Zamberlan Museuervamate

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VALORAÇÃO ECONÔMICA

DO MUSEU DA ERVA-MATE
NO MUNICÍPIO DE PONTA
PORÃ
Claudia Vera da Silveira
Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD,
mestra em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos pela Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul (Uems) e graduada em Ciências Econômicas pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
E-mail: [email protected]

Carlos Otávio Zamberlan


Doutor em Economia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e mestre e graduado em Administração pela Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM). Professor titular da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems).
E-mail: [email protected]

Alessandra de Freitas Fontanive


Mestra em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos e graduada em Ciências
Econômicas pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems).
E-mail: [email protected]
Revista de Economia Mackenzie, v. 16, n. 2, São Paulo, SP • JUL./DEZ. 2019 • p. 97-119 •
ISSN 1808-2785 (on-line)

Resumo
O museu é um centro perpetuador da memória que pode ser utilizado para
várias finalidades, desde o ponto de vista educacional até promotor de sistemas
produtivos ligados ao turismo. Este estudo está concentrado no Museu da Er-
va-Mate, localizado no município de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, e seu
objetivo foi estimar a valoração econômica dessa instituição. O método utiliza-
do foi a valoração contingente, adotando-se o modelo de referendo com distri-
buição de probabilidade logística. O valor de uso estimado do Museu da Erva-
-Mate foi de aproximadamente R$ 195.751,26. Percebeu-se que esse valor se
associa com aspectos relativos às condições sociais e econômicas da população
residente.
Palavras-chave: Valoração econômica; Bens culturais; População local.

1
INTRODUÇÃO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Museus – Ibram (2014), os mu-
seus, centros perpetuadores da memória, da arte e do conhecimento, são ca-
racterizados como bens culturais que produzem impactos econômicos e so-
ciais diretos e indiretos para a sociedade.
Para Falcão (2009), o primeiro museu criado de acordo com a moderna
acepção da palavra foi o Museu do Louvre, em 1793, em Paris, na França.
Os museus têm a função de preservação da memória e identidade de um
lugar específico por meio da exposição e divulgação de aspectos culturais e
históricos.
O Museu da Erva-Mate (MEM), localizado no município de Ponta Porã, no
estado de Mato Grosso do Sul, nasce com o intuito de conservar os aspectos
históricos e culturais da região, e cumpre destacar que é única instituição mu-
seológica do lugar.
Inaugurado em 1997, representa o ciclo brasileiro da erva-mate que co-
meça em Ponta Porã e na cidade paraguaia, com qual faz fronteira, Pedro
Juan Caballero. Por essa razão, Ponta Porã recebeu a alcunha de “Princesinha
dos Ervais”. Ressalta-se que a atividade ervateira na região está associada ao
hábito e costume de tomar tereré, uma bebida elaborada com a erva-mate, e,

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por meio do Decreto n. 13.140, de 31 de março de 2011, tornou-se um bem


imaterial histórico e cultural do estado de Mato Grosso do Sul.
O MEM possui, hoje, um acervo composto por réplicas de instrumentos
do início da industrialização da erva-mate, material impresso, documentos,
fotografias, mobiliário, armas, máquinas, telefones, vídeos e utensílios domés-
ticos. Recebe atualmente visitantes de vários municípios do estado de Mato
Grosso do Sul e do Paraguai, e é utilizado como fonte para pesquisadores.
Seroa da Mota e Ortiz (2013) afirmam que a estimação dos benefícios cul-
turais estaria associada aos ganhos de bem-estar que o museu pode oferecer
aos seus visitantes. Para esses autores, bens e serviços culturais, da mesma
forma que bens e serviços ambientais, podem possuir valor de uso (visitação
ao sítio) e valor de não uso (preservação do sítio).
Para Bem e Giocomini (2011), a ciência econômica disponibiliza instru-
mentais que permitem valorizar os bens culturais de diferentes formas, entre
elas o método da valoração contingente (MVC), no qual os entrevistados de-
claram suas intenções de pagar pelos bens demandados. Esse método parte do
arcabouço teórico da microeconomia do bem-estar e aborda as preferências
(culturais) dos consumidores/entrevistados/visitantes de um mercado hipoté-
tico (cultural).
Dessa forma, o MVC procura mensurar diretamente a variação do bem-
-estar dos indivíduos decorrente de uma variação quantitativa ou qualitativa
dos bens ambientais. Para tal, identifica quanto os indivíduos estariam dis-
postos a pagar para obter uma melhoria de bem-estar (SEROA DA MOTA,
1998). No estudo proposto, a variação de bem-estar está associada à visita-
ção ao MEM.
Estudos que contemplem os benefícios gerados por essas instituições cul-
turais são convenientes no sentido de sinalizar lineamentos para investimen-
tos públicos no setor cultural do município de Ponta Porã. Assim sendo, o
objetivo geral do trabalho foi estimar a valoração econômica do MEM nesse
município. Como objetivos específicos, buscou-se caracterizar os visitantes
do MEM, estimar a disposição a pagar (DAP) por parte de seus visitantes e
identificar os motivos da não DAP.
Além deste texto introdutório, o artigo está organizado em quatro partes:
apresenta-se o referencial teórico, indica-se o método utilizado na pesquisa,
expõem-se os principais resultados e as discussões, e, por fim, apontam-se as
considerações finais do trabalho.

