Texto Ad - Fernanda Mussalim
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1 A GÊNESE DA DISCIPLINA
PÊCHEUX, baseado numa formação filosófica, vê a instituição da AD como uma ruptura epistemológica que
coloca o estudo do discurso num outro terreno em que intervêm questões teóricas relativas à IDEOLOGIA e ao
SUJEITO. Não é uma simples superação da linguística de Saussure. Para o autor, os processos de significação não
se dariam na ordem da língua, mas na ordem do discurso, pois dependem das diferentes posições nos quais os
sujeitos se encontram – por isso a significação não seria sistematicamente apreendida. Pêcheux, então, não vê o
sujeito ou o sentido como algo individual, mas como históricos, ideológicos (uma semântica do discurso). Assim,
as condições sócio-históricas da produção de um discurso são constitutivas de suas significações.
Implicações para o conceito lacaniano de sujeito: ele só se define em relação ao Outro (critério diferencial e
relacional). O sujeito pode ser encontrado onde não está, ou seja, no inconsciente (critério do lugar vazio).
Assim, a IDENTIDADE do sujeito é garantida pelo Outro - inconsciente -, ou seja, por um sistema parental
simbólico que determina a posição do sujeito desde sua aparição (critério posicional).
Relação entre sujeito e Outro se apoia na oposição binária de Jakobson: o remetente (posição inicial) e
destinatário (posição terminal).
Linguística: o núcleo rígido (conjunto de regras e propriedades formais) e contornos instáveis (sujeitos inscritos
em estratégias de interlocução, em posições sociais ou em conjunturas históricas). A A.D estaria nesta última
região.
POR QUE LEMOS A TIRINHA COMO UM DISCURSO DE HUMOR? Devido as suas CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO.
São os efeitos de sentido que interessam à AD. QUAL O EFEITO DE...? A resposta a tal pergunta é o que os
analistas do discurso procuram estabelecer entre um discurso e suas condições de produção, ou seja, entre um
discurso e as condições sociais e históricas que permitiram que ele fosse produzido e gerasse determinados
efeitos de sentido e não outros.
O que há em comum entre as diferentes correntes teóricas da AD é o estudo da discursivização – estudo das
relações entre condições de produção dos discursos e seus processos de constituição.
O método de Harris seguia o rumo das análises estruturalistas, mas ampliava a unidade de análise.
A PRIMEIRA FASE explora os discursos mais estabilizados (pouco polêmicos) por permitirem uma menor carga
polissêmica. Exemplo: um discurso político teórico-doutrinário (manifesto do Partido Comunista).
A SEGUNDA FASE desfaz a noção de máquina estrutural fechada. O conceito de FORMAÇÃO DISCURSIVA, de
MICHEL FOUCAULT, é um dos dispositivos que desencadeia essa transformação. O autor define DISCURSO como
sendo constituído por um número limitado de enunciados para os quais se pode definir um conjunto de
condições de existência. Foco no sistema de formação de um discurso, ou seja, na formação discursiva que, para
o autor, seria:
A arqueologia proposta pelo autor não se limita a descrição de frases ou de análise das condições gramaticais da
formação dos enunciados. Seu objetivo encontra-se em fazer uma análise das condições de possibilidade que
fizeram com que, em determinados momentos históricos, apenas alguns enunciados tenham sido efetivamente
produzidos e outros não. O ENUNCIADO é uma unidade de análise, por isso busca definir as FORMAÇÕES
DISCURSIVAS a partir de suas regularidades.
Deve-se definir a unidade de um discurso considerando o campo de regularidades que rege as diversas e
dispersas modalidades de subjetividade.
3 UMA ANÁLISE
A perspectiva de análise de Pêcheux: uma semântica discursiva que seja da ordem das FDs e não da ordem da
língua.
Formação ideológica (FI) como um confronto de forças em um dado momento histórico / comporta mais de
uma posição / as forças podem entreter entre si relações de aliança ou de dominação.
Formação discursiva (FD) é o lugar onde se articulam discurso e ideologia. Uma FD é governada por uma FI.
Como uma FI coloca em relação necessariamente mais de uma força ideológica, uma FD sempre colocará em
jogo mais de uma posição discursiva.
Um mesmo enunciado pode ser compreendido de duas maneiras a depender do lugar ideológico de onde é
enunciado.
As formas de heterogeneidade mostrada a partir de Authier-Revuz;
A heterogeneidade constitutiva do discurso em Maingueneau.
Campo discursivo:
Apesar de os sentidos possíveis de um discurso estarem fortemente condicionados, eles não estão constituídos
a priori, ou seja, eles não existem antes do discurso.
Não existe um sentido em si, pois ele vai sendo determinado simultaneamente às posições ideológicas que vão
sendo colocadas em jogo na relação entre as FDs que compõem o interdiscurso.
O sentido não é único, já que se dá num espaço de heterogeneidade, mas é necessariamente demarcado.
Não é qualquer sentido que é constituído a partir de uma FD, mas somente aquele possível pela configuração da
FI que rege determinado discurso.
Na AD-2, o sujeito é aquele que desempenha diferentes funções de acordo com as várias posições que ocupa no
espaço interdiscursivo. O sujeito, então, é uma função, porém sofre coerções da FD do interior da qual enuncia,
já que está regulada por uma FI. Ou seja, o sujeito ocupa um lugar de onde enuncia, e é este lugar que
determina o que ele pode ou não dizer.
Resumo sobre AD-1 e AD-2: o sujeito é influenciado por uma teoria da ideologia que coloca o sujeito no quadro
de uma FI e FD. Por isso, não existe sujeito individual, mas apenas o SUJEITO IDEOLÓGICO. A ideologia se
manifesta através dele.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conceitos que embasam a AD se fundamentam sobre uma característica em comum: a da constitutividade. O
sujeito, o discurso, o sentido, as condições de produção vão se constituindo no próprio processo de enunciação.