 757-777.
23
Neste métodos, as alternativas são classificadas a partir de dois passos: construção de uma
relação de subordinação S e exploração da relação S.
A construção da relação caracteriza como as alternativas são comparadas aos limites das
classes e permite a comparação de uma alternativa A com um limite padrão para a classe
de equivalência b considerando todo o conjunto de critérios.
Quando se diz aS quer dizer que a opção a é tão boa quanto ou vice versa e, para validar
a afirmação é preciso:
concordância: para que aS seja aceito uma maioria de critérios deve ser a favor da
afirmação.
O índice de concordância parcial (a, ) expressa até que ponto que a afirmação a é pelo
menos tão boa quanto considerando que o critério é válido, enquanto o índice de
concordância global , a) expressa até que ponto as avaliações de a e estão de acordo
com a afirmação “a subordina ”.
O índice de discordância parcial (a, ) expressa até que ponto o critério se opõe à
afirmação “a pelo menos tão boa quanto ”, e é considerado discordante se, neste critério,
é preferida à a.
quando um critério discordante é tal como c (a, ) < (a, ) < 1, o índice de
credibilidade torna-se mais baixo que o índice de concordância, sendo justo o efeito de
oposição.
Portanto, o índice de credibilidade (a, ) é o mesmo que índice de concordância fraca, por
um eventual efeito de veto.
A relação de subordinação fuzzy, acima citada, obtida entre uma relação de subordinação S é
feita sobre o significado de qual é considerado o menor valor de índice de compatibilidade
compatível com a afirmação que “a subordina ” assim, são definidas relações binárias:
preferência (>); indiferença (I); incomparabilidade (R).
aI ↔ aS é Sa;
O passo da exploração é necessário para analisar o modo em que uma alternativa “a” é
comparada com os limites padrão determinados para a classe que “a” deve ser enquadrada.
Para isso, dois procedimentos de classificação são avaliados:
Esse procedimento classifica “a” para a mais baixa classe de para qual o limite superior de
é preferível a “a”, i. é, > a . Quando usa-se esse procedimento com =1 uma alternativa
“a” pode ser classificada em se exceder pelo menos em um critério e, ao
contrário do procedimento anterior, quando decresce, o caráter disjuntivo da regra que é
fraco.
21
ROGERS, M.; BRUEN, M.; MAYSTRE, L. Electre and decision support –methods and applications in
engineering and infrastructure investment. Kluwer Academic Publishers, USA. 2000.
26
22
AZEVEDO, Marilena Coelho de e COSTA, Helder Gomes. Metodologia para o diagnóstico estratégico.
Conferencia Internacionale de Ciências Empresariales. Santa Clara, Cuba: Universidad Central Marta Abreu,
2000. 8 p
27
Para cada critério, determina uma função que a cada alternativa faça corresponder um
número real. Essa função deve atribuir números maiores a alternativas com maior
atratividade, de tal forma que a maiores diferenças de atratividade correspondam
maiores diferenças no número real correspondente. É assim construída uma escala
cardinal de valores. Se o valor nulo for atribuído a uma alternativa com atratividade
zero, obtém-se uma escala cardinal ratio, ou de razões, que tem as propriedades
matemáticas de uma função utilidade monocritério.
Em alguns casos existe uma forma natural atribuir valores sendo custo de uma
mercadoria o exemplo clássico. Em outros casos a avaliação é qualitativa, sendo
necessário transformá-la em quantitativa. Mesmo no caso em que há uma forma
natural de atribuir valores, pode ser desejável o uso do MACBETH: é o caso em que a
atratividade de uma alternativa não guarda relação de proporcionalidade com o valor
atribuído pela escala usada.
tarefa é definida (Bana e Costa e Vansnick apud Soares de Mello e Maia, 2003) como
a construção de uma função critério vj, tal que:
- para a, b A, v(a) > v(b) se, e somente se, para o avaliador a é mais atrativa
(localmente) que b (a P b);
Assim, para a, b, c, d A com a mais atrativa que b e c mais atrativa que d, verifica-se que
v(a) - v(b) > v(c) - v(d) se, e somente se, “a diferença de atratividade entre a e b é maior que a
diferença de atratividade entre c e d”.
A questão fundamental nessa abordagem é (Bana e Costa e Vansnick apud Soares de Mello e
Maia, 2003): “Dados os impactos ij(a) e ij(b) de duas alternativas a e b de A segundo um
ponto de vista fundamental PVFj (critério), sendo a julgada mais atrativa que b, a diferença de
atratividade entre a e b é “indiferente”, “muito fraca”, “fraca”, “moderada”, “forte”, “muito
forte” ou “extrema”.