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MUSEUS E MÉTODO DE VALORAÇÃO DE BENS
CULTURAIS
Para Suano (1986, p. 10), a instituição museu teve origem na Grécia anti-
ga1: “um local privilegiado, onde a mente repousava e onde o pensamento
profundo e criativo, liberto dos problemas e aflições cotidiana, poderia se
dedicar às artes e às ciências”.
Julião (2006) também afirma que esses templos não se destinavam a reunir
coleções para a fruição dos homens, eram locais reservados à contemplação e
aos estudos científicos, literários e artísticos. Para Falcão (2009), foi a partir
do advento das grandes navegações e da descoberta de novos continentes que
a formação de coleções de objetos artísticos foi bastante estimulada. A autora
destaca que alguns dos museus mais importantes da atualidade, constituídos
na Europa do século XVIII, surgiram a partir desses acervos provenientes de
coleções particulares ou reais.
Segundo Julião (2006), a noção contemporânea de museu, embora esteja
associada à arte, ciência e memória, como na Antiguidade, adquiriu novos
significados ao longo da história. O papel do museu não se restringe apenas
aos contributos no âmbito sociocultural, é também uma instituição que inte-
gra fluxos econômicos de bens e serviços culturais e exerce um impacto na
economia que pode revelar-se importante para o desenvolvimento de uma
região ou comunidade (REIS, 2010).

*2.1 Museus no Brasil


No Brasil, os museus surgiram em 1818, quando D. João VI criou o Museu
Imperial, cujo acervo inicial se compunha de uma pequena coleção de história
natural doada pelo monarca (SANTOS, 2004). Esse museu tinha um grande
intercâmbio com os grandes museus de história natural estabelecidos na Eu-
ropa. Após a República, ele passou a ser denominado Museu Nacional.

1 Na Grécia, o mouseion, ou casa das musas, era uma mistura de templo e instituição de pesquisa, voltada
sobretudo para o saber filosófico. As musas na mitologia grega eram as filhas que Zeus gerara com Mnemo-
sine, a divindade da memória. As musas, donas de memórias absolutas, imaginação criativa e presciência,
com suas danças, músicas e narrativas, ajudavam os homens a esquecer a ansiedade e a tristeza (SUANO,
1986, p. 10).

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De acordo com Lopes (1997), no final do século XIX, o Brasil já possuía


alguns museus, sendo os principais: Museu Nacional do Rio de Janeiro, Mu-
seu Paulista e Museu Emílio Goeldi, em Belém-PA. Eram instituições voltadas
às ciências naturais, nos moldes dos museus etnográficos europeus. Conforme
Julião (2006), esse panorama se modifica com a criação do Museu Histórico
Nacional (MHN) em 1922. O MHN surgiu como um museu dedicado à his-
tória e à pátria, capaz de formular uma representação da nacionalidade. Foi o
espaço de legitimação e veiculação da história oficial por meio de acervos
oriundos das elites nacionais.
Cabe ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, vinculado
ao Ministério da Cultura, a tarefa de preservar os museus. Sua abrangente
missão é identificar, proteger, restaurar, documentar, preservar, divulgar e fis-
calizar os bens culturais brasileiros, visando assegurar a permanência e o usu-
fruto deles para as atuais e futuras gerações.
No Brasil, existem políticas voltadas ao fortalecimento dos museus, como
a Lei n. 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus,
a Lei n. 11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de
Museus (Ibram), e o Decreto n. 8.124, de 17 de outubro de 2013, que regu-
lamenta os dispositivos das leis mencionadas.
No artigo 1º da Lei n. 11.904, os museus são definidos como

[...] instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam,


interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educa-
ção, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artísti-
co, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao pú-
blico, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento (BRASIL, 2009a).

De acordo com a Lei n. 11.906, capítulo I, artigo 3º, inciso I, o Ibram foi
criado com a finalidade de “promover e assegurar a implementação de políti-
cas públicas para o setor museológico, com vistas em contribuir para a orga-
nização, gestão e desenvolvimento de instituições museológicas e seus acer-
vos” (BRASIL, 2009b).
O Ibram tem como uma de suas finalidades o auxílio para a captação de
recursos via emenda parlamentar e via Lei de Incentivo à Cultura, Lei n.
8.313/91, conhecida como Lei Rouanet.

