Dissertação de Pós Graduação - Intervenção Comportamental Aplicada em Trigêmeos Com Transtorno Do Espectro Do Autismo
Dissertação de Pós Graduação - Intervenção Comportamental Aplicada em Trigêmeos Com Transtorno Do Espectro Do Autismo
Dissertação de Pós Graduação - Intervenção Comportamental Aplicada em Trigêmeos Com Transtorno Do Espectro Do Autismo
SÃO CARLOS
2018
SUELEN PRISCILA MACEDO FARIAS
São Carlos
2018
SUELEN PRISCILA MACEDO FARIAS
________________________________________________
Presidente- Prof. Dr Nassim Chamel Elias – Universidade Federal de São
Carlos - UFSCar
________________________________________________
Prof. Dra. Maria Carolina Correa Martone – Fundação Panda
_________________________________________________
Prof. Dra. Ana Lúcia Rossito Aiello - Universidade Federal de São Carlos -
UFSCar
Março de 2018
Dedico esse trabalho as pessoas com autismo e seus familiares, em especial aos meus
pacientes.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é composto por distúrbios comportamentais,
que foram divididos em dois eixos principais: dificuldades na comunicação e na interação
social, e apresentação de interesses e comportamentos restritos, repetitivos e estereotipados. A
Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é comprovada cientificamente
com planejamentos delimitados e metodologia bem-sucedida para intervenção com esse
público. Apesar de sua comprovação científica, não foram encontrados estudos em ABA com
trigêmeos com TEA e também há poucos estudos com reavaliação utilizando o VB- MAPP
(Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program). Considerando a
efetividade de intervenções comportamentais em crianças com autismo e os resultados e
direcionamentos no planejamento de ensino provenientes da avaliação utilizando o VB-
MAPP, o objetivo desse estudo foi avaliar o desenvolvimento das habilidades de trigêmeos
com TEA utilizando o VB-MAPP antes e após a aplicação de um programa de intervenção
comportamental precoce. Essa pesquisa é experimental com delineamento de pré e pós teste e
folow-up. Os trigêmeos foram avaliados pelo VB-MAPP e, a partir dos dados da avaliação,
receberam intervenção comportamental de acordo com o protocolo de atividades estabelecido
no programa, por um período de um ano e meio, sendo reavaliados duas vezes. Todos os
dados foram registrados no momento da intervenção com o preenchimento das folhas de
registro. De acordo com o objetivo proposto, os resultados demonstraram que foi efetiva a
intervenção em ABA, os três irmãos evoluíram de acordo com a avaliação, sendo que os
gêmeos com maior comprometimento evoluíram nos escores do Nível 1 e o trigêmeo com
menor comprometimento atingiu o nível mais complexo de avaliação (nível 3) do VB MAPP.
ABSTRACT
Autism Spectrum Disorder (ASD) is a composition of behavioral disorders that were divided
in two main categories: difficulties in communication and social interaction, and restricted,
repetitive and stereotyped behaviors and interests. Applied Behavior Analysis (ABA) is the
scientifically proven approach with delimited planning and well established methodology to
intervene with this specific public. Despite of ABA's validation, there were no findings
involving triplets diagnosed with ASD on the research made. Therefore, the use was study the
development of the skill of trigêmeos with TEA using the VB-MAPP before and post on a
application of a model.. Starting with the identified deficits, they received behavioral
intervention according to the established activities protocol, in a period of one and a half year,
being re-evaluated every six months. All collected data was registered meanwhile the
intervention was occuring by filling in register sheets. The results showed that the ABA
intervention was effective, all the siblings evolved significantly, especially the one diagnosed
with less severe ASD comparing to his brothers. He managed to achieve the most complex
evaluation level of VB-MAPP.
Tabela 1. Informações dos participantes e das aplicações das avaliações pelo VB-
MAPP...................................................................................................................................... 25
Tabela 3. Resultados alcançados pelo Trigêmeo 3 nas três aplicações do VB-MAPP para as
habilidades que foram medidas pelo menos duas vezes. Habilidades como: leitura, escrita e
matemática são apresentadas somente no texto pois foram medidas apenas na terceira
avaliação ................................................................................................................................. 36
Figura 1. Escores alcançados pelos Trigêmeos nos operantes testados pelo VB-
MAPP...................................................................................................................................... 31
Figura 16. Número de respostas independentes de imitação motora com objetos do Trigêmeo
2............................................................................................................................................... 40
Figura 21. Número de respostas independentes de mando simples (Nível 01) do Trigêmeo
3............................................................................................................................................... 45
Figura 24. Número de respostas independentes de tato para ações do Trigêmeo 3................ 46
Figura 25. Número de respostas independentes de fazer contato visual do Trigêmeo 3....... 46
Figura 29. Número de respostas independentes de contato visual com objeto do Trigêmeo
3............................................................................................................................................... 48
Figura 30. Número de respostas independentes de seguir instrução com três componentes do
Trigêmeo 3.............................................................................................................................. 48
Figura 31. Número de respostas independentes de imitação com três passos do Trigêmeo
3............................................................................................................................................... 48
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15
MÉTODO ........................................................................................................... 23
TIPO DE ESTUDO .......................................................................................... 23
PARTICIPANTES ........................................................................................... 23
PROCEDIMENTO .......................................................................................... 25
INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA ............................... 26
REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS ......................................................... 29
RESULTADOS .................................................................................................. 29
TRIGÊMEO 1 .................................................................................................. 30
TRIGÊMEO 2 .................................................................................................. 34
TRIGÊMEO 3 .................................................................................................. 38
DISCUSSÃO ...................................................................................................... 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 56
ANEXOS ............................................................................................................ 63
APÊNDICES ...................................................................................................... 64
15
INTRODUÇÃO
O termo “autismo”, que significa originalmente “voltado para si mesmo”, oriundo das
palavras gregas “autos” que se refere à “em si mesmo” e “ismo” que significa “voltado para”,
resulta em uma terminologia que indica isolamento social. O autismo foi introduzido na
psiquiatria por Plouller (1906) como item descritivo do sinal clínico de isolamento encenado
pela repetição da autorreferência frequente em alguns casos (Gauderer, 1987). Kanner (1943)
reformulou o termo para distúrbio autístico do contato afetivo, descrevendo uma síndrome
com o mesmo sinal clínico de isolamento, observado num grupo de crianças com idades
variando entre 2 anos e 4 meses a 11 anos. Em 1956, Kanner elegeu dois sinais como sendo
básicos para a identificação do quadro: o isolamento e a imutabilidade e confirmou a natureza
inata do distúrbio.
Nesse contexto, o transtorno autista (ou autismo infantil) era considerado como parte
de um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento denominados Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGDs), Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TIDs) e, atualmente,
está inserido dentro dos Transtornos do Espectro do Autismo (TEAs). Esse grupo de
transtornos compartilha sintomas centrais no comprometimento em duas áreas específicas do
desenvolvimento: (a) déficits de habilidades sociais e de comunicação e (b) presença de
comportamentos, interesses e/ou atividades restritos, repetitivos e estereotipados. (World
Health Organization [WHO], 1992; American Psychiatric Association [APA], 2013). Mais
recentemente, denominaram-se os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) para se referir
a uma parte dos TGDs/TIDs: o Autismo; a Síndrome de Asperger; e o Transtorno Global do
Desenvolvimento sem Outra Especificação. A Síndrome de Rett e o Transtorno
Desintegrativo da Infância não foram incluídos no TEA (Brasil, 2013). O TEA é
caracterizado, portanto, por alterações comportamentais em múltiplos contextos que se
manifestam desde o início do crescimento e que ocasionam prejuízos variados na
Interação/Comunicação Social e Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse
ou atividade (APA, 2013).