É introduzida uma escala semântica formada por categorias de diferença de atratividade, com
o objetivo de facilitar a interação entre o decisor e o analista. O decisor deverá escolher uma,
e somente uma, entre as categorias apresentadas.
Se por um lado, o método MACBETH introduz um intervalo da reta real associado a cada
uma das categorias, por outro lado, esse intervalo não é fixado a priori, sendo determinado
simultaneamente com a escala numérica de valor v que está sendo procurada.
23
DOIGNON, J. P Threshold representations of multiple semiorders. SIAM Joumal of Algebraic Discrete
Methods, v. 8, p. 77-84, 1984.
29
As preferências são representadas por uma função v e por funções limiares sk: a P(k) b,
sk v(a) v(b) sk 1 , ou seja, é possível representar numericamente categorias semânticas de
Não há restrição ao número de categorias semânticas a ser utilizado. No entanto, uma pessoa
é capaz de avaliar, simultaneamente, um número limitado de classes quando da expressão de
um juízo absoluto de valor, sendo algo em torno de sete fatores.
No MACBETH, a expressão dos julgamentos do decisor é feita por uma escala semântica
formada por seis categorias, de dimensão não necessariamente igual:
As categorias são delimitadas por limiares constantes s1, ..., s6, determinados
simultaneamente à obtenção da escala de valor v.
Como pode ser visto na Figura 3, a pesquisa inicia com a definição das principais fontes de
pesquisa e, em seguida, são selecionados os artigos publicados no período de 2002 à 2012.
Para filtrar as publicações com o tema de métodos de multicritério, a exclusão foi realizada a
partir da leitura do título resumo de cada trabalho. Por fim, com a leitura desses artigos,
somente 30 artigos foram selecionados por se tratarem de problemas da área da Engenharia de
Produção.
A pesquisa sobre aplicações dos métodos multicritérios foi realizada por meio da busca por
artigos publicados no período de 2002 à 2012 nas seguintes fontes: Encontro Nacional
Engenharia de Produção (ENEGEP); Simpósio de Engenharia de Produção e acontece
anualmente em Bauru (SIMPEP); Simpósio de Pesquisa Operacional e Logística Marinha
(SPOLM); Revista Produção; Revista Gestão Industrial; Revista Sistema e Gestão; Revista
em Pesquisa Operacional Desenvolvimento; Revista Gestão e Produção.
32
Ao todo, foram encontrados trinta artigos que utilizam os métodos multicritério como apoio
nas tomadas de decisões envolvendo Engenharia de Produção.
Para melhor visualização, os artigos foram separados em quadros a cada dois anos e com as
seguintes informações: título do trabalho, ano de publicação, fonte, o método multicrtiério
utilizado, a área da Engenharia de Produção e a ferramenta que foi utilizada.
O Quadro 2 mostra os artigos publicados em 2002 e 2003. O primeiro artigo relata um caso da
área de Engenharia de operações e processos da produção, usando o método Macbeth,
diferente dos outros dois artigos, que atua na área da Engenharia Organizacional, com apoio
dos métodos Promethee e o ELECTRE TRI.
Modelo de decisão
multicritério para Revista
Engenharia
priorização de sistemas de 2002 Gestão e Promethee
Organizacional
informação com base no Produção
método Promethee
Análise multicritério
ELECTRE Engenharia
aplicada à implantação de 2003 SIMPEP
TRI Organizacional
Projetos Industriais
Quadro 2 - Artigos publicados nos anos de 2002 e 2003.
O Quadro 3 mostra quatro artigos que foram publicados em 2004 e 2005. Dois artigos, que
foram selecionados no SIMPEP, utilizam o método AHP para resolver o problema de
multicritério. Já o segundo artigo, utiliza o método ELECTRE TRI com o obejtivo de
solucionar um problema logístico.