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*2.2 Museus no estado de Mato Grosso do Sul


Por meio do Decreto n. 12.687, de 30 de dezembro de 2008, é criado Sis-
tema Estadual de Museus do Mato Grosso do Sul (Siem-MS), vinculado à Fun-
dação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), com vistas a sistematizar e
implementar políticas de integração e de incentivo aos museus de todo o esta-
do, com diretrizes estabelecidas de forma democrática e participativa, e a as-
sessorar tecnicamente a implementação de museus nos municípios (artigo 1°)
Segundo o artigo 2°, o Siem-MS será composto por todas as instituições
museológicas oficiais, públicas ou privadas, por organizações sociais, arquivos
públicos e privados, museus comunitários, ecomuseus, geoparques, centros de
memória, grupos étnicos e culturais, instituições educacionais que mantenham
cursos relativos ao campo museológico e outras entidades organizadas vincu-
ladas ao setor museológico do estado, desde que cadastrados no Siem-MS.
A finalidade desse sistema é

Promover a interação entre os museus, as instituições afins e profissionais li-


gados ao setor, visando ao constante aperfeiçoamento da utilização de re-
cursos materiais e culturais; promover a valorização, o registro e a dissemina-
ção de conhecimentos específicos no campo museológico; promover o
desenvolvimento das ações voltadas para a capacitação de recursos huma-
nos, aquisição de bens, conservação, restauração, documentação, pesquisa,
comunicação e difusão dos acervos entre os órgãos, as entidades públicas e
privadas e as unidades museológicas que integram o SIEM-MS. Estabelecer
um padrão museológico baseado no papel que cada museu desempenha na
comunidade; desenvolver programas de assessoria técnica e museológica
aos museus que integram o SIEM-MS e a novos núcleos museológicos de
acordo com suas necessidades, especialmente nos aspectos relacionados à
adequação, à fusão e à reformulação. Promover programas de capacitação
de recursos humanos destinados à área museológica; fomentar as atividades
de inventário, registro, vigilância, tombamento e pesquisa; sugerir formas de
visitação aos museus, com destaque para o sentido educacional, entre outros
(MATO GROSSO DO SUL, 2008).

O estado de Mato Grosso do Sul possui 62 instituições museológicas ma-


peadas, das quais 25 estão localizadas na capital Campo Grande, cinco em
Corumbá, e três em Coxim e Dourados. Na Figura 1, observam-se os núme-
ros de museus por municípios.

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Figura 1
Números de museus por município do estado de Mato Grosso do
Sul

Fonte: Elaborada pelos autores por meio da utilização do software cartográfico


Philcarto (http://philcarto.free.fr) com os dados de 2015 disponíveis no Cadastro
Nacional de Museus, Ibram e Ministério da Cultura.

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Na Figura 1, constata-se quantitativamente a deficiência de instituições


museológicas no estado de Mato Grosso do Sul, o que também está associado,
provavelmente, à baixa densidade populacional. Existe uma concentração
dessas instituições na capital, que apresenta a maior população do Estado.
Corumbá, por seu caráter histórico, é o município que apresenta maior núme-
ro dessas instituições fora da capital. Os demais municípios são carentes des-
sas instituições, o que pode ser atribuído a diversos fatores, como o número
de residentes, a falta de ações estratégicas para promoção dos museus como
elemento educacional e turístico, entre outros.

*2.3 O Museu da Erva-Mate


O MEM foi inaugurado em 1997, em Ponta Porã, e representa o ciclo bra-
sileiro da erva-mate que se iniciou no município e na cidade paraguaia de
Pedro Juan Caballero, com a qual faz fronteira. Possui, hoje, um acervo com-
posto por réplicas de instrumentos do início da industrialização da erva, ma-
terial impresso, documentos, fotografias, mobiliário, armas, máquinas, telefo-
nes, vídeos e utensílios domésticos, e é atualmente utilizado como fonte para
pesquisadores.
Cumpre destacar que os bens culturais que compõem o MEM foram cole-
cionados e restaurados por José Benites Cárdenas, que também idealizou o
museu. Com o tempo, ampliou-se o acervo com doações realizadas por algu-
mas famílias da região.

*2.4 Método de valoração


Segundo Reis (2007), há quatro categorias de métodos para mensurar o
impacto econômico da economia da cultura: estudos de impacto setorial, es-
tudos de impacto de projetos e ações culturais, métodos de preferências reve-
ladas e o método de preferências declaradas. Nesta última categoria, o mais
utilizado é o MVC.

A maior vantagem do MVC é oferecer uma alternativa de mensuração de


benefícios intangíveis, ao oferecer valores de não-uso. O método foi empres-
tado de um campo no qual a avaliação de benefícios é tão complexa como
no cultural e compartilha sua lógica: o ambiental (REIS, 2007, p. 52).