Embora uma etiologia específica não tenha sido identificada, diversos estudos têm
sugerido que a presença de alguns fatores genéticos e neurobiológicos podem estar associados
ao TEA. Brambilla et al. (2003), Muller, Kleinhans, Kemmotsu, Pierce, & Courchesne
(2003), Mundy (2003) e Redcay e Courchesne (2005) sugerem que o TEA é decorrente de
disfunções do sistema nervoso central (SNC), que levam a uma desordem no padrão do
desenvolvimento da criança. Além disso, estudos de neuroimagens e de autópsias
16
casos de autismo infantil por 10.000 nascimentos. (Lotter, 1966; Wing e Gould, 1979).
Entretanto, investigações recentes estimam um aumento drástico de casos, atingindo a média
de 40 e 60 casos a cada 10.000 nascimentos (Baird et al., 2000; Barbaresi, Katusic, & Voigt,
2006; Bertrand et al., 2001; Chakrabarti e Fombonne, 2001; Fombonne, Zakarian, Bennett,
Meng, & McLean-Heywood, 2006; Gernsbacher, Dawson, & Goldsmith, 2005; Schechter e
Grether, 2008). Porém, a prevalência do TEA entre crianças americanas com oito anos de
idade é de um para 68, de forma que se for analisado apenas o sexo masculino, essa
prevalência é quatro vezes e meio mais frequente do que no sexo feminino, chegando a
proporção de um menino afetado para cada 42 com neurodesenvolvimento típico (Center for
Disease Control, 2014). No Brasil ainda não há estudos conclusivos sobre a prevalência do
TEA, apenas um estudo piloto realizado em São Paulo (Paula, Ribeiro, Fombone, &
Mercadante, 2011).
Com esse crescente número de casos com diagnóstico de TEA, faz-se necessária a
utilização de técnicas e métodos que proporcionam uma melhor identificação e tratamento
dessa população. A identificação precoce é fundamental para um bom prognóstico e
tratamento. Existem disponíveis vários métodos com este objetivo, porém, neste estudo
destacaremos a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), por ser tratar de uma ciência
com comprovação científica de sua eficácia. Eikeseth, Smith, Jahr e Eldevik (2002) e
Howard, Stanislaw, Green, Sparkman e Cohen (2014) conduziram estudos para comparar o
desenvolvimento de grupos de crianças com autismo com acompanhamento de um a três
anos, respectivamente, submetidos a dois tratamentos distintos. Um grupo de cada estudo foi
submetido a tratamento intensivo com intervenção comportamental por 30 horas semanais e
outro grupo de cada estudo foi submetido a tratamento que envolvia várias técnicas e métodos
distintos, também por 30 horas semanais. Os dois estudos indicaram ganhos
significativamente maiores para o grupo submetido à intervenção comportamental em
diversas áreas como linguagem receptiva e expressiva, QI e comportamentos adaptativos.
Marchese, Carr, LeBlanc, Rosati, e Conroy (2012) utilizaram o VB-MAPP como
instrumento de avaliação para verificar os efeitos da pergunta “o que é isso?” sobre os
resultados de treino de tato em quatro crianças com autismo, e tiveram como base do
repertório inicial de tato a avaliação da sessão de tato do VB-MAPP. Os autores fizeram ainda
estudos prévios semelhantes por incluir indivíduos sem histórico de ensino estruturado de
tato, e seu objetivo foi comparar, em termos de taxa de aquisição e de manutenção, o ensino
de tatos com a utilização exclusiva de estímulos não-verbais, como por exemplo, a presença
do item a ser tateado e o ensino de tatos adicionando a pergunta “o que é isso?” ao ensino por
19
meio dos estímulos não-verbais. A variável dependente foi a medida da frequência de tatos
emitidos de forma correta em nove tentativas, aceitando aproximações da palavra. Antes do
início do treino, foi conduzida uma avaliação de preferência com múltiplos estímulos sem
reposição, que serviriam como consequência durante as sessões de treino.
As fases experimentais consistiram em: linha de base, treino de tato e manutenção. A
linha de base alternava randomicamente sessões que incluíam tanto o item quanto a pergunta,
e sessões com a presença exclusiva do item, e era formada por nove tentativas, sem nenhuma
instrução ou ajuda. O treino de tato consistia igualmente em duas condições, apresentadas
randomicamente, também em nove tentativas cada, sendo a primeira na presença e a segunda
na ausência da pergunta, mas ambas na presença do item. O experimentador apresentava ao
participante os itens de maior preferência de cada participante, juntamente com a instrução
para escolher um. Após a escolha, o experimentador posicionava o item selecionado longe do
alcance da criança, e o utilizava como reforçador. Então, o experimentador segurava um dos
itens pré-determinados e perguntava “o que é isso?”; respostas corretas (tatear o item) eram
seguidas por elogios e um item de preferência, sem relação com o item que foi tateado;
respostas incorretas, ou ausência de tato em até 3 segundos, eram seguidas de dica ecoica
completa.
A manutenção foi conduzida de forma idêntica à linha de base. Dois participantes não
obtiveram melhores resultados com a introdução da pergunta, enquanto para os outros dois, a
condição do item somado com a pergunta foi mais eficiente, talvez em razão de um histórico
de reforçamento durante testes que se iniciavam com instruções verbais. Apesar dessa
convergência em partes iguais dos participantes, cada indivíduo adquiriu as respostas de tato
em um tempo diferente, um mais rapidamente na primeira condição, outro na segunda, e um
terceiro ainda atingiu o critério em ambas. No entanto, na fase de manutenção, foi possível
verificar que em ambas as condições as respostas de tato se mantiveram, o que sugere que,
apesar de afetar durante a aquisição, a presença da pergunta não afeta a manutenção de forma
consistente. No entanto, os autores reconheceram a possibilidade de os resultados referentes à
manutenção terem sido influenciados pela alternância entre os tratamentos, o que poderia não
corresponder à prática clínica, em que apenas uma das condições seria aplicada, sendo assim,
tais levantamentos devem ser considerados para pesquisas futuras.
Somers, Sidener, DeBar e Sidener (2014) também utilizaram o VB-MAPP para avaliar
a emissão de mandos sob controle antecedente apropriado em dois meninos diagnosticados
com autismo. No início do experimento, foi aplicada a sessão de mando do instrumento para
avaliar a quantidade de mandos que as crianças emitiam. Nesse estudo, o objetivo não foi
20
apenas replicar a metodologia utilizada em Howlett, Sidener, Progar e Sidener (2011), que
avaliou os efeitos de operações estabelecedoras na aquisição de mandos em dois garotos com
atraso de linguagem, mas estendê-la, uma vez que o controle diferencial do antecedente “eu
quero...” e “onde está...?”não foi avaliado. Os autores também optaram por realizar a
replicação do estudo em crianças com diagnóstico de TEA. O estudo foi conduzido a partir de
uma linha de base múltipla entre participantes, e cada sessão consistia em 15 tentativas, sendo
cinco tentativas de apresentação do item, cinco de “eu quero” e cinco de “onde está”.