Aplicação de dados da
literatura sobre a
Engenharia
implantação doQFD 2004 SIMPEP AHP
Organizacional
utilizando o método
AHP
Avaliação de
transportadoras de Revista
ELECTRE
materiais perigosos 2004 Gestão e Logística
TRI
utilizando o ELECTRE Produção
TRI
A metodologia de
multicritério como
ferramenta para a Engenharia do
2005 SIMPEP AHP ExpertChoice
tomada de decisões Trabalho
gerenciais: um estudo
de caso
Quadro 3 - Artigos publicados em 2004 e 2005
Utilização de metodologia
multicritério na escolha da
ferramenta adequada para Engenharia
2009 ENEGEP AHP Excel
o desenvolvimento de Organizacional
painéis indicadores em
uma empresa de seguros
Decisões por mulcritérios
e objetivos no
planejamento agregado da Engenharia de
GAMS-
produção e na 2009 SIMPEP AHP Operações e
Solver
comercialização e Processos da
distribuição de uma usina Produção
sucroalcooleira
Modelo de apoio à
Engenharia de
decisão multicritério para
Revista Operações e
terceirização de atividades 2009 SMARTS
Produção Processos da
produtivas baseado no
Produção
métodos SMARTS
Aperfeiçoamento da
Gestão Organizacional Revista
Engenharia
por meio da abordagem 2009 Gestão MCDA-C M-Macbeth
Organizacional
multicritério de apoio à Industrial
decisão
Quadro 5 - Artigos publicados em 2008 e 2009.
Em 2010 e 2011 foram publicados sete artigos, com predomínio das áreas de Engenharia de
Operações e processos da produção e da Engenharia Organizacional, como pode ser visto no
Quadro 6.
Auxílio multicritério a
decisão para seleção de
Engenharia
linguagem de 2010 SIMPEP AHP ExpertChoice
Organizacional
programação usadas na
construção de sistemas
Identifcicação e
priorização dos fatores
Revista Engenharia
críticos de sucesso na 2010 AHP
Produção Organizacional
implantação de fábrica
digital
Um estudo de caso
sobre gerenciamento de Revista
Engenharia
portfólio de projetos e 2010 Gestão MCDA-C M-Macbeth
Organizacional
apoio à decisão Industrial
multicritério
Aplicação do método
multicritério para
Prometheé
priorizar projetos 2011 ENEGEP Logistica D-signht
II
hidroviários nos eixos
estruturantes
Um enfoque
multicriterial para a
destinação final dos
resíduos sólidos da Engenharia da
2011 SIMPEP AHP
agroindustria canavieira Sustentabilidade
do município de
Campos dos
Goytacanazes /RJ
Quadro 6 - Artigos publicados em 2010 e 2011.
Nesse ano já foram publicados cinco artigos relacionados aos métodos de multicritério na
Engenharia de Produção, como pode ser visto no Quadro 7. Acredita-se que esse número
possa aumentar já que dois simpósios, que estão nas fontes de pesquisa deste trabalho, ainda
serão realizados.
Abordagem do método
de apoio à decisão
multicritério para
determinar o 2012 SPOLM Promethee Logistica
desempenho da
localização de
plataforma logística
Análise multicritério
aplicada a tomada de
decisão estratégica de
escolha entre os modais
2012 SPOLM SMART Logistica M-Macbeth
de transporte-um
estudo de caso da
indústria de eletrônicos
de Manaus
Análise multicritério
para identificar
Engenharia
benchmarks de Projetos 2012 SPOLM AHP
Organizacional
de Embarcações
regionais da Amazônia
Como já foi dito anteriormente, esta pesquisa selecionou somente artigos que atuaram na área
da Engenharia de Produção. A quantidade de artigos por área é apresentado na Figura 6. Dos
trinta e um trabalhos selecionados, doze deles atuaram na área da Engenharia Organizacional,
envolvendo problemas de sistema de informação, avaliação de desempenho organizacional e
seleção de projetos. Em seguida, aparece a Engenharia de Operações e Processos da Produção
com dez artigos. Não foram encontrados trabalhos na área de Pesquisa Operacional,
Engenharia da Qualidade e na Educação em Engenharia de Produção.
39
Figura 6 -Gráfico em relação ao número de artigos publicados por área da Engenharia de Produção.
Como foi visto na Figura 6, foram encontrados dez artigos na área da Engenhia de Operações
e Processos da Produção.
Desses artigos, três deles relatam problemas relacionados com à decisão de localização. O
primeiro trabalho, do Quadro 2, é um estudo fictício que propõe o método Macbeth para
auxiliar na escolha de uma Estação Radio Base, o que geralmente não é realizado pelas
operadoras de telefonia móvel. Quatro prédios foram considerados para a possível instalação
da ERB, levando-se em conta os seguintes critérios: a altura em que a ERB deve ser instalada;
a área disponível para a instalação; a viabilidade técnica; a forma de transmissão e o preço do
aluguel da área de instalação (MAIA et al 2002).