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De acordo Riera (1994), esse método tenta captar, por meio da construção
de um mercado hipotético e de pergunta direta, o valor que as pessoas atri-
buem às mudanças de bem-estar que produzem as modificações nas condi-
ções de oferta de um bem ambiental não transacionado no mercado.
Para Seroa da Mota (1998), o objetivo da valoração contingente é tornar
perceptíveis as preferências dos consumidores por meio da revelação de sua
DAP pelo consumo de amenidades de origem recreacional, política, cultural e
ambiental. A ideia básica do método é que as pessoas têm diferentes graus de
preferência por distintos bens ou serviços, e isso se manifesta quando elas vão
ao mercado e pagam quantias específicas por tais bens ou serviços.
A valoração obtida depende da opinião das pessoas, a partir da informa-
ção recebida. Isso explica o nome dado ao método, no qual o impacto de
bem-estar dos consumidores, resultante de uma variação quantitativa ou qua-
litativa dos atributos do produto em questão (nesse caso, a visitação ao mu-
seu), é transformado em valores monetários, perguntando-se diretamente às
pessoas sua DAP (MITCHELL; CARSON, 1993; RIERA, 1994). Assim, utili-
zando-se de informações escritas no questionário, procura-se transladar a si-
tuação de mercado hipotético, considerando que a oferta é representada pelo
entrevistador e a demanda pelo entrevistado.
De acordo com Mitchell e Carson (1993) e Riera (1994), a aplicação do
método pode ser dividida em oito fases: definir o que se deseja valorar; definir
o instrumento ou veículo de pagamento ou compensação; decidir sobre a
modalidade da entrevista; selecionar a amostra da população; elaborar o ques-
tionário e testá-lo; efetuar as entrevistas; explorar econometricamente as res-
postas; expor e elucidar os resultados.

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MATERIAIS E MÉTODOS

*3.1 Localização do estudo


O estudo foi realizado no município de Ponta Porã, localizado no sudoeste
do estado de Mato Grosso do Sul, região com os piores indicadores socioeco-
nômicos do estado, com índices de vulnerabilidade econômica superiores à
média nacional e alto grau de evasão escolar, superior a 35% na transição

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entre o ensino fundamental e o médio. A renda média por indivíduo não che-
ga a R$ 700,00, e o índice de pessoas maiores de 18 anos sem fundamental
completo e que atuam no mercado informal é superior a 40% (ATLAS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2010).
Ponta Porã faz divisa com a cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
A origem de Ponta Porã começa com a formação de um povoado denominado
inicialmente Punta Porã, que surgiu dentre os campos de erva-mate (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013).
Ponta Porã tornou-se município autônomo em 18 de julho de 1912, por
força do Decreto n. 617, e desde 2007 conta com três unidades distritais: Ca-
beceira do Apa, Sanga Puitã e o distrito-sede (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013). Tem uma extensão territorial de
5.330,448 km2 de área, conta com uma população de 77.872 pessoas, das
quais aproximadamente 49,4% são do sexo masculino e 50,6% são do sexo
feminino (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013).
A economia é baseada em agricultura, pecuária, comércio e serviços. Quanto
às atividades agropecuárias, de acordo com o Censo Agropecuário em 2006,
existiam no município 3.697 estabelecimentos agropecuários, somando 408.233
hectares e ocupando 10.260 pessoas. Os principais produtos agrícolas são soja
(em grão), cana-de-açúcar, trigo (em grão), milho (em grão), arroz (em casca),
feijão (em grão), mandioca e erva-mate (folha verde) (IBGE/PAM, 2019).
De acordo com Oliveira (2012), no município também existe uma ênfase
nas atividades voltadas para o setor de serviços, em que se destacam subseto-
res de alimentação; vestuário, objetos e artigos para uso doméstico; e veículos,
peças e acessórios, entre outros.
Ponta Porã tem importantes elementos históricos: foi alvo da Guerra do
Paraguai e território de exploração da erva-mate antes do conflito. Ainda
como território paraguaio e, posteriormente, sobretudo pela exploração do
monopólio ervateiro dado à Cia. Erva Matte Laranjeira, derrubado no período
Vargas, o município foi considerado território federal, e o próprio Getúlio
Vargas visitou a cidade e se hospedou nela.

*3.2 População e MVC


A população foi composta pelos visitantes do MEM, maiores de 18 anos, e,
para a determinação do tamanho da amostra, utilizou-se a fórmula proposta
por Barbetta (2002).