O participante removia uma fotografia do quadro de escolhas, pareava com a
fotografia do objeto correspondente em uma caixa e, quando olhava dentro da caixa, o objeto
poderia estar ou não dentro dela. O treino de “eu quero” consistia em, após o participante
olhar para o interior da caixa e para o professor, se ele não respondesse com “eu quero...”, um
áudio gravado era apresentado, dando o modelo correto, e quando o participante repetia o
áudio, ele tinha acesso ao item. O mesmo acontecia nas tentativas de “onde está”, mas com
um áudio modelo correspondente, e quando o participante repetia o áudio, a localização do
item era apresentada, e o participante poderia ter acesso a ele assim que o encontrasse. Ambos
os participantes aprenderam a emitir os mandos diferencialmente tanto para obtenção de itens
quanto para informação, e apenas apresentavam tais respostas na ausência do item, assim
como no estudo de Howlett et al. (2011). Um treino de múltiplos exemplares tanto de itens
quanto de instrutores foi utilizado para generalização, e os dois participantes generalizaram as
respostas de mando para itens, instrutores, ambientes e situações naturais. Os autores sugerem
que tanto clínicos quanto pesquisadores devem conversar com professores e profissionais
antes de implementar esse tipo de intervenção, buscando os métodos mais socialmente
aceitáveis para cada contexto.
Apesar de não utilizarem o VB-MAPP, Bacon et al. (2014) demonstram a importância
das avaliações com base no currículo como complemento para os testes padronizados, pois
providenciam informações mais detalhadas sobre comportamentos específicos ao invés de
apenas informações genéricas sobre o nível de habilidade da criança, como acontece em testes
padronizados, o que auxilia o planejamento e o tratamento individualizado, além de
possibilitarem melhor avaliação dos efeitos do tratamento no dia-a-dia da criança. Para tanto,
os autores fazem usado a Adapted Student Learning Profile (SLP) para determinar os
objetivos de aprendizagem do estudante, e os instrumentos padronizados Mullen Scales of
Early Learning (MSEL), Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence (WPPSI) e
VinelandAdaptive Behavior Scales (VABS). Os resultados do estudo corroboram a
importância do uso da avaliação com base no currículo como complemento dos testes
21
Os resultados do estudo replicam em parte os obtidos por Esch et al. (2009), que
defendem o uso de reforçamento com atraso para ampliar variabilidade vocal em crianças
com pouco ou nenhum repertório vocal, e sugerem que o esse tipo de reforçamento para
fonemas aumentou o controle ecoico para alguns indivíduos. Respostas ecoicas eram
reforçadas incidentalmente durante as sessões: se a resposta do participante incluísse um
fonema que foi modelado e também um fonema diferente da resposta anterior, a resposta era
reforçada. Além disso, para todos os participantes, o número de novos fonemas aumentou da
linha de base em reforço contínuo (CRF) para a fase com reforçamento com atraso, e metade
desses novos fonemas também ocorreram durante a observação naturalística pós-intervenção.
O estudo, no entanto, apresenta limitações: os resultados inconsistentes entre os participantes
sugerem que o procedimento possa não ser igualmente eficiente ou mesmo efetivo com todas
as crianças com diagnóstico de TEA.
Mason e Andrews (2014) realizaram um estudo com pré e pós teste utilizando o
instrumento VB-MAPP, com o objetivo geral de estabelecer controle múltiplo sobre o
comportamento verbal através do condicionamento de estímulos referentes. Os autores ressaltam
que deve se fazer o currículo de forma integrada com avaliação e não de forma arbitraria e
propuseram um currículo baseado no uso de referentes para estabelecer um repertório verbal
dinâmico.
Sundberg (2008) observou que os perfis do VB-MAPP para crianças com autismo
mostraram níveis geralmente mais elevados de tatos e ecoicos do que mandos e intraverbais,
enquanto os perfis VB-MAPP de crianças com desenvolvimento típico eram equilibrados em
cada um desses quatro operantes. Portanto, é possível que os operantes de ensino em um
formato molecular desse tipo possam promover padrões de fala autistas.
Um grupo significativo de pesquisas está emergindo para mostrar que a aquisição de um
operante pode facilitar o surgimento de outros operantes verbais (Kodak & Clements, 2009;
Sautter & LeBlanc, 2006). Além disso, as pesquisas têm mostrado que o ensino múltiplo de
operantes verbais simultaneamente pode aumentar a taxa de aquisição dentro de cada classe
operante individual (Carroll & Hesse, 1987).
Considerando a efetividade de intervenções comportamentais em crianças com autismo,
os resultados e direcionamentos no planejamento de ensino provenientes da avaliação
utilizando o VB-MAPP e o ensino múltiplo de operantes verbais simultaneamente, o objetivo
desse estudo foi avaliar o desenvolvimento das habilidades de trigêmeos com TEA utilizando
o VB-MAPP antes e após a aplicação de um programa de intervenção comportamental
precoce.
23
MÉTODO
TIPO DE ESTUDO
PARTICIPANTES
Tabela 1. Informações dos participantes e das aplicações das avaliações pelo VB-MAPP.
Trigêmeo 1 Trigêmeo 2 Trigêmeo 3
Idade em que recebeu o diagnóstico 2,9 anos 2,9 anos 2,11 anos
Idade no início da pesquisa 3,5 anos 3,5 anos 3,5 anos
Data da primeira aplicação do VB-MAPP 09/07/15 09/07/15 09/07/15
Data da segunda aplicação do VB-MAPP 10/04/16 10/04/16 10/04/16
Período com intervenção 6 meses 6 meses 6 meses
Período sem intervenção 4 meses 4 meses 4 meses
Data da terceira aplicação do VB- MAPP 19/02/17 19/02/17 19/02/17
Idade ao final da pesquisa 5,2 anos 5,2 anos 5,2 anos
24
INSTRUMENTO
objetivos para a intervenção. Esse instrumento é dividido em três níveis, de acordo com
verbal sobre controle de estímulos verbais, com similaridade formal e correspondência ponto-
relação à característica, função e classe dos estímulos (isto é, se a criança aponta o estímulo
correspondente quando a instrução é sobre a sua função, por exemplo, “O que serve para
PROCEDIMENTO
Após aprovação deste projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
(Parecer número 2.016.125) da Universidade Federal de São Carlos, os pais dos trigêmeos
foram contatados para convidar os trigêmeos a participarem da pesquisa. Após a concordância
dos mesmos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE), foi
aplicada a primeira avaliação utilizando o VB-MAPP.
Após a avaliação de cada criança, os programas de intervenção comportamental foram
planejados de forma individualizada de acordo com os pontos fortes e déficits específicos de
26
Os programas foram aplicados por duas estagiárias de psicologia que estavam no 4º/5º
período (Estagiária A) e 8º/9º período (Estagiária B) do curso, respectivamente. A estagiária
A fez o treino com o trigêmeo 1, a estagiária B fez o treino com o trigêmeo 2 e 3. Elas já
haviam cursado as disciplinas de Observação do Comportamento, Princípios Básicos de
Análise do Comportamento, e a última estagiária havia cursado também a disciplina de
Psicologia das Necessidades Especiais. As estagiárias receberam o treinamento pela
pesquisadora para a realização dos procedimentos com o objetivo de padronizar e uniformizar
a prática com os participantes. As estagiárias receberam capacitação sobre o ABA, haja vista
que o objetivo dessa proposta é fazer uma calibração entre os profissionais que irão aplicar a
ABA aos trigêmeos. Essa capacitação foi dada pela pesquisadora e teve duração de 40 horas,
sendo 10 horas de teoria e 30 horas de prática. As atividades práticas aconteceram com a
presença da pesquisadora aplicando a ABA com uma criança com TEA, sendo que, dessas 30
horas, 10 foram de observação (estagiárias observando a pesquisadora aplicar a metodologia),
10 horas para observação e execução (estagiárias observando a pesquisadora aplicar a
metodologia/ pesquisadora observando as estagiárias aplicarem a metodologia) e as 10 horas
finais foram de execução (pesquisadora observando as estagiárias aplicarem a metodologia).