O terceiro artigo analisa as alternativas existentes para a localização de uma jazida mineradora
no estado do Pernambuco. Para o perfil da empresa do setor de mineradoras de agregados é
importante levar em conta a qualidade da rocha, se já proximidades com moradias, a distância
do centro comercial, acessibilidade, proximidade de insumos, se há disponibilidade de mão-
de-bra e a infra-estrutura. O método escolhido foi o ELECTRE I por ser uma metodologia
simples e prática (XIMENES, FONTANA e MORAIS, 2010).
Um trabalho aplicado foi em um grupo de seis estrategistas focado, obteve sucesso ao utilizar
um dos métodos multicritério, o AHP, para avaliar o desempenho de dez fornecedores de
OKP (one-kind-of-product). Esse tipo de produto é projetado e construído segundo
especificações e requisistos únicos. Eles identificaram as necessidades como qualidade, custo,
entrega, flexibilidade e tecnologia e avaliaram os fornecedores através de questionários
(ROSA, SELLITTO e MENDES, 2006).
Com relação a definição de layout, em 2007, uma pesquisa foi feita com as empresas do Vale
do Paraíba nos ramos Aeronáutico, Automotivo, Químico/Fotoquímico, afim de obter um
ranking da importância dos critérios como o aspecto ergonômico e de segurança, facilidade na
moviementação dos materiais, flexibilidade na produção, natureza do trabalho e o nível de
investimento de cada ramo para elaboração de um arranjo físico de produção (Fino, Marins e
Solomon, 2007). Um ano depois, uma empresa do ramo automativo procurou selecionar um
método SLP (Planejamento Sistemático de Layout), pois necessitava aumentar seu espaço
fabril de modo a possibilitar a instalação de novos equipamento (TORTORELLA e
FOGLIATTO, 2008).
Na área de Logística, o artigo do Quadro 3, apresentou um estudo de caso com uma empresa
distribuidora de combustíveis, com a finalidade de classificar e escolher prestadores de
serviços para transporte de materiais perigosos. Os critérios, definidos pelo Chefe de
Desenvolvimeno de Transportes, foram a segurança, o custo do frete, o nível de serviço, o
sitema de Gestão e Qualidade e a capacidade de negociação (COSTA, SOARES e
OLIVEIRA, 2004).
O artigo publicado no ENEGEP em 2011 tem como objetivo definir o ranking dos projetos
hidroviários nos eixos estruturantes do Brasil com o método Promethee II. O ranking
estabelece conjunto de hidrovias prioritárias, por eixo, que contribui para elevar o
desempenho do modal, garantindo um melhor equilíbrio do sistema de transportes. Nove
eixos de hidrovia foram avaliadas quantitativamente em relação aos critérios de custo,
econômico e ambiental. Já qualitativamente, pelos critérios de acessibilidade e integração
(CARDOSO, SANTOS, SILVA e MOITA, 2011).
Plataforma logística é definida como um local, em posição estratégica, que reúne serviços
interligados ao sistema de logística em portos e aeroportos. Esse artigo foi publicado esse ano
com o objetivo da pesquisa, que é determinar o desempenho das Plataformas Logísticas
candidatas ao benchmark para o projeto de Campinas. A localização proposta deve reunior
características como a integração com o Governo Central, centralidade geográfica, localização
na área Metropolitana, pré-existência de acessos (rodoviários, ferroviários e fluviais), entre
outros. Utilizou-se o método Phomethee (SANTOS, CARDOSO e MOITA, 2012).
Dois artigos, ambos publicados nesse ano, relataram o uso de métodos multicritério de apoio
na escolha do transporte de seus produtos. No entanto, o artigo encontrado na SPOLM,
analisa a escolha de modais para o transporte, de uma empresa do segmento eletrônico, entre
a Zona Franca de Manaus e o estado de São Paulo, com a ajuda do SMART (Amaral,
Holzhey, Montibeller e Yoshizaki, 2012). Já o trabalho encontrado na Revista Pesquisa
Operacional para o Desenvolvimento, propõe a solução de um problema de seleção de
prestadores logísticos em uma indústria química. Esses dois artigos levantaram alguns
critérios semelhantes, como a confiabilidade, flexibilidade de operação, segurança, custo,
entre outros (TRAMARICO et al 2012).
Devido à crescente concorrência das fábricas automotivas, acarretou na redução do lead time
no lançamento de novos modelos. Portanto, houve a necessidade de produzir nova carroceira
para cada novo modelo de veículo. O método ELECTRE TRI foi utilizado para saber qual o
grau de automoção que deve ser aplicado ao processo produtivo, ou seja, definir a relação
adequada entre a automação e a mão-de-obra. É importate a verificação quanto à qualidade do
produto, ao custo das operações, ao volume de produção, ao asseguramento do processo
produtivo, a repetibilidade do processo, a flexibiladade para a integração de novos modelos e
as exigências do produto (ZAGO e COSTA, 2006).