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z 2 pq
n" E2
1 z 2 pq
1 –1
N E2

em que
n = é o tamanho da amostra;
N = corresponde ao número de visitas anual do MEM, que no ano de 2014 foi
de 430 visitantes;
z = é o valor da distribuição normal em função do nível de confiança aproxi-
madamente igual a 2, ou seja z = 1,96;
p = é a probabilidade de sim;
q = é a probabilidade de não (1 - p);
E = é o erro permitido; para esta pesquisa, foi adotada uma margem de erro de
10%.

Após a realização dos cálculos correspondentes, o tamanho da amostra


resultou em 79 visitantes. Nesta pesquisa, entrevistaram-se 80 visitantes.

*3.3 Coleta de dados


Os dados primários foram coletados por meio de interrogatório direto,
utilizando-se questionário formal por escrito, visando à padronização no pro-
cesso de coleta (MALHOTRA, 2003).
Um questionário muito usado neste tipo de estudo é aquele composto por
quatro partes, segundo Mitchell e Carson (1993), Riera (1994), Seroa da Mota
(1998): descrição do bem que se pretende valorar, valoração do bem por meio
da DAP, informação socioeconômica e demográfica sobre a pessoa entrevista-
da, e informações sobre o conhecimento dos entrevistados com relação ao
bem e serviço cultural.
De acordo com Seroa da Mota (1998), o formato binário ou referendum é o
mais usado na atualidade e é apresentado como preferível a outros formatos,
porque admite menor ocorrência de viés estratégico por parte dos entrevista-
dos, que buscam defender seus interesses ou beneficiar-se da provisão gratui-

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ta do bem ou serviço cultural. Por essa razão, optou-se por utilizar o formato
dicotômico no qual o respondente aceita ou não pagar um valor solicitado.
Destaca-se que o mecanismo de pagamento para valor de uso na presente
pesquisa foi na forma de um valor de entrada.
Ressalta-se que os valores foram gerados a partir de um pré-teste com 10%
da população, seguindo a indicação de Marconi e Lakatos (1990). Além disso,
esse pré-teste serviu para verificar as questões contidas no instrumento de
pesquisa.
Para evitar em viés de escopo, utilizou-se uma técnica de pesquisa para
mitigar esse problema, a saber: pesquisa presencial pessoal com informação
detalhada do bem ou serviço cultural a ser valorado (HANEMANN, 1994).
Nesse sentido, os questionários foram aplicados por meio de entrevista no
local do MEM, com o intuito de medir a DAP dos visitantes do museu (valor
de uso cultural, recreativo ou turístico).

*3.4 Análises de dados


Os resultados foram tabulados e submetidos a uma análise econométrica
de maneira a derivar valores médios dos lances de DAP. A estimação DAP pela
visitação ao MEM foi realizada por meio do modelo logit, pela sua relativa
facilidade de operacionalização, comparado com outros modelos (HANE-
MANN, 1984). O modelo econométrico logit apresenta-se a seguir:

Pr (Sim)
In i
= 0 + 1 Xi1 + 2 Xi2 + 3 Xi3 + 4 Xi4 + 5 Xi5 + 6 Xi6 + i
1 – Pr (Sim)
i

Sendo: i = 1, 2, ...., n
em que

Pr (Sim)
In i
é a variável dependente da equação logit, representado pelo
1 – Pr (Sim)
i

logaritmo natural da relação entre a probabilidade de resposta afirmativa


(Sim) e a probabilidade de resposta negativa [ 1- Pr (Sim) ] da i-ésima obser-
vação.
Neste estudo, consideraram-se as seguintes variáveis:

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X1 = valor e/ou preço específico revelado por entrevistado (R$);


X2= renda dos visitantes (R$);
X3= nível de instrução dos visitantes;
X4= idade dos visitantes (em anos);
X5= sexo dos visitantes (1 = masculino, 0 = feminino).
i = erro aleatório.

A expectativa é que o sinal do coeficiente 1 seja negativo, indicando que


a probabilidade de o indivíduo ou consumidor aceitar o preço proposto de-
cresce com o aumento do valor sugerido. Espera-se que os coeficientes 2 e
3 sejam positivos, significando que a probabilidade de aceitar o preço pro-
posto cresce com o aumento de tais variáveis. Essas expectativas ocorrem com
base na literatura, principalmente.
Com relação ao 4, pode ou não ser positivo, pois, de acordo com Villalba
(2004), é importante a sua colocação para verificar se existe ou não relação da
idade com a DAP do produto estudado.
Para fins de estimação, Hanemann (1984) sugere utilizar a mediana (no
ponto em que Pr (Sim) = Pr (Não)= 0,5) como valor da DAP. Tal medida é
menos afetada pelo tamanho da cauda da função estimada. Definida dessa
forma, a DAP é dada por:

Pr (50%)
In = In1 = 0 + 1 Xi1 + 2 Xi2 + 3 Xi3 + 4 Xi4 + 5 Xi5 + 6 Xi6 + i
i

1 – Pr (50%)
i

Então, após a manipulação, obtém-se

*
X=– z
1

em que
X = DAP por entrevistado;
1 < 0 é a estimativa do parâmetro de valor sugerido aos entrevistados para
visitação do MEM; e
* > 0 é o somatório do produto dos demais coeficientes por suas respectivas
médias.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Esta seção apresenta os resultados do trabalho. Inicialmente é feita uma
descrição sobre o perfil socioeconômico dos visitantes do museu, posterior-
mente são expostos alguns aspectos culturais deles e finalmente é realizada a
estimação da valoração econômica por meio do método DAP.