27
Todas as aplicações do VB-MAPP foram feitas pela pesquisadora, que tem formação
em psicologia e especialização em Análise do Comportamento Aplicada ao autismo. A
estagiária A realizou a intervenção com os trigêmeos 1 e 2 e a estagiária B realizou a
intervenção com o trigêmeo 3.A intervenção era feita todos os dias da semana, de segunda a
sexta, sendo 1 hora e 30 minutos para cada criança por dia, totalizando 8 h semanais. O ensino
foi controlado pela pesquisadora de forma semanal (uma vez por semana) e presencial na casa
dos trigêmeos onde eram feitas as intervenções, com supervisões de 2 horas com as
estagiárias, para avaliar o desenvolvimento dos programas, a evolução dos participantes, a
mudança de protocolos, se necessário, a adoção de novas estratégias de ensino e tirar as
dúvidas com as estagiárias.
No início do tratamento, foi feita uma avaliação de preferência com múltiplos
estímulos (DeLeon e Iwata, 1996) em que foram apresentados os seguintes itens: biscoito,
trenzinho e celular. A cada semana, eram testadas novamente as preferências das crianças
para modificação de reforçadores. Para os dois trigêmeos com atraso maior no
desenvolvimento, a escolha era sempre o celular; para o trigêmeo 3, a escolha foi variável
entre brinquedo e celular.
O ensino se deu por meio de um conjunto de procedimentos que visam minimizar a
ocorrência de erros utilizando de ajuda total até a criança conseguir fazer sem ajuda, de forma
gradual, durante o processo de ensino conhecido na literatura por aprendizagem sem erro
(Terrace, 1963), utilizando os seguintes procedimentos de correção, em casos de ausência da
resposta esperada ou engajamento em comportamento inadequado, sem ganho da
consequência:
Programas de comportamento de ouvinte: Dicas de estímulos por posição e dicas de
respostas, sendo utilizada a hierarquia de dicas, da ajuda total com retirada gradual até
sem ajuda: ajuda física, ajuda leve, ajuda gestual e sem ajuda.
Programas de linguagem: dica ecoica imediata, dica ecoica após dois segundos, dica
ecoica após cinco segundos e sem dica.
Foram, ao todo, 8 habilidades e 12 programas realizados para os trigêmeos1 e 2 e 10
habilidades com 17 programas para o trigêmeo 3. Cada programa foi apresentado em blocos
de 9 tentativas, sendo todos executados no mesmo dia, com pequenos intervalos entre cada
programa, sendo, inicialmente, 10 minutos de intervenção e 5 minutos de intervalo.
Gradualmente, esse tempo foi aumentado para 20 minutos de intervenção e 5 de intervalo para
os trigêmeos 1 e 2 e 30 minutos de intervenção e 5 de intervalo para o trigêmeo 3.
28
RESULTADOS
Figura 1. Escores alcançados pelos Trigêmeos nos operantes testados pelo VB-MAPP.
TRIGÊMEO 1
de contato visual, sentar adequado e identificação de familiares, que são habilidades exigidas
no VB-MAPP nível 01 e que não foram atingidas na avaliação. As habilidades visuais e de
MTS foram trabalhadas com os programas de olhar para um objeto e pareamento simples, que
são os pré-requisitos mais básicos para serem trabalhados para estimular o repertório de
entrada.
A habilidade de brincar independente foi trabalhada inicialmente com o programa de
imitação motora com objeto, para que a criança conseguisse imitar as brincadeiras e
posteriormente fazer troca entre pares. Para habilidade de comportamento e brincadeira social
foi trabalhado o programa de seguir instrução simples, que é uma habilidade necessária para
estimular as brincadeiras entre pares, para tanto, como pré-requisito a criança precisa
compreender as ordens e segui-las. Para a habilidade de imitação motora, foram trabalhados
os programas de imitação motora grossa, assim como proposto no VB-MAPP e de imitação
grafomotora com traços para ajudar no processo escolar. E o programa de ecóico foi feito para
estimular a habilidade de vocalizações espontâneas, além de ajudar na aquisição dos outros
operantes verbais vocais.
Em seguida, serão apresentados dados mais detalhados de cada repertório ao longo das três
avaliações.
Tabela 3. Resultados obtidos pelo Trigêmeo 1 nas três aplicações do VB-MAPP. AS células
cinza claro correspondem aos resultados na primeira aplicação; as células cinza escuro na
segunda aplicação; e as quadriculadas à terceira aplicação.
Imitação Motora
visuais e MTS
Brincar social
Independente
Vocalização
Espontânea
Ouvinte
Brincar
Mando
Hab.
Tato
ele atendeu à voz e fez contato visual com o falante por cinco vezes e respondeu ao ouvir o
seu próprio nome por cinco vezes. Na terceira avaliação, além de ter mantido as habilidades
apresentadas na segunda avaliação, ele apontou para o membro correto da família quando
presente em um arranjo de dois familiares e executou duas diferentes ações motoras após
instrução, sem ajuda (bater palma e dar tchau). Portanto, o comportamento de ouvinte do
trigêmeo 1 foi classificado no Nível 1 (0-18 meses).
Habilidades visuais, perceptivas e emparelhamento de identidade. Na primeira
avaliação, o trigêmeo 1 alcançou o escore de 0,5 pontos, na segunda alcançou 4,0 pontos e na
terceira, 4,5 pontos. Na avaliação inicial, ele manteve contato visual com um brinquedo ou
livro por 15 segundos. Na segunda avaliação, emparelhou cinco itens idênticos, acompanhou
visualmente estímulos em movimento por 2 segundos, por 5 vezes. Agarrou pequenos objetos
com o polegar, dedo indicador e médio por 5 vezes, manteve a atenção visual (contato visual)
com um brinquedo ou livro por 15 segundos (sem ser um item diante do qual a criança emite
auto estimulação). Na terceira avaliação, colocou três itens em uma caixa. Portanto, as
habilidades visuais, perceptivas e emparelhamento de identidade do trigêmeo 1 foram
classificadas no Nível 1 (0-18 meses).
Brincar independente. Na primeira avaliação, o trigêmeo 1 alcançou o escore de 2,0
pontos, na segunda alcançou 3,5 pontos e na terceira, 3,5 pontos. Na primeira avaliação, o
trigêmeo 1 manipulou brinquedos por 30 segundos, engajou-se em brincadeira com
movimentos de maneira independente por 1 minuto do tipo balançar e escalar, se engajou de
maneira independente em brincadeiras que envolviam causa e efeito por um minuto. Na
segunda e na terceira avaliação, além de aumentar o tempo nas habilidades descritas acima
para 2 minutos, mostrou variação na brincadeira com interação independente com 3 diferentes
itens (moto, carrinho e boneco). Portanto, as habilidades de brincar independente do trigêmeo
1 foram classificadas no Nível 1 (0-18 meses).