Ainda envolvendo Gestão de Projetos, o artigo "Um estudo de caso sobre gerenciamento de
portfólio de projetos e apoio à decisão multicritério" apresentou um estudo de caso que foi
realizado em uma organização desenvolvedora de software que utiliza o MCDA-C para
identificar, mensurar e integrar as dimensões julgadas pelo decisor como necessárias e
suficientes para assim, avaliar os projetos. Alguns dos requisitos são: produtos compatíveis
com players internacionais, custo de ciclo de vida, pioneirismo, falhas, alianças estratégicas,
velocidade no desenvolvimento de novas funcionalidades, entre outros (LACERDA,
ENSSLIN e ENSSLIN, 2010).
Outra publicação semelhante com a anterior, também da Revista Gestão Industrial de 2012,
tem como meta construir um modelo de avaliação que auxilie o decisor a compreender as
44
O primeiro artigo avaliou a satisfação de consumidores quanto aos serviços nos requisitos de
cortesia, rapides, limpeza do local, acesso, preço, variedade, entre outros, oferecidos por uma
pequena empresa do setor gastronômico, com o método ELECTRE TRI (COSTA et al 2007).
45
As grandes empresas hoje, adotam Tecnologia de Informação como forma de buscar melhores
resultados. Portanto, na Gestão da Tecnologia, o método AHP auxiliou na busca dos fatores
críticos de sucesso na implantação de um projeto de fábrica digital em uma empresa
brasileira. Primeiramente, definiram fases de implantação do projeto, como por exemplo, a
fase 1 correspondia a preparação do projeto, fase 2 a definição de processos futuros e assim
por diante. No resultado, foi possível mostrar qual o fator crítico de sucesso mais importante e
em qual fase esse fator se destacou como o de maior prioridade (CARLI, DELAMARO e
SALOMON, 2010).
4.2 Ferramentas
Somente dez artigos usaram algum software que atribui valores aos critérios, para solucionar
seus problemas. Dentre as ferramentas utilizadas o M-Macbeth, foi o mais empregado,
totalizando seis artigos. Essa divisão pode ser vista na Figura 8.
Figura 8 - Gráfico do número de estudos que utilizaram alguma ferramenta como auxílio.
47
Todas as ferramentas utilizadas são pagas, podendo escolher difentes pacotes como por
exemplo, a licença de um ano ou a compra definitiva. Os softwares Expert Choice, Gams
Solver e o D-Sight são americanos, mas só o primeiro tem suporte aqui no Brasil.
O M-Macbeth, apesar do nome, pode auxiliar outros tipos de métodos, e não só o Macbeth.
Esta ferramenta faz uma abordagem interativa que requer apenas julgamentos qualitativos,
empregando um procedimento que compara dois elementos de cada vez. Uma versão demo do
M-Macbeth existe, gratuitamente, mas só faz o julgamento para no máximo cinco critérios.
48
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Contribuições
De acordo com o objetivo deste trabalho foi realizado um levantamento literário sobre
métodos multicritérios. Em seguida, artigos publicados foram selecionados e analisados nas
respectivas áreas da Engenharia da Produção. Em todos os estudos, os métodos multicritério
se mostraram eficazes.
Notou-se que nem em todos os casos foram utilizados softwares específicos para auxiliá-los.
No entanto, pelo fato de ter cálculos simples, acredita-se que a maior parte deles tenham
utilizado o Microsoft Office Excel. O M-Macbeth foi a ferramenta mais usada, podendo ser
encontrada em versão gratuita, porém com a capacidade limitada de avaliar critérios superior
à cinco.
Este trabalho serviu para relacionar os métodos multicritérios com problemas da Engenharia
de Produção, comparando diversos estudos de casos que foram solucionados com essas
metodologias.
5.2 Limitações
O desenvolvimento deste trabalho apresentou algumas limitações relacionadas aos artigos que
foram estudados, pois foram considerados somente os trabalhos publicados em português.
A partir das análises realizadas durante esse trabalho é possivel identificar outras
possibilidades para o aprimoramento desse estudo. Uma delas é realizar busca das aplicações
do método TOPSIS.
49
Quanto as fontes de pesquisa, procurar artigos publicados em demais simpósios, mesmo que
de outros cursos, pois podem existir trabalhos que envolvam alguma área da Engenharia de
Produção.
50
6. REFERÊNCIAS
.GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2007. 175
p.