*4.1 Perfil socioeconômico dos visitantes do MEM


No que diz respeito ao gênero dos entrevistados, os resultados apontam
que 40% dos entrevistados são do sexo masculino, enquanto 60% pertencem
ao sexo feminino. Em relação ao grau de escolaridade dos visitantes, 56%
concluíram o ensino médio e estão cursando curso superior, e 44% têm o ní-
vel superior completo.
Quanto ao número de pessoas que habitam nas residências dos visitantes
do museu, constatou-se que 45% vivem em casas com um número de três a
quatro pessoas, seguidos de 34% que vivem com uma a duas pessoas nas
residências, e 25% dos visitantes declararam que vivem com mais de cinco
pessoas.
A relação da idade dos visitantes é apresentada na Figura 2. Pode-se verifi-
car que 68% dos consumidores estão na faixa etária de 18 a 30 anos, enquan-
to que 21% têm entre 31 a 45 anos, e também se pode verificar que 11% dos
visitantes se encontram na faixa etária de 46 a 64 anos.
A respeito da cidade onde residem os visitantes, verificou-se que 39% vi-
vem em Ponta Porã, 33% moram em Pedro Juan Caballero2, 23% em Doura-
dos e 6% em outros municípios, como Itamaraty, Jateí e Naviraí. Em relação
ao estado civil, 63% são solteiros, 24% casados, 8% possuem união estável e
7% responderam que se encontram na categoria outros (divorciados e viú-
vos). Em relação ao nível de renda dos visitantes, percebeu-se que 35% rece-
bem de um a dois salários mínimos; 31%, de dois a quatro salários mínimos;
21%, de quatro a oito salários mínimos; 8%, acima de oito salários mínimos; e
5%, até um salário mínimo.

2 O município de Pedro Juan Caballero (Paraguai) faz divisa com Ponta Porã e mantém um forte laço comer-
cial, social e cultural com esta cidade (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013).

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Valoração econômica do Museu da Erva-Mate no município de Ponta Porã, Claudia Vera da Silveira,
Carlos Otávio Zamberlan, Alessandra de Freitas Fontanive

Figura 2
Distribuição percentual dos visitantes do MEM em relação à idade

80%
68%
70%

60%

50%

40%

30%
21%
20%
11%
10%

0%
18-30 anos 30-45 anos 46-64 anos

Fonte: Elaborada pelos autores.

*4.2 Aspectos culturais dos visitantes do MEM


Em relação ao hábito de visitar museus, 64% dos entrevistados declararam
que não têm costume de visitar museus, mas 36% expressaram que têm por
hábito visitar museus e que realizam duas ou mais visitas por ano. Com res-
peito ao número de visitas ao MEM, pode-se constatar que 79% dos entrevis-
tados visitavam o local pela primeira vez e 24% já tiveram a oportunidade de
visitá-lo em outra ocasião.
Na Figura 3, apresentam-se os motivos pelos quais os visitantes compare-
ceram ao local. Destaca-se que 75% dos entrevistados o realizaram por ques-
tões de estudo, ou seja, para fazer trabalho de escola/universitário. Seguida-
mente, 8% visitaram o local em virtude de ter interesse no tema da erva-mate,
5% o fizeram por outros motivos como o turismo e 5% dos visitantes declara-
ram que fizeram a visita ao museu como uma atividade complementar ofere-
cida principalmente pelas escolas das redes municipal e estadual onde atuam
como professores e acompanham os seus respectivos alunos.

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Figura 3
Distribuição percentual dos visitantes do MEM em relação ao
motivo da visita

Outros 5%

Para passear 3%

Curiosidade de conhecer 4%

Mora ou trabalha perto 0%

Assunto de interesse 8%

Outras atividades oferecidas 5%

Trabalho escolar 75%

Trazer familiares e amigos 1%

Motivo

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Fonte: Elaborada pelos autores.