Comportamento e Brincadeira Social. Na primeira avaliação, o trigêmeo 1 alcançou
o escore de 0,0 pontos, na segunda alcançou 2,0 pontos e na terceira, 2,0 pontos. Na segunda e
na terceira avaliação, iniciou contato visual com uma pessoa em movimento por 3 vezes,
engajou-se espontaneamente em jogo paralelo próxima de outra criança por um total de 1
minuto, indicou que queria ser pego ou brincar fisicamente por 2 vezes. Portanto, as
habilidades de comportamento e brincadeira social do trigêmeo 2 foram classificadas no Nível
1 (0-18 meses).
Imitação Motora. Na primeira avaliação, o trigêmeo 1 alcançou o escore de 0,0
pontos, na segunda alcançou 1,0 ponto e na terceira, 2,0 pontos. Na segunda avaliação, ele
34
imitou 2 movimentos grossos após a instrução “Faça igual”, imitou 4 ações motoras, 2 das
quais envolviam objetos. Na terceira avaliação, ele realizou imitação motora grossa. Portanto,
as habilidades de imitação motora do trigêmeo 1 foram classificadas no Nível 1 (0-18 meses).
Vocalização Espontânea. Na primeira avaliação, o trigêmeo 1 alcançou o escore de
0,5 pontos, na segunda alcançou 2,0 pontos e na terceira, 2,0 pontos. Na primeira avaliação,
ele emitiu espontaneamente uma média de 3 sons por hora. Na segunda e na terceira
avaliação, o trigêmeo 1 emitiu espontaneamente uma média de 5 sons por hora, emitiu
espontaneamente 3 sons diferentes e espontaneamente emitiu 5 diferentes aproximações de
palavras. Portanto, as habilidades de vocalizações espontâneas do trigêmeo 1 foram
classificadas no Nível 1 (0-18 meses).
TRIGÊMEO 2
Em seguida, serão apresentados dados mais detalhados de cada repertório ao longo das
três avaliações.
36
Tabela 4. Resultados obtidos pelo Trigêmeo 2 nas três aplicações do VB-MAPP. AS células
cinza claro correspondem aos resultados na primeira aplicação; as células cinza escuro na
segunda aplicação; e as quadriculadas à terceira aplicação.
Imitação Motora
visuais e MTS
Brincar social
Independente
Vocalização
Espontânea
Ouvinte
Brincar
Mando
Hab.
Tato
5
presente em um arranjo de dois familiares e executou duas diferentes ações motoras após
instrução sem ajuda (“Bata palmas” e “Olhe para mim”). Portanto, o comportamento de
ouvinte do trigêmeo 2 foi classificado no Nível 1 (0-18 meses).
Habilidades visuais, perceptivas e emparelhamento de identidade. Na primeira
avaliação, o trigêmeo 2 alcançou o score de 2,0 pontos, na segunda alcançou 3,5 pontos e na
terceira, 4,5 pontos. Na avaliação inicial, ele acompanhou visualmente estímulos em
movimento por 2 segundos, por 2 vezes, e nas 2 reavaliações pontuou 1,0 nesse item,
acompanhando o estímulo em movimento por 2 segundos, 5 vezes. Agarrou pequenos objetos
com o polegar, dedo indicador e médio por 5 vezes, nas três avaliações. Manteve a atenção
visual (contato visual) com um brinquedo ou um livro por 15 segundos (sem ser um item
diante do qual a criança emite auto estimulação) na primeira avaliação e manteve 30 segundos
de contato visual nas outras avaliações. Na segunda avaliação emparelhou cinco itens
idênticos. Na terceira avaliação, colocou 3 itens em uma caixa. Portanto, as habilidades
visuais, perceptivas e emparelhamento de identidade do trigêmeo 2 foram classificadas no
Nível 1 (0-18 meses).
Brincar independente. Na primeira avaliação, o trigêmeo 2 alcançou o score de 2,0
pontos, na segunda alcançou 4,0 pontos e na terceira, 4,5 pontos. Na primeira avaliação o
trigêmeo 2 manipulou brinquedos por 30 segundos, engajou-se em brincadeira com
movimentos de maneira independente por 1 minuto, engajou-se em brincadeira com
movimentos de maneira independente por 1 minuto do tipo balançar e escalar, se engajou de
maneira independente em brincadeiras que envolveram causa e efeito por 1 minuto. Na
segunda avaliação, além de aumentar o tempo nas habilidades descritas acima para 2 minutos,
mostrou variação na brincadeira com interação independente com 3 diferentes itens (moto,
trenzinho e boneco). Na terceira avaliação, aumentou o tempo de brincadeira exploratória
para 2 minutos. Portanto, as habilidades de brincar independente do trigêmeo 2 foram
classificadas no Nível 1 (0-18 meses).
Comportamento e Brincadeira Social. Na primeira avaliação, o trigêmeo 2 alcançou
o score de 1,0 pontos, na segunda alcançou 2,0 pontos e na terceira, 2,5 pontos. Na primeira
avaliação o trigêmeo 2 indicou que queria ser pego ou brincar fisicamente por 2 vezes,
principalmente na escola. Na segunda avaliação, iniciou contato visual com uma pessoa em
movimento por 3 vezes, engajou-se espontaneamente em jogo paralelo próxima de outra
criança uma vez. Na terceira avaliação, além das respostas indicadas anteriormente, o
trigêmeo 2 fez contato visual espontaneamente com outras crianças por 2 vezes. Portanto, as
38
TRIGÊMEO 3
leitura, escrita e matemática são apresentadas somente no texto, pois foram medidas apenas na
terceira avaliação. Não há gráficos de ensino dessas três habilidades, pois foram ensinadas na
escola, por se tratar de um conteúdo acadêmico. Em geral, observa-se ganhos em todos os
repertórios avaliados. Em seguida, são apresentados dados mais detalhados de cada repertório
ao longo das três avaliações.
41
Tabela 5. Resultados obtidos pelo Trigêmeo 3 nas três aplicações do VB-MAPP. AS células
cinza claro correspondem aos resultados na primeira aplicação; as células cinza escuro na
segunda aplicação; e as quadriculadas à terceira aplicação.
Brincar Independente
habilidades em grupo
Rotinas de classe e
Imitação Motora
visuais e MTS
Brincar social
Intraverbal
Ouvinte
LRFCC
Mando
Hab.
Tato
15
14
13
12
11
10
1
42
perguntado “O que eu estou fazendo?” e tateou um total de cem substantivos e/ou ações
testados. Na terceira avaliação, no Nível 2, ele tateou vinte e cinco itens quando foi
perguntado “O que é?” e tateou cinquenta combinações substantivo-verbo ou verbo-
substantivo testadas; no Nível 3, ele tateou a cor, a forma e a função de três objetos quando
cada objeto foi apresentado fora de ordem, tateou duas diferentes preposições (dentro, fora) e
dois pronomes (meu, minha), tateou dois diferentes adjetivos, excluindo cores e formas
(pequeno, grande) e dois advérbios (rápido, devagar), tateou com sentenças completas que
contém duas ou mais palavras. Portanto, as habilidades de tato do trigêmeo 3 foram
classificadas no Nível 1 na primeira avaliação e no Nível 3 (30-48 meses) na terceira
avaliação.
Comportamento de Ouvinte. Na primeira avaliação, o trigêmeo 3 alcançou o escore
de 3,0 pontos (Nível 1), na segunda alcançou 5,0 pontos (Nível 1) e 3,0 (Nível 2) e na terceira,
5,0 pontos (Nível 2) e 2,0 (Nível 3). Na primeira avaliação, o trigêmeo 3 atendeu à voz do
falante fazendo contato visual por duas vezes, respondeu ao ouvir seu próprio nome por três
vezes, apontou para o membro correto da família, executou duas diferentes ações motoras
após instrução verbal sem dica visual (bater palma e dar tchau) e selecionou o item correto em
um arranjo de quatro, para 20 diferentes figuras. Na segunda avaliação, no Nível 1, ele
atendeu à voz do falante fazendo contato visual por cinco vezes, respondeu ao ouvir seu
próprio nome por cinco vezes, executou quatro diferentes ações motoras após instrução verbal
sem dica visual. Na segunda avaliação, no Nível 2, ele selecionou o item correto em um
arranjo desordenado com figuras diferentes, executou dez ações motoras após instrução. Na
terceira avaliação, no Nível 2, ele generalizou discriminações auditivas em um arranjo
desordenado de oito, para três exemplos diferentes de 50 itens (três diferentes tipos de trem,
por exemplo), seguiu 50 instruções diferentes e selecionou o item correto em um livro ou no
ambiente natural quando nomeados, para uma lista acumulada de palavras conhecidas. Na
terceira avaliação, no Nível 3, ele selecionou itens por cor e forma em um arranjo de três
estímulos semelhantes, para quatro cores e quatro formas, seguiu instruções que envolviam
três diferentes preposições (por ex., “Fique atrás da cadeira”, “Coloque o brinquedo dentro da
caixa ou atrás da caixa”) e dois diferentes pronomes (por exemplo “Toque minha orelha”, “Dê
o brinquedo a ele”), seguiu instruções com três etapas para cinco diferentes pedidos (por
exemplo: pegue seu casaco, pendure e sente-se), tem um repertório de ouvinte total de 800
palavras (nomes, verbos, adjetivos, etc.) testadas ou a partir de uma lista acumulada de
palavras conhecidas. Portanto, as habilidades de comportamento de ouvinte do trigêmeo 3
44
terceira avaliação, no Nível 2, ele iniciou uma interação física com pares duas vezes,
apresentou mandos espontâneos para pares cinco vezes (me espere, vem cá, olhe, estou aqui,
minha vez); respondeu espontaneamente a mandos de pares por cinco vezes, engajou-se em
brincadeira sustentada com pares por três minutos sem reforçador e apresentou dois mandos
espontâneos diferentes para pares para participar em jogos por cinco vezes; no Nível 3, ele
cooperou espontaneamente com pares para completar um objetivo específico por duas vezes,
emitiu mandos espontâneos para os pares com perguntas com Quem, Como, Onde, Por que,
etc. cinco vezes (Onde você está indo? O que é isso? Quem você vai ser?), respondeu cinco
diferentes questões ou declarações de pares com intraverbais (por exemplo, respondeu
verbalmente à pergunta “Do que você quer brincar?”), engajou-se em brincadeiras de faz de
conta com pares por cinco minutos sem ajuda de adultos, engajou-se em quatro trocas verbais
sobre dois tópicos diferentes com outra criança. Portanto, as habilidades de comportamento e
brincadeira social do trigêmeo 3 foram classificadas no Nível 1 na primeira avaliação e no
Nível 3 (30-48 meses) na terceira avaliação.
Imitação Motora. Na primeira avaliação, o trigêmeo 3 alcançou o escore de 3,5
pontos (Nível 1), na segunda alcançou 5,0 pontos (Nível 1) e 3,5 (Nível 2). Não há avaliação
de repertório de imitação no Nível 3, portanto, o Nível 3 não foi aplicado na terceira
avaliação. Na primeira avaliação, ele imitou oito ações motoras, duas das quais envolviam
objetos, imitou quatro movimentos motores e imitou espontaneamente ações motoras de
outros em duas ocasiões. Na segunda avaliação, no Nível 1, imitou espontaneamente ações
motoras de outros em cinco ocasiões e imitou vinte ações motoras distintas (ações motoras
grossas, finas, imitação com objetos); no Nível 2, ele imitou dez diferentes sequências
compostas de três ações a partir da dica “Faz igual”, imitou ou imitou com aproximações
ações motoras novas com modelo dado por um adulto com e sem objetos (repertório de
imitação generalizada). Na terceira avaliação, no Nível 2 ele imitou dez ações que requerem a
seleção de um objeto específico em um arranjo e imitou espontaneamente cinco ações
funcionais em ambiente natural. Portanto, as habilidades de imitação motora do trigêmeo 3
foram classificadas no Nível 1 na primeira avaliação e no Nível 2 (18-30 meses) na segunda
avaliação.
Resposta de ouvinte por função, característica ou classe (FCC). Como essa
habilidade aparece somente a partir do Nível 2 do VB-MAPP, ela não foi medida na primeira
avaliação. Na segunda avaliação, ele pontuou 1,0 ponto (Nível 2). Na terceira avaliação, o
trigêmeo 3 alcançou o escore de 4,0 pontos (Nível 2) e 2,5 pontos (Nível 3). Na segunda
avaliação, no Nível 2, ele selecionou três comidas ou bebidas quando apresentadas em um
47
arranjo de cinco figuras e a pergunta “você come no?”; selecionou corretamente os itens em
um arranjo de cinco figuras para 25 diferentes substantivo-verbo em resposta de ouvinte por
função, característica ou classe (LRTCC), com perguntas como “O que, Qual, ou Quem”. Na
terceira avaliação, no Nível 2, ele selecionou cinco comidas ou bebidas quando apresentadas
em um arranjo de cinco figuras e a pergunta “você come no?”; selecionou corretamente os
itens em um arranjo de oito, para vinte e cinco diferentes LRTCC e tateou espontaneamente o
item em 50% das tentativas LRTCC; no Nível 3, ele selecionou o item correto em um arranjo
de dez que contém três estímulos similares (cor similar, aparência, ou classe, mas contém
escolhas erradas) para quinze perguntas, selecionou itens de um livro baseados em dois
componentes verbais: tanto aparência (p.e., cor), função (p.e., desenha-se com), ou classe
(p.e., de vestir) para quinze tarefas LRFFC (Você está vendo algum animal? Você consegue
achar alguma roupa com botões?) e selecionou os itens corretos de um livro em ambiente
natural a partir de quatro diferentes questões LRFFC sobre um único tópico (Onde a vaca
vive? Onde a vaca come? Quem tira o leite da vaca?) para quinze tópicos. Portanto, as
habilidades de respostas de ouvinte por função, característica ou classe do trigêmeo 3 foram
classificadas no Nível 2 na primeira avaliação e no Nível 3 (30-48 meses) na terceira
avaliação.
Intraverbal. A primeira avaliação não possui essa habilidade, na segunda avaliação
ele pontuou 2,5 pontos (Nível 2). Na terceira avaliação o trigêmeo 3 alcançou o escore de 4,5
pontos (Nível 2) e 2,5 pontos (Nível 3). Na segunda avaliação, o trigêmeo 3 disse o primeiro
nome quando perguntado “Como você chama?”; completou15 frases (não incluídas músicas)
(por exemplo: Você come..., você dorme na..., as meias e os....); respondeu a doze diferentes
questões com “O que” (por exemplo: O que você gosta de comer?). Na terceira avaliação, no
Nível 2, ele completou25 frases (não incluídas músicas); respondeu a 25 diferentes questões
com “O que”; completou frases dos outros de qualquer tipo (músicas, jogos sociais, sons de
animais); respondeu 15 perguntas com “Quem” e “Onde” (por exemplo, Quem é seu amigo?