Também se constatou que 4% dos entrevistados realizaram a visita por


curiosidade a respeito do tema da atividade ervateira na região, 3% o fizeram
por motivo de lazer, ao aproveitarem o local como uma opção de passeio, e
1% respondeu que o motivo estava relacionado a trazer familiares e/ou amigos
ao local.
Quando indagados sobre a companhia para visitar o museu, verificou-se
que a maioria (74%) dos visitantes o faz com colegas e professores, outros
24% o fazem com grupo de turismo, amigos, familiares ou sozinhos.
Já no que se refere ao meio utilizado para se deslocar até o MEM, 46%
declararam que o meio utilizado foi o ônibus ou transporte escolar, 45% uti-
lizaram o automóvel e outros 9% utilizaram moto ou foram caminhando; cabe
destacar que neste grupo encontram-se os que residem nos municípios de
Ponta Porã.
Também se averiguou que a maioria (54%) obteve informação a respeito
do MEM por meio da escola/universidade, e 21% já conheciam o local, prova-

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Valoração econômica do Museu da Erva-Mate no município de Ponta Porã, Claudia Vera da Silveira,
Carlos Otávio Zamberlan, Alessandra de Freitas Fontanive

velmente neste grupo estão os que residem na cidade de Ponta Porã. Outros
13% manifestaram que houve comentários de amigos e/ou parentes, 10% re-
ceberam informações dos guias de turismo e 2% por meio da mídia/internet.
A respeito dos benefícios do MEM, os entrevistados expressaram que são pri-
meiramente educacionais (58%) e culturais (38%).
Também foi averiguada a percepção geral dos visitantes em relação ás ins-
talações do museu, ao curador, ao acervo, entre outros. Na Figura 4, apresen-
ta-se a percepção dos visitantes.

Figura 4
Distribuição percentual da avaliação dos visitantes em relação à
qualidade de alguns aspectos do MEM

90%
80%
80%
70%
70%
61% 60% 60%
60%

50% 48%

39%
40%
34% 34%
28%
30% 25%

20% 15% 14%


11%
10% 5% 5% 6% 5%

0%
Curador Atendimento Instalações Acervo Cuidado Satisfação

Excelente Satisfatório Regular Ruim Péssimo

Fonte: Elaborada pelos autores.

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Pode-se verificar que para 80% dos visitantes a qualidade do curador foi
excelente, seguidos de 15% e 5% dos que mencionaram que essa qualidade
foi satisfatória e regular, respectivamente. Em relação ao atendimento, a maio-
ria (70%) afirmou que a atenção dada aos visitantes foi excelente, 25% afirma-
ram que a atenção foi satisfatória e 5% mencionaram que foi regular.
Quanto às instalações do MEM, 48% expressaram que são excelentes, 39%
indicaram que são satisfatórias porque o espaço é muito reduzido, e 14%
mencionaram que são regulares.
Em relação ao acervo, 61% manifestaram que o acervo do museu é exce-
lente e completo sobre o tema da erva-mate, 28% e 11% julgaram esse item
como satisfatório e regular, respectivamente. Em relação ao cuidado com as
peças do museu, a maioria dos visitantes, uma proporção de 60%, respondeu
que está excelente, 34% manifestaram que tal cuidado é satisfatório, e 6%
mencionaram regular; este último grupo manifestou que poderiam melhorar
o cuidado e a limpeza das peças do acervo.
Em relação ao grau geral de satisfação dos visitantes, para 60% o nível de
satisfação foi excelente, contando que para 34% foi satisfatório e para 6% o
resultado obtido foi considerado regular.

*4.3 Valoração econômica do MEM


A valoração econômica do MEM é estimada a partir da DAP pelos seus vi-
sitantes. Nesse sentido, foi verificado que 71% dos entrevistados se mostra-
ram dispostos a pagar pela visitação ao museu e 29% não estariam dispostos
a pagar. Como valor hipotético, colocou-se um valor inicial de R$ 10,00 pela
visitação, a fim de fazer uma verificação prévia. Na Figura 5, expõem-se esses
resultados. Para 60% dos entrevistados, o valor proposto foi muito elevado,
15% não têm condições econômicas para pagar, outros 15% acreditam que os
aspectos históricos e culturais devem ser responsabilidade do governo e 10%
dos entrevistados preferem utilizar seus recursos financeiros para outros fins.

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Valoração econômica do Museu da Erva-Mate no município de Ponta Porã, Claudia Vera da Silveira,
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Figura 5
Distribuição percentual dos motivos da não Disposição a Pagar
(Não DAP)

Prefere utilizar seu dinheiro para outro fim 10%

Aspectos históricos e culturais devem ser


responsabilidade do governo 15%

Não dispõe economicamente para pagar 15%

A quantia de dinheiro é elevada 60%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na Tabela 1, apresenta-se o modelo que mostra a DAP pela visitação ao


MEM. É importante recordar que a variável valor DAP representa a DAP dos
visitantes, tal variável assume o valor igual a 1 se o entrevistado aceita pagar o
valor proposto no questionário, 0, se o entrevistado não aceita pagar o valor
proposto. Os valores propostos foram R$ 2, R$ 4, R$ 5, R$ 6 e R$ 10, distri-
buídos de forma aleatória.