Onde está o travesseiro?); no Nível 3, ele emitiu espontaneamente dez intraverbais, 200
diferentes respostas intraverbais, testadas ou obtidas a partir de uma lista acumulada de
intraverbais conhecidos, respondeu duas questões depois da leitura de trechos curtos de um
livro (dez palavras, aproximadamente), num total de 25 trechos lidos (por exemplo, “Quem
soprou a casa?”na história dos Três Porquinhos) e respondeu quatro diferentes questões sobre
um determinado tema em um grupo de cinco temas, (por exemplo, Quem leva você para a
escola? Onde você estuda? O que você leva para a escola? Como chama sua professora?).
48
formas geométricas (círculo, quadrado, triângulo), copiou dez números e dez letras de
maneira legível, escreveu de maneira legível sem copiar seu próprio nome e copiou
aproximado as 26 letras em maiúscula de maneira legível. Portanto, as habilidades de escrita
do trigêmeo 3 foram classificadas no Nível 3 (30-48 meses).
Matemática. Como essa habilidade aparece somente no Nível 3 do VB-MAPP, ela
não foi medida na primeira e na segunda avaliações. Na terceira avaliação, o trigêmeo 3
alcançou o escore de 3,5 pontos (Nível 3), ele identificou como ouvinte os numerais de 1 a 5
entre cinco números apresentados simultaneamente, tateou os numerais de 1 a 5; contou de 1
a 3 a partir de um conjunto maior de itens com correspondência 1 para 1 (por exemplo: “Me
dê dois carros”); identificou seis comparações diferentes envolvendo medidas (por ex.,
mais/menos, maior/menor, cheio/vazio, cumprido/curto) e emparelhou um número impresso à
quantidade correta e vice-versa para os números de 1 a 3. Portanto, as habilidades de escrita
do trigêmeo 3 foram classificadas no Nível 3 (30-48 meses).
DISCUSSÃO
tato (papa). Howard et al. (2014) sugerem que os déficits de habilidades generalizadas e
substanciais exibidos por muitas crianças pequenas com autismo com até dois anos de
intervenção comportamental intensiva (IBT) não são susceptíveis de produzir ganhos que
persistirão em longos períodos de tempo sem intervenção especializada.
No caso dos trigêmeos, foram oito horas de intervenção semanal. É pertinente
mencionar que além do diagnóstico de autismo grave para os trigêmeos 1 e 2, o processo de
aprendizagem é mais lento, diferentemente dos resultados do trigêmeo 3, que atingiu o Nível
3. Tais padrões de resposta idiossincrática são bastante comuns na literatura de aquisição de
habilidades (Koehler, Iwata, Roscoe, Rolidere & O'Steen, 2005; Volkert, Lerman, Trosclair,
Addison, & Kodak, 2008).
Os trigêmeos 1 e 2 também tiveram uma melhora significativa em relação ao
comportamento de ouvinte, as habilidades visuais, MTS e imitação motora, pois não
apresentavam essas habilidades no início da intervenção. Dessa forma eles aprenderam pré-
requisitos para o desenvolvimento de habilidades complexas, como atender à voz do falante.
Porém, em comparação com o trigêmeo 3, os treinos de comportamento de ouvinte tiveram
pouco efeito sob as respostas não ensinadas para os trigêmeos 1 e 2. Como apontam
Petursdottir, Lepper e Peterson (2014), uma das limitações dos treinos de ouvinte é que eles
podem não ser efetivos em gerar comportamento vocal; no entanto, a depender das condições
sob as quais o treino é realizado, pode afetar respostas de falante, como por exemplo, a
solicitação de respostas colaterais e, entre elas, a resposta ecóica. A abordagem das
habilidades linguísticas para crianças com TEA é de suma importância, pois o sucesso neste
domínio parece ser um forte preditor de melhores resultados globais (Szatmari, Bryson,
Boyle, Streiner, & Duku, 2003; Venter, Lord, &Schopler, 1992).
Skinner (1957) forneceu um quadro conceitual para analisar o comportamento verbal e,
dessa base, as abordagens comportamentais para o treinamento linguístico cresceram
(Sundberg & Michael, 2001). Das áreas que abrangem o comportamento verbal, duas são
principais para intervenção comportamental de linguagem: a resposta de ouvinte e o treino de
tato. Geralmente o treino de ouvinte começa com o ensino de selecionar itens comuns depois
de ouvir os nomes desses itens. Em contraste, o treino de tato geralmente começa com ensinar
o aluno a dizer os nomes de objetos comuns. Esses programas são comumente incluídos nos
currículos de intervenção comportamental intensiva precoce (EIBI). No entanto, a sequência
em que eles devem ser introduzidos tem sido questão de investigação empírica na área
(Petursdottir &Carr, 2011) e ainda gera controvérsia.
51
2007; Shillingsburg & Valentino, 2011; Vandbakk, Arntzen, Gisnaas, Antonsen, & Gundhus,
2012; Varella, 2009). Nessa mesma linha, os trigêmeos 1 e 2 que apresentavam essa
dificuldade no início da pesquisa, após o ensino estruturado, conseguiram desenvolver
habilidades que ainda não possuíam.
Outro fator que explica o maior desenvolvimento do trigêmeo 3 são os pré-requisitos
que ele possuía quando iniciou a intervenção, o que seus irmãos praticamente não tinham,
assim como demonstra a pesquisa de Martone e Santos-Carvalho (2012), que realizaram uma
revisão de literatura sobre comportamento verbal e autismo, no qual as autoras identificaram
que a eficácia do procedimento de ensino foi maior em casos em que os participantes
apresentavam repertórios requisitos (em fase de aquisição ou instalação de comportamento
verbal) para o ensino do comportamento verbal.
No início da intervenção, os gêmeos univitelínicos, idênticos, já apresentaram
diferença no repertório inicial, e o trigêmeo 2 apresentou repertório diferente do trigêmeo 1,
de habilidades de emparelhamento (com uma baixa frequência) e comportamento e brincar
social (com uma baixa frequência também). Tais diferenças nos repertórios iniciais dos
participantes podem ser derivadas de fatores como inserção em diferentes níveis de contextos
ambientais, divergências no histórico de reforçamento e aprendizagem de controle de
estímulos (Goulart & Assis, 2002).
No caso deste estudo, o repertório inicial demonstrou-se uma importante variável para
a aquisição dos comportamentos alvo, pois o trigêmeo 3, que tinha um melhor repertório
inicial, evoluiu de forma mais significativa. Essa relação também foi observada na literatura.
Bloh (2008) demonstrou a importância do repertório de entrada em detrimento à idade, uma
vez que quando propôs o ensino de tatos, dos cinco participantes com idade entre seis e 21
anos, aqueles com repertórios verbais iniciais atingiram o critério, enquanto uma criança com
12 anos sem comportamentos de ouvinte e falante não aprendeu a tatear. Essa pode ser uma
justificativa para o trigêmeo 3 ter evoluído de forma significativa no tato e seus irmãos não.
A proposta apresentada aqui sobre ensino de pré-requisitos tem relação com o conceito
de cúspide comportamental (Rosales-Ruiz & Baer, 1997). Cúspide, ou saltos
comportamentais, caracteriza-se como alterações no repertório do indivíduo que permitirão o
contato com novas situações de aprendizagem que ele não tinha acesso antes. Quando uma
criança adquire uma cúspide, por exemplo, uma série de novas aquisições pode ser facilitada,
como quando ela aprende a ler e tem acesso a diversos conteúdos inéditos para seu repertório.