Tabela 1
Estimativa do modelo logit

Variável Coeficientes Desvio padrão Estatística t p-valor


Constante (̂*) 3,09819 0,74996 4,1311 0,00004 ***
Valor DAP (̂1 ) -0,343493 0,103776 -3,3099 0,00093 ***

*** Significativo com 99% de confiança.

Fonte: Elaborada pelos autores.

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O sinal do coeficiente da variável independente valor DAP é negativo, o


que está de acordo com o arranjo metodológico do modelo de DAP, pois um
aumento no preço proposto implicaria uma diminuição na DAP dos visitan-
tes.
Quando se analisa a “estatística t” dos coeficientes, pode-se verificar que os
coeficientes das variáveis analisadas são significativos com 99% de confiança.
O valor da DAP foi calculado da seguinte maneira:

* 3,09819
X=– = = 8,23
1 –0,343493

em que
X = DAP por entrevistado;
1 < 0 é a estimativa do parâmetro de valor sugerido aos entrevistados para
visitação ao MEM; e
* > 0 é o somatório do produto dos demais coeficientes por suas respectivas
médias.

Assim, a DAP média dos entrevistados pela visitação ao MEM é de aproxi-


madamente R$ 9,01.
O valor de uso estimado do MEM foi de aproximadamente R$ 195.751,26.
Cabe destacar que esse valor foi obtido multiplicando o valor DAP pelo núme-
ro total de visitas registradas pelo museu, considerando que foram aproxima-
damente 21.700 visitas nos 18 anos de existência.

5
CONCLUSÃO
O estudo objetivou levantar o valor de uso estimado do MEM na munici-
palidade de Ponta Porã. Constatou-se que esse valor é de aproximadamente
R$ 195.751,26, um valor baixo para seus 18 anos de existência.
Entretanto, o valor por si não pode ser um parâmetro de sua viabilidade, é
imperativo associar com outras variáveis, que neste estudo também se fazem
presentes. Iniciando com características regionais, há um baixo grau de esco-

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larização e indicadores que remetem a uma precária situação econômica da


população local. Esse fato pode levar grande parte da população a ter outras
preocupações que não incluem elementos culturais e nem educativos, haja
vista o grau de evasão escolar apresentado, somente na transição do ensino
fundamental para o médio. Uma das formas de aumentar a visitação nos cen-
tros de cultura é utilizar o público escolar, que está evadindo, possivelmente
em virtude da necessidade de ingresso no mercado formal ou informal de
trabalho, por uma questão de sobrevivência e/ou de atendimento de necessi-
dades mais básicas.
Quando se analisa a DAP, percebe-se que aspectos socioeconômicos prova-
velmente influenciam nisso, pois 85% do público entrevistado considera um
valor de R$ 10,00 elevado, não dispõe dele economicamente ou prefere utili-
zar a quantia em outro fim. Também é percebido que o MEM não é visto como
um local de passeio ou entretenimento, mas apenas como local para ativida-
des escolares. É imperativo repensar as estratégias, também mercadológicas,
dos museus para que possam se tornar mais atrativos, possivelmente, não de
forma isolada, mas como projetos que se vinculem a outras propostas como
de incentivo ao turismo, artesanato, entretenimento, em conjunto, inclusive
com o poder público, municipal ou estadual, podendo, ainda, associar outras
instituições como as universidades e centros de pesquisa.
Fica como sugestão realizar uma pesquisa sobre a valoração de museu por
tipos de visitantes, estimando, assim, diferentes DAP. E como segunda suges-
tão de pesquisa seria realizar estimativas sobre o valor de não uso do museu,
o qual, por hipótese, poderia estar relacionado à conservação dele como patri-
mônio cultural do estado de Mato Grosso do Sul; nesse sentido, a amostragem
deveria contemplar os residentes de outros municípios do Estado.

ECONOMIC VALUATION OF THE YERBA MATE


MUSEUM IN PONTA PORÃ MUNICIPALITY

Abstract
The museum is a center that perpetuates memory that can be used for various
purposes from the educational point of view to the promoter of productive sys-
tems linked to tourism. This study is focused on the mate weed museum in the
municipality of Ponta Porã, MS, and its objective was to estimate its economic

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value. The method used was contingent valuation, adopting the referendum
model with logistic probability distribution. The estimated value of use of the
Museum of Erva-Mate was approximately R$ 195.751,26. It was realized that this
value is associated with aspects related to the social and economic conditions of
the resident population.
Keywords: Economic valuation; Cultural goods; Local population.

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