No caso dos participantes do estudo, os três tiveram saltos comportamentais com ampliação
do repertório inicial.
53
Lovaas (1987) aponta que um dos pontos negativos do ensino por tentativas discretas é
o fato de que os ganhos obtidos em terapia podem ficar restritos ao ambiente de ensino. Dessa
forma, uma contribuição da pesquisa é o fato de que foi realizada no ambiente em que as
crianças permaneciam a maior parte do dia (residência), o que pode ter favorecido a emissão
dos repertórios no mesmo ambiente (casa) na presença de outros interlocutores (pais, avós,
tios e profissionais). Para evitar os efeitos negativos do ensino por tentativas discretas é
fundamental que seja programada a generalização dos comportamentos ensinados em
ambientes mais controlados para outros contextos e interlocutores.
Em relação aos comportamentos incompatíveis com a aprendizagem, Lovaas (1987) e
Green (2001) demonstraram em seus estudos que o tratamento comportamental permite a
aquisição de repertórios mais complexos, como a linguagem, e auxilia na supressão de
comportamentos patológicos, tais como agressão e auto estimulação. Considerando que
crianças com autismo frequentemente se engajam em comportamentos inadequados em
situações de ensino, o uso de tentativas discretas propiciou um ambiente controlado e
monitorado que favoreceu a diminuição de comportamentos indesejáveis e aumento nos
comportamentos adequados. Como foi mencionado no início desse estudo, os trigêmeos 1 e 2,
antes da intervenção, tinham comumente comportamento estereotipado de flapping das mãos
em frente aos olhos, movimento do tronco e balanceio da cabeça, muitas vezes ficavam
sentados em frente à parede fazendo esses movimentos, além de terem comportamento auto
agressivo de bater a cabeça na parede. Após a intervenção, houve uma diminuição
significativa desse comportamento que foi substituído pelas habilidades aprendidas em
terapia, de acordo com relato feito pela mãe.
Em relação as limitações desse estudo, destaca-se que os primeiros dois anos de IBT
geralmente são focados na construção de muitas habilidades básicas, o que indica a
necessidade da realização de um tratamento intensivo adicional para solidificar esses
repertórios e para construir as habilidades sociais, linguísticas e acadêmicas mais complexas
necessárias para funcionar com sucesso nas configurações regulares da escola e da
comunidade, reafirmando assim a necessidade da intensidade terapêutica, de 20 a 40 horas
semanais, por um período mínimo de três anos.
Em suma, os procedimentos adotados neste estudo contribuíram para ampliar os
repertórios dos participantes, o que é de extrema importância social tendo em vista os
prejuízos ocasionados aos familiares por crianças com baixo nível de funcionamento
independente (Werner et al., 2005). Assim, uma intervenção terapêutica adequada é essencial
54
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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63
ANEXOS
Programa: Criança:
Est. Res. Est. Res. Est. Res. Est. Res. Est. Res. Est. Res.
1
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19
20
Corr
Ind
Data
OCP
LEGENDA: Est. – Estímulo; Resp.- Resposta; Corr – Corretos (Respostas corretas com ou sem ajuda); Ind -
Independentes (Respostas independentes, feitas sem ajuda); OCP - Objetivo de Curto Prazo.
64
APÊNDICES
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
PASSO 1 – Três movimentos – Ajuda Física PASSO 2 – Três movimentos – Ajuda Leve
PASSO 3 – Três movimentos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos movimentos – ajuda leve
6. Imitação grafomotora
7. Mandos (pedidos)
O programa de mandos tem o objetivo de mostrar à criança que ela pode controlar o
mundo e satisfazer suas necessidades por meio da linguagem. No programa, a criança pede pelo
que deseja e recebe o que pediu. Os estímulos a serem utilizados devem variar de sessão a sessão,
dependendo do interesse da criança. A resposta exigida será apontar o objeto. Evite reforçar
socialmente.
OBJETIVOS DE CURTO PRAZO
PASSO 1 – dica ecoica imediata PASSO 2 – dica ecoica após 3s
PASSO 3 – dica ecoica após 5s PASSO 4 – sem ajuda
8. Nomeação
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda ecoica imediata PASSO 2 – Três estímulos – ajuda ecoica após 3s
– falar o nome da pessoa para ele repetir
PASSO 3 – Três estímulos – ajuda ecoica após 5s PASSO 4 – Três estímulos – sem ajuda
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
Colorir formas geométricas com apoio de palito ou barbante para crianças não sair do limite.
68
12. Ecoico
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
PASSO 1 – Três movimentos – Ajuda Física PASSO 2 – Três movimentos – Ajuda Leve
PASSO 3 – Três movimentos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos movimentos – ajuda leve
7. Imitação grafomotora
8. Mandos (pedidos)
O programa de mandos tem o objetivo de mostrar à criança que ela pode controlar o
mundo e satisfazer suas necessidades por meio da linguagem. No programa, a criança pede pelo
que deseja e recebe o que pediu. Os estímulos a serem utilizados devem variar de sessão a sessão,
dependendo do interesse da criança. A resposta exigida será apontar o objeto. Evite reforçar
socialmente.
OBJETIVOS DE CURTO PRAZO
PASSO 1 – dica ecoica imediata PASSO 2 – dica ecoica após 3s
PASSO 3 – dica ecoica após 5s PASSO 4 – sem ajuda
9. Nomeação
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda ecoica imediata PASSO 2 – Três estímulos – ajuda ecoica após 3s
– falar o nome da pessoa para ele repetir
PASSO 3 – Três estímulos – ajuda ecoica após 5s PASSO 4 – Três estímulos – sem ajuda
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
Colorir formas geométricas com apoio de palito ou barbante para crianças não sair do limite.
13. Ecoico
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
5. Imitação motora
PASSO 1 – Três movimentos – Ajuda Física PASSO 2 – Três movimentos – Ajuda Leve
PASSO 3 – Três movimentos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos movimentos – ajuda leve
7. Mandos (pedidos)
O programa de mandos tem o objetivo de mostrar à criança que ela pode controlar o
mundo e satisfazer suas necessidades por meio da linguagem. No programa, a criança pede pelo
que deseja e recebe o que pediu. Os estímulos a serem utilizados devem variar de sessão a sessão,
dependendo do interesse da criança. A resposta exigida será falar a frase completa. Evite reforçar
socialmente.
OBJETIVOS DE CURTO PRAZO
PASSO 1 – dica ecoica imediata PASSO 2 – dica ecoica após 3s
PASSO 3 – dica ecoica após 5s PASSO 4 – sem ajuda
8. Nomeação
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda ecoica imediata PASSO 2 – Três estímulos – ajuda ecoica após 3s
– falar o nome da pessoa para ele repetir
PASSO 3 – Três estímulos – ajuda ecoica após 5s PASSO 4 – Três estímulos – sem ajuda
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
PASSO 1 – Três estímulos – ajuda física PASSO 2 – Três estímulos – ajuda leve
PASSO 3 – Três estímulos – sem ajuda PASSO 4 – Três novos estímulos – ajuda leve
12. Ecoico
13. Intraverbal
PASSO 1 –resposta com ajuda imediata PASSO 2 – resposta com ajuda após 2 segundos
PASSO 3 – resposta com ajuda após 5 segundos PASSO 4 – respostas sem ajuda